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Janeiro de 2021

Temas a tratar:
● Noções do Estado e Sector Público
● Acepções de Finanças Públicas
● Objecto e Racionalidade do Estudo das Finanças
Públicas.
● Papel do Estado e Tipologia de Finanças Públicas.
● Racionalidades da Intervenção do Estado na Economia

Compilados por: Arnaldo Gaspar Nhabinde


(Gonda), o Treinador. 2021
● No fim do módulo, os estudantes devem ser capazes de:
• Explicar as noções do Estado e Sector Público.
• Fazer análise positiva e normativa.
• Explicar o papel do Estado e tipologia de finanças públicas.
• Explicar a racionalidade da intervenção do Estado na economia.
• Definir o Orçamento do Estado.
• Dominar os princípios e as regras da organização do Orçamento do
Estado.
• Definir a receita pública e sua respectiva classificação.
• Definir a despesa pública e sua respectiva classificação.
• Aplicar os conhecimentos adquiridos no módulo tendo em conta a
realidade moçambicana.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Quando se usa a palavra Estado é quase certo que ela não
significa o mesmo para toda a gente.

Para efeitos das finanças públicas e para os contribuintes,


o Estado só pode ser entendido no seu sentido mais
amplo, ou seja, como sinónimo de sector público, já que
são sempre os dinheiros dos cidadãos que alimentam e
fazem funcionar todas as entidades que integram o sector
público e suportam as operações e os negócios tanto
públicos como privados.

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(Gonda), o Treinador. 2021
O Estado engloba a administração central, inclui a
segurança social, as autarquias locais, bem como todo
o sector empresarial, no qual se integram as empresas
de capitais total ou maioritariamente públicos, estatais e
locais (como, por exemplo, Electricidade de
Moçambique – EDM e outras), (Moreno, 2010).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● A expressão finanças públicas pode ser
utilizada em três sentidos fundamentais, a
saber:
1) Sentido orgânico;
2) Sentido objectivo; e
3) Sentido subjectivo.

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1) Sentido orgânico – Finanças públicas designam
o conjunto dos órgãos do Estado ou de outro ente público
(incluindo a parte da Administração Pública) a quem
compete gerir os recursos económicos destinados à
satisfação de certas necessidades sociais (p. ex: Ministério
de Economia e Finanças).

2) Sentido objectivo – Designa a actividade através da qual


o Estado ou outro ente público afecta bens económicos à
satisfação de certas necessidades sociais.

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3) Sentido subjectivo – Refere-se a disciplina
científica que estuda os princípios e regras que regem
a actividade do Estado com o fim de satisfazer as
necessidades que lhe estão confiadas (Sousa
Franco,1998).

Designações de finanças públicas


Finanças Públicas possuem outras designações:
Economia Pública ou Economia do Sector Público.

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(Gonda), o Treinador. 2021
As finanças públicas, do ponto de vista
de actividade financeira do Estado –
concentram-se na colecta de receitas e a
realização de despesas.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Enquanto por finanças públicas se designam a actividade
económica de um ente público tendente a afectar bens à
satisfação de necessidades que lhe estão confiadas,
finanças privadas compreendem os aspectos tipicamente
monetários do funcionamento de uma economia ou de um
agente económico, abrangem os problemas relacionados
com a moeda e o crédito (nos «mercados financeiros»
onde se transaccionam activos representados por títulos a
médio e longo prazo).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Objecto das finanças públicas:
1. Estudar a aquisição e utilização de meios
financeiros pelas entidades públicas: o Estado, as
autarquias locais (por exemplo, os municípios) e as
entidades paraestaduais (por exemplo, a Ordem dos
Advogados, dos Engenheiros, etc.).

2. Natureza interdisciplinar devido a confluência nas


seguintes abordagens de ciências: política;
económica e jurídica.

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➢ Ciência política, porque as decisões do sector público são tomadas
através de um processo político complexo que envolve escolhas colectivas.

➢ Ciência económica, porque as decisões são tomadas, na lógica do Estado,


e consideram como seu objecto, as três questões fundamentais da
economia:
• O que produzir?
• Como produzir? E
• Para quem produzir? (Quem fica com o que se produz.)
➢ Ciência jurídica, porque as decisões devem ser tomadas tendo em conta a
regulamentação, consistência e legalidade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Assenta:
1) na racionalidade económica;
2) na racionalidade puramente política; e
3) na combinação de razões de natureza
económica e política.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Resumindo, a abordagem político-económica
do sector público é a base para
fundamentar/argumentar as políticas
financeiras do sector público, devendo tomar-
se em conta as regras estabelecidas e
instituições criadas que vão
realizar/implementar, ou não, essas políticas
públicas.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Pensar de um modo crítico: Quatro questões/problemas
que se colocam:
1. Quais são os efeitos da manipulação de certas variáveis
instrumentais (política orçamental) na prossecução de
objectivos definidos?

2. Quais são os efeitos de alterações em variáveis


estruturais (regras e instituições) na implementação das
políticas públicas?

São duas questões que convocam a análise positiva da


actividade pública.

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(Gonda), o Treinador. 2021
3. Qual deve ser a intervenção do Estado na economia,
na vertente financeira (arrecadação das receitas e
realização das despesas)?

4. Quais devem ser as regras e instituições a operar no


sector público de modo a implementar as políticas
púbicas desejáveis?

Estas duas últimas questões remetem-nos a análise


normativa.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● O que diferencia uma análise da outra. Ora vejamos:
1) Quando se realiza uma análise positiva estamos
interessados/preocupados em medir e avaliar as consequências, em
certas variáveis-objectivo, as alterações em uma ou mais variáveis
instrumentais ou estruturais.

2) Quando se realiza uma análise normativa tem em vista produzir


juízos de valor (opinião fundamentada), quer acerca da situação
actual de uma dada sociedade, quer acerca da adopção de uma
política na sua dupla componente de avaliação dos instrumentos
utilizados e da valoração das suas consequências.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Assim, a análise positiva (é predictiva) procura explicar o
que existe ou que se prevê que aconteça, enquanto a análise
normativa procura avaliar as consequências das políticas e
produzir/elaborar recomendações.

TPC: Considere a seguinte proposta: o governo pretende


aumentar o imposto sobre veículos. Discuta a racionalidade
da proposta tendo em conta os pressupostos de análise
positiva e normativa (Obs.: para leitura da proposta do livro
“Economia e Finanças Públicas, de Pereira, et al. 2014:5).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● São:
1. Equidade;
2. Eficiência; e
3. Liberdade

Critério de Equidade vs Igualdade: a igualdade pressupõe a noção de justiça social,


que visa a satisfação das necessidades colectivas, individualmente sentidas. Estas
necessidades podem ser satisfeitas através da redistribuição da riqueza material,
politica e social.

Enquanto, a equidade reporta, também, a noção de justiça social e visa,


essencialmente, determinar os efeitos ou as implicações da distribuição da carga
fiscal (impostos) e dos benefícios da despesa pública no bem-estar social
independentemente da origem económica, social, politica, etc. , dos cidadãos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Os seres humanos são iguais de um ponto de vista moral,
contudo «não o são, nem nunca serão, de um ponto de vista
descritivo, factual, e empírico».

Nesta óptica, a equidade incorpora, também, a noção de


meritocracia, ou seja, cada indivíduo deve ser
recompensado pelo seu esforço – esta dependente de cada
um. E, a igualdade compreende fundamentalmente o direito
(mesmas oportunidades) de acesso a bens e serviços pelos
indivíduos/cidadãos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Exemplo: O Estado deve promover a igualdade no acesso ao
ensino superior. Esta igualdade é realizada através dos exames
nacionais – no mesmo dia, ao mesmo tempo e com tempo igual
de realização, todos os candidatos realizarão as provas.

A questão da equidade surge/aparece porque aqueles que se


prepararam, devidamente, durante os últimos anos lectivos terão
melhores notas (isto como hipótese provável) e logo será
possibilitada a entrada no ensino superior, ou seja, tudo depende
do esforço, empenho, do mérito de cada um (Pereira, et al.
2014:70; e Silvestre, 2010:38).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Critério de Eficiência, no sentido económico, significa
afectar os recursos económicos de forma óptima. Ou seja,
maximizar output para determinado input.
Segundo modelo de Pareto: não é possível melhorar o
bem-estar de um agente económico sem que seja através
da diminuição do bem-estar de outro assumindo que todos
os factores de produção estão a ser utilizados. Deste
aproveitamento de todos os factores interessará produzir ao
menor custo possível e obter maiores proveitos (Pereira, et
al. 2014:8; e Silvestre, 2010:39).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Relação entre eficiência e equidade
Considerando o caso português no sector de saúde, alguns
autores defendem que os resultados das avaliações feitas
aquando da passagem da gestão pública dos hospitais para
a gestão privada, foram seguintes: 1) ganhos de eficiência e
ganhos na satisfação dos colaboradores, 2) mas houve perdas
ao nível de equidade.

Assim, o trade-off entre equidade e eficiência é de difícil acordo


entre os vários agentes. De tal sorte que Stiglitz (1998) citado
por Silvestre (2010:39) defende que para aumentar a equidade
teremos que abdicar de alguma eficiência. Vide o gráfico 1, a
seguir.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Gráfico 1. Trade-off Equidade-Eficiência
Equidade

Eficiência

Fonte: Stiglitz, Joseph. 1998, citado por


Silvestre, 2010.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Desta avaliação levantam-se os seguintes problemas:
1) Como conhecer, efectivamente, o que as pessoas
desejam/necessitam, em termos de bens públicos e as suas
respectivas quantidades.

Sendo que os bens públicos são aqueles cujo o consumo não há


exclusão e não há rivalidade (por exemplo, benefícios da
segurança interna ou da defesa nacional), logo não há
declaração/revelação de preferências.

Nota importante: produtos rivais são produzidos pelo sector


privado e sofrem uma pressão competitiva (via preço).

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(Gonda), o Treinador. 2021
2) Como determinar a dimensão ideal do sector público, no âmbito de
afectação eficiente de recursos.

Critério de Liberdade (negativa): sendo liberdade o sentido de que o


indivíduo deve reter uma esfera de autonomia (poder ou direito de agir
sem impedimento) imune à intervenção coerciva do Estado, ou seja,
que deve haver limites às possibilidades de intervenção do Estado. Este
critério aplica-se em diversos domínios, sobretudo nos actos (ou fóruns)
privados.

Segundo Nozick existe uma liberdade negativa quando o Estado


intervém de forma coerciva na vida privada dos cidadãos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Nota importante: a Eficiência, a Equidade e a Liberdade
são critérios normativos aos quais os cientistas atribuem
uma importância diferente:
1) Juristas dão primazia a justiça (ou equidade) em
detrimento da eficiência e liberdade.
2) Economistas dividem-se em opiniões, há os que dão
primazia aos critérios de:
• eficiência e liberdade, em detrimento de equidade;
• equidade e justiça social, em detrimento da liberdade e
eficiência.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Taxa moderadora é uma taxa que se pretende
introduzir nas urgências nos hospitais, visa moderar a
utilização das mesmas sobretudo por parte dos que
não tem urgência efectiva de cuidados hospitalares.

Pensar de um modo crítico: Que implicações têm,


do ponto de vista de análise positiva e normativa?

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Será que introduzindo uma taxa vai (ou não)
diminuir efectivamente a utilização das
urgências hospitalares?

Proposta de resposta: depende da forma


como se considera a procura das urgências
nos hospitais.

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Consideremos a seguinte figura 2.

P D´ D (rígida)

TM

Q1 Qo Q

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(Gonda), o Treinador. 2021
Nota importante: caso as urgências sejam
efectivamente necessárias e graves (no sentido que o
indivíduo irá ao hospital independentemente do preço
a pagar) então, a procura vai ser completamente
rígida, pelo que, em tal situação, a taxa, não
“modera” a utilização das urgências hospitalares.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Deve (ou não) ser dada prioridade à eficiência ou à
equidade, admitindo que há conflito entre os critérios?

Proposta de resposta: vamos admitir que se conhece


que a procura de urgências não é completamente rígida
(recta D´) pelo que a introdução de uma taxa vai,
seguramente, moderar a utilização e, com isso, reduzir
o congestionamento dos serviços.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Explicação:
Cenário 1: se a forma da função procura (demanda) de
urgências for completamente rígida, como podemos ver na
recta D, então a introdução da taxa moderadora (TM), em
nada vai alterar a utilização das urgências.

Cenário 2: Consideremos que a procura tenha elasticidade


negativa (recta D´). Neste caso, a introdução da taxa vai
moderar a utilização das urgências diminuindo de Qo para
Q1. A forma assumida pela função procura é fundamental
para se perceber/compreender a consequência da introdução
da taxa.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Então, o que podemos concluir quanto ao carácter desejável
desta política? Vimos que, com a diminuição do
congestionamento pela exclusão de “não urgência” leva a que, do
ponto de vista de eficiência, seja defensável esta política.

Agora, será o mesmo do ponto de vista em relação à


equidade? Aqui, o assunto é outro, uma vez que, é possível
fundamentar que, sendo a saúde um direito consagrado na
Constituição da República, de provisão tendencialmente
“gratuita” (isto é financiado pelos impostos e não pelos utentes
no acto de utilização), a introdução de uma taxa vai impedir a
que pessoas de poucos recursos possam se beneficiar dos
serviços.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Então, como ponderar, neste caso, o ganho de eficiência
com a introdução da taxa face à redução da equidade
derivada da exclusão dos que têm poucos recursos?

Proposta de resposta: eventualmente, conciliando a


eficiência (através da introdução das taxas moderadoras)
com a equidade (através de isenções ao seu pagamento por
parte dos idosos, desempregados e beneficiários do
rendimento social de inserção).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Ora bem, para garantir a eficiência, equidade e liberdade. Quais são
as funções a desempenhar pelo sector público? Segundo
Musgrave, são três, :
1. Afectação;
2. Distribuição; e
3. Estabilização.

Desta ideia (de funções) foi extrapolada para divisão da


economia pública em ramos:
1. Ramo de afectação;
2. Ramo de distribuição; e
3. Ramo de estabilização.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Função afectação: compreende a actividade do sector público
com o objectivo de contribuir para uma afectação/alocação
eficiente de recursos na economia.

Quais são as áreas de afectação ou de intervenção do sector


público? Temos a destacar, três áreas:
1) Área de provisão de bens ou prestação de serviços
públicos;
2) Área de controlo de efeitos externos negativos (ou
externalidades negativas); e
3) Área de regulamentação das actividades.

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1) Área de provisão de bens ou prestação de serviços públicos que
sendo desejados pelos cidadãos, não encontram satisfação através
do funcionamento dos mercados.
2) Área de controlo de efeitos externos negativos (ou externalidades
negativas) na produção ou consumo de bens mercantis. Por
exemplo, a poluição ambiental associada à produção de aço,
alumínio (Mozal) ou pasta de papel ou consumo de produtos
petrolíferos. O Estado deve intervir para tributar os agentes
económicos como forma de mitigar os efeitos externos (nocivos).
3) Área de regulamentação das actividades. O Estado deve
regulamentar certas actividades económicas para evitar o
surgimento do monopólio.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Em resumo: o âmbito da intervenção pública na esfera da
função afectação assenta:
1) Na provisão de bens e prestação de serviços públicos;
2) Na correcção do comportamento dos agentes
económicos através de impostos ou subsídios para que
incorporem os efeitos externos (negativos) das suas
actividades; e
3) Na regulamentação de certas actividades produtivas
(para evitar o surgimento de monopólios e assegurar a
competitividade dos mercados na oferta de bens e
serviços).

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Função distribuição. Visa assegurar :
➢ A distribuição de rendimento e da riqueza
(abundância de bens) numa dada sociedade
de uma forma justa; e
➢ A provisão de certos bens e serviços em
espécie para permitir maior oportunidade e
igualdade de acesso entre os cidadãos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Bens de mérito (Segundo Musgrave): são aqueles que a
sociedade ou o governo pretendem estimular o seu consumo.
Por exemplo, a educação básica e a habitação. Existem também
bens que a sociedade quer ver diminuído/reduzido o seu
consumo: cigarros, álcool em excesso, uso de armas de fogo
(Sousa Franco, 2002).

Bens primários (Segundo Rawls): são aqueles que a sociedade ou


o governo advogam a sua prestação. Por exemplo, a prestação de
cuidados primários de saúde (vacinações), o saneamento básico
do ambiente e canalização de água potável, etc.

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(Gonda), o Treinador. 2021
A Sociedade justa
A Sociedade justa baseia-se no princípio de igualdade de
oportunidades para todos os cidadãos, o que pressupõe entre
outras coisas, uma igualdade de acesso aos bens primários
e de mérito. Assim, a igualdade de acesso implica que o
Estado intervenha ao nível de ensino básico obrigatório, ao
nível de campanhas de vacinação gratuitas [por exemplo,
contra cólera, pólio, COVID 19 e outras doenças
endémicas]. A intervenção pode abranger outros sectores de
actividade (Pereira, et al. 2014:13).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Função estabilização: desenrola-se a nível
macroeconómico. É fundamental para:
➢ Garantir o desenvolvimento e crescimento
sustentáveis da economia;
➢ Contribuir para níveis de emprego elevados;
➢ Estabilidade de preços;
➢ Equilíbrio das contas externas; e
➢ Assegurar a utilização da política orçamental com
vista a alcançar certos objectivos de natureza
macroeconómica.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Pensar de um modo crítico:
1) O que é um governo democrático?
Governo democrático é uma instituição dotada de
poderes especiais delimitados por lei, composta por
uma equipa de pessoas com um líder cuja legitimidade
lhe advém de um sucesso na competição política pelo
voto popular.

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(Gonda), o Treinador. 2021
1.1 O que distingue o governo como instituição de outras
instituições privadas?
➢ são os poderes especiais;
➢ É a capacidade de coerção sobre os indivíduos. Ou seja,
capacidade de lhes impor acções que voluntariamente não
realizariam, por exemplo: o pagamento de impostos para
custear despesas públicas e expropriações (de terreno
privado) por utilidade pública (necessidade de construção de
uma escola ou de um posto de saúde).
Nota: no mercado as transacções são voluntárias enquanto no
sector público elas poderão ser involuntárias.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Governo no sentido restrito e lato: o governo, em sentido restrito,
refere-se apenas a equipa que exerce funções executivas,
enquanto, em sentido lato, governo inclui também administração
pública.

Na prática, os governos são responsáveis pela(s):


➢ Orientações de politica orçamental;
➢ Concepção dos orçamentos; e
➢ Execução orçamental.

Cabendo às assembleias representativas (assembleia da


república, assembleias provinciais e municipais) um papel de
aprovação e de fiscalização das acções levadas ao cabo pelos
respectivos executivos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
1.2 Que atitude tomar perante o governo, o Estado, e
sociedade?
Sabendo-se que os governos existem para realizar
tarefas. Ou seja desenvolver acções que os mercados
não são capazes de realizar, no essencial, uma das
atitudes seria, servir o interesse público através das
funções afectação, redistribuição e estabilização
económica.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Para tal, colocam-se as seguintes questões de reflexão:
1) O que é interesse público?
2) Quais são os bens que devem ser fornecidos?
3) Quais são as políticas redistributivas que deverão ser
prosseguidas/implementadas?
4) Poder-se-á confiar que os governos são capazes de
desenvolver políticas desejáveis para melhorar o bem-
estar social dos cidadãos?

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(Gonda), o Treinador. 2021
As respostas podemos encontrar nos posicionamentos
dos economistas: Richard Musgrave e James
Buchanan.

Musgrave com uma postura normativa defende que o


Estado deve ter postura de um ditador benevolente,
isto é, uma instituição com poder de decisão e
exclusivamente preocupado com o bem-estar social.
(Se o nosso Estado tomar esta postura estará errado?
Comente.)

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(Gonda), o Treinador. 2021
Enquanto Buchanan com uma postura positivista defende
que o Estado deveria ser entendido como se resultasse de
um hipotético contrato [social] em que os cidadãos de uma
forma voluntária abdicam de alguns direitos (por exemplo,
fazer a justiça pelas suas próprias mãos) em troca de certos
bens e serviços (por exemplo, segurança), mas que na
realidade não é isso que acontece/ocorre. Esta sua atitude
céptica leva-o a preocupar-se com mecanismos
institucionais e regras de decisão colectiva que impõe
limitações a actuação dos governos. (Se o nosso Estado
adoptar esta postura estará errado? Comente.)

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Características principais de uma economia mista:
1) Grande parte das decisões relacionadas com a
produção, a distribuição e o consumo são tomadas de
forma descentralizada por agentes económicos
privados no contexto de mercados competitivos; e
2) Outra parte considerável de recursos são afectados
segundo decisões políticas no contexto do sector
público.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● São:
1. O Estado mínimo;
2. O Estado de Bem-estar (ou protector); e
3. O Estado imperfeito.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Características principais:
➢ Dá primazia a economia do mercado;
➢ O peso do sector público na economia deve ser de 10 –
15% do PIB;
➢ Necessidade de provisão de bens públicos (como a defesa e
segurança interna, leis, tribunais, administração da justiça,
fornecimento de infra-estruturas: estradas, portos,
comunicações, etc.) para o bom funcionamento dos
mercados e desenvolvimento económico;
➢ Estado de laissez faire, laissez passer (“deixar fazer, deixar
passar”); e
➢ Função afectação (eficiente dos recursos).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Escola clássica inglesa: o “deixar fazer” (laissez faire)
Defensores da escola clássica: Adam Smith que considerava que
existia um sistema de liberdade natural que passava por o
“príncipe” (o governante) não interferir nas actividades
produtivas da população. David Ricardo que parafraseou uma
“regra do ouro” financeira enunciada por Jean Baptiste Say que
dizia “que o melhor de todos os planos financeiros consiste em
gastar pouco, e o melhor de todos os impostos é o que
proporciona menores receitas”. John Stuart Mill dizia que o
“laissez faire deve ser a prática geral: qualquer afastamento
deste princípio, a menos que seja necessário para um bem
melhor, é concerteza um mal”.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● A ideia subjacente de laissez faire, laissez passer (“deixar
fazer, deixar passar”) é a de que o mercado deve ser
deixado funcionar com a mínima interferência do Estado,
quer no que diz respeito à tributação das actividades
económicas, quer no que toca à circulação das
mercadorias e factores produtivos, visto que dessa forma
seria estimulado o crescimento económico (ou
«opulência») gerador da “riqueza das nações” (Smith,
1776). Esta abordagem encerra uma ética utilitarista.

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(Gonda), o Treinador. 2021
A ética utilitarista considera que o bem-estar
de uma sociedade era identificado com o bem-
estar agregado de todos os indivíduos na
sociedade, sendo que a riqueza das nações era
o objectivo. Assim, quanto mais rica uma
nação, maior o nível de bem-estar que poderia
propiciar aos seus membros.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Neste contexto, Adam Smith desenvolveu três funções
essenciais que devem ser atribuídas ao “príncipe” (o
governante):
• Proteger a sociedade contra a invasão estrangeira;
• Proteger cada membro da sociedade contra as injustiças
que possam ser cometidas por outros membros; e
• Fornecer certas instituições e obras públicas que são do
interesse público, mas que não serão fornecidas pelo
mercado.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Na perspectiva de Smith o papel do Estado situa-se a dois
níveis, a destacar:
1) Criar condições para que os mercados possam funcionar
(defesa contra agressões externas, segurança, defesa da
propriedade); e
2) Fornecer alguns bens que, mesmo que os mercados
funcionem livremente, nunca serão produzidos.

Para além dos níveis referenciados, outra razão da intervenção


do Estado tem a ver com a função afectação.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Nozick: o mercado como “processo justo”
Nozick defende que “um Estado mínimo, limitado às funções
estritas de protecção contra a força, roubo e fraude, à
implementação de contratos, etc., justifica-se. Assim, qualquer
Estado mais largado violará os direitos individuais das pessoas a
serem forçadas a fazer certas coisas”.

Neste sentido, Nozick dá prioridade ao critério de liberdade


negativa, isto é, o direito do indivíduo a não ser forçado a tomar
determinadas acções contra sua vontade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Nesta perspectiva, Nozick desenvolveu três tipos
de argumentos para defender o Estado mínimo:
• A ideia da existência de direitos invioláveis dos
indivíduos;
• A teoria de surgimento de desigualdades
(exemplo de dois indivíduos: o consumista e o
prudente); e
• A noção de Estado como associação voluntária
de indivíduos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Teoria das desigualdades, segundo Nozick.
Exemplo: Consideremos dois indivíduos que apresentam as
mesmas características, rendimentos iguais, capacidade
empreendedora, inteligência e capacidades físicas. Reúnem
mesmas condições objectivas e subjectivas, à excepção de
um aspecto: as preferências acerca da melhor forma de
despender/gastar os seus rendimentos são diferentes. Um
dos indivíduos, o consumista, gasta todos os meses a
totalidade do rendimento que possui; enquanto o outro, o
prudente, usa de alguma precaução e poupa todos os meses
uma parte do seu rendimento para investir e aumentar
rendimentos futuros.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Pensar de um modo crítico: Que lições podemos tirar
deste exemplo? É fácil ver que passados alguns anos,
haverá uma clara situação de desigualdade de
rendimentos entre os dois, embora se tenha partido de
uma situação idêntica em todos os aspectos relevantes,
incluindo a igualdade na liberdade de gastar o
rendimento. Sucede que o prudente terá acumulado
poupança e obterá um novo rendimento (os juros da
poupança), enquanto o consumista, seguramente, manterá
o mesmo rendimento inicial. Assim, nascem as
desigualdades sociais.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Como surgiram as desigualdades? As desigualdades
surgiram a partir de escolhas voluntárias dos
indivíduos, isto é, do seu comportamento
discricionário.

Para este caso, será que o Estado deverá tratar esses


indivíduos de forma diferenciada? Na perspectiva de
Nozick não parece haver razão para tal, uma vez que as
actividades desenvolvidas por ambos decorreram no
âmbito da legalidade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Sintetizando, Nozick considera que:
• Tudo aquilo que tenha sido adquirido de forma justa pode
ser transferido livremente;
• Se as aquisições voluntárias entre indivíduos forem justas,
então o que resulta das transacções voluntárias entre
indivíduos também é justo;
• Constatando-se injustiças, no sentido de dotações que foram
obtidas de forma injusta (as aquisições advindas a força, do
roubo, da fraude ou de outras actividades ilícitas), deve
haver lugar para correcção e rectificação da injustiça.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Assim, na óptica de Nozick, a defesa do
mercado como processo justo baseia-se:
• Na ideia de que as transacções são
voluntárias; e
• Na função afectação como forma de garantir
o fornecimento de bens públicos (infra-
estruturas, defesa nacional e outras).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Definição:
● Estado de Bem-estar é um Estado em que o
poder organiza-se de forma deliberada (através
da política e da administração) num esforço para
modificar o funcionamento das forças de
mercado. Ou seja, o comportamento dos agentes
económicos (Briggs, 1961; citado por Pereira et
al, 2014:26).

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(Gonda), o Treinador. 2021
A modificação de actuação de forças de mercado pode ser feita, em
três direcções (ou sentidos), a saber:
1ª Direcção – Garantir aos indivíduos e familiares um rendimento
mínimo independentemente do seu estatuto e de valor de mercado
da sua propriedade.
2ª Direcção – Diminuir a extensão de insegurança permitindo aos
indivíduos e familiares fazerem face a “contingências sociais” (por
exemplo, doença, velhice, invalidez e desemprego).
3ª Direcção – Assegurar a todos os indivíduos, sem distinção de
estatuto ou classe social, que seja oferecido um certo tipo de
serviços e bens meritórios (educação básica, cuidados primários de
saúde, habitação, apoio aos cidadãos carenciados, saneamento e
outros), aos melhores padrões disponíveis.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Comparação entre os Estados mínimo (clássico) e de
Bem-estar
Aspectos comuns: a intervenção pública é necessária para
garantir o bom funcionamento do próprio mercado.

Diferenças: enquanto o Estado minimalista dá primazia a


função afectação eficiente dos recursos, o Estado de bem-
estar prioriza a função redistributiva, uma vez que é um
ingrediente indispensável do bem-estar social.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● A função redistributiva tem três
componentes distintas:
➢ O Estado enquanto agente redistribuidor de
rendimento;
➢ O Estado enquanto fornecedor de bens
primários; e
➢ O Estado enquanto agente redutor do risco,
da incerteza e da informação assimétrica.

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(Gonda), o Treinador. 2021
1ª Componente - Redistribuição do rendimento
A redistribuição de rendimento é um instrumento necessário para
melhoria de bem-estar social (segundo Rawls). Essa
redistribuição não pode ser feito pelo mercado. Tem que ser o
Estado a fazer.

O Estado faz através de duas vias: 1) sistema fiscal e 2)


pagamentos pecuniários.
1ª via – sistema fiscal (impostos, taxas, deduções, isenções).
Assim, os que têm mais rendimentos pagam mais impostos e os
que tem menos rendimentos pagam menos impostos ou não
pagam.

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(Gonda), o Treinador. 2021
2ª via – Pagamentos pecuniários através do sistema de
segurança social (nomeadamente, o rendimento social de
isenção e as pensões sociais).

2ª Componente - Fornecimento de “bens primários”


Num certo sentido, “a vida de cada indivíduo pode ser
encarada como uma lotaria”, em que a posição de cada um
na sociedade é determinada em grande parte pela “sorte” ou
natureza.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● As possibilidades e as realizações de cada indivíduo no
decorrer da sua existência são resultantes de dois tipos
de factores:
A. Circunstâncias naturais à partida; e
B. Opções, escolhas, decisões durante a vida.
Quando se assistem/observam desigualdades na sociedade,
podem resultar de factores acima referenciados, por um
lado, e por outro de situações desiguais à partida (T.P.C:
voltar a ler o exemplo de Nozick sobre consumista e
prudente).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Segundo Mueller (1989), citado por Pereira et al,
(2014:29) os indivíduos nascem com diferentes dotações
de talentos inatos (inteligência, memória, capacidades
físicas, sentido prático) determinados pela sorte ou
“natureza”, mas nascem, também, no seio de famílias com
diferentes posições económicas e sociais e isso, em grande
parte, explica-se pelas posições que os seus antecessores
ocuparam ou ocupam nas instituições (públicas ou
privadas) ou na sociedade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Princípios que norteiam uma sociedade justa que os
indivíduos necessitam de alcançar um acordo (segundo
Rawls):
1º Princípio de iguais liberdades: cada pessoa deve ter as
mais extensas liberdades básicas, compatíveis com
semelhantes liberdades dos outros; e
2º Princípio de diferença: desigualdades sociais e
económicas devem ser organizadas de forma a que : i) se
espere que sejam vantajosa para todos; e ii) estejam
associadas a posições e lugares acessíveis a todos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Note-se que as desigualdades são definidos em
termos de bens primários sociais, a saber:
• direitos e liberdades,
• poderes e oportunidades,
• rendimento e riqueza,
Assim, o papel do Estado seria o de garantir que
todos os indivíduos na sociedade tenham acesso,
sobretudo os que estão em piores condições ( os
carenciados).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● A abordagem de Rawls é essencialmente
normativa. Define o bem-estar em termos de:
1) Acesso a liberdade para todos os cidadãos;
e
2) Em função da situação dos que estão pior na
sociedade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● As desigualdades podem ser tratadas considerando dois
aspectos:
➢ As desigualdades devem ser associadas a posições a que
todos possam concorrer em pé de igualdade, de acordo
com a lei, no entanto deve haver uma discriminação
positiva em relação a grupos socialmente marginalizados.
➢ As desigualdades devem ser organizadas para
beneficiarem a todos, isto é, também dos mais
desfavorecidos. Observando o princípio maximin – que
postula: o bem-estar social só aumenta se melhorar a
situação dos que estão pior na sociedade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
3ª Componente - Redução de risco, de incerteza e de
informação assimétrica
Nas transacções económicas e políticas entre os agentes
existe uma relação de agência. Trata-se de uma relação
de tipo contratual no qual um indivíduo (o Principal)
delega certos direitos a favor de outro indivíduo (o
Agente) que cumpre as ordens do principal a troco de
qualquer contrapartida (pecuniária ou não).

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(Gonda), o Treinador. 2021
A Teoria de Agência
Definição: “uma agência é uma unidade executiva que
presta um serviço ao governo”.
Serve de meio de que o Estado se auxilia para prestar o
serviço público com recurso à flexibilização organizacional.
Legalmente este tipo de organização administrativa não é
pertença do Estado, embora seja financiada pelo Estado
através de transferência monetária realizada por via do
Orçamento do Estado, de impostos ou de taxas cobradas
(exemplo: sector de água, FIPAG) (Silvestre, 2010:167).

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(Gonda), o Treinador. 2021
A Teoria do Principal-Agente
Teoria do Principal-Agente determina a
existência de relações contratuais entre o
Principal (neste caso concreto seria o
Governo) e o Agente (que neste caso seria
uma organização pública ou privada) para
produção de um bem ou prestação de um
serviço (Silvestre, 2010:169).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● O modelo de teoria do Principal-Agente assenta na
relação contratual entre o governo (Principal) e uma
segunda pessoa (Agente). Nesta convivência, o
Principal (o governo) redige o contrato que o agente (a
pessoa colectiva contratada que pode ser pública ou
privada) está obrigada a executar, servindo-se de um
mecanismo capaz de promover as potencialidades que o
mercado oferece (Silvestre, 2010:169).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Relações de agenciamento
As relações de agência podem envolver variadas entidades
desempenhando papel de principais e agentes, tais como:
• Accionistas e gestores de uma empresa;
• Gestores e trabalhadores;
• Doentes e médicos;
• Cidadãos eleitores e membros de cargos políticos;
• Companhia de seguros e segurado;
• Compradores e vendedores de viaturas usadas;
• Governantes e dirigentes da administração ; e
• Dirigentes e funcionários públicos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Os problemas na relação entre o Principal-Agente.
De entre vários problemas podemos destacar:
➢ As relações entre principal e agente são regidas por
contratos incompletos visto que há acções ou informações
na posse do agente que são relevantes para o contrato, mas
que de forma intencional são omitidas pelo agente porque
tem intenção de obter benefícios.
➢ As preferências/interesses entre as partes são distintas, isto
é, não são iguais, e podem inclusive entrar em conflito.

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(Gonda), o Treinador. 2021
➢ A existência de assimetria de informação, que
provém de maior conhecimento sobre a realização
das tarefas por parte do agente, significa que tem
usualmente mais informação do que o principal.
➢ Na busca de lucros (proveitos) os agentes são
oportunistas, podem elevar os custos da sua
acção/transacção.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Na relação entre o Principal-Agente, emergem dois
principais questões associadas à assimetria de
informação que são:
1) Risco moral: como efeitos negativos de acções
escondidas praticadas por agentes; e
2) Selecção adversa: como consequências nefastas, pelo
facto de os agentes não revelarem a informação sobre
as suas características ao principal.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Pressupostos:
➢ Assume-se uma análise positiva (preditiva) da
actuação das entidades do sector público.
➢ Assume-se, também, que os cidadãos, quer na esfera
privada (dos mercados), quer na esfera pública,
defendem os seus interesses pessoais.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Características:
1) Estado Leviatã (Thomas Hobbes, filósofo e político)
➢ Hobbes considera que o Estado moderno, ao ter poderes
acrescidos, é como um monstro que tende a crescer sem
cessar, isto é, sem parar quando comparado com o sector
privado. O crescimento incessante acaba prejudicando o
bom funcionamento da economia, pois vai necessitar
quantias excessivas de impostos para financiar as
actividades do próprio Estado.

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(Gonda), o Treinador. 2021
2) Estado ao serviço de interesses
Do ponto de vista da análise positiva:
• o governo é como um Agente (monopolista) com poderes
exclusivos de tributação, de emissão de licenças, e de
regulação de competição;
• Funciona na base de regime democrático, impera a regra de
maioria; e
• As decisões são democráticas, embora maioritárias, nem
sempre favorecem o interesse público. (Exemplo recente:
em Moçambique, aprovação de regalias e subsídios para
funcionários e agentes parlamentares).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Do ponto de vista da análise normativa (Buchanan, o
“contratualista”):
• Considera que a relação dos cidadãos com o Estado dever ser
do tipo contratual (cidadãos cedem alguns direitos e pagam
impostos e em contrapartida o Estado fornece bens e presta
serviços).

• Considera um Estado que não consegue superar os fracassos do


governo, são fracassos não mercado. Acontecem quando a
intervenção pública provoca uma afectação ineficiente de
recursos que não poderiam ocorrer se não interviesse. Esse tipo
de fracassos pode ocorrer tanto do lado de oferta ou de procura.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Motivos/razões de ocorrência de fracassos do lado
da procura:
1) Preferência de cidadãos não reveladas; e

2) Irracionalidade dos eleitores nos ciclos eleitorais. Os


eleitores são diferentes dos agentes económicos, estes
são racionais, pois avaliam os custos e os benefícios
acção/actuação.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Tipos/fontes de fracassos do governo:
1) “Rent-seeking” (Teoria de procura de renda/rendimento):
acontece quando os agentes do Estado dão privilégios ou
benefícios aos agentes económicos em contrapartida de
uma renda (“luvas”/debaixo da mesa);
2) Teoria da burocracia: os executivos (p. ex.: os
ministros) tem pouca informação sobre a utilização dos
recursos públicos do que os serviços da administração
(burocratas) que controlam, concorrendo para gastos
excessivos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
3) Ciclos políticos-económicos: as decisões políticas
estão sujeitas aos ciclos eleitorais e, neste contexto, a
gestão macroeconómica da economia nem sempre pode
ser explicada com recurso à função estabilização, mas,
antes, de acordo com critérios eleitoralista.

Consequência de fracassos do governo: é o aumento


da despesas públicas, obrigando a um aumento dos
impostos. Mas, este facto, não melhora a função
redistribuição.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Assume os seguinte pressupostos:
➢ Satisfaz o interesse público;
➢ Expressa-se democraticamente; e
➢ Faz a combinação de função afectação
(Estado clássico) e a função redistribuição
(Estado de bem-estar).

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Temos:
1) Finanças públicas clássicas
2) Finanças públicas intervencionistas
3) Constitucionalismo financeiro
4) Finanças públicas “Modernas”

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Existe uma relação directa com finanças públicas, assim:
1) No Estado mínimo com Finanças públicas clássicas.

2) No Estado protector com Finanças públicas


intervencionistas.

3) No Estado imperfeito com Finanças públicas


constitucionalistas.

4) No Estado ideal com Finanças públicas modernas.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Estão relacionadas com o Estado mínimo.
Podendo-se identificar as seguintes caracteríticas:
• Orçamento mínimo, equilibrado, neutro e reduzido;
• Gastos variam entre 10% - 15% do PIB;
• Fontes de financiamento do orçamento: privilegia receitas
públicas (impostos) em detrimento de receitas creditícias;
• Primado da função afectação de recursos para infraestruturas e
defesa nacional;
• Mercados são auto-regulados, tendentes ao equilíbrio se não
forem afectados negativamente pela intervenção do Estado.
Levam ao desemprego de factores e promovem desigualdades
sociais porque não são processos justos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Estão relacionadas com o Estado de bem-estar.
Podendo-se identificar as seguintes características:
• Mercados auto-regulados, necessita de intervenção pública
para relançar o crescimento económico e o emprego;
• Mercados não são processos justos conduzem a
desigualdades sociais;
• Compatibilidade com orçamentos deficitários (devido ao
peso significativo de despesas sociais, em particular,
transferências de rendimentos);
• Não se dá importância ao equilíbrio orçamental,
exceptuando a “regra do ouro” das finanças públicas: o
saldo corrente deve ser superavitário ou nulo.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Está relacionada com o Estado imperfeito.
Podendo-se identificar as seguintes características:
• Imposição de restrições de actividades dos governos através de
disposições de natureza constitucional com poder discricionário;
• Versão mais radical defende: 1) definição da trajectória da dívida; e
2) definição do défice anual, em função do ciclo económico (recessão
ou expansão);
• Descentralização politica, caracterizada por: 1) existência de
finanças públicas a diferentes níveis do governo (central, provincial e
local). Objectivos: 1) evitar o poder excessivo do executivo (governo
central) e 2) evitar o crescimento excessivo da despesa pública; e
• Função afectação eficiente de recursos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Combinam finanças públicas intervencionistas e finanças
públicas constitucionalistas.
Podendo-se identificar as seguintes características:
• Sustentabilidade, significa que há controle de défices
públicos ( manter abaixo do limiar de 3% do PIB) e da
dívida pública (garantir que o rácio dívida-produto não
ultrapasse os 60% do PIB);
• Orçamento do Estado tem que ser parcelado, isto é, uma
parcela para 1) função afectação dos recursos e de
crescimento económico e 2) função redistributiva para
promoção da justiça social e diminuição das
desigualdades;

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(Gonda), o Treinador. 2021
• Fontes de financiamento são diferenciadas: 1)
despesas correntes, são financiadas via receitas fiscais
(impostos) e 2) despesas de capital, por recurso a
crédito, isto é, o Estado pode buscar endividamento
no mercado de capitais (interno ou externo); e
• Estado não se limita à administração pública, pode
desenvolver actividades empresariais.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Pensar de um modo crítico: Qual deve ser a
dimensão óptima do sector público?

A dimensão óptima do sector público varia de acordo


com os desejos e as necessidades dos cidadãos dos
respectivos países.

A dimensão deverá ter em conta os limites impostos


pela sustentabilidade das finanças públicas.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Por exemplo, se os cidadãos de um determinado país A
estão dispostos, por motivos de solidariedade, a suportar os
encargos de um Estado social mais significativo, a dimensão
a assumir pelo respectivo sector público deverá ser maior.

Se observar-se, ao contrário, os cidadãos de um outro país B


não estão dispostos a ter níveis de tributação compatíveis
com benefícios sociais significativos, então a dimensão
(óptima) do sector público deverá ser menor.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● O Estado intervém na economia porque está incumbido e
legitimado mediante sufrágio universal e livre para
satisfazer as necessidades dos cidadãos que votaram nos
indivíduos que o constituem. O Estado tem então que ir ao
encontro dos desejos insatisfeitos, por que só assim faz
sentido a sua existência (Segundo Silvestre, 2010:32).
Neste contexto, destacam-se dois teoremas
fundamentais, segundo Pareto:
Teorema 1: defende que “Sob certas condições,
mercados competitivos em equilíbrio caracterizam-se
por uma afectação eficiente de recursos”.

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(Gonda), o Treinador. 2021
De que forma? Através da existência de um
sistema de preços de bens ou serviços e
factores produtivos, para o qual as empresas
utilizam os seus recursos produtivos de forma
óptima, isto é, fazendo uma combinação de
factores produtivos que minimiza os custos e
os consumidores optimizam os
rendimentos/ganhos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Teorema 2: defende que “Uma afectação eficiente de
recursos pode ser alcançada com um equilíbrio
competitivo do mercado após a uma apropriada
redistribuição das dotações iniciais”.

Significa não ser necessário uma sociedade ficar dependente


da distribuição de rendimento que resulta do funcionamento
livre e competitivo dos mercados, uma vez que, outra
qualquer afectação eficiente de recursos, e considerada
socialmente mais justa, poderá ser alcançada por via, quer
de uma redistribuição inicial de direitos de propriedade,
quer do funcionamento dos mercados.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Deve-se:
1) a necessidade da correcção de fracassos dos
mercados (promovendo a eficiência).
2) a necessidade da promoção de equidade (justiça
social).
● Razões principais de fracassos do mercado:
i) Existência de bens públicos;
ii) Existência de externalidades (negativas);
iii) Existência de concorrência imperfeita; e
iv) Assimetria de informação.
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(Gonda), o Treinador. 2021
● Características fundamentais:
➢ não rivalidade no consumo; e
➢ não exclusão no consumo.

Significa que o consumo (serviço) de bem por uma


determinada pessoa não impede o consumo (serviço) do
mesmo bem por uma outra pessoa em simultâneo, p. ex.: a
defesa nacional e a iluminação pública.

Se, eventualmente, existir rivalidade pode ser:


1) rivalidade total (estamos em presença de um bem privado
puro).

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(Gonda), o Treinador. 2021
2) rivalidade parcial: o consumo de um bem por
uma determinada pessoa não impede em absoluto
o consumo de uma outra pessoa mas há uma
redução de benefício marginal e qualidade do
consumo, p. ex.: utilização de uma autoestrada
(bem misto).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Característica de exclusão :
Um bem, serviço ou recurso natural é passivel de exclusão se for possível
impedir um indivíduo de o consumir ou caso, não seja possível a
exclusão, se é possível monitorar de forma individual o consumo (de
maneira permanente ou temporária) de modo que se possa praticar um
preço associado à utilização do bem.

Condições para prática de exclusão:


Havendo necessidade para tal é necessária que exista:
1) Condição legal; e
2) Viabilidade tecnológica a baixo custo.
P. ex.: nas praias do país não é legalmente possível a exclusão mas,
tecnologicamente é possível através de uma cancela ou barreira.

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(Gonda), o Treinador. 2021
P

D S

P1

Po Q1 Qo Qmáx Q
Figura 3. O racionamento num bem não congestionado

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(Gonda), o Treinador. 2021
Explicação:
● Capacidade do parque: nº de visitantes/hora é igual a Q.máx (oferta
rígida S), a procura, caso o preço seja nulo (Po), é igual a Q0, então
neste caso, mesmo com acesso livre, não há congestionamento no uso
do parque.

● Havendo necessidade de manutenção do parque, vai precisar de


dinheiro, introduz-se um preço de acesso (P1); este preço vai reduzir
a utilização do parque (Q0 → Q1), sem que haja algum benefício
associado ao racionamento.
● É fácil ver que esta restrição seria ineficiente, uma vez que pode haver
o mesmo financiamento com recurso a outras formas, por ex.: os
impostos, sem reduzir as quantidades ou consumo.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Surge/acontece quando os indivíduos se beneficiam de um bem ou serviço
público sem terem contribuído para o efeito, pois sabem que não
contribuindo, os outros vão contribuir. Assim, havendo um número
significativo de indivíduos a actuar desta forma, a provisão do bem vai ser
ineficiente.

Exemplo 1: construção de uma estrada numa comunidade com a


participação do governo em 80% e restantes 20% pela comunidade. Na
comunidade regista-se o surgimento de comportamento de free-riders.

Exemplo 2: contratação de um guarda em um condomínio. No condomínio


vão aparecer free-riders.

Moral da história: não há revelação de preferências no consumo de um


bem público.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Bens Privados
Nos bens privados, há rivalidade e exclusão no consumo dum
determinado bem ou serviço, cada indivíduo tem a sua procura em
que se relacionam as quantidades que deseja comprar aos diferentes
níveis de preços.

Assim, o preço de equilíbrio do bem, em que se iguala a oferta à


procura, é único em mercado competitivo (com um bem
homogéneo) de forma que os indivíduos ajustam as quantidades que
consomem, a esse preço único de mercado. Sob certas condições, o
equilíbrio é eficiente.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Bens Públicos
Enquanto nos bens públicos não há rivalidade e não há
exclusão no consumo dum determinado bem ou serviço
por parte de indivíduos ou grupo de indivíduos. Os
indivíduos tendem a não revelar as suas preferências,
isto significa que não há procura efectiva e, por
conseguinte, não há mercado de bens públicos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Note-se, a quantidade fornecida do bem público é única, o
que significa todos indivíduos dispõem da mesma
quantidade a partir do momento em que é fornecido ou
disponibilizado. Assim, a soma dos “preços” individuais
(Pi) pagos pelos indivíduos deve ser igual ao “preço” do
bem público , P.
P = ∑ Pi

Preços fiscais individuais (tax price)


Na realidade, cada unidade de bem público será,
potencialmente, financiada por todos os indivíduos através
de impostos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Definição:
● Preço fiscal individual (tax price) (“preço”):
➢ é o imposto adicional a pagar por cada unidade
suplementar de bem público; ou em parcela (tax share);
ou
➢ é a proporção do imposto a pagar por cada indivíduo por
unidade adicional de output.
● Nota:
➢ Preços fiscais podem ser por parcelas;
➢ Pela mesma quantidade, os indivíduos podem pagar
preços fiscais distintos, ou mesmo não pagar nada (caso
não paguem impostos).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Determinação de quantidade óptima (Q*) –
provisão óptima
➢ Significa a disposição marginal a pagar (DMP)
por um bem adicional numa base voluntária, tem
que ser igual ao custo médio (ou marginal) (CMe)
de produção desse bem.

DMP = CMe

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(Gonda), o Treinador. 2021
● É Taxa Marginal de Transformação de um bem público
(TMTbpub.), tem que ser igual a taxa Marginal de
Transformação de um bem privado (TMTbpriv.)

TMTbpub. = TMTbpriv.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Provisão diz respeito à forma de
fornecimento e de acesso do bem/serviços.

● Produção tem a ver com a actividade


produtiva que gera/produz o bem/serviço.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Provisão pública é aquela que é essencialmente financiada
pelo orçamento de uma entidade pública, Orçamento do
Estado ou de uma autarquia local, pelo que os utentes não
pagam um preço pela sua utilização, visto que o
financiamento é indirectamente realizado através dos
impostos.

Provisão privada é aquela que é financiada pelo orçamento


de uma entidade privada através de um preço ou tarifa, que
deverá ser igual ao custo marginal ou médio de produção
P=Cmgp), sendo que neste caso é o utente/utilizador que
paga o serviço ou bem.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● São 4:
1) Provisão pública e produção pública. O equipamento colectivo é
aparentemente “gratuito”, isto é, financiado por um orçamento
local, com livre acesso dos utentes e a sua manutenção é feita por
trabalhadores das entidades locais (Ex.: estradas, jardins públicos).
2) Provisão pública e produção privada. Ex.: serviços de jardinagem
e manutenção é concessionado a uma empresa privada, mas
continua o livre acesso.
3) Provisão privada com produção pública. Há pagamento de uma
taxa de utilização de museus (por ex.) aos Domingos para evitar
congestionamento excessivo.
4) Provisão privada com produção privada. Há exclusão no
consumo (pratica-se um preço no acesso) e a propriedade,
manutenção e gestão seria privada.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● O problema que se levanta é de saber: qual a
quantidade óptima (isto é, eficiente) de produção de
um bem público? Tem sido difícil determinar a
quantidade óptima visto que depende das preferências
dos indivíduos.

Exemplo: vamos imaginar uma situação em que se faz um


inquérito aos cidadãos para determinar o que acham que é
o nível óptimo de despesa pública para financiar a defesa
nacional.

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(Gonda), o Treinador. 2021
E, vamos admitir as seguintes situações:
1) Se eles sabem que a sua resposta não influencia o montante de
impostos que pagarão para financiar essa despesa, poderão sobreavaliar
(atribuir um valor elevado) esse nível desejável de despesa.

2) Se acham que a sua resposta vai ter repercussões (ou impacto) nos
impostos a pagar, então vão tender a subavaliar (atribuir um valor
inferior) as suas preferências.

Daí, surge o problema de revelação de preferências por bens públicos,


que não tem solução imediata nem satisfatória, fazendo com que seja
difícil determinar o nível óptimo de provisão dos bens públicos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● São três, tendo em conta que um “preço fiscal” é um “preço
político” (não é preço real), significa que é determinado
politicamente. Assim,

1) Todos os indivíduos pagam o mesmo “preço fiscal”.

2) Cada família deve contribuir em função do valor do seu


património no total do património do município.

3) “Preços fiscais” (Pi*) (preços de Lindahl).

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(Gonda), o Treinador. 2021
1) Todos os indivíduos pagam o mesmo “preço fiscal”.
Pi = p/n
Onde:
Pi – preço individual.
p – “preço” de uma unidade do bem público.
n – número de indivíduos (população).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Neste caso, o custo marginal de produção (CMPb) seria dividido
de forma uniforme por todos os indivíduos.

Esta forma de financiamento designa-se por “poll tax” que é um


imposto per capita para financiar as despesas municipais.

É um imposto de montante fixo que se aplica em cada município


(designado lump sum) que deve ser pago por residentes do
município, uma vez que eles se beneficiam da mesma maneira
dos bens e serviços públicos locais, assim, na lógica do princípio
do benefício, devem contribuir de igual forma.

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(Gonda), o Treinador. 2021
2) Cada família deve contribuir em função do valor do seu
património no total do património do município.

3) “Preços fiscais” (Pi*) (preços de Lindahl): são os preços


fiscais que os indivíduos pagariam se contribuíssem para a
produção do nível óptimo (Q*) do bem público em função
do seus benefícios individuais, isto é, das suas disposições
marginais a pagar (DMPi ) pelo bem público.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Preços de Lindhal
Pi* = DMPi (Q*) ; P = ∑ Pi*
Onde:
Pi* - Preço fiscal individual óptimo
DMPi – Disposição Marginal a Pagar
Q* - Quantidade óptima a produzir
P – Preço de uma unidade de bem público.
(Exercício de aplicação)

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Estamos em presença de uma externalidade quando a
acção realizada por um agente ao nível de consumo, da
produção ou outra, afecta de forma significativa o bem-
estar de outro agente, e esse efeito não é transmitido por
via de sistema de preços.
Tipos de externalidades:
➢ no consumo e na produção;
➢ envolvendo poucos ou muitos agentes;
➢ positivas ou negativas;

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(Gonda), o Treinador. 2021
Externalidades negativas vs intervenção do Estado
Uma externalidade negativa impõe custos sobre um indivíduo ou
grupo de indivíduos que nada têm a ver com a transacção do bem
ou serviço desse mercado.

As empresas ou indivíduos que realizam estas transacções não


cobrem a totalidade dos custos envolvidos na sua produção.

Então, existe a necessidade de impor mecanismo que corrija esta


falha do mercado. Daí, a necessidade de intervenção do Estado
para a devida correcção.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Exemplos de externalidades negativas:
● Poluição ambiental causada por automóveis, fábricas,
centrais energéticas a carvão (Moatize, Província de
Tete), fumo de cigarros, barrulhos derivados de aviões,
automóveis e outros equipamentos.
● Trafego intenso em artérias principais das cidades do
país.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Exemplo da externalidade negativa: a poluição ambiental associada
à produção de aço ou alumínio.

Temos:
➢ Custo marginal privado (CMPriv., ou seja, custo adicional
privado de se produzir mais uma unidade); e
➢ Custo marginal externo (CMExt é o custo, em todos agentes
económicos afectados de forma negativa pela externalidade,
associado à produção de uma unidade adicional de um bem (neste
caso, o aço ou alumínio).
➢ Assim, Custo marginal social (CMSoc.)

CMSoc = CMPriv. + CMExt.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Note-se, o custo é considerado externo porque
não é incorporado pela empresa no cálculo do
preço do aço ou alumínio produzido,
provocando, deste modo, a ineficiência na
afectação de recursos.

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(Gonda), o Treinador. 2021
CMSoc = CMPriv + CMExt
P
D S (CMPriv)
P*d
Pe
Ps
CMExt

Q* Qe Q
Figura 4. Externalidade negativa da produção de alumínio.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Explicação da figura 4:
● Pe e Qe – preços e quantidades de ineficiência.
● P*d e Q* - preços e quantidades de eficiência e são
preços e quantidades reais.
● Assim, uma externalidade não corrigida provoca
fracassos do mercado. Pelo que, existe uma necessidade
de intervenção do Estado para reduzir os efeitos
negativos de externalidade.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● O imposto pigouviano (t) é um imposto unitário (por unidade de
output) igual ao custo marginal externo para o nível de output
eficiente.
t = CME(Q*)

Este imposto deve ser cobrado ao produtor da externalidade


negativa e leva o preço óptimo, que por sua vez vai originar uma
quantidade procurada eficiente. Por esta via, o preço eficiente para
o consumidor vai incluir não só o custo marginal privado, como
também o efeito externo associado à produção.

Pd* = CMS(Q*) = CMP(Q*) + CME(Q*) = CMP + t

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(Gonda), o Treinador. 2021
● O subsídio pigoviano é o benefício fiscal aplicado às
actividades associadas a externalidade positivas.

Assim, uma empresa ou um consumidor é menos tributada(o),


pois, a sua actividade está associada a efeitos externos
positivos.

Distinção entre impostos e subsídios: os impostos se


justificam por razões de eficiência associadas a
externalidades, enquanto subsídios por razões de equidade ou
de bem de mérito.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Existem certos bens, os bens mistos, que apresentam
características de bens privados, por sugerirem a
possibilidade de exclusão, mas também semelhanças com
bens públicos, visto que não existe rivalidade no consumo,
se existir não é total, mas sim, parcial, uma vez que todas
actividades são partilhadas por outros.

Exemplos:
● Utilização de uma piscina:
● Visita de um museu; e
● Frequência de uma escola.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Outros exemplos das externalidades positivas:
➢o caso de vacinações contra determinada doença e que
abrange de forma gratuita toda a população
independentemente de ter ou não doença.
➢Os avanços tecnológicos;

➢O plantio de árvores para segurar as barreiras da


cidade de Maputo ou combater a erosão (Sousa Franco,
2002).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Do ponto de vista conceptual há duas formas de
modelizar os bens mistos, a saber:
1) Conceito de bem de clube; e
2) Bens privados com externalidade positiva (T.P.C.:
recomenda-se a leitura e tomada de notas do caso do
ensino superior e da decisão de um estudante de
frequentar ou não este nível de ensino, da obra básica:
Pereira, et al. 2014:63).

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(Gonda), o Treinador. 2021
1) Zonamento: o governo força os agentes económicos a separar
por zonas. Ex.: separação dos locais de fumadores e não
fumadores nos restaurantes.
2) Solução da tragédia dos comuns: está relacionada com a
resolução de problemas da comunidade sem que para tal haja
qualquer pagamento.

Formas de solução:
i) Coordenação e negociação a favor da comunidade. A solução
só é aplicável se existir laços de solidariedade entre membros da
comunidade, mas há entraves devido a existência de free-riders.
(Ex.: de pescador que vai a pesca no período de veda – acção
colectiva).

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(Gonda), o Treinador. 2021
ii) Privatização e atribuição de direitos – Teorema de
Coase – pressupõe uma solução privada óptima, ou seja,
os privados sem intervenção do Estado resolvem os seus
problemas se e somente se os custos de transacção forem
nulos.

Teorema de Coase: diz que


1) Se existirem duas partes que pretendem negociar. A
questão dos direitos e propriedade deve estar clara e
salvaguardada;
2) Se não existirem custos de transacção e obstáculo à
negociação;

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(Gonda), o Treinador. 2021
3) As duas partes devem manifestar interesse em querer negociar; e

4) Não haver efeitos sobre os rendimentos que possam afectar as curvas de


oferta e de procura das duas partes;

Então existirá uma solução eficiente para as questões das externalidades


e não seria necessária a intervenção do governo.

Contudo, em grande maioria dos casos que envolvem externalidades


existem sempre muitos consumidores e produtores pelo que é difícil
encontrar-se uma solução negociável e, assim, os governos são
obrigados a intervir (Sousa Franco, 2002:8).

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(Gonda), o Treinador. 2021
iii) Tributação para externalidades negativas. O
Estado introduz um imposto para os agentes
económicos passarem a incorporar nos CMExterno, o
chamado imposto pigouviano. Este imposto é o preço
unitário de output igual ao CMExterno para o nível
óptimo de produção

Para externalidades positivas o Estado atribui um


subsídio pigouviano.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Concorrência imperfeita: o caso do monopólio
Razões de existência de monopólio:
1) Economia de escala (monopólio natural,
relaciona-se com condições tecnológicas).
2) Regulamentação pública ou outras formas de
barreiras de entrada de outros concorrentes
(monopólio “artificial”).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Fig. 5. Equilíbrio do monopolista (Cméd. constantes)
P

D Rmg custo de eficiência p/ socied.

Pm c

Perda bem-estar trapz Pc e d Cmg

Qm Qc Q

Lucro=RT – CT; RT=P.Q; CT=Cme.Q


Máximiza lucro: Rmg=Cmg; (ponto e);
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Produz qtde Qm, ao preço Pm, o lucro é igual(Gonda),
(Pmo Treinador.
– Pc).Qm2021
O equilíbrio do monopolista é ineficiente (Fig. 5), uma vez
que os consumidores estão a pagar o bem a um preço mais
alto do que os Cme (e mg) e em simultâneo, estão a
consumir menos do que desejaria com o preço de mercado
(Pc).

Nota-se, aqui, há uma perda de bem-estar dos consumidores


representado pelo trapézio [PmcdPc].

Considerando lucro de monopolista, regista-se um custo de


eficiência para a sociedade dado pelo triangulo [cde].

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(Gonda), o Treinador. 2021
Resolução do Monopólio:
Pode recorrer-se:
1) A produção directa do bem pelo Estado através de
capitais públicos (Exemplos: TDM; Tmcel e outras);
2) A uma combinação de capitais privados e públicos
(parcerias inteligentes); e
3) A nacionalização da empresa provedora de serviços.

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(Gonda), o Treinador. 2021
A existência de informação simétrica entre os agentes
económicos é uma das características desejável para mercados
competitivos mas na prática não é isso que acontece.

Assim, a intervenção pública através de uma selecção adversa,


pode concorrer para correcção da existência de informação
assimétrica, forçando, deste modo, os agentes económicos a
produzir maior quantidade e melhor qualidade de informação
acerca dos seus bens ou serviços.

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(Gonda), o Treinador. 2021
● Os fracassos do mercado é que justificam uma
racionalidade para a intervenção pública (Estado ou
autarquias locais) tendo como base o critério de
eficiência de Pareto.

A intervenção tem implicações orçamentais ao nível da


despesa pública e da tributação, assim como
consequências em termos da actividade reguladora do
sector público.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Fracassos de mercado e intervenções públicas por razões de eficiência.

Tipo de Fracasso de Tipo de Intervenção Exemplos


Mercado Pública (possível)
Bens Públicos Despesa pública em bens e Defesa Nacional
serviços Iluminação Pública
Externalidades positivas Despesa c/ subsídios Subsídios a Associações

Externalidades negativas Impostos Imposto sobre o tabaco

Concorrência Imperfeita Regulação Regulação das TDM

Informação Assimétrica Regulação Regulação da inf., sobre bens


de consumo

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(Gonda), o Treinador. 2021
Intervenções públicas por razões de equidade
Tipo de objectivo para Tipo de Intervenção Exemplos
promover Justiça Social Pública (possível)

Promoção de Igualdades de Despesa pública em bens de Provisão pública de


Oportunidades mérito escolaridade básica
Provisão pública de cuidados
de saúde primários

Diminuição da Desigualdades Tributação e Despesa com Tributação progressiva em


na repartição do Rendimento Prestações Sociais IRPS
Esquema redistributivo de
pensões na Segurança Social

Diminuição do risco Despesa com prestações Subsídio de desemprego,


individual através de partilha sociais doença, invalidez
do risco
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(Gonda), o Treinador. 2021
As duas posições antagónicas sobre o papel da intervenção do
Estado na economia, que têm alimentado acesos debates
provem da :

1) Escola de Cambridge (Keynes); e


2) Escola de Chicago (Adam Smith, Milton Friedman).

A posição da Escola de Cambridge


A escola de Cambridge defende que o capitalismo enquanto
modelo económico não iria ser abandonado e sentenciado ao
esquecimento, contudo iria sofrer alterações tais que
possibilitariam a concentração do Estado de poderes que
poderiam debelar as falhas do capitalismo.

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(Gonda), o Treinador. 2021
O modelo foi largamente aplicado nas principais
economias, tendo se repercutido a vários níveis após a
crise de 1929 através de intervenções do Estado na
condução da actividade económica; no processo de
nacionalizações dos sectores mais importantes da
economia, como o da electricidade ou o de gás; e na
implementação do Estado de Bem-estar.

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(Gonda), o Treinador. 2021
O modelo keynesiano possui uma das vantagens que é de
fazer uma avaliação positiva das políticas sociais, partindo
do pressuposto de que o investimento nas áreas sociais pode
promover o emprego, logo o poder de compra dos cidadãos.
Para além de dinamização da economia estas políticas
sociais (educação, saúde, protecção social, etc.) permitem a
promoção da justiça social através do acesso dos mais
carenciados aos programas elaborados (Silvestre, 2010:40-
43).

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(Gonda), o Treinador. 2021
A posição da Escola de Chicago
Os pensadores neoliberais onde se destaca Friedman,
basearam-se nas ideias propostas por Adam Smith.
Defendem que o Estado devia intervir menos possível
nos assuntos económicos, porque o melhor modo de
desenvolver a economia das nações era através do
mercado e do mecanismo de preços que lhe está
associado – existência do princípio de mão invisível.

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(Gonda), o Treinador. 2021
O princípio de mão invisível suporta-se na acção
egoísta dos indivíduos, que com intuito de promoverem
o seu bem-estar estão, em simultâneo e como que
induzidos por uma mão invisível, a elevar o bem-estar
geral. Assim, preconiza-se a não intervenção do Estado
na economia, uma vez que a própria economia se auto-
regula pela oferta e pela procura de bens e serviços.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Com base no pressuposto de mão invisível, Smith
sustentava que o mercado se deverá pautar pela
concorrência perfeita, onde nenhuma organização tem a
capacidade de influenciar o preço do bem ou serviço
objecto da organização (idem).

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(Gonda), o Treinador. 2021
Bibliográficas:
1. Franco, António S. 2002. Manual de Finanças Públicas. Gabinete
de Estudos, Ministério do Plano e Finanças. Moçambique.
2. Franco, António L. de Sousa. 1998. finanças Públicas e Direito
Financeiro. 4ª ed. Almedina, Coimbra.
3. Friedman, M; et al. 2012.Liberdade para escolher.1ª ed. Lua de
Papel.
4. Moreno, Carlos. 2010. Como o Estado gasta o nosso dinheiro. 5ª
ed. Caderno.
5. Pereira, Paulo Trigo; et al. 2012. Economia e Finanças. 4ª ed.
Revista e Actualizada. Escolar Editora.
6. Silvestre, Hugo Consciência. 2010. Gestão Pública: Modelos de
Prestação no serviço Público. Escolar Editora.

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(Gonda), o Treinador. 2021
1. Explique o sentido orgânico da expressão – Finanças Públicas.
2. Diferencie finanças públicas de finanças privadas.
3. Explique a natureza interdisciplinar das finanças públicas.
4. Estabeleça a diferença entre a análise positiva e análise normativa.
5. Considere a seguinte proposta: o governo pretende aumentar o
imposto sobre veículos automóveis. Discuta a racionalidade da
proposta tendo em conta os pressupostos de análise positiva e
análise normativa.
6. Considerando a realidade sócio-económica do nosso país. Enuncie e
discuta a aplicabilidade do modelo de Pareto.

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(Gonda), o Treinador. 2021
7. Explique o que significa liberdade negativa, segundo Nozick.
8. Identifique e explique as funções do sector público, segundo
Musgrave.
9. Identifique as três funções essenciais atribuídas ao “Príncipe” (o
governante) por Adam Smith. E, explique a sua aplicação dando
alguns exemplos concretos do nosso país.
10. Apresente em forma de matriz os aspectos comuns e as
diferenças dos Estados Mínimo, Bem-Estar e Imperfeito.
11. Enuncie o principio maximin e discuta o seu enquadramento na
realidade do nosso país, dando alguns exemplos, se possível.

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(Gonda), o Treinador. 2021
12. Discuta a pertinência de aplicação da teoria do Principal e
Agente na realidade do nosso país, dando alguns exemplos.
13. Indique e explique os tipos de fracassos do governo, bem
como as suas consequências.
14. Enuncie os teoremas que fundamentam a intervenção
pública na economia do bem-estar.
15. Identifique e explique os pressupostos nos quais assenta a
racionalidade da intervenção do Estado na economia.
16. Indique e explique as principais razões de fracassos do
mercado.

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(Gonda), o Treinador. 2021
17. Explique as principais diferenças entre os bens públicos e
bens privados.
18. Identifique e dando alguns exemplos de 4 formas de
provisão pública de bens e serviços.
19. Indique e explique as modalidades de financiamento de
bens públicos.
20. Dê o conceito de externalidade e explique dando alguns
exemplos de externalidades positivas e negativas. Qual é a
acção do Estado, em termos de tributação?
21. Sabe-se que há duas posições antagónicas sobre o papel
do Estado na intervenção económica. Apresenta-as,
resumidamente.

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(Gonda), o Treinador. 2021
22. Supondo que duas amigas Ana e Clara residem na
mesma rua de um dos bairros em expansão na
província de Maputo. Estão interessadas em
contribuir para aquisição de candeeiros de iluminação
para garantir a segurança da rua. Cada candeeiro
custa 50 Mt. Para aquisição dos candeeiros são dadas
pelas seguintes equações:
● DMP(Ana) = 50 – 2Q; e
● DMP(Clara) = 100 – 3Q.

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(Gonda), o Treinador. 2021
Pretende – se:
a) A quantidade óptima (Q*) de candeeiros.
b) A quantidade de candeeiros que cada uma
estaria disposta a pagar.
c) O valor que cada uma delas está disposta a
pagar.
d) Interprete os resultados obtidos.

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(Gonda), o Treinador. 2021

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