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SENTENÇA DIMINUÍDA

Barroso reduz pena por falta de fundamentação


idônea para cálculo
17 de agosto de 2023, 7h32

Por Renan Xavier

Os critérios para a fixação do regime prisional inicial devem se harmonizar


com as garantias constitucionais, sendo necessário exigir sempre a
fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime hediondo ou
equiparado.
Nelson Jr./SCO/STF
Com base nessa fundamentação, e por
compreender que o cálculo da pena não
seguiu fundamentação idônea e
contrariou a orientação jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís
Roberto Barroso, do STF, reduziu pela
metade a pena imposta em primeira
instância a uma mulher presa por tráfico
Barroso reduziu pela metade a pena
de drogas em São Paulo. Além disso, ele de mulher condenada por tráfico de
converteu a pena privativa de liberdade drogas
da ré em perda de direitos, que devem ser
definidos pelo juízo da execução.

Ré primária, a mulher foi presa com 108,85 gramas de maconha. O caso


chegou ao STF após um Habeas Corpus apresentado pela defesa ser negado
pelo Superior Tribunal de Justiça.

Barroso entendeu que as peculiaridades do caso permitiam a concessão da


ordem de ofício. Para o ministro, a decisão da instância de origem negou a
aplicação do tráfico privilegiado (que reduz a pena) sem a devida
fundamentação.
"Em se tratando de paciente primária e de bons antecedentes, tenho por
insuficientemente justificada a não incidência da minorante do tráfico, nos
termos dos reiterados pronunciamentos do STF", escreveu Barroso.

"Lembro que a mera referência a expressões com forte apego retórico e


abstrato, dissociadas da concretude da causa, não basta para justificar a
recusa desse importante instrumento de individualização da pena, nos
termos do artigo 5º, XLVI, da CF/88", completou ele.

O ministro lembrou que o STF tem vários precedentes no sentido de que a


"causa especial de diminuição de pena do artigo 33, §4º, da Lei nº 11.343/2006
não pode ser indeferida com apoio em ilações ou em conjecturas de que o
réu se dedique a atividades ilícitas ou integre organização criminosa".

Atuou a favor da ré o advogado Thiago Maluf, do escritório Maluf e Garcia


Advogados Associados.

Clique aqui para ler a decisão


HC 230.758

Renan Xavier é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 17 de agosto de 2023, 7h32

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