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Ministério do Desenvolvimento Social-MDS

Conselho de Recursos do Seguro Social-CRSS


Conselho Pleno

N° de Protocolo do Recurso: 44232.241324/2014-51


Documento/Beneficio: Pensão por Morte Previdenciária
Unidade de origem: APS — Carazinho-RS
Tipo do Processo: Uniformização de Jurisprudência
Recorrente': Instituto Nacional do Seguro Social/INSS
Recorrido: Osane Aparecida Ribeiro dos Santos
Benefício: 167.429.229-2
Relator: GUILHERME LUSTOSA PIRES

Ementa:

Pedido de Uniformização de Jurisprudência. Art.


63 do Regimento Interno do CRSS. Pensão por
morte. Arts. 74 a 79 da Lei 8.213 de 1991.
Corriprovação da qualidade de dependente —
maior inválida. Data de início de pagamento do
beneficio — beneficiária não comprovou sua
incapacidade na data de entrada do benefício.
Apresentação de sentença de interdição ao longo
do curso do processo. Renúncia do direito de
discutir a controvérsia na seara administrativa —
ajuizamento de ação judicial com o mesmo objeto
na forma do art. 36 do Regimento Interno.
Relatório:

Trata-se de pedido de uniformização de jurisprudência apresentado pelo INSS


contra o acordão proferido pela 2a Câmara de Julgamento do CRSS em razão de
divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Câmaras de
Julgamento do CRSS, em sede de Recurso Especial, ou entre estes e resoluções do
Conselho Pleno.

Osane Aparecida Ribeiro dos Santos, por meio da sua curadora, apresentou
pedido de pensão por morte no dia 01/08/2014 em razão da sua condição de
dependente da Sra. Cacilda Ribeiro dos Santos, protocolado sob o NB
21/167.429.229-2. Sendo assim, o benefício foi concedido pelo INSS, pois foi
comprovada a condição de maior inválida da interessada. Ademais, a data de início
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de pagamento foi fincada na dato do óbito, mas somente houve o pagamento das
parcelas vencidas não alcançadas pela prescrição quinquenal.

O acórdão n° 5563/2015 da 10a Junta de Recursos do Conselho de Recursos


do Seguro Social — CRSS (evento n° 20) deu parcial provimento ao recurso ordinário
para conceder o benefício com efeitos financeiros desde 06/11/2001, data do óbito do
genitor da interessada que recebia o benefício anteriormente na_ qualidade de
dependente.

Inconformado com o acórdão de primeira instância desfavorável ao seu


desígnio, o INSS interpôs recurso especial (evento n° 12), alegando violação do art.
79 e 103 da Lei 8.213 de 1991, pois apesar de ter sido comprovado a condição de
maior inválida da interessada, ela era capaz na data de entrada do requerimento.
Desta forma, a data de início de pagamento foi fincada na data do óbito, mas somente
houve o pagamento das parcelas vencidas não alcançadas pela prescrição
quinquenal.

Contrarrazões apresentadas pela interessada (evento n° 31), requerendo a


manutenção do decisório da Junta de Recursos, conforme art. 347, § 2° do Decreto
3.048 de 1999.

O acórdão n° 4378/2015 da 2a Câmara de Julgamento, julgado em 02/12/2015


(evento n° 44), negou provimento ao recurso especial do INSS para manter a
concessão do benefício com a retroação da DIP para a data do óbito da segurada
instituidora em 23/10/1997, pois foi apresentada sentença de interdição de
interessada comprovando sua incapacidade para os aos da vida civil.

Pedido de Uniformização de Jurisprudência apresentado pelo INSS (evento


n° 50 — datado de 31/12/2015), alegando divergência na interpretação em matéria de
direito entre acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRSS em sede de Recurso
Especial, tendo apresentado como paradigma o acórdão n° 1764/2015 da 1a
Composição Adjunta da 01a Câmara de Julgamehto e n° 3383/2015 da 2a Composição
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Adjunta da 02a Câmara de Julgamento, no qual foi aplicado o art. 74, inciso ll da Lei
8.213 de 1991 e art. 105, inciso l I do Decreto 3.048 de 1999 para manter a concessão
da pensão por morte com o início do pagamento na data do óbito da segurada
instituidora, mas devendo ser observada a prescrição quinquenal quanto as Orcelas
vencidas.

Não foram apresentadas contrarrazões ao pedido de uniformização de


jurisprudência pela interessada.

Pronunciamento da Divisão de Assuntos Jurídicos (evento n° 65) no sentido


de levar a questão para ser apreciada pelo Conselho Pleno do CRSS, uma vez que
houve divergência na interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Câmaras
de Julgamento do CRSS em sede de Recurso Especial.

Distribuição do processo pela Presidente do Conselho de Recursos do Seguro


Social para ser analisado o pedido de Uniformização de Jurisprudência (evento n° 71).

Voto:

O pedido de uniformização de jurisprudência versa sobre a divergência na


interpretação em matéria de direito entre acórdãos de Câmaras de Julgamento,
conforme previsão do art. 63 do Regimento Interno do CRSS, colacionado abaixo:

Art. 63. O Pedido de Uniformização de Jurisprudência poderá ser requerido


em casos concretos, pelas partes do processo, dirigido ao Presidente do
respectivo órgão julgador, nas seguintes hipóteses:

I - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito


entre acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRSS, em sede de
Recurso Especial, ou entre estes e resoluções do Conselho Pleno; ou
II - quando houver divergência na interpretação em matéria de direito entre
acórdãos de Juntas de Recursos do CRSS, nas hipóteses de alçada
exclusiva previstas no art. 30, § 2°, deste Regimento, "ou entre estes e
Resoluções do Conselho Pleno.

§ 1° A divergência deverá ser demonstrada mediante a indicação do


acórdão divergente, proferido nos últimos cinco anos, por outro órgão
julgador, composição de julgamento, ou, ainda, por resolução do
Conselho Pleno.

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§ 2° É de 30 (trinta) dias o prazo para o requerimento do Pedido de


Uniformização de Jurisprudência e para o oferecimento de
contrarrazões, contados da data da ciência da decisão e da data da
intimação do pedido, respectivamente, hipótese em que suspende o
prazo para o seu cumprimento.
§ 3° Reconhecida em sede cognição sumária a existência da divergência pelo
Presidente do órgão julgador, o processo será encaminhado ao Presidente
do Conselho Pleno para que o pedido seja distribuído ao relator da matéria.
§ 4° Do não recebimento do pedido de uniformização pela Presidência do
órgão julgador, caberá recurso ao Presidente do CRSS, no prazo de 30
(trinta) dias da ciência da decisão comprovada nos autos.
§ 5° O pedido de uniformização poderá ser formulado pela parte uma única
vez, tratando-se do mesmo caso concreto ou da mesma matéria examinada
em tese, à luz do mesmo acórdão ou resolução indicados como paradigma.
§ 6° O Conselho Pleno poderá pronunciar-se peio não conhecimento do
pedido de uniformização, ou pelo seu conhecimento e seguintes
conclusões:
I - edição de Enunciado, com força normativa vinculante, quando houver
aprovação da maioria absoluta de seus membros e havendo deliberação do
colegiado para sua emissão;
II - edição de Resolução para o caso concreto, quando houver aprovação da
maioria simples de seus membros.
§ 7° Proferido o julgamento, caso haja deliberação para edição de enunciado,
o Conselheiro responsável pelo voto vencedor deverá redigir o projeto de
enunciado, a ser aprovado na mesma sessão ou na sessão ordinária
seguinte.
§ 8° O pronunciamento do Conselho Pleno, nos casos de uniformização de
jurisprudência, poderá ser adiado, uma única vez, para a sessão seguinte a
pedido de, no mínimo, três membros presentes.
§ 9° O pedido de adiamento na forma do parágrafo anterior não impedirá que
votem os Conselheiros que se julguem habilitados a fazê-lo.
§ 10. Os Conselheiros que tenham participado do julgamento na Câmara do
CRSS não estão impedidos .de julgar o pedido de uniformização no Conselho
Pleno.
§ 11. Aplica-se ao pedido de uniformização de jurisprudência, no que couber,
o disposto no Capítulo VII deste Regimento.
§ 12. No caso de provimento do Pedido de Uniformização de Jurisprudência,
o Órgão Julgador do CRSS que proferiu o acórdão infringente deverá revê-lo
de ofício, após ser notificado do resultado do julgamento, adequando o
julgado à tese fixada pelo Pleno.

Pois bem, o INSS suscita divergência na interpretação em matéria de direito


entre acórdãos de Câmaras de Julgamento do CRSS em sede de Recurso Especial
relativo à aplicação do art. 79 e 103 da Lei 8.213 para estabelecer a data de início do
pagamento do benefício na data de óbito da segurada instituidora.

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Sendo assim, o acórdão hostilizado n° 4378/2015 da 2' Câmara de


Julgamento negou provimento ao recurso especial do INSS para manter a concessão
do benefício com a retroação da. DIP para a data do óbito da segurada instituidora em
23/10/1997, uma vez que se trata de beneficiária incapaz.

Por outro lado, foram apresentados como acórdãos paradigma os decisórios


n° 3383/2015 da 2a Composição Adjunta da 2' Câmara de Julgamento e n° 1764/2015
da 1a Composição Adjunta da 1a Câmara de Julgamento, no qual a data do início do
pagamento foi fincada na data de entrada do benefício.

Contudo, apesar da existência dos paradigmas apresentados, deve ser


declarada a renúncia da discussão da controvérsia no ãmbito administrativo, pois a
interessada ajuizou ação contra o INSS em 07/04/2015 para discutir a data do início
do pagamento do benefício, tendo logrado êxito na Justiça Federal com a concessão
do benefício e pagamento desde o óbito da sua genitora.

Por conseguinte, a aplicação do art. 307 do Decreto 3.048 de 1999 é cabível


na hipótese de "A propositura pelo beneficiário de ação judicial que tenha por objeto
idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao
direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto".

Portanto, como o conhecimento da propositura da ação judicial foi posterior


ao julgamento do acórdão na Câmara de Julgamento, vide § 5° do art. 36 do
Regimento Interno do CRSS, a coisa julgada deverá prevalecer sobre a decisão
administrativa, sendo que o INSS está autorizado a não cumprir o acórdão n°
4378/2015 da 2a Câmara de Julgamento.

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Conselho Pleno

Por todo o exposto, voto no sentido de, preliminarmente, não conhecer


do pedido de uniformização de jurisprudência.

Brasília-DE, 28 de novembro de 2018

G ILHERME LUSTOSA PIRES


Relator

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Conselho de Recursos do Seguro Social-CRSS
Conselho Pleno

DECISÓRIO

RESOLUÇÃO N° 79 /2018

Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje,


ACORDAM os membros do Conselho Pleno, por unanimidade, no sentido de NÃO
CONHECER DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, de acordo
com o Voto do Relator asua fundamentação.

Participaram, ainda, do presente julgamento os (as) Conselheiros (as):


Robson Ferreira Maranhão, Vânia Pontes Santos, Gustavo Beirão Araújo, Paulo
Sérgio de Carvalho Costa Ribeiro, Maria Madalena Silva Lima, Raquel Lúcia de
Freitas, Maria José de Paula Moraes, Imara Sodré Sousa Neto, Daniela Milhomem
Souza, Valter Sérgio Pinheiro Coelho, Rodolfo Espinel Donadon, Alexandra Álvares
de Alcântara, Tarsila Otaviano da Costa e Adriene Cândida Borges.

Brasília-DF, 28 de novembro de 2018

GUILHERME LUSTOSA PIRES


Relator Presidente

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