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Processos inflamatórios/infecciosos uterinos

Ruminantes, porcas e éguas

Vacas 1. Egua: cio do potro ocorre de 6-9d (fase de


→ Agentes infecciosos podem entrar durante a baixa fertilidade), e depois com 45d;
cópula, inseminação ou no parto, que são 2. Gata: 1sem após desmame, mas algumas
nem desmamaram e com 15d/20d já
⚠️
momentos em que a cérvix está aberta;
→ O PARTO é o principal fator predisponente entram no cio;
→ Nem todas as vacas sofrem infecções, porque 3. Porca: 3-10d mas ainda infértil, 5-10d pós
o útero tem seus mecanismos de defesa. desmame (melhor);
4. Vaca: 45-50d
→ O PUERPÉRIO das vacas dura 5. Cabra e Ovelha: 40d
aproximadamente 45-50 dias, nesse período 6. Cadela: 2-4m
espera-se:
1. Que o útero sofra involução em relação ➕ Algumas vacas podem retornar à atividade
ao tamanho e ao endométrio (o útero ovariana mais cedo (15-20d). É melhor para a
involui bem antes dos 42d, mas o fêmea o retorno mais cedo ou mais tarde?
endométrio não). Se o útero não involui, → Quando o tempo é muito curto, o endométrio
significa que ele não realiza contrações provavelmente não se regenerou todo ainda, e as
adequadas, assim não elimina secreções. secreções ainda estão sendo eliminadas. Se a
O útero então fica aberto, com secreções, fêmea retorna à atividade ovariana, ovula, forma
sendo um local ótimo para corpo lúteo e secreta P4, a P4 não vai permitir
desenvolvimento de patógenos; que as secreções sejam eliminadas (fechando a
2. Volta ao estro e ovulação após o anestro cérvix e parando as contrações uterinas),
instituído. O estro não é apresentado também vai diminuir a migração de NEU,
antes pois a hipófise está “bloqueada” favorecendo crescimento bacteriano;
para os hormônios FSH e LH. A hipófise → O corpo entende que se o cio retornou, o útero
começa a ser sensível novamente entre está limpo. A culpa então é do ovário que voltou
7-15d dentro do puerpério, é quando o muito antes;
hipotálamo começa a secretar novamente → O endométrio produz PF2a, mas pela
GnRH e a hipófise aumenta os receptores quantidade de conteúdo intrauterino, ele pode
para ele e os níveis de LH podem subir, não liberar a prostaglandina, logo, o corpo lúteo
mas só depois de 30d retorna à atividade não será destruído e a P4 continuará em ação,
ovariana. piorando sempre.
→ NÃO É SAUDÁVEL PARA A FÊMEA BOVINA O
RETORNO OVARIANO MUITO RÁPIDO.
→ Tto: exame ginecológico, destruição do corpo
lúteo com injeção de prostaglandina e lavagem.

→ Classificações das inflamações:


1. METRITE → inflamação de todas as
camadas do útero. Ocorre no puerpério
recente, em até mais ou menos 20d.
→ Tto para metrite aguda: Lavagem, ATB
sistêmico (Florfenicol, Enrofloxacina ou
Penicilina + Estreptomicina). ATB local
(Tetraciclina). Drenagem, prostaglandinas e
estrógenos;
→ Tto para metrite crônica: Ocorre por
evolução de uma aguda não tratada ou tratada de
forma errada. Muitas vezes se auto resolvem, mas
→ Tempo de puerpério:
quando não, é utilizado ATB sistêmico,
prostaglandinas e infusão com antissépticos.
→ Primeiro evento após o parto: Delivramento
2. ENDOMETRITE → inflamação do das secundinas e liberação dos restos
endométrio, também chamada de placentários (6h). Sobreposição do último
“catarros genitais”, quase sempre estágio do parto e início do puerpério;
associada a cervicite (nem sempre é Tempo total: 42-45-50d
diagnosticada a cervicite, mas trata-se
como se tivesse). Ocorre nas fases mais → A endometrite pode ser uma evolução da
tardias do puerpério ou ainda no metrite: casos de partos distócicos, infestação
pós-puerperio. O endométrio tem sistêmica, lesões, MO;
glândulas endometriais muito → Só o fato de entrar os MO já pode causar a
desenvolvidas que produzem muito infecção;
líquido, então além de evoluir tem que → Mas, mesmo com a entrada de MO não é
reduzir a função dessas glândulas obrigatório ter doença porque o útero possui sua
própria defesa, de forma mecânica e
→ Fatores predisponentes da endometrite: imunológica (contração, migração de NEU pelo
1. Escore corporal: vacas muito magras aumento de secreção do E2).
(observado mais em animais leiteiros)
2. Manejo: transferir fêmeas para
maternidade, local limpo e adequado para ● CATARROS GENITAIS
o parto (que não favoreçam traumas), (Endometrites)
observação das que estão parindo → A aparência da secreção vai mudando em cada
3. Parto gemelar ou distócico: são grau, sendo por último mais purulento:
necessárias manobras obstétricas, que
podem causar lesão no útero;
4. Retenção de placenta ⚠️ : pode levar à
metrite e endometrites, pois é uma porta
de cultivo dos MO. Essa retenção ocorre
por atonia uterina (não tem contração
para expulsar), logo facilita também o
fato de não expulsar MO e secreções.
Nesse caso é aplicada ocitocina e
esperado 6-12h, e se não resolver, PGF2a;
5. Atonia uterina: Útero sem contração
uterina. Essa atonia pode ocorrer em
fêmeas que nunca teve contrações e por
isso o parto não aconteceu de forma → Graus de catarro genital, de acordo com a
normal ou o parto demorou demais e o gravidade e a aparência:
útero passa a não ter contrações 1. CG 1 e CG 2
→ Cervicite e endometrite;
→ Não há sinais sistêmicos muito evidentes;
→ Sinais observados: repetição de cio, muco no
cio, retenção de placenta, e, principalmente,
secreção vaginal: fluxo cervical;
→ Essas vacas ciclam normalmente, ovulam, mas
a fertilidade é baixa, não havendo
desenvolvimento, pois o endométrio não está
saudável;
→ Se acontecer de uma fêmea de grau I, e II vir a
gestar, elas provavelmente irão abortar e o
processo infeccioso evolui até poder chegar em
graus mais elevados;
→ A diferença entre 1 e 2 é o fluxo cervical, que no
1 é translúcido ainda e pouco sujo (alguns pontos
mais brancos e viscosos), e vai evoluindo para → Palpação retal: cérvix aberta (a inflamação
mucopurulento na 2, com focos purulentos (raios pode fazer com que ela não feche da forma
pequenos de pus). adequada, pois ela perdeu sua integridade),

➕ Endometrite subclínica: não apresenta sinais


aumento de volume, útero flutuante, parede
mais flácida.
clínicos, por isso o CG 1 às vezes é considerado
endometrite subclínica. 3. CG 4
→ Tto tradicional: Infusão de antissépticos, ATB → Secreção percentualmente mais purulenta
(tetraciclina) e fluidificantes; (acima de 50%), podendo ter presença de sangue;
→ Tto alternativo: ATB parenterais, → “Piometra” das vacas;
prostaglandinas → Muito relacionada à vacas que tiveram
abortamento, retenção de placenta ou parto
distócico;
→ Aciclia;
→ Cérvix fechada ou aberta, alterando um pouco
os sinais;
→ Diag: biópsia (definitivo), citologia

CG1

CG4

>> Tratamento
→ Trata já pressupondo que há cervicite;
→ É importante observar o histórico e os sinais
do animal;
→ O objetivo é eliminar os agentes, sem causar
CG2
dano ao endométrio (cuidado com o lugol, pois
pode lesar o útero, deve-se então diluir ele);
2. CG 3
→ A utilização de ATB locais deve sempre se
→ Secreção purulenta (até 50%) + parte líquida;
preocupar com os resíduos em carne e leite;
→ Aciclia: Anestro patológico.
1. CG1 e 2: Infusão com lugol ou
Por que? CGI e II → ciclando → ovulou →
clorexidina (antissépticos) - 200 a 400mL
não gestou → corpo lúteo → P4 → acúmulo do
2. CG3 e 4: Infusão antes do cio e ATB 8-10d
conteúdo purulento → altera a fisiologia do
endométrio → liberação inadequada de PGF2a → após o cio.
acúmulo não será expulso por causa da ação da → Outras formas de tratar:
P4 que ainda está lá por causa do CL, e enquanto 1. Estimulação uterina: PGF2a, Ocitocina +
Estrógenos (que estimulam os receptores

há CL a fêmea não ovula, ficando acíclica;
Ao fazer a palpação e mexer no útero isso de ocitocina). Não se usa no grau 1 e 2
pode induzir a liberação da prostaglandina, porque a fêmea está cíclica;
podendo acarretar lise do CL e perder a gestação 2. Lavagem;v
ou fazer a fêmea entrar no cio mais cedo, mas 3. Plasma rico em plaquetas é muito bom
não necessariamente isso sempre vai acontecer para vacas e éguas, mas é caro;
em casos patológicos também. 4. Ozonioterapia
→ Forma de prevenir: Nas fêmeas cíclicas, se já >> Tratamento
percebi que o muco está sujo, quando ela estiver → Profilaxia principalmente: alimentação,
prestes a entrar no cio ou se sei que ela tem parto ingestão de água, baia maternidade;
laborioso, posso fazer infusão de ATB antes do → Antisséptico e ATB intrauterinos.
cio, e ATB por 8 a 10d após o cio (fase de
progesterona)
Éguas
→ São muito suscetíveis aos problemas uterinos
Cabras e ovelhas também;
→ Etiologia e patogenia iguais as da vaca; → Pode ocorrer na forma aguda, crônica ou
→ Geralmente divididas apenas em aguda ou mesmo subclínica, pois muitas vezes não
crônica; apresentam sinais aparentes;
→ Cuidado pois é comum em ovelhas ocorrer → Pós-parto
mucometra e hidrometra, que não são processos → Pode ser por causa bacteriana, fúngica ou
sépticos. A fêmea não retorna ao cio pelo grande viral, ou induzida pelo coito ou IA;
conteúdo, mas não são processos sépticos. → Pode ocorrer endometrite de forma
>> Tratamento (a depender do estado da persistente (EPPC), sendo a principal causa de
fêmea) baixa fertilidade em rebanho equino
→ Quando houver retenção dos anexos utiliza
ocitocina; Tipos
→ Infusão (50mL) de Gentamicina e 1. Endometrite persistente pós
Oxitetraciclina; cobertura (EPPC):
→ Estimulação uterina com PGF2a (200ug/45kg); → Causas da endometrite:
→ ATBterapia sistêmica dependendo do caso.
a) Parto - Laceração que faz com que os
lábios vulvares não fechem tão bem, o
que é sugestivo de vulvoplastia;
Porcas
b) Cobertura - Pelo próprio sêmen, que
→ Etiopatogenia relacionada ao manejo,
causa reação inflamatória. Tem éguas
manipulação uterina e cachaços contaminados
naturalmente suscetíveis ou aquelas
(doenças com transmissão venérea):
naturalmente resistentes.
Manejo pré-parto: deve ser transferida
c) Inseminação
para a baia maternidade mais ou menos de 5-7d
d) Idade - Com o tempo a cérvix não abre
antes do parto;
Limpeza: ambiente limpo e limpeza mais tão bem para eliminar o que deve,
durante a manipulação do parto, sem muita força assim como pode não fechar
aplicada na hora de ajudar a retirar os leitões devidamente.
Diminuição da ingestão de água (infecção e) Falha reprodutiva/Endometrite/perdas
urinária) → MMA gestacionais - Isso sugere uma égua
→ Metrite: pois acontece imediatamente após o suscetível à endometrite
parto; f) Posição do útero/vulva: A comissura
→ FP: genéticos, ordem de parto, escore corporal vulvar deve ficar 80% abaixo do assoalho
e manejo; da pelve (tuberosidade isquiática). Fora
→ Sinais: fluxo vaginal, útero flácido, problemas desse padrão (mais de 20% da comissura
urinários (elas tendem a diminuir o consumo) acima da tuberosidade isquiática) vai
→ Sinais sistêmicos: aumento de temperatura, favorecer a entrada de ar (pneumovagina)
de FC e FR, animal para de comer; e permanência de urina (urovagina), o que
→ MMA: A diminuição de produção de leite propicia a proliferação bacteriana. Por
(hipogalactia) já é um sinal do problema, não isso faz-se avaliação da angulação vulvar,
precisa esperar a agalactia. Disgalactia também pois angulada para trás favorece ainda
pode ocorrer. O principal problema na porca é a mais a entrada de ar.
mastite e agalaxia e não as alterações do útero.
Ocorre morte neonatal por hipoglicemia porque
o leitão não mama.
Índice de Caslick: Usado para calcular a → Quando feita citologia endometrial antes da
angulação vulvar (grau) X comprimento da cobertura é observado que a cada 10 células
vulva acima da base da pelve (cm) endometriais há 1 NEU, isso já é sinal de
Avalia o tamanho do ângulo, percentual para inflamação;
fora e para cima da tuberosidade isquiática, e → Biópsia endometrial;
se a égua é candidata à vulvoplastia → Edema >2cm é característico de égua
< 50 = boa conformação, não sendo candidata à suscetível (essa avaliação faz antes e após
vulvoplastia cobertura, pois ele pode ter reduzido)


> 150 = candidata à vulvoplastia
Às vezes a égua não tem problema de **Tabela de classificação do volume de fluido
angulação, mas não fecha os lábios vulvares, uterino
sendo sujeita também à vulvoplastia
● Sinais clínicos de endometrite
g) Defesa uterina deficiente: O útero tem → Corrimento - Secreção purulenta e descarga
vulvar em estágio mais avançado;
seus mecanismos para impedir a
→ O útero inflamado não desenvolve a gestação;
inflamação que são a contração por
→ Fertilidade baixa.
liberação de PF2a (ainda não causa
luteólise porque o corpo lúteo é
refratário), migração de NEU e eliminação ● Tratamento
de alguma secreção. Espera-se que a égua → Avaliar a idade, natureza e extensão, o agente
tenha resposta inflamatória 48h após a (que no caso EPPC é a própria fÊmea, então não
cobertura; precisa de ATB) e o grau de comprometimento do
→ Éguas RESISTENTES em até 2d já endométrio;
resolveram o problema da inflamação. → Fazer a quantidade mínima possível de
Nas SUSCETÍVEIS esse processo demora coberturas, para diminuir inflamações;
mais. → Higiene antes da cobertura e depois, para
evitar contaminação;
● Outros fatores predisponentes → Várias possibilidades:
a) Lavagem com 2L de ringer, antes da
a) Cio do potro
cobertura, ou depois da cobertura (4-6h
→ Útero ainda não voltou a conformidade e está
após). Não tem risco de luteólise, pois
muito baixo, o que dificulta a eliminação de
mesmo que libere PF2a, o corpo lúteo
secreções;
ainda é refratário (só responde 3-5d pós
→ Suscetibilidade temporária;
ovulação);
→ Não se deve fazer IA ou cobertura
b) Drogas ecbólicas que fazem contração
b) Éguas virgens
uterina (ocitocina ou PF2a). Usadas após
→ Maior dificuldade em fechar a cérvix;
cobertura, e principalmente a ocitocina,
→ Suscetibilidade temporária.
pois ela promove pequenas contrações
enquanto a PGF2a faz só uma eforte;
● Exames ginecológicos
c) Infusão com ATB: não faz muito
→ Palpação - Ímportante para identificar alguma
atualmente, para evitar o uso
laceração ou má formação
indiscriminado que causa resistência (é
→ US - É normal que a égua tenha um acúmulo
melhor fazer cultura)
de líquido no estro, mas a luz uterina não pode
d) PRP: antes e depois da cobertura, pois
passar de 2 cm
tem função antioxidante, regeneradora e
→ Avaliação da conformação vulvar
cicatricial, além de fatores de crescimento
→ Histopatológico
e vários imunomoduladores;
→ Biópsia
e) Ozonioterapia: antioxidante,
→ Citologia
regenerador, imunomodulador,
→ Fluido uterino

👍
vasodilatador;
f) Ozônio + óleo de girassol ;
● Identificação de éguas susceptíveis
g) Antifúngico: No caso de casos fúnficos
→ Há fluido uterino antes da cobertura;
faz tudo anteriormente citado + Infusão
→ Há fluido uterino pós cobertura;
de antifúngicos: Nistatina ou
Cetoconazol;
h) Corrigir fatores predisponentes:
Vulvoplastia para corrigir má formação ou
defeitos, Cio do potro espera passar,
Virgem velha não tem o que fazer, Virgem
e nova é só esperar que a cérvix vai fechar
naturalmente.

➕ Pode acasalar mesmo com a endometrite, faz


lavagem com Ringer e faz tratamentos durante a
gestação com ocitocina, PGF2a. Só não acasala se
for muito grave.

2. Metrite contagiosa equina (MCE)


→ Enfermidade de notificação obrigatória;
→ O principal agente é Taylorella equigenitalis,
que parasita a vulva;
→ Garanhões passam para a égua (venérea);
→ Taxa de fertilidade baixa;
→ Quando apresenta sinais é poucos dias após a
cobertura, sendo principalmente o retorno ao
cio;
→ Presença de secreção purulenta,
esbranquiçada

3. Endometrite crônica
→ Processo degenerativo do endométrio que
ainda não se sabe exatamente a causa;
→ Ocorre atrofia glandular do endométrio, tendo
muito tecido fibroso
→ Taxa de ovulação e fecundação normais, mas o
útero não tem a capacidade abrigar um embrião;
→ Chamada também de endometriose;
→ Identificação por biópsia e histopatológico;
→ Mais comum em fêmeas mais velhas;
→ No exame ginecológico observa-se secreção
esbranquiçada, que não existe na EPPC

4. Metrite pós-parto

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