TIPOS DE REVOGAÇÃO

Ana Amaro
Dilani MC Comb
Gabriel Nascimento de Carvalho
Marlon Seabra
Simone Helen Drumond Ischkanian

No Código Civil, a revogação de disposições legais pode ocorrer de várias maneiras, sendo as
principais:
1. Expressa: Quando uma lei nova revoga explicitamente uma lei anterior. Pode ser total ou parcial.
2. Tácita: Quando uma nova lei é incompatível com a anterior, revogando-a implicitamente.
3. Temporal: Quando uma lei tem um prazo de vigência determinado, após o qual ela é
automaticamente revogada, a menos que seja renovada ou prorrogada.
4. Contraditória: Quando uma lei posterior contraria a anterior, revogando-a naquilo que lhe for
contrário.
5. Constitucional: Quando uma lei posterior é incompatível com a Constituição, ela é
automaticamente revogada, devido ao princípio da supremacia constitucional.
Estes são os principais tipos de revogação no Código Civil, mas é importante notar que outros
estatutos podem ter suas próprias formas de revogação.

EXEMPLOS DE REVOGAÇÃO EXPRESSA - A revogação expressa ocorre quando uma lei nova
revoga explicitamente uma lei anterior. Aqui estão alguns exemplos:
1. Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) revogou a Lei nº 5.452/1943 (Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT): A reforma trabalhista de 2017 introduziu diversas mudanças na legislação
trabalhista brasileira e revogou explicitamente dispositivos da CLT.
2. Código Civil Brasileiro de 2002 revogou o Código Civil de 1916: O novo Código Civil,
instituído em 2002, revogou expressamente o Código Civil anterior, que estava em vigor desde 1916.
3. Lei nº 10.406/2002 (Novo Código Civil) revogou o Decreto-Lei nº 3.071/1916 (Código Civil de
1916): Assim como no exemplo anterior, o novo Código Civil brasileiro de 2002 revogou expressamente o
código anterior, que datava de 1916.
4. Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) revogou o Estatuto do Idoso de 1994: A Lei nº
10.741/2003, conhecida como Estatuto do Idoso, revogou expressamente o estatuto anterior que tratava do
mesmo tema, que havia sido instituído em 1994.

EXEMPLOS DE REVOGAÇÃO TÁCITA – A revogação tácita ocorre quando uma nova lei é
incompatível com a anterior, revogando-a implicitamente. Aqui estão alguns exemplos:
1. Lei específica subsequente: Quando uma lei específica é promulgada posteriormente à uma lei
mais geral, e existe uma incompatibilidade entre ambas, presume-se que a lei específica revogue tacitamente a
disposição da lei geral que seja contrária.
 2. Norma contraditória: Se uma nova lei é promulgada com disposições que contradizem
diretamente a lei anterior, a parte contraditória da lei anterior é tacitamente revogada.
3. Alteração de normas administrativas: Mudanças nas normas regulamentares podem revogar
tacitamente disposições legais anteriores se forem incompatíveis com essas disposições.
4. Revogação por uso: Se uma nova prática administrativa ou judicial é implementada de forma
consistente e reiterada, isso pode levar à revogação tácita de uma lei anterior que seja inconsistente com essa
prática.
5. Mudanças de circunstâncias: Se as circunstâncias subjacentes que levaram à promulgação de
uma lei mudam de tal forma que a lei torna-se obsoleta ou irrelevante, ela pode ser tacitamente revogada pelo
desuso.
Esses exemplos demonstram como a revogação tácita pode ocorrer quando uma nova norma é
introduzida e é incompatível com a norma anterior, levando à sua revogação implícita.

EXEMPLOS DE REVOGAÇÃO TEMPORAL – A revogação temporal ocorre quando uma lei

tem um prazo de vigência determinado, após o qual ela é automaticamente revogada, a menos que seja
renovada ou prorrogada. Aqui estão alguns exemplos:
1. Leis provisórias: No Brasil, as medidas provisórias (MPs) são exemplos de leis temporárias.
Elas têm efeito imediato após sua publicação, mas precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional em até
120 dias para se tornarem permanentes. Se não forem convertidas em lei dentro desse prazo, perdem sua
validade.
2. Legislação específica com prazo determinado: Algumas leis são promulgadas com prazos
específicos de validade, após os quais são automaticamente revogadas. Por exemplo, leis de incentivo fiscal
para determinado setor podem ter um prazo de validade determinado, após o qual precisam ser renovadas para
continuarem em vigor.
3. Regulamentos ou decretos com vigência temporária: Em muitos casos, regulamentos ou
decretos podem ser estabelecidos com vigência temporária para atender a necessidades específicas que se
espera serem temporárias. Após o término do prazo estipulado, esses regulamentos ou decretos são
automaticamente revogados, a menos que sejam renovados.
4. Medidas de emergência: Em situações de emergência, como desastres naturais ou crises
econômicas, podem ser promulgadas leis ou decretos com vigência temporária para lidar com a situação. Após
o período de emergência, essas medidas podem ser revogadas.
Esses são exemplos de revogação temporal, em que a validade de uma lei ou medida está
condicionada a um período de tempo específico. Após esse período, a lei é automaticamente revogada, a
menos que seja renovada ou prorrogada.

EXEMPLOS DE REVOGAÇÃO CONTRADITÓRIA – A revogação contraditória ocorre quando

uma lei posterior contradiz a anterior, revogando-a naquilo que lhe for contrário. Aqui estão alguns exemplos:
 1. Alterações nas penalidades de um Crime: Se uma lei posterior reduz as penalidades para um
crime que eram mais severas na lei anterior, a parte da lei anterior que impõe as penalidades mais rigorosas é
revogada contraditoriamente.
2. Mudança nas condições contratuais: Se uma lei posterior altera as condições contratuais que
eram estabelecidas pela lei anterior, revogando-as ou substituindo-as por outras condições, isso configura um
exemplo de revogação contraditória.
3. Lei que amplia direitos individuais ou civis: Se uma lei posterior amplia os direitos civis ou
individuais que eram limitados por uma lei anterior, essa parte da lei anterior é revogada contraditoriamente.
4. Alteração de requisitos administrativos ou Procedimentais: Se uma lei posterior altera os
requisitos administrativos ou procedimentais que eram estabelecidos pela lei anterior, revogando-os ou
modificando-os, isso pode configurar uma revogação contraditória.
5. Revogação de restrições comerciais: Se uma lei posterior revoga as restrições comerciais ou
tarifas que estavam em vigor de acordo com a lei anterior, isso pode ser considerado uma revogação
contraditória.
Esses exemplos demonstram como uma lei posterior pode contradizer a anterior, resultando na
revogação da parte da lei anterior que é incompatível com a nova legislação.

EXEMPLOS DE REVOGAÇÃO CONSTITUCIONAL - A revogação constitucional ocorre

quando uma lei posterior é incompatível com a Constituição, revogando-a automaticamente devido ao
princípio da supremacia constitucional. Aqui estão alguns exemplos:
1. Decisões do Supremo Tribunal Federal (STF): O STF tem o poder de declarar a
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos que conflitam com a Constituição. Quando o STF declara
uma lei como inconstitucional, ela é revogada constitucionalmente.
2. Emendas constitucionais: Uma emenda à Constituição pode revogar dispositivos constitucionais
anteriores. Por exemplo, se uma emenda constitucional introduz uma nova disposição ou altera uma
disposição existente, ela revoga constitucionalmente aquela parte da Constituição anterior que é contrária à
emenda.
3. Tratados internacionais: Se um tratado internacional ratificado pelo país é incompatível com a
Constituição, a parte da Constituição que entra em conflito com o tratado pode ser considerada revogada
constitucionalmente. Isso ocorre porque os tratados internacionais ratificados têm status de lei ordinária no
ordenamento jurídico brasileiro e, portanto, são submetidos à Constituição.
4. Decisões de controle de constitucionalidade: Órgãos responsáveis pelo controle de
constitucionalidade, como o STF, podem declarar inconstitucionais leis ou atos normativos que violem a
Constituição. Essas declarações de inconstitucionalidade resultam na revogação constitucional das disposições
impugnadas.
Esses exemplos demonstram como a revogação constitucional ocorre quando uma lei é incompatível
com a Constituição e, portanto, é revogada automaticamente de acordo com o princípio da supremacia
constitucional.