Você está na página 1de 64

Direito do Trabalho

RAFAEL TONASSI
1. (OAB/FGV – XX EXAME – PORTO VELHO)
Plínio trabalhou durante todo o ano de 2014 e até o mês
de abril de 2015 na sociedade empresária Bom Lucro
Ltda., a qual tinha acordo coletivo prevendo o
pagamento de participação nos lucros ao final de cada
ano, no mês de dezembro, em valor fixo, desde que o
empregado trabalhasse ao longo de todo o ano. Plínio,
que não recebeu nenhuma participação nos lucros
durante todo o contrato de trabalho, foi dispensado
imotivadamente. Sobre o caso apresentado, responda
aos itens a seguir.
b) Esclareça se os valores relativos à participação nos
lucros devem integrar a remuneração de Plínio. (Valor: 0,65)
Resposta: Não deverá haver qualquer integração. A
participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da
empresa não possui natureza salarial, nos termos do art. 3º
da Lei nº 10.101/00 e do art. 7º, XI, da CF.
4. (OAB/FGV – XX EXAME)
Um determinado empregado sofreu um acidente fora
do local de trabalho, recebeu auxílio-doença comum
(B-31), e permaneceu afastado da empresa por 6
meses. Três meses após o seu retorno, o empregado
foi dispensado e, em razão disso, ajuizou reclamação
trabalhista com pedido de reintegração, afirmando
que a sua garantia no emprego foi violada. De acordo
com os dados apresentados e com a legislação em
vigor, responda aos itens a seguir.
a) Informe que tese você, contratado como advogado da
empresa, sustentaria contrariamente ao pedido de
reintegração. (Valor: 0,65)
Resposta: A tese a ser sustentada é que não houve acidente
de trabalho, de modo que não há a garantia acidentária
prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91 e na Súmula nº 378 do
TST, posto que o benefício recebido foi o de auxílio-doença
comum.
b) Caso o empregado tivesse alguma deficiência por conta
do acidente sofrido, analise se ele poderia usar o FGTS para
compra de uma prótese que permitisse maior acessibilidade.
(Valor: 0,60)
Resposta: Seria possível porque há previsão legal expressa
autorizando o saque do FGTS para compra de prótese,
conforme art. 20, inciso XVIII, da Lei nº 8.036/90
3. (OAB/FGV – XX EXAME)
Rafael trabalha há 5 anos na empresa Come Come
Gêneros Alimentícios S/A no Município de Niterói/RJ,
como auxiliar administrativo. Entretanto, sem
qualquer razão aparente, seu empregador decidiu
transferi-lo para Taubaté/SP, onde se localiza uma
das filiais da empresa. Apesar das ponderações de
Rafael ao empregador, este se manteve irredutível.
Diante disso, responda aos itens a seguir.
a
a) Analise se é possível a transferência de Rafael sob o
aspecto da legalidade. Fundamente. (Valor: 0,60)
Resposta: A transferência é ilícita, pois não houve
concordância do empregado, não foi demonstrada real
necessidade de serviço, nem extinção de estabelecimento,
nos termos do art. 469 da CLT.
1. (OAB/FGV – XX EXAME)
Jéssica é empregada em um salão de cabeleireiro
localizado na capital do Estado em que reside e
cumpre jornada de 2ª feira a sábado, das 8h00min às
19h00min, com pausa alimentar de uma hora. Não
existe previsão em Lei, acordo coletivo ou
convenção coletiva de jornada diferenciada para a
sua categoria. Diante da hipótese apresentada,
responda aos itens a seguir.
a) Analise se a trabalhadora, em eventual reclamação
trabalhista, teria sucesso em pedido de horas extras pela
inobservância do intervalo interjornada. (Valor: 0,65)
Resposta: O pedido de horas extras pelo intervalo
interjornada supostamente desrespeitado seria julgado
improcedente, já que o período de 11 horas entre duas
jornadas de trabalho, previsto no art. 66 da CLT, foi
respeitado.
4. (OAB/FGV – XIX EXAME)
Antônio é um dos 20 vendedores da loja de calçados
Ribeirinha. Em seu contracheque, há desconto mensal de 1,5%
do salário para a festa de confraternização que ocorre todo final
de ano na empresa, além de subtração semestral por “pé
faltante” – valor dos pares de sapatos dos quais, no inventário
semestral realizado na loja, somente um dos calçados é
localizado, ficando, então, descartada a utilidade comercial pela
ausência do outro “pé”, sem a comprovação de culpa do
empregado. Gilberto assinou na admissão autorização de
desconto de “pé faltante”.
Após ser dispensado, ajuizou reclamação pedindo a
devolução de ambos os descontos. A empresa pugna
pela validade do desconto para a festa, pois alega que
Gilberto sempre participou dela, e, em relação ao “pé
faltante”, porque assinou documento autorizando o
desconto. Na audiência, o autor confirmou a presença
na festa da empresa em todos os anos e afirmou que
havia comida e bebida fartas. Não se produziram outras
provas. Diante da situação retratada e do entendimento
consolidado do TST, responda aos itens a seguir.
a) O desconto para a festa de confraternização é válido?
(Valor: 0,65)
Resposta: O desconto para a confraternização é inválido, na
medida em que não foi autorizado pelo trabalhador,
contrariando a súmula nº 342 do TST e o art. 462 da CLT, que
tratam do tema.
b) O desconto a título de “pé faltante” é válido?
Resposta: O desconto a título de “pé faltante” é inválido, na
medida em que, apesar de autorizado por escrito, exigiria a
prova de culpa do empregado, como previsto no art. 462, §
1º, da CLT, o que não ocorreu.
3. (OAB/FGV – XIX EXAME)
Júnior, no período de 2011 a 2014, foi empregado de
um condomínio comercial como bombeiro civil. Após
ser dispensado, ajuizou reclamação trabalhista
postulando adicional de periculosidade, que não lhe
era pago. Em contestação, o ex-empregador
sustentou que não havia risco de morte na atividade
e que Júnior teria o dever de fazer essa prova por
meio de perícia. Diante da situação retratada e das
normas legais, responda às indagações a seguir.
a) Analise se a prova pericial é necessária na hipótese,
justificando. (Valor: 0,65)
Resposta: A prova pericial não é necessária porque o
profissional bombeiro civil tem direito ao adicional de
periculosidade previsto em lei, nos termos do art. 6º, III, da
Lei nº 11.901/2009.
b) Caso o pedido formulado por Júnior fosse deferido, qual
deveria ser o percentual e a base de cálculo da parcela
reivindicada? (Valor: 0,60)
Resposta: O adicional de periculosidade será pago na razão
de 30% sobre o salário-base, conforme o art. 6º, III, da Lei nº
11.901/2009.
2. (OAB/FGV – XVIII EXAME)
Robson foi contratado para trabalhar na sociedade
empresária BCD Ltda. em janeiro de 2005, cumprindo
jornada de segunda-feira a sábado, das 7h às 18h, com
pausa alimentar de 30 minutos. Em julho de 2007, Robson
foi aposentado por invalidez; em dezembro de 2014, ele
ajuizou reclamação trabalhista postulando o pagamento de
horas extras de 2005 a 2007.
Em defesa, a ré arguiu prescrição parcial, enquanto o autor,
que teve vista da defesa, alegou que a prescrição estaria
suspensa em razão da concessão do benefício
previdenciário. Considerando a situação retratada, e de
acordo com a Lei e a jurisprudência consolidada do TST,
responda aos itens a seguir.
a) Qual das teses prevalecerá em relação à questão da
prescrição? Justifique. (Valor: 0,65)
Resposta: A tese da empresa deve prevalecer, pois a
suspensão do contrato de trabalho não importa em
suspensão do prazo prescricional, na forma da OJ nº 375 do
TST.
b) Indique a consequência jurídica da aposentadoria por
invalidez no contrato de trabalho do autor. Justifique. (Valor:
0,60)
Resposta: A aposentadoria por invalidez é causa de
suspensão do contrato de trabalho, na forma do art. 475 da
CLT.
4. (OAB/FGV – XVII EXAME)
Rodolfo é gerente em um supermercado e recebe salário
de R$ 5.000,00 mensais, mas precisou se afastar do
emprego por 90 dias em razão de doença. Nesse período
de afastamento, o subgerente Vitor, que ganha R$
4.000,00 por mês, assumiu a função interinamente.
Infelizmente a doença de Rodolfo evoluiu e ele veio a
falecer 91 dias após o afastamento. Uma semana após o
trágico evento, o supermercado contratou José como o
novo gerente, acertando salário de R$ 4.800,00 mensais.
Diante da situação apresentada e do entendimento
consolidado do TST, responda de forma fundamentada aos
itens a seguir.
a) Analise se Vitor tem direito a receber o mesmo salário que
Rodolfo no período em que assumiu a função interinamente.
(Valor: 0,65)
Resposta: Vitor tem direito a receber o mesmo salário que
Rodolfo porque, na hipótese, a substituição não é eventual,
razão pela qual é assegurado o pagamento do mesmo
salário que o substituído, na forma da súmula 159, I, do TST.
b) Caso José viesse a ajuizar reclamação trabalhista
postulando a diferença salarial entre aquilo que ele recebe
de salário e o valor pago ao finado Rodolfo, sob alegação de
discriminação, que tese você, contratado pelo
Supermercado, advogaria? (Valor: 0,60)
Resposta: A tese a ser advogada é a de que se trata de
cargo vago que, assim, não dá direito do novo empregado
de receber o mesmo salário que o antecessor, na forma da
súmula 159, II, do TST.
1. (OAB/FGV – XVII EXAME)
Uma empregada trabalha em uma empresa cumprindo a
seguinte jornada de trabalho: nos 10 primeiros dias do
mês, de segunda-feira a sábado, das 08:00 às 16:00h;
nos 10 dias seguintes, de segunda-feira a sábado, das
16:00 às 24:00h; nos últimos 10 dias do mês, de
segunda-feira a sábado, das 24:00 às 8:00h – e assim
sucessivamente em cada mês –, sempre com intervalo
de 1 hora para refeição. Não existe acordo coletivo nem
convenção coletiva regrando a matéria para sua
categoria profissional.
Com base no caso apresentado, responda aos itens a
seguir.
a) Analise se há sobrejornada, justificando em qualquer
hipótese. (Valor: 0,65)
Resposta: Na hipótese, há turno ininterrupto de
revezamento, cuja jornada deveria ser de 6 horas diárias.
Como a empregada cumpriu 8 horas diárias, terá direito às
horas extras, conforme o art. 7o, XIV, da CF/88, OU OJ nº 275
do TST
b) Informe sobre que horário a empregada receberá
adicional noturno na jornada cumprida de segunda-feira a
sábado, das 16:00 às 24:00h. (Valor: 0,60)
Resposta: Tratando-se de horário misto, haverá direito ao
adicional noturno sobre a jornada compreendida entre 22:00
e 00:00h, conforme o art. 73, § 4o, da CLT.
1. (OAB/FGV – XVI EXAME)
Jorge é frentista do posto de gasolina Trevo Ltda. Na
admissão, foi informado e assinou contrato de emprego no
qual consta cláusula em que autoriza descontos quando
gerar prejuízos financeiros ao empregador, decorrentes de
ato culposo seu. Em norma interna do posto, de
conhecimento de todos os empregados, consta que
pagamentos em
cheque só seriam aceitos após ser anotada a placa
do veículo, além de identidade, endereço e telefone
do condutor. Em determinado dia, o cunhado de
Jorge, após abastecer o veículo com este, pagou em
cheque. Tratando-se do cunhado, Jorge nada anotou
no cheque. Dias depois foi constatado que o cheque
era de terceiro, estando sustado em decorrência de
furto. A sociedade empresária descontou seu
prejuízo do salário de Jorge.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
a) Analise a validade do desconto efetuado pela empresa.
(Valor: 0,65)
Resposta: A empresa poderá descontar o valor, na forma do
art. 462, § 1o, da CLT, pois o ato foi culposo e estava
acertado em contrato.
b) Caso Jorge tivesse agido em conluio com o cunhado,
obtendo benefício próprio, e por conta disso a empresa
quisesse dispensá-lo por justa causa, em que hipótese
deveria tipificar a conduta do empregado? (Valor: 0,60)
Resposta: Nesse caso a conduta de Jorge pode ser
tipificada como ato de improbidade, nos termos do Art. 482,
“a”, da CLT.
3. (OAB/FGV – XV EXAME) Raquel Infante nasceu em 5
de maio de 1995 e foi admitida na empresa Asa Branca
Refinaria S/A em 13 de maio de 2011, lá permanecendo
por 4 meses, sendo dispensada em 13 de setembro de
2011. Em razão de direitos a que entende fazer jus e que
não foram pagos, Raquel ajuizou reclamação trabalhista
em 20 de dezembro de 2013. Em contestação, a empresa
suscitou prescrição total (extintiva), pois a ação teria
sido ajuizada mais de 2 anos após o rompimento do
contrato.
A respeito do caso apresentado, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir.
a) Analise se ocorreu prescrição total (extintiva) na hipótese,
justificando. (Valor: 0,65)
Resposta: Não ocorreu prescrição total (extintiva), porque
isso só teve início quando a empregada completou 18 anos
(art. 440, da CLT), ou seja, a partir de 5 de maio de 2013.
Assim, a ação poderia ser apresentada com garantia de
análise até 5 de maio de 2015.
b) Analise se Raquel poderia ser designada para trabalhar
em jornada noturna, justificando. (Valor: 0,60)
Resposta: Não poderia, pois a lei veda o trabalho noturno para
menores de 18 anos, segundo os arts. 7o, XXXIII, da CF/88, 404
da CLT e 67, I, do ECA.
4. (OAB/FGV – XIII EXAME) Jocimar é auxiliar de laboratório,
ganha R$ 2.300,00 mensais e ajuizou reclamação trabalhista
contra a empresa Recuperação Fármacos Ltda., sua
empregadora, requerendo o pagamento dos adicionais de
insalubridade e periculosidade. Designada perícia pelo juiz,
foi constatado pelo expert que no local de trabalho o frio era
excessivo, sem a entrega de
equipamento de proteção individual adequado, além de
perigoso, pois Jocimar trabalhava ao lado de um tanque da
empresa onde havia grande quantidade de combustível
armazenado. Contudo, a empresa impugnou expressamente
o laudo pericial, afirmando que o perito designado era um
engenheiro de segurança do Trabalho, e não um médico do
trabalho, como deveria ser.
Diante do caso, responda:
a) Analise, de acordo com a CLT, a possibilidade de
condenação da empresa nos dois adicionais desejados,
justificando. (Valor: 0,65)
Resposta: Na forma do art. 193, § 2o, da CLT é impossível o
deferimento de ambos os adicionais cumulativamente. O
empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade ou
periculosidade que porventura lhe seja devido.
b) Caso Jocimar postulasse o adicional de insalubridade,
alegando que o ruído era excessivo, analise se seria
possível o deferimento do adicional se a perícia constatou
que o único elemento insalubre presente no local era o frio.
Justifique. (Valor: 0,60)
Resposta. Seria possível, pois o juiz não fica adstrito ao
agente agressor indicado pela parte, na forma da Súmula no
293 do TST.

Você também pode gostar