Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

DIVISÃO DA FILOSOFIA GERAL E DA FILOSOFIA DO DIREITO. TEORIA GERAL


DO CONHECIMENTO: LÓGICA E ONTOGNOSEOLOGIA, AXIOLOGIA E
METAFÍSICA

1º Ano de Direito

Discentes: Teresa Mogas

William Guidione

Valdomiro De chano

Yuri Lopes

Docente: Noé Marimbique

Beira, Agosto de 2023


ÍNDICE
1. Introdução.................................................................................................................................3

2. DIVISÃO DA FILOSOFIA GERAL.......................................................................................4

2.1. Teoria do Conhecimento: Lógica e Ontognoseologia.......................................................4

2.2. Lógica formal....................................................................................................................4

2.3. Ontognoseologia...............................................................................................................5

2.4. Axiologia...........................................................................................................................6

2.5. Metafísica..........................................................................................................................7

3. DIVISÃO DA FILOSOFIA DO DIREITO SEGUNDO MIGUEL REALE..........................8

3.1. Conceito de Filosofia do Direito.......................................................................................8

3.2. Temas Especiais................................................................................................................8

3.3. A Ontognoseologia Jurídica..............................................................................................8

3.4. Deontologia Jurídica.......................................................................................................10

3.5. Culturologia Jurídica.......................................................................................................11

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................13

5. CONCLUSÃO........................................................................................................................14
1. INTRODUÇÃO

A filosofia, como disciplina intelectual, é uma busca incessante pela compreensão profunda e
reflexiva das questões fundamentais que permeiam a existência humana. Nesse contexto, a
filosofia se desdobra em várias disciplinas e ramos que exploram diferentes aspectos do
conhecimento e da realidade. Este trabalho se dedica a explorar a divisão da filosofia em duas
grandes áreas: a filosofia geral e a filosofia do direito. Além disso, abordaremos quatro
disciplinas filosóficas essenciais que compõem a teoria geral do conhecimento: lógica e
ontognoseologia, axiologia e metafísica. Cada uma dessas disciplinas desempenha um papel
fundamental na busca pelo entendimento do mundo e das questões morais e jurídicas que afetam
a sociedade. Ao analisarmos esses campos, compreenderemos melhor como a filosofia contribui
para a nossa compreensão mais profunda da realidade e das complexidades éticas e legais que
enfrentamos.
2. DIVISÃO DA FILOSOFIA GERAL

2.1. Teoria do Conhecimento: Lógica e Ontognoseologia


Um dos problemas fundamentais da Filosofia consiste na indagação do valor do pensamento
mesmo e do valor do verdadeiro. É óbvio que, se existem as ciências, é porque é possível
conhecer. Se existem a Matemática, a Física, a Biologia etc., é porque o homem tem uma
conformação tal que lhe é dado conhecer a realidade com certa margem de segurança e
objetividade, demonstrando o poder — inerente ao espírito — de libertar-se do particular e do
contingente, graças às sínteses que realiza.

As condições primordiais do conhecimento são objeto da parte da Teoria do Conhecimento que


denominamos Ontognoseologia. Essas condições a priori do conhecimento constituem a base dos
estudos lógicos positivos, isto é, das pesquisas relativas à validade formal das proposições,
abstração feita das coisas mencionadas (Lógica formal ou analítica) assim como das relações que
se estabelecem entre o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível, no plano empírico-positivo,
constituindo o processo de explicação e compreensão das distintas esferas da realidade (Lógica
concreta ou Metodologia).

2.2. Lógica formal


É o estudo das estruturas formais do conhecimento, ou do "pensamento sem conteúdo", isto é,
dos signos e formas expressionais do pensamento, em sua consequencialidade essencial. No
campo da Lógica formal, o que importa é a consequência rigorosa das proposições entre si, e não
a adequação de seus enunciados com os objetos a que se referem.

Já a Metodologia, algumas vezes chamada Lógica aplicada — mas que poderia ser considerada
Lógica material —, tem por objeto o estudo dos diversos processos que devem disciplinar a
pesquisa do real, de acordo com as peculiaridades de cada campo de indagação.

A Dialética não se reduz aos distintos métodos dialéticos de possível aplicação nos domínios da
Física ou das ciências sociais: o pensamento é, em si mesmo, dialético, isto é, desenvolve-se
dinamicamente atingindo estágios ou momentos que são, progressivamente, objeto de pesquisas
de ordem analítica.

A Lógica formal e a Metodologia formam em conjunto o campo da Lógica Positiva,


subordinando-se ambas à Ontognoseologia, que é a teoria transcendental do conhecimento, cujo
problema essencial é o da correlação primordial entre pensamento e realidade, entre o sujeito
cognoscente e algo a conhecer. Podemos, pois, conceituar a Ontognoseologia como sendo a
doutrina do ser enquanto conhecido e das condições primeiras do pensamento em relação ao ser.

Que é que se conhece? Como se conhece? Até que ponto o conhecimento do real é válido e
certo? Quais as atitudes de nosso espírito diante daquilo que é conhecido?

Responder a essas e a outras perguntas complementares é resolver sobre o saber do ponto de


vista de suas condições originárias, o que cabe à Ontognoseologia.

2.3. Ontognoseologia
Desdobra-se, por abstração, em duas ordens ou momentos distintos de pesquisas: ora indaga das
condições do conhecimento pertinentes ao sujeito que conhece (Gnoseologia); ora indaga das
condições segundo as quais algo torna-se objeto do conhecimento, ou, em última análise, do ser
enquanto conhecido ou cognoscível (Ontologia, tomada esta palavra em sentido estrito).
Poderíamos, em síntese, dizer que a Ontognoseologia desenvolve e integra em si duas ordens de
pesquisas: uma sobre as condições do conhecimento do ponto de vista do sujeito (a parte
subjecti) e a outra sobre essas condições do ponto de vista do objeto (a parte objecti).

Quando indagamos do pensamento em suas conexões originárias com o real, ou procuramos


situar e definir cada uma das expressões fundamentais da realidade, tais como o Direito, a Arte, a
Economia etc. — nosso estudo é de Ontognoseologia.

A Filosofia abrange a Ciência, para criticá-la; mas isto não quer dizer que seja superior, como
valia, à própria ciência que também se revela autônoma. São campos de indagação distintos, não
existindo entre eles laços hierárquicos, de maneira que nem a Filosofia é uma ancilla scientiae,
nem tampouco a ciência é algo de subordinado à Filosofia. São, ao contrário, conhecimentos que
marcham em mútua dependência, de tal sorte que não nos é possível filosofar em nossa época
com abstração ou desconhecimento total dos resultados da Ciência contemporânea. Conceber
uma Filosofia destacada do meio histórico e cultural a que pertencemos é algo de absurdo.

A Filosofia está sempre condicionada a uma situação histórica, embora haja problemas
filosóficos que transcendem às contingências sociais e históricas mesmas.
Evidencia-se, portanto, que há problemas da Filosofia que não se confundem com os problemas
da Ciência, estrito senso. São os pertinentes ao valor da própria Ciência, ou ao valor do
conhecimento.

Kant situou tal problema com grande clareza, dando uma resposta que merece a nossa atenção.
Disse ele que as ciências estudam a realidade e a Filosofia também o faz. Toda vez que uma
ciência estuda determinado problema, a Filosofia poderia considerar-se supérflua. Há, porém, um
caso, uma realidade, que a Ciência não estuda, nem pode estudar, que é a própria Ciência posta
como objeto.

As ciências elaboram-se e desenvolvem-se a partir de certos pressupostos que os cientistas,


enquanto tais, não podem explicar. A mesma coisa se dá com o jurista. O juiz ou o advogado
podem dizernos se uma relação jurídica está ou não de acordo com a lei (quid sit júris), isto é,
sobre o que seja "de direito", mas não podem definir o que seja o direito (quid sit jus), e "qual
seja o critério universal mediante o qual se pode reconhecer em geral o justo e o injusto".

A Filosofia apresenta-se, pois, como o exame crítico das condições de certeza das próprias
ciências: das ciências, em sua universalidade, como produtos do espírito, o que constitui a
precípua razão de ser da Gnoseologia, ou, mais genericamente, da Ontognoseologia, bem como
das ciências nos distintos campos particulares em que se desenvolvem as suas estruturas e
linguagem, tal como é estudado pela Lógica.

2.4. Axiologia
A ética é entendida como doutrina do valor do bem e da conduta humana que o visa realizar, ela
não é senão uma das formas de "atualização ou de experiência de valores", que constitui uma das
esferas autônomas de problemas postos pela pesquisa ontognoscológica, pois o ato de conhecer
já implica o problema do valor daquilo que se conhece.

Cada homem é guiado em sua existência pelo primado de determinado valor, pela supremacia
de um foco de estimativa que dá sentido à sua concepção da vida. Para uns, o belo confere
significado a tudo quanto existe, de maneira que um poeta ou um escultor, por exemplo, possui
uma concepção estética da existência, enquanto que um outro se subordina a uma concepção
ética, e outros ainda são levados a viver segundo uma concepção utilitária e econômica à qual
rigidamente se subordinam. Segundo o prisma dos valores dominantes, a Axiologia se manifesta,
pois, como Ética, Estética, Filosofia da Religião etc.

Se lembrarmos que toda especulação filosófica é necessariamente crítica, e que criticar implica
valorar, apreciar algo sob prisma de valor, chegaremos à conclusão de que, nesse sentido
especial ou a essa luz, a Filosofia é Axiologia.

A Axiologia pressupõe, porém, problemas concernentes à essência de "algo" que se valora e às


condições do conhecimento válido, assim como põe problemas relativos à projeção histórica do
que é valorado.

2.5. Metafísica
Alguns autores pensam que a Filosofia se esgota nas duas questões fundamentais de ordem
lógica e axiológica, sendo apenas uma teoria do conhecer e uma teoria do agir; porém, o homem
não é um ser que tão-somente conhece e age, mas é também, e antes de mais nada, um ser, uma
"existência", um ente que sabe que existe entre outros entes, de igual ou de diversa categoria: —
donde os problemas radicais do ser e da existência, em uma palavra, da Metafísica, postos
também, de forma autônoma, pela pesquisa ontognoseológica.

Como logo mais se demonstrará, conhecer é conhecer algo, donde a necessidade de determinar-
se a natureza daquilo que é conhecido, o que nos leva a formular perguntas sobre a "coisa em si"
ou o absoluto, mesmo que depois se chegue à conclusão de ser impossível alcançar respostas
dotadas de certeza.

Não se trata de perguntar apenas sobre o que vale o pensamento ou o que vale a conduta, mas
sim de considerar o valor de nós mesmos e de tudo aquilo que nos cerca.

Que vale a existência? Que vale ou representa o universo? Que vale o homem inserido no
universo? Que ser é o homem? Que é ser? Existe algo como suporte do "objeto" do
conhecimento?

A tais indagações sobre a estrutura e o significado do ser em si e da vida, ou sobre o valor


essencial do homem e do cosmos, tem sido dadas várias denominações.

Outros autores limitam, porém, a tarefa ou a missão final da Filosofia a apresentar as bases de
uma "concepção do universo e da vida", sem cuidar dos problemas do ser, que seriam
incognoscíveis ou inverificáveis. Sustentam que o homem não pode resolver os problemas do ser
em si ou do absoluto, por ser este insuscetível de compreensão racional, mas que podemos
alcançar uma concepção total dos problemas, passando, assim, a Metafísica a ser vista apenas
como "fato histórico" inevitável, como uma das "experiências" indeclináveis do homem, não
obstante o seu repetido insucesso. Apresentam, pois, o terceiro problema fundamental da
Filosofia como uma cosmovisão ou Weltanschauung, palavra que se emprega usualmente em
Filosofia, para definir exatamente a tendência ou inclinação no sentido de uma concepção geral
do universo e da vida, que situa o homem perante si mesmo, os demais homens e o cosmos,
segundo diversos tipos, historicamente identificáveis. A Filosofia, que culmina em uma
concepção do universo e da vida, é contestada por aqueles que dizem que toda cosmovisão
pressupõe sempre a pesquisa sobre a realidade em si mesma, constituindo o estudo especifico da
Metafísica. Se logramos formar uma teoria geral do cosmos e da existência, é porque temos,
efetivamente, a respeito dos problemas últimos do ser determinada compreensão que a
condiciona. Não raro os que mais deblateram contra a Metafísica são metafísicos que se
ignoram...

3. DIVISÃO DA FILOSOFIA DO DIREITO SEGUNDO MIGUEL REALE

3.1. Conceito de Filosofia do Direito


O termo Filosofia do Direito pode ser empregado em acepção lata, abrangente de todas as
formas de indagação sobre o valor e a função das normas que governam a vida social no sentido
do justo, ou em acepção estrita, para indicar o estudo metódico dos pressupostos ou condições da
experiência jurídica considerada em sua unidade sistemática.

3.2. Temas Especiais


3.3. A Ontognoseologia Jurídica
A Ontognoseologia Jurídica é parte geral da Filosofia do Direito destinada a determinar em que
consiste a experiência jurídica, indagando de suas estruturas objetivas, bem como a saber como
tais estruturas são pensadas, ou seja, como elas se expressam em conceitos. A realidade social do
Direito, na qual vivemos e em razão da qual elaboramos nossas cogitações, formulando juízos e
teorias, deve ser estudada segundo esses dois prismas correlatos: em suas estruturas ônticas, e em
consonância com as categorias racionais que tornam possível a sua compreensão. Se nos pomos
sob o ângulo visual do objeto, vemos o Direito como uma realidade ontológica, ou melhor,
ôntica, cuja consistência nos cabe indagar. Traía-se, em suma, de responder, em um crescendo, a
esta série de perguntas: — Em que consiste o Direito? Qual a estrutura da realidade jurídica e sua
situação no mundo da cultura? Quais os seus elementos componentes? Como tais elementos se
põem em relação uns com os outros? Que é que marca a unidade dessa realidade, que temos em
conta de jurídica? Que é que, em suma, nessa realidade a torna "compreensível" como jurídica?

A Ontognoseologia Jurídica, como parte geral da Filosofia do Direito, reveste-se do caráter de


uma teoria fundamental, não só no concernente à tarefa de determinar a natureza da realidade
jurídica, em confronto com a Moral e demais expressões da Ética, como à de esclarecer os meios
de compreensão correspondentes ao objeto Direito em geral, assim como a seus estratos ou
aspetos considerados de maneira distinta, embora em função dos demais e em sentido de
complementaridade.

A Ciência do Direito, ou Jurisprudência, caracteriza-se como estudo sistemático de preceitos já


dados, postos perante o intérprete (administrador, advogado ou juiz) como algo que ele deve
apreender ou reproduzir em suas significações práticas, a fim de determinar o âmbito da conduta
lícita ou as consequências resultantes da violação das normas reveladas ou reconhecidas pelo
Estado.

A Filosofia do Direito, ao contrário, em lugar de ir das normas jurídicas às suas consequências,


volve à fonte primordial de onde aqueles ditames de ação necessariamente emanam, ou seja, não
observa a experiência jurídica de fora, como um dado ou um objeto externo, mas sim in interiore
hominis.

Hegel observa que o conceito do Direito, conforme o seu devir, não se inclui na Ciência do
Direito, mas é antes por esta admitido como um pressuposto ou um dado. Já no conhecimento
filosófico a necessidade de um conceito é primordial, oferecendo-se desde logo à nossa
meditação como problema a ser resolvido.

A Ontognoseologia Jurídica é, pois, o estudo crítico da realidade jurídica e de sua compreensão


conceitual, na unidade integrante de seus elementos que, como veremos, são suscetíveis de serem
vistos como valor, como norma e como jato, implicando perspetivas prevalecentemente éticas,
lógicas ou histórico-culturais.
Daí o posterior desenvolvimento da pesquisa em três partes especiais, destinadas respetivamente
ao estudo de cada um dos aspetos da experiência jurídica.

3.4. Deontologia Jurídica


A Deontologia Jurídica é a indagação do fundamento da ordem jurídica e da razão da
obrigatoriedade das normas de Direito, da legitimidade da obediência às leis, o que quer dizer
indagação dos fundamentos ou dos pressupostos éticos do Direito e do Estado. Por que o Direito
obriga? Quais as razões pelas quais nós, que nos temos em conta de seres livres, somos
obrigados a nos subordinar a leis que não foram postas por nossa inteligência e por nossa
vontade? É lícito contrariar as leis injustas? Qual o problema que se põe para o juiz ou para o
estadista, quando uma lei positiva se revela, de maneira impressionante, contrária aos ditames do
justo? Qual o fundamento do Direito na sua universalidade? Repousa ele apenas no fundamento
empírico da força? Reduz-se o Direito ao valor utilitário do êxito? Brotará a estrutura jurídica,
inexoravelmente, dos processos técnicos de produção econômica, ou representa algo capaz de se
contrapor, muitas vezes, às exigências cegas da técnica? Ou o Direito terá fundamento
contratual?

Esta última é uma pergunta mais importante do que se pensa, visto como o contratualismo ocupa
campo vastíssimo na história da cultura jurídico-política, e ainda hoje está implícito em doutrinas
que se vangloriam de pureza metódica.

Quando Rousseau ou Kant fundamentam o Direito contratualmente, surge uma série de


problemas. Podemos (Reale, 2008) perguntar, por exemplo, se é exato que o autor do Émile
admitia a realização histórica de um contrato em determinado momento ou se, ao contrário, a sua
concepção tem caráter puramente lógico ou hipotético. Sua idéia de "pacto social" é a de um
modelo ideal como pressuposto da convivência humana, conforme doutrina que depois foi
burilada magistralmente por Emmanuel Kant, que concebeu um contrato originário de puro valor
transcendental.

Segundo Kant, no momento em que os homens se encontram, permutam utilidades e vivem em


comum, já são governados por um contrato condicionante da vida social, que tem valor
puramente lógico. No fundo, podemos dizer que, segundo os contratualistas mais evoluídos, nós
vivemos "como se" tivesse havido um contrato. É uma ficção de ordem lógica e ética, para se
explicar o fundamento da sociedade, do poder político e do Direito. Este é apenas um exemplo
para mostrar de que problemas cuida a parte da Filosofia Jurídica que denominamos Deontologia
Jurídica.

Daí falarmos em valores fundantes do Direito, cuja harmonia em unidade compõe o justo. A
justiça social é uma composição harmônica de valores sociais, de maneira que cada homem
possa realizar a plenitude de seu ser, e a sociedade atingir o máximo de bem-estar, compatível
com a convivência pacífica e solidária.

3.5. Culturologia Jurídica


Realizando o estudo dos valores que determinam a experiência jurídica e marcam o significado
da experiência histórica do Direito, surge um terceiro problema, que é de ordem filosófico-
histórica. Toda esta parte poderia ser resumida nestas perguntas: — Que sentido tem a história do
Direito? Será em pura perda o esforço multimilenar do homem através do tempo, fundando
instituições, renovando institutos, elaborando códigos? Que fatores condicionam a concreção
histórica do justo, e que se poderá afirmar dessa condicionalidade, nas suas exigências ideais? O
que acontece no mundo jurídico será o resultado arbitrário de atos de homens singularmente
dotados de inteligência e de vontade? Ou haverá, em última análise, uma tendência dominante e
vinculadora no processo histórico do Direito? Marchamos para um crescendo de liberdade ou, ao
contrário, nosso destino é uma igualdade amorfa? Qual o destino do homem vivendo a
experiência do Direito?

Não se trata, notemos bem, de fazer-se um estudo de História do Direito, estabelecendo conexões
entre fatos jurídicos no tempo ou buscando uma explicação genética dos acontecimentos
jurídicos. Trata-se de receber os dados que o historiador do Direito fornece, para indagar de seu
sentido ideal, de seu significado essencial, não apenas na órbita de uma experiência particular,
mas na totalidade da existência do homem.

Importará, por exemplo, saber se existe continuidade no processo da experiência jurídica ou se


esta é partida por ciclos históricos, isolados uns dos outros. Volvendo os olhos para o passado,
vemos, por exemplo, a experiência jurídica romana, começando com um formalismo primitivo,
balbuciando as primeiras regras rituais c míticas c, paulatinamente, se aprimorando até os frutos
insuperados do período clássico, para esparramar-se e diluir-se na decadência do II Império e,
finalmente, desaparecer, legando-nos a cristalização de uma cultura maravilhosa nos fragmentos
lapidares do Digesto. Será esse o destino inexorável, previsível de toda experiência jurídica? E se
outros processos do Direito se sucedem, como o da Idade Média e o da Era Moderna, poder-se-á
declarar que a história do Direito é formada de ciclos culturais estanques, separados uns dos
outros, ou haverá, apesar de tudo, ligando tais experiências, um patrimônio comam, transferido
de geração em geração?

Haverá uma lei de progresso marcando a evolução jurídica total ou há "crises" e "retornos"
como traços inevitáveis na experiência do justo, no evolver das civilizações?

A esta terceira parte damos o nome de Culturologia Jurídica, porque é, no fundo, a vivência do
Direito como cultura, como esforço humano de conquista c de preservação daquilo que se
concebeu ou se sentiu como valioso. Poder-se-ia também denominar a esta parte de Axiologia
histórico-jurídica, porque se trata, em síntese, de um estudo de Filosofia da História do Direito,
que se não deve confundir com o da História da Filosofia do Direito. É muito fácil confundir o
ponto de vista do historiador ou do sociólogo, nesta matéria, com o do filósofo do Direito, mas
uma coisa é a História e outra a Filosofia da História. É claro que um historiador, cuidando de
um problema cultural, tendo como objeto de indagação a própria experiência humana, não pode
deixar de ter uma atitude filosófica.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Reale, M. (2008). Filosofia do Direito. São Paulo: Ed. Saraiva.


5. CONCLUSÃO

A filosofia é uma jornada intelectual que se estende por séculos e continua a nos desafiar a
explorar os mistérios do conhecimento, da moralidade e da realidade. Ao analisar a divisão da
filosofia em filosofia geral e filosofia do direito, bem como as disciplinas centrais da teoria geral
do conhecimento - lógica e ontognoseologia, axiologia e metafísica - reconhecemos a
diversidade de caminhos que os filósofos trilham na busca pelo entendimento.

A lógica nos fornece as ferramentas para a análise rigorosa e a argumentação válida, enquanto a
ontognoseologia se concentra na natureza do conhecimento e da cognição. A axiologia nos leva a
explorar os valores e a moral que guiam nossas escolhas e ações, e a metafísica nos desafia a
contemplar os aspectos mais profundos e transcendentais da existência.

Na filosofia do direito, encontramos uma aplicação prática da filosofia, onde questões éticas e
jurídicas são cuidadosamente examinadas à luz das disciplinas filosóficas. Assim, a filosofia não
é apenas uma busca acadêmica, mas também uma ferramenta valiosa para a reflexão crítica e a
tomada de decisões informadas na vida cotidiana e na sociedade em geral.

Em última análise, ao explorar esses campos filosóficos, somos desafiados a ampliar nossa
compreensão do mundo e a considerar as questões que moldam nossas vidas. A filosofia
continua a ser uma disciplina vital que nos lembra da importância da reflexão e da busca do
conhecimento, da ética e da justiça em um mundo complexo e em constante evolução.

Você também pode gostar