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Universidade Federal de Alagoas

Faculdade de Medicina - FAMED


Disciplina de Ginecologia

CONTRACEPÇÃO
EM SITUAÇÕES
ESPECIAIS
01 ADOLESCENTES
Contracepção em adolescentes

Adolescência Direitos
X ● Educação sexual
● Informação sobre contracepção
Puberdade ● Informação sobre a
confidencialidade e ao sigilo
sobre sua atividade sexual e
sobre a prescrição de métodos
anticoncepcionais
Contracepção em adolescentes

ACO
antes da menarca

● Não são recomendados


antes da menarca =>
prefere-se a camisinha
● Uso contra acne
Contracepção em adolescentes

ACO Progestagênios
antes da menarca isolados

● Minipílulas e AMPd
● Uso ininterrupto
● Padrão menstrual
imprevisível => amenorréia
com tempo de uso

Minipílulas
● Alteram o muco cervical =>
menor eficácia
● Risco maior de
esquecimento
Contracepção em adolescentes

ACO Progestagênios
antes da menarca isolados

● Minipílulas e AMPd
● Uso ininterrupto
● Padrão menstrual
imprevisível => amenorréia
com tempo de uso

AMPd
● Bloqueio gonadotrófico
● Redução de DMO =>
atenção com Histórico
familiar e Fatores de risco
Contracepção em adolescentes

ACO
antes da menarca DIU
de cobre
● Benefícios superam os
riscos
● Pode ser usado em
nuligestas
● Autorização se menos de
18 anos
Progestagênios
isolados
Contracepção em adolescentes

ACO
antes da menarca DIU
de cobre

Progestagênios
isolados Condom
Camisinha
● Uso concomitante com
outros métodos
contraceptivos
● Prevenção de IST’s
02
PERIMENOPAUSA
Contracepção na perimenopausa

Perimenopausa

● Período imediatamente antes da menopausa

● Inicia-se quando os ciclos menstruais se tornam


irregulares, associados ou não a sintomas de
deficiência estrogênica, estendendo-se até o primeiro
ano após a menopausa
Contracepção na perimenopausa

Métodos de
Métodos
barreira
hormonais
● Não interferem nos
sintomas do climatério
● Previnem contra IST’s

DIU
De cobre
Contracepção na perimenopausa

Métodos de
Métodos
barreira
hormonais

DIU
De cobre
● Não interfere na flutuação
hormonal
● Pode exacerbar os
episódios de sangramento,
comuns na perimenopausa
Contracepção na perimenopausa

Métodos de
Métodos
barreira
hormonais
● Pacientes saudáveis
○ Podem fazer uso de
combinados
○ Minimizam o impacto
da transição
menopáusica
DIU ● Pacientes tabagistas,
De cobre
hipertensas e com
enxaquecas
○ Fazer o uso de
progestagênios
isolados ou AMPd
PUERPÉRIO
E PÓS-ABORTAMENTO 03
Contracepção em puérperas

LAM
Método da lactorréia lactacional

● Anovulação por no mín 21


dias (aumenta para meses
se amamentar)
● Grande índice de falha
● Melhor eficácia, se
associado a um
progestagênio isolado
Contracepção em puérperas

Métodos
LAM
Método da lactorréia lactacional hormonais
● Combinados
○ Proibidos nas
primeiras 6
semanas pós-parto,
devido alto risco
trombogênico
Contracepção em puérperas

Métodos
LAM
Método da lactorréia lactacional hormonais
● Progestagênios isolados
○ Não interferem na lactação
○ Não interferem no sist.
Hemostático
○ Uso:
■ Puérperas
amamentando
● Início após 6
semanas do parto
■ Puérperas não
amamentando e pós
aborto
● Início a qualquer
momento
Contracepção em puérperas

LAM DIU
Método da lactorréia lactacional
de cobre
● Inserção do DIU no
pós-parto
○ após a dequitação
placentária
○ 10 min a 48 hrs
○ Após 4 semanas
Métodos
hormonais
Contracepção em puérperas

LAM DIU
Método da lactorréia lactacional
de cobre

Métodos
hormonais Métodos de barreira
Camisinha

● Não interfere no
aleitamento
HIPERTENSÃO
04 ARTERIAL
SISTÊMICA
Pontos importantes

P
A
Métodos combinados Métodos combinados tem
parecem aumentar a PA maior chance de fênomenos
tromboembólicos
1 Métodos combinados
Na HAS controlada preferir outro método (Categoria 3), já na HAS
descontrolada (PAS>160 ou PAD>100) ou evento cardiovascular não utilizar
(Categoria 4).

2 Progestágenos
Na HAS controlada pode-se sempre utilizar (Categoria 1) e na HAS
descontrolada ou com evento cardiovascular pode-se em geral utilizar
(Categoria 2). Exceção injetável trimestral (Categoria 2 / 3)

3 Métodos não hormonais


Não há contraindicações (Categoria 1)
05
DIABETES
Pontos importantes

Métodos combinados Métodos combinados tem


parecem interferir no maior chance de fênomenos
metabolismo de glioce e tromboembólicos
acelerar a ocorrência de
doença vascular, mas os
marcadores continuam
normais nos DM controlados
1 Métodos combinados
Na DM em geral, pode-se utilizar (Categoria 2), mas se apresenta alguma
doença vascular ou DM por mais de 20 anos os combinados já não são mais
indicados (Categoria 3 / 4)

2 Progestágenos
Em qualquer situação podem ser utilizados (Categoria 2), exceto injetável
trimestral em DM por mais de 20 anos ou doença vascular (Categoria 3)

3 Métodos não hormonais


Não há contraindicações (Categoria 1)
CANCÊR DE MAMA 06
Pontos importantes

● Maior parte dos CA de mama são hormônios


dependentes
● Ao diagnóstico de CA de mama sempre investigamos a
himuno-histoquímica para presença de receptores
hormonais
1 Métodos hormonais
Não devem ser utilizados no CA de mama atual (Categoria 4)
O passado de CA de mama não se recomenda (Categoria 3)

2 Métodos não hormonais


Não tem contraindicações e são fortemente estimulados (Categoria 1)

Não recomendado
3 Exceção pela OMS!!!
DIU hormonal é utilizado durante o tratamento do CA de mama com
Tamoxifeno como protetor do endométrio para a formação de pólipos
DOENÇAS
07 REUMÁTICAS
LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES)
MULTIFATORIAL, IDIOPÁTICA, POLIMÓRFICA, EXACERBAÇÕES E REMISSÕES
POPULAÇÃO JOVEM

● Doença cardíaca, AVC e ● Gestação sem contraindicação em LES


tromboembolismo sem atividade
● Progestágeno e métodos de barreira ● Efeitos negativos devastadores
● Estrógenos podem ativar a doença ● CIUR, HAS e diabetes
● Risco de trombose no LES associado a ● Teratogenia: Glicocorticoides,
ACO azatriopina e metotrexato.
● Estroprogestativos contraindicados ● Em resumo: Progestágeno isolado e DIU
(categoria 4) LNG
● Imunossupressor aumenta risco de ● Drogas imunossupressoras: Suspender
infecção e diminui eficácia do DIU DIU de cobre
● Pode-se usar DIU LNG em LES leve ● Laqueadura tubária é uma opção
● LES leve e ausência de AAF = ACO ● Métodos de barreira, comportamentais e
(categoria 2) cirúrgicos
SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE (SAF)
TROMBOFILIA, PRIMÁRIA OU ASSOCIADO A LES, AUTOANTICORPOS (ANTICARDIOLIPINA (aCL) E
ANTICOAGULANTE LÚPICO (AL)), FENÔMENOS TROMBÓTICOS MULTIFATORIAIS
POPULAÇÃO JOVEM

● Trombofilia = Alto risco de eventos tromboembólicos em usuárias de ACO


● DIU de cobre, comportamentais e barreira - Sem contraindicação
● Não se deve utilizar métodos hormonais
● AAF +: ACO (categoria 4), progestágenos (categoria 3), DIU de cobre (categoria 1) e
DIU LNG (categoria 3)
● Trombocitopenia: (categoria 2), Injetável trimestral (categoria 3), implantes
(categoria 2), DIU de cobre (categoria 3) e DIU LNG (categoria 2)
● Imunossupressor: (categoria 2) qualquer método não comportamental e de barreira
● LES sem as condições acima: DIU de cobre (categoria 1) e categoria 2 todos os
outros métodos (inclusive DIU LNG)
ARTRITE REUMATÓIDE (AR)
INFLAMATÓRIA, SISTÊMICA, CRÔNICA, ETIOLOGIA DESCONHECIDA, ARTICULAÇÕES PERIFÉRICAS

● ACO não ativa a doença (devido componente estrogênico)


● Multíparas tem aparecimento tardio e ACO não tem efeito protetor determinante
● Relatos de certo grau de melhora dos sintomas com o uso de ACO
● Inibição da transformações de formas leves para formas severas da artrite com o
uso de ACO

ESCLERODERMIA
ENVOLVE VASOS E TECIDO SANGUÍNEO, RARA

● Vasocontrição arterial extensa, Raynaud, esclerose e comprometimento sistêmico


● Evitar o uso de anticoncepcionais hormonais (sistêmicos)
● Sem contraindicação para os outros métodos

Contracepção de emergência sempre deve ser uma exceção (levonorgestrel)


08
PORTADORES DE IST’S
UMA VISÃO GERAL
● Sem restrição para contracepção ● TARV diminuem ou aumentam
hormonal biodisponibilidade dos esteroides
● DIU e DIU LNG categoria 4 em (principalmente progestágeno
infecção vigente isolado)
● >50% das pacientes: Redução de ● ITR e IP alteram segurança e
inflamações endometriais e eficácia dos anticoncepcionais e
tubárias com uso > 1 ano de ACO deles mesmos
● Progestágeno aumenta viscosidade ● Reforçar a importância do
do muco, impede espermomigração Condom como primeira opção
e diminui risco de DIP ● HPV: Sem restrição de uso de
● DIU LNG previne IST em jovens com qualquer método.
múltiplos parceiros ● Tentar sempre fazer uma dupla
● Risco aumentado para IST é proteção
categoria 2 e 3 para o DIU e DIU ● Hepatite B é categoria 3 para o
LNG DIU LNG
HIV
● Métodos hormonais parecem não interferir no risco de infecção (cat 1)
● Ritonavir + Lopinavir: Contracepção de emergência com levonorgestrel
exclusivo (devido redução de etinilestradiol no sistema microssomal
hepático)
● Pode-se utilizar todos os métodos hormonais (categoria 1)
● Pode ser feito método definitivo em pacientes com prole constituída
● Espermicida (categoria 4) e diafragma (categoria 3) por chance de
transmissão ao parceiro
● Assintomático ou manifestações leves: DIUs (categoria 2)
● Doença grave ou avançada: DIU LNG (cat 4) e DIU (cat 3) no início, até
regredir clínica ou se tornar assintomática
● Se tiver forma leve e evoluir para grave não precisa remover o DIU (cat
2)
● TARV: Todos os métodos (cat 1 e 2) e DIUs (Cat 2)
● INTR, INNTR, IP e II (cat 1)
DOENÇAS
PSIQUIÁTRICAS 09
DEPRESSÃO E HUMOR

Estudos limitados
Não determinam limitação ao uso
● Exceto: Esterilização cirúrgica (categoria 3)
● No geral, não há piora dos sintomas
depressivos com o uso de contraceptivos
hormonais (categoria 1)
Estabilizadores do humor (carbamazepina)
reduzem o efeito da pílula por interação
medicamentosa
Referências
● MARIA, H. et al. Dispositivo intrauterino de levonorgestrel como medida profilática de doenças endometriais em
pacientes em hormonioterapia no câncer de mama. v. 80, n. 2, p. 27–27, 1 nov. 2022.
● SILVEIRA, C. O. et al. Contracepção em mulheres com condições clínicas especiais. Critérios médicos e
elegibilidade. Reprodução & Climatério, v. 29, n. 1, p. 13–20, jan. 2014.
● Coordenação de Atenção Integral à Saúde da Mulher e Perinatal. Protocolo de planejamento sexual e reprodutivo.
Belo Horizonte. 2022.
● WORLD HEALTH ORGANIZATION. Medical eligibility criteria for contraceptive use. Disponível em:
<https://www.who.int/publications/i/item/9789241549158>.
● POLI, Marcelino Espírito Hofmeister et al. Manual de anticoncepção da FEBRASGO. Revista Femina, v. 37, n. 9, p.
459-492, 2009Tradução . . Disponível em:
http://www.febrasgo.org.br/arquivos/femina/Femina2009/setembro/Femina-v37n9_Editorial.pdf. Acesso em: 22
nov. 2023.
● LOURENÇO, Benito; KOZU, Katia T.; LEAL, Gabriela N.; SILVA, Marco F.; FERNANDES, Elisabeth G.C.; FRANÇA, Camila
M.P.; SOUZA, Fernando H.C.; SILVA, Clovis A.. Contracepção para adolescentes com doenças reumáticas crônicas.
Revista Brasileira de Reumatologia, [S.L.], v. 57, n. 1, p. 73-81, jan. 2017. Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.06.005.
● Melo NR, Pereira Filho AS. Anticoncepção. Manual de Orientação da FEBRASGO, 1997.
● ANTICONCEPÇÃO EM MULHERES COM HIV/AIDS. Febrasgo.org.br. Disponível em:
https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/702-anticoncepcao-em-mulheres-com-hiv-aids. Acesso em: 20 de
novembro de 2023

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