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1HVVHFRQWH[WRGHDUWLFXODomRHLQWHJUDomRGDVSROtWLFDVVRFLDLVIRUDPHVWDEHOHFLGRV
os fundamentos que, pela primeira vez em nossa história, orientaram a inscrição da saúde
como direito de todos os cidadãos brasileiros e dever do Estado. Cabe destacar a concepção
ampla da saúde adotada na Constituição de 1988, garantida mediante “políticas sociais e eco-
nômicas abrangentes que reduzam o risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal
HLJXDOLWiULRjVDo}HVHVHUYLoRVSDUDVXDSURPRomRSURWHomRHUHFXSHUDomR´ %UDVLO
Para dar materialidade à política de saúde, a Constituição instituiu o Sistema Único
GH6D~GH 686 GH¿QLGRQDOHLQGHFRPR³RFRQMXQWRGHDo}HVHVHUYLoRV
públicos de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e muni-
FLSDLVGDDGPLQLVWUDomRGLUHWDHLQGLUHWDHGDVIXQGDo}HVPDQWLGDVSHOR3RGHU3~EOLFR´
(VWmRLQFOXtGRVQHVWDGH¿QLomR
3) Do}HVGHGLVWLQWDVFRPSOH[LGDGHVHFXVWRVTXHYDULDPGHVGHDSOLFDomRGHYDFLQDVH
consultas médicas nas clínicas básicas (clínica médica, pediatria e ginecologia-obstetrícia)
até cirurgias cardiovasculares e transplantes;
([SOLFLWDVHTXHTXDQGRDVVXDVGLVSRQLELOLGDGHVIRUHPLQVX¿FLHQWHVSDUDJDUDQWLUD
cobertura assistencial à população de uma determinada região, o SUS poderá recorrer aos
serviços prestados pela iniciativa privada. A participação complementar dos serviços privados
deve ser realizada mediante o estabelecimento de contratos e convênios, sendo observadas
DVQRUPDVGHGLUHLWRS~EOLFRRVSULQFtSLRVpWLFRVHDUHJXODPHQWDomRH[SHGLGDSHORVyUJmRV
GHGLUHomRGR686TXDQWRjVFRQGLo}HVSDUDVHXIXQFLRQDPHQWRFRQWUROHH¿VFDOL]DomR
O SUS, portanto, não é composto somente por serviços públicos, mas também por uma
ampla rede de serviços privados, principalmente hospitais e unidades de diagnose e terapia,
TXHVmRUHPXQHUDGRVFRPUHFXUVRVWULEXWiULRVGHVWLQDGRVjVD~GH2¿QDQFLDPHQWRRULXQGR
de diversas receitas arrecadadas pela União, estados e municípios, permite que o acesso a ações
e serviços do SUS não esteja condicionado à capacidade de pagamento prévio das pessoas.
A Lei Orgânica da Saúde estabelece princípios e diretrizes norteadores do funciona-
mento do SUS. Entre eles, destacam-se:
2) ,JXDOGDGHQDDVVLVWrQFLDjVD~GHVHPSUHFRQFHLWRVRXSULYLOpJLRVGHTXDOTXHUHVSpFLH
(VWHSULQFtSLRUHLWHUDTXHQmRSRGHH[LVWLUGLVFULPLQDomRQRDFHVVRDRVVHUYLoRVGH
saúde, ou seja, não é aceitável que somente alguns grupos, por motivos relacionados a ren-
da, cor, gênero ou religião, tenham acesso a determinados serviços e outros não. Somente
razões relacionadas às necessidades diferenciadas de saúde devem orientar o acesso ao SUS
e a escolha das técnicas a serem empregadas no cuidado das pessoas.
368 POLÍTICAS E SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL
3) ,QWHJUDOLGDGHGDDVVLVWrQFLD
A integralidade é entendida, nos termos da lei, como um conjunto articulado e contí-
QXRGHDo}HVHVHUYLoRVSUHYHQWLYRVHFXUDWLYRVLQGLYLGXDLVHFROHWLYRVH[LJLGRVSDUDFDGD
FDVRHPWRGRVRVQtYHLVGHFRPSOH[LGDGHGRVLVWHPD$LGHLDpTXHDVDo}HVYROWDGDVSDUDD
promoção da saúde e a prevenção de agravos e doenças não sejam dissociadas da assistência
ambulatorial e hospitalar voltadas para o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação. Por isso,
RVSUR¿VVLRQDLVGHVD~GHHRVgestores do SUS devem empenhar-se em organizar as práti-
cas dos serviços, de modo a permitir que essa integração ocorra. No âmbito mais geral da
política de saúde, a integralidade também remete à articulação necessária entre as políticas
de cunho econômico e social no sentido de atuar sobre os determinantes do processo saúde
e doença e garantir as condições satisfatórias de saúde da população.
Gestores do SUS
2VJHVWRUHVGR686VmRRVUHSUHVHQWDQWHVGRSRGHUH[HFXWLYRQRkPELWRGRVPXQLFtSLRVGRVHVWD-
dos, do Distrito Federal e da União. Cada uma das estruturas que compõem a direção do SUS nas
GLIHUHQWHVHVIHUDVGHJRYHUQRSRVVXLXPDRUJDQL]DomRSUySULD,QGHSHQGHQWHPHQWHGDH[LVWrQFLD
de uma autoridade sanitária (ministro ou secretários de Saúde), essas estruturas têm órgãos gestores,
FRPGLIHUHQWHVFDUJRVGHGLUHomRHFKH¿DTXHSDUWLFLSDPGDJHVWmRGR686HVmRFRUUHVSRQViYHLV
SRUHODHPFRHUrQFLDFRPDVIXQo}HVTXHOKHVVmRDWULEXtGDVHPUHJXODPHQWDomRHVSHFt¿FD
4) Participação da comunidade
A participação da comunidade é a garantia de que a população, por intermédio de
Você pode saber mais suas entidades representativas, possa participar do processo de formulação de diretrizes e
sobre a participação social SULRULGDGHVSDUDDSROtWLFDGHVD~GHGD¿VFDOL]DomRGRFXPSULPHQWRGRVGLVSRVLWLYRVOHJDLV
no sistema de saúde no
capítulo 28.
HQRUPDWLYRVGR686HGRFRQWUROHHDYDOLDomRGHDo}HVHVHUYLoRVGHVD~GHH[HFXWDGRVQDV
GLIHUHQWHVHVIHUDVGHJRYHUQR$PDWHULDOL]DomRGHVVHSULQFtSLRVHH[SUHVVDQRkPELWRGR
SUS pela constituição dos conselhos de Saúde e pela realização das conferências de Saúde,
TXHUHSUHVHQWDPXPFDQDOSHUPDQHQWHGHGLiORJRHLQWHUDomRHQWUHRVJHVWRUHVRVSUR¿V-
sionais de saúde e a população.
O comando único (ou direção única) em cada esfera de governo é a tentativa de garantir, na
gestão da política de saúde, a observância de um princípio comum a todo sistema federativo: a
autonomia relativa dos governos na elaboração de suas políticas próprias. Assim, no âmbito na-
cional, a gestão do sistema deve ser realizada de forma coerente com as políticas elaboradas pelo
Ministério da Saúde; no âmbito estadual, com as políticas elaboradas pelas secretarias estaduais;
e, no âmbito municipal, pelas secretarias municipais de Saúde.
O Sistema Único de Saúde – SUS 369
3DUDUHÀHWLU
4XDLVRVGHVD¿RVDVVRFLDGRVjUHJLRQDOL]DomRHKLHUDUTXL]DomRGR686FRQVLGHUDQGRVHDVGHVL-
gualdades na distribuição territorial dos serviços de saúde no Brasil? Quais as implicações das
diferenças observadas na oferta de serviços para a concretização dos princípios do SUS?
$WtWXORGHH[HUFtFLRDFHVVHRsite do Datasus do Ministério da Saúde (www.datasus.gov.br) e tente
RUJDQL]DUDOJXPDVLQIRUPDo}HVVREUHRQ~PHURGHOHLWRVGH87,FDGDVWUDGRVDR686FRQIRUPHD
UHJLmRHRHVWDGR5HÀLWDVREUHDVLPSOLFDo}HVGDGHVLJXDOGDGHQDGLVWULEXLomRGHVVHVVHUYLoRVSDUD
a garantia do direito universal e para a equidade e a integralidade da assistência à saúde no Brasil.
370 POLÍTICAS E SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL
Dada a abrangência das ações e dos serviços previstos no SUS, as determinações legais
relativas ao âmbito de atuação do Estado na saúde são também bastante amplas. Além da
RUJDQL]DomRGDUHGHGHDVVLVWrQFLDjVD~GHFRPSHWHDRSRGHUS~EOLFRDH[HFXomRGHDo}HV
de vigilância sanitária, epidemiológica, saúde do trabalhador; a ordenação de recursos
humanos para a saúde e a participação na produção de insumos para a saúde e em outras
SROtWLFDVUHOHYDQWHVFRPRDGHVDQHDPHQWREiVLFR¿VFDOL]DomRGHSURGXWRVHSURWHomRDR
meio ambiente.
As atribuições do Sistema Várias responsabilidades do Estado na área da saúde implicam parceria com outros
Nacional de Vigilância VHWRUHVGHJRYHUQRFRPRRGHVHQYROYLPHQWRFLHQWt¿FRHWHFQROyJLFRDIRUPDomRGHUHFXUVRV
Sanitária são discutidas
no capítulo 23. Conheça humanos, a provisão e regulação de insumos para a saúde, a política industrial, de urbani-
em detalhes as ações de ]DomRVDQHDPHQWRHHGXFDomRSRUH[HPSOR
vigilância epidemiológica
no capítulo 22. Os dispositivos mencionados têm as seguintes implicações para a inserção do SUS
como uma política de Estado:
3) a integração das políticas de saúde com as demais políticas públicas é fundamental para
o desenvolvimento de ações mais efetivas;
24XDGURUHVXPHRVSULQFtSLRVHGLUHWUL]HVGR686FRPRH[SUHVVmRGRVGLUHLWRVGRV
cidadãos brasileiros e deveres do Estado.
4XDGUR±6tQWHVHGRVSULQFLSDLVSULQFtSLRVHGLUHWUL]HVGR686
4XDGUR±6tQWHVHGRVSULQFLSDLVSULQFtSLRVHGLUHWUL]HVGR686 FRQW
'LDJUDPD±$UFDERXoRLQVWLWXFLRQDOHGHFLVyULRGR686
O modelo pressupõe uma articulação estreita entre a atuação de: 1) gestores do sistema
em cada esfera de governo; 2) instâncias de negociação e pactuação federativa envolvendo a
SDUWLFLSDomRGDVGLIHUHQWHVHVIHUDVGHJRYHUQRWDLVFRPRD&RPLVVmR,QWHUJHVWRUHV7ULSDUWLWH
DV&RPLVV}HV,QWHUJHVWRUHV%LSDUWLWHVHRV&ROHJLDGRVGH*HVWmR5HJLRQDO RX&RPLVV}HV
,QWHUJHVWRUHV5HJLRQDLV FRQVHOKRVGHUHSUHVHQWDomRGHVHFUHWiULRVGH6D~GH FRQVHOKRV
de Saúde, além da realização periódica de conferências de Saúde.
372 POLÍTICAS E SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL
No presente capítulo, são abordados alguns aspectos referentes ao papel dos gestores
e ao funcionamento das entidades representativas e instâncias colegiadas do SUS.
Regulação
2 WHUPR UHJXODomR p EDVWDQWH JHQpULFR H[LVWLQGR GLIHUHQWHV FRQFHSo}HV D VHX UHVSHLWR DVVLP
como sobre a regulação do Estado na área da saúde. A regulação no SUS envolve quatro âmbitos
principais: 1) a regulação sobre prestadores de serviços; 2) a regulação de sistemas de saúde; 3) a
regulação sanitária; 4) a regulação de mercados em saúde. Nessas esferas, inclui a adoção de um
conjunto de estratégias voltadas para a regulamentação, a coordenação e a avaliação de ações,
bens e serviços de saúde, visando a controlar procedimentos e processos, induzir e assegurar
determinadas características comuns e resultados mais uniformes.
Fonte: Machado, 2002.
&DGD XPD GHVVDV IXQo}HV FRPSUHHQGH XPD VpULH GH DWLYLGDGHV HVSHFt¿FDV VHQGR
H[HUFLGDVGHIRUPDGLIHUHQFLDGDSHORVWUrVHQWHVJHVWRUHVFRQIRUPHDGH¿QLomRGDUHJXOD-
PHQWDomRHVSHFt¿FD'HQWURGDPDFURIXQomRGHIRUPXODomRGHSROtWLFDVSODQHMDPHQWRHVWmR
LQFOXtGDVDVDWLYLGDGHVGHGLDJQyVWLFRGHQHFHVVLGDGHVGHVD~GHLGHQWL¿FDomRGHSULRULGD-
des e diretrizes de ação, elaboração de estratégias e planos de intervenção, articulação com
outros atores e mobilização de recursos necessários para a operacionalização das políticas.
2¿QDQFLDPHQWRHQYROYHDDORFDomRGHWULEXWRVDHODERUDomRHDH[HFXomRGHRUoDPHQWRV
S~EOLFRV YROWDGRV SDUD D VD~GH D FRQVWLWXLomR GH IXQGRV HVSHFt¿FRV SDUD WUDQVIHUrQFLDV
recebimento e utilização das receitas destinadas à saúde, a prestação de contas quanto ao
montante empenhado em saúde e o destino dos recursos. A regulação inclui a proposição
de normas técnicas e padrões, a coordenação, controle e avaliação de serviços e sistemas
de saúde, a gestão de informações em saúde, o estabelecimento de contratos e convênios
FRPSUHVWDGRUHVSULYDGRVD¿VFDOL]DomRGHVHUYLoRVHGHSURGXWRVFRPLPSOLFDo}HVSDUD
DiUHDGDVD~GH3RU¿PDSUHVWDomRGLUHWDGHDo}HVHVHUYLoRVGHVD~GHDEUDQJHWRGRVRV
SURFHGLPHQWRVWpFQLFRVHDGPLQLVWUDWLYRVYLQFXODGRVjH[HFXomRGHDo}HVGHSURPRomRGD
saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação, por serviços públicos
GDUHVSHFWLYDHVIHUDGHJRYHUQR(ODUHTXHUDH[LVWrQFLDGHTXDGURVSUySULRVGHIXQFLRQiULRV
e uma série de funções administrativas, relativas à gestão de pessoal, de compras, armaze-
namento e distribuição de insumos, organização e operação dos serviços próprios de saúde.
A análise das funções delineadas para a União, estados e municípios nas políticas de saúde
evidencia a ausência de padrões de autoridade e responsabilidade claramente delimitados.
2EVHUYDVHXPDPLVWXUDHQWUHFRPSHWrQFLDVFRPXQVHFRQFRUUHQWHVHFRPSHWrQFLDVHVSHFt¿FDV
de cada esfera de governo nos diversos campos de atuação do Estado na saúde (Machado, 2007).
2VSURFHVVRVGHGHVFHQWUDOL]DomRHUHJLRQDOL]DomRGR686WDPEpPLQGX]LUDPjUHFRQ¿JXUDomR
GHIXQo}HVHQWUHRVJHVWRUHVTXHVHH[SUHVVDPGHIRUPDGLYHUVL¿FDGDQRVHVWDGRVGHDFRUGR
com a área envolvida, as distintas realidades locorregionais e as negociações intergovernamen-
WDLVVXEMDFHQWHVDHVWHVSURFHVVRV3RUH[HPSORQDVYLJLOkQFLDVHSLGHPLROyJLFDHVDQLWiULDFXMRV
processos de descentralização são mais recentes, observam-se esforços de divisão de atribui-
o}HVHQWUHHVWDGRVHPXQLFtSLRVEDVHDGRVHPXPDOyJLFDGHUHSDUWLomRSRUFRPSOH[LGDGH1D
DVVLVWrQFLDjVD~GHSRUVXDYH]DGLYLVmRGHUHVSRQVDELOLGDGHVVRIUHXDLQÀXrQFLDGHRXWUDV
variáveis, tais como os tipos de serviços oferecidos e sua abrangência territorial.
2GHWDOKDPHQWRGHFRPSHWrQFLDVHVSHFt¿FDVGRVJHVWRUHVGR686pIHLWRSHOD/HL2UJkQL-
FDGD6D~GHPDVRXWURVLQVWUXPHQWRVGHUHJXODPHQWDomRIHGHUDOHHVWDGXDO±SULQFLSDOPHQWH
portarias, decretos e resoluções (ver A base de regulamentação do SUS ±FRQWULEXHPSDUDD
repartição de responsabilidades entre os gestores do SUS. De forma geral, podemos dizer que:
374 POLÍTICAS E SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL
O Quadro 2 sistematiza as principais atribuições dos gestores das três esferas de go-
verno, organizadas pelas macrofunções.
O Sistema Único de Saúde – SUS 375
4XDGUR±5HVXPRGDVSULQFLSDLVDWULEXLo}HVGRVJHVWRUHVGR686
GHSROtWLFDVVRFLDLVDEUDQJHQWHVHVROLGiULDV6HSRUXPODGRRFRQWH[WRGHFULVHHFRQ{PLFD
HGHPRFUDWL]DomRQRVDQRVIDYRUHFHXRGHEDWHSROtWLFRQDiUHDGDVD~GHTXHVHUHÀHWLX
nos avanços da Constituição de 1988 e em mudanças objetivas no sistema; por outro, nos
anos 90, a concretização dos princípios do SUS seria continuamente tensionada por diversos
obstáculos estruturais e conjunturais (Levcovitz, Lima & Machado, 2001).
Os obstáculos estruturais estão relacionados, para alguns autores, a dois grupos básicos
de problemas que se apresentam para os países latino-americanos. Um primeiro grupo está
UHODFLRQDGRDRDOWRJUDXGHH[FOXVmRHKHWHURJHQHLGDGHIDWRUHVTXHQmRVmRSOHQDPHQWH
UHVROYLGRVSRUSURJUDPDVVRFLDLVHDRVFRQÀLWRVHQWUHHVIRUoRV¿QDQFHLURVVRFLDLVHLQVWLWX-
cionais para implantar políticas abrangentes em confronto com as restrições impostas pela
estrutura socioeconômica dessas sociedades. Um segundo grupo é de ordem institucional e
organizacional, representado pelas características predominantes dos sistemas de prestação
GHVHUYLoRVQHVVHVSDtVHV±FHQWUDOL]DomRH[FHVVLYDIUDJPHQWDomRLQVWLWXFLRQDOIUiJLOFDSDFL-
dade regulatória e fraca tradição participativa da sociedade (Draibe, 1997).
1R%UDVLORVREVWiFXORVHVWUXWXUDLVVHH[SUHVVDPQDVSURIXQGDVGHVLJXDOGDGHVVRFLRH-
FRQ{PLFDVHFXOWXUDLV±LQWHUUHJLRQDLVLQWHUHVWDGXDLVLQWHUPXQLFLSDLV±QDVFDUDFWHUtVWLFDV
do próprio federalismo brasileiro, na proteção social fragmentada e no modelo médico-
assistencial privatista sobre o qual o sistema foi construído.
8PGRVSULQFLSDLVGHVD¿RVSDUDDFRQVROLGDomRGR686SRUWDQWRpVXSHUDUDVSUR-
IXQGDVGHVLJXDOGDGHVHPVD~GHFRPSDWLELOL]DQGRDD¿UPDomRGDVD~GHFRPRGLUHLWRGH
cidadania nacional com o respeitRjGLYHUVLGDGHUHJLRQDOHORFDO,VVRLPSOLFDXPDPXGDQoD
substantiva no papel do Estado nas três esferas de governo, o fortalecimento da gestão pú-
EOLFDFRP¿QDOLGDGHVGLIHUHQFLDGDVQRVkPELWRVQDFLRQDOHVWDGXDOHPXQLFLSDODGLYLVmRGH
competências e a articulação de princípios nacionais de política com decisões e parâmetros
locais e regionais.
1RHQWDQWRQDiUHDGDVD~GHpWDUHIDEDVWDQWHFRPSOH[DVHSDUDUGHIRUPDWmRQtWLGD
RVHVSDoRVWHUULWRULDLVGHLQÀXrQFLDSROtWLFDGHFDGDHVIHUDGHJRYHUQR(PSULPHLUROXJDU
porque a perspectiva de construção de sistema é uma dimensão importante a ser considerada
QRSUySULRSURFHVVRGHGHVFHQWUDOL]DomR'DGDDGLVWULEXLomRJHRJUi¿FDGHVLJXDOGRVVHUYLoRV
públicos e privados no SUS, a regionalização, a hierarquização e a integralidade demandam
a formação e a gestão de redes de atenção à saúde não diretamente relacionadas a uma
mesma unidade político-administrativa, tais como as redes interestaduais de ações e serviços
de saúde (que envolvem mais de um estado) e as redes intermunicipais (que envolvem mais
de um município). Em segundo lugar, porque, na maioria das vezes, os fatores que deter-
minam os problemas de saúde e geram demandas para os serviços de saúde não respeitam
os limites dos territórios político-administrativos. Além disso, como já enfatizado, a maior
SDUWHGRVPXQLFtSLRVEUDVLOHLURVHPXLWRVHVWDGRVTXHUVHMDSRUTXHVW}HVGHHVFDODLQVX¿-
FLHQWHTXHUSHODGLIHUHQFLDomRGRVUHFXUVRVGLVSRQtYHLV ¿QDQFHLURVPDWHULDLVHKXPDQRV
não possui condições de prover todas as ações e serviços necessários à atenção integral de
388 POLÍTICAS E SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL
4XDGUR±$YDQoRVHGL¿FXOGDGHVQDLPSOHPHQWDomRGR686
4XDGUR±$YDQoRVHGL¿FXOGDGHVQDLPSOHPHQWDomRGR686 FRQW
4XDGUR±$YDQoRVHGL¿FXOGDGHVQDLPSOHPHQWDomRGR686 FRQW
3DUDUHÀHWLU
(YRFrRTXHSHQVDVREUHLVVR"(PVXDRSLQLmRTXDLVVmRRVSULQFLSDLVGHVD¿RVSDUDDFRQVROLGDomR
do SUS? Quais são as pessoas que apoiam e sustentam o SUS, ou seja, qual é atualmente a base
social de apoio à política pública de saúde? E quais são os principais interesses contrários ao for-
talecimento do ideal da saúde como direito de cidadania? Quais seriam as estratégias necessárias
SDUDVXSHUDURVGHVD¿RVTXHYRFrLGHQWL¿FD"