Você está na página 1de 44

Disciplina: Neuropsicopedagogia e contextos de atuação

Autores: Esp. Cláudia de Faria

Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral


ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

1
Cláudia de Faria

Neuropsicopedagogia e
contextos de atuação
1ª Edição

2017

Curitiba, PR

Editora São Braz

2
FICHA CATALOGRÁFICA

FARIA, Cláudia de.


Neuropsicopedagogia e contextos de atuação / Cláudia de Faria. –
Curitiba, 2017.
44 p.
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva.
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.
Material didático da disciplina de Neuropsicopedagogia e contextos de
atuação – Faculdade São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-94439-71-0

3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

4
Apresentação da disciplina

Esta disciplina busca evidenciar a importância das Neurociências na


educação e aprendizagem, fazendo-se necessário o entendimento na
importância de suas influencias no desenvolvimento cognitivo do indivíduo.

Serão enfatizados também os processos teóricos e práticos, os quais


levam o neuropsicopedagogo a observar, intervir e diagnosticar, de acordo com
suas competências. Nesta disciplina será possível identificar as modalidades de
atuação do neuropsicopedagogo e a relação entre teoria e prática
neuropsicopedagógica. Assim como o embasamento neuropsicopedagógico e a
interação do psicopedagogo com os demais profissionais: psicólogo,
neurologista, fonoaudiólogo, psiquiatra, médicos e especializações da medicina,
apresentando também, a relação entre a Neuropsicopedagogia e as formas na
atuação interdisciplinar, envolvendo os conhecimentos das neurociências,
objetivando aos processos de ensino aprendizagem; bem como a importância
no papel de atuação do neuropsicopedagogo em diversas atividades que
servirão de avaliação, intervenção e prevenção nos processos de aprendizagem
do indivíduo.

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral


ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

5
Aula 1 – Delineamento da atuação profissional do neuropsicopedagogo e
as modalidades de atuação

Apresentação da aula 1

Nesta aula será apresentada a conceituação e a legislação pertinente ao


profissional neuropsicopedagogo, as competências e habilidades que moldam o
perfil na atuação desta prática profissional; assim como a importância no
desenvolvimento e estímulo às novas sinapses para o processo das
competências e habilidades transformadas em conhecimento.

1. Delineamento da atuação profissional do neuropsicopedagogo e as


modalidades de atuação

1.1 Conceito

A Neuropsicopedagogia é a área de conhecimento e pesquisa na atuação


multidisciplinar, destinada aos processos de ensino-aprendizagem, integrando
avaliação e intervenção, individualmente ou coletivamente. Partindo do conceito
formal, a denominação técnica vem da junção de três especialidades:

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).


Alguns autores denominam a Neuropsicopedagogia como:

6
[...] área de estudo das neurociências na qual objetiva a análise dos
processos cognitivos, potencialidades pessoais e perfil sócio-
econômico, a fim de construir indicadores formais para a intervenção
clínica frente aos educandos padrões com baixo desempenho e que
apresentam disfunções neurais devido a lesão neurológica de origem
genética, congênita ou adquirida. (ROTTA apud COSENZA, 2010)

[...] abordagem neurológica de distúrbios e de incapacidades de


aprendizagem. A Neuropsicopedagogia é de grande utilidade para o
psicopedagogo clínico, pois possibilita o diagnóstico de processos
anormais na estrutura, na organização e no funcionamento do sistema
nervoso central, por meio de testes de avaliação neuropsicológica,
aplicáveis a indivíduos portadores de problemas de aprendizagem.
(KRUG, 2011 apud Rodrigues 1996, p.40)

[...] estuda a interação entre o cérebro, a mente e o aprendizado,


possibilitando, através de métodos rigorosamente científicos, o
planejamento de intervenções precisas que promovam o
desenvolvimento de sujeitos epistêmicos. (MARQUES, 2008, p.11)

Conforme o Capítulo II da SBNPq - Sociedade Brasileira de


Neuropsicopedagogia, essa especialidade é: “Ciência transdisciplinar,
fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com
interfaces da Psicologia e Pedagogia que tem como objeto formal de estudo a
relação entre cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de
reintegração pessoal, social e escolar”.

Vocabulario
Neurociência: “[...] é a área que se ocupa em estudar o
sistema nervoso, visando desvendar seu funcionamento,
estrutura, desenvolvimento e eventuais alterações que sofra.
Portanto, o objeto de estudo dessa ciência é complexo, sendo
constituído por três elementos: o cérebro, a medula espinhal e
os nervos periféricos”. (MARQUES, 2016).

1.2 Legislação
O embasamento legal da Neuropsicopedagogia vem da Regulamentação
da Psicopedagogia, de acordo com o Projeto de Lei 3.124/97, o qual pode ser
acompanhado pelo site da Câmara dos Deputados.
O Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia (2014),
em seu Artigo 3°, afirma que:
Definiu-se por parametrizar como Neuropsicopedagogo aqueles
profissionais que através de uma formação pessoal, educacional,

7
profissional e um corpo de práticas próprias da Neuropsicopedagogia
busca atender demandas sociais, norteado por padrões técnicos e pela
existência de normas éticas que garantam a adequada relação de um
profissional com seus pares e com a sociedade como um todo de
acordo com as especificidades das funções. (SBNPP, 2014, p. 1)

1.3 O papel do profissional

A Neuropsicopedagogia conquistou espaço como uma nova


especialidade de pesquisa e atuação multidisciplinar, envolvendo
conhecimentos neurocientíficos, focando no resultado dos processos de
aprendizagem. Está amparada em atividades, com objetivo de avaliar e intervir
na aprendizagem, procurando obter informações das ciências, as quais
contribuem para a formação e entendimento da retenção de cada indivíduo.
Dentro desse contexto, a Neuropsicopedagogia vem com a finalidade principal
de compreender, intervir e diagnosticar os processos, conforme apresentado
abaixo:

Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

O papel do neuropsicopedagogo ressalta o estudo no desenvolvimento


humano em suas várias interconexões, ressalta as questões ligadas ao
aprendizado, através das contribuições de Jean Piaget.
Jean Piaget explica que há quatro estágios no desenvolvimento da
criança: sensório-motor, pré-operacional, das operações concretas e por último,
das operações formais.

Os níveis de desenvolvimento que Piaget formulou consistem em


estágios do desenvolvimento cognitivo, subdivididos em quatro

8
estágios evolutivos e sequenciais do crescimento humano,
qualitativamente diferentes entre si, que vão desde o nascimento à
idade adulta. Em cada estágio, a criança desenvolve um novo modo
de operar, sendo variável de indivíduo para indivíduo, obedecendo a
um desenvolvimento gradual (MENESES, 2012).

1.4 As contribuições no papel do neuropsicopedagogo

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

1.5 A atuação e competências

O neuropsicopedagogo em sua atuação multidisciplinar apresenta


competências as quais direcionam o trabalho, tornando-o mais efetivo:

 Elaboração de publicações científicas, com foco na reabilitação


ou ainda periódicos da área;

 Possuir dinamismo, ética, postura Interdisciplinar e visão


sistêmica dos processos;

 Elaboração de pareceres, laudos, técnicos e demais


comunicações;

 Atuação frente aos processos de cognição e prevenção frente


aos TAS.

9
Vocabulario
TAS (Transtorno de ansiedade social): Fobia social,
transtorno comum e crônico. Característica principal o medo
em situações sociais; promovendo a limitação no
relacionamento interpessoal.

ATUAÇÃO NA ÁREA CLÍNICA (OU DE ATENDIMENTO


MULTIPROFISSIONAL)
- Observação, identificação e análise do ambiente escolar nas questões
relacionadas nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais;
- Elaboração de relatórios e pareceres técnicos-profissionais e
encaminhamento a outros profissionais quando for de outra área de
atuação/especialização;
- Avaliação, intervenção e acompanhamento do indivíduo com dificuldades
de aprendizagem, transtornos, síndromes ou altas habilidades que causem
prejuízos na aprendizagem escolar e social;
- Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem do aluno.
Fonte: Elaborada pelo autor (2017).

Importante
O especialista em Neuropsicopedagogia é um profissional
que atua em diferentes contextos sociais, buscando a
compreensão do processo cognitivo do indivíduo desde os
primeiros anos de vida e as implicações na aprendizagem,
refletindo no desenvolvimento de suas competências.

10
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A Neuropsicopedagogia tem as mesmas bases de regulamentação da


Psicopedagogia, pautando-se na Lei 3.124/97.

Fonte: http://www.abpp.com.br/pl3124-1997.pdf

Saiba Mais
Para saber mais a respeito das bases de regulamentação leia
a Lei 3.124/97.
Disponível no acesso: http://www.abpp.com.br/pl3124-
1997.pdf

11
A Resolução da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp)
N° 03/2014, nos artigos 12º ao 21º do Capítulo II tratam especificamente da
atuação do neuropsicopedagogo.

RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014

Resolução SBNPp N° 03/2014 dispõe sobre o CÓDIGO DE ÉTICA TÉCNICO


PROFISSIONAL DA NEUROPSICOPEDAGOGIA, no Capítulo II trata:

[...]
Artigo 12º. O Neuropsicopedagogo deve exercer somente as funções para as quais ele
está qualificado e habilitado pessoal e tecnicamente.
Artigo 13º. O Neuropsicopedagogo deve estar em busca constante de sua saúde física e
mental observando as suas limitações pessoais que possam interferir na qualidade do seu
trabalho, inclusive durante a sua formação.
Artigo 14º. O Neuropsicopedagogo trabalhará para promover a saúde e a qualidade de
vida dos indivíduos e da sociedade que passarem por sua intervenção ou avaliação e
contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, omissão, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Artigo 15º. O Neuropsicopedagogo fará sua atuação dentro das especificidades do seu
campo e área do conhecimento, no sentido da educação e desenvolvimento das
potencialidades humanas, daqueles aos quais presta serviços.
Artigo 16º. O Neuropsicopedagogo deve ter como princípio básico a promoção do
desenvolvimento das pessoas que o recorrem sob seu atendimento profissional devendo
utilizar todos os recursos técnicos disponíveis (principalmente a interdisciplinaridade) e de
acordo com cada especificidade, proporcionando o melhor serviço possível.
Artigo 17º. O Neuropsicopedagogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica
e historicamente a realidade humana dentro dos aspectos: políticos, econômicos, sociais e
culturais e todos os contextos que de alguma forma possam ser relevantes de análise sobre
a responsabilidade e o seu papel social.
Artigo 18º. O Neuropsicopedagogo atuará com suas responsabilidades, por meio do
contínuo aprimoramento profissional, levando em consideração todos os avanços pertinentes
a área, sejam estes: políticos, econômicos, sociais, tecnológicos ou científicos, contribuindo
para o desenvolvimento da Neuropsicopedagogia e apoiando-se sempre em bases
referenciais do campo da ciência de conhecimento e de prática.
Artigo 19º. O Neuropsicopedagogo deverá ser atuante na promoção da universalização
do acesso da população às informações referentes a Neuropsicopedagogia, sejam ao
conhecimento das fontes, das necessidades, dos avanços, dos serviços, dos padrões éticos,
etc.
Artigo 20º. O Neuropsicopedagogo fará a prestação, sempre, do melhor serviço, a um
número cada vez maior de pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade.
Artigo 21º. O Neuropsicopedagogo fará a priorização do compromisso ético para com a
sociedade, cujo interesse será colocado acima de qualquer outro, sobretudo do de natureza
corporativista.
[...]

Disponível na integra no acesso:


http://www.sbnpp.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Codigo-de-etica-atualizado-2016.pdf

12
Curiosidade
Alguns dos teóricos estudados pelo Neuropsicopedagogo:
Lev Vygotsky (1896-1934), foi um psicólogo, proponente da
Psicologia cultural-histórica e pensador, sendo o pioneiro no
conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças
ocorre em função das interações sociais e condições de vida.
Jean Piaget (1896-1980), biólogo e psicólogo, desenvolveu a
teoria da construção do conhecimento.
Henri Wallon (1879-1962), médico, psicólogo e filósofo
defendeu a tese de que a criança têm corpo e emoções na
sala de aula; considerando o indivíduo como “geneticamente
social”.
Alexander Luria (1902-1977), neuropsicólogo, fundador da
psicologia cultural-histórica, através do estudo das noções de
causalidade e pensamento lógico-conceitual.

Resumo da aula 1

Nesta aula foram abordados os conceitos que norteiam a importância do


neuropsicopedagogo, suas competências voltadas ao entendimento no papel do
cérebro relacionadas aos processos neurocognitivos. Evidenciou-se também a
atuação clínica e institucional levando em consideração os fatores que compõem
as competências, bem como a importância na compreensão do Projeto de Lei
3.124/97 e do Código de Ética Técnico-profissional do Neuropsicopedagogo.

Atividade de Aprendizagem
“Toda criança pode aprender a ler e a escrever, mas não em
qualquer situação. Mas está claro, também que não é em
qualquer situação para todas as crianças. As condições para
que ocorra aprendizagem vão variar de acordo com seu período
de formação, pois todo processo de aprendizagem deve estar
articulado com a história de cada indivíduo.” (LIMA, 2002, p.15).
Com base nesta citação, discorra da importância do
neuropsicopedagogo nos anos iniciais da criança.

Aula 2 – Relação entre teoria e prática neuropsicopedagógica

13
Nesta aula o foco será no embasamento teórico-prático, o qual o
neuropsicopedagogo necessita para intervir, conduzir e mapear as situações que
direcionam as situações, bem como a aplicação da Neurociência para
compreender a aprendizagem, bem como seus distúrbios e/ou transtornos.

2. Relação entre teoria e prática neuropsicopedagógica

2.1 Fundamentação

A Neuropsicopedagogia denominada como uma área na atuação da


educação e saúde, relacionada aos processo de aprendizagem, leva em
consideração os fatores que compõem este núcleo: indivíduo, família, escola,
sociedade e o contexto social.

O neuropsicopedagogo, em sua forte atuação investigativa, por obter


embasamento na teoria e prática, utiliza das Neurociências para aprofundar seus
estudos, criando uma abordagem no entendimento do ser humano (como age,
como se desenvolve e de que forma aprende). Dentro desse contexto, o
profissional utiliza-se de várias abordagens, buscando seu aprimoramento e
desenvolvendo a capacidade de observação crítica, percepção aguçada e
atenção, principalmente sobre as situações que o cercam; pois a construção do
conhecimento não é um fato isolado, mas acontece resultante de diversos
fatores.

Fonte: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABnUYAH-62.png

2.2 Formação e prática do neuropsicopedagogo

14
Através de modificações funcionais do Sistema Nervoso Central (SNC), o
indivíduo aprende, e essas modificações especificamente acontecem nas áreas
da atenção, memória e linguagem; estabelecendo o processo de aprendizagem,
importante que o indivíduo interaja com o elemento do conhecimento,
proporcionando que as conexões neurais realizem sinapses produtivas, com a
qualidade de memorização, de seleção, de captação, armazenamento e
consequentemente na informação dos dados, objetivando a construção do
conhecimento.

Vocabulario
Sinapses: é a região localizada entre neurônios onde agem os
neurotransmissores, transmitindo o impulso nervoso de um
neurônio a outro, ou de um neurônio para uma célula muscular
ou glandular.

Alguns autores mencionam as Neurociências como: “conjunto de ciências


fundamentais e clínicas que se ocupam da anatomia, da fisiologia e da patologia
do sistema nervoso” (DINIZ; DAHER; SILVA, 2008), contextualizando a atenção,
memória e linguagem. Ainda há o conceito de: “congregação multidisciplinar e
sistêmica de conhecimentos, onde os avanços da Neurologia, da Psicologia e da
Biologia - referentes aos estudos do cérebro - nos elucidam sobre os aspectos
fisiológicos e bioquímicos relacionados ao seu funcionamento (BEAUCLAIR,
2014, p.24)”.

Dessa forma, entende-se que o profissional atuante com Neurociências


obtém conhecimentos no funcionamento das doenças geradas pelo sistema
nervoso; bem como a sua forma de atuação está relacionada na avaliação,
diagnóstico, intervenção e pesquisa sobre as sistemáticas do cérebro, assim
como a aprendizagem e os possíveis resultados desse funcionamento
(transtornos e/ou distúrbios).

Ocorram modificações permanentes nas sinapses das redes neurais


de cada memória e, para a evocação de uma memória, é necessária a
reativação das redes sinápticas de cada memória armazenada. É bom
lembrar que as emoções, os níveis de consciência e o estado de ânimo

15
podem inibir estes processos. A aprendizagem e a memória
necessitam de mecanismos neuronais mediados pelas sinapses
nervosas. Estas sinapses podem ser afetadas por estímulos
neuropsicológicos, eletrofisiológicos, farmacológicos e genéticas
molecular, que determinam alterações nos circuitos cerebrais.
(RELVAS, 2009, p. 37)

Mediante essas competências, a Neurociência acabou por se ramificar em


outras áreas, surgindo então a Neuropsicopedagogia. Para BEAUCLAIR (2014,
p.23), a neuropsicopedagogia é “um novo campo de especialização profissional,
de pesquisa, ação e intervenção, baseados nos avanços das Neurociências e
suas aplicabilidades no campo da Educação e Psicopedagogia”.
Mas importante ressaltar que a Neuropsicopedagogia é, ainda uma práxis,
ou seja, é uma prática que tem determina o estudo a referenciais teóricos.
[...] um novo campo de intervenção e especialização, onde o
conhecimento ultrapassa fronteiras e cria, com isso, novas
possibilidades de aprender sobre o aprender, ampliando olhares e
oportunizando novas formas de inter-relacionar informações,
conhecimentos e saberes. (BEAUCLAIR, 2014, p. 28).

Seguindo essas diretrizes, o termo Neuropsicopedagogia é uma


especialidade no estudo das Neurociências que tem por objetivo “análise dos
processos cognitivos, [...] construir indicadores formais para a intervenção clínica
frente aos educandos padrões com baixo desempenho e que apresentam
disfunções neurais devido a lesão neurológica de origem genética, congênita ou
adquirida (ROTTA apud CONSENZA, 2011, p.50)”.

A Neurociência tem apresentado diariamente novas descobertas que


não era possível saber antes. Hoje, talvez, a melhor e a mais
importante descoberta da ciência que estuda o cérebro seja a questão
da plasticidade cerebral, ou seja, no passado, acreditava-se que
quem não aprendia e ponto final. Seu cérebro não dava conta e nunca
poderia dar conta da aprendizagem, e, dessa forma, cabia ao indivíduo
desaparecer dos meios acadêmicos e sociais. Era uma exclusão
fundamentada até mesmo pela ciência. (ALMEIDA, 2012, p. 44).

Vocabulario
Plasticidade Cerebral: É a habilidade que o cérebro possui em
se remodelar mediante as experiências adquiridas pelo
indivíduo, refazendo suas conexões em razão das
necessidades.

16
Dessa forma, a Neurociência veio com o objetivo de alterar concepções
do passado e, mediante diversos estudos sobre o cérebro, demonstrar que esse
apresenta diversos potenciais, na qual o profissional pode encontrar as
competências do indivíduo, seja na área social ou escolar.

Plasticidade Cerebral
Fonte:
https://s3.amazonaws.com/dynamicimages.cognifit.com/storage/cognifit/landing/brain-
plasticity-exercises-training.jpg

Saiba Mais
Leia a matéria Neurociência aplicada em sala de aula, na qual
evidenciam-se algumas escolas no Estado de São Paulo, as
quais investem em atividades de estímulo cerebral.
Link: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-
cidadania/neurociencia-aplicada-em-sala-de-aula-
eii81gwa8jsoqy0s7xw59jfpq

Vídeo
Assista os fragmentos da entrevista com Suzana Herculano-
Houzel, no qual traz considerações importantes a respeito do
funcionamento cerebral atrelado ao aprendizado e ao excesso de
estímulos.

17
Link 1: https://www.youtube.com/watch?v=dLWiwD_YhUM
Link 2: https://www.youtube.com/watch?v=pc0eOuHwHwQ

O contexto social e cultural em que o indivíduo está inserido, muitas vezes


contribui para uma dificuldade na aprendizagem, ou mesmo no relacionamento
interpessoal, situações essas, em que a própria família toma como fator de
desorientação. Dessa forma, para o indivíduo, essas situações não podem ser
consideradas com menor valor, ou menos importantes do que os fatores
relacionados à linguagem, motricidade, audição e visão.

2.3 Contextos de atuação

Com as inovações e a era da tecnologia, as mudanças ocorrem em maior


velocidade e consequentemente, novos entendimentos quanto aos estímulos da
aprendizagem vêm sendo reestruturados, frente às contribuições das
Neurociências. Outras áreas de conhecimentos sentiram necessidade de
acrescentar os embasamentos teóricos da neurociência aos seus. Dessa forma,
o interesse de outros campos da ciência começam a surgir, como:
neuropediatria, neurobiologia, neuropsicologia, neurofisiologia, neuropsicologia
e consequemente a neuropsicopedagogia.

A Neuropsicopedagogia Clínica contempla uma mesma prática,


demonstrando que o atendimento necessariamente não precisa ser realizado em
consultórios, mas também em outros ambientes, tais como instituições e
hospitais. (ANDRADE, 1998, p.40).

O objetivo do ambiente educativo é promover a socialização e inserção


da criança; é através dessa prática, que essas são avaliadas, comparadas com
seus pares, com os demais grupos, considerando a faixa etária e o ambiente
social.

Através da preparação, o professor está qualificado para identificar


situações, as quais podem interferir no aprendizado, no entanto, educação e
inclusão não devem ser considerados atos isolados, necessitam de parcerias,
de profissionais que entendam o indivíduo em seus diferentes modos de pensar
e agir. Dentro dessa perspectiva, a atuação do neuropsicopedagogo se torna

18
importante, contribuindo para que os diversos processos e metodologias de
aprendizagem se concretizem, abordando possíveis causas; mas sem deixar de
influenciar os envolvidos (família, professores, pais), os quais juntos necessitam
da melhoria no desempenho escolar, emocional e social da criança.

Os alunos de hoje merecem uma educação exemplar baseada na atual


investigação sobre o cérebro. Isto não pretende sugerir que tudo o que
os professores e as escolas fizeram até aqui estava errado, mas sim,
que temos uma nova informação, baseada na própria biologia da
aprendizagem do cérebro, que pode melhorar a educação. Como o
cérebro processa a informação que recebe, como ocorre o registro
sensório, como funciona a memória, como os ritmos biológicos afetam
o aprender e o ensinar são algumas das perguntas que nos fazemos e
que já começa a ter delineadas suas respostas pelas Neurociências.
Quem compreende o processo de aprender como uma atividade deve
pensar nas condições essenciais para que esta atividade seja
otimizada. Precisamos iniciar uma discussão entre professores e
psicopedagogos sobre a necessidade de uma visão neurocientífica em
nossa ação. (CHEDID, 2007, p. 300).

Numa visão mais abrangente, pode-se dizer que Neuropsicopedagogia é


uma ciência que estuda o sistema nervoso e sua atuação no comportamento
humano, tendo como enfoque a aprendizagem; procura fazer inter-relações
entre os estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia
cognitiva e da pedagogia. Nesse sentido a Sociedade Brasileira de
Neuropsicopedagogia (SBNPp) através do artigo 10º do Código Técnico
Profissional da Neuropsicopedagogia, enfatiza que:

[...] A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar,


fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à
educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que
tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do
sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de
reintegração pessoal, social e educacional. (SBNPp, 2016, p.3).

A Neuropsicopedagogia enfoca a compreensão da relação entre


funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana, embasados na
interface entre Neurociências Aplicada a Educação, Psicologia Cognitiva e
Pedagogia em uma abordagem multidisciplinar, estabelecendo a identificação,
diagnóstico, reabilitação e prevenção diante dos distúrbios e dificuldades de
aprendizagem.

A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) contextualiza o


campo de atuação conforme o perfil profissiográfico do neuropsicopedagogo, ou
seja, de acordo com a titulação, e assim definida a sua área de atuação. O

19
Código Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, objetivando a orientação
dos profissionais no Brasil, traz as diretrizes do trabalho a ser desenvolvido pelo
Neuropsicopedagogo conforme seu contexto de atuação evidenciados em seus
artigos 29, 30 e 31.

RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014

[...]
Art. 29. A Neuropsicopedagogia tem características próprias de atuação e considera
contextos diferenciados para tal, de acordo com a característica dos espaços nos quais é
possível desempenhar o exercício da Profissão. Por isso, para definir as suas formas de
atuação, toma como base:
§ 1º A atuação Institucional, na qual tem como espaço de atuação, instituições que tem
no princípio de suas atividades o trabalho coletivo.
§2º A atuação Clínica, na qual tem como espaço de atuação o atendimento
individualizado, focado em planos de intervenção específicos.
§3º Conforme avanços nos estudos realizados por esta nova ciência, a SBNPp poderá
prever novos espaços de atuação neste código, atendendo as revisões bienais, conforme
previsto no artigo 2º deste documento.
Artigo 30. Ao Neuropsicopedagogo com formação na área Institucional, conforme descrito
no Capítulo V, fica delimitada sua atuação com atendimentos neuropsicopedagógicos
exclusivamente em ambientes educacionais e/ou instituições de atendimento coletivo.
§1° Entende-se que sua atuação na área de Institucional possa acontecer em instituições
como Escolas Públicas e Particulares, Centros de Educação, Instituições de Ensino Superior
e Terceiro Setor que tem finalidade de oferecer serviços sociais, sem foco na distribuição de
lucros, mas com administração privada, sendo composto por associações, cooperativas,
organização nãogovernamentais, entre outros.
§2º São bases da atuação institucional os fundamentos da Educação Especial e da
Educação Inclusiva, com embasamento legal e de práticas sociais, que deverão ser pensadas
através da aplicação das neurociências ao ambiente educacional. devendo contemplar as
seguintes ações:
a) Observação, identificação e análise dos ambientes e dos grupos de pessoas atendidas,
focando nas questões relacionadas a aprendizagem e ao desenvolvimento humano nas áreas
motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da Neurociência aplicada
a Educação, em interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva.
b) Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos
c) Encaminhamento de pessoas atendidas a outros profissionais quando o caso for de outra
área de atuação/especialização contribuir com aspectos específicos que influenciam na
aprendizagem e no desenvolvimento humano.
Artigo 31. Ao Neuropsicopedagogo com formação na área Clínica, conforme descrito no
Capítulo V, fica delimitada sua atuação com atendimentos neuropsicopedagógicos
individualizados em setting adequado, como consultório particular, espaço de atendimento,
posto de saúde, terceiro setor, conforme características institucionais dispostas no Art. 29 e
Hospitais. Os atendimentos em local escolar ou hospitalar devem acontecer de forma
individual e em local adequado.
§1° Entende-se que sua atuação na área clínica, pode atender o aspecto multiprofissional
de acordo com o espaço no qual o neuropsicopedagogo estará inserido e deve contemplar:

20
a) Observação, identificação e análise dos ambientes sociais no qual está inserido a pessoa
atendida, focando nas questões relacionadas a aprendizagem e ao desenvolvimento humano
nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais;
b) Avaliação, intervenção e acompanhamento do indivíduo com dificuldades de
aprendizagem, transtornos, síndromes ou altas habilidades que causam prejuízos na
aprendizagem escolar e social, através de um plano de intervenção específico que prevê
sessões contínuas de atendimento;
c) Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem do aluno;
d) Utilização de protocolos e instrumentos de avaliação e reabilitação devidamente
validados, respeitando sua formação de graduação;
e) Elaboração de relatórios, laudos e pareceres técnicos profissionais;
f) Encaminhamento a outros profissionais quando o caso for de outra área de
atuação/especialização.
[...]

Disponível na integra no acesso:


http://www.sbnpp.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Codigo-de-etica-atualizado-2016.pdf

Nesse contexto pode-se identificar duas áreas de atuação a Institucional


e a Clínica.

Na área institucional, o neuropsipedagogo é responsável:

 pela observação, identificação e análise do ambiente escolar


nas questões relacionadas ao desenvolvimento humano do
aluno nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais;

 pela criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do


processo ensino-aprendizagem do aluno;

 pelo encaminhamento do aluno a outros profissionais quando o


caso for de outra área de atuação/especialização.

Na área clínica, o neuropsipedagogo, além das atribuições citadas acima,


é responsável pela:

 elaboração de relatórios e pareceres técnicos-profissionais;

 avaliação, intervenção e acompanhamento do indivíduo com


dificuldades de aprendizagem, transtornos, síndromes ou altas
habilidades que causam prejuízos na aprendizagem escolar e
social;

21
 utilização de protocolos e instrumentos de avaliação e
reabilitação devidamente validados, respeitando sua formação
de graduação.

Ainda dentro desses contextos, o neuropsicopedagogo pode atuar em


diversos ambientes, tais como:

CLÍNICO INSTITUCIONAL

Consultórios; Instituições de Ensino (escolas,


Posto de Saúde; faculdades, associações);
Escolas de atendimento Especial; Terceiro Setor.
CRAS (caso tenha autorização);
Hospitais;
Terceiro Setor.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
Leia o livro Neuropsicopedagogia Clínica
Introdução, Conceitos, Teoria e Prática, de
autoria de Rita Margarida Toler Russo. A obra
aborda as similaridades e diferenças entre a
Neuropsicologia e a Psicopedagogia, suas
interfaces com a Neurociência e a Educação no
processo de aprendizagem.

Resumo da aula 2

Nesta aula foram abordadas as áreas de atuação; a contribuição da


Neurociência para a formação do perfil do profissional e o papel do
neuropsicopedagogo, mediante estratégias que norteiam as necessidades do
indivíduo, na escola, como no consultório; possibilitando a atuação nestes
espaços, compreendendo o funcionamento do cérebro e as formas de
aprendizado. Para que toda aprendizagem seja concretizada, importante que o
neuropsicopedagogo identifique as dificuldades, minimizando as barreiras,
promovendo e facilitando a aprendizagem do aluno.

22
Atividade de Aprendizagem
De acordo com a SBNPq (Sociedade Brasileira de
Neuropsicopedagogia), quais as diferenças no contexto de
atuação institucional e clínica do Neuropsicopedagogo?

Aula 3 – O embasamento neuropsicopedagógico e a interação com as


demais áreas

Apresentação aula 3

Nesta aula serão evidenciados os embasamentos


neuropsicopedagógicos e a interação do psicopedagogo com os demais
profissionais (psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo, psiquiatra, médicos e
especialistas da medicina), assim como a importância de um correto diagnóstico
na condução e direcionamento do indivíduo a obter um tratamento adequado.

3. O embasamento neuropsicopedagógico e a interação com as demais


áreas

3.1 A interação com as demais áreas

As neurociências realçam a pesquisa e o estudo do cérebro, e através dos


conhecimentos sobre as anormalidades psiquiátricas, neurológicas e transtornos
existentes, para ampliar um acompanhamento pedagógico, emocional e
cognitivo dos indivíduos que ofereçam esses sintomas refletem na importância
do diagnóstico e a eficácia do tratamento. “O diagnóstico neuropsicopedagógico
é a investigação do processo de aprendizagem do indivíduo: seu modo de
aprender, áreas de competência e limitações, habilidades” (BEAR, 2008).

23
[...] a pesquisa em Neurociências (e os neurocientistas) pode ser
dividida em dois tipos: clínicas e experimentais. Pesquisa clínica é
basicamente conduzida por médicos. As principais especialidades
dedicadas ao sistema nervoso humano são a neurologia, a psiquiatria,
a neurocirurgia e a neuropatologia (Tabela 1.1). Muitos dos que
conduzem as pesquisas clínicas continuam a tradição de Broca,
tentando deduzir as funções das várias regiões do encéfalo a partir dos
efeitos comportamentais das lesões. Outros conduzem estudos para
verificar os riscos e os benefícios de novos tipos de tratamento. (BEAR,
2008, p.14).

Fonte: (BEAR, 2008)

No entanto Bear (2008) demonstra outra tabela com alguns tipos de


especialistas, os quais se aliaram aos conhecimentos neurocientíficos, sendo
considerados assim, Neurocientistas Experimentais, havendo a possibilidade
dos Neuropsicopedagogos se enquadrarem.

24
Fonte: (BEAR, 2008).

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
Leia a o livro Neurociências: Desvendando o
Sistema Nervoso, de autoria de Mark F. Bear. A
obra aborda a organização e a função do sistema
nervoso humano, evidenciando as suas
funcionalidades e facilitando a compreensão e a
fixação dos princípios neurobiológicos.

3.2 A influência da Neuropsicologia

De acordo com a Resolução do Conselho Regional de Psicologia (CRP


002/2004), a Neuropsicologia “atua no diagnóstico no tratamento e na pesquisa
da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque
da relação entre esses aspectos e o funcionamento cerebral”. Faz utilização de
conhecimentos teóricos com embasamento da neurociência e atua na prática
clínica, através de metodologia experimental.

A Neuropsicologia busca a realização de intervenções junto aos


pacientes, a fim de melhorar, contornar, compensar ou se adaptar às
dificuldades; junto aos familiares; junto a equipes de instituições acadêmicas e
profissionais, proporcionando a cooperação na inclusão de tais indivíduos na
comunidade, quando possível, ou ainda, na adaptação individual e familiar
quando as mudanças nas capacidades do paciente forem mais permanentes ou
a longo prazo.

Através de instrumentos padronizados em diversas avaliações, a


Neuropsicologia atua nas habilidades de percepção, observação, linguagem,
raciocínio, atenção, aprendizagem, afetividade, abstração, habilidades
25
institucionais, processos de informações, assim como em funções motoras.
Outros pontos importantes nesse processo de diagnóstico, são o fornecimento
de dados objetivos e a formulação de hipóteses do funcionamento das
cognições, participando no auxílio da tomada de decisão de outros profissionais
de áreas similares, contribuindo para diversas formas de tratamentos
(medicamentos ou mesmo cirurgias).

Na junção entre a teoria e a prática, seja no diagnóstico ou na reabilitação,


há o uso de materiais, por exemplo, testes, jogos e livros, os quais acabam por
auxiliar na avaliação e reabilitação dos pacientes.

O Neuropsicólogo desenvolve atividades em instituições de ensino, com


a realização de ensino, pesquisa e supervisão; em hospitais, clínicas,
consultórios, ou mesmo atendimentos domiciliares, realizando diagnóstico,
reabilitação, orientação à família e trabalho em equipe multiprofissional. É da
prática do Neuropsicólogo enfatizar que o exame neuropsicológico é inseparável
do exame neurológico e do exame geral. Eles não se substituem e sim se
complementam.

Na avaliação neuropsicopedagógica, o profissional aplica testes e escalas


padronizadas, utilizando a observação clínica, lúdica, e do material escolar para
a elaboração da hipótese diagnóstica. O contato com a escola, com a família, ou
mesmo com demais familiares propõe uma interação durante o diagnóstico,
sendo parte importante na compreensão do quadro e do projeto de intervenção.

“Compreender o funcionamento do cérebro, a plasticidade cerebral, os


transtornos do neurodesenvolvimento, as síndromes, as metodologias de ensino
e aprendizagem direcionam o Neuropsicopedagogo no seu campo de atuação,
que é voltado à aprendizagem e suas dificuldades”. (BEAR, 2008).

Dentro desse contexto, o Plano Nacional da Educação (PNE), o Estatuto


da Criança e do Adolescente (ECA), a Legislação da Educação Inclusiva, entre
outros, devem fazer parte da compreensão do Neuropsicopedagogo Clínico e/ou
Institucional no sentido de estabelecer diálogos, visando à qualidade
educacional, e de pertencimento.

3.3 A Psicopedagogia na formação do indivíduo

26
O papel inicial da psicopedagogia se dá através do estudo no processo
de ensino-aprendizagem, prevenção, diagnóstico e tratamento. O
psicopedagogo analisa a situação do indivíduo, a fim de diagnosticar as causas.
Faz o levantamento de hipóteses, analisando sintomas que o indivíduo tenha
apresentado, ouvindo os envolvidos (família, escola, etc.). No entanto, para isso,
é importante obter conhecimento do indivíduo nos seus diversos aspectos
afetivos, sociais, cognitivos e neurofisiológicos; assim como entender cada
aprendizagem e a qual vínculo pertence. Cada profissional tem um modo de
fazer a intervenção psicopedagógica.

Para Bossa (2000) “o psicopedagogo também pesquisa as condições


para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando quais
são os obstáculos e os elementos que facilitam, quando se trata de uma
abordagem preventiva”.

3.4 A importância do diagnóstico

O diagnóstico não fundamenta apenas deficiências e limitações, mas


detecta as potencialidades do indivíduo (ou ainda como ele pode se
desenvolver). Nesse contexto, Bossa (2000), reforça que:

É de extrema relevância detectarmos, através do diagnóstico, o


momento da vida da criança em que se iniciam os problemas de
aprendizagem. Do ponto de vista da intervenção, faz muita diferença
constatarmos que as dificuldades de aprendizagem se iniciam com o
ingresso na escola, pois pode ser um forte indício de que a
problemática tinha como causa fatores intra-escolares (BOSSA, 2000,
p. 101).

É necessário que o profissional perceba o significado do sintoma; que


através do diagnóstico identifique possibilidades de aprendizagem, priorizando
transformações e construções; norteando a intervenção psicopedagógica.

Rubinstein (1987), traduz a investigação na psicopedagogia como: “o


profissional dessa área deve vasculhar cada canto da pessoa, analisar o modo
de como ela se expressa, seus gestos, a entonação da voz, tudo”. O profissional
deve ter o olhar da observação, identificando a dificuldade na aprendizagem,
sabendo conduzi-la para outros profissionais, tais como: fonoaudiólogos,

27
psicólogos, etc.; sabendo investigar os possíveis fatores que levam esse
indivíduo a não obter aprendizagem.

O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando


solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas
a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de
aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele
envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a
constituição da dificuldade de aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, p.
51).

Fernández (1991) afirma que “o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a


mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará
suporte ao psicopedagogo para que esse faça o encaminhamento necessário”.

O processo de diagnóstico permite ao profissional a investigação, o


levantamento de hipóteses provisórias, as quais serão confirmadas durante o
processo. “Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico
através de intervenções e da escuta psicopedagógica, para que se possa
decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção”
(BOSSA, 2000, p. 24).

Promover o diagnóstico é identificar que a criança possui algum tipo de


dificuldade na aprendizagem, o qual muitas vezes somente é identificado quando
ela é inserida no ensino formal. No entanto, após a identificação, torna-se
importante a equipe multidisciplinar investigar causas, motivos e condições que
tornaram essa dificuldade evidente, promovendo recursos adequados para
sanar os problemas. O diagnóstico cria possibilidades, permitindo a intervenção,
iniciando um processo de superar possíveis dificuldades; processo no qual são
analisadas situações que envolvem muitas vezes, todo um contexto do indivíduo,
escola, família, núcleo, meio em que está inserido.

Dentro desse contexto, o diagnóstico psicopedagógico viabiliza outras


situações (postura, atitude, vontade) do indivíduo e dos demais envolvidos,
criando condições importantes na resolução e tomada de decisão. Através da
percepção, da compreensão e da intervenção do profissional, poderão ser
apresentadas as impressões a cerca da situação. Diagnóstico esse, que envolve
a parceria de outras áreas como a neurologia, a psicopedagogia e a psicologia,
criando possibilidades de eliminar fatores que não são importantes para
identificar o motivo real do problema.

28
A interação se torna parte importante em todo o processo, ressaltando a
relevância no tratamento, pois o fator observação deve ser levado muito em
consideração.

O diagnóstico psicopedagógico é identificado como um fator de


intervenção, seguindo algumas sistemáticas, tais como:

 Analisar e levantar hipóteses;

 Analisar o contexto e a leitura do sintoma;

 Verificar as possibilidades de diversas ordens (interação,


funcionamento, conhecimento);

 Explicar a origem e o histórico do sintoma;

 Explicar os motivos que determinam o sintoma;

 Promover encaminhamentos e indicações.

Durante o diagnóstico, a proposta é de um trabalho em conjunto, em que


todos os envolvidos participem e colaborem de forma assertiva, proporcionando
um resultado mais assertivo. Esse processo não se trata apenas de um estudo
das manifestações, mas envolve práticas acerca das causas que possam
interferir no desenvolvimento do aluno.

Não cabe ao neuropsicopedagogo julgamentos antecipados e errôneos,


mas sim, um olhar dirigido a um indivíduo, que possui limitações ou deficiências.
Importante considerar o indivíduo com conhecimentos, afetividade, sensações,
sem desconsiderar o ambiente em que este indivíduo esteja inserido, pois tal é
parte do processo.

Vídeo
Assista a entrevista Dificuldades de Aprendizagem, na qual são
abordadas as tipologias dentro das dificuldades de
aprendizagem.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6S25D0xgE5Y

29
Resumo da Aula

Nesta aula identificou-se a importância da atuação do


neuropsicopedagogo, assim como a participação dos demais profissionais
envolvidos nos processos cognitivos e de aprendizagem. Pois através deles é
possível diminuir os índices de evasão escolar e reprovações, mediante
aplicação das três fundamentações (avaliação, diagnóstico e intervenção
neuropsicopedagógica), agindo de forma preventiva, em ambientes institucionais
e clínicos

Atividade de Aprendizagem
O papel do neuropsicopedagogo na condução de um
diagnóstico necessita muitas vezes da parceria dos demais
profissionais da área, tais como psicólogo, nutricionista,
psicopedagogo. Discorra a respeito dessas participações na
garantida de um diagnóstico.

Aula 4 – Processos de ensino-aprendizagem e atuação interdisciplinar

Apresentação da aula 4

Nesta aula o foco será na relação entre a Neuropsicopedagogia e a


atuação interdisciplinar, envolvendo conhecimentos neurocientíficos, focando
nos processos de ensino aprendizagem, bem como a compreensão do papel do
cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação
de estratégias; bem como a importância da atuação do neuropsicopedagogo em
diversas atividades que servirão de avaliação, intervenção e prevenção nos
processos de aprendizagem do indivíduo.

4. Processos de ensino-aprendizagem e atuação interdisciplinar

4.1 O objetivo de funções cognitivas e conativas

30
A neuropsicopedagogia busca promover e unir os estudos do
desenvolvimento, das funções e das estruturas, paralelamente ao estudo dos
processos psicocognitivos responsáveis pela aprendizagem e os processos
psicopedagógicos responsáveis pelo ensino. Delimita aos tipos de
aprendizagem, baseados nos processos investigativos, exclui mitos de como o
cérebro humano processa informação e aprende. Diante destas vivências, o
ensino já não mais possui o conceito de somente instruir, mas também de uma
transmissão cultural que combina a ciência com a aprendizagem, criando
possibilidades de conhecimentos mais produtivos, no qual todos aprendem,
levando em consideração a sua neurodiversidade.

Vocabulario
Neurodiversidade: É o conceito no qual as diferenças
neurológicas devem ser reconhecidas e respeitadas como
qualquer outra variação humana. Exemplos: dislexia, déficit de
atenção, discalculia, entre outras.

4.2 Funções Cognitivas

O termo cognição é, consequentemente, sinônimo de "algo que é conhecido


através dele", aquele que envolve funções, tais como: memória, raciocínio,
atenção, percepção. A cognição é, portanto, sistêmica, surge do cérebro como
o resultado de uma interação, contribuição e conexão do conjunto de funções
mentais, as quais operam segundo determinadas propriedades fundamentais:

 Totalidade (noção de integração);


 Adaptabilidade (noção de modificação);
 Autorregulação (noção de buscas de objetos e fins a atingir);
 Interdependência (noção de coibição);
 Hierarquia (noção de maturidade e complexidade);
 Intercâmbio (noção de referente e efeito da experiência);

31
 Equilíbrio (noção de homeostasia).
Tipos de Neurocientistas Experimentais
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Vocabulario
Homeostasia: É o conjunto de fenômenos de autorregulação
que levam à preservação da constância quanto às propriedades
do meio interno de um organismo. Conceito criado pelo
fisiologista norte-americano Walter Bradford Cannon.

A aprendizagem humana reflete a mudança de comportamento provocada


pela experiência prolongada (no mínimo 2.000 horas de prática sistemática),
sendo esse descrito como uma sequência de operações e estádios mentais que
compreendem outras funções cognitivas:

FUNÇÕES COGNITIVAS

Funções de Input Funções de Integração Funções de Output

 recepção ou de  definição detalhada  comunicação clara,


capacitação; de situações- conveniente e
 percepção analítica; problema; compreensível;
 seleção de dados  expressão verbal
 sistematização na
relevantes; fluente;
exploração de
dados;  comparação de  regulação, inibição,
dados; iniciação,
 priorização de
persistência,
dados;  semelhanças,
perfeição,
memorização e
 conversão e verificação,
retenção;
agilização de conclusão e precisão
constâncias  integração de respostas
(tamanho, forma, sistemática da adaptativas;
quantidade, realidade;
profundidade,

32
movimento, cor,  comportamentos  enriquecimento de
orientação); quantitativos; instrumentos não
verbais e verbais de
 precisão e perfeição  exploração da
expressão;
na apreensão de evidencia lógica;
dados;  avaliação e
 utilização do
retroação das
 filtragem, fixação e pensamento
soluções criadas.
flexibilização nas dedutivo,
fontes de inferencial, crítico e
informação criativo.
simultânea.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Aprender a aprender é, portanto promover a prática, capacitar, treinar,


aperfeiçoar e redesenvolver tais funções e capacidades cognitivas, integrando
as capacidades conativas, as quais são pouco estimuladas culturalmente e na
escola; as quais demonstram a maior parte das dificuldades na aprendizagem.

4.3 Funções Conativas

O conceito função conativa provém das emoções, da motivação, do


temperamento e personalidade do indivíduo. É o sinônimo em que o organismo
se prepara para certas situações, por exemplo, ansiedade, insegurança, perigo,
medo, etc. Tais emoções são consideradas como processos que se organizam
para receber comportamentos (os impulsos internos, as reações psíquicas a
determinadas circunstâncias, a somatização, etc.).

4.4 Intervenção psicopedagógica

Dentro da contribuição das neurociências na prática do


neuropsicopedagogo, observa-se que:

[...] A escola precisa refletir sobre suas práticas. Porque dependendo


de como as desenvolve, pode estigmatizar as crianças, prejudicando
sua autoestima e dificultando, com isso, seu envolvimento com as
situações de aprendizagem. É algo que acontece em muitas escolas
por meio de atitudes sutis, muitas vezes inconscientes e que, mesmo
de maneira involuntária, prejudicam o sucesso escolar dos alunos.
(WEISZ, 2001, p. 29).

33
Considerar os motivos do fracasso escolar é aceitar que esse processo
se torna um desafio na qualificação da educação. Em termos institucionais, a
expressão “fracasso escolar” denomina uma situação do aluno a uma exigência
da escola.

O fracasso escolar afeta o indivíduo em sua totalidade. Ele sofre, ao


mesmo tempo, com a falta de estima por não estar à altura de suas
aspirações, ele sofre também com a depreciação. Quando não com o
desprezo que lê no olhar dos outros. O fracasso atinge, portanto, o ser
íntimo e o ser social da pessoa. (CORDIÉ, 1996, p.35).

4.5 Instrumentos de avaliação

O Neuropsicopedagogo ao realizar um diagnóstico, em parceria com


demais profissionais utiliza vários recursos, os quais se constituem em um
importante instrumento de linguagem. Dentro dessa perspectiva, cabe a
composição de etapas para distinguir os objetivos de atuação. Os instrumentos
de avaliação podem incluir diferentes modalidades de atividades e testes
padronizados, utilizados de acordo com a habilitação profissional e da
composição da equipe multidisciplinar da instituição.

A fim de compreender as relações familiares e o modelo de aprendizagem


do indivíduo, importante mencionar a anamnese; a avaliação de desempenho
em teste de inteligência e viso-motor; a avaliação da produção escolar e dos
vínculos com os objetivos de aprendizagem escolar; a análise dos aspectos
emocionais por meio de testes e sessões lúdicas, entrevistas com a escola ou
outra instituição em que o indivíduo faça parte; etc.

Vocabulario
Anamnese: é a entrevista realizada pelo profissional com o
objetivo de relembrar os fatos que se relacionam com a
situação, a fim de ajudar no diagnóstico.

Existem diferentes modelos de diagnóstico, os quais contemplam fases


diferenciadas. As etapas podem ser modificadas quanto a sua sequência e
maneira de aplicá-las, de acordo com cada prática psicopedagógica.

34
A história do paciente tem início no momento da concepção e vêm
avareforçar a importância desses momentos na vida do indivíduo e, de
algum modo, nos aspectos inconscientes de aprendizagem. (WEISS,
1992, p. 64).

Nesse contexto Weiss (1992), sugere um modelo, o qual traz pontuações


importantes (os quais correlacionam-se com as práticas investigativas
psicopedagógicas).

Entrevista Objetiva na compreensão da queixa nas dimensões da escola e da


Familiar família, a expectativa em relação ao psicopedagogo, a captação das
relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, e
Exploratório principalmente na aceitação do indivíduo durante o processo de
Situacional diagnóstico.

É uma entrevista, com foco mais específico, considerada como um dos


pontos cruciais de um bom diagnóstico, visando colher dados
Entrevista de significativos do indivíduo na família, integrando passado, presente e
Anamnese projeções para futuro, permitindo perceber a inserção desse sujeito na
sua família e a influência das gerações passadas nesse núcleo e no
próprio indivíduo.

Sessões Tem fundamental importância, contribuindo para a compreensão dos


lúdicas processos cognitivos, afetivos e sociais (e a sua relação com o modelo de
centradas na aprendizagem do indivíduo). A atividade lúdica fornece informações sobre
os esquemas do indivíduo.
aprendizagem

As provas e testes podem ser utilizadas para explicitar o nível pedagógico


e analisar a estrutura cognitiva (e/ou emocional) do indivíduo. O uso de
provas e testes não é indispensável em um diagnóstico psicopedagógico,
Provas e Testes representam um recurso a mais a ser utilizado (quando necessário),
sendo uma complementação que funciona em situações estimuladoras,
as quais provocam reações variadas.

Fonte: WEISS (1992) – adaptado pelo autor (2017).

35
Fonte:
http://www.douradosnews.com.br/media/images/3207/19591/4f466e02034ceaf2e982c
8a5287c6181f9657b1fce6dc.jpg

As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau


de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo,
detectando o nível de pensamento alcançado pela criança. (WEISS,
1992, p. 106).

Dentro das provas e testes, podem-se citar alguns exemplos:

PROVAS E TESTES

Provas de Inteligência WISC.

Provas de nível de
Piaget.
pensamento

Avaliação do nível Atividades com nível de


pedagógico escolaridade.

Teste de Bender (objetiva


Avaliação perceptomotora avaliar o grau de maturidade
visomotora do sujeito).

Testes projetivos HTP (casa, árvore e pessoa).

Testes psicomotores e jogos


Outros
psicopedagógicos.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Vale reforçar que as provas de Wisc, avaliação de Bender e testes


Projetivos (HTP), são de aplicação exclusiva dos psicólogos.

4.6 Acompanhamento

Vale reforçar que o acompanhamento neuropsicopedagógico


desencadeará necessidades, promovendo a vontade de identificar o
aprendizado e não somente uma "melhora no rendimento escolar". O objetivo do
neuropsicopedagogo não é o "aluno", mas sim o "indivíduo" em qualquer das
situações em que ele se apresente.

Durante o acompanhamento são constituídos contatos periódicos, criando


um cronograma com o envolvido; a família e equipe escolar, com o objetivo em
obter um resultado mais assertivo, bem como um feedback dos avanços e

36
conquistas do envolvido, até que o neuropsicopedagogo conclua um resultado
mais concreto.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
Leia o livro Psicopedagogia clínica: uma visão
diagnóstica dos problemas de apreindizagem
escolar, de autoria de Maria Lúcia Lemme
Weiss. A obra aborda a aprendizagem
humana e os fatores que conduzem ao
fracasso escolar.

4.7 Avaliação psicopedagógica

A avaliação psicopedagógica é:

[...] um processo compartilhado de coleta e análise de informações


relevantes acerca dos vários elementos que intervêm no processo de
ensino e aprendizagem, visando identificar as necessidades
educativas de determinados alunos ou alunas que apresentem
dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou desajustes com
respeito ao currículo escolar por causas diversas, e a fundamentar as
decisões a respeito da proposta curricular e do tipo de suportes
necessários para avançar no desenvolvimento das várias capacidades
e para o desenvolvimento da instituição. (COLL; MARCHESI;
PALACIOS, 2007, p. 279).

“De fato, se pensarmos em termos bem objetivos, a avaliação nada mais


é do que localizar necessidades e se comprometer com sua superação”
(VASCONCELOS, 2002). A avaliação psicopedagógica envolve três aspectos
importantes:

 Identificação de fatores responsáveis pelas dificuldades da criança;

 Levantamento das habilidades;

 Identificação das características emocionais.

A avaliação psicopedagógica tem fundamental importância em todo o


processo, proporcionando a intervenção, pois nela se fundamenta as decisões

37
voltadas à prevenção e solução das possíveis dificuldades do envolvido,
promovendo melhores condições para o seu desenvolvimento.

4.7.1 Identificação de fatores responsáveis pelas dificuldades da criança

A identificação de fatores responsáveis pelas dificuldades da criança é


importante na identificação do transtorno e/ou distúrbio de aprendizagem ou
ainda uma dificuldade provocada por outros fatores (emocionais, cognitivos,
sociais). No entanto, deve acontecer uma coleta de dados referente à origem da
dificuldade apresentada pelo indivíduo, assim com a investigação de possíveis
condições familiares, ambiente escolar ou mesmo quadros neuropsiquiátricos,
oportunizando estímulos oferecidos de acordo com o meio em que o indivíduo
está inserido.

4.7.2 Levantamento das habilidades

O levantamento relativo às habilidades cognitivas e acadêmicas refletem


a importância durante as apresentações das dificuldades, as quais incluem o
conhecimento da proposta pedagógica e do profissional, as quais o indivíduo
está submetido; assim como condições que possam facilitar a aprendizagem; a
investigação de situações que envolvem as funções cognitivas (atenção,
memória, etc.)

4.7.3 Identificação das características emocionais

Importante observar na consulta inicial, se há relatos pelos pais como


motivo do encaminhamento para avaliação, muitas vezes pode não só descrever
o “sintoma”, mas também traz consigo indícios que indicam o caminho para início
da investigação. “A versão que os pais transmitem sobre a problemática e
principalmente a forma de descrever o sintoma, dão-nos importantes chaves
para nos aproximarmos do significado que a dificuldade de aprender tem na
família” (FERNÁNDEZ, 1991, p. 144).

Trata-se de uma forma dinâmica, pois são levados em consideração


fatores que determinem a necessidade e na sequência a intervenção.

38
Ela é a investigação do processo de aprendizagem do indivíduo
visando entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado.
Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis, análise do material
escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades e uso de
testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e
dificuldades apresentadas. Durante a avaliação podem ser realizadas
atividades matemáticas, provas de avaliação do nível de pensamento
e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. (COLL;
MARQUESI, PALACIOS, 2007).

Nesse contexto investigação do processo de aprendizagem do indivíduo


visando entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado, refere-se
a identificação das características emocionais. Ainda de acordo com Coll e
Martín (2006), “avaliar as aprendizagens de um aluno equivale a especificar até
que ponto ele desenvolveu determinadas capacidades contempladas nos
objetivos gerais da etapa”.

[...] a avaliação psicopedagógica irá fornecer informações importantes


em relação as necessidades dos seus alunos, bem como de seu
contexto escolar, familiar e social, e ainda irá justificar se há ou não
necessidade de introduzir mudanças na oferta educacional. (COLL;
MARCHESI, PALACIOS, 2007).

Resumo da aula
Nesta aula abordou-se a atuação na avaliação, na intervenção, no
acompanhamento, na orientação de estudos e no ensino de estratégias de
aprendizagem; assim como atuação no diagnóstico do tratamento e na pesquisa
da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque
da relação entre esses aspectos e o funcionamento cerebral.
A neuropsicopedagogia procura promover e integrar os estudos do
desenvolvimento, das funções, das estruturas e das disfunções do cérebro.
Nesse contexto, há duas funções importantes as cognitivas e conativas.
Importante ressaltar que a avaliação e o diagnóstico psicopedagógico
devem estar voltados ao compromisso em promover desenvolvimento,
autoestima e condições de maturidade emocional para resolver problemas; uma
vez que a avaliação psicopedagógica deve ser um processo dinâmico.

39
Atividade de Aprendizagem
[...] É importante ressaltar que a avaliação
neuropsicopedagógica não se restringe apenas à aplicação
de testes e obtenção de resultados, mas depende sobretudo
da capacidade do examinador de interpretá-los e avaliá-los
corretamente”. (FUENTES et. al., 2014, p.414).
De acordo com esta citação, contextualize a importância desse
profissional com base na teoria e prática, objetivando no
alcance dos resultados.

Resumo da disciplina

Ao longo desta disciplina, tivemos a oportunidade de compreender a


importância das Neurociências na educação e aprendizagem, influenciando ao
desenvolvimento cognitivo do indivíduo; dos processos teóricos e práticos que
levam o neuropsicopedagogo em observar, intervir e diagnosticar, de acordo
com suas competências. A neuropsicopedagogia, agregando conhecimentos da
neurociência, proporciona um trabalho preventivo, avaliando e auxiliando os
processos metodológicos, a fim de melhorar o processo de ensino-
aprendizagem.

A atuação do neuropsicopedagogo no ambiente escolar contribui para que


se desenvolvam processos e metodologias, abordando possíveis barreiras para
aprendizagem apresentadas pelas crianças, procurando ligar vários
intervenientes deste processo, tais como: pais, professores e colaboradores que

40
juntos almejam uma melhoria significativa no desempenho acadêmico, social e
emocional da criança.

O uso de estratégias adequadas promovendo um processo dinâmico,


através de atividades desafiadoras, estimulando o cérebro, criando sinapses, as
quais se fortalecem e se estabelecem com mais facilidade. O
neuropsicopedagogo propõe a integração da formação psicopedagógica, o
adequado funcionamento do cérebro, a fim de entender a forma como esse
cérebro recebe, processa e transmite as sensações; mas para isso, o
neuropsicopedagogo necessita estar capacitado e em busca de aprendizado
sobre os distúrbios que cercam o indivíduo.

Assim como, dentro das especialidades das Neurociências, o


neuropsicopedagogo pode ampliar seus conhecimentos, através do atendimento
clínico e institucional.

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral


ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

Referências

ALMEIDA, G. P. Plasticidade cerebral e aprendizagem. In: RELVAS, M. P.


(org.). Que cérebro é esse que chegou à escola?: As bases neurocientíficas da
aprendizagem. Rio de Janeiro: WAK, 2012.
ANDRADE, Maria Siqueira de. Psicopedagogia Clínica: Manual de
Aplicação Prática para Diagnóstico em Distúrbios de Aprendizado. São
Paulo: Póluss Editorial, 2008.
BARBOSA, Laura M. S. Intervenções Psicopedagógicas no espaço
da Clínica. Curitiba: Ibpex, 2010.
BEAR, F. Mark. CONNORS, Barry. Neurociências: Desvendando o
Sistema Nervoso. 3. ed. Porto Alegre, ARTMED, 2008.
BEAUCLAIR, J. Neuropsicopedagogia: inserções no presente, utopias e
desejos futuros. Rio de Janeiro: Essence All, 2014.
BOSSA, Nádia Aparecida. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a
partir da prática. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

41
BRITES, Luciana. Neurociência do aprendizado Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=M0do_ye-R00 Acesso em: Dez/16
CALVIN, W. Como o cérebro pensa. São Paulo: Rocco; 1998.
CAVASOTTO, Eva. CHAGAS, Eva. Intervenções Psicopedagógicas
e os avanços da neurociência. In: Aprender e ensinar: diferentes
olhares e práticas. Org RAMOS, Maria B. Porto Alegre: PUCRS, 2011.
CHEDID, Kátia. Psicopedagogia, Educação e Neurociências.
Psicopedagogia: Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Vol. 10, nº 75 São Paulo: ABPp, 2007.
COGNIFIT. Avaliações neuropsicológicas e programas de estimulação
cognitiva. Disponível em https://www.cognifit.com/br Acesso em: Nov/2016.
COLL, César; MARTÍN, Emília. O construtivismo na sala de aula. 6. Ed.
Itapecerica: Editora Ática, 2006.
CONSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociências e Educação: como o
cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
CORDIÉ, A. Os atrasados não existem: psicanálise de crianças com
fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
DINIZ, D.F.; DAHER, J; SILVA, W. G. da. Neurociências: termos técnicos.
Goiânia: AB, 2008.
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. 2. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991.
FLOR, D.; CARVALHO, T. A . P.de. Neurociências para educador: coletânea
de subsídios para “alfabetização neurocientífica”. São Paulo: Baraúna,
2011.
FONSECA, V. Dificuldades de aprendizagem: abordagem
neuropsicopedagógica. 5ª ed. Lisboa: Âncora;2014.
FONSECA, V. Psicomotricidade e neuropsicologia: abordagem
evolucionista: Rio de Janeiro: Wak; 2009.
FUENTES et al. Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed
2014.p.414.
GAZETA DO POVO. Neurociência aplicada em sala de aula In: Caderno de
Educação [conteúdo extraído do Jornal Estadão de São Paulo]. Curitiba: Jornal
Gazeta do Povo, 2015 [Extraído do Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/neurociencia-aplicada-em-
sala-de-aula-eii81gwa8jsoqy0s7xw59jfpq Acesso em: Dez/16.
GÓMEZ, A. M. S. TÉRAN, N. E. Dificuldades de aprendizagem: detecção e
estratégias de ajuda. São Paulo: Grupo Cultural, 2010.
LIMA, E. S. Desenvolvimento e aprendizagem na Escola: aspectos
culturais, neurológicos e psicológicos. São Paulo: Sobradinho, 2002.

42
LUNDY-EKMAN, Laurie. Neurociência: Fundamentos para a
reabilitação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
MARCHESI, Álvaro. Da linguagem da deficiência às escolas inclusivas. In:
COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús; e cols.
Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos do
desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
MARQUES, José Roberto. O que é Neurociência?. Goiânia: Portal IBC
Coaching, 2016. Disponível em: http://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-
e-psicologia/o-que-e-neurociencia/ Acessado em: Fev/2017.
MELCHIOR, M. C. O Sucesso Escolar Através da Avaliação e da
Recuperação. Porto Alegre: Premier, 2004.
MENESES, Hélem Soares de. Introdução aos Estágios de
Desenvolvimento de Piaget. 2012. Disponível em:
https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-
humano/introducao-aos-estagios-de-desenvolvimento-de-jean-piaget Acesso
em: Nov/16.
NOGUEIRA, Makeliny O. G. Psicopedagogia Clínica: caminhos teóricos e
práticos. Curitiba: Ibpex, 2011.
OLIVEIRA, Mari Angela C. Psicopedagogia: a instituição educacional
em foco. Curitiba: Ibpex, 2009.
PÁDUA. Elisabete M. M. Metodologia da pesquisa: abordagem
teórico-prática. 13ed. CAMPINAS: Papirus, 2004.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de
Aprendizagem. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
PINHEIRO, Raquel. Dificuldades de Aprendizagem: Entrevista Psicóloga e
Neuropsicopedagoga abordando as tipologias dentro das dificuldades de
aprendizagem. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6S25D0xgE5Y Acesso em: Dez/16
Projeto de Lei 3.124/97. Disponível em: http://www.abpp.com.br/pl3124-
1997.pdf Acessado em: Fev/2017.
RELVAS, M. P. Fundamentos biológicos da Educação: despertando
inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro:
WAK, 2007.
RELVAS, Marta Pires. Neurociências e Educação: potencialidades dos
gêneros humanos na sala de aula. Rio de Janeiro: WAK, 2009.
RELVAS, Marta Pires. Sob o comando do cérebro: entenda como a
Neurociência está no seu dia a dia. Rio de Janeiro: WAK, 2014.
RUBINSTEIN, Edith. A psicopedagogia e a Associação Estadual de
Psicopedagogia de São Paulo. In SCOZ, Beatriz Judith Lima (et al).

43
Psicopedagogia: o caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1987, cap. 1.
RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia Clínica:
Introdução, Conceitos, Teoria e Prática. Curitiba: Juruá, 2015.
SBNPp. Código de Ética Técnico Profissional da
Neuropsicopedagogia. Disponível online em:
http://www.sbnpp.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Codigo-de-etica-
atualizado-2016.pdf Acesso em: Fev/2017.

VASCONCELLOS, Celso. Avaliação da aprendizagem: construindo uma


práxis. In: Temas em educação – 1º Livro da Jornadas de 2002. Futuro
Eventos.
VYGOTSKY, LS. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes; 1987.
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão
diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1992.
WEISZ, T.; SANCHEZ, A. O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem. São
Paulo: Ática, 2001.
WINNICOTT, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de janeiro: Imago
Edit, 1975.
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral
ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

44

Você também pode gostar