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Educação/Ensino á Distancia (Conceito)

Antes, Educação a Distancia (EaD) podia ser caracterizada como o sistema educacional onde há
total separação física entre professor e aluno (em contraposição com a Educação Presencial),
hoje, a fronteira entre Educação a Distancia e Educação Presencial encontra-se cada vez menos
nítida. Com a evolução desta modalidade de ensino, muitos académicos dedicaram parte de sua
vida aprofundando-a, originando diversos conceitos de ensino administrado a distância (EAD)

Segundo REIS (1996:13), pode-se conceituar EAD como “a forma de educação em que o
professor/tutor se encontra geograficamente distante do aluno”.

Por sua vez, MORAN (2002), define Educação a Distancia (EaD) como sendo o processo de
ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados
espacial e/ou temporalmente. É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão
normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o
rádio, televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

Entretanto, BAYMA (2004:23) a ideia de Educação Administrada a Distância, é baseada em


uma na aprendizagem isolada dos alunos, em alguns casos tem recebido críticas, devido às
limitações desta no alcance dos objectivos cognitivos e de socialização, além da característica
pouco propícia à motivação do aluno.
“A valorização da Educação, anteriormente limitada ao mundo académico passa a ser, em função
das necessidades do sector produtivo, cada vez mais demandada pelas organizações”

Implementação do EaD no Mundo


Para MAIA e MATTAR (2007), a história da EaD é dividida em três gerações

 Integração de novas mídias (rádio, televisão, fitas de áudio e vídeo e telefone);


 As Universidades Abertas;
 EaD On line (que introduziu o uso do videotexto, do microcomputador, da multimídia, do
hipertexto e das redes de computadores).
Por sua vez MOORE e KEARSLEY (2008) descrevem a evolução da EaD indicando cinco
gerações.
.1ª Geração (Correspondência)
A primeira geração é caracterizada pela oferta de cursos que fazem uso de material impresso,
sendo entregue aos alunos através do correio.

2ª Geração (Transmissão por Rádio e Televisão)


Para Nitzke, Gravina e Carneiro (2008), A utilização do rádio como uma nova forma de ensino
dá início à 2ª geração da EaD. A partir da década de 1950, surge a televisão educativa (anos 30
nos EUA, anos 60 no Brasil). Essas duas médias serviram para a transmissão das aulas e os
alunos poderiam esclarecer suas dúvidas utilizando a correspondência por correio, telefone e,
posteriormente, por fax.

3ª Geração (Universidades Abertas)


Caracterizou-se por diversas experiências em EaD que levaram em consideração:
a) A preparação de recursos humanos;
b) A integração das diferentes tecnologias disponíveis – o material impresso, as transmissões
via rádio e TV, o telefone –, acrescentando-se a elas os vídeos pré-gravados, as conferências
por telefone e os kits com materiais para experiências práticas a serem realizadas pelos
alunos (NITZKE, GRAVINA e CARNEIRO, 2008).
É nas primeiras décadas do século XX, que o processo de institucionalização da EaD ganha
kmaior ênfase, com algumas universidades norte-americanas realizando experiências educativas
com a utilização do rádio e da televisão, como as universidades de Iowa e Purdue e a Kansas
State College.
Na segunda metade do século XX, surgem instituições voltadas especificamente para EaD com
o aparecimento das chamadas Universidades Abertas com o estabelecimento da Open University
do Reino Unido, as ações institucionais na educação secundária e superior impulsionam a
qualidade em EaD.
Na Europa, são criadas as universidades abertas: na Espanha, em 1972, aUniversidad Nacional
de Educación a Distancia (UNED) e na Alemanha, em 1974, a FernUniversität. Experiências
semelhantes são desenvolvidas na Ásia, América Latina, África e Oceania (MORAES, 2007).
4ª Geração (Teleconferências)
Com a disseminação da internet em nível mundial, a tecnologia passa a permitir uma
comunicação mais próxima e frequente entre professor/aluno e aluno/aluno.
Para MOORE e KEARSLEY (2008), a teleconferência é vista como uma tecnologia
significativa, tendo início com a audioconferência (transmissão somente de áudio simultânea e
multidirecional entre os participantes) e, posteriormente, através da transmissão de áudio e vídeo.

5ª Geração (Internet/Web)
Parafraseando MOORE e KEARSLEY (2008) Actualmente, pode-se dizer que se está
vivenciando a 5ª geração da EaD, visto que a internet e as redes de computadores permitem a
convergência de texto, áudio e vídeo em uma única plataforma de comunicação, integrando as
vantagens e tecnologias das gerações anteriores e buscando superar as barreiras geográficas e de
comunicação.

É importante acrescentar que vários programas de EaD apresentam características dessa geração,
tais como a utilização da internet, o apoio de ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), a
transmissão multidirecional de áudio e vídeo e videoconferências.
Em AVA, o aprendiz pode interagir e cooperar com diferentes sujeitos, contextos e objectos de
conhecimento.

Primeiras Experiências com Educação à Distância Moçambique

De uma forma geral, em Moçambique, a provisão de cursos à distância situa-se entre a 2ª e 4ª


geração com grande ênfase para os materiais impressos e o uso da internet.

Parafraseando BUENDÍA (1999: 225) citado por NEELEMAN e NHAVOTO (2003:3) o


governo que assumiu o poder quando o país chegou à independência chefiado pela FRELIMO,
Frente de Libertação de Moçambique, transformada em partido no poder, deu à expansão da
educação um lugar de destaque na sua política de desenvolvimento do país, como mostra um
slogan da época que exortava a "transformar o país numa escola, onde todos ensinam e todos
aprendem"
No seu Terceiro Congresso, em 1977, A FRELIMO, ao analisar a questão do acesso à educação,
deu orientações para "estudar até 1979 as condições para o estabelecimento de um centro
nacional de ensino por correspondência que utilize também a radiodifusão".

Já havia pessoas que faziam cursos por correspondência, principalmente com instituições
portuguesas. Mas isto implicava a transferência de valores em divisas, e com a agudização da
crise económica no país, decidiu-se cortar essas transferências, interrompendo assim, quase
completamente, esta modalidade de estudo (NEELEMAN e NHAVOTO 2003:3).

Em cumprimento das orientações saídas do Terceiro Congresso foi criado, dentro do Instituto
Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), um Departamento de Ensino à Distância
(DED). Este Departamento produziu um documento (Ministério de Educação e Cultura 1980)
que é uma espécie de estudo de viabilidade.
O documento ampliou o conceito de ensino por correspondência e introduziu no país o termo
"ensino à distância". O estudo recomendou que os professores primários fossem considerados o
primeiro grupo alvo do ensino à distância.

O DED seleccionou vinte pessoas para constituírem o primeiro núcleo de especialistas em ensino
à distância no país. Este grupo começou a ser formado a partir de 1983. Em 1984 teve lugar no
país um curso de formação com a duração de cerca de seis meses, dado pelo Instituto de
Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), com financiamento do Governo do Brasil e da
UNESCO.
Os participantes no curso foram treinados em três áreas:
 Elaboração de material radiofónico,
 Elaboração de material escrito
 Planificação e avaliação.
De com acordo BUENDÍA (1999: 229) como produto desta formação foi elaborado um curso
de formação para professores primários que, eles próprios, tinham apenas quatro anos de ensino
primário. O curso deveria elevar os seus conhecimentos ao nível da 6ª classe do ensino
primário, e ao mesmo tempo garantir-lhes a sua formação psicopedagógica.
Foram elaborados materiais escritos e programas radiofónicos. O curso foi testado com cerca de
1300 professores em exercício nalgumas das províncias do país. Os programas radiofónicos,
transmitidos pela Rádio Moçambique, ganharam imediatamente grande popularidade, não apenas
com o grupo alvo, mas também com um grande número de pessoas, ávidas em aumentar os seus
conhecimentos, mas sem possibilidade de frequentar escolas regulares (NEELEMAN e
NHAVOTO, 2003:8)

Mas o pior inimigo da recém-nascida educação à distância foi a guerra. Com as comunicações
cortadas, com as escolas a funcionarem com dificuldades cada vez maiores e com muitos
professores, principalmente nas zonas rurais, enfrentando perigo de vida, a formação de
professores à distância teve que ser interrompida.
O DED deixou de existir como departamento do INDE em 1987 e foi integrado, à força, no
Departamento de Formação em Exercício de Professores do Ministério da Educação. Esta
reorganização mostrou que se tinha perdido a perspectiva de Educação a Distância para todos,
que tinha sido a filosofia do DED.

Em vez disto, a Educação a Distância passou a ser uma modalidade apenas na formação dos
professores. Grande parte dos originais dos materiais escritos e das bobinas com os programas
radiofónicos perderam-se.

Novas Experiências: Formação de Professores

Nos anos noventa, novas experiências foram realizadas com a formação dos professores através
de programas de educação à distância. O Ministério de Educação decidiu criar o IAP (Instituto
de Aperfeiçoamento de Professores) com sede em Maputo, dedicado exclusivamente à formação
de professores à distância.
A prioridade foi dada, de novo, aos professores primários, principalmente àqueles com uma
formação académica equivalente ao ensino primário (7ª série ou menos), sem nenhuma formação
profissional.
Foram contratados os serviços do Centro de Ensino Tecnológico de Brasília (CETEB),
financiados por um crédito do Banco Mundial. Entre 1994 e 1996 foi criada uma equipe de
técnicos de ensino à distância, foi definido o currículo para o curso de 7ª+3 e começou-se a
elaboração de material. Por motivos técnicos, a componente radiofónica foi deixada de fora e o
curso é todo baseado em material escrito.

Situação Actual
A situação actual é bastante influenciada pelo desempenho dos elementos chave da Estratégia de
2001. Após quase vinte anos da reforma do Sistema Educacional de Educação, o ensino a
distância é regulamentado pelo Decreto n. 35/2009. (SILVA et all, 2013:7)
O INED do Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) de Moçambique, criado em
2006 é responsável por emitir normas, parâmetros e padrões para a modalidade no País.

A sua criação, foi um sinal claro do compromisso e do desafio que o país tem pela frente,
relativamente à implementação de sistemas de EaD. Entre 2003 e 2004 foram formados os
primeiros 40 especialistas em gestão de sistemas de EaD, provenientes de todas as províncias do
país.
Tendo em conta que o sucesso da EAD depende sobremaneira de pessoal formado, a estratégia
de 2001, previa acções de formação, tendo sido crucial o curso que durou 9 meses, em 2005,
oferecido pelo consórcio formado pela The Commonwealth of Learning (COL) e pelo South
African Institute for Distance Education (SAIDE).

O curso de nível de pós-graduação formou vinte e cinco (25) técnicos de diversas instituições,
sendo que a maioria continua a trabalhar em EAD, assegurando o funcionamento do sistema em
instituições como a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Universidade Pedagógica (UP),
Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), Ministério da Função Pública, entre outras.

A actualidade da EAD no País ainda é principalmente caracterizada pelo uso do material


impresso, apesar de haver experiências de ensino baseado em plataformas de aprendizagem
como é o caso da UEM, Instituto Superior de Administração Pública (ISAP) e UP.
Relativamente aos materiais impressos, levantam-se questões de custos de sua reprodução,
transporte e disponibilização aos alunos. A conjugação de diferentes recursos tecnológicos como
as plataformas de aprendizagem, livros, CD-ROM, material audiovisual, vídeo e outros ainda
não é muito explorada, o que poderia contribuir na redução de custos de reprodução e
distribuição de materiais.

Em relação aos projectos-piloto constantes da Estratégia de 2001, MOCAMBIQUE (2013:22-23)


foram desenvolvidos quatro (4) cursos, designadamente:
1. Curso de Formação em Exercício de Professores do Ensino Secundário de Física e de Inglês,
implementado pelo Centro de Ensino Aberto e à Distância (CEAD) da Universidade
Pedagógica, com 1184 e 1447 estudantes, respectivamente, em 2013;

2. Curso de Capacitação à Distância para a Frequência do Ensino Superior, cujos materiais


foram desenvolvidos pela Universidade A Politécnica, implementado pelo Instituto de
Educação Aberta e à Distância (IEDA) em articulação com Instituto Nacional de Educação à
Distância (INED, com 500 estudantes na fase piloto (2012-2013);

3. Bacharelato em Gestão de Negócios, implementado pelo Centro de Ensino à Distância


(CEND) da Universidade Eduardo Mondlane, com 665 estudantes, em 2013;

4. Programa do Ensino Secundário à Distância do 2º Ciclo (PESD II), numa articulação entre o
INED, o Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação (INDE), a Direcção Nacional
do Ensino Secundário (DINES) e o IEDA. O PESD II encontra-se em processo de preparação
da implementação da sua fase piloto, com 600 estudantes previstos.

A Estratégia de 2001 incentivou e promoveu o conhecimento sobre a EAD e a formação de


especialistas nesta área, dando origem a mais de 45 cursos à distância, oferecidos por 14
instituições, com cerca de cinquenta e dois mil (52.000) estudantes em frequência.

Desafios da Educação á Distancia em Moçambique


(BRITO, 2010:38).) Afirma, ainda, que são muitos os desafios que o país tem diante da
implementação desta modalidade de ensino e cita-os na seguinte ordem:

 O reduzido número de profissionais e técnicos com competências especificas em EaD de


que o país dispõe;
 A credibilidade da EaD, pelo fato de ainda estarem muito presentes os valores culturais
do modelo tradicional presencial, em grande parte das instituições provedoras,
particularmente de Ensino Superior;
 O forte investimento financeiro inicial que exige a implementação de sistemas de EaD;
 As fracas habilidades de auto estudo, autonomia e leitura e extrema dependência do
professor, que caracteriza a maioria dos estudantes no país;
 O acesso extremamente limitado às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs),
os seus elevados custos, as fracas competências no seu uso e até a inexistência de uma
“cultura de tecnologia”,
Bibliografia

NEELEMAN, Wim & NHAVOTO, Arnaldo. “Educação a Distância em Moçambique”. São


Paulo, Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), 2003.

BUENDÍA Gómez, M. (1999). Educação Moçambicana; História de um Processo: 1962-1984,


Livraria Universitária, Maputo

SILVA, Maria Aparecida da et al DIFERENÇAS E SIMILITUDES DA EDUCAÇÃO À


DISTÂNCIA EM PAÍSES LUSÓFONOS: O CASO DO BRASIL, DE MOÇAMBIQUE E DE
CABO VERDE. X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Belém/PA, 2013

MOCAMBIQUE, Republica de, ESTRATÉGIA DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, 2014-2018,


Maputo, 2013

MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg. A educação à Distância: uma visão integrada.


Trad.Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning, 2008.

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