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Pacheco Palmeira &

ADVOCACIA
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EXMO. (a) SR. (a) DR. (a) JUIZ (a) DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE INHUMAS-GO.

APARECIDO NUNES RODRIGUES, já devidamente


qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe, que lhe move à Justiça Pública,
vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que
esta subscreve, com escritório profissional infra assinalado no rodapé, inconformado com a
respeitável sentença de fls. 185/192, interpor a presente

APELAÇÃO,
com fundamento no art. 593, I, do CPP.

Requer que, após o recebimento desta, com as razões inclusas,


ouvida a parte contrária, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça de
Goiás, onde serão processados e provido o presente recurso.

Termos em que, pede deferimento.

Inhumas-GO, 02 de junho de 2014.

JACKSON VAGNER N. DE SOUZA


OAB-GO sob nº 38.454

RAZÕES DE APELAÇÃO

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Autos nº: 399957-96.2013.8.09.0072 (2013.0399.9573)

Apelante: APARECIDO NUNES RODRIGUES

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Insigne Relator,

O presente recurso tem como escopo a indignação do Recorrente,


com a sentença condenatória de fls. 185/192, que o condenou a uma pena definitiva de 05
(cinco) anos de reclusão a ser cumprida, inicialmente, em regime fechado,
cumulativamente com a pena de multa, fixada em 500 (quinhentos) dias-multa, sob a
suposta prática do delito inscrito no art. 33, caput, da Lei 11.343/06.

Data vênia, a r. decisão merece ser reformada, pelos seguintes


motivos:

1. SÍNTESE DOS FATOS

A sentença condenatória vergastada impingiu ao Recorrente, a


prática do ilícito penal descrito no art. 33, caput, da Lei 11.343/06, imputando-lhe a
conduta descrita na denúncia (fls. 02/03), assim relatada:

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“... Aparecido Nunes Rodrigues tinha em depósito e vendeu, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 16,9 gramas de
substância semelhante a maconha e 5,6 gramas de substância semelhante a crack....”

2. MÉRITO

2.1 – DA ABSOLVIÇÃO

No que tange a autoria dos crime imputado ao Apelante, esta se


mostra duvidosa, impondo-se reconhecer que não há provas suficientes no sentido de
condená-lo pela conduta descrita na denúncia.

Como se vê da prova dos autos, a realidade fática demonstra que


não ocorreu o crime de tráfico de entorpecentes.

Denota-se que a única testemunha que presenciou a prisão do


Acusado foi ALEX ROSA, esta arrolada pelo Ministério Público (fls. 03), depoimento
acostado às fls. 143, onde AFIRMA VEEMENTEMENTE, que não comprou drogas do
Apelante.

Indago pelo Ministério Público:


- “O Senhor tinha comparecido no local para comprar
drogas dele (acusado)?!”

Respondeu a testemunha Alex:


- “Mentira. Nois tava usando...”

Ainda foi-lhe inquirido:


- “O Senhor levou as drogas para usarem juntos?”

Respodeu:
- “Foi....”
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Novamente, foi questionado:


- “Então o Senhor não foi ao local para comprar drogas?”

Respondeu:
- “Não. Eu fui na casa dele para usar.”

Percebe-se, portanto, a insuficiência ou inexistência de provas para


condenar o Acusado, sendo a ABSOLVIÇÃO medida que se impõe.
Denota-se, portanto, a atipicidade da conduta do Apelante, vez que
o mesmo não vendeu drogas a ninguém (sendo que o suposto comprador afirmou não ter
adquirido drogas do Apelante) e, ainda, não tinha em depósito (haja vista que Alex Rosa
afirmou que levou as drogas para usarem juntos), ou seja, o Apelante não era proprietário
da droga, tendo acolhido a pessoa de Alex em sua casa para juntos consumirem drogas,
conforme depoimento gravado em DVD às fls. 143.

Todavia, a r. sentença atacada, firmou-se tão somente nos isolados


e desconexos depoimentos prestados por policiais que participaram da prisão do Apelante.

Neste sentido já posicionou o Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás:

"APELAÇÃO CRIMINAL. RESISTÊNCIA. LESÕES


CORPORAIS. PROVA.
TESTEMUNHO POLICIAL ISOLADO.
INADMISSIBILIDADE. ABSOLVIÇÃO. TAL COMO
QUALQUER OUTRA PROVA, O DEPOIMENTO DE
POLICIAIS DEVE SER CONSIDERADO EM CONJUNTO E
COM A MESMA CAUTELA DISPENSADA A PROVA
INDICIARIA OU A DELAÇÃO EXCLUSIVA DE CO-
PROCESSADO, MORMENTE NA EXISTENCIA DE INDICIOS
DE ABUSO NO DESEMPENHO FUNCIONAL, POR RESPEITO
AOS PRINCIPIOS DO CONTRADITORIO E DA NAO
CULPABILIDADE. SENDO DUVIDOSA A PRATICA DE
RESISTENCIA A PRISAO E SOBRE QUEM FOI O EFETIVO
AUTOR DAS LESOES CORPORAIS, IMPOE-SE A
ABSOLVICAO, NOS TERMOS DO ARTIGO 386, INCISO VI
DO CPP. APELO PROVIDO." (TJGO - 2A CAMARA
CRIMINAL – RELATOR DR(A). G. LEANDRO S. CRISPIM
– PROC. Nº 200601505594).
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Acrescente-se ainda, a negativa da autoria em Juízo por parte


do Apelante (fls. 103), coerente com o depoimento da testemunha ministerial Alex
Rosa, a qual foi informada na denúncia como sendo pessoa que supostamente fora
flagrada adquirindo drogas do Apelante. O que não ficou comprovado na instrução
processual!

É evidente que para haver condenação há necessidade de que


disponha o juiz de prova da materialidade do delito e de que, aproveitando
CARRARA, “a prova seja certa como a lógica e exata como a matemática, no
sentido de que o acusado efetivamente foi o autor do delito em julgamento”.

No mesmo caminho, o Ministro da Suprema Corte Brasileira


MARCO AURÉLIO MELLO, em recente julgamento do emblemático caso
conhecido como mensalão, destacou: “antes ter um culpado solto que um inocente
preso".

Portanto, ante a insubsistência das provas e a negação da


autoria pelo Apelante, torna-se solução mais justa a ABSOLVIÇÃO.

SUBSIDIARIMANTE

2.2 – DA DESCLASSIFICAÇÃO

Caso não seja acolhido o pedido de provimento do apelo


para a absolvição do réu, requer a desclassificação do crime de tráfico para o de uso,

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previsto no art. 28 da Lei 11.343/06, sendo que fora por demais esclarecido, que Alex
Rosa foi à residência do Apelante, levando drogas para juntos consumirem.

Ademais, não fora encontrado nenhum objeto típico da atividade


ilícita de tráfico de entorpecentes, tais como: balança de precisão, grande quantidade de
drogas, arma de fogo e, ainda, pessoas que tenham adquirido drogas do Acusado.

Na remota hipótese de condenação, que seja contemplado com a


diminuição da pena descrita no § 4º do art. 33 da lei 11.343/06, sendo o Apelante
TECNICAMENTE PRIMÁRIO (fls. 41/43), PROFISSÃO DEFINIDA (fls. 62/63) E
ENDEREÇO FIXO (fls.61).

2.2 – DA DIMINUIÇÃO DA PENA - BONS


ANTECEDENTES

Na r. sentença condenatória, o MM. Juiz a quo deixou de


reconhecer a benesse legal prevista no § 4º, do art. 33, da Lei 11.343/06 sob o argumento
que o Apelante não possui bons antecedentes. Todavia, em que pese às razões da decisão
objurgada, não deve prevalecer, nos termos abaixo aduzidos.

Quanto aos antecedentes criminais, deverá ser reconhecido


tecnicamente como bons, podendo-se aferir na Certidão de Antecedentes Criminais às fls.
41/43, que o Apelante fora Acusado na Ação Penal 9000453712, por situação incursa no
art. 129 do CP, cuja pena prevista é de detenção, de três meses a um ano. A citada ação
fora distribuída em 28/02/1990, ou seja, anterior à Lei nº 9.099/95, a qual definiu as
infrações penais de menor potencial ofensivo e a possibilidade da transação penal, a qual
afasta a inscrição em antecedentes criminais.

Quanto à Ação Penal 9100602710, observa-se que fora absolvido


em 01/08/1994.

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No que diz respeito ao Termo Circunstanciado de Ocorrência nº
2000.0141.7953, verifica-se que houve acordo entre as partes, não podendo ser inscrito
em antecedentes criminais.

Portanto, requer a este Egrégio Tribunal, na hipótese de manter a


condenação do Apelante, que seja reconhecida a benesse legal prevista no § 4º, do art.
33, da Lei 11.343/06, nos termos anteriormente demonstrados.

3. DOS PEDIDOS

3.1 - Espera o Apelante, seja o presente recurso conhecido, vez


que próprio e tempestivo, julgando suas razões procedentes, declarando assim a
ABSOLVIÇÃO do Apelante, devido à insuficiência de provas.

3.2 – SUBSIDIARIAMENTE, caso não seja assim acatado, que


opine pela desclassificação do crime de tráfico de drogas para o de uso de entorpecentes,
com fulcro no art. 28 da lei 11.343/06;

3.3 – Na hipótese de condenação, que seja reconhecida a benesse


legal descrita no § 4º do art. 33 da lei 11.343/06;

Por ser medida de direito de mais elevado senso de justiça,


aguarda deferimento.

Inhumas-GO, 02 de junho de 2014.

JACKSON VAGNER N. DE SOUZA


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