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Conteúdo - Controle e

Constitucionalidade
Constitucionalismo
O que é constitucionalismo?
A concepção de valorização da Constituição do país, bem como a delimitação do
poder por meio de um documento legal que rege as regras e normas de uma nação.

O constitucionalismo diz respeito ao reconhecimento, de forma intelectual, do que


está escrito na Constituição Federal.

Características do Constitucionalismo
Por mais que seja um conceito novo, oriundo de um movimento antigo, o
constitucionalismo já passou por diversas fases, portanto, suas características
também foram modificadas ao longo dos anos.
Por exemplo, a principal característica do Constitucionalismo Antigo eram a
ausência de lei escrita e as constituições costumeiras. Já o Constitucionalismo
Moderno, que permaneceu até o fim da Segunda Guerra Mundial, teve como
particularidade o surgimento das primeiras constituições formais, divididas entre
social, liberal e clássica.

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Por sua vez, o constitucionalismo atual, ou neoconstitucionalismo, como também é
conhecido, tem como principal característica o surgimento da ideia de pluralismo,
em que a diversidade cultural presente na sociedade é reconhecida pelo Estado.
No entanto, essa fase não fica apenas nisso, pois há ainda um reconhecimento da
força normativa, que vem como a centralidade dos direitos considerados
fundamentais para o andamento da vida coletiva.
Assim, é um movimento favorável para o crescimento do Estado Democrático de
Direito, como é o caso do Brasil, e para a participação popular nos processos
sociais e políticos que fazem a sociedade.

Quando se originou o Constitucionalismo?


Não há registros exatos de quando surgiu o constitucionalismo, no entanto, há
menções do conceito a partir do século V. Ou seja, desde que o mundo existe e há
organização de ações, o constitucionalismo e suas características fazem-se
presentes.

Constitucionalismo Brasileiro
O constitucionalismo no Brasil, assim como nos demais lugares, tem como principal
intuito garantir os direitos e deveres do povo, seguindo a linha do documento que
rege o país. Essa limitação do poder tem como objetivo permitir que as garantias
fundamentais sejam mantidas, bem como a ordem do Estado.

Doutrina
Segundo a qual é necessária uma constituição escrita para limitação do poder +
garantias das liberdades:
a) Ou porque consagra os direitos humanos (norma congente);

b) porque estabelece a divisão do poder.


Realização do controle de constitucionalidade como mecanismo de conservar a
Constituição.

Teoria

O Direito Constitucional é definido por sua fonte → a Constituição.

História das Constituições

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Segundo o filósofo italiano Norberto Bobbio, uma Constituição não contém apenas
normas relativas à organização do Estado, mas também às que dizem respeito aos
direitos à liberdade e aos direitos sociais. O Brasil já teve sete Constituições desde
o Império. Todas elas foram criadas em momentos significativos da história
brasileira, que marcaram a necessidade de uma nova Carta Constitucional. O
processo de criação das constituições brasileiras foi marcado pela alternância de
períodos democráticos e autoritários.

1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1988.

Classificação dos poderes do Constitucionalismo


Constitucionalismo antigo
Da antiguidade até fim do século XVIII (começo das revoluções liberais). Possui
como características a inexistência de lei escrita e as constituições costumeiras.
Como experiências marcantes existem os Estados teocráticos, ou seja, Hebreus e
Grécia democrática.

Constitucionalismo moderno
Do fim do século XVIII ao fim da segunda guerra. Possui como características o
surgimento das primeiras constituições formais e escritas e a influência das
revoluções liberais. Divide-se em constitucionalismo clássico ou liberal e social.

Elementos do Constitucionalismo
Constituição escrita

É aquela cujas normas - todas escritas - são codificadas e sistematizadas em


texto único e solene, elaborado racionalmente por um órgão constituinte.

Constituição rígida

Determina procedimento especial e solene para a sua modificação, não


admitindo ser alterada da mesma forma que as leis ordinárias.

Garantia dos direitos fundamentais

Divisão do poder

Legislativo, Executivo e Judiciário.

Controle de Constitucionalidade

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O controle da constitucionalidade se apresenta nos sistemas político,
jurisdicional e misto. Dá-se o controle político quando essa função está entregue
a um órgão de natureza política, como o próprio parlamento, ao Senado, ou
mesmo a uma corte especial, constituída através do processo político para esse
exame. O controle jurisdicional – judicial review – é o sistema que entrega aos
órgãos do Poder Judiciário essa defesa da Constituição, é o sistema adotado no
Brasil. Já no sistema misto, algumas leis são controladas por um órgão político
e outras por órgão jurisdicional.

Órgão encarregado do controle de Constitucionalidade

O Poder Legislativo, Executivo e Judiciário.

Constituição
É o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

Sistemas de normas que regular a forma do Estado, a forma de governo, o


modo de aquisição do poder e o seu exercício, o estabelecimento de seus
órgãos e os limites de sua ação.

Classificação das Constituições


Quanto ao conteúdo
Material

Materialmente, identifica-se como as normas que regulam a estrutura do Estado, a


sua organização e os direitos fundamentais.
Formal

Formalmente, constituição é o modo de ser do Estado, estabelecido em documento


escrito. Tudo o que estiver na constituição é matéria constitucional.

Quanto à forma
Escrita

É constituição consistente num código, num documento único sistematizado.

Não escrita

É a constituição consistente em normas esparsas, não aglutinadas em um texto


solene, centrada nos usos e costumes, na prática política e judicial.

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Quando ao modo de elaboração
Dogmáticas

São as constituições escritas, elaboradas por um órgão especialmente designado


para esse fim, normalmente designado Assembleia Nacional Constituinte. Adota
expressamente a ideia de direito prevalente num momento dado.

Históricas
São as constituições consuetudinárias, fruto de uma lenta e contínua síntese da
história e da tradição de um povo.

Quanto à origem
Promulgadas
São as constituições elaboradas por um órgão constituinte previamente escolhido
pelo povo para o fim de elaborar a constituição.

1891, 1934, 1946 e 1988

Outorgadas

São impostas unilateralmente por quem detenha, no momento da imposição, o


poder político, a força suficiente para tanto, sem participação popular.

1824, 1937 e 1967

Czarista
São outorgadas mas dependem de ratificação popular através do referendo.

Quanto à estabilidade
Rígida

Dá-se quando a própria constituição estabelece um processo mais oneroso e


solene, diferente da legislação ordinária, para a sua reforma. Toda constituição tem
pretensão de permanência, porquanto documento fundamental do sistema jurídico
de um Estado, não pode estar sujeita a mutações ao sabor das dificuldades
passageiras. Essa permanência, entretanto, não quer dizer imutabilidade. Os
próprios conceitos da ciência política estão sujeitos a um processo evolutivo. Tome-
se o conceito de Democracia.

Flexível

São as constituições que não exigem, para sua atualização ou modificação,


processo distinto daquele referente à elaboração das leis. Podem ser alteradas por

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procedimento legislativo ordinário, razão pela qual também são chamadas de
plásticas.

Super rígida
Alguns pontos são imutáveis (núcleo intangível, petrificado, clausulas pétreas) ao
passo que outros depende de um procedimento legislativo especial.

Obs.: não há constituição imutável


OBS.: A Constituição é um sistema de normas (forma) tendo como conteúdo a
conduta humana motivada por relações sociais (religiosa, econômica…) e com fim a
realização de valores que afrontam para o existir da comunidade, cuja causa
(criadora/ recriadora) é o poder que emana do povo.

Objeto da Constituição
Estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus poderes/ órgãos, o modo
de aquisição e os limites do poder, assegurar os direitos e garantias pros indivíduos,
fixar o regime político e disciplinar os fins econômicos do estado, bem como os
fundamentos do direitos econômicos do estado, bem como os fundamentos dos
direitos econômicos sociais e culturais.

Tudo que não se refira ao objeto da constituição, mas consiste do texto


constitucional, o será apenas sob o ponto de vista formal (por estar na constituição).

Elementos de Classificação
Orgânicos: organizam a estrutura do Estado.

Limitativos: limitam o poder do Estado resguardando direitos ao cidadão.

Sócio ideológicos: apresentam um compromisso da Constituição entre o Estado


individualista e o Estado social.

Estabilidade constitucional: são normas que trazem a solução de conflitos


constitucionais, bem como a defesa da Constituição, do Estado e das instituições
democráticas.

Formas de aplicabilidade: são normas que estabelecem regras de aplicação da


Constituição Federal.

Princípios fundamentais

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Relativos à existência, forma, estrutura e tipo de Estado

💡 CF, Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Relativos à forma de governo e à organização dos poderes

💡 CF, Art. 1º.


Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Relativos à organização da sociedade

💡 CF, Art. 1º, IV.


Art. 3º, I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

Relativos ao ato de regime político

💡 CF, Art. 1º, I, II, III e V.

Relativos à prestação positiva internacional

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💡 CF, Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil:

II - garantir o desenvolvimento nacional;


III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Relativos à comunidade internacional

💡 CF, Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

Sistema Político
Forma Estado: Unitário e Federal
A diferença é que no Estado Unitário, há apenas descentralização administrativa,
enquanto no Estado Federal vigoram as descentralizações política e administrativa.

A descentralização administrativa é necessária a qualquer Estado, dado que para


executar os diversos serviços públicos precisa-se de entidades dotadas de
personalidade jurídica, ou seja, capazes de contrair obrigações e exigir direitos. O
ponto diferencial, no entanto, é a existência, no Estado Federal, de Entes dotados

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de autonomia política e organizacional a tal ponto que possuem Constituições
próprias.
Assim, pode-se dizer que a possibilidade de auto-organização, tendo uma
Constituição própria, a autonomia financeira e orçamentária, que são dadas aos
Estados-membros, são o toque que marca a separação do que seria um Estado
Unitário.

Forma de Governo: República e Monarquia


Na república, forma adotada pelo Brasil em 15 de novembro de 1889, o país é
representado por um Chefe de Estado, eleito pelos cidadãos, que exerce a sua
função durante um tempo limitado.
Na monarquia, forma de governo vigente no Brasil antes da proclamação da
república, o país é governado pelo rei, ou monarca, que exerce a função de chefe
de Estado sem limites de poder ou tempo. Não há eleição, o poder decorre da
hereditariedade, apenas integrantes da família real podem chegar ao cargo de rei.
Atualmente, o tipo de monarquia mais comum é a monarquia constitucional, ou
parlamentarista, na qual o rei exerce a função de Chefe de Estado, mas a função de
chefe de governo é exercida pelo primeiro-ministro, que é eleito pelo povo e
fiscalizado pelo parlamento.

Regime de Governo: Presidencialismo e Parlamentarismo


O presidencialismo é um sistema de governo marcado pela concentração de poder
na figura do presidente. Isso não significa que os poderes presidenciais são
ilimitados, pois esse sistema possui mecanismos legais para impedir abusos nesse
sentido.
O parlamentarismo pode ser adotado tanto em monarquias quanto em repúblicas e
pode permitir que um mesmo político se sustente no poder por muitos e muitos
anos. Isso depende dos resultados de seu partido nas eleições gerais. Sistemas
parlamentaristas permitem que o governo seja substituído com maior facilidade,
mas isso varia com base na legislação de cada país.

Regime Político: Democracia e não democracia


A democracia, em linhas gerais, é o exercício do poder político por parte do povo.
Outra palavra que acompanha a democracia, desde a sua origem, é a palavra
cidadania, que significa, em geral, a condição daquele que toma parte da cidade,
com seus direitos e obrigações previstos pela constituição.

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→ Direita
Acontece quando a população participa diretamente de todas as decisões da
esfera política por meio de votações, assembleias ou consultas populares.

→ Indireta
Acontece quando o povo elege representantes que serão os responsáveis por
decidir em nome da população. São eleitos para mandatos políticos com
validade determinada e, teoricamente, devem agir em prol de seus eleitores.
→ Semidireta

Acontece por meio de representação de políticos em mandatos, mas também


pode contar com a participação da população em certos momentos.
Não democracia:

→ No absolutismo a administração dos reinos era realizada pelos monarcas em


parceria com os ministros, isto é, pessoas indicadas pelo próprio rei para assumir
cargos de importância técnica e que atuavam como conselheiros reais.

→ A ditadura é um regime antidemocrático que se baseia no governo de um ditador.


Para exercê-lo, o dirigente se apoia em apenas um partido político cuja ideologia
será a única considerada correta e na censura.
→ O autoritarismo como forma de governo assume o lugar de destaque quando um
governante ou um grupo de pessoas que participam do governo assumem o poder e
não reconhecem aos cidadãos (aqueles que participam da cidade) o seu direito de
tomada de decisão política. Os regimes autoritários, muitas vezes, atuam à revelia
das leis constitucionais, tomando medidas arbitrárias que, de algum modo, alteram a
vida política e pública das pessoas.

Sistema Político
Forma de Estado Federal

Forma de Governo República

Regime de Governo Presidencialismo

Regime Político Democrático (semi-direta)

Voto ⇒ Art. 14 CF

Poder Constituinte

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Conceito
O poder constituinte é a capacidade política em criar, alterar ou eliminar a vigência e
o conteúdo de uma Constituição. Segundo a doutrina moderna, a titularidade e a
legitimidade desse poder é de competência do povo. O poder constituinte pode ser
categorizado em originário, derivado, difuso e supranacional.

Poder Constituinte Originário


É o poder que rompe com a ordem jurídica anterior e inicia uma nova (por isso
inicial), originando um novo Estado. O poder constituinte originário é dotado de
algumas características, é autônomo, pois o poder será exercido de forma soberana
para a elaboração da nova Constituição; e também é ilimitado juridicamente por não
precisar se submeter aos princípios propostos na Constituição anterior. É um poder
de fato, político e permanente, pois a nova ordem jurídica estabelecida se inicia não
anteriormente, mas com a materialização do poder (natureza pré-jurídica); e uma
vez que o poder constituinte originário não é consumido na elaboração de uma nova
Constituição, conservando-se no modo de expressão da liberdade humana.

Poder Constituinte Derivado


O poder constituinte derivado também pode ser chamado por poder constituinte
instituído, constituído, secundário, de segundo grau e remanescente. Esse poder é
criado e estabelecido pelo poder originário, por esse motivo tem a obrigação de
atender as exigências impostas pelo originário para a produção das normas
constitucionais, tornando-se limitado. Derivam do poder constituinte originário o
reformador, o decorrente e o revisor, e pela derivação, todos são limitados e
vinculados ao poder constituinte originário, caracterizados como poder jurídico.

Reformador
Tem a função de alterar a Constituição vigente, seguindo os protocolos
estabelecidos pelo originário e, sem que para isso ocorra uma revolução. Esse tipo
de poder possui natureza jurídica e é percebido pelas emendas constitucionais.

Decorrente
Tem a finalidade de construir ou alterar a Constituição dos Estados-Membros, uma
vez que a esses foi estabelecido pelo poder originário a capacidade de auto-
organização, autogoverno e auto-administração, desde que respeitem as
determinações do poder constituinte originário.

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Revisor
É incumbido de inspecionar a Constituição por processos simples, de acordo com o
art. 3.º do ADCT, a revisão constitucional seria realizada após cinco anos, a partir da
data da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros
do Congresso Nacional, em sessão unicameral. A revisão deve ser feita por pelo
menos após cinco anos, podendo ser executada a maior prazo e apenas uma única
vez produzir efeitos, sendo permitido pelo mesmo artigo a elaboração de seis
emendas constitucionais revisoras, sendo o poder esgotado após a realização do
processo.

Constituições e Ordem Jurídica Anterior


Trata-se da relação do direito com o tempo, os direitos que foram conquistados, a
retroatividade e irretroatividade das normas e do abuso dos governantes.

Recepção
Trata das leis que se tornaram infraconstitucionais a partir da manifestação da nova
Constituição. Essas leis não são classificadas como inconstitucionais, porém são
revogadas, uma vez que existe incompatibilidade com as definições da nova
Constituição, e dessa forma, fala-se que essas leis sofrem carência de recepção,
enquanto as leis convergentes com a Constituição recém construída são
recepcionadas.
É possível que apenas fragmentos da lei sejam recepcionados, sendo que a
recepção e a revogação ocorrem no momento da promulgação da nova
Constituição.
Para que uma norma seja recepcionada, analisa-se primeiro sua compatibilidade
com a Constituição vigente à época de sua edição (tanto em sua forma quanto em
sua matéria), e então, sendo compatível com aquela, analisa-se a compatibilidade
material com a nova Constituição.
Portanto, é possível que uma norma incompatível formalmente com a nova
Constituição seja recepcionada em razão de sua matéria.

Repristinação
A repristinação é o fenômeno jurídico pelo qual normas revogadas voltariam a viger
em razão da revogação da norma que as havia revogado. Assim, por exemplo,
normas revogadas pela Constituição anterior poderiam voltar a viger em razão da

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revogação daquela. No Brasil, para que esse fenômeno ocorra deve haver previsão
expressa nesse sentido.

Desconstitucionalização
Discorre sobre as leis compatíveis com a nova Constituição, as quais são
recepcionadas com a condição de lei infraconstitucional. Como regra a
desconstitucionalização não ocorre no Brasil, mas pode ocorrer se o poder originário
ao estabelecer a nova ordem jurídica expressar que assim seja.

Recepção Material de Normas Constitucionais


Nessa recepção, as normas da Constituição anterior que forem compatíveis com a
nova Constituição seriam recepcionadas e aceitas por tempo determinado. A
recepção material ocorre somente se a nova ordem jurídica assim decidir, caso
contrário as normas da antiga Constituição serão revogadas devido a regra da
compatibilidade horizontal de normas de mesma hierarquia, a qual determina que a
norma mais recente revoga a anterior.

Classificação das Normas Constitucionais


Teoria da Escada Ponteana
A Teoria da Escada Ponteana consiste na definição de uma tricotomia de planos que
formam um negócio jurídico, sendo eles o da existência, da validade e da eficácia.
Esta teoria possui esse nome em alusão ao seu criador, Pontes de Miranda. Embora
não tenha sido adotada plenamente pelo Código Civil de 2002, pois este não
menciona os requisitos de existência, pois o legislador tratou diretamente a partir do
plano de validade, esta teoria é utilizada pela doutrina para o estudo e compreensão
do negócio jurídico.

Existência
Trata do que deve existir para que o negócio jurídico efetivamente exista, sendo,
portanto, quatro substantivos: agente, vontade, objetivo e forma. Neste ponto, é
verificado se o negócio jurídico realmente existe, pois caso não apresente esses
quatro elementos mencionados, ele será considerado como inexistente.

Validade

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Outro plano é a validade. Este possui previsão disposta no art. 104 do Código Civil
de 2002, sendo considerado como essencial para o negócio jurídico. Os elementos
que o constitui são adjetivos: capaz; livre; lícito, possível determinado ou
determinável; e prescrita ou não defesa em lei.

Eficácia
Este é o momento em que os fatos jurídicos produzem efeitos, situação em que já
se passou pelo plano da existência, depois da validade, chegando ao da eficácia. É
quanto, por exemplo, leva-se a registro a aquisição de um imóvel, fazendo com que
o contrato de compra e venda tenha efeitos entres os contratantes; ou quando a
compra de um bem móvel é efetivada, transferindo-se a propriedade por meio da
tradição (entrega do produto).

Concluindo
Esta Teoria Ponteana que define os planos que constituem o Negócio Jurídico é a
base para a verificação da sua existência/inexistência, assim como da sua
validade/invalidade. Se for constada a inexistência, o ato não entra no mundo
jurídico. Mas se o ato for existente, passa-se a análise da sua validade, verificando
se o negócio é válido ou não. Se for considerado inválido, deve-se definir se é nulo
ou anulável. E, por fim, vencido plano da existência e da validade, entra-se no da
eficácia, momento que o ato produz efeitos.

Classificação segundo José Afonso da Silva


Classifica as normas constitucionais em três categorias:

Normas de aplicabilidade imediata e eficácia plena


São aquelas que não necessitam de regulamentação infraconstitucional, visto que
desde o momento da promulgação da Constituição, já estão aptas a produzir efeito.
Ex: art. 48, CF.

Normas de aplicabilidade imediata e eficácia contida


São normas em que o legislador constituinte possibilitou ao legislador
infraconstitucional restringir seus efeitos. Assim, com a promulgação
da Constituição, elas surtem efeitos em sua plenitude, mas uma lei
infraconstitucional pode restringi-los. Ex; art. 5º, XIII, CF.

Normas de aplicabilidade imediata e eficácia limitada

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Estas normas necessitam de regulamentação infraconstitucional para que surtam
efeito de maneira plena. Dividem-se em:
a) normas de eficácia limitada de princípios institutivos: traçam parâmetros para
que o legislador infraconstitucional estabeleça a estrutura de órgãos, entidades ou
institutos. Ex: art. 33, CF;
b) normas de eficácia limitada de princípios programáticos: são aquelas em que
o legislador constitucional traçou princípios e objetivos a serem alcançados com o
objetivo de realizar os fins sociais do Estado. Ex: ar. 3º, CF.

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