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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à distância


Centro de Recursos de Maputo

A Pessoa como Sujeito Moral (A Pessoa Humana)

Discente: Aida Luísa Manuel Pires/708239145


Curso: Licenciatura em ensino da língua portuguesa
Cadeira: Introdução à Filosofia
Ano de Frequência: 2º

Maputo, Maio de 2024


Índice

1.Itrodução........................................................................................................................................1

1.1.Objectivos...............................................................................................................................2

1.1.1.Objectivo geral.................................................................................................................2

1.1.2.Objectivos específicos......................................................................................................2

1.2.Metodologia............................................................................................................................2

2.Pessoa como Sujeito Moral (A Pessoa Humana)..........................................................................3

2.1.Conceitos de Pessoa como Sujeito Moral...............................................................................3

3.Pessoa como sujeito moral (a pessoa humana)..............................................................................4

3.1.Características da pessoa e suas descrições............................................................................5

3.2.Natureza e o papel da pessoa na sociedade e no universo......................................................6

3.3.Desenvolvimento moral..........................................................................................................7

3.4.Desenvolvimento da consciência moral.................................................................................7

Conclusão.........................................................................................................................................9

Referências bibliográficas..............................................................................................................10
1.Itrodução.

A complexidade da Pessoa como sujeito moral é uma temática que transcende as fronteiras
disciplinares, mergulhando na interseção da filosofia, da psicologia, da ética e do direito. Ao
abordarmos este tema, somos desafiados a explorar as múltiplas dimensões que compõem a
experiência humana, desde as suas relações interindividuais até às questões metafísicas que
permeiam a sua existência.

O conceito de Pessoa revela-se multifacetado, variando conforme a perspectiva adotada. Na


esfera jurídica, a Pessoa é reconhecida como titular de direitos e obrigações, enquanto na
psicologia é vista como um ser dotado de emoções, pensamentos e comportamentos singulares.
Na ética, a Pessoa emerge como agente moral, capaz de discernir entre o bem e o mal e de agir
em conformidade com princípios éticos. A abordagem personalista ressalta a dignidade intrínseca
de cada indivíduo, enquanto a visão social enfatiza a interdependência e a coletividade.

As relações da Pessoa com o mundo, com outros seres humanos, com a natureza e consigo
mesma constituem um campo fértil para a reflexão ética. A noção de consciência moral,
permeada por graus variados de discernimento, desafia-nos a explorar os fundamentos da ética
individual e os dilemas morais que surgem no contexto das decisões humanas.

A relação da Pessoa com Deus, seja numa perspectiva teológica ou espiritual, lança luz sobre
questões existenciais e éticas profundas, enquanto a relação com o trabalho revela aspectos
éticos, sociais e pessoais da atividade laboral.

Neste contexto, este trabalho propõe-se a explorar os diversos aspectos que compõem a Pessoa
como sujeito moral, mergulhando nas complexidades e nas interconexões que definem a sua
experiência ética e moral. Ao fazê-lo, almejamos não apenas compreender a Pessoa em sua
plenitude, mas também refletir sobre o papel da ética e da moralidade na construção de
sociedades mais justas e compassivas.

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1.1.Objectivos

1.1.1.Objectivo geral

 Investigar e compreender a Pessoa como sujeito moral, explorando as diversas


perspectivas e dimensões que envolvem a sua existência ética e moral.

1.1.2.Objectivos específicos

 Analisar as diferentes concepções de Pessoa nas áreas jurídica, psicológica, ética,


personalista, social e metafísica, destacando as suas implicações para a compreensão da
moralidade humana.
 Investigar as relações da Pessoa com o mundo, outros seres humanos, natureza, consigo
mesma e com Deus, examinando os desafios éticos que emergem dessas interações.
 Explorar os aspectos da ética individual, incluindo a consciência moral e os graus de
discernimento ético, a fim de compreender como a Pessoa toma decisões e se posiciona
diante de dilemas morais.

1.2.Metodologia

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método
indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular
para uma questão mais ampla, mais geral.

Para Lakatos e Marconi (2007), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo
de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a
conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais me baseio.

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2.Pessoa como Sujeito Moral (A Pessoa Humana)

2.1.Conceitos de Pessoa como Sujeito Moral

Segundo Santos (2020) apresenta conceito de Pessoa nas várias perspectivas (Jurídica,
Psicológica, Ética, Personalista, Social, Metafísica):

 Perspectiva jurídica: Na perspectiva jurídica, a pessoa é vista como um sujeito de


direitos e obrigações. No direito, uma pessoa pode ser definida como um indivíduo dotado
de capacidade jurídica, ou seja, apto a adquirir direitos e contrair obrigações. Isso pode
incluir tanto pessoas físicas (indivíduos) quanto pessoas jurídicas (entidades como
empresas e organizações). A legislação define os direitos e responsabilidades das pessoas,
garantindo a protecção dos seus interesses e a promoção da justiça.
 Perspectiva psicológica: Na perspectiva psicológica, a pessoa é estudada como um ser
dotado de cognição, emoções, comportamentos e experiências individuais. A psicologia
explora aspectos como personalidade, desenvolvimento humano, motivação e saúde
mental para entender a complexidade da pessoa.
 Perspectiva ética: Na perspectiva ética, a pessoa é considerada um agente moral dotado
de capacidade para tomar decisões éticas e agir de acordo com valores e princípios
morais. A ética investiga questões como o bem e o mal, a justiça, a virtude e a
responsabilidade moral. A pessoa é vista como responsável por suas ações e sujeita a
julgamento moral com base em critérios éticos. Diversas correntes éticas, como o
utilitarismo, o deontologismo e a ética das virtudes, oferecem diferentes abordagens para
orientar o comportamento moral da pessoa.
 Perspectiva personalista: Na perspectiva personalista, a pessoa é vista como um ser
único e irrepetível, dotado de dignidade intrínseca e valor inalienável. O personalismo
enfatiza a importância do respeito pela pessoa como fim em si mesma, rejeitando
qualquer forma de instrumentalização ou tratamento desumano. Essa abordagem destaca a
dimensão relacional da pessoa, reconhecendo sua interdependência com outros indivíduos
e a sociedade como um todo.
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 Perspectiva social: Na perspectiva social, a pessoa é considerada um membro de uma
comunidade ou sociedade, influenciada por normas, valores e estruturas sociais. A
sociologia e outras ciências sociais investigam como fatores como classe social, gênero,
etnia e cultura moldam a identidade e as experiências das pessoas dentro de contextos
sociais específicos. Essa perspectiva destaca a importância do contexto social na
formação e no comportamento da pessoa.
 Perspectiva metafísica: Na perspectiva metafísica, a pessoa é vista em relação ao seu
lugar no universo e à sua natureza ontológica. Questões metafísicas exploram a natureza
da existência, da identidade pessoal e do sentido da vida. Filósofos e pensadores têm
debatido temas como a relação entre corpo e mente, a continuidade da identidade pessoal
ao longo do tempo e a possibilidade de uma alma ou essência transcendente que define a
pessoa.

3.Pessoa como sujeito moral (a pessoa humana)

A atividade moral no âmbito do sujeito é marcada por grandes transformações, que ocorreram no
ciclo histórico da humanidade desde a experiência filosófica, social, cultural, entre outras
experiências vivenciais. No desenvolvimento da humanidade, os questionamentos sobre vontade,
liberdade, atos e consciência foram dotados de grandes reflexões e direcionados unicamente para
o homem e seu entendimento (Lima, 2019)..

Segundo Mendes (2018) a necessidade de ter uma consciência individual para obter uma
responsável imagem social é também responsabilidade deste sujeito moral. Uma vez que, suas
atitudes, palavras e intenções serão questionadas e julgadas, garantirão uma ética, fundada em
princípios e valores que norteiem o viver em comunidade.

Dos principais fundamentos da ação moral é a imputabilidade. Entende-se que imputabilidade do


ato moral é atribuída ao homem como o autor e senhor dos atos. O homem é configurado por
meio de suas responsabilidades e leis. Levando assim, o ser humano a consciência e liberdade
que determinam sua pessoa e a executa. Sabe-se que o homem nunca será dono absoluto destas

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propriedades, porém sua personalidade será mais perfeita quanto maior a consciência, e da
mesma forma, será imperfeita quanto menos consciência possuir em seus atos (Silva, 2021).

3.1.Características da pessoa e suas descrições

Para Santos, (2020), as pessoas apresentam as seguintes características:

Racionalidade: A pessoa é caracterizada por sua capacidade de raciocinar, refletir e


tomar decisões com base na lógica e no pensamento crítico. Essa característica permite
que a pessoa avalie situações, antecipe consequências e escolha entre diferentes cursos de
acção.
Autonomia: A pessoa possui autonomia, o que significa que tem liberdade para agir de
acordo com sua própria vontade e para determinar seus próprios objetivos e valores. A
autonomia implica responsabilidade pelas escolhas e ações tomadas, bem como pela
direção de sua própria vida.
Consciência: A pessoa é consciente de si mesma e do mundo ao seu redor. Essa
consciência inclui a capacidade de perceber, interpretar e responder aos estímulos internos
e externos, bem como de refletir sobre suas próprias experiências e estados mentais.
Emoções: A pessoa experimenta uma ampla gama de emoções, incluindo alegria, tristeza,
raiva, medo e amor. As emoções desempenham um papel importante na vida da pessoa,
influenciando seu comportamento, suas relações interpessoais e sua tomada de decisões.
Empatia: A pessoa é capaz de se colocar no lugar de outra pessoa, compreendendo e
compartilhando seus sentimentos, pensamentos e experiências. A empatia promove a
conexão emocional e a compaixão pelos outros, contribuindo para relacionamentos
saudáveis e para a cooperação social.
Identidade: A pessoa possui uma identidade única, composta por características físicas,
psicológicas, sociais e culturais que a distinguem de outras pessoas. A identidade pessoal
é formada por uma combinação de fatores biológicos, ambientais e experienciais ao longo
da vida.

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Dignidade: A pessoa possui dignidade inerente e valor intrínseco, independentemente de
suas características individuais ou circunstâncias. A dignidade humana é universal e
inviolável, exigindo respeito e consideração por parte de todos os outros indivíduos e
instituições.
Interdependência: A pessoa está interligada com outras pessoas e com o meio ambiente,
fazendo parte de redes complexas de relações sociais, económicas, políticas e ecológicas.
A interdependência reconhece a influência mútua e a responsabilidade compartilhada na
construção de comunidades sustentáveis e justas.

Essas características são fundamentais para compreender a natureza e a essência da pessoa


humana, destacando sua singularidade, sua complexidade e sua importância dentro da sociedade
e do universo.

3.2.Natureza e o papel da pessoa na sociedade e no universo.

Para Lima (2019) uma compreensão mais completa da natureza e do papel da pessoa na
sociedade e no universo envolve considerar diversos aspectos, tais como:

 Interconexão Social: Reconhecer que a pessoa não existe isoladamente, mas está inserida
em uma teia complexa de relações sociais. A interação com outras pessoas influencia a
formação da identidade, valores, comportamentos e experiências individuais.
 Responsabilidade Ética: Compreender que a pessoa tem responsabilidade moral não
apenas consigo mesma, mas também em relação aos outros membros da sociedade e ao
meio ambiente. Isso implica agir de maneira ética, respeitando os direitos e a dignidade de
todas as pessoas e contribuindo para o bem-estar coletivo.
 Impacto Ambiental: Reconhecer que as ações individuais têm um impacto no meio
ambiente e no universo em geral. A pessoa deve considerar as consequências de suas
escolhas e comportamentos em termos de sustentabilidade e preservação dos recursos
naturais para as gerações futuras.
 Busca por Significado: Entender que a pessoa busca constantemente sentido e propósito
em sua vida, tanto a nível pessoal quanto coletivo. Isso pode envolver a busca por
realizações pessoais, conexões significativas com outras pessoas, contribuições para a
sociedade ou a exploração de questões existenciais mais profundas.
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 Desenvolvimento Pessoal e Social: Reconhecer que a pessoa está em constante processo
de desenvolvimento e aprendizado, tanto a nível individual quanto em interação com o
ambiente social. Isso implica a busca pelo autodesenvolvimento, o cultivo de habilidades
e talentos, a adaptação a mudanças sociais e a contribuição para o progresso da sociedade.
 Consciência Interconectada: Compreender que a pessoa não está separada do universo,
mas é parte integrante dele. Isso pode levar a uma consciência mais ampla de nossa
interdependência com todos os seres vivos e com o próprio cosmos, promovendo uma
maior empatia, respeito e cuidado para com todas as formas de vida.

Ao considerar esses aspectos, é possível ter uma visão mais abrangente do papel da pessoa na
sociedade e no universo, reconhecendo sua capacidade de influenciar e ser influenciada pelo
ambiente que a cerca, bem como sua responsabilidade em contribuir para um mundo mais
justo, sustentável e significativo.

3.3.Desenvolvimento moral

Nos seus estudos, Piaget (1977) concluiu que a moralidade se desenvolve a medida que a
inteligência humana se vai desenvolvendo, seguindo o processo delineado por 3 etapas
fundamentais:
 1ª etapa(entre 2 – 6 nos)- encontramos na criança a moral de obrigação e heteronomia,
onde ela vive numa atitude unilateral de respeito absoluto para com os mais velhos e as
normas são totalmente exteriores a sí.
 2ª Etapa (entre 7-11 anos) – verifica se no adolescente a moral da solidariedade, entre
iguais. O respeito unilateral é substituído pelo respeito mútuo e começa a desenvolver-se
a noção de igualdade entre todos e as normas de conduta humana são aplicadas de uma
forma rigorosa.
 3ª Etapa (dos 12 anos em diante)- encontramos no jovem ou no adulto a moral de
equidade ou autonomia.

3.4.Desenvolvimento da consciência moral

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Para Lawrence Kohlberg (1981) considera que a consciência moral se torna num processo de
conhecimento que decorre de fases de aprendizagem social. Para ele existem três níveis de
desenvolvimento moral:
 1º Nível (pré-convencional) – as pessoas respeitam as normas sociais, mas receiam o
castigo se não as cumprirem ou esperam uma recompensa pelo seu cumprimento.
 2º Nível (convensional) – determina que as pessoas respeitam as normas sociais porque
consideram importante que cada um desempenhe o seu papel numa sociedade moralmente
organizada;
 3º Nível (pós- convencional) – estabelece que as pessoas se preocupam com um juízo
autónomo e com o estabelecimento de princípios morais universais.

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Conclusão

Ao término deste trabalho, emerge uma compreensão mais profunda e abrangente da Pessoa
como sujeito moral. Desde as diferentes concepções que permeiam os campos jurídico,
psicológico, ético, personalista, social e metafísico, até as complexas relações que a Pessoa
estabelece consigo mesma, com o mundo, com outros seres humanos e com o divino, pudemos
explorar as múltiplas facetas dessa entidade singular.

A análise das relações da Pessoa revelou não apenas a sua interdependência com o ambiente
circundante, mas também a sua capacidade de influenciar e ser influenciada por essas interações.
A Pessoa como agente moral enfrenta dilemas éticos constantes, exigindo um discernimento
cuidadoso e uma reflexão profunda sobre os valores e princípios que orientam suas ações.

A ética individual, representada pela consciência moral, desempenha um papel central na tomada
de decisões éticas, destacando a importância do autoconhecimento e da integridade pessoal na
busca por uma conduta moralmente responsável.

Diante dessas reflexões, torna-se claro que a Pessoa como sujeito moral não é apenas um
conceito abstrato, mas uma realidade vivida e experienciada por cada indivíduo. Nesse sentido, o
desenvolvimento de uma ética mais sólida e compassiva requer não apenas uma compreensão
teórica, mas também um compromisso prático em cultivar virtudes como a empatia, a justiça e a
solidariedade.

Portanto, ao concluirmos este trabalho, somos desafiados não apenas a compreender a Pessoa
como sujeito moral, mas também a assumir a responsabilidade coletiva de promover uma cultura
ética

que valorize a dignidade humana, o respeito mútuo e o bem-estar comum. Somente assim
poderemos aspirar a sociedades mais justas, compassivas e verdadeiramente humanas.

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Referências bibliográficas

 Kohlberg, L. (1981). The Philosophy of Moral Development: Moral Stages and the Idea
of Justice. San Francisco: Harper & Row.
 Lima, F. G. (2019). A Dignidade Humana e os Desafios Morais na Sociedade
Contemporânea. Belo Horizonte: Editora Consciência.
 Mendes, C. D. (2018). Aspectos Psicológicos da Moralidade Humana. Rio de Janeiro:
Editora Psique.
 Minayo, A. C; (2007). Como elaborar projectos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas.
 Piaget, J. (1977). The Development of Thought: Equilibration of Cognitive Structures.
New York: Viking Press.
 Santos, A. B. (2020). A Pessoa Humana: Uma Análise Ética. São Paulo: Editora Ética.
 Silva, H. M. (2021). A Ética da Autonomia: Reflexões sobre o Papel da Pessoa como
Sujeito Moral. Brasília: Editora Cidadania.

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