Aula 10 – 22/03/2023 Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu artigo 1º que “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos à soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais e da livre iniciativa”. Assim, pode se ver que o Estado Democrático de Direito é o Estado que veio com a Constituição Federal de 1988, para tentar tornar a sociedade brasileira, o mais possível organizada, subordinando os cidadãos a esta Constituição e, fazendo desta um meio para tentar alcançar a igualdade e, a organização dentro da sociedade. Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito Este Estado Democrático de Direito é caracterizado pela democracia, onde o cidadão é o legítimo titular do poder embora o exerça por representantes, é o que se pode ver a seguir:
O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de
reger-se por normas democráticas, com eleições, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais, proclamado no caput do artigo, adotou, igualmente o parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (Moraes, p.17)”. Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito A teorização do Estado Democrático de Direito parte de duas ideias básicas, onde:
O Estado limitado pelo direito e o poder político estatal
legitimado pelo povo. O direito é o direito interno do Estado; o poder democrático é o poder do povo que reside no território ou pertence ao Estado, (Canotilho, 2002, p.231). Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito Canotilho vê o Estado Democrático de Direito, como sendo uma forma de racionalização e generalização do político das sociedades modernas, onde a política é o campo das decisões obrigatórias, que tem como objetivo o estabelecimento e a conservação da ordem, da paz, segurança e justiça na comunidade (apud, Soares, 2004). Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito O Estado Democrático de Direito, distribui e racionaliza o poder igualitariamente, tendo como ideia a racionalização da violência para que esta seja combatida através da lei, que é a garantidora da harmonia e da justiça na sociedade, obtendo assim a organização da sociedade. Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito
No Brasil, a democracia no Estado Democrático de
Direito é chamada de democracia representativa, uma vez que esta é exercida pelos partidos políticos, que segundo Silva (2005, p. 145) nos diz “[...] com temperos de princípios e institutos de participação direta dos cidadãos no processo decisório governamental”. Assim pode se ver que o regime assume uma forma de democracia participativa onde: Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito [...] encontramos participação por via representativa mediante representantes eleitos através de partidos políticos, arts 1°, parágrafo único, 14 e 17; associações, art. 5°, XXI; sindicatos, art. 8°, III; eleição de empregados junto aos empregadores, art 11) e participação por via direta do cidadão (exercício direto do poder, art 1°, parágrafo único; iniciativa popular, referendo e plebiscito, já indicados; participação de trabalhadores e empregadores na administração, art.10, que, na verdade, vai caracterizar-se como uma forma de participação por representação, já que certamente vai ser eleito algum trabalhador ou empregador para representar as respectivas categorias, e, se assim é, não se dá participação direta, mas por via representativa; participação na administração da justiça, pela ação popular; participação da fiscalização financeira municipal, art. 31° §3°; participação da comunidade na seguridade social, art. 194, VII; participação na administração do ensino, art. 206, VI), (Silva, 2005, p. 146). Caracterização e conceito do Estado Democrático de Direito Deste modo, percebe-se que a base estrutural para que um estado seja realmente Estado de Direito não é apenas a lei, mas também a obediência aos princípios fundamentais que dão garantias ao cidadão. Enquanto a lei não possui raiz e pode ser mudada a qualquer momento, os princípios são imutáveis, pois são eles os fundamentos de todo o ordenamento jurídicos são eles que dão segurança e atuam como regulador da justiça dentro do Estado Democrático de Direito. JURISDIÇÃO
A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial de
realizar o Direito de modo imperativo e criativo, reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para torna-se indiscutível. JURISDIÇÃO
HETEROCOMPOSIÇÃO – DECISÃO POR TERCEIRO IMPARCIAL
A jurisdição é a técnica de solução de conflitos por
heterocomposição: um terceiro substituiu a vontade das partes e determina a solução do problema.
É da essência da atividade jurisdicional ser ela exercida por quem
seja estranho ao conflito – terceiro, aspecto objetivo) e desinteressado dele (imparcial, aspecto subjetivo). JURISDIÇÃO
HETEROCOMPOSIÇÃO – DECISÃO POR TERCEIRO IMPARCIAL
Propõe-se o termo imparcialidade para designar a condição de
terceiro do órgão jurisdicional, o aspecto objetivo de ser um estranho àquilo que é discutido. Reserva-se a imparcialidade para a referencia a um aspecto subjetivo do Juiz, que não deve ter qualquer tipo de interesse na causa. A divisão muito importante para afastar a idéia de que a atribuição de poderes ao órgão jurisdicional possa interferir em sua imparcialidade JURISDIÇÃO HETEROCOMPOSIÇÃO – DECISÃO POR TERCEIRO IMPARCIAL
Diferença entre imparcialidade e neutralidade:
A neutralidade funda-se na possibilidade de o Juiz ser desprovido de vontade inconsciente: predominar no processo o interesse das partes e não o interesse geral da administração da justiça; que o Juiz não tem a ver com o resultado da instrução. Segundo Fredie Didier Jr.; Ninguém é neutro, porque todos tem medos, traumas, preferencias, experiências. Segundo o princípio da imparcialidade o Juiz não deve ter interesse no litígio, bem como deve tratar as partes com igualdade, zelando pelo contraditório em paridade de armas (art. 7º , CPC). JURISDIÇÃO A JURISDIÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO DE PODER: A IMPERATIVIDADE E A INEVITABILIDADE DA JURISDIÇÃO
A jurisdição é a manifestação de um Poder e, portanto,
impõe-se imperativamente, reconstruindo e aplicando o Direito a situações concretas que são submetidas ao órgão jurisdicional. Ao lado da jurisdição legislativa e da função administrativa, a função jurisdicional compõe o tripé dos poderes estatais. Embora o monopólio do Estado, a função jurisdicional não precisa necessariamente ser exercida por ele. O próprio Estado pode autorizar o exercício da jurisdição por agentes privados. JURISDIÇÃO
A JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE CRIATIVA
A jurisdição é a função criativa, porém, essa
criatividade é limitada. Ela se assemelha a uma atividade de reconstrução, ou seja, recria-se a nora jurídica no caso concreto, bem como recria a própria regra abstrata que deve regular o caso concreto. JURISDIÇÃO
A JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE CRIATIVA
Os textos normativos não determinam completamente as
decisões dos tribunais e somente aos tribunais cabe interpretar, testar e confirmar ou não a sua consistência. Os problemas jurídicos não podem ser resolvidos apenas com uma operação dedutiva, há uma tarefa na produção jurídica que pertence exclusivamente aos tribunais: a eles cabe interpretar, construir e, ainda, distinguir os casos, para que possam formular as suas decisões, confrontando-as com o Direito vigente. Exercem os tribunais papel singular e único na produção normativa. JURISDIÇÃO A JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE CRIATIVA
Ao decidir, o tribunal cria.
Toda decisão pressupõe ao menos duas alternativas que podem ser escolhidas. Ao decidir, repita-se, o tribunal gera algo novo – se não for assim, não haveria decisão, mas apenas reconhecimento de uma anterior decisão, já pronta. A doutrina majoritária entende que a decisão judicial é ato jurídico do qual decorre uma norma jurídica individualizada, ou simplesmente norma individual, definida pelo Poder Judiciário, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis), em razão da possibilidade de tornar-se indiscutível pelo coisa julgada material.