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CONVULSÕES NA INFÂNCIA percebida.

Alguns pacientes inicialmente tem


crise focal com generalização secundária;
Uma crise epilética é um sinal de anormalidade na c- Desconhecidas: impossível identificar o tipo
função cerebral representada por descargas elétricas por falta de informações por parte dos
anormais e excessivas de um grupo de neurônios que familiares;
geram manifestações clínicas súbitas, como alteração
ou perda da consciência, atividade motora anormal, Principais causas: febre, epilepsia primária,
distúrbios do comportamento, disfunção autonômica malformação cerebral, infecção do SNC, tumor
e sintomas sensoriais/sensitivos. cerebral, trauma crânioencefálico, hemorragia
cerebral, hipóxia, intoxicações exógenas,
CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES distúrbios metabólicos (hipoglicemia,
hipocalcemia, hipo ou hipernatrenia,
a- Crises Focais: as parciais simples podem
hipomagnesemia) encefalopatias.
provocar alterações visuais, percepções
auditivas alteradas, movimentos clônicos ou CONVULSÃO COM PRESENÇA DE FEBRE
tônicos de um lado do corpo e alterações na
sensibilidade, como parestesias e dor. Há 3 possibilidades: infecção do SNC, criança com
Algumas crianças tem crises versivas, epilepsia na qual a crise foi desencadeada pelo
caracterizadas pela rotação da cabeça e olhos estresse provocado pela febre e uma convulsão
para um lado. A criança mantém a consciência febril. Sempre considerar o diagnóstico de
preservada durante todo o episódio. Já nas meningite, buscar sinais e sintomas e avaliar a
crises parciais complexas há alteração da coleta de líquor.
consciência, podendo até dar a impressão de
A- CONVULSÃO FEBRIL: classicamente
estar alerta, mas sem conseguir se controlar,
relacionada à idade, 6 – 60 meses, com pico
fazendo movimentos de forma automática,
entre 12 – 18 meses. Podem ser simples
que podem se manifestar como mastigação,
(crises generalizadas, com duração < 15min,
andar sem rumo, falar de forma
não recorrem em 24h e sem déficits
incompreensível ou até atos mais complexos.
neurológicos prévios e história de convulsões
Não há lembrança do que ocorreu;
afebris prévias) ou complexas (focais e
b- Crises generalizadas: tem perda da
prolongadas, mais de 15 minutos e/ou se
consciência, sem recordar o ocorrido. A
repetem dentro de 24h). a maioria das
tônico-clônica generalizada consiste em
convulsões febris simples são autolimitadas,
contrações musculares mantidas (tônicas), em
não exigem avaliação neurológica adicional.
todo o corpo, seguido de contrações
Algumas crianças tendem a prolongar a crise
alternadas por um breve relaxamento,
sem uma razão evidente e progredir para o
rítmicas e repetitivas (clônicas). A criança vira
estado de mal epiléptico. Pacientes com uma
os olhos e pode apresentar salivação
convulsão febril simples tem chance de 30%
excessiva, respiração ofegante e urinar.
de um novo episódio em 6 anos e 1% de
Algumas crianças apresentam apenas crise
desenvolver epilepsia.
tônica, sem o componente clônico e vice-
B- PRIMEIRA CRISE AFEBRIL: deve ser
versa. As crises atônicas são manifestadas por
investigado, especialmente se déficits
quedas, corpo amolecido. Nas crises
neurológicos. Lactentes < 18 meses devem ser
mioclônicas há contrações musculares
submetidos à exame de imagem com urgência
semelhantes a choques nos membros. A crise
na presença de crises focais. É possível que
de ausência é tipicamente representada pela
esta seja a primeira crise de um quadro de
perd de contato com o meio. A criança fica
epilepsia, especialmente na ausência de
com o olhar fixo associado a piscamentos e
alterações neurológicas prévias. Deverá ser
automatismos orais ou manuais, com duração
acompanhado pelo neuropediatra.
de segundos, podendo ser difícil de ser
C- EPILEPSIA: crises convulsivas recorrentes (2
ou mais) que não estão relacionadas a um
insulto agudo do SN. É de extrema PARA CRIANÇAS >28 DIAS
importância assegurar-se do uso correto das
medicações. 1. DIAZEPAM 10 mg/2mL
D- ESTADO DE MAL EPILÉPTICO: presença de 0,2 – 0,4 MG/Kg/dose
atividade epiléptica única e prolongada com 0,1 mL/Kg (máx 2 mL ou 10 mg)
duração superior a 30 minutos ou crises Fazer em 2 min EV, repetir 2x SN, intervalo de
repetidas sem que ocorra recuperação da 5 min;
consciência entre elas. É uma emergência que 2. MIDAZOLAM 15 mg/3mL
requer intervenção imediata.
0,15 – 0,3 mg/Kg – 2 Doses no máximo, com
ABORDAGEM NA EMERGÊNCIA intervalos de 5 min

Quando a criança chega em crise convulsiva a 0,1 mL/Kg EV ou IM


abordagem deve ser rápida e precisa, mantendo a
3. FENITOÍNA 50 mg/mL EV
calma do ambiente. Medidas gerais (feitas em um
segundo momento): estender cuidadosamente a Dose Ataque: 15/20 mg/Kg/dia EV ou
mandíbula para garantir vias aéreas pérvias,
monitoramento, O2 se necessário, intubação Peso/25: ___ mL (máx 20 mL)
raramente é necessária, medir a glicemia, solicitar
Após 12horas:
exames laboratoriais (hmg, glicemia, Ca, Mg, Na,
K, função hepática, EQU, PCR), tomografia, Dose Manutenção: 7 mg/Kg/dia dividido
gasometria e estabelecer acesso venoso central. 12/12h.
Avaliar história (atentar para o APGAR (alerta para
<7 após o 5º min).e exame físico. A história clínica 4. IOT + VM + FENOBARBITAL 200mg/2mL EV
é o primeiro passo para diferenciação entre
Dose Ataque: 20 mg/Kg/dose
eventos epilépticos e não epilépticos, lembrar do
tratamento das causas reversíveis de convulsões Repetir: 10 mg/Kg/dose – máx 2x aguardando
(hiponatremia, hipoglicemia, hipocalcemia, 30 minutos.
hipomagnesemia, hipertensão, hipertermia).
Manutenção: 3-5 mg/Kg/dia dividido em
Inicialmente, a conduta é cessar a crise o mais 12/12h. 12 horas após a última aplicação.
rápido possível, sendo a prioridade estabilizar o
paciente. A primeira classe utilizada é a dos BZD PARA RN
(para >28 dias), preferencialmente o diazepam,
1- FENOBARBITAL 200mg/2Ml EV
que pode ser feito até 3 vezes com intervalo de 5
Correr em 30 minutos. Mesmas doses acima.
min, em caso de não ter acesso venoso, pode ser
2- MIDAZOLAM
feito via retal ou optado pelo midazolam que
0,15mg/Kg/dose EV (0,03 mL x peso)
pode ser administrado IM. Em casos de
3- FENITOÍNA
continuidade das crises, iniciar fenitoína,
Mesmas dose acima.
realizando uma dose de ataque e após 12h iniciar
a manutenção (lembrando de correr lentamente Note que para o RN não utilizamos o diazepam, mas
para evitar arritmias). Em caso de continuidade sim o fenobarbital.
das crises, avaliar IOT e iniciar fenobarbital,
também com uma dose de ataque e depois, a *não esquecer: NPO, Sonda orogástrica (10 para RN)
manutenção. aberta, cuidados gerais.

Importante: checar se materiais para reanimação


estão disponíveis, solicitar SAMU para
transferência para centro especializado, solicitar
exames laboratoriais, exames de imagem.

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