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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

FIGURAS MONOLINEARES E TRAÇADO DE ESTEIRAS RECTÂNGULARES

Curso: Licenciatura em Matemática


Disciplina: Matemática na História e
Etnomatematica
Ano de Frequência: 3º Ano/2024

QUELIMANE

(MAIO, 2024)
Estudante: Jorge João Veloso

Código do Estudante: 708223111

FIGURAS MONOLINEARES E TRAÇADO DE ESTEIRAS RECTÂNGULARES

Trabalho Apresentado ao Instituto de Educação à


Distância no Departamento do Curso Licenciatura em
Matemática 3º Ano na Disciplina Matemática na História
e Etnomatematica para efeitos de avaliação.

Tutor: Ananias Pontavida

QUELIMANE

(MAIO, 2024)
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Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Capa 0.5
Aspectos  Índice 0.5
Estrutura
organizacionais  Introdução 0.5
 Actividades 0.5

 Organização dos dados

 Indicação correta da
Actividades por fórmula
Conteúdo 17.0
unidade
 Passos da resolução

 Resultado obtido

 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

1.1. Objectivos .............................................................................................................. 6

1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................. 6

1.1.2. Objectivos Específicos ....................................................................................... 6

1.2. Metodologia de pesquisa ....................................................................................... 7

2. SIMETRIA E MONOLINEARIDADE DOS LUSONAS ........................................ 8

2.1. A galinha-do-mato fugitiva ....................................................................................... 9

2.2. Definição de traçado de esteiras rectangulares ........................................................ 11

2.2.1. Traçado de Esteiras rectangulares ........................................................................ 11

2.3. A Etnomatemática no quotidiano da Escola ............................................................ 12

2.4. Aproveitamento didáctico do desenho das esteiras rectangulares ........................... 13

3. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 15

3.1. Referências bibliográficas ....................................................................................... 16


1. INTRODUÇÃO

Objectiva-se com o presente trabalho esmiuçar sobre figuras monolineares e traçado de


esteiras rectângulares. A etnomatemática transcende os números e fórmulas frias. Ela pulsa na
essência da cultura humana, moldando desde a construção de casas até a tecelagem de cestos.
As figuras monolineares, como os lusonas, são exemplos eloquentes dessa interconexão,
revelando a engenhosidade e a criatividade dos nossos ancestrais. Neste trabalho,
embarcaremos em uma jornada fascinante, explorando a simetria e a monolinearidade dos
lusonas, desvendando os segredos do traçado de esteiras rectangulares, e mergulhando na rica
tradição da etnomatemática no cotidiano da escola ate o aproveitamento didáctico do desenho
dessas esteiras rectangulares.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Esmiuçar sobre figuras monolineares e traçado de esteiras rectângulares.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Falar de simetria e monolinearidade dos lusonas;


 A galinha-do-mato fugitiva;
 Apresentar a definição de traçado de Esteiras rectangulares;
 Descrever o traçado de esteiras rectangulares;
 Caracterizar a etnomatemática no quotidiano da escola;
 Analisar o aproveitamento didáctico do desenho das esteiras rectangulares.

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1.2. Metodologia de pesquisa

Para a concretização dos objectivos específicos deste trabalho usou-se como metodologia de
pesquisa, a pesquisa bibliográfica, pois o presente trabalho foi de revisão de literatura,
portanto, efectuou-se uma pesquisa, através da consulta em Livros, artigos científicos,
apostilas didácticas relacionados com o tema em análise.

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2. SIMETRIA E MONOLINEARIDADE DOS LUSONAS

Os lusonas, são figuras monolineares compostas por um único traço contínuo, revelando uma
simetria bilateral perfeita. Essa característica os torna visualmente atraentes e
matematicamente intrigantes. Segundo Gerdes (2008), apesar de muitos Lusonas
representarem lendas, animais e fábulas o interessante já se percebe no início com a marcação
de pontos constituindo uma malha ortogonal para facilitar posteriormente a construção, ou
seja, até para preparar o terreno para realização do desenho já encontramos um traço do
pensamento matemático, como ilustrado nas figuras seguintes.

Figura 1: Marcar os pontos

Ainda o mesmo autor, salienta que muitos Sona são simétricos e são traçados com apenas
uma linha. O livro analisará esta simetria e monolinearidade como valores culturais salientes.
Geometria Sona estudará as particularidades de classes de sona e os algoritmos geométricos
correspondentes para a sua construção. Revelar-se-á a construção sistemática de padrões de
base monolineares, tal como as regras de encadeamento e de eliminação para a construção de
sona monolineares. Supõe-se que os especialistas dos sona que inventaram estas regras
provavelmente soubessem por que elas são válidas, quer dizer, eles sabiam provar, duma
maneira ou doutra, a veracidade que as regras expressam (Gerdes, 2008, p. 15).

Figura 2: Lusona representando pessoas a recolher cogumelos

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Segundo o desenhador, é possível que um desenho seja simétrico sem ser monolinear, assim
como pode ser monolinear sem apresentar eixos de simetria. Para os Akwa Tuka Sona, a
monolinearidade e a simetria têm uma importância significativa, indicando que quem domina
ambas é considerado um mestre habilidoso na arte de desenhar nas areias. É plausível que os
desenhos contemporâneos que não seguem a monolinearidade possam ser resultado de uma
eventual perda nas técnicas tradicionais (D'Ambrósio, 2008).

Figura 3: Transformação

2.1. A galinha-do-mato fugitiva

A história da “galinha-do-mato fugitiva” nos convida a desvendar os segredos do traçado dos


lusonas. Diz a lenda que uma galinha-do-mato, buscando escapar de um predador, desenhou
um labirinto de linhas no chão, confundindo-o e garantindo sua fuga. Essa narrativa lúdica
ilustra a engenhosidade humana na resolução de problemas e na criação de padrões
geométricos. Entretanto, o percurso do lusona “galinha em fuga” é a versão arredondada da
linha poligonal construída. O lusona da “galinha em fuga” é uma curva-de-espelho-regular.
Regular no sentido dos espelhos estarem colocados de acordo com a regra (Gerdes, 2010, p.
54):

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Ao atravessar a grelha, o raio de luz reflecte-se tanto nos espelhos pequenos que encontra no
seu percurso como nos lados do rectângulo:

Segundo Mualacua (s/d, p. 44), os sona podem ser categorizados conforme o algoritmo
geométrico empregado em sua criação. Por exemplo, a disposição (9,10) na figura seguinte
ilustra o algoritmo utilizado para representar as marcas deixadas no solo por uma galinha em
fuga.

Conforme este procedimento, a galinha selvagem é identificada como fugitiva quando todos
os pontos da rede estão contidos dentro de uma única linha fechada. Caso contrário, a galinha
é considerada não fugitiva. Em termos gerais, a galinha selvagem é classificada como fugitiva
da rede se atende aos critérios a seguir:

1.
2. { }
3. { }
4.
5.
6.

Figura 4: Rede (9, 10)

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Observa-se que a rede (9,10) acima satisfaz as condições mencionadas, daí que a galinha pode
ser considerada fugitiva na rede.

2.2. Definição de traçado de esteiras rectangulares

As esteiras rectangulares, também conhecidas como “tapetes”, são tecidos de forma


rectangular, geralmente feitos de fibras naturais, como palha ou junco. O traçado dessas
esteiras envolve a criação de padrões geométricos utilizando linhas rectas e ângulos retos.
Essa técnica exige precisão, planejamento e conhecimento de conceitos matemáticos básicos,
como geometria plana e proporcionalidade. Conforme o módulo da cadeira, Mualacua (s/d, p.
48), esteiras rectangulares são formas com propriedades geométricas semelhantes às de um
rectângulo em um plano. Podem ser compostas de uma única linha ou de múltiplas linhas.
Muitas das figuras mencionadas nas unidades anteriores possuem formato rectangular. Por
exemplo, as redes (3,4), (2,4) e (3,5) abaixo ilustram formas com características rectangulares:

Figura 5: Esteiras rectangulares

2.2.1. Traçado de Esteiras rectangulares

Existem diversas técnicas para o traçado de esteiras rectangulares, cada uma com suas
particularidades e desafios. Uma técnica comum envolve a utilização de uma grade
quadriculada, na qual os pontos de intersecção servem como base para a construção dos
padrões geométricos. Outra técnica utiliza réguas e compassos para desenhar linhas rectas e
ângulos precisos, criando formas geométricas complexas. Portanto, o etnomatemático Paulus
Gerdes (2008) concebeu um método para compreender o procedimento:

I. Começando com a primeira figura, observa-se que se trata de uma rede entrelaçada
composta por m linhas e n colunas.
II. Uma caixa é então colocada ao redor da figura.

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III. Ao remover o traçado, restam apenas os pontos. Isso pode ser imaginado como olhar
para uma caixa com pregos de cima.
IV. A ideia é emitir um feixe de luz vermelha a um ângulo de 45° a partir do lado,
directamente abaixo do ponto inferior esquerdo.
V. Esse feixe de luz se reflectirá em todos os lados em ângulos de 45°, seguindo um
caminho que define a forma rectangular da rede entrelaçada.

Figura 6: Exemplo - Traçado de Esteiras rectangulares

2.3. A Etnomatemática no quotidiano da Escola

No contexto escolar, a Etnomatemática, concebida por D’Ambrósio (2001, p.27), se configura


como um programa que valoriza o desenvolvimento dos estudantes levando em conta seus
contextos culturais e sociais específicos. Em uma sociedade marcada por desigualdades
sociais, a escola representa um ambiente privilegiado para promover um ensino mais humano,
especialmente considerando que cada comunidade escolar possui suas particularidades
distintas.

Actualmente, observamos que as escolas tendem a adoptar um modelo de ensino padronizado,


focado em resultados de aprendizagem baseados em avaliações externas, negligenciando a
motivação dos alunos para uma aprendizagem mais humanística, que valorize o
desenvolvimento autónomo e cidadão. Isso é evidenciado, por exemplo, nos processos de
vestibulares.

Conforme destacado por D'Ambrósio (2008, p. 7) citado por Mualacua (s/d, p. 54), a
Matemática, na verdade, possui raízes etnomatemáticas que remontam à Europa mediterrânea,
com contribuições das civilizações indiana e islâmica, e alcançou sua forma actual nos
séculos XVI e XVII, difundindo-se globalmente a partir desse período. Actualmente, a
Matemática adquiriu um carácter universal, especialmente devido ao domínio da ciência e
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tecnologia modernas desenvolvidas na Europa a partir do século XVII, influenciando os
currículos escolares em todo o mundo.

A inclusão dos sona na educação matemática e sua integração nos currículos africanos, como
no caso de Moçambique, promoverá a valorização e apreciação da cultura local, fortalecendo
o reconhecimento do valor da herança artística e científica do continente africano. Essa
abordagem reforça a ideia de que a Matemática está intrinsicamente ligada às diversas
culturas africanas (Gerdes, 2014, p. 43).

O etnomatemático Paulus Gerdes (2010), em sua obra “Da etnomatemática e arte - design e
matrizes cíclicas” (2010), destaca um exemplo de conscientização cultural durante a formação
de professores de Matemática. Gerdes propõe aos estudantes de diferentes regiões do país que
expliquem como as bases retangulares das casas tradicionais são construídas em suas regiões,
demonstrando a interconexão entre a prática matemática e as tradições culturais locais.

A etnomatemática propõe a valorização dos saberes matemáticos presentes em diferentes


culturas e comunidades. Ao incorporar a etnomatemática no currículo escolar, podemos
(Garcia, 2000, p. 30).

 Promover a inclusão e a diversidade: Reconhecendo e valorizando a matemática presente


em diferentes culturas, podemos criar um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor
para todos os alunos.
 Despertar o interesse pela matemática: Ao conectar a matemática com a cultura e o
cotidiano dos alunos, podemos torná-la mais significativa e interessante, despertando o
interesse pela disciplina.
 Desenvolver habilidades matemáticas: As actividades de etnomatemática podem
contribuir para o desenvolvimento de habilidades matemáticas importantes, como
resolução de problemas, pensamento crítico e criatividade.

2.4. Aproveitamento didáctico do desenho das esteiras rectangulares

O desenho das esteiras rectangulares oferece uma rica oportunidade para o ensino e a
aprendizagem de diversos conceitos matemáticos, tais como (Coulon, 2010, p. 47):

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 Geometria plana: O estudo das formas geométricas presentes nas esteiras, como
quadrados, triângulos e losangos, contribui para o desenvolvimento da noção espacial e da
geometria plana.
 Proporcionalidade: A construção dos padrões geométricos nas esteiras exige atenção às
proporções entre as diferentes formas, desenvolvendo o raciocínio proporcional dos
alunos.
 Fracções: As partes que compõem os padrões geométricos das esteiras podem ser
representadas por fracções, introduzindo esse conceito de forma lúdica e contextualizada.

A partir das esteiras rectangulares pode-se provar que a soma dos primeiros n termos de
números naturais é igual a:

, .

Ora vejamos. Consideremos as diagonais das malhas (3,4); (4,5) e (5,6):

Na primeira diagonal tem um ponto. Na segunda dois e na terceira três; em seguida a diagonal
apresenta três, dois e um ponto respectivamente. Calculando temos:

Pode-se concluir através de uma indução matemática que soma dos primeiros n termos de

números naturais é igual a , .

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3. CONCLUSÃO

A etnomatemática nos convida a transcender os limites da matemática tradicional,


mergulhando na rica cultura dos povos e valorizando os saberes matemáticos presentes em
diferentes comunidades. Através da exploração de figuras como os lusonas e do traçado de
esteiras rectangulares, podemos abrir um mundo de possibilidades para o ensino e a
aprendizagem da matemática, tornando-a mais significativa, contextualizada e interessante
para os alunos.

Entretanto, a etnomatemática não se limita apenas à sala de aula. Ela pode ser aplicada em
diversos contextos, como museus, bibliotecas, centros culturais e comunidades. Através da
colaboração entre diferentes instituições e profissionais, podemos construir uma educação
matemática mais rica, humana e transformadora. Concluindo, a etnomatemática é um convite
para repensar o ensino da matemática, valorizando a cultura, a diversidade e os saberes dos
povos. Através da sua implementação, podemos construir uma educação matemática mais
significativa, relevante e engajadora para todos os alunos.

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3.1. Referências bibliográficas

D'Ambrósio, U. (2001). Etnomatemática: Lógica, ritmos e geometria do corpo. São Paulo, SP:
Cortez Editora.

D'Ambrósio, U. (2008). Etnomatemática: Raízes e ramos. São Paulo, SP: Cortez Editora.

Gerdes, P. (2008). Sona: A new mathematical model for pattern formation in natural and
artificial systems. Chaos: An Interdisciplinary Journal of Nonlinear Science, 18(3), 033117.

Gerdes, P. (2010). Da etnomatemática e arte - Design e matrizes cíclicas. Florianópolis, SC:


Editora da UFSC.

Garcia, D. F. (2000). Etnomatemática: Uma proposta para o ensino de matemática. Boletim


da Sociedade Brasileira de Matemática, 32(1), 29-44.

Mualacua, I.R. (s/d). Etnomatemática: Uma abordagem intercultural para o ensino de


matemática em Moçambique. Universidade Católica de Moçambique - Centro de Estudos em
Didáctica.

Coulon, A. (2010). Desenho geométrico: esteiras rectangulares. Rio de Janeiro, RJ: Editora
Ao Livro Técnico.

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