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Licenciatura em ensino de História
Disciplina: Evolução ao Pensamento
Histórico
Tutor: Helder Costa
2º Ano, 2º grupo, Turma: E
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Índice
Introdução.........................................................................................................................................3
Conclusão.......................................................................................................................................14
Bibliografia.....................................................................................................................................15
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Introdução
O presente trabalho tem como tema: A história e historiografia nos séculos XIX e XXI. Cujo
objectivo é de explicar de forma detalhada a trajectória ou o percurso da historia e historiografia,
fazendo menção das fases e gerações de historiadores que contribuíram de uma forma muito
significativa, revolucionado a história desde a sua descoberta como ciência ate nos dia actuais. O
trabalho constitui-se de uma pesquisa bibliográfica e exploratória, com vistas a levantar
discussões sobre um tema muito abordado. Deste modo, a pesquisa proporciona uma evolução da
história e historiografia nos séculos XIX e XXI, abordando temas inerentes as fases evolutivas da
historia como ciência, o positivismo, as escolas metódicas e de annales, a historia nova e suas
contribuições para a formação de uma consciência histórica.
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1.A história e historiografia no XIX
Durante o século XIX, a Europa se viu mergulhada nos movimentos de unificação e de afirmação
das nacionalidades. Assim, Estados como: Alemanha, Inglaterra, França e Itália se despertam
pelo estudo do passado, buscando neste, as origens de um sentimento de nacionalidade, ou seja,
os fundamentos de uma nação. Pois, as bases de sustentação do poder, diante do ideário liberal
burguês, não se encontravam mais no plano divino, mas, sim, na legitimidade conferida pelo
povo ao seu governante. De tal modo, da relação entre o povo e nação, advinda após a
implantação do Estado burguês, é que se depreendem as bases do nacionalismo. A História surge,
desse modo, na perspectiva oficial, como legitimadora das novas bases do poder. Destarte, busca-
se nas origens e a evolução da nação, com base na racionalidade, um discurso científico capaz de
suscitar no povo o sentimento de identificação com a nova sociedade. Assim sendo, o século XIX
configura-se por ser o “século da história erudita”, nesse período a profissão de historiador se
profissionaliza e o ensino de História passa a ser ministrado nas universidades.
Mas, a História no século XIX, além de História das nações, pretendia, também, ganhar espaço
de História científico. Na Europa nesse período havia um grande desenvolvimento das ciências
naturais, principalmente a física e a química, em que desenvolveram um rigoroso método: o
método experimental. Os historiadores, por sua vez, entram na defesa para a garantia do carácter
científico da História. O interessante em notar é que desde o final da Idade Média os eruditos
elaboram regras e técnicas que “os historiadores, absortos em suas preocupações literárias,
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teológicas ou morais, desprezaram quando não ignoraram completamente” (Glénisson, 1991, p.
207).
Fustel de Coulanges (1830-1889), por sua vez, foi o historiador que contribuiu para a fixação dos
procedimentos da História erudita na França, primeiro por considerar o:
[...] passado como um objecto separado do historiador, que pode ser observado
com ‘um olhar mais calmo e mais e mais seguro’ do que o presente, o que
permite distinguir mais facilmente a ilusão da verdade. E também por
prudências repetidas contra os impulsos da subjectividade: ‘A história é uma
ciência; não imagina; apenas vê; ou ainda: exige ‘um espírito absolutamente
independente e livre sobretudo a respeito de si mesmo’. Finalmente, pelo
enunciado da regra de ouro segundo a qual a história deve basear-se
essencialmente nos documentos escritos [...] ‘O historiador só deve pensar
segundo os documentos e escrever sob o seu ditame: ‘A sua única habilidade
consiste em tirar dos documentos tudo o que eles contêm e nada acrescentar do
que não contêm. O melhor dos historiadores é aquele que está mais perto dos
textos, que os interpreta com mais justeza, que só escreve e mesmo pensa
segundo eles’ (Bourdé; Martin., p. 78-79).
Alguns historiadores do assunto, entretanto, chegam à conclusão de que a escola histórica que se
fixou na França entre 1880 e 1930 foi a Escola Metódica, indevidamente classificada como
Positivista. Isso ocorreu em decorrência das semelhanças entre o método desenvolvido pelos
historiadores na segunda metade do século XIX e as ideias difundidas pelos discípulos de August
Comte. A saber: primazia do documento escrito; a imposição do método experimental; a
neutralidade científica; a tarefa do historiador se restringe à reunião e crítica dos documentos, ou
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seja, determinação dos fatos. Diferem-se, no entanto, no tocante à existência de leis gerais que
expliquem a sociedade. Ou seja, os historiadores da segunda metade do século XIX como os
seguidores de Comte, reconhecem como tarefa primordial a determinação dos fatos, mas repelem
qualquer forma de filosofia da História. Assim, “A história, tal como é concebida por volta de
1890, no pequeno âmbito dos especialistas universitários, repele, efectivamente, a filosofia que
tantos pensadores haviam pretendido extrair dela, bem como as ‘leis’, em que frequentemente se
havia tentado enquadrá-la” (Glénisson, 1991, p. 210).
Para H. Berr, a História não se limitava somente ao exercício da erudição, mas sim, devia se
pontuar pelo estudo das experiências humanas. Na década de 1920, a crítica ao Positivismo se
concentra na Universidade de Estrasburgo, por um grupo interdisciplinar de historiadores como:
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Lucien Febvre, A. Colin e March Bolch. Em 1929, esse grupo fundou a Revista Les Annales d´
Histoire Économique et Sociale, posteriormente a Revista é transferida para Paris, onde alcança
um número maior de leitores. Nesse período os “Annales”, despertam jovens investigadores que
reúnem em torno da revista as críticas à Escola Metódica ou “Positivista”. Dentre as principais
ideias dos Annales, destacam-se:
Nos meados do século XIX a disciplina Histórica chega às academias francesas com a Escola
das Cartas, a Escola Prática dos Altos Estudos, entre outras. Historiadores como Monod, Lavisse
e Seignobos “bebem na fonte alemã” e participam das origens da Escola Metódica Francesa.
Nesse sentido, em 1876, Gabriel Monod fundou A Revista Histórica, a qual pontuou alguns dos
princípios da Escola Metódica. Esse periódico pretendia finalizar a tradição historiográfica
francesa pautada na política e na religião, destinando-se a publicar investigações originais sobre a
Europa e, em especial, a França, tendo em vista os princípios de objectividade e exactidão das
informações (Bourdé; Martin, 1983, p. 101-105).
Devido a essas características, a Escola Metódica sofreu diversos tipos de questionamentos que
combatiam, não só suas concepções, como também as suas contradições.
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No século XIX ainda se destaca o idealismo alemão, essa corrente filosófica tem em Hegel
(1770), seu maior expoente. As postulações deste filósofo trazem importantes contribuições para
o modo de se conceber o conhecimento e, em especial, o conhecimento histórico. Hegel rompe
com a idéia iluminista de progresso retilíneo e absoluto da razão e propõe que o conhecimento se
dá por meio da dialética, no movimento dos contrários. Suas concepções têm por primazia um
idealismo absoluto em relação à realidade, ou seja, a consciência humana é que determina o real e
o desenvolvimento do processo histórico “O Espírito, actor principal da história, não toma
consciência de si mesmo directamente, mas por um movimento dialéctico, por uma operação de
ritmo ternário. O movimento dialético comporta três momentos: a tese (o ser); a antítese (o não
ser); a síntese (o devir) ” (Bourdé; Martin, 1983, p. 49).
Na Alemanha do século XIX, vislumbra-se outra corrente filosófica, ligada a dois filósofos,
Friedrich Engels e Karl Marx. Num período marcado pelas ideias “positivistas” e de afirmação do
ideário liberal burguês, as teorias desses filósofos não se destacam, em grande parte também,
devido ao fato de que seus criadores propunham uma transformação da sociedade via revolução.
No início do século XX, no entanto, suas ideias começam a ter adeptos, influenciando futuras
gerações de historiadores ao decorrer de todo o século. Engels e Marx formularam uma nova
concepção filosófica do mundo, baseada no materialismo histórico, na dialética. Mas, ao
contrário de Hegel, a dialética marxista fundamenta-se no real, ou seja, nas condições objetivas
da sociedade. Por isso, as formas de Estado, as relações jurídicas não se explicam por si mesmas,
assim, suas origens devem ser buscadas nas condições materiais de existência de cada formação
social.
Segundo Burke (2001: 23), a escola ou movimento dos Annales surge a partir da experiência
frustrada de um projecto de revista internacional dedicada a história econômica, idealizado por
Febvre, e retomado por Bloch, em 1928, exitoso, com estreia em 1929, no intuito de exercer uma
liderança intelectual nos campos da história social e econômica. Sob a denominação de Annales
d’histoire économique et sociale, dirigida por Febvre e Bloch mediante a recusa de direcção do
grande historiador belga Henri Pirenne, designado ao posto desde a primeira experiência,
lançaram o primeiro número em 15 de janeiro de 1929. Uma revista que almejava ultrapassar as
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fronteiras de uma revista de história, tendo por modelo os Annales Géographie de Vidal de La
Blache. No comité editorial incluía não somente historiadores, antigos e modernos, mas também
um geógrafo (Albert Demangenonum), um sociólogo (Maurice Halbwachs), um economista
(Charles Rist) e um cientista político (André Siegrid, um antigo discípulo de Vidal de La Blache),
denotando a necessidade de intercâmbio intelectual na superação das barreiras existentes entre
historiadores e cientistas sociais.
A escola ou o movimento dos Annales revolucionou a historiografia abarcando um complexo
historiográfico diversificado em termos de campo temático. Os ideais da revista pretendiam
substituir a tradicional narrativa de acontecimentos por uma história-problema, atingir a história
de todas as atividades humanas e não apenas na dimensão política e, visando completar os dois
primeiros objetivos, alcançar a interdisciplinaridade, na ênfase do diálogo produtivo com todas as
ciências do homem, influenciando e sendo influenciada por outras disciplinas, como geografia,
sociologia, psicologia, economia, linguística, antropologia social entre outras (BURKE, 1992: 7).
Segundo Falcon, não diferente de Burke, a relevância cultural mostrou-se, de certa Forma, para
os Annales em alguns direccionamentos que o movimento se esforçou em dar ao fazer histórico:
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Apesar do alargamento do leque de produções incrementado por Pierre Goubert (demografia
histórica), Natan Wachtel (etno-história) e posteriormente por Emmanuel Le Roy Ladurie
(antropologia histórica), Paul Veyne (história sociológica) e Alain Besaçon (história
psicanalítica) a História Nova não se contentou com esses avanços, buscou uma história global,
totalizante, reivindicando a renovação de todo o campo da história face ao confronto contra a
história positivista do século XIX, embora fosse herdeira de uma parte das conquistas técnicas
desta corrente (LE GOFF, 2001: 27- 28).
Le Goff (1998, p. 53), “(...) a história nova foi forjada, em grande parte, pela equipe dos Annales”
e em torno da revista. Pode se dizer que o contexto no qual surgiu a chamada Nova História é de
uma postura teórica combativa às ideias positivistas. A influência da Escola dos Annales,
suplantou várias gerações de historiadores, não só na França, como em outras partes do mundo.
Muitos críticos actuais não negam a importância da inovação gerada nos estudos históricos a
partir dos Annales, mas, muitos não a consideram como propriamente uma Escola, devido a sua
heterogeneidade de abordagens históricas. Nesse sentido, segundo Peter Burke (1991, p. 112)
pode-se falar em Movimento dos Annales e não em Escola. Esse autor ainda identificou três fases
no Movimento:
Na primeira fase destacam-se Lucien Le Febvre e Marc Bloch, “(...) por vezes identificados como
os “pais fundadores dos Annales”. São eles os inovadores mais radicais do discurso histórico na
primeira fase” (Reinato, 2002, p. 113).
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O período pós-Segunda Guerra Mundial marca a segunda geração dos Annales, nessa fase o
estudo dos aspectos econômicos foi privilegiado em detrimento de outros como o estudo da
História-cultura, das mentalidades. Nessa fase ocorreu também “uma divisão interna dos
trabalhos nos Annales. Enquanto Braudel investia nas questões da “civilização material”, Febvre
trabalhava com o desenvolvimento de uma História das mentalidades” (Reinato, 2002, p. 115).
Por volta de 1968 é identificada uma terceira fase do Movimento dos Annales, onde se destaca a
preocupação dos historiadores em estudar as superestruturas sociais. Nesse período destacam-se
Jacques Le Goff, E. Le Roy Ladurie, Marc Ferro, entre outros. A História das Mentalidades
ganhou grande impulso. Houve a incorporação de novas temáticas e novas abordagens, assim,
questões como a infância, o sonho, o corpo e o odor foram abordadas.
Na década de 1990 a Revista dos Annales passa por um processo de crítica interna e de crise. O
pressuposto de aliança da Revistas com as Ciências Sociais é discutido e reavaliado, A História
extrapolou a preocupação como o homem como ser social apenas. Ela quer entendê-lo numa
dimensão maior. A crise de diálogo entre a História e as Ciências Sociais radicaliza o processo de
repensar o papel da História no interior da Revista dos Annales. Além disso, como processo de
mundialização da produção histórica, os Annales passaram a representar apenas mais um grupo
de discussão sobre o ofício e os caminhos da História. Um caminho ainda não dispensável, mas
com uma força de orientação muito menor (Reinato, 2002, p. 120).
Lynn Hunt, em sua obra A Nova História Cultural (2001), analisa que os historiadores da quarta
geração dos Annales (Chartier, Revel) passaram a preocupar-se com o estudo das práticas
culturais, entendendo que “As relações econômicas e sociais não são anteriores às culturais, nem
as determinam; elas próprias são campos de prática cultural e produção cultural (...)” (Hunt,
2001, p. 9).
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2.2.Contribuições da nova história para a formação de uma consciência histórica
No dizer de Plats (2006: 166-167) a História tem um imprescindível papel na sociedade actual
dada a sua potencialidade formativa (intelectual, social e afectiva). Dentre outras relevâncias ela
serve para facilitar a compreensão do presente; preparar os alunos para a vida adulta; despertar o
interesse pelo passado; potencializar nas crianças e adolescentes um sentidos de identidade;
ajudar os alunos na compreensão de suas próprias raízes culturais e da herança comum; contribuir
para o conhecimento e a compreensão de outros países e culturas do mundo actual; contribuir
para o desenvolvimento das faculdades mentais por meio de um estudo disciplinado; introduzir os
alunos em um conhecimento e no domínio de uma metodologia rigorosa, própria dos
historiadores e enriquecer outras áreas do currículo. Todos esses “elementos configuram um
mundo rico em possibilidades formativas, que podem tomar diferentes formas conceituais,
plenamente coerentes com os limites das Ciências Sociais no contexto da educação.
A nova história contribui bastante na formação de cidadãos livres, com espírito crítico e
independência de julgamento, é uma das lições mais sagradas das ciências sociais.
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Conclusão
De acordo como as abordagens feitas nesta pesquisa o autor deve como proveito o conhecer a
História Nova que permitiu dar visibilidade as memórias e histórias dos alunos (individuais e
colectivas) reconhecendo-os enquanto sujeitos do processo históricos.
Contudo, ela contribuiu para dinamizar o ensino de História, dando aos professores os
instrumentos do historiador e outra gama de possibilidades didático-pedagógicas que permitiu
inserir a História no campo das Ciências Sociais, tornando-a imprescindível para o entendimento
do homem moderno e dessa modernidade líquida, dado ao seu potencial formativo: psicomotor,
cognitivo e afectivo.
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Bibliografia
CADIOU, François, Reinato [et al]. (2007). Como se faz história: historiografia, método e
pesquisa. Tradução Giselle Unti. Petrópolis: Vozes.
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