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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Resolução de Exercícios da Iª Sessão Tutorial

Anastácio Albino Caiua , Código: 708208776

Licenciatura em ensino de Português


Disciplina de Didáctica Geral
Docente: António Lemax Likaunga
3º Ano

Turma: A
Nampula, Maio 2022

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Introdução

O presente trabalho que a seguir é apresentado, pretende dar uma súmula das primeiras 12
unidades de cadeira de Sociolinguística, de forma particular Pretende-se, aqui, retomar os
caminhos percorridos pela Sociolinguística desde seu início como ciência, que atendo-se
principalmente à partir do surgimento na variedade variável da sociolinguística corrente
variacionista, revisitando seus conceitos-chave e sua metodologia, que apresenta um
panorama do trabalho desenvolvido nesta linha de pesquisa e consultas bibliográficas de
varias obras.

A apresentação do trabalho, levanta-se algumas hipóteses: falta de compreensão dos pares,


que estavam mais interessados em regras ortográficas e em valorizar uma norma para o
ensino; para isso, o surgimento de gramáticas mais centradas na expressão correcta da língua.

Portanto, o presente trabalho tem como objectivos abortar o surgimento da sociolinguista, na


evolução da língua portuguesa, caracterização das mudanças linguísticas com base nos
contributos de Sapir Whorf na relação entre a língua e cultura. Ao terminar apresentar-se-á os
processos de aquisição da língua secunda. E por fim o trabalho a apresenta a seguinte
estrutura a saber: introdução, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.
O historial da sociolinguista

Embora o aspecto social da língua tenha chamado a atenção desde cedo, tendo tido relevância
já no trabalho do linguista suíço Ferdinand de Saussure no início do século XX, foi talvez
somente nos anos 1950 que este aspecto começou a ser investigado minuciosamente.

. Saussure é um marco da corrente linguística denominada estruturalismo, segundo a qual a


língua é tomada em si mesma, separada de factores externos; e é vista como uma estrutura
autónoma, valendo pelas relações de natureza essencialmente linguística que se estabelecem
entre seus elementos. Ou seja, para Saussure, a linguística tem por único e verdadeiro objecto
a língua considerada em si mesma e por si mesma.

Saussure postula algumas dicotomias e vai isolando o que, segundo ele, seria de interesse da
ciência linguística:

 Langue e parole – a langue são homogéneas e sociais, um sistema de signos, um


“tesouro” depositado, pela prática da fala, no cérebro dos falantes; é essencial. Já a
parole é um ato individual de vontade, é heterogénea, manifestação concreta da
largue; é acessória e acidental. O objeto da linguística, para Saussure, é a langue.
 Sincronia e diacronia – correspondem a dois eixos ou perspectivas pelas quais se
pode estudar a língua: na sincronia, se faz um recorte da língua em um momento
histórico do presente ou passado, como se fosse um registo fotográfico que capta as
relações entre os elementos do sistema, tomando-se a língua como um estado do qual
se exclui a intervenção do tempo; na diacronia, a língua é analisada como um produto
de uma série de evoluções que ocorrem ao longo do tempo, portanto como algo
mutável, dinâmico.

Saussure estabelece a relação entre essas dicotomias que, os fenómenos variáveis não são
visíveis na largue que é social, enquanto na parole é individual dai a evolução ou
mudança se dá em alguns elementos e isso é suficiente para que ela se reflita em todo o
sistema; dai o falante não tem consciência das mudanças que ocorrem entre os estados os
recortes sincrónicos da língua.

Nos Estados Unidos, a visão formal da língua ganha destaque, a partir da década de 1960,
com Noam Chomsky e a corrente denominada gerativismo, segundo a qual a língua é
concebida como um sistema de princípios universais;é vista como o conhecimento mental
que um falante tem de sua língua a partir do estado inicial da faculdade da linguagem, ou
seja, a competência. Pioneiros como Uriel Weinreich, Charles Ferguson e Joshua Fishman
chamaram a atenção para uma série de fenómenos interessantes, tais como a diglossia e os
efeitos do contacto linguístico.

Mas pode-se dizer que a figura chave foi William Labov, que, nos anos 1960, começou uma
série de investigações sobre a variação linguística cujas as investigações que revolucionaram
a compreensão de como os falantes utilizam sua língua e que acabaram por resolver
o Paradoxo de Saussure.

A Sociolinguística Variacionista, ou Teoria da Variação e Mudança, é uma abordagem


proposta por William Labov para explicar a variação sistemática entre língua e sociedade.

A Sociolinguística Educacional, rótulo assumido por Stella Maris Bortoni Ricardo, tem se
constituído como um campo de aplicação da sociolinguística aos programas de formação de
docentes para o ensino de língua materna.

Definição da sociolinguística

Sociolinguística é o ramo da linguística que estuda a relação entre a língua e a sociedade. É o


estudo descritivo do efeito de qualquer e todos os aspectos da sociedade, incluindo as normas
culturais, expectativas e contexto, na maneira como a língua é usada, e os efeitos do uso da
língua na sociedade.

O “objecto da Sociolinguística é a língua falada ou sinalizada, observada, descrita e


analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais de uso.” Ou seja, a
Sociolinguística ocupa-se da língua não somente por si, mas como esta se modifica para
adequar-se aos seus falantes.

Ela subdividida em Sociolinguística Variacionista, cujo fundador é William Labov,


na Sociolinguística Internacional, proposta por John J. Gumperz e na Sociolinguística
Educacional, pensada por Stella Maris Bortoni-Ricardo.

Elementos importantes no estudo da sociolinguística sao:

Variedade: são as diferentes formas de manifestação da fala dentro de uma língua, a partir
dos diferentes traços que a condicionam, eles podem ser: sociais, culturais, regionais e
históricos de seus falantes.

Dialeto: modo particular de uso da língua numa determinada localidade. Diferente do que
pensam muitos linguistas, o termo dialeto não serve para designar variedade linguística.
Socioleto: é a variedade linguística de um determinado grupo de falantes que partilham os
mesmos traços e experiências socioculturais.

Idioleto: é o modo particular de cada indivíduo expressar-se através da fala.

Cronoleto: variedade pertencente a uma determinada faixa etária, ou seja, modo próprio
desta geração manifestar-se.

Variante: termo utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o item linguístico que
é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética, a variante é o alofone. A
variante representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na linguística
geral, o termo "variante dialectal" é usado como sinónimo de dialecto.

Variável: traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes


observadas pelo investigador. Em outras palavras, a variável é todo fenómeno linguístico que
pode ser realizado por duas ou mais variantes
. A fixação do campo de estudos da Sociolinguística

Segundo Antoine Meillet enfatizava, em seus textos, o carácter social e evolutivo da língua.

“Pois a língua sendo um facto social resulta a linguística uma ciência social, e o único
elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança
social” (MEILLET, 1921 apud CALVET, 2002, p. 16).

A Teoria da Variação e Mudança Linguística

Os factos linguísticos são explicados através de outros factos linguísticos. Em outras


palavras, tudo o que acontece na língua é motivado e explicado por meio da própria estrutura
da língua, pela actuação de forças internas, sem influência de nenhuma força externa;

O primeiro aspecto estado de língua, constitui a realidade verdadeira e única. Os factos


evolutivos diacrónicos não são percebidos pela massa falante e não fazem parte do sistema da
língua, que é estático. Em Chomsky, Labov critica, entre outros, os seguintes aspectos: O
objecto da linguística é uma comunidade de fala abstracta, homogénea, composta por um
falante-ouvinte ideal;
Concepção de língua como sistema heterogéneo

As línguas são sistemas heterogéneos e não homogéneos, conforme postulam Saussure e


Chomsky.

Uma evidência de que a heterogeneidade é organizada ou sistematizada é o fato de os


indivíduos de uma comunidade se entenderem, se comunicarem, apesar das variações ou
diversidades linguísticas.

A partir desse postulado teórico, a Teoria da Variação e Mudança fornece um instrumental


metodológico que permite analisar e sistematizar os diferentes tipos de variação linguística. a
língua concebida como sistema homogéneo contém somente regras categóricas, ou
obrigatórias, ou invariantes que sempre se aplicam da mesma maneira por todos.

Conceitos de dialecto, gírias, e eufemismo

Dialecto

Conforme a definição que se lhe atribui no Dicionário: “Marota,f. m. moço plebeo mal
composto, e descortês. § Uſa-ſe adj. v.g., andar á marota, e. ao modo dos marotos”. A entrada
anterior, referente ao feminino do substantivo, contém significado bem mais eloquente
quanto ao sentido negativo atribuído ao termo: “Marota, ſ. f. mulher vil, meretriz”
(BLUTEAU, 1789'

Dialecto é uma linguagem própria de determinadas comunidades e que existe


simultaneamente à outra língua. Como no Brasil existe dialecto caipira, um jeito de se
expressar próprio do interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e
Paraná, que coexiste com a Língua Portuguesa.

O dialecto tem suas próprias marcas linguísticas, estrutura semântica, léxico e características
fonológicas, morfológicas e sintácticas.

É uma variante linguística, que tem origem em uma outra língua. Não é necessariamente
originada na língua oficial do território em que se fala o dialecto.

Por vezes, na comunidade, fala-se apenas o dialecto local, sem o uso da língua oficial do país.
Em alguns lugares de colonização italiana no Rio Grande do Sul, por exemplo, existem
vilarejos que falam apenas o dialecto do Vinhito, Norte da Itália, e internamente não se fala
português.
A sociolinguística defende que existem outros factores além dos regionais que determinam
um dialecto. E que existem os chamados dialectos etários , com as diferenças marcadas entre
as formas de expressão de geração para geração, e dialecto sociais entre diferentes grupos
sociais.

A palavra idioma não é sinónima exacta de dialecto, pois o idioma é um termo caracterizado
politicamente, em referência à língua oficial de um país. São exemplos de dialectos no Brasil
o dialecto mineiro, o dialecto gaúcho, o dialecto baiano e o dialecto carioca.

Gíria

Segundo, Daniela Diana 2014 diz que Gírias são fenómenos linguísticos utilizados num
contexto informal, sendo muita utilizada entre os jovens.

São palavras ou frases não-convencionais segundo a norma culta, as quais são utilizadas em
algumas regiões e culturas, por determinados grupos ou classes sociais.

Elas são criadas no intuito de substituir termos formais da língua, ou seja, não podem ser
interpretadas de maneira literal e sim em seu sentido conotativo ou figurado.

Características gerais

A palavra gíria é um termo da sociolinguística. Trata-se de linguagem informal caracterizada


por um vocabulário rico em idiomatismos metafóricos, jocosos, elípticos, ágeis e mais
efémeros que os da língua tradicional;

Eufemismo

A palavra “eufemismo” vem do grego eufemismos, que significa “emprego de uma palavra
favorável no lugar de uma de mau augúrio”. Os vocábulos eu (bem) e femi (falar) dão a
ideia de “falar de maneira agradável”.

O eufemismo é a figura de linguagem usada para tornar um enunciado mais brando ou


agradável e menos agressivo. É bastante utilizado em contextos que exigem moderação ou
para falar de conteúdos fortes e polémicos por meio de termos mais suaves e menos
provocantes. Esse recurso estilístico é constantemente associado à polidez.
O eufemismo é utilizado para substituir uma palavra ou um termo tabu ou um conteúdo
delicado e chocante, atenuando o seu sentido. Por exemplo da notícia de morte:

“Ele morreu.”

Aqui, o verbo “morrer” provavelmente apresenta alta carga negativa para quem recebe a
notícia: é directo, objectivo e está próximo, sonoramente, da palavra (e da ideia de) morte.

“Ele faleceu.”

O verbo “falecer” apresenta exactamente o mesmo significado que o verbo “morrer”,


porém, o uso de uma palavra que não remete sonoramente à palavra “morte” pode ajudar a
passar a notícia de maneira menos abrupta, pelo menos em tese. Apesar de sinónimo,
“falecer” é já considerado um eufemismo.

Variação Linguística

A variação de uma língua é a forma pela qual ela difere de outras formas da linguagem
sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um
deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns factores, tais como o tempo, o
espaço, o nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente.

Mudanças Linguísticas e Contactos Linguísticos

1. Empréstimos: fenómeno linguístico muito comum a mutação externa e Empréstimos


Lexicais, sintácticas e fonológicas.

lexical: the borrowing of words, i.e. the adoption of loan words such as “ballet” or “fiesta”;
there are also loan translations or “calques” such as “it goes without saying” from the French
“il va sans dire”

Structural: the borrowing of phonological, morphological, or syntactic features -


phonological: the borrowing of the sound in rouge or garage - morphological: the borrowing
of -able from French - syntactic: Asia Minor Greek adopted SOV order from contact with
Turkish

2) Intensidades de contactos Empréstimos lexicais requerem somente o contacto de


intensidade baixa.
3. Empréstimos estruturais: intensidade alta, uma vez que o conhecimento do sistema e
necessário para ocorrer o empréstimo pelo menos alguns falantes são bilingues.

Universal linguístico
'O Portal da Língua Portuguesa, apoiando-se em David Crystal (A first dictionary of
linguistics and phonetics. Boulder, CO: Westview. 1980), define universais linguísticos como
um termo "usado em linguística e especialmente no âmbito da gramática generativa para
referir as propriedades comuns das línguas humanas"
Um universal linguístico é um padrão que ocorre sistematicamente nas línguas naturais ,
potencialmente verdadeiro para todas elas. Todos os idiomas têm substantivos e verbos ou, se
um idioma for falado, terá consoantes e vogais (Noam Chomsky).
A proposta de uma Gramática Universal , mas foi amplamente iniciada pelo linguista Joseph
Greenberg , que derivou um conjunto de quarenta e cinco universais básicos , a maioria
lidando com sintaxe , de um estudo de cerca de trinta línguas.
Terminologia
Os linguistas distinguem entre dois tipos de universais: absolutos opostos: estatísticos ,
frequentemente chamados de tendências , e implicacionais opostos, não implicacionais .

Os universais absolutos se aplicam a todas as línguas conhecidas e são muito poucos; um


exemplo é Todos os idiomas têm pronomes .

Um universal implicacional se aplica a idiomas com uma característica particular que sempre
é acompanhada por outra característica, como Se uma língua tem número gramatical
experimental , também tem número gramatical duplo , enquanto universais não
implicacionais apenas declaram a existência ou não existência de um recurso específico.

Com os universais absolutos estão as tendências , afirmações que podem não ser verdadeiras
para todas as línguas, mas, ainda assim, são comuns demais para serem resultado do acaso.

No caso do latim, suas línguas românicas descendentes mudaram para SVO, que é uma
ordem muito mais comum entre as línguas preposicionais. Os universais também podem
ser bidireccionais ou unidireccionais .

Em um universal bidireccional, duas características implicam a existência uma da outra. Por


exemplo, as linguagens com postposições geralmente têm ordem SOV e, da mesma forma, as
linguagens SOV costumam ter postposições. A implicação funciona nos dois sentidos e,
portanto, o universal é bidireccional. Em contraste, em um universal unidireccional, a
implicação funciona apenas de uma maneira. Linguagens que colocam orações relativas antes
do substantivo que eles modificam novamente geralmente têm ordem SOV, então orações
relativas pré-nominais implicam SOV. Por outro lado, as línguas SOV em todo o mundo
mostram pouca preferência por orações relativas pré-nominais e, portanto, SOV implica
pouco sobre a ordem das orações relativas. Como a implicação funciona apenas de uma
maneira, o universal proposto é unidireccional.

Michael Halliday defendeu uma distinção entre categorias descritivas e teóricas para resolver
a questão da existência de universais linguísticos. Ele argumenta que "categorias teóricas e
suas inter-relações constroem um modelo abstracto de linguagem e elas estão interligadas e
se definem mutuamente".

Relativismo linguístico

Benjamin Lee Whorf (1956) é considerado o pai da hipótese de Sapir-Whorf ou Relativismo


Linguístico. A proposição base desta hipótese é que a língua é responsável por determinar
formas distintas de compreender, analisar e agir no mundo. Ou seja, a estrutura da língua de
um ser humano influencia o modo pelo qual ele entende a realidade e se comporta em relação
a ela. A língua, portanto, deixa de ser considerada apenas como uma ferramenta de expressão
ou comunicação, e é vista como tendo uma nova função, a de determinar ou influenciar o
pensamento e, consequentemente contribui para diferentes análises e comportamentos.

Edward Sapir (1921, 1949) foi aluno de Franz Boas e professor de Benjamin Lee Whorf. Ele
teve um papel muito importante no desenvolvimento da hipótese de Sapir-Whorf, uma vez
que foi ele que sugeriu a possibilidade da linguagem influenciar a forma como um indivíduo
pensa.

Sapir desenvolveu parte do seu trabalho levando em consideração o trabalho de Boas, no


entanto, foi mais além do que este, ao complementar e formular diversos outros pontos sobre
o sistema linguístico. Boas haviam argumentado que a fala é inconsciente e automática.

Segundo Sapir, a naturalidade da fala não é nada mais do que um sentimento ilusório.
Abrangência da área de conhecimento “aquisição de segunda língua”

Em uma recente publicação, os experientes pesquisadores Catherine Doughty e Michael


Long (2003, p. 3-4) afirmam que o escopo do campo de conhecimento denominado
“aquisição de segunda língua” é amplo e abarca:

• Conhecimento básico e aplicado sobre a aquisição e perda de segunda, terceira, quarta,


etc., línguas e dialectos tanto por adultos quanto por crianças que se encontram em ambientes
naturais ou instrucionais (ou seja, na escola), como indivíduos ou como grupos em contextos
de língua estrangeira, segunda língua, e língua.

• Uma variedade de métodos de colecta e análise de dados que incluem a observação nos
contextos de aquisição naturais ou instrucionais, o uso de designs experimentais com um alto
nível de controlo de variáveis de pesquisa, o desempenho de tarefas em laboratório, a
simulação computacional, o tratamento qualitativo ou quantitativo dos dados;

• Um grupo grande de pesquisadores afiliados a uma variedade de campos de conhecimento,


tais como a linguística, a linguística aplicada, a psicologia cognitiva, a comunicação, a
psicologia educacional, a educação e a antropologia.

. Nessa perspectiva, que se ampara no trabalho do psicólogo russo Vygotsky, a aquisição não
é um fenómeno apenas mental é um processo contextualmente situado e mediado pela
interacção social e cultural (Gass & Selinker, 2008).

O Modelo Monitor

O Modelo Monitor, proposto por Stephen Krashen em 1978, é uma das primeiras propostas
de aquisição de L2 do período pós-behaviorista e a que mais provocou debate na área até o
presente momento.

Originalmente chamada de Modelo Monitor, é também conhecido como Hipótese do Insumo


(Input Hypothesis) e, mais recentemente, como Hipótese da Compreensão (Comprehension
Hypothesi). Krashen adota a noção do dispositivo de aquisição de linguagem e organiza seu
Modelo através de 5 hipóteses sobre a aquisição de L2. São elas:

A– A Hipótese da Aquisição-Aprendizagem:
Há uma diferença entre aquisição e aprendizagem da segunda língua. A aquisição é um
processo subconsciente e requer o dispositivo de aquisição de linguagem, que nos é inato e
que é responsável pela aquisição da língua materna (L1).

A aquisição se dá de forma natural e emerge espontaneamente quando o aprendiz está


envolvido em situações de interação e tem seu foco de atenção no significado

A aprendizagem resulta de uma intenção de aprender e o uso do conhecimento aprendido


exige esforço. Esta é a hipótese mais importante do Modelo e um aspecto crucial aqui é que,
para Krashen, os processos de aquisição e aprendizagem não interagem.

B – A Hipótese do Monitor:

O conhecimento que resulta da aprendizagem, no âmbito do Modelo, tem como função


monitorar, revisar ou corrigir a língua que é produzida a qual é fruto do conhecimento
adquirido. Como aprendizes, somente precisaremos do conhecimento obtido através da
aprendizagem nas situações em que temos que observar se as formas que estamos usando
estão corretas (por exemplo, durante um teste ou uma entrevista para emprego).

Como a razão principal para o uso de uma L2 é a interação social, podemos ver que o
conhecimento que é fruto da aprendizagem, no Modelo, não tem um papel importante e por
isso, para Krashen, não deve ser enfatizado.

C – A Hipótese da Ordem Natural:

A aquisição da gramática da L2 se dá em uma ordem previsível, independente do seu grau de


complexidade e da ordem em que é ensinada em contextos de sala de aula.

D – A Hipótese do Insumo:

A aquisição da L2 só pode acontecer se o aprendiz for exposto ao que Krashen chamou de


insumo compreensível, outro construto de grande importância no Modelo. O “insumo
compreensível” contém insumo linguístico que está um nível acima do nível de proficiência
do aprendiz ou seja, é um insumo rico no que diz respeito aos aspectos lexicogramaticais e,
sugerimos, a todos os outros aspectos, da L2. Krashen, ao definir o termo “insumo
compreensível” introduziu o construto i, em que i é o nível em que o aprendiz se encontra, e a
fórmula i + 1, que se refere ao nível acima.

E- A Hipótese do Filtro Afetivo:


Para que a aquisição ocorra, o aprendiz deve estar receptivo ao insumo, sentindo-se
confortável na situação de aquisição e demonstrando uma atitude positiva em relação à L2.
Ou seja, seu filtro afetivo deve estar baixo.

Aprendizes em situações de estresse, com baixa auto-estima e inseguros, ou com uma atitude
negativa em relação à língua e sua cultura, têm seus filtros afetivos altos e, portanto,
bloqueiam a interação do insumo compreensível com o dispositivo de aquisição de
linguagem.

Características do processo da aquisicao da L2

, VanPatten e Williams (2007) afirmam que o corpo de conhecimento já obtido sobre o


fenômeno “aquisição de L2” nos permite fazer 10 observações gerais:

 A exposição ao insumo linguistico é necessária para aquisição de L2 ocorrer: esta


observação se refere ao fato de que, para que o aprendiz adquira a L2, ele deve ser
exposto ao insumo em L2
 Em grande parte, o processo da aquisição da L2 se desenvolve de maneira incidental:
quando os aprendizes estão engajados em atividades com foco no significado e na
comunicação, a aprendizagem de itens lingüísticos (vocabulário, sintaxe, morfologia,
pronúncia) é incidental, um “sub-produto” do envolvimento do aprendiz com a língua
para fins comunicativos.
 O aprendiz sabe mais do que aquilo a que é exposto: o aprendiz tem conhecimento de
natureza implícita, inconsciente, sobre a L2 e esse conhecimento não é obtido através
do insumo ao que está exposto, pois é de natureza complexa e está além do insumo a
que tem acesso.
 A produção do aprendiz, na L2, geralmente segue estágios previsíveis na aquisição
de determinadas estruturas: esta observação se relaciona às seqüências de
desenvolvimento de determinadas estruturas sintáticas. Um exemplo muito famoso é
o da negação em inglês. Geralmente, o aprendiz demonstra o seguinte percurso na
aprendizagem da estrutura de negação:
 Há grande variação no nível de proficiência na L2 que é atingido pelos aprendizes:
esta observação se refere ao fato de que, apesar de serem expostos ao mesmo insumo
linguistico, na mesma quantidade e condições, os aprendizes demonstram grande
variação no grau de conhecimento e desempenho na L2.
 Há grande variação no grau de conhecimento e desempenho do aprendiz com relação
aos vários subsistemas da L2: o mesmo aprendiz pode demonstrar conhecimento e
desempenho diferentes em diferentes aspectos da L2. Por exemplo, ele pode ler bem
na L2, mas sua produção (oral, de sinais ou escrita) pode ser menos proficiente que
sua leitura, por exemplo.
 A freqüência de um determinado item linguistico no insumo é limitada: vários estudos
mostram que a freqüência com que um item ocorre no insumo está relacionada com a
aquisição desse item. Assim, itens infreqüentes são adquiridos mais tarde. Entretanto,
há vários estudos mostrando também que mesmo quando um item é altamente
freqüente, sua aquisição será tardia.
 A influência da língua materna do aprendiz é limitada: embora a L1 tenha um impacto
na aquisição da L2, esse impacto é limitado por pelo menos 3 fatores: o tipo de L1, os
subsistemas da língua (fonológico, sintático, lexical, semântico, etc.), as
características individuais do aprendiz.
 A instrução tem impacto limitado no processo de aquisição: essa observação se refere
à crença que temos de que, uma vez ensinada e praticada, a L2 será adquirida.
Entretanto, vários estudos mostram que a instrução, às vezes não leva à aquisição

Na maioria das vezes, a instrução terá um resultado limitado no sentido de evitar que o
aprendiz passe por aquelas fases e chegue de imediato à forma final. Em alguns casos, o
aprendiz demonstra ter conhecimento da estrutura alvo em atividades de escrita e leitura,
mas quando é solicitado a usar a negação em tarefas mais espontâneas de fala, vemos as
seqüências de desenvolvimento emergirem.

 A produção tem impacto limitado no processo de aquisição de L2: esta observação se


refere ao fato de que, ao contrário do que Krashen (1985) propôs, a produção não é
apenas resultado da aquisição. Ela, de fato, pode fazer a aquisição da L2 acontecer.
Entretanto, novamente, esse impacto é limitado por vários fatores e, entre eles, está o
subsistema da língua (se fonológico, sintático, semântico, pragmático).
Conclusão

Desde a década de 1970 inúmeros grupos de pesquisa surgiram no Brasil na área da


Sociolinguística, buscando investigar a linguagem relacionando-a a fatores sociais que
distinguem diferentes comunidades de fala para a desconstrução da ideia de homogeneidade
linguística. Muitos dos trabalhos desenvolvidos têm suas bases na sociolinguística
variacionista (LABOV, 2008[1972]), para a qual a variação e a mudança são inerentes às
línguas, como um fenômeno cultural motivado por fatores linguísticos e extralinguísticos.

O trabalho de Noam Chomsky relacionado à hipótese do inato no que diz respeito à nossa
habilidade de aprender rapidamente qualquer idioma sem instrução formal e com entrada
limitada, ou o que ele se refere como uma pobreza de estímulo , é o que deu início à pesquisa
em universais linguísticos. Isso levou à sua proposta de uma estrutura gramatical subjacente
compartilhada para todas as línguas, um conceito que ele chamou de gramática
universal (UG), que ele alegou que deve existir em algum lugar do cérebro humano antes da
aquisição da linguagem

Na semântica , a pesquisa em universais linguísticos tem ocorrido de várias maneiras. Alguns


linguistas, a começar por Gottfried Leibniz , perseguiram a busca de um hipotético núcleo
semântico irredutível de todas as línguas. Uma variante moderna dessa abordagem pode ser
encontrada na metalinguagem semântica natural de Anna Wierzbicka e associados.

Nicolas Evans e Stephen C. Levinson são dois lingüistas que têm escrito contra a existência
dos universais lingüísticos, fazendo uma menção particular aos problemas com a proposta de
Chomsky de uma Gramática Universal . Eles argumentam que entre as 6.000-8.000 línguas
faladas em todo o mundo hoje, existem apenas tendências fortes, em vez de universais, na
melhor das hipóteses
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