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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

O contributo do Texto Argumentativo na melhoria do desempenho


linguístico.

Mariamo Ussene Silva: Código: 708231688

Curso:Licenciatura em Ensino de Geografia

Disciplina: Tecnica de Expressão

Ano de Frequência: 1º Ano

Nampula, Junho, 2023

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Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância

O contributo do Texto Argumentativo na melhoria do desempenho


linguístico.

Mariamo Ussene Silva: Código: 708231688

Trabalho de caracter avaliativo da cadeira de


Ecologia Geral do Curso de Licenciatura em
Ensino de Biologia orientado por:
Docente: Afonso Namburete

Curso:Licenciatura em Ensino de Geografia

Disciplina: Tecnica de Expressão

Ano de Frequência: 1º Ano

Nampula, Junho, 2023


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Folha de Feedback
Indicações Padrões Classificação
Categorias Pontuação Nota do Subtotal
máxima Tutor
 Capa O,5
 Índice O,5
Aspectos  Introdução O,5
Estrutura organizacionais  Discussão O,5
 Conclusão O,5
 Bibliografia O,5
 Contextualização 1,0
(Introdução clara do
problema)
Introdução  Descrição dos objectivos 1,0
 Metodologia adequada ao 2,0
Conteúdos objecto de trabalho
 Articulação e domínio do 2,0
Análise discurso académico (expressão
escrita cuidada, coerência /
coesão textual)
 Revisões bibliográficas 2,0
nacionais e internacionais
relevantes na área de estudo
 Exploração dos dados 2,0
Conclusão  Contributos teóricos práticos 2,o
Aspectos Formatação  Paginação, tipo e tamanho de 1,0
gerais letra, parágrafo, espaçamento
entre linhas
Referências Normas APA 6ª  Rigor e coerência das 4,0
Bibliográfic edição em citações/referências
as citações e bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Conteúdo
1.Introdução .......................................................................................................................................... 6
1.1.Objectivos ........................................................................................................................................ 6
1.2.Metodologia ..................................................................................................................................... 7
2.1.Texto Expositivo-Argumentativo................................................................................................... 7
2.2.Argumentação: breve histórico e conceito .................................................................................... 8
2.3.Objectivos do Texto-Argumentativo ............................................................................................. 9
3.Contributo do Texto Argumentativo no Desempenho Linguístico.............................................. 10
4.Considerações Finais ....................................................................................................................... 13
5.Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 14

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1.Introdução
Sabemos que nos últimos anos, o ensino de Língua Portuguesa tem obtido algumas
conquistas, a saber: a utilização dos gêneros textuais, abordagem da língua escrita e falada
dentro de um contínuo tipológico, análise do discurso, dentre outras, que resultam de muito
esforço por parte dos estudiosos da língua e da linguística. No entanto, ainda há muito que se
estudar e pesquisar com o intuito de melhorar a prática de ensino, principalmente no Ensino
Fundamental.

Parece consenso entre linguistas que o ensino deve ser pautado na análise de textos quer
sejam na forma escrita ou oral, como também é uma práctica comum na escola e orientação
central dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A questão não é a aceitação desse postulado,
mas o modo como esse ensino é posto em práctica, uma vez que muitas são as formas possíveis
de utilizar o texto como objecto de ensino e aprendizagem. Este problema torna-se mais
complicado quando a prática pedagógica envolve o trabalho com textos produzidos pelos
alunos, em virtude da falta de interesse pelas atividades de leitura assim como de escrita.

Diante disso, entendemos que se faz necessário um trabalho maior na área de produção
textual visto que os alunos apresentam muitas dificuldades de articulação de ideias e, isto fica
mais evidenciado na escrita de gêneros textuais argumentativos no qual percebemos pouca
consistência dos argumentos para defender ou refutar um ponto de vista.

1.1.Objectivos
Em função do tema em questão, o objetivo principal é analisar o contributo do texto
argumentativo para o desempenho linguístico.

Assim, para que nossa pesquisa se desenvolva, pensamos nos seguintes objectivos
específicos:

1. Identificar as estratégias argumentativas mais usuais;

2. Descrever os usos e funções dos operadores argumentativos;

3. Explicar o contributo do texto argumentativo para o desempenho linguístico.

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1.2.Metodologia
Quanto à abordagem metodológica, a pesquisa é qualitativa, do tipo documental e
bibliográfica. A fundamentação da pesquisa baseou-se no contributo de vários autores
linguistas.

Segundo Flick (2009, p. 232):

Ao decidir-se pela utilização de documentos em um estudo, deve-se sempre vê-los como


meios de comunicação. O pesquisador deverá também perguntar-se acerca de quem produziu
esse documento, com que objetivo e para quem? [...] Os documentos não são portanto apenas
simples dados que se pode usar como recurso para a pesquisa. [...] o pesquisador deve sempre
focalizar esses documentos enquanto um tópico de pesquisa: quais são suas características, em
que condições específicas foram produzidas.

Nesta pesquisa, a análise documental parte do pressuposto de que documento é toda base
de conhecimento fixado materialmente e passível de ser utilizado para consulta ou estudo
(CERVO e BERVIAN, 1983).

2.Conteitos

2.1.Texto Expositivo-Argumentativo
Neste estudo, consideramos importante abordar os conceitos de texto, tipo e gênero
textual, como um ponto de partida para aquilo que é o foco deste trabalho.

Para tanto, apresentamos a definição de texto de Koch (2011, p. 31):

O texto é considerado como manifestação verbal, constituída de elementos linguísticos


de diversas ordens, selecionados e dispostos de acordo com as virtualidades que cada
língua põe à disposição dos falantes no curso de uma actividade verbal, de modo a
facultar aos interactantes não apenas a produção de sentidos, como a fundear a própria
interação como prática sociocultural.

Ainda sobre a definição de texto, é importante registrar o que nos diz Bronckart (2007);
para ele, se é possível nos dotarmos de uma definição genérica de texto, é interessante lembrar
que os exemplares de textos observáveis. Se caracterizam por uma grande diversidade e, dessa
forma, por um conjunto de características diferenciais.

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Relacionando essa afirmação às atividades discursivas, percebemos que continuamente
usamos diferentes formas de texto para interagir. Pode-se afirmar ainda que, dada a necessidade
de nos expressarmos, essas formas vão se diversificando cada vez mais.

2.2.Argumentação: breve histórico e conceito

Breton (2003), em sua abordagem, nos diz que a argumentação se estabeleceu como um
saber sistemático no século V antes de Cristo com o nome de retórica e “durante dois mil e
quinhentos anos, até a explosão das disciplinas do fim do século XIX, a retórica foi o centro de
todo o ensino” (BRETON, 2003, p. 24).

Vários autores compreendem que a argumentação necessita de algumas condições


básicas para sua ocorrência: a) existência de um tema passível de debate (LEAL e MORAIS,
2006) ou situações sociais controversas, mas admissíveis (SOUZA, 2003); b) existência de
uma ideia a ser defendida (proposição, declaração, tese); c) proposições que justifiquem ou
refutem a declaração (através de evidências, justificativas, contra-argumentação) (LEAL e
MORAIS, 2006); d) um antagonista/opositor, que pode ser real ou virtual (LEAL e MORAIS,
2006). Golder apud Souza (2003), confirmando essa ideia, julga que, para argumentar, é
preciso ter uma tese discutível, ter argumentos opostos que coloquem em jogo os sistemas de
valores do próprio locutor.

Do ponto de vista social e tendo por base muitas afirmações já expostas, pode-se
confirmar que a argumentação é um tipo de texto bem presente nas nossas relações cotidianas,
mas somente isso não nos garante que possamos desenvolvê-la bem em qualquer situação
comunicativa.

Em linhas gerais, um texto argumentativo seria àquele caracterizado pela apresentação


de uma tese a ser defendida por meio de argumentos, com o objetivo de fundamentar e validar
o que está sendo posto pelo locutor/autor do texto até chegar-se a uma conclusão/resposta. Os
argumentos, segundo Savioli e Fiorin (2001), não são necessariamente uma prova de verdade.
Trata-se antes de um recurso de natureza linguística e discursiva destinado a levar o interlocutor
a aceitar os pontos de vista daquele que fala e se constroem a partir dos conhecimentos prévios
e experiências sócio-histórico-culturais dos produtores de texto. Por meio dessas estratégias, o
produtor do texto busca fazer com que seu texto tenha consistência de forma a conseguir a
adesão do seu auditório.

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2.3.Objectivos do Texto-Argumentativo

O texto argumentativo é um texto que visa convencer, persuadir ou influenciar o


ouvinte/leitor através da apresentação de uma tese (ponto de vista), cuja veracidade deve ser
demonstrada e provada através de argumentos adequados.

Segundo Rei (1990:88) “Um argumento é um raciocínio destinado a provar ou refutar uma
afirmação destinada a fazer admitir outra.

Com base nos contextos de uso, nas finalidades e nos tipos textuais dominantes,
Schneuwly e Dolz (2010) apresentam uma classificação de gêneros textuais em cinco
agrupamentos, na qual os textos da ordem do argumentar são descritos no âmbito daqueles que
têm base na discussão de problemas sociais controversos e se caracterizam pela sustentação,
refutação e negociação de tomadas de posição. Nessa classificação, indicam como gêneros
argumentativos escritos os textos de opinião, a carta do leitor, a carta de reclamação, a resenha
crítica, o ensaio, o editorial e os artigos de opinião.

Do ponto de vista da escrita, por exemplo, a argumentação é um texto que se forma pela
conjugação de dados que se articulam, geralmente, através de conectivos, conjunções e de
formas diversificadas usadas na sustentação, refutação ou negociação dos pontos de vista ou
teses apresentados.

Souza (2003) acrescenta que o discurso argumentativo é ao mesmo tempo justificado e


negociado e, que para que ele seja considerado negociado, a tomada de posição deve ser
alicerçada em argumentos que sejam socialmente aceitos (causalidade, fatos e razões). Leal e
Morais nos chamam a atenção para o fato de que, embora existam várias orientações didáticas
sobre as formas de construção de textos argumentativos, sobre a estrutura desses textos a ser
ensinada na escola, quando passamos a considerar as situações de interação mediadas pelo
texto, tendemos a perceber que os modelos de textos argumentativos não correspondem a
gêneros textuais reais. “Fala-se em ‘textos argumentativos’ como se existissem, nas práticas
sociais, modelos únicos que satisfizessem às diferentes condições com as quais se deparam os
indivíduos na sociedade” (LEAL e MORAIS, 2006, p. 19).

A principal função da argumentação consiste na resolução de conflitos de opiniões


apelando à razoabilidade das partes em confronto, numa recusa manifesta da força física e do
confronto bélico (Breton & Gauthier, 2001). Para tal, a argumentação cria um espaço de
negociação onde pontos de vista controversos podem ser defendidos e refutados, reservando,

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por conseguinte, um desfecho aberto (Golder, 1992). Pela própria atividade de argumentar,
cada participante viabiliza do seu horizonte e da sua perspetiva a passagem entre dois estados
de pensamento: de um inicial, que admite a controvérsia de posições sobre um assunto
polémico, para outro final que apela ao entendimento das posições em confronto, por exemplo
recorrendo a estratégias persuasivas. Saber argumentar bem, ou seja, saber optar racionalmente
entre alternativas opostas, desenvolver razões, de suporte e contra a posição tomada, e
estruturá-las quer de forma progressiva (das premissas para a conclusão) quer de forma
regressiva (da conclusão para as premissas), de forma a defender uma posição, ou a persuadir
o interlocutor, ou a audiência, da viabilidade de uma alternativa, é um instrumento útil e
fundamental para resolver controvérsias sociais e conflitos diários em todos os domínios da
vida (e.g., Breton & Gauthier, 2001; Reznitskaya et al., 2007; Schwarz & Asterhan, 2010). Esta
habilidade capacita o cidadão a participar atentamente no debate verbal de opiniões que tangem
a sua sociedade e contribui assim para a existência e continuidade da democracia (Breton &
Gauthier, 2001; Graham, Gillespie, & McKeown, 2013; Kuhn, 1991; Reznitskaya & Anderson,
2002).

3.Contributo do Texto Argumentativo no Desempenho Linguístico

Por norma, as pessoas se envolvem em diálogos para solucionar as suas divergências de


opinião (Walton, 1992 ). Esta abordagem surge na esteira das teorias socioculturais que
postulam que situações de interação presencial e dialógica entre pares favorecem o
desenvolvimento de estruturas cognitivas e de funções mais elevadas do pensamento, como o
raciocínio crítico individual, as habilidades argumentativas e a aquisição de competências
sociais (Kuhn, 2015; Kuhn et al., 2016; Reznitskaya & Anderson, 2002; Reznitskaya et al.,
2007).

As intervenções escolares em harmonia com a perspectiva dialógica criam cenários


pedagógicos propiciadores da interação conversacional em pequenos grupos, de diferentes
dimensões, e geram oportunidades de envolvimento dos alunos em diálogos e debates orais
sobre tópicos do seu interesse com a finalidade de controlar a ausência do parceiro
conversacional na situação posterior de escrita (Crowell & Kuhn, 2014; Felton & Kuhn, 2001;
Kuhn et al., 1997; Reznitskaya et al., 2001; Scardamalia & Bereiter, 1986b).

A configuração de contextos facilitadores do diálogo entre alunos, jovens e adolescentes,


para promover as suas habilidades argumentativas, individuais e de diálogo, justifica-se por

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duas ordens de razões. A primeira tem que ver com o carácter intrinsecamente dialógico da
atividade social da argumentação (van Eemeren & Grootendorst, 2004; van Eemeren et al.,
1996).

Com efeito, os processos de intercâmbio verbal que ocorrem entre crianças e jovens
quando inseridas em contextos favorecedores da sua interação verbal podem ser equiparados
aos processos de aquisição e de desenvolvimentos das habilidades argumentativas que têm
lugar pela sua exposição à argumentação nas conversas diárias (Kuhn et al., 2016, 2013). Com
efeito, os contextos dialógicos, em díades e em pequenos grupos de pares, desfrutam da
primazia de estimular o inter-relacionamento entre os alunos e de promover a exteriorização
dos seus pensamentos e a exposição de pontos de vista pessoais, mesmo se alternativos ou
discordantes dos já expostos pelos interlocutores e, por conseguinte, de favorecer a
experienciação da contestação e da crítica em grupos e ambientes mais resguardados a turma
(Kuhn & Crowell, 2011; Reznitskaya et al., 2001, 2007).

A prática da argumentação dialógica prévia à escrita tem efeitos positivos na compreensão


das estruturas argumentativas (Felton & Kuhn, 2001; Kuhn & Udell, 2003, 2007), na meta-
compreensão e na avaliação dos argumentos produzidos (Kuhn et al., 2013) e por favorecer
os processos de ponderação gera as condições para que os alunos se sintam motivados a
elaborar e a expressar cadeias argumentativas cada vez mais fortes que incluem as duas
perspetivas sobre o tema (Crowell & Kuhn, 2014; Felton & Herko, 2004; Ferretti & Fan, 2016;
Kuhn & Crowell, 2011; Kuhn et al., 1997; van Eemeren & Grootendorst, 2004; Walton, 1989),
tendencialmente mais persuasivas, compostas de contraargumentos que exprimem o seu
desacordo relativo a posições alternativas (Kuhn & Udell, 2003) e de argumentos de suporte
à posição defendida (Boscolo & Gelati, 2013; Ferretti & Lewis, 2013).

Num estudo ao longo de três anos para desenvolver o pensamento argumentativo, Kuhn e
colegas mostraram que a inclusão de uma fase de discussão presencial prévia melhora a
habilidade da escrita argumentativa dos participantes do 4.° e do 8.° anos de escolaridade, que
passaram a considerar perspetivas distintas das suas, otimizando desta forma o efeito
persuasivo da sua argumentação a favor da posição defendida (Crowell & Kuhn, 2014; Kuhn &
Crowell, 2011). Em comparação com os textos dos alunos que durante a intervenção participaram
em discussões lideradas pelo professor no contexto plenário de turma e treinaram mais
frequentemente a escrita argumentativa, os ensaios redigidos pelos alunos da condição
intervencionada continham mais argumentos de suporte à posição defendida e consideravam

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duas vertentes opostas da mesma controvérsia (Crowell & Kuhn, 2014; Kuhn & Crowell,
2011).

Face à complexidade da escrita argumentativa tornam-se manifestas as vantagens das


propostas de ensino que integram propostas de diálogo, ou de debate, em pares (Crowell &
Kuhn, 2014; Kuhn et al., 2016, 1997) ou em pequenos grupos (Reznitskaya et al., 2007),
prévios à escrita. O treino da argumentação dialógica emerge como um enquadramento
pedagógico crucial do desenvolvimento das habilidades argumentativas individuais e
dialógicas (Crowell & Kuhn, 2014; Kuhn & Crowell, 2011; Kuhn et al., 2013; Piolat et al.,
1999; Reznitskaya et al., 2001) por favorecer a potencialização o raciocínio argumentativo e
facilitar a produção intencional de contra-argumentos e de argumentos com efeitos positivos
na qualidade dos textos escritos (Crowell & Kuhn, 2014; Ferretti & Lewis, 2013; Kuhn &
Crowell, 2011; Reznitskaya et al., 2001; Schwarz & Asterhan, 2010). Deste modo, a
abordagem dialógica ao ensino da escrita da argumentação prescreve o envolvimento prévio
à escrita dos alunos em diálogos ricos e extensos sobre tópicos do seu interesse e por um largo
período de tempo com o objetivo de desenvolver as suas habilidades argumentativas
individuais, e dialógicas, e a sua compreensão das estruturas argumentativas (Felton & Kuhn,
2001; Kuhn et al., 1997; Kuhn & Udell, 2003).

Este entendimento sobre os benefícios da interação verbal e dialógica entre pares para a
melhoria da argumentação escrita assenta na suposição que, no momento individual da escrita,
os alunos revivem através do monólogo interior as ideias geradas anteriormente em
conversação com os pares, atualizam as posições em confronto sobre o tópico e as cadeias
argumentativas desenvolvidas para as reconstruir no seu texto. Esta reconstrução das
habilidades argumentativas praticadas verbalmente com um parceiro dialógico é suportada
pelo ensino de estratégias de escrita e da instrução andaimada do professor (Felton & Herko,
2004; Nussbaum & Edwards, 2011). Com efeito, o ensino explícito de estratégias para a
escrita da argumentação, quer isto dizer, de uma instrução que contém a explicação explícita
e direta pelo professor da estratégia, do objetivo e das razões que a fundamentam e do
momento e das condições em que deve ser aplicada, tem revelado ser um instrumento
poderoso para desenvolver o raciocínio argumentativo e a escrita da argumentação
(Alexander, Graham, & Harris, 1998; Graham & Harris, 2013; MacArthur, 2017).

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4.Considerações Finais

Depois do exposto acima, pode-se concluir que: os processos de intercâmbio verbal que
ocorrem entre crianças e jovens quando inseridas em contextos favorecedores da sua interação
verbal podem ser equiparados aos processos de aquisição e de desenvolvimentos das
habilidades argumentativas que têm lugar pela sua exposição à argumentação nas conversas
diárias (Kuhn et al., 2016, 2013). Com efeito, os contextos dialógicos.

A argumentação é uma atividade estruturante do discurso, pois é ela que marca as


possibilidades de sua construção e lhe assegura a continuidade. É ela a responsável pelos
encadeamentos discursivos, articulando entre si enunciados ou parágrafos, de modo a
transformá-los em texto: a progressão do discurso se faz, exatamente, através das articulações
da argumentação”. (KOCH, 2002, p.157)

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5.Referências Bibliográficas

BEAUGRANDE, Robert de; DRESSLER, Wolfgang (1996). Introduction to text


linguistics. (18 ed). London: Longman linguistics library.

CAMPOS, ALBANEIDE DE SOUZA (2012). A produção escrita de textos


argumentativos: reflexões sobre prática docente e aprendizagem de alunos. Texto
Inedito. Dissertação de Mestrado. Centro de Educação da Universidade Federal de
Pernambuco, Recife.

CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique (2004). Dicionário de análise


do discurso (Coordenação da tradução Fabiana Komesu). São Paulo: Contexto.

FERNÃO, Isabel Arnaldo; MANJATE, Nélio José(2010). Português 12ª Classe – Pré-
universitário. (1ª Edição), Longman Moçambique,: Maputo.

OLIVEIRA, Rafael Camargo de. "Crônica argumentativa"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/a-cronica-argumentativa.htm.

PRATA, Maria José Bernardo(2018). O ensino do texto argumentativo a alunos do 9.° ano
de escolaridade estratégias colaborativas e do SRSD. Texto Inedito. Tese de
Doutoramento. Universidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação, Coimbra, Portugal.

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