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Herói (do grego: «senhor», «príncipe») é aquele que se eleva acima da medida
humana comum, pela sua energia, coragem e sabedoria, na defesa de um ideal: no
combate contra seres humanos ou contra forças brutas da natureza; na fundação/
libertação de uma cidade, de um país ou de um território.
Artur Veríssimo, «Herói», in Dicionário da Mensagem, Lisboa, Areal Editores, 2000, p. 56.
Ficha informativa 3
Mensagem
2. O mito na Mensagem
O grupo (que bem pode ser um Povo) reconhece-se nos seus mitos, o que
contribui para a construção de uma memória coletiva e de uma identidade própria,
aspetos que prefiguram também um futuro comum. […]
O que interessa é que o mito seja história e tenha um sentido para a comunidade
que o vive. É no modo como o mito recria e sonha a vida do grupo que se torna
História desse grupo. Por isso, Ulisses «sem existir nos bastou» […], que «o mito é
nada que é tudo» […]. Foi a vivência interior do que ele para nós representa que fez
dele História e não o facto de ele ter existido ou não fisicamente. […]
Ficha informativa 3
Mensagem
O mito é sempre verdadeiro? Sim, pois tipifica uma situação existencial comum
a um povo; é um conjunto de valores que não tem tempo nem espaço, ao
contrário do facto histórico concreto. Repare que, na Mensagem, se distingue em
D. Sebastião o «ser que houve», fisicamente morto em Alcácer, do «ser que há»,
que permanece vivo na nossa memória coletiva como exemplo, como alma
representativa de um conjunto de valores cuja autenticidade não depende do
tempo histórico.
Transformação idêntica no sentido da criação de um cenário mítico sofrem
todos os heróis que a Mensagem integra. Sem perderem o seu valor de
referentes históricos, deles interessa como vivência individual e coletiva «o ser
que há», não «o que houve», ou seja, o que neles se reveste da exemplaridade
necessária à construção do futuro que a obra obsessivamente procura.
Artur Veríssimo, «Mito», in Dicionário da Mensagem, Lisboa, Areal Editores, 2000, pp. 92-93.
Ficha informativa 3
Mensagem
1
Obsidiados: obcecados, perseguidos; cercados.
2
Misticismo: crença na possível comunicação entre o homem e a divindade.
3
Demanda: ação de procurar alguma coisa; busca, diligência.
Ficha informativa 3
Mensagem
4
Porvir: o tempo que está por vir, por acontecer; futuro.
5
Predestinação: destinação a grandes feitos; determinação antecipada do destino de (algo ou
alguém).
6
António Gonçalves de Bandarra (1500-1556): tendo exercido a profissão de sapateiro, dedicou-se à
divulgação em verso de profecias de cariz messiânico. As Trovas do Bandarra influenciaram o
pensamento sebastianista e messiânico de Padre António Vieira e de Fernando Pessoa.
Ficha informativa 2
Mensagem
CONSOLIDA
Texto 1
•Herói é aquele que se distingue dos demais por, na defesa de um ideal, transpor os limites
expectáveis da condição humana.
Texto 2
•A construção de uma memória coletiva e de uma identidade própria de um povo advém da
identificação deste com os seus mitos.
•As transformações operadas pelo mito resultam daquilo que este representa para o povo e da
história que encerra, não tendo necessariamente de existir, pois o que interessa é o significado
que adquire na vida do grupo, tornando-se, assim, História desse grupo.
•O mito passa a existir a partir do momento em que se transforma num conjunto de valores
comuns a um povo, que não se encontram dependentes das noções de tempo e de espaço,
contrariamente ao facto histórico concreto.
•Os heróis da Mensagem encerram, para além do valor de referentes históricos, os aspetos
modelares dos heróis essenciais para a construção do futuro ambicionado.
Ficha informativa 2
Mensagem
CONSOLIDA