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Luis Eduardo Miani Gomes

Bacharel em Enfermagem (Centro Universitário de Votuporanga)

Graduação em Direito (inscrito na OAB) (UNISAL)

Especialização em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva (PUCC)

Especialização e Doação de Órgãos e Tecidos (Hosp. Albert Einsten)

Especialização em Docência em Enfermagem (Telos Educacional)

Especialização em Direito Médico e da Saúde (Legale)

Mestre em Ciências pelo Departamento de Cirurgia da UNICAMP

Doutorando pelo Dep. de Cirurgia da UNICAMP


Boa noite!!!
 RESOLUÇÃO - RDC Nº 15, DE 15 DE MARÇO DE 2012

 Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o


processamento de produtos para saúde e dá outras
providências.

 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0015_15_03_2012.html
1) Qual a norma re a definição associada de suas caracteristicas da CME?

RESOLUÇÃO - RDC Nº 15, DE 15 DE MARÇO DE 2012

Art. 4º - III - centro de material e esterilização - CME: unidade funcional


destinada ao processamento de produtos para saúde dos serviços de saúde;
2) Quais são os objetivos da CME segundo a norma regulamentadora?

Tem como objetivo realizar o processamento de produtos para a saúde,


visando à segurança do paciente e dos profissionais envolvidos.
3) Quais são as ações básicas conferidas a CME?

Planejar, coordenar, executar, supervisionar e avaliar todas as etapas


relacionadas ao processamento de produtos para saúde
04) Como é previsto a estrutura física e a designação de cada espaço na CME?

O CME passam a ser classificados em CME Classe I e CME Classe II.


Art. 5º.
§ 1º O CME Classe I é aquele que realiza o processamento de produtos para a
saúde não-críticos, semicríticos e críticos de conformação não complexa,
passíveis de processamento.
§ 2º O CME Classe II é aquele que realiza o processamento de produtos para a
saúde não-críticos, semicríticos e críticos de conformação complexa e não
complexa, passíveis de processamento.
Seção IV

Da Infra-Estrutura

Art. 44 O CME Classe I deve possuir, minimamente, os seguintes ambientes:


I - Área de recepção e limpeza (setor sujo);
II - Área de preparo e esterilização (setor limpo);
III - Sala de desinfecção química, quando aplicável (setor limpo);
IV - Área de monitoramento do processo de esterilização (setor limpo); e
V - Área de armazenamento e distribuição de materiais esterilizados (setor limpo).
5) O que é fluxo contínuo e a que está relacionado dentro do CME?

O fluxo continuo e unidirecional é evitar o cruzamento de artigos


sujos com os esterilizados, bem como evitar que o trabalhador
escalado para a área contaminada transite pelas áreas limpas e
vice-versa. Está relacionado com a área suja, área limpa e área
estéril.
06) Quais são as características físicas da construção? (parede, piso, janela, porta, sistema
de exaustão de calor, ventilação, água e luz)

Parede: Devem ser lisas e plana, sem saliência, cantos ou quinas, côncavos e abauladas.
Revestimento lavável, durável e de cor suave (Ex: cerâmicas, laminados, inox, vidro,
pintura epóxi)
Piso: Cor clara, resistente ao calor, umidade e a soluções corrosivas (Ex: cerâmicas de alto
tráfego, porcelanatos, granito impermeabilizado)
Janela: Amplas, altas e com telas
Porta: Lavável, durável
Sistema de exaustão de calor: níveis de conforto
Ventilação: adequada (Ex: ar condicionado)
Água e luz: instalações e sistemas eficientes, assim como tecnologias com menor
consumo possível garantindo sustentabilidade para o serviço.
07) Segundo a RDC 15 o que vem a ser limpeza e que artigos ela se aplica?

XIII - limpeza: remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas, redução da carga


microbiana presente nos produtos para saúde, utilizando água, detergentes,
produtos e acessórios de limpeza, por meio de ação mecânica (manual ou
automatizada), atuando em superfícies internas (lúmen) e externas, de forma
a tornar o produto seguro para manuseio e preparado para desinfecção ou
esterilização;

A limpeza se aplica aos artigos não críticos.


08) Segundo a RDC 15 o que vem a ser esterelização?

É a destruição dos microrganismos nas formas vegetativas e esporulados (vírus,


bactérias, esporos, fungos, protozoários e helmintos).

A esterilização pode ser por meio físico (calor), químico (soluções esterilizantes)
ou físico-químico (óxido etileno).
09) Segundo a RDC 15, como é a classificação dos produtos da saúde e o processo
de higienização.

Classificação

Semicríticos Não-críticos Críticos


10) Diferencie ultrassônica, pasteurizador e termodesinfectadora.

 Ultrassônica: ação combinada da energia mecânica (vibração sonora) térmica


(temperatura entre 50º e 55º C e química (detergente).

 Pasteurizador: jatos de água associadas a detergentes, com ação de braços


rotativos e bicos direcionados sob pressão.

 Termodesinfectadora: Jatos de água e turbilhonamento, associados à ação de


detergentes. A desinfecção se dá por meio de ação térmica ou termoquímica.
ultrassônica, pasteurizador e termodesinfectadora
11) Quais cuidados devemos ter com a água utilizada para a limpeza e esterilização de
materiais médicos? 

Realize análises de água com periodicidade para verificar se a água utilizada no processo está
nos parâmetros exigidos. As análises de água são o ponto inicial para a tomada de ações
corretivas.

 Recomendo a realização de um cronograma com análises mensais contemplando pontos


críticos de consumo, que pela falta de higiene, possam representar riscos para os usuários. É
importante que o cronograma englobe o máximo de pontos críticos para serem analisados
pelos menos dentro de um semestre.
 Monitore a qualidade da água de abastecimento, para o processo de limpeza dos materiais
médicos utiliza-se desde água potável até a água purificada no processo. Desse modo, a água
de abastecimento deve estar nos padrões de potabilidade exigidos pela PCR Nº5 (PORTARIA
DE CONSOLIDAÇÃO Nº 5, DE 28 DE SETEMBRO DE 2017 Consolidação das normas sobre as
ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde)
 https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/29/PRC-5-Portaria-de-Consolida----o-n---5--de-28-de-setembro-de-2017.pdf
12) Qual a importância indicadores biológicos e químicos na esterilização?

A esterilização é o método mais eficiente para a eliminação de vírus, bactérias, esporos, fungos,
protozoários e helmintos causadores de infecções, doenças e outros males a saúde humana.
Somente a esterilização garante a integridade do paciente contra a vida microbiana prejudicial à
saúde, tornando assim o processo de esterilização e assuntos relacionados uma questão de
extrema importância.
Indicadores biológicos e químicos são usados de forma diferente no processo de esterilização e
monitoramento. O monitoramento com indicador químico deverá ser feito diariamente e o
monitoramento com indicador biológico deverá ser feito no mínimo semanalmente ambos de
acordo com a rotina definida pelo próprio CME (Centro de Material e Esterilização). O
monitoramento físico, disposto pelo próprio equipamento deverá ser realizado em 100% dos
ciclos de esterilização.
13) Quais são os tipos de integradores químicos?

Os Indicadores químicos, como o próprio nome diz, monitoram o processo de


esterilização quimicamente, a tecnologia empregada neste tipo de indicador
faz com que ocorra uma reação entre o meio de esterilização e o indicador,
podendo assim identificar o processo como aprovado apenas se ocorrer o
meio ideal para esta reação.
 Classe 1 : Indicador de processo (indicador externo distingue materiais processados
de não-processados. Ex.: Fita zebrada);
 Classe 2 : Indicador para uso em testes específicos (usado em situações relevantes ao
equipamento, como o teste da eficácia da bomba de vácuo. Ex.: Teste de Bowie Dick);
 Classe 3 : Indicador de um parâmetro (monitora apenas um dos parâmetros críticos
do processo de esterilização) (SOBECC, 2005; recomendações práticas em processos
de esterilização em estabelecimentos de saúde, 2000);
 Classe 4 : Indicador multi-paramétrico (indicador interno, monitora 2 ou mais
parâmetros críticos do processo de esterilização);
 Classe 5 : Indicador integrador (indicador interno, monitora todos os parâmetros
críticos do processo de esterilização);
 Classe 6 : Indicador emulador ou simulador (indicador interno, monitora todos os
parâmetros críticos do processo de esterilização e não reage até que 95% do tempo
de ciclo sejam concluídos). (SOBECC, 2005)
Os indicadores químicos são divididos em classes, sendo elas:

 Classe 1 : Indicador de processo (indicador externo distingue materiais


processados de não-processados. Ex.: Fita zebrada);
 Classe 2 : Indicador para uso em testes específicos (usado em situações
relevantes ao equipamento, como o teste da eficácia da bomba de vácuo. Ex.:
Teste de Bowie Dick);
Classe 03: Indicador único de parâmetro
Classe 3 : Indicador de um parâmetro (monitora apenas um dos parâmetros
críticos do processo de esterilização)
Classe 4 – Indicador Multiparamétrico
Classe 4 : Indicador multi-paramétrico (indicador interno, monitora 2 ou mais
parâmetros críticos do processo de esterilização);
 Classe 5 – Indicadores Integradores
 Classe 5 : Indicador integrador (indicador interno, monitora todos os
parâmetros críticos do processo de esterilização);
Classe 6 – Indicadores Emuladores
Classe 6 : Indicador emulador ou simulador (indicador interno, monitora todos
os parâmetros críticos do processo de esterilização e não reage até que 95%
do tempo de ciclo sejam concluídos).
Indicadores Biológicos: são classificados como a maneira mais segura de
monitoramento de esterilização, pois sua tecnologia consiste na aplicação dos
próprios esporos (bactérias adormecidas e resistentes ao processo de
esterilização a ser monitorado) impregnados em tiras de papel.
Posteriormente a esterilização, efetua-se o contato da tira com o meio de
cultura e a incubação. Caso não ocorra o desenvolvimento do esporo, o
processo de esterilização foi capaz de eliminar os possíveis tipos de vida
microbiana.
1 – Tiras com esporos
2 – Autocontido
Monitoramento do Processo de Esterilização

Segundo a RDC 15, devemos utilizar indicadores biológicos e químicos para o


monitoramento do processo na seguinte periodicidade:

A- Testes Bowie Dick uma vez ao dia em autoclaves com sistema de vácuo e
sempre que houver necessidade de constatação que tal sistema voltou a
operar normalmente nos casos de manutenção.
B- Pacotes desafio pelo menos uma vez ao dia, ou sempre que houver cargas
implantáveis, contendo um indicador biológico, cuja a liberação da carga se
dará após resultado negativo do indicador biológico.
C- Pacotes desafio contendo indicadores químicos em todas as demais cargas.
Quando construído pela própria CME tal pacote deverá utilizar integradores
Classe 5 ou 6 disponíveis no mercado.
 Art. 99 O monitoramento do processo de esterilização com indicador
biológico deve ser feito diariamente, em pacote desafio disponível
comercialmente ou construído pelo CME ou pela empresa processadora,
que deve ser posicionado no ponto de maior desafio ao processo de
esterilização, definido durante os estudos térmicos na qualificação de
desempenho do equipamento de esterilização.
Como Montar Pacote Teste Desafio

https://www.youtube.com/watch?v=KfnrcUnHFcw
Dimensionamento de Enfermagem em CC e CME

O dimensionamento ocorre mediante a classificação do paciente segundo o


SCP-Sistema de Classificação do Paciente que determina o grau de
dependência de um paciente em relação à equipe de enfermagem.

Essa prática, fundamentada em pesquisa, atende integralmente as unidades


de internação, que difere das nomeadas Unidades Especiais-UE (Centro
Cirúrgico, Recuperação Anestésica, Centro de Materiais e Esterilização, entre
outras), pois não possuem leitos para internação.
 A Resolução COFEN nº 543/2017 traz fórmula descomplicada e multifuncional,
mas para que atendam as expectativas e particularidades de cada instituição é
indispensável que o enfermeiro conheça as rotinas, realidades da unidade a ser
dimensionada, como sítios funcionais (transporte do paciente, arsenal/farmácia,
RPA entre outros), horário de funcionamento e jornada de trabalho.

 Em relação ao centro cirúrgico e recuperação anestésica é indispensável o


histórico da produção cirúrgica, ao menos um trimestre, que contemple:
quantidade de procedimento eletivos e emergência, classificação segundo o
porte cirúrgico, o tempo de limpeza das salas e o tempo de espera das cirurgias.
Já para o centro de material e esterilização deve fundamentar se na produção
da unidade (quantidade de kits recebidos, processados, conferidos e devolvidos,
carga/ciclos realizados, carros montados) multiplicada pelo tempo padrão,
oferecido pela resolução, das atividades realizadas nas diferentes áreas
 Para o cálculo do dimensionamento em CC, é fundamental que seja
classificado as cirurgias realizadas de 3 meses mais representativos dessa
unidade e separá-las em cirurgias realizadas de urgência/emergência e
eletivas.

 Após a separação por porte, obedecendo o descrito na Resolução 543/2017,


no seu Artigo 6, deve-se iniciar a classificação das cirurgias eletivas mensal e
calcular a média para cada porte cirúrgico, desta forma o cálculo retratará
com segurança o perfil cirúrgico da instituição:
Art. 6º O referencial mínimo para o quadro dos profissionais de enfermagem
  em Centro Cirúrgico (CC) considera a Classificação da Cirurgia, as horas de
assistência segundo o porte cirúrgico, o tempo de limpeza das salas e o tempo
de espera das cirurgias, conforme indicado no estudo de Possari(6,7). Para
efeito de cálculo devem ser considerados:
I – Como horas de enfermagem, por cirurgia no período eletivo:

1)    1,4 horas de enfermagem, por cirurgia de Porte 1;


2)    2,9 horas de enfermagem, por cirurgia de Porte 2;
3)    4,9 horas de enfermagem, por cirurgia de Porte 3;
4)    8,4 horas de enfermagem, por cirurgia de Porte 4.
II – Para cirurgias de urgência/emergência, e outras demandas do bloco
cirúrgico (transporte do paciente, arsenal/farmácia, RPA entre outros), utilizar
o Espelho Semanal Padrão.

III – Como tempo de limpeza, por cirurgia:


1)    Cirurgias eletivas –  0,5 horas;
2)    Cirurgias de urgência e emergência – 0,6 horas.

IV – Como tempo de espera, por cirurgia:


1)    0,2 horas por cirurgia.
P1 – 1,4 horas de enfermagem por cirurgia + 0,5 (30’tempo de limpeza SO) + 0,2
(12’de espera da SO) = 2,1 hs

P2 – 2,9 horas de enfermagem por cirurgia + 0,5 (30’tempo de limpeza SO) + 0,2
(12’de espera da SO) = 3,6 hs

P3 – 4,9 horas de enfermagem por cirurgia + 0,5 (30’tempo de limpeza SO) + 0,2
(12’de espera da SO) = 5,6 hs

P4 – 8,4 horas de enfermagem por cirurgia + 0,5 (30’tempo de limpeza SO) + 0,2
(12’de espera da SO) = 9,1 hs
V – Como proporção profissional/categoria, nas 24 horas:

a)    Relação de 1 enfermeiro para cada três salas cirúrgicas (eletivas);


b) Enfermeiro exclusivo nas salas de cirurgias eletivas e de urgência/emergência 
de acordo com o grau de complexidade e porte cirúrgico;
c) Relação de 1 profissional técnico/auxiliar de enfermagem para cada sala como
circulante (de acordo com o porte cirúrgico);
d) Relação de 1 profissional técnico/auxiliar de enfermagem para a
instrumentação (de acordo com o porte cirúrgico).
Art. 7º  A Carga de trabalho dos profissionais de enfermagem para a unidade
Central de Materiais e Esterilização (CME), deve fundamentar-se na produção
da unidade, multiplicada pelo tempo padrão das atividades realizadas, nas
diferentes áreas
OBS.:
Indicadores de Produção de cada
posição de trabalho:
(*) Quantidade de kits recebidos,
processados, conferidos e devolvidos;
(**) Quantidade de cargas/ciclos
realizados;
(***) Quantidade de carros montados.
ORIENTAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO DE DIMENSIONAMENTO DE
PESSOAL DE ENFERMAGEM AO CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO
PAULO (COREN-SP)

Central de Material e Esterilização (CME)

https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/Orient_apres_dimen
sion_CME_12_07_17.pdf
ORIENTAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO DE DIMENSIONAMENTO DE
PESSOAL DE ENFERMAGEM AO CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO
PAULO (COREN-SP)

Centro Cirúrgico (CC)

https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/Orient_apres_dimen
sion_CC_12_07_17.pdf
DIMENSIONAMENTO

Para a elaboração do Cálculo de Dimensionamento de Enfermagem, consultar


a Resolução Cofen nº 543/2017

https://portal.coren-sp.gov.br/dimensionamento/
O que podemos
revisar Qual o conteúdo
que deve ser
revisado

Vamos conversar!!!
Referências bibliográficas
SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G.; HINKLE, Janice L.; CHEEVER, Kerry H. Brunner & Suddarth
tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 2v. ISBN 978-
85-277-1491-4

Resolução Cofen nº 543/2017. Dimensionamento em enfermagem.

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didáticos. Os direitos autorais e as responsabilidades ficam reservadas aos autores.

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