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Modelo Parsoniano de

Relacionamento P.S./Utente (II)

 Talcott Parsons concebeu para os profissionais de saúde um papel social


de acordo com obrigações e direitos que a sociedade lhes atribui no
exercício das suas funções.

 Os deveres dos profissionais de saúde são, assim:

- Orientarem-se pelas normas da sua prática profissional e aplicarem a sua


elevada competência técnica na resolução dos problemas de saúde;
- Agirem para o bem-estar do doente e da comunidade, não fazendo
prevalecer o seu auto-interesse;
- Serem objectivos e emocionalmente desligados no exercício das suas
funções;
Modelo Parsoniano de
Relacionamento P.S./Utente(II)
Os direitos dos P.S., segundo Parsons, são:
- Examinarem os doentes fisicamente e inquiri-los sobre áreas íntimas da sua
vida pessoal;
- Possuírem elevada autonomia no exercício da sua prática profissional;
- Ocuparem uma posição de autoridade na relação com os doentes.

O papéis sociais de Parsons contêm um modelo consensual assimétrico de


relacionamento entre P.S. e utentes baseado:
- numa forte reciprocidade: os papéis do doente e dos profissionais são
complementares;
- numa assimetria de relações, cabendo ao profissional o papel activo de
enunciar e resolver os problemas e ao utente o papel passivo de cooperar
com o profissional.
Modelos de Relacionamento P.S./Utente
de Szasz e Hollander
 Uma outra abordagem consensual das relações entre P.S. e doentes foi
formulada por Szasz e Hollander que definiram estes 3 modelos:
Modelo Papel do P.S. Papel do Doente Contexto Clínico

Actividade- Define o problema e Recipiente passivo Coma


Passividade intervém sobre o doente Trauma
Pediatria

Orientação- Diz ao doente o que tem Coopera Doenças infecciosas


Cooperação a fazer Obedece

Participação Aconselha o doente a Agente activo Doenças Crónicas


Mútua agir do melhor modo numa parceria Perturbações mentais
sobre si
Modelos de Relacionamento P.S./Utente
de Eliot Freidson (I)
 No final dos anos 60 surgem correntes sociológicas que contestam o modelo
consensual de Parsons sustentando que a relação obedece a um modelo
conflitual.

 Eliot Freidson salientou, então, que existe um conflito estrutural entre os


P.S. e os doentes:
- enquanto os P.S. (a) concebem a doença à luz do seu saber e das
categorias abstractas que este contempla para o efeito e (b) exercem um
poder sobre o doente ao abrigo da sua autonomia profissional definindo o
conteúdo e as formas do serviço que prestam;
- os doentes entendem a doença à luz da sua existência global, das situações
de vida que passam e das suas representações socio-culturais sobre a
doença.
Modelos de Relacionamento P.S./Utente
de Eliot Freidson (II)

- Para E. Freidson, ao invés de ser consensual a relação P.S./doentes,


existem duas culturas em conflito sobre a doença: a profissional (“sagrada) e
a leiga (“profana”).

- Esta corrente sociológica referencia, por isso, a relação sob um modelo


conflitual, acrescentando outros dois tipos de relacionamento à tipologia de
Szasz e Hollander: os tipos “cooperação-orientação” e “passividade-
actividade” em que a liderança da relação pertence ao doente e o P.S. segue
o doente.
Modelos de Relacionamento P.S./Utente
de Stewart e Roter (I)
 Stewart e Roter integraram as anteriores abordagens consensual e conflitual
sobre o relacionamento entre P.S. e utentes num modelo único que
compreende os seguintes tipos:

Controle do P.S.
Controle do utente Alto Baixo

Alto Mutualista Consumeirista

Baixo Paternalista Ausente


Modelos de Relacionamento P.S./Utente
de Stewart e Roter (II)
 O tipo “mutualista” caracteriza-se por um activo envolvimento de P.S. e
utentes que constituem parceiros no relacionamento. As tomadas de decisão
são partilhadas e procura-se a convergência de idéias.

 No tipo “consumeirista” é o utente que assume o papel activo enquanto o


P.S. adopta um papel passivo e acede à vontade do utente em matérias
como a entrada no sick role, a referenciação para outros P.S., tipo de
terapêutica, etc.

 No tipo “paternalístico” é o P.S. que controla a relação e que toma as


decisões sobre o que crê ser o melhor interesse do utente. O utente confia
no P.S. cumprindo o que este entende ser para o seu bem.

 O tipo “ausente” pode ocorrer se o utente adopta um papel passivo e o P.S.


reduzir o seu controle e não adoptar uma direcção para a relação.
Modelos Cognitivos Terapêuticos

Tipo de Variáveis Estilo de Relação


Modelo em consideração P.S./Utente

Biomédico Biológicas (o organismo) Centrado no P.S.

Biológicas
Bio-Psico-Social Psicológicas (a pessoa doente) Centrado no P.S.
Sociais
Biológicas
Holístico Psicológicas (a pessoa no todo) Centrado no Utente
Sociais
Modelos Cognitivos de
Relacionamento P.S./Utente (I)
 Ao nível micro do estilo cognitivo adotado na prática clínica, a orientação dos
P.S. pode ser compreendida como variando num continuum que oscila entre
dois pólos: centrado no Profissional de Saúde ou centrado no Utente.

 O estilo centrado no P.S. corresponde ao tipo paternalístico em que o P.S.


assume o papel do técnico perito que sabe e ao utente cabe apenas
cooperar com o P.S.

 No estilo estilo centrado no P.S. a abordagem do P.S. é centrada nas


dimensões biológicas , psicológicas ou comportamentais valorizadas como
causas ou associadas à doença e aplica uma inquirição altamente orientada
para a recolha de informação que lhe permita a formulação da identificação
do problema de saúde tal como é concebido pelo profissional.
Modelos Cognitivos
de Relacionamento P.S./Utente (II)

No outro pólo situa-se o estilo centrado no utente – aqui os P.S. adoptam um


estilo menos autoritário, encorajando e facilitando um papel activo do doente.
Estes P.S. têm a disponibilidade para escutar e ajudar o utente na clarificação
dos julgamentos sobre a sua condição.

Os estilos clínicos centrados nos P.S. ou nos utentes não são estilos de aptidões
comunicacionais, são estilos cognitivos de orientação e de atitudes.
Modelos Cognitivos de
Relacionamento P.S./Utente (III)

 No estilo centrado nos P.S. há uma focagem exclusiva ou dominante na


patologia e o propósito é obter o diagnóstico clínico para definição do tipo de
tratamento/cuidados.

 No estilo centrado no utente, os P.S. valorizam às experiências subjectivas


dos doentes e os significados que estes atribuem ao seu problema. Neste
estilo os P.S. reconhecem que as crenças e atitudes que os utentes têm
sobre a sua condição e o significado que têm para as suas vidas influencia
os seus comportamentos de doença, as expectativas que fazem sobre o
resultado da relação e a sua subsequente satisfação e adesão às
orientações clínicas.
Modelos Cognitivos
de Relacionamento P.S./Utente (IV)
No estilo centrado no P.S., os utentes consentem, entendido o consentimento “a
extensão através da qual o comportamento do doente coincide com a
prescrição clínica”.

No estilo centrado no utente, os utentes concordam, entendido a concordância


como “uma troca aberta de crenças entre P.S. e utente sobre o problema de
saúde e o modo de o resolver”.

No consentimento, o utente, pelo silêncio ou pela obediência, ouve e cumpre o


que o P.S. lhe indica em termos de terapêutica, regime alimentares, estilos
de vida.
Na concordância, P.S. e utente adotam uma “parceria” trocando e partilhando
visões sobre o problema de saúde e opções de tratamento, tomando uma
decisão conjunta.

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