Você está na página 1de 50

Cuidados de Saúde

Primários

Doenças Crónicas não transmissíveis


Aula nº
4º ano
MFC
Método de ensino

Apresentação em plenária

Discussão

Perguntas e respostas
Objectivos de aprendizagem

Objectivos gerais
Dotar aos alunos de ferramentas para avaliar e sistematizar eventos relacionados
com as doenças crónicas não transmissíveis.
Aumentar o nível de conhecimento dos pacientes hipertensos nas nossas
Unidade Sanitarias
Objectivos especificos
Que os alunos sistematizem conceitos de DCNT, avaliar e aplicar as ferramentas
de DCNT. –
Identificação do conhecimento dos pacientes hipertensos sobre sua doença e
factores de risco.
Doenças cronicas não transmissíveis (DCNT)

Conteúdos:

Conceito

Epidemiologia das doenças Crónicas

Factores de riscos para HTA e DCNT em geral

Políticas e Objectivos traçados para seu controlo

Protocolos de manejo de Doenças crónicas nos CSP.


Doenças cronicas não Transmissíveis
Conceito:

Grupo de patologias caracterizadas pela ausência de micro-organismos, uma


doença não infeciosa, como também pelo longo curso clínico e geralmente
irreversível.

Estas doenças resultam de interação de factores hereditários, nutricionais


relacionados a alimentação inadequada ou contaminada por poluentes,
ocupações de risco, alcoolismo, tabagismo ou outros hábitos e costumes dos
povos.
Exemplos de DCNT

HTA;

Diabetes Melitos;

Doenças Cardiovasculares: (Arteriosclerose)

Neoplasias;

Asma Brônquica

Doenças renais (IRC)

Reumatismo e artropatias
DCNT epidemiologia
Todos os anos as doenças crônicas não transmissíveis causam 16 milhões de
mortes prematuras;
Medidas governamentais são necessárias para alcançar as metas mundiais que
visam a redução da carga das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e
prevenir os 16 milhões de mortes prematuras (antes dos 70 anos) causadas pelas
cardiopatias e pneumopatias, acidentes cerebrovasculares, câncer e pela
diabetes, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A maioria das mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis são
evitáveis. Dos 38 milhões de vidas perdidas em 2012 por DCNT, 16 milhões, ou
seja, 42% eram prematuras e evitáveis (um aumento de 14,6 milhões mortes em
relação a 2000).
• Fonte: Relatório da OMS publicado Janeiro de 2015
DCNT epidemiologia
O número de mortes por doenças crônicas não transmissíveis pode ser
significativamente reduzido mediante políticas governamentais orientadas para
restringir o consumo de:
Tabaco;
Álcool;
Dietas pouco saudáveis;
Sedentarismo;
Proporcionar cobertura universal em saúde.
A nivel global, por exemplo, a taxa de mortalidade por DCNT é preocupante 7 em
cada 10 obitos ( OMS); sendo um dos motivos, dai necessidade de fortificar os
cuidados primários de saúde.
DCNT epidemiologia

Intervenções custo efetivas e de alto impacto recomendadas pela OMS, que incluem:

Proibição de todas as formas de publicidade do tabaco,

Substituição das gorduras trans por gorduras poliinsaturadas,

Limitação ou proibição da publicidade do álcool,

Prevenção dos ataques cardíacos e os acidentes cerebrovasculares,

Promoção do aleitamento materno e a prevenção de câncer do colo do útero/propstata


São exemplos de controlo de DCNT 01:

A Turquia foi o primeiro país a implementar todas as "medidas ideais", como objetivo de
reduzir o consumo de tabaco. Em 2012, o país aumentou o tamanho das advertências
nos rótulos, cobrindo 65% da superfície total da embalagem dos produtos de tabaco.

Atualmente, os impostos desses produtos representam até 80% do preço total de venda
para público e estão totalmente proibidas as atividades de publicidade, promoção e
patrocínio em todo o país. Em consequência, entre 2008 e 2012 as taxas de consumo de
tabaco na Turquia registraram uma redução relativa de 13,4%.
São exemplos de controlo de DCNT 02:

A Hungria aprovou uma lei que tributa alimentos e bebidas que contenham
ingredientes que representam elevado risco para a saúde, por exemplo, açúcar, sal
e cafeína são ingredientes tributados.

Um ano depois, 40 % dos fabricantes mudou a composição dos seus produtos para
reduzir os ingredientes tributáveis; as vendas caíram 27% e público consumiu 25-
35% menos desses produtos
Doenças Cardiovasculares
Doenças crónicas não transmissíveis
05-10-2022
MFC
Nosso estudo para DCNT será:

Hipertensão Arterial

Diabetes Melitos

Asma Brônquica

Cancro/cuidados paliativos
Doenças cardiovasculares
Introdução:
Cerca de 1,4 milhões de pessoas sofrem de DCV`s em Moçambique,
Cardiopatia reumática ( 14%)
Doença cardiaca isquémica
AVC e Cardiopatia Hipertensiva
Causas de morte intrahospitalares: Cardiopatias reumáticas e cardiomiopatias,
enquanto que a insuficiência cardíaca e AVC são causas de internamento.
DCV negligênciadas – Miocardiopatias que afectam a população jovem com
maior incidência no meio rural a fibrose endomiocárdica
Hipertensão Arterial (1)

Conceito;

Enfoque fisiopatológico;

Epidemiologia;

Classificação;
Hipertensão Arterial (2)

Diagnostico;

Exames chaves/básicos;

Factores de risco que representa para DCVs;

Tratamento: Medicamentoso e não medicamentoso.


Hipertensão Arterial. Epidemiologia

 Mais de um bilião de pessoas no mundo sofrem de HTA. O controlo da HTA é


uma das historias do sucesso da medicina;

 Literatura chinesa: Conceito de “endurecimento do pulso”;

 1858-1789: Richard Bright Reconhece pela primeira vez a HTA como doença;

1920-1874: Nikolai Sergeivevitch Korotkov descobre o método auscultatório da


tensão arterial.
Conceito de HTA
É uma doença crônica, não transmissível, de natureza multifatorial, assintomática
(na grande maioria dos casos) que compromete fundamentalmente o equilíbrio
dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores, levando ao um aumento da
tensão sanguínea nos vasos, capaz de comprometer a irrigação tecidual e
provocar danos aos órgãos por eles irrigados.”

A hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sangüíneos,
coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da
pressão se mantém freqüentemente acima de 140 por 90 mmHg.
Síndrome Metabólica Hipertensiva

Hipertensão Arterial

 Dislipidemia

 Obesidade central

 Resistência à insulina/ hiperinsulinemia

Tolerância à glicose diminuída


Síndrome Metabólica Hipertensiva

Hipertrofia e alterações da função diastólica do ventrículo esquerdo

Microalbuminúria

Aumento da atividade dos fatores de coagulação

Complacência arterial diminuída


Objetivos da avaliação do hipertenso

Confirmar a elevação da PA

Identificar as causas da pressão sangüínea elevada

Avaliar a presença ou ausência de danos aos órgãos-alvo e DCV,

Extensão da doença e resposta ao tratamento

Identificar outros fatores de risco ou distúrbios que possam orientar o


tratamento
Verificação da Pressão Arterial(1)
• Verificar se o equipamento está em boas condições de uso
• Explicar o procedimento de verificação da pressão ao paciente
• Deixar o paciente descansar de 05 a 10 min.
Certificar-se de que ele:
não está com a bexiga cheia
não praticou exercícios físicos
não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumou até 30’ antes da
medida
Verificação da Pressão Arterial(2)

Colocar o paciente em posição confortável.

Localizar a artéria braquial por palpação.

Colocar o manguito adequado firmemente, cerca de 2 a 3 cm acima da fossa ante-cubital,


centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial.

Manter o braço do paciente na altura do coração.

Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do manômetro anoroide

Palpar o pulso radial, inflar o manguito até o desaparecimento do pulso e estimar o nível da pressão
sistólica, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes de inflar novamente.
Verificação da Pressão Arterial(3)

Colocar o estetoscópio no ouvido com a curvatura voltada para frente.

 Posicionar a campânula do estetoscópio sobre a artéria, na fossa antecubital, evitando


compressão excessiva.

Solicitar ao paciente que não fale durante o procedimento.

Inflar rapidamente o manguito, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível


estimado da pressão sistólica.

 Proceder a deflação na velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo.

Determinar a pressão sistólica no aparecimento do primeiro som


Enfoque fisiopatologico

A pressão arterial sistólica é determinada pelo volume sanguíneo ejetado em


cada sístole (débito sistólico) e pela elasticidade das grandes artérias.

A pressão arterial diastólica depende da resistência periférica e da frequência


cardíaca que ira determinar a duração da diástole e do tempo disponível para o
escoamento diastólico
Sistema renina angiotensina

Renina - é uma enzima produzida pelos rins, que eleva a pressão arterial de
varias maneiras, ajudando assim a corrigir a queda inicial da pressão.

É a partir desta enzima que se dará a liberação da angiotensina I e II. Actua


enzimaticamente sobre outra proteína plasmática uma globulina denominada
substrato de renina (ou angiotensinogênio) liberando um peptídeo de 10
aminoácidos, a angiotensina I
ANGIOTENSINA I

Peptídeo de 10 aminoácidos, formado a partir da atuação enzimática da renina


sobre uma proteína plasmática, o angiotensinogênio ou globulina.

Possui propriedades vasoconstritoras leves, não sendo suficientes para produzir


alterações funcionais significativas na função circulatória
ANGIOTENSINA II

Formada a partir da perda de dois aminoácidos, A renina persiste no sangue por


um período entre 30 min. e 1 h. continuando a induzir a formação de
angiotensina I que após alguns segundos sofre a perda de 02 aminoácidos,
tornando-se assim um peptídeo de 8 aminoácidos a Angiotensina II, um
vasoconstrictor extremamente poderoso, exerce dois efeitos principais que
podem elevar a pressão arterial: 1º vasoconstrição nas arteríolas e 2º atua sobre
os rins, diminuindo a excreção de sal e água
Factores risco

Afrodescendência ( alguns contextos)

Consumo de sal

 Obesidade/Sedentarismo

Consumo de álcool

Idade

Anticonceptivos orais
Factores risco

Tabagismo – A nicotina causa o “enrijecimento” perda elasticidade da parede dos


vasos sanguíneos;

Diabete - idade acima de 60 anos;

Sexo: homens ou mulheres pós-menopausa;

Com história familiar de doença cardiovascular em:

Mulheres com menos de 65 anos.

Homens com menos de 55 anos


Sinais e Sintomas da Hipertensão arterial (1)

Cefaléia occipital (Dor de cabeça na região nucal);

Lipotimia (Tontura, sensação desagradável);

Escotomos cintilantes (Ver tudo escuro com estrelinhas);

Náuseas (Enjôos); Diminuição da libido sexual (prazer);


Sinais e Sintomas da Hipertensão arterial (2)

Cansaço nos médios e grandes esforços; Palpitações (arritmias cardíacas); Palidez


de mucosa;

Taquipnéia (Aumento da frequência respiratória);

Taquicardia (Aumento da frequência cardíaca);

Pressão diastólica > 90 mmHg.


Prevenção Primaria:

As mudanças no estilo de vida são entusiasticamente recomendadas na


prevenção primaria da HAS.
Mudanças de estilo de vida reduzem a PA, bem como a mortalidade
cardiovascular.
As principais recomendações não medicamentosas para prevenção primaria da
HAS são:
alimentação saudável,
consumo controlado de sódio e de álcool,
ingestão de potássio e combate ao sedentarismo;
 e ao tabagismo
HIPERTENSÃO ARTERIAL

História Natural da Doença


Complicações Frequência Sobrevida após início Cardíacas (em anos)
Hipertrofia (RX) 74% 8
Hipertrofia (ECG) 59% 6
ICC 50% 4
Angina 16% 5
Cerebrais
Encefalopatia 2% 1
AVC 12% 4
Renais Proteinúria 42% 5
Elevação uréia 18% 1
HA acelerada 7% 1
Hipertensão Arterial. Classificação 01

Segundo níveis de PA:

 Normal abaixo de 120/80 mmHg;

 Pré-Hipertensão 120-139/80-89 mmHg;

Hipertensão nível I 140-149/90-99 mmHg;

Hipertensão nível II 150-179/100-109 mmHg;

Hipertensão nível III >180/>110 mmHg;


Hipertensão Arterial. Classificação 02

Pela repercussão em órgão alvo:


 Estagio I: Sem evidência de lesão em órgãos alvo;
 Estagio II: Pelo menos uma lesão em órgãos alvo como Hipertrofia cardíaca,
estreitamento total ou generalizado das artérias retinianas, proteinúria ou
discreto aumento da creatinina, micro albuminúria, evidencia radiológica ou
ultrassonográfica de placas ateroscleróticas nas carótidas, aorta, ilíaca ou
femoral;
Estagio III: Repercussão mais grave no coração (Angina do Peito, IAM,IC), Cérebro
(AVC, ATI, encefalopatia hipertensiva); Fundo de olho (Exsudado com ou sem
papiledema, hemorragia), Rins (creatinina >2 mg/dl); vasos ( Aneurisma
dissecante da aorta, Doença Arterial Oclusiva Sintomática)
Risco Cardiovascular global (1)

Hipertensão Arterial;

Tabagismo;

Diabetes Melitus;

Dislipidémia;

Idade;
Risco Cardiovascular global

Sexo;

História familiar de doença cardiovascular;

Sedentarismo;

Estress;

Obesidade abdominal ( ou central) avaliada pela medição da circunferência


abdominal.
Diagnóstico de HTA 01

Pseudo – hipertensão;

Hipertensão de bata branca

Sugere hipertensão primária:

Hipertensão leve ou moderada, assintomática e sem repercussão hemodinâmica;

Períodos de normalização ou redução significativa da pressão arterial;

Obesidade sobrepeso ou de história familiar positiva para hipertensão essencial;


Diagnóstico de HTA 02

Suspeite hipertensão secundária:

Início antes dos 30 ou depois dos 50 anos;

Níveis pressóricos elevados com repercussão em órgãos alvo ou crise hipertensiva;

Grave, persistente mais refretária, componente diastólico importante;

HTA que antes estável se torna de difícil controlo;

Hipopotassémia ou alcalose associada.


HTA secundária- são exemplos: (1)

Nefropatia ou Uropatia;

Feocromocitoma;

Aldosteronismo;

Colagenose;
HTA secundária- são exemplos: (2)

Renovascular;

Coartação da aorta;

Endocrinológicas;

Massa palpável ( Rins poliquisticos ou hidronefróticos);


Laboratório

Para detectar a causa:


Urina, hemograma, Ionograma( Na, K, cl, ca e mg), acido úrico, urocultura,
Proteínas de 24h, creatinina;
Para detectar a repercussão:
ECG, Ecocardiograma, Fundo do olho, microalbuminúria,
Para detectar outros factores de risco:
Colesterol total
Glicemia de jejum.
Imagem: Ecografia, RX tórax
Tratamento não medicamentoso

Sempre que o risco de um acidente cardiovascular seja igual ou inferior a 10%, se


6 meses depois a TA persiste acima de 160 inicie tratamento medicamentoso.

Ter um peso ideal IMC e/ 18 e 25;


Dieta saudável;
Reduzir o sal;
Parar de fumar;
Realizar actividade física;
Reduzir o álcool
Tratamento medicamentoso 01

Não há nenhuma urgência em iniciar terapêutica medicamentosa anti-


hipertensiva, excepto:

 Doente com uma situação de emergência hipertensiva como EAP,


Uma hipertensão arterial maligna,
Uma dissecção da aorta
AVC
Incentivos para diminuir DCNT

Para reduzir o consume de Tabaco

Taxas (Tributar bem)

Embalagens

Actuar na publicidade (Baixo consume produtos identificados)

Espaços sem fumo

Educação
Incentivos para diminuir DCNT

Para reduzir o consume excessivo de alcool

Taxas (Tributar bem)

Actuar na publicidade (Baixo consume produtos , restringir sua disponibilidade –


reduzir horas de venda)

Educação
Incentivos para diminuir DCNT

Reduza a dieta não saudavel (reformular, apoio ex hospitais e escolas diminuir


consume sal)

Educação

Manejo de DCvs e DM

Prevenção e Manejo de Cancro


Tratamento medicamentoso 02

Primeira linha: Diurético tiazidico em dose baixa e um poupador de potássio:


Amilorido composto. Não dê diurético de ansa de henle excepto se o doente tiver
insuficiência renal, IC com edemas ou quando suspeita que com a terapêutica haja
retenção de líquidos.

Segunda linha: Bloqueadores de canal de ca ( amilodipina e nifedipina), se não


estão disponíveis, use Anti adrenérgico central - Meildopa.
Terceira Linha: Betabloqueador ( atenolol ou propranolol) Doente não deve ser
asmático , bloqueio aurículo ventricular.
Quarta linha: Inibidores do enzima de conversão ( captopril e enalapril) Não use
em insuficiência cardíaca nem em paciente diabético.
Bibliografia

Plano Estratégico Multissectorial de prevenção e control de DNT

Medicina Ambulatorial 4ta Edico de Bruce B. Duncan Cap 56 pag 530-639

Alvarez Sintes cap HTA

Você também pode gostar