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Personalidade

em Perspectiva

Prof. Renan S. Carletti


Um quebra cabeça de conceitos e
práticas

Ao longo de décadas, vários estudiosos


trouxeram à luz fatores que influenciam
a formação da personalidade.
Personalidade
• Personalidade são os padrões profundamente enraizados de
pensamento, sentimento e comportamento que caracterizam o estilo
de vida e o modo de adaptação únicos de uma pessoa e são uma
consequência de fatores constitucionais, desenvolvimento e
experiência social.

• Para Freud, a personalidade humana é produto da luta entre


nossos impulsos destrutivos e a busca pelo prazer.
Fator genético

As abordagens
Fator ambiental

Da aprendizagem

Personalidade Fator parental

Do
desenvolvimento

Da consciência

Do inconsciente
Fator Genético
A hereditariedade nos proporciona traços e temperamentos que talvez a
sociedade não reconheça como talento.
Modelo Genético Freudiano
Modelo Genético

Este modelo segue as cinco etapas do desenvolvimento psicossexual. Caracterizado


pela busca de gratificação nas zonas erógenas do corpo, cuja importância depende
da idade. Freud descobriu que não apenas o adulto encontra satisfação nas zonas
erógenas, mas a criança também.

Fase oral, fase anal, fase fálica, latência e genital

A gratificação excessiva nessas etapas ou a frustração repentina de alguma delas


fará com que certos tipos de personalidade se desenvolvam.
•Freud não dizia respeito ao código genético da
forma como entendemos hoje, mas sim, ao
conceito de que o ser humano poderia herdar
características filogenéticas de seus ancestrais,
incluídas aquelas presentes na cultura, na
linguagem, ou no desejo.

•O que herdamos são disposições, não


destinos; tendências, não certezas. Se nossas
predisposições genéticas serão confirmadas,
depende de condições sociais e ambientais,
particularmente as da infância.
Fator ambiental
O que pensam os teóricos

Allport Erikson
• O ambiente social é que forja o • Forças sociais e históricas
material em seu produto final influenciam a formação da
identidade

• Autorrealização é inata. Mas os


Maslow e Roger fatores ambientais podem inibir ou
estimular a necessidade d
autorrealização
• Ter filhos altera a personalidade;

Outros atores • O trabalho pode alterar a personalidade;


• Eventos sociais de grande escala: guerras,
que alteram cataclismas, recessões econômicas podem
a alterar a personalidade;
• Acontecimentos estressantes – morte de
personalidad alguém;
e • Contexto étnico – fazer parte de uma cultura
minoritária;
Visão de Freud sobre fator ambiental

A Equação Etiológica
Em 1895, discutindo com quem situava os fatores endógenos (hereditariedade)
como causa principal e tratava as afecções neuróticas a partir desta perspectiva,
Freud introduziu uma expressão da qual jamais abriu mão: equação
etiológica (1895/1896). Tal expressão sofreu modificações ao longo da obra de
Freud, sobretudo quando ele deixou de ser neurologista para se tornar
metapsicólogo. A despeito destas transformações, ela expressa um modelo no
qual a origem e desenvolvimento das diferentes formas de neurose estaria
relacionado com diferentes tipos de variáveis.
Fator de
Aprendizagem
“O aprendizado desempenha um fator
fundamental em influenciar praticamente
todos os aspectos do nosso
comportamento, não apenas da
personalidade, mas também nossos
principais objetivos de vida.”
(Bleidorn el al. 2010)
O que pensam os teóricos:
• Skinner: Considerava que o ambiente
determina a maior parte das nossas respostas e
que em função das suas consequências, as
mesmas serão ou reproduzidas ou eliminadas.
Refere ainda que os comportamentos
respondem a leis: é possível controla-los
através de manipulações do ambiente.

(Skinner, 1971 cit in Hansenne, 2003).


• Para Bandura, os fatores mais importantes
são os sociais e cognitivos. Insistindo no
fato de que a maioria dos reforços são de
natureza social, como a atenção dos outros,
a aprovação, os sorrisos, o interesse e a
aceitação. Ponto fulcral da teoria da
aprendizagem de Bandura é o fato de que
com base na observação do
comportamento de outrem, construímos
uma ideia de como os novos
comportamentos são produzidos.

(Bandura, 1971 cit in Hansenne, 2003).


Freud e a Aprendizagem
• Freud não fala sobre a aprendizagem
propriamente dita, mas sobre os processos
psíquicos que levam o sujeito a ser “desejante
de saber”.

• A curiosidade pelo saber começa com a


descoberta das diferenças sexuais anatômicas e
a interpretação dada a essa diferença.
Freud e a
Aprendizagem
• É essa angústia proveniente da
descoberta das diferenças, que estimula
a criança a querer saber, e Freud
chamou de angústia de castração.

• Para Freud as primeiras investigações


são sempre sexuais, pois se refere a
necessidade da criança de definir, antes
de mais nada, seu lugar no mundo.
Freud e a
Aprendizagem
• “Pode ser dizer então que para
Freud, a mola propulsora para o
desenvolvimento intelectual é
sexual. Melhor dizendo, a matéria
de que se alimenta a inteligência é
sexual.”

(Kupfer, 1982 – pág. 84)


Fator Parental
• “Refere-se ao conjunto de atividades
O que é propostas pelas figuras parentais ou
substitutas que visam assegurar a

Fator sobrevivência e o desenvolvimento da


criança, num ambiente seguro, com o
objetivo de socializá-la e torná-la
Parental? gradativamente mais autônoma.”

(Hoghughi, 2004).
Allport e Cattell – Fator Parental
• Allport considerou a relação do bebê como a fonte primordial de afeto e
segurança, condições cruciais para o desenvolvimento posterior da
personalidade.

• Cattell via a infância como o período de formação mais importante, com o


comportamento de pais, irmãos dando forma ao caráter da criança.
• Freud mencionou que a experiência da
infância tem uma forte influência sobre a
personalidade adulta.

• “O desenvolvimento da personalidade
Freud envolve uma série de conflitos entre o
indivíduo, que quer satisfazer os seus
impulsos instintivos, e o mundo social
(principalmente a família), que restringe este
desejo.”
(CLONINGER, 1999, p. 55).
Freud declara que em grande parte
a personalidade se forma durante
os primeiros três estágios
psicossexuais, quando são
estabelecidos os mecanismos
essenciais do ego para lidar com
os impulsos libidinais.
• Existem cinco fases universais do Oral

Fases psicossexuais
desenvolvimento que são chamadas de fases (0 - 1 ano)
psicossexuais. Freud acreditava que a
personalidade estaria essencialmente formada Anal
(2 - 3 anos)
ao fim da terceira fase, por volta dos cinco
anos de idade, quando o indivíduo Fálica
possivelmente já desenvolveu as estratégias (3 – 5 anos)
fundamentais para a expressão dos seus
impulsos, estratégias essas que estabelecem o De latência
núcleo da personalidade.
Genital
• Uma controvérsia surgiu no final da década de 1990, quando sugeriu-se que
as atitudes e comportamentos dos pais não têm efeitos de longo prazo sobre
a personalidade da criança fora de casa.

“É óbvio que os pais influenciam o comportamento dos filhos. Mas a


influência está circunscrita ao contexto específico do lar. Quando os filhos
saem de casa, deixam para trás o comportamento que adquiriram em casa.
Jogam-no fora como o suéter antiquado que sua mãe os fez vestir.” (Harris
apud Sleek, 1998, p9)
Fator
Desenvolvimento
SIGMUND FREUD
• Para Freud o conceito de desenvolvimento da personalidade, ocorre em cinco
fases: oral, anal, fálica, latência. 
• Afirmando que em cada fase, a pessoa deve aprender a resolver certos problemas
específicos, originados do próprio crescimento físico e da interação com o meio.
• E para Freud a personalidade é estruturada em 3 partes: ID, EGO E SUPER EGO.
• Ele definiu as forças propulsoras da personalidade sendo os instintos e as pulsões
os elementos básicos da personalidade.
• Para Freud a personalidade é estabelecida até os 5 anos de idade.
• Uma controvérsia surgiu no final da década de 1990, quando sugeriu-se que
as atitudes e comportamentos dos pais não têm efeitos de longo prazo sobre
a personalidade da criança fora de casa.

“É óbvio que os pais influenciam o comportamento dos filhos. Mas a


influência está circunscrita ao contexto específico do lar. Quando os filhos
saem de casa, deixam para trás o comportamento que adquiriram em casa.
Jogam-no fora como o suéter antiquado que sua mãe os fez vestir.” (Harris
apud Sleek, 1998, p9)
Fator Consciência
O Fator da
Consciência

A consciência que nos ajuda a


distinguir o bem do mal, ou
seja sentimento de moralidade
e do dever.
Sigmund Freud

Podemos pegar o exemplo de um iceberg ele por inteiro seria a consciência, sua parte
que se consegue ser vista seria o consciente que e responsável por suas informações
cientes nada mais do que um lugar para onde o nosso foco e direcionado. Logo abaixo
do nível da agua de um iceberg vem o pré-concsiente seria uma pequena parte do
consciente com outra parte do inconsciente como memorias que são por pouco período
de tempo como o que comemos ontem ou onde estacionamos o carro, esse tipo de
lembrança. O inconsciente e a parte mais profunda do iceberg que são os processos
mentais que nunca foram conscientes e não podem ser alcançados pelo nossa parte
consciente por ser por algum motivo reprimidos por como traumas de infância por
exemplo.
O fator da consciência
Carl Gustav Jung
Jung: “A consciência, portanto, pode ser muito bem
entendida como um estado de associação com o eu. Mas o
ponto crítico é o eu. Que entendemos por eu? Apesar da
aparente unidade do eu, trata-se evidentemente de um fator
altamente compósito e variado, constituído de imagens
provindas das funções sensoriais que transmitem os
estímulos tanto de dentro como de fora; consiste
igualmente em um imenso aglomerado de imagens
resultantes de processos anteriores. Todas estas
componentes sumamente variadas necessitam de um fator
dotado de forte poder de coesão, qualidade esta que já
identificamos na consciência. Por isto, parece-me que a
consciência é o requisito essencial para o eu. Mas sem o eu
é impossível pensar em consciência.” (JUNG, 2013, p.
279)
INCONCIENTE

Na psicanálise o inconsciente aparece como um de seus conceitos


fundamentais. Segundo Freud, o inconsciente seria a parte mais
profunda e essa profundidade seria o armazenamento dos instintos, e
eles teriam influência sobre o nosso comportamento no nível consciente
mesmo que não tenhamos ciência dessa influência. Para Freud:

''O inconsciente contém a força propulsora por trás de todos os


comportamentos e é o depósito de forças que não conseguimos
ver ou controlar''. (shutz e suchtz pag. 48)
POSTERIORMENTE

Freud introduziu três conceitos de estruturas básicas


da personalidade do indivíduo, que seriam, id, ego e
super-ego. O id irá corresponder ao conceito do
inconsciente, seria uma estrutura muito forte da
personalidade que irá ser casa para os instintos e para a
libido e, o id estaria ligado diretamente com a
satisfações das nossas necessidades corporais. Já o
super-ego seria uma junção do consciente com o
inconsciente e seria um regulador, uma vez que
representa os valores morais. Freud usou o iceberg
como ilustração dos seus conceitos
OU SEJA...

Para Freud o inconsciente armazena


nossos desejos, e esses desejos e instintos vão
afetar a nossa personalidade, mesmo que o
individuo não tenha ciência deste fato. Freud
também considera que o conceito de id estaria
ligado ao principio do prazer e estaria agindo
no inconsciente por não ter noção da
realidade.
Carl Gustav Jung

Em outra perspectiva nós temos o Carl Gustav Jung, ele entende que o inconsciente na psicologia
não tem a mesma origem como foi proposto por Freud. Para Jung o inconsciente será uma fonte
de conteúdos que não podemos para porque possui uma força criativa. Jung tem o entendimento
de que o consciente é criado pelo inconsciente, ou seja, o inconsciente será a mãe do consciente,
a teoria Junguiana entende o inconsciente sendo dividido em duas partes, o inconsciente
coletivo e o individual. O inconsciente individual terá um papel fundamental na construção dos
sonhos, já o inconsciente coletivo terá relação com toda a construção espiritual da evolução da
humanidade.
Trazendo duas visões psicológicas sobre o inconsciente nós conseguimos entender que cada
teórico e sua teoria irá ter uma visão diferente para o mesmo conceito, muito entendem que cada
teoria terá um tipo de lente e irá usá-la no momento de ver e analisar os conceitos.
CONCLUIMOS

Trazendo duas visões psicológicas sobre o


inconsciente e sobre outros conceitos, nós
conseguimos entender que cada teórico e sua
teoria irá ter uma visão diferente para o mesmo
conceito, muitos entendem que cada teoria terá
um tipo de lente e irá usá-la no momento de ver e
analisar os conceitos e as situações com
embasamento em suas teorias.
Referências

• CLONINGER, Susan C. Teorias da Personalidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Pg. 53-
63.
• Harris, K. M., Furstenberg, F. F., & Marmer, J. K. (1998). Paternal involvement with
adolescents in intact families: the influence of fathers over the life course. Demography
• Hoghughi, M. S. (2004). Parenting: an introduction. In M. S. Hoghughi & N. Long
(Eds.), Handbook of Parenting Theory and Research for Practice (pp. 1-18). Londres: Sage.
• Schultz, Duane P. Teorias da personalidade / Duane P. Schultz, Sydney Ellen. Tradução da
11ª Edição Norte-Americana, 2011. Pg.415 - 425
• Schultz, Duane P. Teorias da personalidade / Duane P. Schultz, Sydney Ellen. Tradução da
11ª Edição Norte-Americana, 2011. Pg.48
• TROPÉIA, Evandro Rodrigo. O INCONSCIENTE NA CONCEPÇÃO DE CARL GUSTAV JUNG.
Instituto Freedom, 2018. Disponível em: https://www.institutofreedom.com.br/blog/o-
inconsciente-na-concepcao-de-carl-gustav-jung/. Acesso em: 04 abr. 2023.
Case: Três Estranhos Idênticos (Netflix)

_É possível concluir, baseado no caso dos trigêmeos, que a


programação genética é mais forte do que o ambiente? Que a
personalidade está tão impregnada nos seres humanos que,
não importa história de vida e influências externas, existe um
certo determinismo em nossas ações e escolhas? É difícil
afirmar com certeza. O estudo do psiquiatra Peter Neubuaer
acabou não sendo publicado, não se sabe bem o motivo.

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