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Teorias do

Desenvolvimento
Econômico

Professora: Ana Karine Justino da Costa


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Desenvolvimento de Adam Smith

• Ao contrário dos mercantilistas e fisiocratas, que consideravam os metais preciosos e a terra como os
principais fatores da riqueza nacional, para Adam Smith (1723-1790) o elemento essencial do aumento
da riqueza é o trabalho produtivo.

• O volume de produto obtido por trabalhador, em um dado período de tempo depende da intensidade do
capital, da tecnologia e da divisão do trabalho, possibilitada pelo aumento da dimensão dos mercados.

• Com a teoria do valor-trabalho, Adam Smith reestabeleceu o importante papel da indústria no


desenvolvimento das forças produtivas. É a indústria que gera economias de escala e rendimentos
crescentes, neutralizadores dos rendimentos decrescentes da agricultura, que dependem da fertilidade
do solo e das condições climáticas.
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Desenvolvimento de Adam Smith

• Com essa visão, ele escreveu a sua principal obra e estabeleceu os princípios da economia política
justamente quando transcorriam as primeiras fases da revolução industrial na Inglaterra e quando se
consolidava o capitalismo industrial moderno.
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Desenvolvimento de Adam Smith

A filosofia da psicologia individual


• A economia de Adam Smith, como a dos fisiocratas, funciona sob condições de liberdade total dos
agentes econômicos, com a presença mínima do Estado, que teria como funções principais a defesa, a
justiça e manutenção de certas obras públicas.

• Nesse sentido, ele aprovou a presença do estado na formulação de leis de navegação, em nome da
defesa na fixação da taxa mínima de juros em 5%, para evitar o desvio da poupança para especulação;
na educação pública, “para instrução do povo”; no estabelecimento de certos monopólios
temporários, como os da navegação de alto risco; na restrição de exportação de trigo, sob certas
condições (Thweatt, 1971).
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Desenvolvimento de Adam Smith

A filosofia da psicologia individual


• No entanto, enquanto o liberalismo dos fisiocratas tinha origem na harmonia das leis da natureza, o de
Adam Smith explicava-se pela psicologia individual. Neste último caso, a ideia é a de que o interesse
coletivo fica assegurado quando os particulares procuram um benefício próprio. Por exemplo, o
interesse particular na exportação beneficia a coletividade, pela ampliação dos mercados, aumento da
divisão do trabalho e a maior eficiência produtiva resultante.

• Na busca de vantagens pessoais, o homem estaria voltando-se para si próprio em um egoísmo


aparente, porque, ao agir assim, estaria contribuindo para o aumento do produto e do bem-estar
social. Os interesses individuais, realizados livremente, em cada mercado de produto ou fator seriam
harmonizados coletivamente por uma espécie de mão invisível.
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Desenvolvimento de Adam Smith

A filosofia da psicologia individual


• Esta filosofia de Adam Smith vem da escola escocesa do senso moral inato, segundo a qual o
comportamento humano resulta da interação de instintos egoístas e altruístas. A doutrina utilitarista,
de Jeremy Bentham (1748-1832), segundo a qual o consumidor deseja um produto por sua utilidade
na satisfação de uma necessidade, indica da mesma forma que o homem age influenciado pela
comparação de prazer e pena que resultam de seus atos.

• O aspecto comum da teoria utilitarista e da escola escocesa do senso moral inato é o princípio da
harmonia de interesses resultante da interação dos indivíduos em sociedade.
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A filosofia da psicologia individual


• Apesar de entender que mais gastos expandem a renda e o emprego, Adam Smith defendeu a
parcimônia porque aumenta o estoque de capital financeiro, fator necessário para contratar
trabalhadores produtivos e aumentar o nível de produto. Isso era necessário, porque para Adam Smith,
assim como para os demais economistas clássicos, a programação de aumento da produção precisava
ser acompanhada de um “fundo de salários” para contratar trabalhadores produtivos, matérias-primas
e bens de capital.

• Tendo em vista que o interesse coletivo resulta das ações individuais privadas, pela teoria
individualista de Adam Smith, torna-se indispensável assegurar a cada indivíduo o direito de procurar
seus próprios interesses, livre de pressões de grupos, mas sempre dentro da lei e da ordem (Meier e
Baldwin, 1968).
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A filosofia da psicologia individual


• Sendo assim, para maximizar a riqueza das nações, não se pode, sob hipótese alguma, tolher a
liberdade individual para empreender e empregar trabalho produtivo; no mesmo sentido não se deve
bloquear o desenvolvimento dos demais elementos fundamentais, que permitem a expansão do
emprego, como a abertura de novos mercados, a divisão do trabalho e acumulação de capital.
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A riqueza das nações


• O fator primordial da riqueza nacional, o trabalho produtivo, aparece em evidência no primeiro
parágrafo da obra de Adam Smith, A Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas
causas, de 1776: “O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece
todos os bens necessários e os confortos materiais que consome anualmente. O mencionado fundo
consiste, sempre, na produção imediata do referido trabalho ou naquilo porque com essa produção é
comprado de outras nações” (Smith, 1983).

• O trabalho torna-se fertilizado, ou produtivo, pela adição de mais capital, que aumenta sua
produtividade e o valor do produto total. São as trocas e o aumento das áreas de mercado que criam a
demanda, possibilitando maior volume de produção, com menor custo e emprego do trabalho
produtivo e capitais adicionais. O trabalho útil, ou produtivo, em oposição ao trabalho improdutivo,
define-se como um trabalho que produz um excedente de valor sobre o custo de reprodução.
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A riqueza das nações


• Desse modo, a riqueza deriva da quantidade de trabalho produtivo empregada no processo produtivo,
em relação à população total. Quanto maior for essa relação, assim como a produtividade do trabalho,
maior será o produto social de uma economia. A produção de cada ano será tanto maior quanto mais
trabalhadores produtivos forem contratados, a qual depende da divisão do trabalho e do estoque de
capital, que permite aumentar a produtividade do trabalho.

• O uso da máquina aumenta a destreza do trabalhador e reduz o tempo para a fabricação de um objeto.
Com o aumento da produção por trabalhador, dispõem-se de maiores quantidades de bens para trocar,
em relação às necessidades individuais de consumo. À medida que maior número de trabalhadores
está na mesma situação, as trocas internas ampliam-se e sobram excedentes de produtos que precisam
ser exportados para outros mercados.
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A riqueza das nações


• Segundo Smith, o princípio que dá origem à divisão do trabalho é a propensão humana à troca. Nenhum
trabalhador pode ser autossuficiente a ponto de produzir todos os bens que necessita, porque alguns
produtos requerem habilidades especiais. Assim, ele produz aqueles bens para os quais possui maiores
habilidades, ou maiores recursos produtivos, adquirindo os produtos para os quais as dificuldades de
obtenção são maiores, refletindo-se em maiores custos de produção. Essa habilidade na produção de bens
provém da especialização do trabalhador em tarefas específicas, proporcionada pela divisão do trabalho.

• A pequena dimensão do mercado interno limita a divisão do trabalho. isso explica porque certos tipos de
trabalho só podem ser realizados em cidades grandes. Desse modo, a dispersão espacial da população rural
dificulta a especialização dos trabalhadores. Depreende-se em Adam Smith que a industrialização aparece
ligada ao fenômeno da urbanização. A aglomeração espacial da população condicionada ao surgimento das
atividades; a concentração econômica e a localização dos recursos naturais e outros fatores ampliam os
fluxos migratórios de fatores que aumentam as desigualdades regionais.
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Desenvolvimento de Adam Smith

A riqueza das nações


• No início da formação das regiões, as populações tendem a concentrar-se junto aos rios e mares,
principalmente na proximidade de portos marítimos ou fluviais. Consciente disso, Adam Smith
enfatizou a importância do aperfeiçoamento dos meios de transporte para reduzir seus custos e
estender os mercados.

• Mercados mais amplos possibilitam que alguém produza um produto específico, demandando maior
especialização. Muitas vezes, a produção de um bem, como alfinetes ou pregos, apenas para o
mercado local torna-se tão pequena, que ela não se justifica. Quando o mercado torna se regional,
nacional e internacional, e torna-se viável alguém produzir esses bens em larga escala; os custos
médios se reduzem com a subdivisão do processo produtivo em tarefas mais simples, desde a
operação de estender o arame, cortar, fazer a cabeça, afiar a ponta, empacotar, expedir aos clientes,
cobrar etc.
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A riqueza das nações


• No início da formação das regiões, as populações tendem a concentrar-se junto aos rios e mares,
principalmente na proximidade de portos marítimos ou fluviais. Consciente disso, Adam Smith
enfatizou a importância do aperfeiçoamento dos meios de transporte para reduzir seus custos e
estender os mercados.

• Mercados mais amplos possibilitam que alguém produza um produto específico, demandando maior
especialização. Muitas vezes, a produção de um bem, como alfinetes ou pregos, apenas para o
mercado local torna-se tão pequena, que ela não se justifica. Quando o mercado torna se regional,
nacional e internacional, e torna-se viável alguém produzir esses bens em larga escala; os custos
médios se reduzem com a subdivisão do processo produtivo em tarefas mais simples, desde a
operação de estender o arame, cortar, fazer a cabeça, afiar a ponta, empacotar, expedir aos clientes,
cobrar etc.
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A riqueza das nações


• A redução dos custos de transporte aumenta o alcance dos bens, que passam a ser exportados para as
regiões ou países mais distantes. Menores custos de produção a gente no mesmo sentido, por que
aumentam a competitividade das empresas e elas passam a atuar em novos mercados. A extensão dos
mercados determina, portanto, o nível de lucros, a taxa de acumulação do capital e a velocidade do
progresso técnico. O investimento aumenta o nível de emprego no curto prazo estimula o crescimento
da oferta de trabalho no longo prazo, via aumento do diferencial entre os salários de mercado e o
salário de subsistência.

• O crescimento da massa salarial amplia a dimensão do mercado e ainda facilita o aumento da divisão
do trabalho, reiniciando o processo cumulativo de desenvolvimento. A divisão do trabalho constitui,
pois, a força dinâmica e depende da extensão dos mercados, interno e externo.
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A riqueza das nações


• Mercado restrito determina reduzida divisão de trabalho, baixa produtividade e pouco dinamismo de
crescimento. O mercado amplia-se pelo crescimento demográfico, pela elevação dos salários totais
pagos, que aumenta o poder de compra dos trabalhadores, e pela maior abertura da economia ao
exterior.

• Demanda em crescimento aumenta os investimentos e os lucros, gerando maior nível de


desenvolvimento. Em uma economia progressiva, com a dimensão do mercado se ampliando,
aumentam tanto os salários como os lucros e outros rendimentos. Na economia de Adam Smith,
predomina o otimismo pela existência de rendimentos crescentes; estes resultam do aumento da
dimensão do mercado e do crescimento da escala de produção com a consequente redução dos custos
médios.
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Desenvolvimento de Adam Smith

A riqueza das nações


• Seu modelo de desenvolvimento, portanto, é sem obstáculos e alavancado pela poupança, que se
transforma em investimento, permitindo a contratação de trabalhadores produtivos: a população, o
capital e a tecnologia são complementares; com rendimentos crescentes, tantos salários como os
lucros sobem.

• A acumulação de capital desempenha papel crucial para que isso ocorra, ao aumentar a demanda por
trabalho; isso é levar a massa salarial e a dimensão do mercado interno, gera economias de escala e
reduz os custos médios de produção.
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Desenvolvimento de Adam Smith

A riqueza das nações


• Seu modelo de desenvolvimento, portanto, é sem obstáculos e alavancado pela poupança, que se
transforma em investimento, permitindo a contratação de trabalhadores produtivos: a população, o capital
e a tecnologia são complementares; com rendimentos crescentes, tantos salários como os lucros sobem.

• A acumulação de capital desempenha papel crucial para que isso ocorra, ao aumentar a demanda por
trabalho; isso é levar a massa salarial e a dimensão do mercado interno, gera economias de escala e reduz
os custos médios de produção.

• O progresso técnico, diminuindo os custos e aumentando os lucros, também permite ao empresário pagar
salários crescentes. Contudo, o crescimento demográfico muito rápido coloca um limite à expansão dos
salários e a concorrência entre os produtores acaba deprimindo a taxa de lucro no longo prazo.
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Preço de mercado e Preço natural


• O funcionamento do mercado dos diversos bens, envolvendo o uso da moeda, implica o conceito de
preço de mercado, que diverge do conceito de preço de produção, ou preço natural. Este é
determinado pelo custo de produção, enquanto o preço de mercado informa-se pela interação entre a
oferta e a demanda de bens no mercado.

• Este último preço é o mais relevante na análise de Smith. Partindo do lado da oferta, ele define o
preço natural como o valor necessário ao pagamento dos salários, renda da terra e o lucro nominal
(definidos em termos de taxa natural). O preço natural, como custo, fica explicado pelo trabalho
incorporado no bem produzido e levado ao mercado. Desse modo, o preço natural pode diferir do
preço de mercado em função da interação entre a oferta e a demanda, que determina este último.
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Desenvolvimento de Adam Smith

Preço de mercado e Preço natural


• No equilíbrio de longo prazo, no entanto, com a atuação da concorrência, o preço de mercado tende a convergir ao nível do
preço natural.

• A teoria do valor trabalho pressupõe apenas o trabalho na formação do custo de produção, considerando negligenciáveis as
remunerações dos demais fatores. Como o salário é o item de maior custo, nas sociedades progressistas, em que a
acumulação do capital cresce a uma taxa superior ao crescimento demográfico, os salários de mercado tendem a elevar-se
mais do que os salários de subsistência ou salário natural.

• Ao fator trabalho, para Smith, incorpora-se o salário e outras remunerações percebidas pelas pessoas ocupadas na produção
e na administração das empresas. desse modo, sua teoria do valor trabalho tende a identificar-se com a teoria dos custos.

• No equilíbrio de longo prazo, o preço normal é o que cobre as remunerações da terra, da mão de obra e do capital e serão
normais tanto os preços dos produtos, como os preços dos insumos.
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Desenvolvimento de Adam Smith

O crescimento de longo prazo

Na obra a Riqueza das Nações, Adam Smith procura identificar as causas do crescimento econômico.
Enquanto houver taxa de lucro positiva, decorrente da ampliação dos mercados e da divisão do trabalho,
haverá poupanças que se transformarão em investimentos. Isso aumentará a demanda de trabalhadores
produtivos e o produto total.

Sendo estoque de capital, o número de trabalhadores produtivos e N o estoque de recursos naturais.


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Desenvolvimento de Adam Smith

O crescimento de longo prazo


• Sua função de produção agregada apresenta rendimentos crescentes, pela expansão dos mercados,
economias de escala e redução de custos. O crescimento econômico cria um processo cumulativo,
porque maiores rendas geram poupança e investimento em níveis ampliados. O crescimento produz
também economias externas, responsáveis, como as economias de escala, pela redução dos custos
médios de produção (Meier e Baldwin, 1968).

• Enquanto os mercados não estiverem saturados, a economia estará em crescimento. Quando os


mercados deixarem de crescer, diminuirão as taxas de crescimento da população e do produto total.
Chega-se a um ponto em que a economia terá atingido o estado estacionário, de crescimento zero,
quando serão máximos os níveis da população e do produto. Nesse momento, anulando-se os lucros,
cessam tanto os investimentos, como a contratação de trabalhadores produtivos.
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Desenvolvimento de Adam Smith

O crescimento de longo prazo


• Adam Smith não menciona a existência de rendimentos decrescentes, nem explicita os impactos
diretos provenientes das inovações tecnológicas sobre o produto. Toda mudança tecnológica se
refletiria no aumento das produtividades marginais do trabalho e do capital, via divisão do trabalho e
uso da máquina. Contudo, ele reconheceu limites para o crescimento, provenientes da concorrência
que deprime os preços, a taxa de lucro e acumulação de capital.

• Porém, enquanto for possível expandir os mercados, as economias de escala e as economias externas
permitirão lucros crescentes; com isso, ter-se à acumulação de capital, emprego de trabalhadores
produtivos e de recursos naturais, gerando maior crescimento econômico. Adam Smith supôs que a
produtividade do trabalho depende do capital empregado e do meio sociocultural (população com
dedicação ao trabalho, liberdades políticas e individuais, instituições eficientes, educação e
treinamento de mão-de-obra, políticas favoráveis do governo), o que eleva o produto total.
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Desenvolvimento de Adam Smith

O crescimento de longo prazo


• Medidas governamentais podem beneficiar ou entravar o comércio internacional do país, afetando a
acumulação de capital, o aumento da produtividade do trabalho e o crescimento econômico. Constata-
se que a produtividade do trabalho depende tanto da disponibilidade de capital por trabalhador, como
do quadro institucional que favoreça a educação e o treinamento da mão-de-obra.

• A oferta de trabalho eleva-se com aumento da população e dos meios de subsistência dos
trabalhadores. Os empregadores constituirão um fundo de salários para contratar trabalhadores
produtivos e adquirir matérias-primas e instrumentos de trabalho.

• A demanda do trabalho crescerá com a renda e acumulação de capital da economia, o que é leva os
salários, o nível de vida e o tamanho da população.
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O crescimento de longo prazo


• A teoria dos clássicos, em relação à população, era a de que ela crescia toda vez que os salários pagos
no mercado (𝑤) fossem maiores do que o mínimo indispensável à sobrevivência ( 𝑤∗).

Assim , no longo prazo, há 3 situações para a população total e a oferta de trabalhadores:


• o crescimento (𝑤>𝑤∗, economia progressista)
• o declínio (𝑤<𝑤∗, economia decadente)
• constância (𝑤=𝑤∗, economia estacionária )
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O crescimento de longo prazo


• Em situações normais, o crescimento demográfico ajusta-se há um ritmo condizente com a demanda
de trabalhadores, estabelecida acima do nível mínimo de subsistência. Salários monetários mais altos
encorajam casamentos precoces e o aumento do número de filhos. De outra parte, com melhores
condições de alimentação e de saúde há redução da taxa de mortalidade e a população se expande.

• Maior crescimento demográfico eleva oferta de trabalho, que acaba reduzindo a taxa de salários no
longo prazo. A ideia básica de Adam Smith é a de que maior crescimento econômico aumenta tanto o
nível de vida da população, como o ritmo do crescimento demográfico. Foi o que aconteceu no
desenvolvimento das nações desde a Revolução Industrial inglesa.
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O crescimento de longo prazo


• Para Adam Smith, o crescimento ocorre porque o capital mais produtivo e em maior volume aumenta
a divisão do trabalho e a produtividade dos trabalhadores, gerando maior nível de produto.

• Assim, uma sociedade que valorize o trabalho e os negócios, mantendo instituições estáveis e leis
adequadas à livre iniciativa, estará estimulando a acumulação de capital e o crescimento econômico.
O desenvolvimento fica caracterizado pelo aumento dos indicadores econômicos e de infraestrutura,
pela melhoria da distribuição de renda e elevação geral do nível de bem-estar do conjunto da
população.
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Desenvolvimento de Adam Smith

Acumulação de capital
• No sistema de Adam Smith, portanto, o conhecimento dos fatores que regem a acumulação de capital
tem importância fundamental no desenvolvimento econômico. A acumulação de capital no período
depende do nível de renda e do diferencial entre a taxa de lucro do mercado e a taxa de lucro mínima

• Quanto mais elevado for o nível de produto ofertado na economia, período após período, tanto
maiores serão os pagamentos aos fatores de produção, os gastos de consumo, o que estimula a
demanda de bens capital.
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Desenvolvimento de Adam Smith

Acumulação de capital
• Por outro lado, quanto maior o nível de renda, maior será o nível de poupança das empresas e das
famílias, permitindo a expansão dos investimentos e dos produtos nos períodos subsequentes. O
aumento dos depósitos no sistema financeiro permite, por outro lado, a expansão do crédito, que
estimula ainda mais o crescimento econômico.

• Da mesma forma, quanto maior a taxa de lucro de um setor em relação a taxa de lucro considerada
mínima do conjunto da economia, tendo em vista a taxa de juro do mercado e o prêmio de risco dos
negócios, tanto maiores serão os investimentos alocados a esse setor, uma vez que os agentes
procuram maximizar seus rendimentos.
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Acumulação de capital
• A taxa de lucro mínima,, inclui a taxa de juros e o prêmio de risco dos negócios. O nível de taxa de
juros depende da oferta e demanda de dinheiro no setor financeiro. Ela representa o pagamento por
um serviço, no caso o dinheiro emprestado, que poderá ser utilizado na compra de uma máquina, que
renderá lucro, ou no consumo que trará satisfação.

• O prêmio de risco dos negócios 𝑖∗ representa um percentual adicional que os homens de negócios
adicionam à taxa de juros do mercado para definir a taxa de lucro mínima dos novos
empreendimentos. Em países em que o risco é mínimo (direito de propriedade assegurado,
inexistência de guerras ou nacionalizações de ativos), esse prêmio de risco habitualmente é estimado
pelo desvio-padrão da variabilidade da taxa de juro do mercado, em determinado período.
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Acumulação de Capital
• A taxa de lucro e, portanto, variam inversamente com o estoque de capital , pois o aumento da
demanda de trabalhadores que o acompanha eleva os salários e diminui o lucro (Smith, 1983). Quanto
menor o estoque de capital da economia, tanto maior será o diferencial entre a taxa de lucro de mercado
e a taxa de lucro mínima.

• Quanto menor o estoque de capital da economia, tanto maior será o diferencial entre a taxa de lucro de
mercado e a taxa de lucro mínima.

• Por outro lado, o aumento do estoque desse capital traduz-se na redução da taxa de lucro. Isso se explica
porque diferenciais positivos na taxa de lucro, em determinado setor, atraem o capital para esse setor,
reduzindo a taxa de lucro média pela concorrência, uma vez que os melhores negócios são efetuados em
primeiro lugar.
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Acumulação de Capital
• O diferencial varia diretamente com a estabilidade econômica e política de um país e inversamente
com a elevação dos riscos. O quadro institucional torna-se, portanto, importante na determinação
desse diferencial, porque a insegurança e a inadequação das leis às necessidades do crescimento
econômico tendem a elevar o prêmio de risco, entravando o desenvolvimento ao provocar
precocemente a igualdade entre e .

• Sociedades que asseguram o direito de propriedade e que mantenham o quadro econômico e social
mais estável tendem a manter baixos os riscos dos negócios e atrair capitais externos.
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Estado Estacionário
• À medida que o estoque de capital da sociedade converge a um ponto máximo, o diferencial tende a
zero. Os investimentos cessam pela falta de incentivos, mas o produto total atinge também um
máximo, assim como a população nacional.

• Sem acumulação de capital e contratação de trabalhadores produtivos, o crescimento econômico será


nulo. Como a população deixa de crescer, não há motivo para o aumento da produção. Teoricamente,
o bem-estar social será máximo. A preocupação dos economistas clássicos era de que a sociedade
chegasse a esse estado estacionário sem antes ter atingido o nível relativamente elevado de bem-estar.
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Estado Estacionário
A explicação de Adam Smith para essa situação estava na concorrência entre os produtores, que eleva os
salários, reduz os preços e os lucros. Desse modo, a demanda de capitais retrai-se gradativamente, até se
anular no longo prazo (Smith, 1983).

Desse modo, o estado estacionário caracteriza-se por:


• acumulação de capital nula, com taxa de lucro de mercado igual a taxa de lucro mínima.
• salários de mercado iguais aos salários de subsistência.
• população e renda constantes, tendo atingido o ponto de máximo.
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Desenvolvimento de Adam Smith

Estado Estacionário
O estado estacionário pode ser adiado pelo aperfeiçoamento das instituições, abertura de mercados não
tradicionais e adoção de inovações tecnológicas na produção. Novos produtos e processos de produção
mais aperfeiçoados, bem como regulamentações favoráveis a acumulação de capital, ao aperfeiçoamento
da mão de obra e à segurança dos negócios estimulam a acumulação de capital.

Por outro lado, um estado burocrático e legislação excessiva inibem a livre iniciativa e restringem a
acumulação de capital. As intervenções do estado deveriam limitar-se, segundo Adam Smith, à
regulamentação da concorrência, à manutenção dos sistemas de educação, à saúde e à segurança pública.

O empresário, agindo livremente, na busca do interesse próprio, produz o bem comum ao ofertar novos
produtos, criar novos empregos e expandir o nível de renda.
REFERÊNCIAS

•Jesus de Souza, Nali. Desenvolvimento Econômico.


Atlas, São Paulo, 5a. Edição, 2005.

•Our World Data. Disponível em


https://ourworldindata.org/

•Reis, T. Desenvolvimento Econômico: conheça as


principais teorias a respeito. Disponível em
https://www.suno.com.br/artigos/desenvolvimento-econo
mico/

•Tomazzoni, E. L. Teorias do Desenvolvimento


Econômico. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/

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Obrigada pela atenção!

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