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ARLETE INES AURELLI

mestre e doutora em Direito Processual Civil pela PUC/SP


professora de direito processual civil nos cursos de
graduação e mestrado da PUC/SP
professora orientadora do curso de pós-graduação stricto
sensu (mestrado/doutorado) da PUC/SP.
Advogada em São Paulo
SENTENÇA, COISA JULGADA, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

ARLETE INES AURELLI


Conteúdo Programático:

SENTENÇA
COISA JULGADA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

_
PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ : ART. 203 a 205 do CPC/15

Sentenças – art 203 §1 – conteúdo do arts 485 e 487 e causar extinção da fase de conhecimento ou execução

decisão interlocutória - todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1 o - art.

203 §2 - resolve questão incidente

despachos - São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a

requerimento da parte - art. 203 §3

são pronunciamentos sobre o andamento do processo – impulsionam o processo de fase em fase – não impõe

ônus às partes. Designa data para audiência, manda juntar contestação

Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. Art. 204.

Decisão monocrática do relator (art. 932)


PRONUNCIAMENTOS JUDICIAIS

Tipo de Causa prejuízo Possui conteúdo do art. 485 ou Recurso


pronunciamento à parte? 487 e põe fim à fase cognitiva do
Art.203 cpc procedimento comum, bem como
extingue a execução?

Sentença SIM SIM Apelação


Decisão interlocutória SIM NÃ O Agravo de
Instrumento, se
estiver no rol do art.
1.015 (se nã o estiver,
alegar em preliminar de
Apelaçã o)

Despacho NÃ O, em tese NÃ O Em regra nã o cabe,


salvo se houver
omissã o, contradiçã o,
obscuridade ou erro
material aptos a ensejar
Embargos de
Declaração
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA COM CONTEÚDO DE SENTENÇA
atos que tem conteúdo de sentença nos seguintes casos:

Se a extinção, sem julgamento de mérito, for de parte do


processo
– art. 354, par único

Se for decisão parcial de mérito –


art. 356 §5
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Decisões no inventário = decisões interlocutórias


Decisões na liquidação de sentença e no cumprimento de sentença –
em regra decisões interlocutórias.
No cumprimento será sentença se extinguir o procedimento.
Na execução, em regra será decisão interlocutória – só será sentença
se extinguir a execução
Nas ações de divisão e demarcação de terras – temos duas sentenças.
Na prestação de contas – primeira fase- decisão interlocutória,
conforme STJ
DECISÃO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS: DECISÃO INTERLOCUTÓRIA OU SENTENÇA ?
Stj: resp 1847194
À luz do atual Código de Processo Civil, o pronunciamento que julga procedente a primeira fase
da ação de exigir contas tem natureza jurídica de decisão interlocutória de mérito, recorrível por
meio de agravo de instrumento. Precedente
O relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, afirmou que, de acordo com o artigo 550, parágrafo 5º,
do CPC/2015, a decisão que julgar procedente a primeira fase da ação condenará o réu a prestar
contas no prazo de 15 dias, sob pena de não poder impugnar as contas que o autor apresentar.
Segundo ele, o ato que julga procedente a primeira parte da ação de exigir contas possui natureza
de decisão interlocutória de mérito, uma vez que não encerra a fase cognitiva do processo. Por
essa razão, apontou, o recurso cabível contra ela é o agravo de instrumento (artigo 1.015, inciso II
do CPC/15) – o qual não possui, em regra, efeito suspensivo.
Por outro lado, se o ato judicial julgar improcedente a primeira fase da ação de exigir contas ou se
julgar extinto o processo sem resolução de mérito, ele terá força de sentença e, portanto, será
impugnável por meio de apelação.
DECISÃO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS: DECISÃO INTERLOCUTÓRIA OU SENTENÇA ?
o pronunciamento jurisdicional em que se reconhece ou não o direito de exigir as contas possuirá natureza
jurídica distinta, a depender de seu conteúdo. Se julgar procedente a ação, possuirá natureza de decisão
interlocutória e conteúdo de decisão parcial de mérito; se julgar improcedente a primeira fase da ação ou
extinto o processo sem resolução do mérito, terá natureza jurídica de sentença.
“Do reconhecimento de que o pronunciamento jurisdicional que encerra a primeira fase possui, a depender do
conteúdo, diferentes naturezas jurídicas, decorre a conclusão inarredável de que o recurso interponível se
definirá secundum eventum litis, pois, se julgada procedente a primeira fase, caberá agravo de instrumento
(artigo 1.015, II, do CPC/2015), mas, se julgada improcedente ou extinto o processo sem resolução de mérito na
primeira fase, caberá apelação (artigo 1.009, caput, do CPC/2015)”, concluiu a ministra.
No caso dos autos, porém, apesar de ter sido interposta apelação contra a decisão de procedência, Nancy
Andrighi destacou que, havendo dúvida na doutrina sobre o cabimento do agravo de instrumento ou da
apelação, deve ser aplicado o princípio da fungibilidade recursal, afastando-se a hipótese de erro grosseiro na
escolha da parte.
Em relação aos demais pontos do recurso, a relatora entendeu que, de fato, a petição inicial e as causas de
pedir foram suficientemente claras na delimitação do objeto. Assim, o colegiado restabeleceu a decisão judicial
que encerrou a primeira fase da ação de exigir contas.
RESP 1746337 – RELATORA NANCY ANDRIGUI
SENTENÇA – pronunciamento que contém um dos conteúdos do art. 485 e 487 do

CPC/15 e coloca fim à fase de conhecimento ou extingue a execução – art. 203 §1

ESPÉCIES:

terminativa- sentença que extingue o processo sem julgamento do mérito. Art. 485

definitiva – sentença que resolve o mérito – art. 487


FINALIDADE DA SENTENÇA

transformar normal geral e abstrata em norma individual e concreta


que passará a ser lei entre as partes, sendo que, nas hipóteses do artigo
487, também haverá resolução do conflito de interesses.
• ELEMENTOS DA
SENTENÇA :
• art. 489 CPC/15
• relatório
• Fundamentaçã o ou motivaçã o
• Decisó rio ou dispositivo
sentença

RELATÓRIO:
descrição dos elementos indicativos da ação e de atos processuais
ocorridos no processo- art 489 , inciso I
A ausência do relatório gera nulidade absoluta;
O relatório sucinto é apenas irregularidade sem sanção.
Nas sentenças de extinção do processo, sem julgamento do mérito, o
relatório pode ser realizado de maneira sucinta.
No Juizado Especial Cível o relatório é dispensado pela Lei 9099/95.
relatório
• O relatório tem uma dupla finalidade:.
• - permitir que o juiz demonstre para as partes e para a sociedade em geral que conhece o
processo que vai julgar. No relatório, o juiz faz uma caracterização do processo, delineando o
caso que será julgado em todos os seus aspectos fático-jurídicos e apontando o que nele se
verificou de mais importante. Com o relatório, o juiz demonstra o que aconteceu no processo, o
que o obriga a estudar a totalidade daquilo que está nos autos. Isso quer dizer que o relatório
permite que se verifique se o magistrado conhece o “processo”.

• - permite comparar o caso que foi julgado com outros que ainda o serão a fim de que casos
iguais ou semelhantes recebam igualmente o mesmo tratamento, como observa Luiz Guilherme
Marinoni
• Uma vez que o sistema de precedentes exige a comparação entre casos, em especial, sobre os
fatos a partir dos quais os problemas jurídicos surgem e são resolvidos, o relatório serve para
identificação do caso para aplicação de eventual precedente existente e para a elaboração de
eventuais distinções que impeçam semelhante aplicação.
fundamentação ou motivação –

justificação feita pelo juiz dos motivos que o levaram ao


convencimento de como deveria decidir- art. 489 , II CPC/15
Sem fundamentação, a sentença será nula.

O dever de fundamentação das decisões, sob pena de nulidade, está


previsto no art. 93, IX da CF e arts 11 e §1 do art. 489 CPC.
Fundamentação da sentença
• A doutrina é unânime em reconhecer relevantes funções endoprocessuais da fundamentação -
dentro do processo em que é exarada a decisão - todas de significação notadamente técnica,
v.g., delimitar o alcance da coisa julgada, aferir a legalidade na correta avaliação das
provas e na definição do direito aplicável à espécie, assegurar o concreto e pleno
exercício do direito de ampla defesa e de eventual recurso, tanto pela perspectiva da
exercer influência sobre as provas e os argumentos utilizados na decisão quanto pelo
conhecimento das premissas que fundaram o raciocínio do juiz e o levaram à conclusão
do caso concreto. Todavia, são as funções extraprocessuais que trazem o dever de
fundamentação para o núcleo jurídico do processo constitucional, desde que servem para
situar a jurisdição dentro da perspectiva do Estado Democrático de Direito, no qual todo o
poder emana do povo e em seu nome é exercido (CF/88, art. 1º, parágrafo único), e que se
“[...] caracteriza como Rechsfertigender Staat, é dizer, como forma política que se legitima
enquanto justifica o modo pelo qual exerce o poder” (TARUFFO, 1988, p. 41).
Fundamentação da sentença

• Para Cândido Rangel Dinamarco, é exigência técnica que obsequia a


garantia-síntese do acesso à justiça, em função da qual a Constituição
formula princípios, oferece garantias e impõe exigências em relação ao
sistema processual (DINAMARCO, 2009, p. 199).
Tema 339 STF
• O STF, em 23/06/2010, em sede de repercussão geral fixou a seguinte tese no Tema nº 339:
• “O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que
sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas.”

• Decisões judiciais que se furtam à aplicação do artigo 489, § 1.º do CPC, mediante a utilização do desatualizado
entendimento do Tema 339 incorrem em flagrante defeito de prestação jurisdicional e afronta material à
Constituição, em contrariedade direta do artigo 93, IX, e do artigo 5.º, incisos LIV e LV, todos da CF, os quais
devem ser materializados nos termos da lei processual atual e não do superado Tema 339 de 20/08/2010.
• Portanto, a legalidade de observância obrigatória, sobretudo pelo Poder Judiciário, capaz de concretizar
materialmente as garantias constitucionais do devido processo legal e contraditório, no que toca ao dever de
fundamentação está prevista no art 93, IX, da CF e arts 11 e 489, parágrafo primeiro, do CPC, pelo que está
superado o Tema 339.
• A atualização do Tema 339 à luz do novo e vigente CPC é matéria repletamente abundante de repercussão geral.
STJ
• O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas
pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a
decisão.
• O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de
infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida.
• Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015 não cabem embargos de
declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre determinado
argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada.
• STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi
(Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016
(Info 585).
sentença

fundamentação ou motivação –
• § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
• I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
• II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso;
Conceito jurídico indeterminado

• Os conceitos jurídicos indeterminados são conceitos aos quais o


legislador não conferiu uma definição legal bem delimitada.

• Exemplos clássicos de conceitos jurídicos indeterminados:


• “interesse público”, “boa-fé”, “função social”, “bem comum”, perigo de
dano irreparável , repercussão geral, “bons costumes”
sentença

fundamentação ou motivação –
• § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:

• III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

• IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em


tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
STJ: motivação per relationem
A utilização da técnica de motivação per relationem não enseja a nulidade do ato
decisório, desde que o julgador se reporte a outra decisão ou manifestação dos autos e
as adote como razão de decidir.
• Recentemente, a Terceira Seção do tribunal deu provimento a recurso especial (EREsp
1.384.669/RS, j. 28/08/2019) para anular acórdão no qual a fundamentação se
limitava a fazer referência a parecer do Ministério Público sequer transcrito na
decisão, que, de resto, não havia analisado preliminares nem acrescentado nada
que pudesse proporcionar às partes a possiblidade de analisar o que havia
motivado os julgadores a decidir daquela forma:
• “(…) No caso, verifica-se que a Corte de origem, ao apreciar o apelo defensivo,
limitou-se a fazer remissão ao parecer ministerial, sequer transcrito no acórdão, sem
tecer qualquer consideração acerca das preliminares arguidas, o que não se coaduna
com o imperativo da necessidade de fundamentação adequada das decisões judiciais.
fundamentação ou motivação –
• § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:

• V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus


fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos;

• VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente


invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento.
• V e VI – art. 926 a 928 cpc – indexadores jurisprudenciais - sistema de
precedentes
sentença
• o art 1.022, par Ún., II, do CPC considera omissa, para
fins de interposição de embargos declaratórios, decisão
que se enquadre nas hipóteses do § 1º do art. 489
• O § 1º do art. 927, que trata dos precedentes vinculantes,
também faz menção a essas normas: “os juízes e os
tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, §
1º, quando decidirem com fundamento neste artigo.
stj
• "AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRODUÇÃO DE PROVAS.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. LIVRE CONVENCIMENTO
MOTIVADO. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS. DEVER DE MOTIVAÇÃO. ART. 927 DO CPC.
ACÓRDÃO E SENTENÇA DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. NÃO CONSTAM DO
ROL PRECEDENTES VINCULANTES. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE ANÁLISE
PORMENORIZADA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211 DO STJ.
HONORÁRIOS RECURSAIS. MAJORAÇÃO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. REVISÃO INVIÁVEL. SÚMULA 7 DO
STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO...
• 3. O julgador não é obrigado a discorrer sobre todos os argumentos levantados pelas partes, mas
sim decidir a contento, nos limites da lide que lhe foi proposta, fundamentando o seu
entendimento de acordo com o seu livre convencimento, baseado nos aspectos pertinentes à
hipótese sub judice e com a legislação que entender aplicável ao caso concreto.
• 4. Com exceção dos precedentes vinculantes previstos no rol do art. 927 do CPC, inexiste
obrigação do julgador em analisar e afastar todos os precedentes, acórdãos e sentenças,
suscitados pelas partes.(...)(AgInt no AREsp 1427771/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 24/6/2019, DJe 27/6/2019, grifos nossos)".
fundamentação ou motivação –

§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e


os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que
autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas
que fundamentam a conclusão.
Normas: envolve princípios e regras
Art. 8 E 140 do CPC e 20 a 24 LINDB
Ponderação : proporcionalidade – meios
razoabilidade - fins
fundamentação ou motivação –
§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os
seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
O dispositivo deve decorrer, logicamente, do relatório e fundamentação
A boa-fé processual orienta a interpretação da postulação e da sentença, permite a
imposição de sanção ao abuso de direitos processuais e às condutas dolosas de
todos os sujeitos do processo, e veda seus comportamentos contraditório (FPPC,
enunciado 378) (CÂMARA, 2016, p.09)
Norma interligada com §2 do art. 322 - boa fé – pedido
Art 5º CPC – boa fé
Art 6 CPC – Juiz - sujeito da cooperação
PRINCÍPIO DA BOA FÉ
“consiste o princípio da boa-fé objetiva em exigir do agente que pratique o ato jurídico
sempre pautado em valores acatados pelos costumes, identificados com a ideia de
lealdade e lisura. Com isso, confere-se segurança às relações jurídicas, permitindo-se aos
respectivos sujeitos confiar nos seus efeitos programados e esperados”.
Veja-se que “o conceito de boa­fé objetiva decorre do art. 3º, I, da CF (LGL\1988\3), e
impõe norma de conduta aos sujeitos do processo. Na verdade, trata-se de considerar se
a conduta das partes ou do juiz está de acordo com o direito”.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito
processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum - vol. I, 57. ed. rev.,
atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 79.
AURELLI, Arlete Inês. Normas fundamentais no Novo Código de Processo Civil Brasileiro.
Artigo. In: Revista de processo, v. 271/2017. São Paulo: Revista dos Tribunais Online, set.
2017, p. 6.
BOA FÉ DIFERE DA COOPERAÇÃO?

• Cooperação é definida como “norma-princípio explicitamente positivada no


art. 6º do Código de Processo Civil de 2015, que exige do juiz, das partes,
dos auxiliares da Justiça e de todos os demais sujeitos processuais a adoção
de comportamentos que contribuam para a formação de uma comunidade de
trabalho dedicada à tramitação de um processo no qual haja, na maior
medida possível, a implementação de um contraditório real pautado pelo
diálogo e qualificado pela produção de provas suficientes à elucidação dos
fatos, tudo visando à obtenção de uma decisão de mérito que adote a melhor
alternativa possível dentre as possibilidades jurídicas disponíveis, devendo
esses sujeitos cooperar entre si para que a realização do processo e do título a
ele relacionado aconteça de forma efetiva e em duração razoável, sem
entraves ilegítimos, obstáculos artificiais, embaraços formais desnecessários
e comportamentos oportunistas”
BOA FÉ DIFERE DA COOPERAÇÃO?

• constata-se que os dois princípios de fato são próximos e complementares.


Porém, eles não se confundem.
• Cooperar engloba outras atitudes que não estão abarcadas pelo
mandamento de se “agir de boa-fé”.
• Por outro lado, o “agir de boa-fé” implica em ações que não
necessariamente são cooperativas.
• Assim sendo, há situações que são comuns aos dois princípios, mas outras
são específicas de um ou específicas de outro, o que indica que eles são
próximos, mas têm conteúdo distinto e próprio.
O JUIZ É SUJEITO AO PRINCIPIO DA COOPERAÇÃO?
• constata-se que o princípio da cooperação faz parte do complexo de princípios que garantem o escopo
social e político do processo, complexo este do qual também fazem parte o devido processo legal
(material), a boa-fé processual, o contraditório e ampla defesa, a duração razoável do processo, o
princípio da primazia do julgamento do mérito, além de se relacionar com todas as demais normas
fundamentais previstas pelo CPC/2015.
• Basicamente, pelo princípio da cooperação, os sujeitos do processo devem se empenhar durante todo
o processamento do feito para que a decisão de mérito seja prolatada, no menor tempo possível, sendo
vedadas atitudes procrastinatórias ou ilegítimas, e sempre produzindo provas de suas alegações e
contribuindo para que as demais provas necessárias ao deslinde do caso sejam produzidas.
• Pelo princípio da cooperação, as partes têm direito que uma decisão de mérito justa seja proferida. A
contrario sensu, as partes não têm o direito de que seja prolatada uma decisão injusta ou intempestiva.
A justiça da decisão está na imposição de que tenha sido prolatada em um processo justo, no sentido
de que todos os direitos fundamentais e garantias constitucionais tenham sido preservados,
notadamente, no que tange à observância do princípio do contraditório.
• Sobre esse ponto, é preciso esclarecer que a decisão justa também será aquela que compreender a
resposta ao pedido do autor, a qual demanda aderência ao texto normativo.
O JUIZ É SUJEITO AO PRINCIPIO DA COOPERAÇÃO?

• Com relação aos sujeitos destinatários do princípio da cooperação,


destacam-se o juiz e as partes. Inicialmente surgiram críticas à inclusão do
juiz no dever de cooperar. Alguns entenderam que a norma traria um poder
incomensurável ao órgão julgador, propiciando o ativismo judicial.
• O juiz é sim obrigado a cooperar.
• São os seguintes os deveres do juiz:
• Dever de esclarecimento; ex art 321
• Dever de prevenção; - permitir correção de vicios – ex 320, 338/339,
139,ix
• Dever de consulta; ex art 9 e 10
• Dever de auxílio – remoção do obstáculo – ex art 319, §1
Art 489 §3
• Fredie Didier Jr.(2015, p. 389), ensina que “a definição dos limites da coisa julgada
dependerá, necessariamente, da interpretação da decisão. Não é por acaso que se
costuma, em execução de sentença, alegar ofensa à coisa julgada, baseando-se
exatamente em questões relacionadas à interpretação da sentença”
• a decisão judicial é o resultado da interpretação do texto
• uma decisão judicial é um texto normativo produzido por um julgador e com tal
deve ser interpretado, sobretudo para construção de precedentes.
• Os elementos da sentença – relatório, fundamentação e dispositivos – interagem
para se chegar à correta interpretação da decisão judicial, a qual deve estar em
conformidade com a boa-fé, que é um parâmetro de interpretação da decisão.
Art 489 §3
• Fredie Didier Jr. (2015, p.391 e ss.) – estabelece algumas premissas ancilares à
formação de uma teoria geral da intepretação da decisão judicial e à correta
aplicação do dispositivo em apreço:
• Primeiro. Dispositivo e fundamentação devem ser interpretados conjuntamente. A
compreensão do dispositivo carece do exame da fundamentação, que também
somente será devidamente interpretada a partir do que foi enunciado no dispositivo.
A decisão há de ser interpretada, enfim, como um todo. Trata-se, na lição de Didier
Jr. (2015, p. 391), de aplicar a técnica da interpretação sistemática à compreensão
da decisão judicial.
Art 489 §3
• Segundo. As postulações (e comportamentos) de ambas as partes são dados que
sempre devem ser levados em consideração para a interpretação da decisão.
Segundo Fredie Didier Jr. (2015, p. 391), “a definição precisa da norma jurídica
extraída da sentença não prescinde do exame do que foi postulado pelas partes,
limite que é do exercício da função jurisdicional, como define a regra da
congruência objetiva”, preconizada nos artigos 141 e 492
Art 489 §3
• Havendo dúvidas na interpretação do dispositivo da sentença, deve-se preferir a
que seja mais conforme à fundamentação e aos limites da lide, em conformidade
com o pedido formulado no processo. Não há sentido em se interpretar que foi
proferida sentença ultra ou extra petita, se é possível, sem desvirtuar seu conteúdo,
interpretá-la em conformidade com os limites do pedido inicial". (STJ, REsp n.º
818.614/MA, Rel. Ministra Nancy Andrighi, publicado no DJ de 20.11.2006).
Art 489 §3
• Terceiro. Conforme pontifica Fredie Didier Jr. , aplicam-se à interpretação da
decisão judicial as normas de interpretação dos atos jurídicos; ou seja, as normas
que disciplinam a interpretação das declarações de vontade.
• O art. 112 do Código Civil enuncia que “nas declarações de vontade se atenderá
mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem".
• o art. 113 do Código Civil dispõe que “os negócios jurídicos devem ser
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração". A aplicação
do dispositivo à interpretação da decisão judicial é clara, até mesmo como reforço à
incidência do princípio da boa-fé processual;
Foi exatamente nessa linha que a 4ª Turma do Superior Tribunal
de Justiça encaminhou-se no julgamento do AgRg no AREsp n.º
94.186/PR, rel. Min. Maria Isabel Gallotti, em 07.08.2012,
acórdão publicado no Dje de 14.08.2012:
"Não há que se falar em ofensa à coisa julgada quando o
julgador, diante da imprecisão do comando sentencial, confere
nova interpretação da sentença exequenda, de forma a
viabilizar a condenação imposta"
Art 489 §3
• Quarto. Os embargos de declaração podem funcionar como um instrumento para
orientar a interpretação, já que eles se propõem a esclarecer os termos da decisão
(art. 1.022, CPC).
• Quinto. A reclamação constitucional também pode servir como instrumento para
que o prolator da decisão a interprete.
• Didier Jr. traz a hipótese de acórdão de o Supremo Tribunal Federal estar sendo
executado por juízo de primeira instância; caberá reclamação àquela Corte se o juiz
não estiver observando a decisão do tribunal superior; neste caso, o STF terá de
interpretar a sua própria decisão, para determinar os rumos da execução
Com efeito, no julgamento pelo Plenário do STF (Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18/4/2013)
entendeu-se ser possível que o STF, por meio de reclamação, faça a (re)interpretação de decisão proferida
em controle de constitucionalidade abstrato. Ao julgar uma reclamação, o STF realiza um juízo de confronto e
de adequação entre o objeto (ato impugnado) e o parâmetro (decisão do STF tida por violada). Isso pode
fazer com que se conclua pela necessidade de redefinição do conteúdo e do alcance do parâmetro (decisão
que havia sido proferida). Ao analisar uma reclamação, o STF faz uma espécie de “balançar de olhos”
(expressão cunhada por Karl Engisch e trazida no voto do Min. Gilmar Mendes) entre o ato impugnado
(objeto) e que havia sido decidido (parâmetro) e poderá chegar à conclusão diferente do que já tinha
deliberado anteriormente.

É por meio da reclamação, portanto, que as decisões do STF permanecem abertas a esse constante processo
hermenêutico de reinterpretação realizado pelo próprio Tribunal. A reclamação, dessa forma, constitui um
instrumento para a realização de mutação constitucional e de inconstitucionalização de normas que muitas
vezes podem levar à redefinição do conteúdo e do alcance, e até mesmo à superação, total ou parcial, de
uma antiga decisão
Art 489 §3

• Sexto. conforme Didier Jr , o juízo da liquidação ou da


execução - que nem sempre será o juízo da sentença - e o juízo
que está diante do precedente judicial, por exemplo, também
deverão interpretar a decisão.
• Sétimo. não se pode excluir a possibilidade de uma ação
declaratória autônoma de interpretação da decisão judicial
(art.19, I, do CPC). O objeto desta ação seria a interpretação do
ato jurídico “decisão judicial", e não a “rediscussão dos fatos ou
do direito nela examinados”, sob pena de ofensa à coisa julgada.
dispositivo ou decisório
• –
• efetiva decisão sobre o pedido formulado pelo autor ou sobre a
extinção do processo - inciso III
• Inciso III – fala só em questão principal
• Mas, juiz deve decidir não somente sobre questão principal como
prejudicial – art 503, §§
DISPOSITIVO OU DECISÓRIO
• O dispositivo é o local em que o juiz afirma se acolhe ou não o pedido do autor e,
em caso de acolhimento, o que deve ser feito para que o direito material seja
efetivamente realizado.
• Assim, por exemplo, o juiz pode, na parte dispositiva da sentença, ao acolher o
pedido formulado, condenar o réu a pagar certa soma em dinheiro ou ordenar o réu
a fazer ou a não fazer ou mesmo determinar a entrega de determinada coisa.
• Como a parte dispositiva é aquela que dá resposta ao pedido do autor, ela também é
chamada de conclusão da sentença.
• O dispositivo é o comando que rege a vida das partes e exprime como essas devem
se comportar diante do caso concreto.
sentença
• Ponto – fundamentos de determinada afirmação feita em
juízo. Pode ser de mérito ou processual, pode ser de fato ou de
direito.
• Questão – ponto controvertido – ponto que é objeto de debate
entre as partes ou ponto duvidoso, que pode ter origem no
questionamento do juízo. É o que ocorre na hipótese de
revelia, em que o próprio juízo transforma pontos trazidos pelo
autor, em questões.
sentença
questão principal – dúvidas sobre a procedência do pedido. São
questões de mérito, trazidas como objeto do processo.
• Questões prévias – preliminares e prejudiciais:
• Preliminar – questão processual examinada antes de discutir o
mérito.
• Prejudicial – questão que impede o julgamento de mérito.
• são, também, questões de mérito, mas que não foram trazidas como
objeto do processo.
• dispositivo ou decisório –
• O juiz está adstrito ao pedido, não podendo julgar fora dos
limites traçados pelo autor

• Vicios de julgamento : art 492


• citra petita
• extra petita
• Ultra petita
• Há exceções ao princípio da congruência, a saber:
• (i) pedido implícito – juros, correção, despesas processuais e
honorários, prestações vincendas, etc.;

• (ii) art. 497 e 536 - A do Código de Processo Civil – nas tutelas


específicas das obrigações de fazer e não fazer e de entrega de
coisa é permitido ao juiz a entrega de pretensão diversa daquela
requerida pelo autor, desde que gere resultado prático
equivalente;
• Há exceções ao princípio da congruência, a saber:
• (III) multa astreinte
• Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.
• § 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade
da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:I - se tornou insuficiente ou
excessiva; II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento.
• (iv) fungibilidade – no nosso ordenamento jurídico a fungibilidade significa aceitar
um ato processual no lugar de outro, como válido. ex ações possessórias – tutelas
provisórias
• As sentenças extra e citra petita são nulas, sendo
que o Tribunal, pode, ao acolher a nulidade,
julgar o mérito, se a questão estiver madura para
julgamento, conforme dispõe o artigo 1013,
parágrafo terceiro, do CPC.
• Por outro lado, o Tribunal poderá, no lugar de
anular, apenas reduzir os excessos da sentença
ultra petita.

sentença
• Pelo principio da concatenação dos atos processuais, a nulidade de um ato
causa a nulidade dos que lhe seguem, podendo causar a nulidade da
sentença.

• Conforme Teresa Arruda Alvim, a falta do dispositivo da sentença causa a


inexistência jurídica da mesma.
• Contra esse vicio cabe declaratória de inexistência
• Para Teresa Arruda Alvim, alguns vícios do processo, como falta de
condições da ação, pressupostos processuais de existência, falta de
jurisdição, falta de demanda, falta de citação podem causar a inexistência
jurídica da sentença.
Sentença inexistente
• Conforme Teresa Arruda Alvim, uma sentença é
juridicamente inexistente quando possui um defeito
tão grave que nem pode ser chamada de sentença. O
ato existe fisicamente no mundo dos fatos, mas não
juridicamente
• O plano da existência não se confunde com o plano da
eficácia, eis que a sentença inexistente pode produzir
efeitos, enquanto assim não for declarada.
• CAPÍTULOS DA SENTENÇA
• Correspondem às partes em que ideologicamente se decompõe o decisório
de uma sentença ou acordão, cada uma delas contendo o julgamento de
uma prestação distinta
• A Sentença deve analisar as diferentes pretensões indicando os resultados
específicos e individuais
• Ex – mais de um pedido
• Ação e reconvenção
• litisconsortes
• Questões preliminares e mérito
Oportunidades em que a sentença pode ser proferida:
• a) na audiência de instrução e julgamento; b) no momento de
despachar a inicial; c) quando do julgamento conforme o Estado do
processo.
• Publicação e intimação –
• A publicação é ato que torna pública a sentença- é condição de
existência da sentença ou de sua integração ao processo.
• Se proferida em audiência, a publicação coincide com sua
apresentação e intimação.
• Quando proferida fora de audiência, a sentença se considera
publicada com a certidão do escrivão ao juntá-la aos autos.
• A intimação é a publicação da sentença no Diário Oficial, quando se
dá conhecimento as partes.
• EFEITOS DA SENTENÇA:
• processual: Após a publicação da sentença, o
juiz não pode mais modificá-la a não ser para
corrigir erros materiais ou de cálculos. Também
pode ser alterada por provimento a recurso de
embargos de declaração opostos pelas partes.
• De resto, somente o Tribunal poderá alterar o
teor da sentença.
EFEITOS DA SENTENÇA:

Materiais: somente as sentenças definitivas


produzem efeitos materiais:
• Declaratórios
• Condenatórios
• constitutivos/desconstitutivos
• Executiva lato sensu
• mandamentais
• REQUISITOS DA SENTENÇA:
• A sentença deve ser escrita em vernáculo - lingua pátria
• deve ser clara ( inteligível)
• Deve ser precisa (determinada e delimitada quanto aos direitos e
obrigações que fazem parte dela).
Extinção do processo
• Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por
sentença.

• Art. 317. Antes de proferir decisão sem


resolução de mérito, o juiz deverá conceder à
parte oportunidade para, se possível, corrigir o
vício.
Extinção sem resolução do mérito (atípica)
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 (emenda).
INDEFERIMENTO DA INICIAL
ART. 330 CPC § 1
• I - INÉPCIA DA INICIAL
• a petição inicial será inépta quando :
• falta de pedido: petição inicial sem pedido é inclusive inexistente.
• falta de causa de pedir: em decorrência da teoria da substanciação, não basta pedir, é
preciso esclarecer o porque se pede.
• Pedido indeterminado -
• pedido não concludente: o pedido deve decorrer logicamente da narrativa dos fatos. O autor
não pode narrar os componentes de determinada hipótese normativa e pleitear pedido
totalmente estranho a ela.
• pedido incompatível: os pedidos formulados não podem se repelir. Se ao juiz for impossível
conceder ambos os pedidos formulados, haverá incompatibilidade e ele deverá indeferir a
inicial, a não ser que o autor renuncie a um deles..
Indeferimento da inicial

REQUISITOS ESTRUTURAIS DA PETIÇÃO INICIAL

• INTERNOS:
• Regra básica = (art 319 + art 320) – (art 330 )

• positivos negativos
»
»

» precisam estar presentes não devem estar presentes


INDEFERIMENTO DA INICIAL
ART. 330 CPC
• II - parte manifestamente ilegítima:
• É a ilegitimidade manifesta, que salta aos olhos -
analisada “prima facie”
• LEGITIMIDADE AD CAUSAM é condição da ação - se relaciona
a titularidade da relação jurídica de direito material,
que é discutida em juízo
• o conceito de legitimidade não se confunde com o
conceito de parte.
• mesmo aquele que tem sua ilegitimidade ad causam
decretada não deixa, só por isso, de ser parte.
• A parte ilegítima é parte processual
INDEFERIMENTO DA INICIAL
ART. 330 CPC
• III - falta de interesse processual
• O interesse processual é outra condição da ação.
• Binômio necessidade/utilidade(adequação)
• necessidade de ir a juízo para fazer valer direitos,
bem como utilidade representada pela vantagem prática a
ser obtida com a ação.
• Ambas estão ligadas à adequação do meio processual
escolhido para tanto.
INDEFERIMENTO DA INICIAL
ART. 330

• IV –não atendidas as prescrições dos arts 106 e


321
• Dados do advogado e seu endereço na inicial
• Será concedido o prazo de 5 dias para
regularizar

• Não atendimento prazo para emenda


Extinção sem resolução do mérito (atípica)
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (…)
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes; (abandono pelas partes)

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; (abandono pelo autor)
- § 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
-486, § 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da
causa pelo autor depende de requerimento do réu.

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de


Extinção sem resolução do mérito (atípica)

Art. 485. (…)


V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de
coisa julgada;

Art. 486, § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença


fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra
o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
Extinção sem resolução do mérito – art 485
• Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
• VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse
processual;
• VII - acolher a alegação de existência de convenção de
arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência;
• VIII - homologar a desistência da ação;
• IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada
intransmissível por disposição legal; e
• X - nos demais casos prescritos neste Código
Supressão termo carência de ação
• inciso XI menciona a ausência de legitimidade ou de interesse processual.
• Supressão da possibilidade jurídica do pedido como condição da ação: questão de
mérito ou falta de interesse processual?
• Três correntes –
• Fredie Didier - legitimidade ordinária é mérito e legitimidade extraordinário, assim
como o interesse processual são pressupostos processuais.
• Alexandre Câmara – permanecem como condições da ação
• Impossibilidade jurídica do pedido é falta de interesse processual.
• Leonardo Carneiro da Cunha - legitimidade ad causam e impossbilidade juridica
pedido - mérito.
• Legitmidade extraordinária e interesse – pressupostos processuais
Correção legitimidade passiva
• Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o
juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da
petição inicial para substituição do réu.
• Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor
reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e
cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório,
nos termos do art. 85, § 8o.
CORREÇÃO LEGITIMIDADE PASSIVA

• Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito
passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de
arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
decorrentes da falta de indicação.

• § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à


alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o
parágrafo único do art. 338.

• § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial
para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

CORREÇÃO LEGITIMIDADE PASSIVA

Enunciado n.º 42 do III FPPC-Rio: O


dispositivo se aplica mesmo a procedimentos
especiais que não admitem intervenção de
terceiros, bem como aos juizados especiais cíveis,
pois se trata de mecanismo saneador, que
excepciona a estabilização do processo
CORREÇÃO LEGITIMIDADE PASSIVA
A indicação é obrigatória para o réu, como era a nomeação à autoria do
CPC revogado?
A redação inicial do Senado, para o dispositivo em comento dizia “sempre
que possível”, menção que foi retirada, para constar, o que nos parece, uma
obrigação do réu na indicação do verdadeiro polo passivo, tanto que
incorrerá nas despesas processuais e deverá indenizar o autor pelos
prejuízos decorrentes da falta de indicação.
A norma aprimora o art. 69 do CPC revogado e cria dever
processual para o réu.
CORREÇÃO LEGITIMIDADE PASSIVA
Trata-se de responsabilidade objetiva, que inclui o pagamento não somente de
despesas processuais, honorários advocatícios, mas também prejuízos
extraprocessuais.
o legislador foi omisso quanto ao procedimento para apuração e cobrança tanto
das despesas, honorários e prejuízos.
É evidente que custas e honorários advocatícios devem ser cobrados nos
próprios autos. Mas os prejuízos extraprocessuais devem ser apurados em ação
autônoma.
Convenção de arbitragem

• Depois de muita discussão não há expediente para tal alegação que


deve ser feita no bojo da contestação.

• §6 estabelece de forma clara a preclusão do direito de alegar a


convenção de arbitragem caso não seja alegada na contestação. Nesse
caso, a conseqüência será a aceitação da jurisdição estatal e a
renúncia ao juízo arbitral. E o art. 1012, III prevê que a rejeição da
alegação de convenção de arbitragem é objeto de recurso de agravo.
• Em, conseqüência, em nossa opinião, fica claro que a convenção de
arbitragem não pode ser tida como pressuposto processual de validade
do processo. Muito menos de existência.
Incapacidade processual e irregularidade de
representação
Caso seja verificada a incapacidade processual
ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz suspenderá o processo e designará prazo
razoável para que seja sanado o vicio. Se o
vicio não for sanado, o processo será extinto.
(art 76)
EMENDA –ART 321

• A Decisão que determina a emenda deve ser fundamentada


sob pena de nulidade, devendo ser indicado COM PRECISÃO
o vício a ser sanado.
• STJ: “deve o magistrado, com os olhos nos modernos
princípios da instrumentalidade das formas e da economia e
celeridade processuais, especificar a falha contida na peça,
sob pena de por rigorismo processual, entravar o
prosseguimento do feito e impedir a célere composição do
litígio.” (REPRO 110/412)
vicios que podem causar extinção do processo: preliminares

• Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


• I - inexistência ou nulidade da citação;
• II - incompetência absoluta e relativa;
• III - incorreção do valor da causa;
• IV - inépcia da petição inicial;
• V - perempção;
• VI - litispendência;
• VII - coisa julgada;
• VIII - conexão;
• IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
• X - convenção de arbitragem;
• XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
• XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
• XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
Extinção sem resolução do mérito – art 485

• art. 337 combinado com art. 4º.– princípio da


primazia do julgamento de mérito
• Antes de proferir decisão sem resolução do mérito, o juiz
deverá conceder à parte oportunidade para, se possível,
corrigir o vício.
• O juiz deve informar qual o vicio a ser sanado conforme art.
321
• Se a parte não corrigir o vicio, o processo será extinto
Extinção com resolução do mérito – art 487
• Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

• I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;


• II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
• III - homologar:
• a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
• b) a transação;
• c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

• Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a
quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485.
extinção do processo com mérito
• IMPROCEDÊNCIA LIMINAR (art. 332 CPC). :
• I- enunciado de súmula do STF ou do STJ;

• II - acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;

• III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas


ou de assunção de competência;

• IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

• § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se


verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
prescrição e decadência

• prescrição -Prazos para ações condenatórias


• decadência - Prazos para ações constitutivas e desconstitutivas

• ações declaratórias são imprescritíveis


• Vide Texto Agnelo Amorim Filho-Rev Forense n. 300/6.

• juiz pode decretar de ofício – art 332, parágrafo primeiro


• mas, conforme art. 10 combinado com 487, parágrafo único, ”ressalvada a hipótese do
§ 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada
às partes oportunidade de manifestar-se.”
•COISA JULGADA
O surgimento da coisa julgada se deu em decorrência de uma necessidade prática: evitar a
perpetuação dos litígios.

Nessa perspectiva, a seguinte afirmação bem ilustra a finalidade do instituto:


“A coisa julgada emerge de um imperativo político (...) é imprescindível
colocar-se um limite temporal absoluto, um ponto final inarredável à
permissibilidade da discussão e das impugnações.” (ADROALDO FURTADO FABRÍCIO,
RePro 62)

.
Do ponto de vista jurídico, diversas foram as teorias para justificar a
existência da coisa julgada, raramente existindo consenso na doutrina:

1) Corrente da coisa julgada como uma “presunção da verdade”: a


sentença irrevogável é absolutamente verdadeira nos fatos e no direito.
Daí surgiu a exagerada afirmação de que a coisa julgada era capaz de
fazer do preto, branco, e do quadrado, redondo.

Tal tese foi a dominante por muitos anos, tendo sido adotada em nossa
primeira legislação processual de relevo (Regulamento 737 de 1850). O
art. 185 desse diploma tratava a coisa julgada como uma “presunção legal
absoluta”, prevalecendo mesmo “que haja prova em contrário”.
2) No CPC 39 não havia um dispositivo que especificamente definisse a
coisa julgada, como hoje há.

Porém, pela redação do art. 288 daquele Código, é possível afirmar que o
legislador de 1939 adotou a posição da coisa julgada como efeito da
sentença. Isto porque referido artigo fazia menção às decisões que “não
terão efeito de coisa julgada”.

3) LIEBMAN abandona a tese de que a coisa julgada é um efeito da


sentença. A res judicata é, na verdade, uma qualidade de indiscutibilidade
e imutabilidade que adere aos efeitos da sentença.
do ponto de vista das legislações processuais, o desenvolvimento foi o seguinte:

(i) Regulamento 737/1850: coisa julgada como presunção legal;

(ii) CPC 1939: coisa julgada como efeito da sentença - chiovenda

(iii) CPC 1973: coisa julgada como qualidade dos efeitos da sentença - liebman

(iv) CPC/15 adotou a teoria liebmaniana quanto à coisa julgada.


• Conceito
coisa julgada pode ser definida como uma qualidade que se agrega aos efeitos
da sentença, trazendo a imutabilidade e indiscutibilidade da sentença, em
virtude do trânsito em julgado da decisão.

- imutabilidade é a impossibilidade de rediscussão da lide já julgada, o que se


dá com a proibição de propositura de ação idêntica àquela já decidida
anteriormente.

- já a indiscutibilidade tem o condão de fazer com que, em futuros processos


(diferentes do anterior, pois se forem iguais, a imutabilidade impossibilita seu
processamento, como já visto acima), a conclusão a que anteriormente se
chegou seja observada e respeitada.
Ou seja, o juiz do segundo processo fica obrigado a tomar como premissa de sua
decisão a conclusão a que se chegou no primeiro processo.
Para saber se uma ação é idêntica à outra, devemos levar em consideração os elementos
identificadores da ação: partes, causa de pedir e pedido.

Exemplo:
Contrato celebrado entre “A” e “B”.
- “A” ingressa em juízo afirmando que a cláusula 10ª é nula
- “B” contesta
- sentença julga procedente o pedido (afirmando que a cláusula 10ª é nula)
1) “B” pode ingressar em juízo discutindo a validade da cláusula 10°?
Não – imutabilidade.
Extinção sem mérito (coisa julgada no seu aspecto negativo).

2) “B” pode ingressar em juízo pleiteando a condenação ao pagamento de multa por força de
inobservância da cláusula 10ª?
Não se trata de ação idêntica.
Mas a decisão do primeiro juiz deve ser observada – indiscutibilidade.
Improcedência (coisa julgada em seu aspecto positivo).
CIVIL E PROCESSO CIVIL. ATO ILÍCITO. COBRANÇA ABUSIVA. TRANSITO EM JULGADO DO ACÓRDÃO
PROFERIDO EM AÇÃO DE COBRANÇA AJUIZADA PELO RÉU. COISA JULGADA MATERIAL.
IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DO MÉRITO DA QUESTÃO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
1. Não há falar em violação ao art. 535 do Código de Processo Civil.
O Eg. Tribunal a quo dirimiu as questões pertinentes ao litígio, afigurando-se dispensável que
venha examinar uma a uma as alegações e fundamentos expendidos pelas partes.
2. O Tribunal de origem, que antes se manifestara sobre a ilicitude do protesto de cheque
decorrente de cobrança de honorários médicos indevidos, com acórdão transitado em
julgado, não pode rejulgar o mérito da controvérsia, porquanto acobertado pelo manto da
coisa julgada.
3. É devida indenização por danos materiais, no equivalente ao dobro do indevidamente
cobrado na ação anteriormente ajuizada pelo réu, e por danos morais, tendo em vista a ofensa
a dignidade do autor em face da cobrança ilícita e do protesto indevido.
4. Recurso especial conhecido em parte e, nesta parte, provido.
(REsp 593154/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
09/03/2010, DJe 22/03/2010)
CPC73:
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia,
que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais
sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

CPC/15:
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade
que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não
mais sujeita a recurso.
Preclusão e coisa julgada
Preclusão: perda do direito de praticar um ato processual

Trata-se de fenômeno interno ao processo, não surtindo efeitos para fora


do processo.

Usualmente se aponta que existem 3 modalidades de preclusão:


- Temporal
- Lógica
- Consumativa
Conforme Luiz Dellore, “proferida a sentença, e não mais sendo possível a interposição de
recurso – quer porque se esgotaram, quer porque ultrapassado o prazo para sua interposição
(ou seja, com o trânsito em julgado da decisão) – surge a denominada coisa julgada formal.

Se a decisão proferida for de mérito, teremos então a coisa julgada material.

Para melhor explanação desse cenário, é possível uma analogia com uma escada:
1º degrau: trânsito em julgado
2º degrau: coisa julgada formal
3º degrau: coisa julgada material.

Os degraus não podem ser saltados e obedecem exatamente a ordem acima exposta.”
Trânsito em julgado: é a impossibilidade de interposição de recurso, seja porque (i) a decisão é
irrecorrível, (ii) esgotaram-se os recursos cabíveis; (iii) não houve interposição do recurso no
prazo legal ou (iv) houve aquiescência da parte.

Coisa julgada formal: é a imutabilidade da sentença, no próprio processo em que foi prolatada
(eficácia endoprocessual), não admitindo mais reforma (atinge qualquer sentença – inclusive as
sentenças terminativas, processuais).

Coisa julgada material: para alguns, esta é a efetiva coisa julgada; é a imutabilidade e
indiscutibilidade da sentença não só no processo em que foi proferida, mas também para
qualquer outro processo (eficácia panprocessual – só atinge as sentenças em que houve
julgamento de mérito).
No caso das decisões definitivas, com o trânsito em julgado, ocorre a formação da coisa
julgada formal e material (os três fenômenos verificam-se ao mesmo tempo)
A decisão de mérito é coberta pela coisa julgada, o que impede a repropositura (art. 502)
Podem ser sentenças ou decisões interlocutórias.

Para Luiz Dellore, do ponto de vista lógico, há inicialmente o trânsito em julgado, para então
ocorrer a coisa julgada formal e, finalmente, a coisa julgada material.
Assim,
(i) Determinada decisão não é impugnada tempestivamente ou já não existem mais recursos
cabíveis. Há o trânsito em julgado de referida decisão (primeiro degrau).
(ii) Se estivermos diante de uma decisão co conteúdo de sentença, teremos a formação da
coisa julgada formal (segundo degrau).
(iii) Por sua vez, se referida decisão for de natureza definitiva, haverá coisa julgada material
(terceiro degrau).
SENTENÇAS QUE NÃO PRODUZEM COISA JULGADA MATERIAL –

• sentenças terminativas- fazem coisa julgada somente formal,


eis que se pode propor outra ação para discutir os mesmos
fatos e fundamentos – art. 486
• sentenças proferidas nos feitos de jurisdição voluntária –
pode-se propor outra ação para discussão dos mesmos fatos e
fundamentos.
• Sentenças referentes a relações continuativas – art. 501, I –
estão sujeitas a modificação no estado de fato ou de direito.
Podem ser revistas.
Extinção do processo sem resolução do mérito e coisa julgada
Pode-se ter coisa julgada sobre decisões que não são de mérito?
• Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação.
• § 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do
art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem
resolução do mérito.
• § 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do
depósito das custas e dos honorários de advogado.
• Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
• § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em
julgado que, embora não seja de mérito, impeça:
• I - nova propositura da demanda; ou
• II - admissibilidade do recurso correspondente.
Sentenças terminativas e coisa julgada
• nos termos do art. art. 486, §1º do CPC, a parte não poderá repropor a
mesma ação sem a prévia correção do vício formal reconhecido, na decisão
terminativa, que tenha os seguintes conteúdos:
• a) indeferimento da petição inicial;
• b) falta dos pressupostos processuais;
• c) ilegitimidade e falta de interesse processual;
• d) acolhimento da alegação da existência de convenção de arbitragem ou
reconhecimento de sua jurisdição pelo juiz arbitral e
• e) litispendência
• Se hipótese do art. 966,§2, a impossibilidade de corrigir o vicio e
repropor a ação leva a possibilidade de propositura da ação
rescisória contra decisão que não é de mérito.
•Limites objetivos
Por limites objetivos da coisa julgada pode-se entender a parte da decisão que é
efetivamente coberta pela coisa julgada.

No CPC/73, apenas o dispositivo da sentença era coberto pela coisa julgada (CPC, art. 469).

Assim, a motivação da sentença não era coberta pela coisa julgada (CPC, art. 469, I).
Tampouco a verdade dos fatos ou a apreciação de questão prejudicial eram cobertas pela
coisa julgada (CPC, art.469, I e II).

Para transformar a questão prejudicial em questão principal – e, com isso, para que tal
decisão também seja coberta pela coisa julgada – a parte deveria ajuizar ação declaratória
incidental (CPC, art. 325 e 470).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA. FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA.
VERDADE DOS FATOS.
1.- A coisa julgada material, qualidade de imutabilidade e de indiscutibilidade que se agrega aos efeitos
da sentença de mérito, atinge apenas a carga declaratória contida no dispositivo do decisum.
2.- Não fazem coisa julgada: "I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte
dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III - a
apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo." (art. 469, do CPC).
3.- O fato de a sentença proferida em determinado processo judicial adotar como verdadeira premissa
fática absolutamente divergente daquela que inspirou a prolação de sentença havida em processo
anterior estabelecido entre as mesmas partes, conquanto incomum, não ofende a autoridade da coisa
julgada.
4.- Recurso Especial improvido.
(REsp 1298342/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe
27/06/2014)
CPC/73:
Art. 469. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva
da sentença;
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

CPC/15
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva
da sentença;
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença .
(i) NCPC, no Senado (PL 166/2010): dispositivo e questão prejudicial são cobertos pela
coisa julgada
(ii) NCPC, Relatório Barradas (PL 8046/2010): só o dispositivo (mantida a declaratória
incidental)
(iii) NCPC, Relatório Paulo Teixeira: dispositivo e questão prejudicial
(iv) NCPC, texto base aprovado pela Câmara em 2013: só o dispositivo
(v) NCPC, destaques aprovados pela Câmara: dispositivo e questão prejudicial
CPC/73:
Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites
da lide e das questões decididas.

CPC/15:
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites
da questão principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa
e incidentalmente no processo, se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de
revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.
Limites objetivos da coisa julgada
• A coisa julgada atinge apenas o dispositivo da sentença= questão principal =
mérito =pedido.
• O objeto litigioso que envolve as alegações trazidas pelo réu, que também
constituem o mérito, não são acobertados pela coisa julgada. As questões
incidentes, resolvidas pelo juiz, também não são acobertadas pela coisa
julgada
• O art. 503 criou controvérsias sobre se a fundamentação faria coisa julgada,
mas o artigo 504, I, veio por um ponto final na discussão: os motivos
somente fazem coisa julgada quando se trata de decisão que constitua
pressuposto lógico da decisão, ou seja, questão prejudicial, a ser apreciada
na qualidade de questão principal.
REQUISITOS PARA FORMAÇÃO DE COISA JULGADA SOBRE QUESTÃO PREJUDICIAL – ART 503
CPC/15

• a) a questão prejudicial deve se referir a relação jurídica e não a fato, salvo falsidade
documental.

• b)a existência de contraditório prévio e efetivo sobre a matéria;

• c) a competência do juízo para apreciação da matéria e em razão da pessoa que será


afetada pela coisa julgada;

• d) a ampla liberdade para produção de provas;

• e) a cognição sobre a questão deve ser exauriente;

• f) a decisão sobre a questão deve ser expressa e fundamentada.


houve ampliação dos limites objetivos da coisa julgada: no CPC/73, apenas
o dispositivo era coberto pela coisa julgada; no CPC/15, o dispositivo e a
questão prejudicial são cobertos pela coisa julgada.

Vantagens: decisão quanto ao tema em uma única oportunidade.


Impossibilidade de novos debates e, assim, celeridade processual.
Não há necessidade de propositura de ação para que a questão prejudicial
fique acobertada pela coisa julgada, o que simplifica o procedimento.

Desvantagens: dúvidas e insegurança quanto ao que é coberto pela coisa


julgada.
Questões que surgem:
1) O juiz pode, de ofício, considerar a questão prejudicial, de forma principaliter e atribuir formação
de coisa julgada ou a parte é que deve requerer?
2) Para a formação de coisa julgada em relação a questão prejudicial, a declaração deve constar do
dispositivo ou bastaria constar da fundamentação?
3) Serão cabíveis embargos de declaração para que o juiz esclareça?
4) Pode a questão prejudicial ser declarada pelo Tribunal, no acordão, pela primeira vez? Há
formação de coisa julgada nesse caso? Há violação do duplo grau de jurisdição?
5) O juiz deve fixar, no saneamento, a discussão sobre a questão prejudicial, assegurando o contraditório
pleno, com produção de provas, sob pena de nulidade da sentença?
6) Se a questão principal for decidida a favor de uma parte, mas a questão prejudicial for contrária,
haverá interesse recursal? Cabe reexae necessário sobre ela, quando a causa envolver a fazenda pública?
7) A questão prejudicial está limitada a declaração de relação jurídica ou pode ser sobre fato?
8) A coisa julgada sobre questão prejudicial atinge terceiros?
9) Cabe ação rescisória?
A respeito de constar a questão prejudicial no dispositivo:

CEAPRO, 8
Na hipótese do art. 503, § 1º do NCPC, deve o julgador enunciar
expressamente no dispositivo quais questões prejudiciais serão
acobertadas pela coisa julgada material, até por conta do disposto no
inciso I do art. 504.
FPPC, 438
É desnecessário que a resolução expressa da questão prejudicial
incidental esteja no dispositivo da decisão para ter aptidão de fazer coisa
julgada.
• Entendimento LUIZ DELLORE:
• “Desde que o tema começou a ser debatido, filio-me à corrente que entende
necessário que a questão prejudicial conste no dispositivo, considerando (i) a
necessidade de segurança a respeito do que foi coberto pela coisa julgada
(inclusive para se avaliar o interesse recursal), (ii) a vedação de decisões
surpresa (pois, caso exista apenas menção ao assunto na fundamentação, as
partes podem se surpreender, no futuro, quanto à existência de coisa julgada),
(iii) o “incidentemente” se refere a não ser questão principal e não poder estar
o tema apreciado em qualquer local da decisão e (iv) porque o art. 504, I afasta
a coisa julgada da motivação – e seria algo consideravelmente subjetivo e
passível de interpretação diversas diferenciar o que seria “mera motivação” ou
“motivação que decide questão prejudicial capaz de ser coberta pela coisa
julgada”. Resta verificar quando e como o STJ pacificará a questão. Até lá, resta
ao profissional muita cautela.”
• http://genjuridico.com.br/2018/04/16/coisa-julgada-no-ncpc-limites-objetivos/
Na I Jornada de Direito Processual do CJF:
ENUNCIADO 35 – Considerando os princípios do
acesso à justiça e da segurança jurídica, persiste o
interesse de agir na propositura de ação declaratória
a respeito da questão prejudicial incidental, a ser
distribuída por dependência da ação preexistente,
inexistindo litispendência entre ambas as demandas
(arts. 329 e 503, § 1º, do CPC).
princípio do deduzido e dedutível:art 508 cpc

Com o trânsito em julgado da sentença de mérito, reputam-se alegadas – e


afastadas – todas as alegações e defesas que as partes poderiam ter oposto e não o
fizeram. Seja em relação à procedência ou à improcedência do pedido.

Assim, se determinada alegação poderia ter sido utilizada por uma das partes, mas
não o foi, não será possível voltar a discuti-la.

Em virtude da eficácia preclusiva da coisa julgada, presume-se que referido


argumento foi utilizado pela parte e afastado pela sentença
essa construção se justifica exatamente para que haja o ponto final na demanda, de
modo a evitar que a discussão seja reaberta.
princípio do deduzido e dedutível
CPC73, art. 474:
Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor
assim ao acolhimento como à rejeição do pedido.

CPC/15, art. 508:


Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão
deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte
poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido..
Sentença Processo nº 1025165-34.2020.8.26.0001 – TJSP – aplicação princípio do deduzido e do dedutível

• Consta nos autos que, depois de passar por cirurgia plástica, a mulher propôs ação na 5ª Vara Cível alegando inadimplemento
contratual, já que o procedimento não teria apresentado os resultados esperados. Depois, a autora entrou com ação na 8ª Vara
Cível, também relacionada a inadimplemento contratual, mas com o argumento de que a clínica e o médico não cumpriram o
dever de prestar informações adequadas sobre a cirurgia.

• “Competia à autora descrever todos os fatos que, ao seu ver, implicavam o inadimplemento contratual dos réus, não lhe
sendo lícito fazê-lo à prestação, ora em uma ação, ora em outra”

“A não obtenção do consentimento informado era conhecida da autora desde quando ajuizou a primeira ação e devia ter sido
por ela alegada já naquela ação, visto que constitutivo de um dos fatos geradores do inadimplemento contratual imputado aos
réus. Como a causa de pedir da ação anterior também era constituída pelo inadimplemento contratual dos réus, todos os fatos
que, de uma forma ou de outra, implicassem esse inadimplemento ou o defeito na prestação do serviço, deviam ter sido
alegados pela autora, sob pena de preclusão”.
Limites subjetivos da coisa julgada
CPC73: somente as partes são atingidas pela coisa julgada:

Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de
pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos
os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.
Luiz Dellore faz importante distinção prática e teórica a respeito dos limites
subjetivos da coisa julgada e os efeitos da sentença.
http://genjuridico.com.br/2018/07/10/quem-atingido-coisa-julgada-ncpc/
diz ele:
Apesar da coisa julgada só atingir as partes que litigaram no processo (limites
subjetivos), os efeitos da sentença a todos atingem.
Divórcio – coisa julgada entre ex-mulher e ex-marido. Mas os efeitos da sentença
atingem a todos.
Da mesma forma, numa locação, a coisa julgada de uma ação de despejo a todos
atinge? Só às partes, mas os efeitos da sentença de despejo, atingem terceiros, como
o sublocatário.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXTENSÃO DOS EFEITOS DE SENTENÇA TRANSITADA EM
JULGADA QUE RECONHECE RELAÇÃO DE PARENTESCO.
Os efeitos da sentença transitada em julgado que reconhece o vínculo de parentesco entre filho e pai em
ação de investigação de paternidade alcançam o avô, ainda que este não tenha participado da relação
jurídica processual. Os efeitos da sentença, que não se confundem com a coisa julgada e seus limites
subjetivos, irradiam-se com eficácia erga omnes, atingindo mesmo aqueles que não figuraram como parte
na relação jurídica processual. (...) Em tais condições, portanto, a coisa julgada formada na ação de
investigação de paternidade ajuizada pelo filho em face do pai não atinge o avô, na medida em que
proposta exclusivamente contra seu filho. No entanto, são institutos diversos a coisa julgada - que se sujeita
aos limites subjetivos estabelecidos pelo art. 472 do CPC/1973 - e os efeitos da sentença (estes definidos
por doutrina como "as alterações que a sentença produz sobre as relações existentes fora do processo").
Traçado assim o marco distintivo entre eles, pode-se afirmar com certeza científica que os efeitos da
sentença não encontram a mesma limitação subjetiva que o art. 472 do CPC/1973 destina ao instituto da
coisa julgada, de maneira que também podem atingir, direta ou indiretamente, terceiros que não
participaram da relação jurídica processual. (...) REsp 1.331.815-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 16/6/2016, DJe 1/8/2016.
Projeto CPC Senado (PL 166), art. 493.
A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros.

CPC/15 , art. 506.


A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
dada, não prejudicando terceiros.
Foi adequada a exclusão da parte “Nas causas relativas ao
estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em
litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença
produz coisa julgada em relação a terceiros”.

Conforme Luiz Dellore, a confusão entre coisa julgada e


efeitos foi superada no CPC/15.
qual a interpretação para a norma no tocante ao limite subjetivo? A coisa julgada
deve beneficiar terceiros?
Teorias:
(i) Processo coletivo
(ii) Causas que envolvam terceiros ligados à lide / litisconsorte
unitário(condomínio, sócios) – Caso do art. 109 cpc
(iii) Obrigações solidárias - Marcos Cavalcanti
(iv) Nenhuma alteração – Luiz Dellore
(v) Extensível a terceiros que estão em situação análoga -Marinoni
Ex acidente envolvendo vários veiculos por culpa do réu.
http://estadodedireito.com.br/eficacia/ e
http://estadodedireito.com.br/a-eficacia-expandida-da-coisa-julgada-individual-part
e2/
- Marcos Destefenni
Eficácia expandida da coisa julgada – teoria de Marcos Destefenni
• duas técnicas para a tutela dos direitos que nascem de situações fáticas repetitivas:
• A) técnica representativa - por meio da qual pode ser proposta uma ação coletiva
por um ente legitimado em lei, que não é titular do direito material discutido em
juízo. Haverá, no caso de procedência da demanda coletiva, formação da coisa
julgada de efeito erga omnes. Nesse caso, qualquer pessoa pode se valer da
sentença coletiva para pleitear a liquidação de danos que sofreu individualmente.
Ex: A ação coletiva para a tutela de direitos individuais homogêneos, prevista no
Código de Defesa do Consumidor, nos arts. 91 e seguintes,
• B) técnica não-representativa, por sua vez, utiliza-se de demanda proposta pelo
titular do direito material que é representativa da controvérsia instaurada em
inúmeras outras demandas (repetitivas). Esta técnica se vale de uma decisão que
tem caráter vinculante, isto é, torna-se obrigatória para os órgãos do Poder
Judiciário.
• Ex – IRDR, recursos especial e extraordinários repetitivos
Eficácia expandida da coisa julgada

• O CPC/2015 abre as portas para a interpretação que admite a possibilidade


de eficácia expandida da coisa julgada individual
• Transitada em julgado a sentença que reconhece o direito à prestação
jurisdicional acerca de direito social fundamental, poderia o juiz, com
fundamento no princípio da isonomia (o mesmo que embasa a eficácia
vinculante dos precedentes), advertir a Administração Pública sobre a
necessidade de estender a prestação estabelecida em sentença individual a
todas as outras pessoas em igual situação daquela do beneficiário direto da
decisão.
Eficácia expandida da coisa julgada

• em julgamento monocrático de Recurso Especial (n. 1.378.094), o Ministro do STJ,


BENEDITO GONÇALVES (31/03/2014), consignou:
• “Tendo em vista a natureza do direito, não só as partes participantes da relação processual da
ação coletiva poderão ser beneficiadas com o título judicial, como também outras que, em que
pese não terem participado da relação processual, são igualmente titulares do mesmo direito
que fora reconhecido. Estes, assim, podem pedir, individualmente, o cumprimento da sentença
(…)”.
• Reconheceu-se, pois, o direito de terceiros executarem o título judicial, desde que comprovem
a condição e a necessidade do medicamente pleiteado individualmente pelo Ministério
Público. Acrescentou o Ministro:
• “Se há provável chance desse mesmo direito ser pleiteado por outros cidadãos, não
recomenda-se que, em outros diversos processos, haja a movimentação da máquina
judiciária para reconhecer e deferir direito que já fora assegurado”.
IRDR – art. 985, §2 cpc/15
• no art. 985, § 2º, do CPC/2015, referente aos efeitos do julgamento proferido
no incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) há permissão para
que seja proferido julgamento acerca de tese jurídica, para que ela seja
aplicada: I – a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre
idêntica questão de direito; II – aos casos futuros que versem idêntica
questão de direito. De acordo com o disposto no art. 985, § 2º, do CPC/2015:
• “Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço
concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será
comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para
fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação,
da tese adotada”.
Na I Jornada de Direito Processual do CJF:

ENUNCIADO 36 – O disposto no art. 506 do CPC não


permite que se incluam, dentre os beneficiados pela
coisa julgada, litigantes de outras demandas em que
se discuta a mesma tese jurídica.
•Forma de impugnar a coisa julgada
Há casos em que, apesar da formação da coisa julgada, o próprio sistema
processual admite a rediscussão do que restou decidido.

O meio processual típico para isso é a ação rescisória, cuja finalidade é


desconstituir a coisa julgada. Tal ação, de competência originária dos
tribunais, é cabível apenas em algumas hipóteses específicas, numerus
clausus, previstas na legislação (NCPC, art. 966), por um prazo de dois
anos do trânsito (NCPC, art. 975).

A ação rescisória não existe com o intuito de afrontar ou enfraquecer a


coisa julgada, mas exatamente o contrário, visto que a finalidade é
possibilitar a rescisão apenas acaso verificada determinadas situações
previamente eleitas pelo legislador.
AÇÃO RESCISÓRIA
CONCEITO:

É a ação que objetiva a desconstituição de decisão de


mérito transitada em julgado, com eventual
reexame, a seguir, de matéria nela julgada.

NATUREZA JURÍDICA:

ação autônoma de impugnação


AÇÃO RESCISÓRIA
CABIMENTO: art 966
decisão de mérito é gênero de que são espécies as sentenças,
decisões interlocutórias, acórdãos ou decisões monocráticas.
Ex. decisão que põe fim a liquidação de sentença
Eventualmente cabe contra decisões que não são de mérito, quando
impeçam:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente
Ação rescisória : cabimento
OBJETO:
decisões de mérito, que sejam:
nulas – vícios intrínsecos: qto à extensão (ultra, citra e extra petita) e qto à
fundamentação (falta relatório, fundamentação ou decisório); vícios extrínsecos:
processo nulo (vícios processuais como cerceamento do direito de defesa ou falta de
PP e CA)
rescindíveis – não viciadas, mas com documento novo
inexistentes – cabimento duvidoso
Ação rescisória

Pressuposto – decisão transitada em julgado, em regra

Em regra, não cabe de decisão que ainda pende algum recurso ou de extinção sem
julgamento de mérito
Ação rescisória
Enunciado 338 FPPC. (art. 966, caput e §3º, 503, §1º) Cabe ação rescisória para desconstituir a coisa
julgada formada sobre a resolução expressa da questão prejudicial incidental. (Grupo Sentença, Coisa
Julgada e Ação Rescisória)

Enunciado 336 FPPC. (art. 966) Cabe ação rescisória contra decisão interlocutória de mérito. (Grupo
Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória)

Enunciado 203 FPPC. (art. 966) Não se admite ação rescisória de sentença arbitral. (Grupo:
Arbitragem)

Enunciado 535 FPPC. (art. 548, inc. III) Cabe ação rescisória contra a decisão prevista no inciso III do
art. 548. (Grupo: Sentença, coisa julgada e ação rescisória)
Ação rescisória
Não cabe contra decisão referente à tutela antecipada antecedente estabilizada, por
vedação expressa, no sentido de que não há coisa julgada.
Art. 304 §6

Enunciado 33 FPPC. (art. 304, §§) Não cabe ação rescisória nos casos estabilização
da tutela antecipada de urgência29. (Grupo: Tutela Antecipada)
Ação rescisória-hipóteses art. 966
I-Prevaricação – retardar ou deixar de praticar ato de ofício ou praticá-lo
contra disposição legal para satisfazer interesse pessoal
Concussão – exigir para si ou para outrem, ainda que fora da função ou
antes dela, vantagem indevida.
Corrupção – pedir ou receber vantagem indevida em virtude da função
II – impedimento do juiz (art. 134 CPC) e incompetência absoluta do
juízo
III- dolo ou coação da parte vencedora ou simulação ou colusão entre as
partes
Ação rescisória-hipóteses art.966
IV- ofensa à coisa julgada
V- violar manifestamente norma jurídica – não pode existir discussão doutrinária ou jurisprudencial a
respeito.
Não precisa violar literalidade da norma
Norma tem o sentido amplo e engloba tanto princípios como regras , bem como lei material como
processual, inclusive falta de PP e CA
VI- prova falsa apurada tanto em processo criminal como na própria rescisória. (deve ser relevante
para o resultado)
VII – prova nova posterior ao trânsito em julgado – caso de sentença meramente rescindível, pois não
é viciada.
Enunciado 602 FPPC. (arts. 966, VII; 381, III) A prova nova apta a embasar ação rescisória pode ser
produzida ou documentada por meio do procedimento de produção antecipada de provas.
Ação rescisória-hipóteses art.966
IV- ofensa à coisa julgada
V- violar manifestamente norma jurídica – não pode existir discussão doutrinária ou jurisprudencial a
respeito.
Não precisa violar literalidade da norma
Norma tem o sentido amplo e engloba tanto princípios como regras , bem como lei material como
processual, inclusive falta de PP e CA
VI- prova falsa apurada tanto em processo criminal como na própria rescisória. (deve ser relevante
para o resultado)
VII – prova nova posterior ao trânsito em julgado – caso de sentença meramente rescindível, pois não
é viciada.
Enunciado 602 FPPC. (arts. 966, VII; 381, III) A prova nova apta a embasar ação rescisória pode ser
produzida ou documentada por meio do procedimento de produção antecipada de provas.
Ação rescisória-hipóteses art.966
IV- ofensa à coisa julgada
EAREsp 600.811
A Corte Especial do STJ concluiu o julgamento sobre conflito entre duas coisas julgadas: prevalece a última que se formou,
desde que não desconstituída por ação rescisória.
Por maioria de votos - em placar decidido pelo voto da presidência, diante do empate - prevaleceu o entendimento do relator,
ministro Og Fernandes, que citou diversos precedentes no sentido da prevalência da segunda decisão, posição reiterada na 2ª
turma e acompanhada, em sua maioria, pelos demais órgãos fracionários.
O ministro observou que se deve privilegiar a coisa julgada que por último se formou - enquanto não desconstituída por ação
rescisória -, "eis que, sendo posterior, tem o condão de suspender os efeitos da primeira decisão"."Demais disso, não se pode
olvidar a lição de Pontes de Miranda, no sentido de que, após a rescindibilidade da segunda sentença, "vale a segunda, e não a
primeira, salvo se a primeira já se executou, ou começou de executar-se"
Quando proferiu seu voto, o ministro Raul explicou que "o sistema oferece diversas oportunidades para a parte evitar a
consolidação ou formação da coisa julgada e, tendo sido negligenciado ou superado as várias oportunidades e ferramentas que
o sistema oferece em defesa da primeira coisa julgada, uma segunda coisa julgada se forma e passa a ser a única a existir".
https://www.migalhas.com.br/quentes/316465/em-conflito-entre-duas-sentencas-prevalece-a-que-por-ultimo-transitou-em-
julgado
Ação rescisória-hipóteses art.966
V- violar manifestamente norma jurídica – não pode existir discussão doutrinária ou jurisprudencial a
respeito.
Não precisa violar literalidade da norma
Norma tem o sentido amplo e engloba tanto princípios como regras , bem como lei material como
processual, inclusive falta de PP e CA
VI- prova falsa apurada tanto em processo criminal como na própria rescisória. (deve ser relevante
para o resultado)
VII – prova nova posterior ao trânsito em julgado – caso de sentença meramente rescindível, pois não
é viciada.
Enunciado 602 FPPC. (arts. 966, VII; 381, III) A prova nova apta a embasar ação rescisória pode ser
produzida ou documentada por meio do procedimento de produção antecipada de provas.
Ação rescisória – hipóteses de cabimento art 966
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos
autos.

§ 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir


fato inexistente ou quando considerar inexistente fato
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos,
que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o
juiz deveria ter se pronunciado.
Ação rescisória – hipóteses de cabimento art 966
VIII - erro de fato verificável do exame dos autos.
Requisitos:
a) Decisão estar fundada no erro de fato
b) Não ter havido controvérsia entre as partes
c) Não ter havido pronunciamento judicial
d) Aferível pelo exame das provas já constantes dos autos
Ação rescisória – hipóteses de cabimento art 966
VIII - erro de fato verificável do exame dos autos.
Ementa STJ:
“ o erro de fato supõe fato suscitado e não resolvido, porque o fato não
alegado fica superado pela eficácia preclusiva do julgado – tantum
iudicatum quantum disputatum debeat ...Em consequencia, o erro que justifica
a rescisó ria é aquele decorrente da desatenção do julgador quanto à
prova , não o decorrente do acerto ou desacerto do julgado em
decorrência da apreciação dela porquanto a má valoração da prova
encerra injustiça, irreparável pela via rescisória (RESp 839.499/MT, Rel.
min. Luiz Fux, 1ª. Turma, j. 28/08/2007, DJ 20/09/2007, p. 234)
Ação rescisória – hipóteses art 966
§ 3o A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.

Podem ser interligados ou interdependentes (ex investigação de paternidade e


alimentos ou ainda rescisão de contrato e perdas e danos daí decorrentes )
Podem ser autônomos (dano moral e dano material)
Ação rescisória – prazo – art 975
Termo inicial – variável, possível desde o trânsito em julgado da primeira decisão
Termo final: Prazo decadencial de dois anos, contados do trânsito em julgado da última
decisão rescindenda proferida no processo
Súmula 401 do STJ- o prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for
cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.
No caso de Julgamento antecipado parcial de mérito, há controvérsia sobre o inicio do
prazo, sendo que para alguns, como Marcos Araujo Cavalcanti, deve-se considerar o trânsito
em julgado de forma independente. O prazo se inicia do último pronunciamento judicial,
daquela questão decidida, não havendo que se esperar a decisão de outras questões decididas
posteriormente.
Ação rescisória – prazo – art 975
§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será
a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco)
anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a


contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não
interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação
ou da colusão.
Ação rescisória – prazo – art 975
Ainda que seja prazo de decadência o § 1o determina:

Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente


subsequente o prazo a que se refere o caput, quando
expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou
em dia em que não houver expediente forense.
Ação rescisória – prazo – art 975
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. TERMO INICIAL DO
PRAZO DE DOIS ANOS. RECURSO CONSIDERADO INEXISTENTE.
TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO QUE APRECIOU O ÚLTIMO
RECURSO INTERPOSTO. SÚMULA 401/STJ. PRAZO DECADENCIAL.
TÉRMINO EM DIA NÃO-ÚTIL. PRORROGAÇÃO. PRIMEIRO DIA
ÚTIL SEGUINTE. PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL.AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (STJ - AgRg no REsp:
1231666 BA 2011/0012811-8, Relator: Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, Data de Julgamento: 17/04/2012, T1 - PRIMEIRA TURMA,
Data de Publicação: DJe 24/04/2012
Ação rescisória e relativização da coisa julgada
A expressão “relativização da coisa julgada” possivelmente foi inicialmente utilizada por
DINAMARCO.
Deve-se essa nomenclatura ao autor português PAULO OTERO (Ensaio sobre o caso julgado
inconstitucional. Lisboa: Lex, 1993).

A teoria ganhou força com os casos de exame de DNA nas investigações de paternidade.
Assim, a tese da relativização da coisa julgada ganhou contornos de vanguarda com muitos
seus adeptos, entre eles: DINAMARCO, HUMBERTO THEODORO JUNIOR, JULIANA CORDEIRO
DE FARIA, JOSÉ DELGADO e CARLOS VALDER DO NASCIMENTO, THEREZA ARRUDA ALVIM e
JOSÉ MIGUEL GARCIA MEDINA, EDUARDO TALAMINI, MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES.
Contudo, outras vozes se levantaram contra tal teoria. É o caso, por exemplo, de BOTELHO DE
MESQUITA, BARBOSA MOREIRA e NELSON NERY JUNIOR. NERY
• Relativização da coisa julgada
Pode-se falar que a relativização da coisa julgada é um gênero, do qual a
coisa julgada inconstitucional é espécie.

Para os defensores desta corrente doutrinária, em algumas hipóteses


excepcionais, em que há verdadeira repugnância caso a decisão
permaneça no mundo jurídico (na qual estão em jogo conceitos como
moralidade e dignidade e outros princípios constitucionalmente
garantidos), é de se admitir a revisão de tais julgados “repugnantes”,
mesmo que presente a coisa julgada e superado o lapso temporal para a
utilização da rescisória.
• Relativização da coisa julgada
Como hipóteses mais relevantes apontadas pela doutrina podemos citar:

(i) a sentença que fixou, contra o Estado, indenização indevida ou em


valor exorbitante;

(ii) a sentença que apreciou a questão da investigação de paternidade sem


que se fizesse uso de exame de DNA.
JOSÉ AUGUSTO DELGADO lista, em caráter exemplificativo, mais de trinta
sentenças passíveis de relativização que incluem “sentenças injustas,
ofensivas aos princípios da legalidade e da moralidade e atentatórias à
Constituição” até julgados fundados em vícios processuais (v. g., que
reconhece preclusão quando tal fenômeno inexiste).
Relativização da coisa julgada
• No entanto, há pelo menos duas previsões no novo cpc que enfraquecem a
teoria da relativização – ideia de valorização da segurança jurídica e
previsibilidade das relações:

• 1)AÇÃO RESCISÓRIA FUNDADA EM PROVA NOVA


– art 966, VII

• 2) IMPUGNAÇÃO NO TÍTULO EXECUTIVO


FUNDADO EM LEI INCONSTITUCIONAL – art
525, § 1º., III, §§12, 13, 14
O dispositivo se refere à possibilidade de interposição de impugnação
quando a sentença exeqüenda é fundada em diploma legal
posteriormente declarado inconstitucional pelo STF, quando ainda não
houve o transito em julgado

Após o trânsito em julgado, a forma adequada para a rescisão de sentença


fundada em diploma declarado inconstitucional, pelo STF, em sistema
concentrado ou difuso, seria a ação rescisória.
O PROBLEMA DA RESCISÓRIA E DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL

• Confira-se:
• Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento
voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios
autos, sua impugnação.
• § 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
• ... III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
Coisa julgada baseada em lei inconstitucional
• Art 525
• § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1 o deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei
ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

• § 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no
tempo, em atenção à segurança jurídica.

• § 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em
julgado da decisão exequenda.

• § 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão


exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Coisa julgada baseada em lei inconstitucional
• inexigibilidade do título fundado em lei ou ato normativo
considerados inconstitucionais pelo STF ou fundado em aplicação
ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo STF como
incompatíveis com a CF, por controle concentrado o difuso
• controle concentrado (abstrato – efeito erga omnes)
• controle difuso (concreto – efeito inter partes)
• A norma acaba com a polêmica de saber se qualquer decisão, proferida
em qualquer processo julgado pelo STF ensejaria impugnação, pelo
executado.
• Prevaleceu o entendimento de que qualquer decisão, seja proferida em
ADIN ou em ação individual (RE), que declare inconstitucional uma
norma, permitiria a alegação de tal inconstitucionalidade, na impugnação.
pROCEDIMENTO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – art 525 IMPUGNAÇÃO
• §12- inexigibilidade do título fundado em lei ou ato normativo
considerados inconstitucionais pelo STF ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo STF como
incompatíveis com a CF, por controle concentrado o difuso

• § 14 – para alegar em impugnação a decisão do STF tem que ser


anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.

• §15 – se for proferida após o trânsito em julgado, cabe ação rescisória.


PROCEDIMENTO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – art 525 IMPUGNAÇÃO

• §15 – se for proferida após o trânsito em julgado, cabe ação


rescisória.

• Nesse caso, o prazo será contado da data da decisão proferida


no STF

• Polêmica : alguns doutrinadores entendem que deveria haver


um limite de prazo, por exemplo até 2 anos após a decisão
exequenda ou por analogia à hipótese da prova falsa, poderia
ser de 5 anos.
• No entanto, essa não parece ser a vontade do legislador
Ação rescisória e relativização da coisa julgada
STF:
Deve ser relativizada a coisa julgada estabelecida em ações de investigação de
paternidade em que não foi possível determinar-se a efetiva existência de vínculo
genético a unir as partes, em decorrência da não realização do exame de DNA, meio de
prova que pode fornecer segurança quase absoluta quanto à existência de tal vínculo.
(…) (RE 363889, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
02/06/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-238
DIVULG 15-12-2011 PUBLIC 16-12-2011 RTJ VOL-00223-01 PP-00420)
A diferença com o novo CPC é que há a necessidade de propositura de ação rescisória,
havendo um limite de 5 anos, contados da descoberta da prova nova.
Enunciado FPPC
58. (Art. 525, §§ 12 e 13; Art. 535, §§ 5º e 6º) As
decisões de inconstitucionalidade a que se referem
os art. 525, §§ 12 e 13 e art. 535 §§ 5º e 6º devem
ser proferidas pelo plenário do STF. (Grupo:
Sentença, Coisa Julgada e Ação Rescisória)
Conforme Luiz Dellore, coluna Jota:

O NCPC aponta como único método possível para desconstituir a coisa julgada a
ação rescisória – e modifica o seu termo inicial, sendo que em uma situação, o
prazo máximo de 5 anos; em outra, não há prazo máximo.

Assim, não há mais a possibilidade de relativização em 1º grau de jurisdição,


com nova propositura de demanda, simplesmente desconsiderando a coisa
julgada.

Em comparação ao que se verifica hoje na jurisprudência formada à luz do


CPC/1973, um excelente avanço em prol da observância do instituto da coisa
julgada.
• Coisa julgada inconstitucional: como combatê-la?
Por sua vez, partindo da premissa de que determinada decisão viola a Constituição, o que deve ser feito?

De início, certo que podem ser utilizados todos os recursos cabíveis, exatamente para evitar a formação da
coisa julgada.

Assim, se determinada sentença violar a Constituição, poderá ser atacada por apelação ou,
posteriormente, quando da prolação de acórdão, por recurso extraordinário.

Ou, após o trânsito em julgado, referida decisão pode também ser atacada via ação rescisória.

A inconstitucionalidade nada mais é que uma ilegalidade; seguramente, a mais grave delas. Assim, diante
de uma decisão inconstitucional, cabem os recursos previstos em lei, ou, após o trânsito em julgado, cabe
ainda ação rescisória com base no art. 966, V, CPC/15
• Admitida a relativização da coisa julgada, formas de impugnar a coisa julgada
inconstitucional

Para os que admitem a tese da relativização da coisa julgada, existem diversas formas de
impugná-la. Referimo-nos aqui, especificamente, à forma de impugnação da coisa julgada
inconstitucional:

(i) ação rescisória, mesmo após o prazo decadencial de dois anos

(ii) embargos à execução / impugnação ou exceção de pré-executividade

(iii) ação declaratória de inexistência de coisa julgada (querella nulitatis)

(iv) simples petição nos autos.


• NCPC prevê algo quanto à relativização?

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo
máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

Art. 966, VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso,
capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

http://jota.info/o-fim-da-relativizacao-da-coisa-julgada
-no-novo-cpc
Art. 525. (...) § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, (...) em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.

§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados no
tempo, em atenção à segurança jurídica.

§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado
da decisão exequenda.

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda,
caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal.
PROCESSUAL CIVIL. TUTELA ANTECIPADA. EFEITOS. COISA JULGADA.
1. Efeitos da tutela antecipada concedidos para que sejam suspensos pagamentos de parcelas acordados em
cumprimento a precatório expedido.
2. Alegação, em sede de Ação Declaratória de Nulidade, de que a área reconhecida como desapropriada,
por via de Ação Desapropriatória Indireta, pertence ao vencido, não obstante sentença trânsito em julgado.
3. Efeitos de tutela antecipada que devem permanecer até solução definitiva da controvérsia.
4. Conceituação dos efeitos da coisa julgada em face dos princípios da moralidade pública e da
segurança jurídica.
5. Direitos da cidadania em face da responsabilidade financeira estatal que devem ser asseguradas.
6. Inexistência de qualquer pronunciamento prévio sobre o mérito da demanda e da sua possibilidade
jurídica.
7. Posição que visa, unicamente, valorizar, em benefício da estrutura social e estatal, os direitos das partes
litigantes.
8. Recurso provido para garantir os efeitos da tutela antecipada, nos moldes e nos limites concedidos em
primeiro grau.

(RESP 240712/SP ; Rel. Min. JOSÉ DELGADO, Data da Decisão 15/02/2000


Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA)
PROCESSO CIVIL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. REPETIÇÃO DE AÇÃO ANTERIORMENTE
AJUIZADA, QUE TEVE SEU PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE POR FALTA DE PROVAS. COISA
JULGADA. MITIGAÇÃO. DOUTRINA. PRECEDENTES. DIREITO DE FAMÍLIA. EVOLUÇÃO. RECURSO
ACOLHIDO.
I - Não excluída expressamente a paternidade do investigado na primitiva ação de investigação
de paternidade, diante da precariedade da prova e da ausência de indícios suficientes a
caracterizar tanto a paternidade como a sua negativa, e considerando que, quando do
ajuizamento da primeira ação, o exame pelo DNA ainda não era disponível e nem havia
notoriedade a seu respeito, admite-se o ajuizamento de ação investigatória, ainda que tenha
sido aforada uma anterior com sentença julgando improcedente o pedido.
II - Nos termos da orientação da Turma, "sempre recomendável a realização de perícia para
investigação genética (HLA e DNA), porque permite ao julgador um juízo de fortíssima
probabilidade, senão de certeza" na composição do conflito. Ademais, o progresso da ciência
jurídica, em matéria de prova, está na substituição da verdade ficta pela verdade real.
III - A coisa julgada, em se tratando de ações de estado, como no caso de
investigação de paternidade, deve ser interpretada modus in rebus. Nas palavras de
respeitável e avançada doutrina, quando estudiosos hoje se aprofundam no reestudo
do instituto, na busca sobretudo da realização do processo justo, "a coisa julgada
existe como criação necessária à segurança prática das relações jurídicas e as
dificuldades que se opõem à sua ruptura se explicam pela mesmíssima razão. Não se
pode olvidar, todavia, que numa sociedade de homens livres, a Justiça tem de estar
acima da segurança, porque sem Justiça não há liberdade".
IV - Este Tribunal tem buscado, em sua jurisprudência, firmar posições que atendam
aos fins sociais do processo e às exigências do bem comum.

(RESP 226436/PR ; Relator(a) Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data da Decisão


28/06/2001, Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA)
Relativização da coisa julgada
Quinta-feira, 02 de junho de 2011
No Recurso Extraordinário (RE) 363889, prevaleceu o voto do relator, ministro José Antonio Dias
Toffoli. Segundo ele, o trânsito em julgado (decisão definitiva de que, em tese, não cabe
recurso, também chamada “coisa julgada”) do processo de investigação de paternidade
ocorreu de modo irregular. Isso porque era dever do Estado custear o exame de DNA. Como não
o fez, inviabilizou o exercício de um direito fundamental, que é o direito de uma pessoa
conhecer suas origens. Assim, a coisa julgada não pode prevalecer sobre esse direito.
Para o relator, a questão envolve “pura e simplesmente reconhecer que houve evolução nos
meios de prova” e que a defesa do acesso à informação sobre a paternidade deve ser
protegida, pois se insere no conceito de direito da personalidade. O ministro Dias Toffoli
afastou o princípio constitucional da dignidade humana para admitir a reabertura da ação,
considerando ser desnecessário no caso. Ele apontou o risco de banalização desse conceito,
com o uso indiscriminado em decisões judiciais.
De acordo com o ministro, a Justiça deve privilegiar “o direito indispensável à busca da
verdade real, no contexto de se conferir preeminência ao direito geral da personalidade”.
O ministro Luiz Fux acompanhou o voto do relator, pelo direito do jovem de
pleitear novamente a realização de exame de DNA. Para isso, ele aplicou a
técnica da ponderação de direitos, cotejando princípios constitucionais
antagônicos, como os da intangibilidade da coisa julgada e, por outro lado,
o da dignidade da pessoa humana, no caso presente, envolvendo o direito
do jovem de saber quem é seu pai. Ele optou pela precedência deste último
princípio, observando que ele é núcleo central da Constituição Federal (CF)
de 1988.
Também acompanharam o voto condutor do relator, ministro Dias Toffoli, a
ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha e os ministros Ricardo Lewandowski,
Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes e Ayres Britto.

(continua)
O ministro Marco Aurélio e o presidente da Suprema Corte, ministro Cezar Peluso,
votaram pelo desprovimento do recurso. “Há mais coragem em ser justo parecendo
injusto, do que em ser injusto para salvaguardar as aparências de justiça”, disse o
ministro Marco Aurélio, ao abrir a divergência. Segundo ele, “o efeito prático desta
decisão (de hoje) será nenhum, porque o demandado (suposto pai) não pode ser
obrigado a fazer o exame de DNA”. Isso porque, segundo ele, a negativa de realizar
o exame não levará à presunção absoluta de que é verdadeiramente o pai.
Último a votar, também para desprover o recurso, o ministro Cezar Peluso disse que
se sente à vontade ao contrariar a maioria porque foi por oito anos juiz de direito de
família e atuou pelo dobro do tempo na Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).
Entretanto, observou, neste caso “está em jogo um dos fundamentos da convivência
civilizada e da vida digna”. Ao lembrar que se colocou a coisa julgada em confronto
com outros princípios constitucionais, aos quais a maioria deu precedência, ele disse
que “a coisa julgada é o princípio da certeza, a própria ética do direito”.
“O direito não está na verdade, mas na segurança”, disse ele, citando um jurista
italiano. “Ninguém consegue viver sem segurança”, afirmou.
“Incontáveis ações envolvem direitos fundamentais, que obedecem princípios
consagrados na Constituição”, afirmou o ministro, lembrando que, mesmo assim,
não se vem propondo a desconstituição das decisões nelas proferidas. Cezar
Peluso lembrou que o autor do Recurso Extraordinário julgado hoje propôs várias
ações e, nelas apresentou testemunhas, assim como o fez a parte contrária. E, em
várias delas, desistiu. “Não lhe foi negado o direito de produzir provas. Elas, por si
só, poderiam levar o juiz a decidir”, afirmou.
Segundo o ministro, o suposto pai do autor do RE também tem direito à dignidade da
pessoa humana. E esse benefício não lhe está sendo concedido, já que vem sendo
perseguido há 29 anos por ações de investigação de paternidade, que podem ter
repercussão profunda em sua vida privada.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• Convencionais – acertados com o cliente mediante contrato
• Fixados por arbitramento judicial - na falta de estipulação ou acordo, se surgir
conflito sobre o valor a ser pago, deve-se propor ação de arbitramento de honorários.
•Sucumbência – pagos pelo vencido em ação judicial e fixados pelo juiz – art 85 CPC –
devidos na fase de conhecimento, reconvenção, cumprimento de sentença provisório e
definitivo, na execução resistida ou não e recurso interpostos cumulativamente.
§13 do art 85 – os honorários fixados nos embargos à execução improcedentes são
acrescidos no valor executado.
Honorários advocatícios
• Como afirma Tucci, “a relação entre advogado e cliente gera,
no mais das vezes, honorários contratuais, convencionados na
esfera da autonomia privada das partes da relação de
confiança, enquanto que, no âmbito do processo judicial,
emerge outra remuneração, atinente aos honorários de
sucumbência. Ambas as espécies de honorários, convencionais
(ou fixados por arbitramento) e de sucumbência são
cumulativos e pertencem ao advogado, como forma de
remunerá-lo pelo seu serviço indispensável à administração da
Justiça.”
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• Art 85 §14
• “ constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo
vedada a compensação em caso de sucumbência.
• O que isso significa?
• Há prerrogativas e privilégios na execução?
• - cabe pedir prisão pelo não pagamento?
• - as regras de impenhorabilidade cedem?
• Pode levantar de imediato?
PRISÃO POR DÍVIDA ALIMENTAR
• Cabe para todos os tipos de obrigação alimentar?
• ENTENDEM QUE SIM:
• CASSIO SCARPINELLA BUENO
• FERNANDA TARTUCE
• LUIZ DELLORE
• ENTENDEM QUE NÃO:
• TERESA ARRUDA ALVIM, ROGÉRIO LICASTRO,
LEONARDO FERRES DA SILVA RIBEIRO
PRISÃO POR DÍVIDA ALIMENTAR
• somente os alimentos oriundos do direito de
família autorizam a prisão civil, conforme
determinam tanto o Pacto de São José da
Costa Rica e o art. 5º da Carta Magna
PRISÃO POR DÍVIDA ALIMENTAR
• STJ - HABEAS CORPUS HC 385418 MG 2017/0006960-3
(STJ)
• Data de publicação: 26/05/2017
• Decisão: , verbas estranhas à pensão alimentícia objeto de
cobrança, como as custas processuais....
PENSÃO ALIMENTÍCIA. EXECUÇÃO. INCLUSÃO DE
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VALOR CONSTANTE
NO MANDADO PRISIONAL... ilegalidade. As ilegalidades
apontadas no writ são inclusão de honorários advocatícios no
valor...
REsp 1.815.055/SP
• Voto da Ministra Nancy Andrighi:“
• 4. Os termos 'prestação alimentícia', 'prestação de alimentos' e
'pensão alimentícia' são utilizados como sinônimos pelo legislador
em momentos históricos e diplomas diversos do ordenamento
jurídico pátrio, sendo que, inicialmente, estavam estritamente
relacionados aos alimentos familiares, e, a partir do CC/16,
passaram a ser utilizados para fazer referência aos alimentos
indenizatórios e aos voluntários.
• 5. O termo 'natureza alimentar', por sua vez, é derivado de 'natureza
alimentícia', o qual foi introduzido no ordenamento jurídico pela
Constituição de 1988, posteriormente conceituado pela EC 30/00,
constando o salário como um dos exemplos.
REsp 1.815.055/SP
• Voto da Ministra Nancy Andrighi:“
• 6. Atento à importância das verbas remuneratórias, o constituinte
equiparou tal crédito ao alimentício, atribuindo-lhe natureza
alimentar, com o fim de conceder um benefício específico em sua
execução, qual seja, a preferência no pagamento de precatórios,
nos termos do art. 100, § 1º, da CRFB.
• 7. As verbas remuneratórias, ainda que sejam destinadas à
subsistência do credor, não são equivalentes aos alimentos de
que trata o CC/02, isto é, àqueles oriundos de relações
familiares ou de responsabilidade civil, fixados por sentença ou
título executivo extrajudicial.
REsp 1.815.055/SP
• Voto da Ministra Nancy Andrighi:“
• 8. Uma verba tem natureza alimentar quando destinada à subsistência do
credor e de sua família, mas apenas se constitui em prestação alimentícia
aquela devida por quem tem a obrigação de prestar alimentos familiares,
indenizatórios ou voluntários em favor de uma pessoa que, necessariamente,
deles depende para sobreviver.

• 9. As verbas remuneratórias, destinadas, em regra, à subsistência do credor e de


sua família, mereceram a atenção do legislador, quando a elas atribuiu natureza
alimentar. No que se refere aos alimentos, porque revestidos de grave urgência -
porquanto o alimentando depende exclusivamente da pessoa obrigada a lhe
prestar alimentos, não tendo outros meios para se socorrer -, exigem um
tratamento mais sensível ainda do que aquele conferido às verbas
remuneratórias dotadas de natureza alimentar.
REsp 1.815.055/SP
• Voto da Ministra Nancy Andrighi:“
• 10. Em face da nítida distinção entre os termos jurídicos, evidenciada pela análise histórica
e pelo estudo do tratamento legislativo e jurisprudencial conferido ao tema, forçoso
concluir que não se deve igualar verbas de natureza alimentar às prestações alimentícias,
tampouco atribuir àquelas os mesmos benefícios conferidos pelo legislador a estas, sob
pena de enfraquecer a proteção ao direito, à dignidade e à sobrevivência do credor de
alimentos (familiares, indenizatórios ou voluntários), por causa da vulnerabilidade inerente
do credor de alimentos quando comparado ao credor de débitos de natureza alimentar.
• 11. As exceções destinadas à execução de prestação alimentícia, como a penhora dos bens
descritos no art. 833, IV e X, do CPC/15, e do bem de família (art. 3º, III, da lei 8.009/90),
assim como a prisão civil, não se estendem aos honorários advocatícios, como não se
estendem às demais verbas apenas com natureza alimentar, sob pena de eventualmente
termos que cogitar sua aplicação a todos os honorários devidos a quaisquer profissionais
liberais, como médicos, engenheiros, farmacêuticos, e a tantas outras categorias"
REsp 1.815.055/SP
• Voto da Ministro Luis Felipe Salomão
• Diante desse cenário, a douta Ministra Relatora defende uma total reviravolta à jurisprudência sedimentada
desde 2011, a meu ver com vulneração à segurança jurídica, observada sempre a máxima vênia. Sua Excelência
propõe uma releitura da exceção disposta no § 2º do art. 833 do CPC/15 - que autoriza a penhora das verbas
remuneratórias do inciso IV -, especificamente em relação à expressão 'prestação alimentícia', para afastar os
honorários advocatícios, ao fundamento de que a norma seria destinada apenas as prestações de alimentos do
direito de família ou decorrentes da responsabilidade civil. Penso, data venia, que a expressão 'prestação
alimentar' do § 2° do art. 833 do CPC/15, deve ser interpretada em seu sentido amplo, como gênero, para
abarcar todas as verbas de natureza alimentar.O objetivo da norma, a meu juízo, parece nítido, foi o de
garantir, em obediência ao princípio da dignidade humana de credor e devedor, a possibilidade de sustento
de ambos, do exequente e de sua família, sem o comprometimento total do mantimento do executado e sua
linhagem.[...]Em verdade, conforme adverte Cássio Scarpinella e Donaldo Armelin, 'a natureza alimentar de
um específico crédito caracteriza-se pela sua finalidade e não pelo nome da remuneração' (A natureza
alimentar dos honorários sucumbenciais. In: Tutelas de urgência e cautelar. São Paulo: Saraiva, 2010, 220), isto
é, o nomen iuris, prestação alimentar, utilizado no § 2º do art. 833 do CPC não teve o intuito de restringir, mas
de ampliar para alcançar todas as rubricas voltadas ao sustento da família".
PRISÃO – art 528
• caso o executado não efetue o pagamento ou não seja aceita a justificativa por ele
apresentada, o juiz decretará a prisão do mesmo pelo prazo de um a três meses.
§3º
• a prisão será cumprida em regime fechado (§4)
• o preso deverá ficar separado dos presos comuns e no caso de impossibilidade de
separação, a prisão deverá ser domiciliar.(§4)
• o cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações
vencidas e vincendas. §5º
• Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
§6
Protesto
• Se devedor não tomar nenhuma atitude (art 528 §3º)
• (§1)Protesto do pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber o
disposto no art. 517, que contém a mesma previsão para as decisões
transitadas em julgado.
• Assim, criou-se uma nova forma de protesto judicial.
• Para efetivar o protesto, o exequente deverá providenciar a competente
certidão de inteiro teor da decisão, que deverá ser fornecida pelo
cartório do Juízo competente, no prazo de 3 dias
• se o exequente pretender cancelar o protesto deverá requerer a expedição
de ofício para tanto.
Débito em folha de forma parcelada

O §3º do art. 529 permite que o débito executado poderá ser descontado dos rendimentos ou
rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput do referido artigo, contanto que
somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

• § 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito executado pode ser
descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput
deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus
ganhos líquidos.

• Esse procedimento se aplica tanto aos alimentos definitivos como em relação aos provisórios, por
força do art. 531 e do art. 528, que é expresso ao se referir também à decisão interlocutória que
fixa alimentos

• Se não for cumprida a obrigação, haverá penhora (art. 530).


PROCEDIMENTO - CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
- execução provisória – CAP II ART 520 §4º

• Art 520§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o


inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse ou
da alienação de propriedade ou de outro direito real
eventualmente já realizado, ressalvado, sempre, o direito à
reparação dos prejuízos causados ao executado.
PROCEDIMENTO - CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
- execução provisória – CAP II ART 521
• Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser
dispensada nos casos em que:
• I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;
• II - o credor demonstrar situação de necessidade;
• Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da
dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou
incerta reparação.
Expropriação de bens – arts 530/831
• Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e
seguintes – ou seja, penhora
• A norma em comento também proporciona ao exequente outra opção de satisfação
do seu crédito que é a mesma oferecida aos demais credores de obrigação de pagar
quantia certa, que é a expropriação de bens do devedor, ou seja, a penhora de
bens.
• o legislador deixou patente que não há qualquer gradação entre as técnicas postas
à disposição do credor de alimentos, o qual poderá escolher sponte sua qual a mais
adequada para satisfazer sua pretensão.
• Art 531 – aplica-se expropriação para execução definitiva ou provisória
Impenhorabilidade restrita: art 833 §2
• São bens penhoráveis, para fins de pagamento de prestação alimentícia:
• os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos
de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios
• quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor
e de sua família
• os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal
• quantia depositada em caderneta de poupança, ainda que o valor seja inferior à
quarenta salários mínimos mensais.
impenhorabilidade

• Também é penhorável o bem de família


definido pela lei 8009/90 – art. 3º, II

Levantamento

• levantamento imediato do montante


penhorado, ainda que seja concedido efeito
suspensivo à impugnação.
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS POR TITULO EXTRAJUDICIAL – art 911 e
segs
• Atendendo à orientação doutrinária que, mesmo sob à égide do CPC de
1974, já afirmava a possibilidade de execução por título extrajudicial,
quando se tratar de prestação alimentícia, a norma em referência trouxe
expressamente a previsão de que esse tipo de execução pode sim ser
embasada em título executivo extrajudicial.
• Exemplo: obrigação alimentar constante de um instrumento particular
assinado por duas testemunhas ou ainda, os alimentos fixados em
escritura pública.
execução – art. 799

• VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;(art 852-


alienação antecipada dos bens penhorados)

• IX - proceder à averbação em registro público do ato de


propositura da execução e dos atos de constrição realizados,
para conhecimento de terceiros.

• Art 782 §3 – requerer a inclusão do nome do executado em


EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE
Se a petição inicial estiver em ordem, conforme art. 827, o juiz fixará, de
plano, o percentual 10% a ser pago à título de honorários de advogado.

• Se o executado pagar em 3 dias, os honorários são reduzidos pela metade.

• Os honorários são elevados a 20% quando rejeitados os embargos

• Do mandado constará ordem de penhora e avaliação

• A penhora recairá sobre bens indicados pelo exequente, salvo de outros


forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz.
Honorários sucumbenciais
• O CPC/15 primou por proteger, de uma forma bastante
ampla, o direito ao percebimento da verba sucumbencial
ao advogado.
• Tanto é assim que o referido diploma processual prevê a
condenação em ônus da sucumbência não somente na
fase de conhecimento, mas também no cumprimento de
sentença, inclusive provisório, na reconvenção, na
execução, resistida ou não, e, principalmente na fase
recursal.
Honorários sucumbenciais

• de acordo com o § 13 do art 85 do CPC/15, os


honorários fixados nos embargos à execução
improcedentes são acrescidos no valor executado.

• Se houver fixação de parcelas por indenização por


ato ilícito, os honorários serão fixados sobre as
parcelas vincendas limitadas a doze. (§8 art 85)
HONORÁRIOS sucumbenciais
• CPC/15 acaba com o questionamento sobre a questão de
se saber se realmente os honorários seriam direito do
advogado, como prevê o Estatuto do advogado, ou se
deveriam tocar à parte vencedora.
• De fato, o art 85 determina expressamente que a sentença
condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor. Assim, fica sacramentado que a verba honorária
sucumbencial é direito do advogado do vencedor
HONORÁRIOS sucumbenciais
• Os honorários serão fixados entre 10 a 20 por cento sobre o
valor da condenação, do proveito econômico obtido ou não
sendo possível mensurar, sobre o valor da causa devidamente
atualizado, atendidos:
• o grau de zelo do profissional,
• o lugar da prestação dos serviços,
• a natureza e importância da causa,
• o trabalho realizado pelo advogado
• e o tempo exigido para o seu serviço.
Honorários sumcubenciais
• Os honorários sucumbenciais são fixados sobre o proveito
econômico ou, na impossibilidade de estimar-se o quantum
debeatur, sobre o valor atualizado da causa,
independentemente da natureza da decisão, se de extinção do
processo sem julgamento do mérito, de procedência ou de
improcedência do pedido (parágrafo 6º).
• Na hipótese de perda superveniente de interesse de agir (perda
de objeto), a parte que deu causa ao processo deverá também
arcar com o pagamento dos honorários.
HONORÁRIOS sucumbenciais
• O tribunal poderá majorar os honorários
advocatícios até o limite de 20% no total entre
primeiro e segundo grau. (art 85§11).
• Esses honorários convivem com multas e
outras sanções processuais
Honorários sucumbenciais – valor baixo ou inestimável
• Art . 85 . A sentença condenará o vencido a pagar honorários
ao advogado do vencedor.
• § 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o
proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for
muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do §
2o.

• Essa norma deve ser aplicada às causas em que o valor


envolvido é elevado?
Honorários sucumbenciais
• 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Agravo
Interno nos Embargos de Declaração no Agravo em Recurso
Especial 439.746-CE, da relatoria do ministro convocado Lázaro
Guimarães, decidiu ser:
• “pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que o
valor estabelecido a título de honorários advocatícios pelas
instâncias ordinárias pode ser alterado nas hipóteses em que a
condenação se revelar exorbitante, distanciando-se dos padrões
de razoabilidade, o que ocorre no caso em apreço, em que
arbitrado o montante de 20% sobre o valor da execução (R$
9.176.333,98)”.
Honorários sucumbenciais
• E essa orientação vem sendo seguida, no Tribunal de Justiça de São Paulo,
como, por exemplo, extrai-se de significativo acórdão da 23ª Câmara de Direito
Privado, proferido no Agravo de Instrumento 2005955-85.2017.8.26.0000,
valendo transcrever o seguinte trecho:

• “(...) Ocorre que o percentual mínimo aplicável de 10% sobre o valor


atualizado da causa, implicaria no importe excessivo. Ora, não é crível que
a legislação processual pretenda coibir tão-somente a fixação de honorários
advocatícios irrisórios (artigo 85, parágrafo 8º, do CPC/15) e, por outro
lado, permita a fixação de valores injustificáveis que impliquem no
enriquecimento sem causa do causídico. Desta forma, o montante
pretendido pela recorrida destoa dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade”.
Honorários sucumbenciais
• Esposando o mesmo posicionamento, a 2ª Câmara de Direito
Empresarial do Tribunal de Justiça paulista, no julgamento do
Apelação 1088694-94.2015.8.26.0100, teve igualmente a oportunidade
de admitir margem de adequação na fixação da verba honorária,
observado o princípio da razoabilidade, com a seguinte ementa:

• “Ação anulatória de sentença arbitral. Honorários advocatícios.


Fixação por equidade, nos termos do artigo 85, parágrafo 8º, do CPC.
Admissibilidade. Valor da causa elevado, que ensejaria verba
honorária em valor excessivo caso observada a regra do artigo 85,
parágrafo 2º, do CPC”.
Honorários sucumbenciais
• Recurso Especial 1.746.072-PR, 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, para julgar recurso especial
interposto contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Paraná, que deu provimento a agravo de
instrumento de uma empresa, a fim de reduzir os honorários advocatícios com fundamento na equidade.
• Segundo se extrai dos autos do respectivo processo, a empresa credora, na fase de cumprimento de
sentença contra o Banco do Brasil, indicou como valor a ser executado o montante de R$ 2.886.551,03.
Após a apresentação de impugnação pelo executado, o juiz, amparando-se em prova pericial contábil,
reduziu o valor para R$ 345.340,97, arbitrando os honorários sucumbenciais devidos ao procurador da
instituição financeira em R$ 100 mil, com base em critério equitativo, previsto no artigo 85, parágrafo
8º, do Código de Processo Civil. O Tribunal de Justiça do Paraná, provendo o recurso, reduziu os
honorários advocatícios para R$ 5 mil, igualmente com base na equidade. Ambas as partes recorreram
ao Superior Tribunal de Justiça.
• Lastreando-se na redação do indigitado parágrafo 2º do artigo 85, o banco argumentou que os
honorários deveriam ficar entre 10% e 20% do proveito econômico obtido com o parcial acolhimento
da impugnação do cumprimento da sentença. Asseverou ainda que a fixação dos honorários com base
na equidade só se aplicaria às causas de valor muito baixo ou de proveito econômico inestimável ou
irrisório.
• ”.
Honorários sucumbenciais
• Recurso Especial 1.746.072-PR,
• Diante desse contexto, a ministra Nancy Andrighi, relatora sorteada, com arrimo no parágrafo 8º do artigo 85,
defendeu a majoração dos honorários de R$ 5 mil para R$ 40 mil do recorrente, ponderando ser possível a fixação
dos honorários advocatícios fora do critério de 10% a 20% estabelecidos no parágrafo 2º.
• Segundo sustentou a ministra, o conceito de “inestimável”, na redação do parágrafo parágrafo 8º, abrange
igualmente as causas de grande valor.
• Não obstante, abrindo a divergência em voto-vista, acabou prevalecendo o voto do ministro Raul Araújo, ao
sustentar “que o espírito que deve conduzir o intérprete no momento da fixação do quantum da verba é o da
objetividade”, aduzindo que o novel Código de Processo Civil estabeleceu “três importantes vetores
interpretativos”, que tendem a conferir “maior segurança jurídica e objetividade” à matéria em discussão.
• Segundo o relator designado, ministro Raul Araújo, a regra geral e obrigatória é a de que os honorários
sucumbenciais devem ser fixados no patamar de 10% a 20% do valor da condenação, consoante os termos
do parágrafo 2° do artigo 85.
• O percentual pode ainda incidir sobre o proveito econômico ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa:
• “Nessa ordem de ideias, o Código de Processo Civil relegou ao parágrafo 8º do artigo 85 a instituição de
regra excepcional, de aplicação subsidiária, para as hipóteses em que, havendo ou não condenação, for
inestimável ou irrisório o proveito econômico obtido; ou for muito baixo o valor da causa”.
Honorários sucumbenciais
• Recurso Especial 1.746.072-PR,
• consignou o ministro relator Raul Araújo, que:
• “a incidência, pela ordem, de uma das hipóteses do artigo 85, parágrafo 2º, impede
que o julgador prossiga com sua análise a fim de investigar eventual enquadramento
no parágrafo 8º do mesmo dispositivo, porque a subsunção da norma ao fato já se terá
esgotado”.
• Para o ministro, é nítida a intenção do legislador em correlacionar a expressão
“inestimável valor econômico” somente às causas em que não se vislumbra benefício
patrimonial imediato, como, por exemplo, nas causas de estado e de direito de família:
• “Desse modo, no caso em apreço, diante da existência de norma jurídica expressa no
novo Código, concorde-se ou não, descabe a incidência dos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, ou mesmo a aplicação, por analogia, do
parágrafo 3° do mesmo dispositivo”.
Honorários sucumbenciais
• Recurso Especial 1.746.072-PR,
• Desse modo, a 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, com os votos,
convergentes ao do relator, dos ministros Luis Felipe Salomão, Antonio
Carlos Ferreira, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze e
Moura Ribeiro, assentou o entendimento de que os honorários
advocatícios só podem ser fixados com base na equidade de forma
subsidiária, quando não for possível o arbitramento pela regra geral ou
quando inestimável ou irrisório o valor da causa.
• Com estes fundamentos, a 2ª Seção rejeitou o recurso da empresa e deu
provimento ao do Banco do Brasil, fixando os honorários sucumbenciais
em 10% sobre o proveito econômico — diminuição do valor pretendido
— obtido pela instituição financeira.
Honorários sucumbenciais
• EDcl no AgInt no REsp 1882639 / SC, T4 - QUARTA TURMA, rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe
18/08/2021:
• OMISSÃO VERIFICADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CRITÉRIO DE FIXAÇÃO. ACOLHIMENTO.
1. Nos termos da jurisprudência firmada na Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, os honorários devem ser fixados
segundo a "seguinte ordem de preferência:
• (I) primeiro, quando houver condenação, devem ser fixados entre 10% e 20% sobre o montante desta (art. 85, § 2º);
• (II) segundo, não havendo condenação, serão também fixados entre 10% e 20%, das seguintes bases de cálculo: (II.a) sobre o
proveito econômico obtido pelo vencedor (art. 85, § 2º); ou (II.b) não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido,
sobre o valor atualizado da causa (art.
85, § 2º); por fim, (III) havendo ou não condenação, nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou
em que o valor da causa for muito baixo, deverão, só então, ser fixados por apreciação equitativa (art. 85, § 8º)". (REsp
1746072/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 13/2/2019, DJe 29/3/2019)
2. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos.
Tema 1.076
• A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) iniciou nesta quarta-feira (15), sob o rito dos
repetitivos, o julgamento de recursos especiais que discutem a possibilidade de fixação dos honorários de
sucumbência por apreciação equitativa quando o valor da condenação ou o proveito econômico for
elevado (Tema 1.076).
• O relator dos recursos, ministro Og Fernandes, votou pela inviabilidade da fixação dos honorários por
equidade nessas hipóteses, propondo duas teses em seu voto:
• 1) A fixação dos honorários por apreciação equitativa não é permitida quando os valores da
condenação ou da causa, ou o proveito econômico da demanda, forem elevados . É obrigatória,
nesses casos, a observância dos percentuais previstos nos parágrafos 2º ou 3º do artigo 85 do CPC – a
depender da presença da Fazenda Pública na lide –, os quais serão subsequentemente calculados sobre o
valor: (a) da condenação; ou (b) do proveito econômico obtido; ou (c) do valor atualizado da causa.
• 2) Apenas se admite o arbitramento de honorários por equidade quando, havendo ou não
condenação: (a) o proveito econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (b) o
valor da causa for muito baixo
• Recursos afetados: REsp 1906618; REsp 1850512; REsp 1877883; REsp 1906623
Tema 1.076
• De acordo com o ministro Og Fernandes, o julgador não tem a
possibilidade de escolher entre aplicar o parágrafo 8º ou o parágrafo
3º do artigo 85, "mesmo porque só pode decidir por equidade nos
casos previstos em lei, conforme determina o
artigo 140, parágrafo único, do CPC".
• Ele ressaltou que cabe aos litigantes levar em consideração o valor
dos honorários na hora de propor uma ação. Quanto às condenações
contra a Fazenda Pública, o magistrado lembrou que o CPC prevê
regras específicas, tendo em vista o zelo com os recursos públicos.
Tema 1.076
• os fundamentos de intepretação seja extensiva e contra legem, são,
em síntese,
• (i) partem do pressuposto de que tal qual quando o valor da causa é
muito baixo, aplica-se a equidade, idêntico regime há de aplicar-se
quando o julgador vislumbrar que valor da condenação, do
proveito econômico ou o valor da causa é excessivo ou, ainda
• (ii) a verba honorária arbitrada com base no art. 85, § 2º, por vezes
pode constituir quantia exorbitante conferida ao patrono vencedor
na demanda, devendo se evitar suposto enriquecimento sem causa
Tema 1.076
• “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
CONDENAÇÃO. AUSÊNCIA. FIXAÇÃO EQUITATIVA. NÃO CABIMENTO. LIMITES PERCENTUAIS.
OBSERVÂNCIA NECESSÁRIA. VALOR DA CAUSA. BASE DE CÁLCULO. DECISÃO MANTIDA.
• 1. Ressalvadas as exceções previstas nos §§ 3º e 8º do art. 85 do CPC/2015, na vigência da nova legislação
processual o valor da verba honorária sucumbencial não pode ser arbitrado por apreciação equitativa ou fora dos
limites percentuais fixados pelo § 2º do referido dispositivo legal. Precedentes da Terceira e Quarta Turmas e da
Segunda Seção do STJ.
• 2. Segundo dispõe o § 6º do art. 85 do CPC/2015, "[o]s limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º [do mesmo art.
85] aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de
sentença sem resolução de mérito".
• 3. No caso concreto, à míngua de provimento condenatório e de se fazer possível aferir o proveito econômico
obtido pela parte vencedora, a verba honorária foi arbitrada em percentual incidente sobre o valor da causa,
estipulado pela própria agravante, no percentual mínimo previsto na lei processual.
• 4. Agravo interno desprovido.”
• (STJ, REsp 1.711.273/DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, v.u., j. 2.7.2020)
Tema 1.076
• Constou do acórdão
• Como demonstra a decisão agravada, o entendimento ali prestigiado encontra suporte na orientação firmada em
precedente da Segunda Seção do STJ, no sentido de que a aplicação do § 8º do art. 85 do CPC/2015 é subsidiária,
somente autorizada nas hipóteses estritamente previstas no dispositivo, quais sejam "(i) o proveito econômico obtido pelo
vencedor for inestimável ou irrisório; ou (ii) o valor da causa for muito baixo" (item 5, parte final, da ementa do acórdão
proferido no citado REsp n. 1742072/PR, rel. Min. RAUL ARAÚJO).
• Cabe reiterar que o valor da causa foi estipulado pela própria recorrente, sendo que eventual exorbitância da
verba honorária, calculada sobre a referida base de cálculo, resulta de seu próprio comportamento, agora
contraditório. Não se trata, pois, de quantia exorbitante, absurda, desarrazoada ou desproporcional.
• O pedido formulado na inicial, por sua vez, foi de condenação da aqui agravada no pagamento da importância
líquida total de R$ 168.007.396,00 (cento e sessenta e oito milhões, sete mil, trezentos e noventa e seis reais), o
mesmo valor atribuído à causa (e-STJ, fl. 30).
• Logo, fossem os pedidos julgados procedentes, decerto que a verba honorária devida pela agravada aos patronos da
agravante seria fixada em, no mínimo, 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, o que demonstra sua
razoabilidade e, sobretudo, isonomia com o valor arbitrado na decisão agravada.
• Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno.”

Tema 1.076 – CEAPRO
• Não é possível um juízo de equidade para
estabelecer honorários fora dos parâmetros
legais.
• Isso porque o legislador já fixou os contornos
da matéria.
Tema 1.076 - CEAPRO
• Há, de vez por todas, e concorde-se ou não com tal
orientação, a tomada de posição legislativa acerca da
regra elementar de fixação da honorária
sucumbencial: os honorários de sucumbência devem
ser fixados em percentuais (10% a 20%) sobre
determinada expressão econômica da causa, sendo,
expressamente subsidiária a estipulação por
equidade (p. 8º do art. 85).
Tema 1.076 - CEAPRO
• a específica hipótese em que poderá haver atribuição equitativa é
quando “inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo”.
• Apenas nestas situações particulares – e não em quaisquer outras – há
de incidir a regra do § 8º do art. 85 CPC/2015.
• Não é possível pretender estender a destinação desta regra, por isso,
mesmo quando o valor econômico em causa for elevado não se tratará
de hipótese de incidência desta regra específica (que, não é ocioso
repetir, apenas vale para valores inestimáveis, irrisórios ou muito
baixos).
Tema 1.076 - CEAPRO
• O CPC/2015, estabeleceu como regra geral, e
que não pode ser afastada de maneira
arbitrária, de que não é possível a fixação de
honorários advocatícios por “equidade” ou
“livre apreciação pelo juiz”. Devem ser
respeitados os patamares, mínimo e máximo,
legalmente estabelecidos
parecer da lavra do Professor Flávio Luiz Yarshell:

• “Além disso, o fato de juízes de equidade serem tidos como


excepcionais não é uma prerrogativa brasileira e, como dá
conta a doutrina, ela está associada à preservação da
segurança jurídica: juízos de direito, na medida em que
reduzem a margem de subjetivismo que possa se conter em
decisões fundadas na equidade, permite maior previsibilidade,
contribuem para a preservação da isonomia e prestigiam a
confiança legítima nos atos estatais. Isso, aliás, é rigorosamente
coerente com o ordenamento brasileiro, em que a fonte primordial
do Direito continua a ser a lei – ainda que reconhecidamente não se
possa e não se deva reduzir uma coisa à outra
Tema 1.105
• Em sessão plenária virtual, a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça afetou quatro
recursos especiais para, no rito dos recursos repetitivos, estabelecer um precedente
qualificado sobre a validade da Súmula 111, que trata de honorários em ações
previdenciárias, na vigência do CPC/2015
• O Relator , ministro Kukina, explicou que a questão em análise versa sobre o
artigo 85, parágrafo 4º, II, do CPC/2015 — segundo o qual, não sendo líquida a sentença,
a definição do percentual da verba honorária somente ocorrerá quando liquidado o
julgado —, "em contexto que está a revelar a existência de controvérsia jurídica
multitudinária e contemporânea, ainda não submetida ao rito dos recursos repetitivos.
• a controvérsia submetida a julgamento diz respeito à "definição acerca da incidência, ou
não, da Súmula 111/STJ, ou mesmo quanto à necessidade de seu cancelamento, após a
vigência do CPC/2015 (artigo 85), no que tange à fixação de honorários advocatícios nas
ações previdenciárias".
• Recursos afetados: REsp 1.883.715; REsp 1.883.722;REsp 1.884.091; REsp 1.880.529
Enquanto isso...
• Para o juiz de Direito Dario Gayoso Júnior, de Santos/SP, é inconstitucional o artigo 85, do
CPC, que determina a condenação do vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
• Em sentença, o magistrado afirmou que os honorários de sucumbência só pertencerão ao
advogado se assim estiver estipulado no contrato de prestação de serviços firmado
entre o profissional e seu constituinte.“
• Daí a importância de se estabelecer com clareza, que os honorários de sucumbência só
pertencerão ao advogado se assim estiver estipulado no contrato de prestação de serviços
firmado entre o profissional e seu constituinte, porque a relação jurídica só existe entre essas
pessoas, jamais entre o advogado do autor e a parte requerida; ou, entre o advogado do
requerido e a parte autora
• Processo: 1020849-41.2020.8.26.0562

• https://www.migalhas.com.br/quentes/353232/honorarios-de-sucumbencia-sao-inconstitucio
nais-diz-juiz-em-decisao
Enquanto isso...
• O magistrado continuou sua explicação dizendo que o §14 também é
afetado pela inconstitucionalidade:"(...) ao impedir a compensação
também é afetado pela inconstitucionalidade do 'caput', pois pertencendo os
honorários fixados na sentença às partes (e não ao advogado), na hipótese de
sucumbência recíproca, pode haver a compensação, pois aí sim eles (partes)
seriam credores e devedores ao mesmo tempo. Como os advogados não são
partes no processo, se prevalecesse o dispositivo inconstitucional, também
não se poderia admitir a compensação (porque os Advogados do autor e do
réu, nunca podem ser considerados credores e devedores um do outro).

https://www.migalhas.com.br/quentes/353232/honorarios-de-sucumbencia-sa
o-inconstitucionais-diz-juiz-em-decisao
HONORÁRIOS sucumbenciais
• PRINCIPIO DA CAUSALIDADE
• Art 85 § 10 - Nos casos de perda do objeto do
processo, os honorários serão devidos por
quem deu causa ao processo.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• Principio da causalidade - reza que a parte que deu causa
à propositura da demanda deverá arcar com os ônus da
sucumbência.
• Em nosso sentir, o principio da causalidade não deve
ser aplicado somente nos casos de perda do objeto, mas
sim, em todas as hipóteses em que flagrantemente existe
a constatação de quem deu causa à demanda, ainda que
este tenha sido o vencedor na demanda
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE
• Teresa Arruda Alvim, Rogério Licastro Torres de Mello, Leonardo Ferres da
Silva Ribeiro e Maria Lúcia Lins Conceição que afirmam que segundo o
princípio da causalidade “será condenada a parte que deu causa ao processo,
sem justo motivo, ainda que de boa fé” sendo que esse princípio seria
“aplicável às hipóteses em que não houver resolução do mérito, incidindo a
verba de sucumbência sobre quem provavelmente será o vencido na
demanda”. Afirmam , ainda que, além da perda de objeto, esse princípio “É
também comumente visto na ação de exibição de documentos, quando a
parte oferecer resistência.”
• Primeiros comentários ao Novo código de Processo Civil:artigo por artigo.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ILEGITIMIDADE
PASSIVA. TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DO VEÍCULO. AUSÊNCIA DE
REGISTRO NO DETRAN. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PRINCÍPIO DA
CAUSALIDADE. 1) Pelo princípio da causalidade, aquele que deu causa à instauração
do processo deve arcar com os ônus sucumbenciais, inclusive honorários advocatícios. 2)
Não tendo o antigo proprietário do veículo promovido a transferência do bem junto ao
órgão competente, este é responsável pelos encargos sucumbenciais na ação em que se
pretende a reparação por danos decorrentes de acidente de trânsito, tendo em vista que
a parte autora não tinha conhecimento da venda do veículo envolvido no sinistro.
• (TJ-MG - AC: 10024080789944001 MG, Relator: Marcos Lincoln, Data de Julgamento:
30/04/2014, Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 12/05/2014)


Principio da causalidade
• Podemos também vislumbrar manifestação do principio da causalidade nas ações renovatórias de
locação, em que, apesar de o pedido ser julgado procedente para renovar o contrato de locação,
haverá condenação em sucumbência recíproca, se a questão girou em torno de mero acertamento
do valor do locativo. Embora, com o novo regramento imposto pelo § 14 do art.85, em que fica
vedada a compensação de honorários no caso de sucumbência recíproca, esse sempre foi um bom
exemplo de aplicação do princípio da causalidade.

• STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 407432 MG 2002/0009384-4 (STJ)


• Data de publicação: 06/05/2002
• Ementa: LOCAÇÃO. RENOVATÓRIA PROCEDENTE. ARBITRAMENTO DE
ALUGUÉIS. LIDE DE MERO ACERTAMENTO. RATEIO DOS ÔNUS DA
SUCUMBÊNCIA. 1 - Tratando-se de renovatória adstrita ao arbitramento de aluguel,
a lide será considerada de acertamento, devendo as custas e honorários advocatícios serem
divididos entre os demandantes. Precedentes desta Corte. 2 - Recurso especial conhecido e
provido.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• “custas, despesas processuais e honorários advocatícios, estes arbitrados em 10% do valor da causa. Não
conformado com a sua condenação ao pagamento das verbas sucumbenciais, recorre o embargado, pleiteando a
exclusão dessa condenação.Assevera que não deu causa à demanda, pois “não teria condições de saber que o
automóvel declarado em fraude a execução havia sido transferido para a advogada do executado antes da
execução, já que nem vendedor, nem comprador, apesar de ser uma advogada, haviam tomado o cuidado de
fazer o registro da transferência perante o DETRAN, a fim de dar conhecimento a terceiros”.3. Com razão o
embargado. 4.A atribuição dos ônus da sucumbência ao embargado não foi exata, eis que, embora tenha
ocorrido o levantamento da constrição, não foi ele quem deu causa à demanda, mas sim, a própria
embargante, ao não proceder à transferência do bem, em tempo razoável.Cediço que é do comprador a
obrigação de transferir a propriedade do veículo alienado. E, no caso dos autos, agiu deforma negligente a
embargante, que sequer exigiu do vendedor que prestasse informação quanto à venda do bem.Observa-se que,
na hipótese ora em estudo, há provas quanto ao pagamento das prestações do financiamento do veículo pela
embargada desde o início de 2013, bem como, o IPVA do automóvel (cf.fls. 16 e ss.). Além disso, demonstrou-se
que naquele mesmo ano de 2013, a embargante já se encontrava na posse do veículo, tanto é que assumiu ser a
condutora do veículo em diversas infrações de trânsito (cf. fls. 27 e ss.). O bloqueio, por sua vez, se realizou apenas
em maio de 2016, após a magistrada pronunciar fraude à execução, com relação ao bem, ou seja, mais de três
anos após a efetiva aquisição e tradição do bem.Entendo, assim, que a desídia da embargante em transferir o
veículo para seu nome deu azo ao bloqueio indevido do automóvel. 5.Assim, por aplicação do princípio da
causalidade, era o caso de condenar a embargante ao pagamento das custas, despesas processuais e
honorários advocatícios, o que ora se determina. (TJSP AP. 1010634-73.2016.8.26.0003
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• Art 85 §17- são devidos honorários sucumbenciais ainda que haja atuação em
causa própria.
• No caso de sucumbência recíproca não haverá compensação – juiz deve fixar
honorários para ambas as partes, de forma proporcional art 86 e 85 §14 CPC
• Se houver desistência do processo, ou renuncia do direito ou reconhecimento da
procedência do pedido, a parte que desistiu ou renunciou ou reconheceu arcará
com os honorários sucumbenciais – art 90
• Conforme § 8º do art 85 do CPC/15, nas causas em que for inestimável ou
irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito
baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa,
observando o disposto nos incisos do § 2º.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
• Quando a Fazenda pública for sucumbente, a fixação dos
honorários será estabelecida conforme §3 do art. 105 CPC
• a condenação da Fazenda Pública está prevista em honorários
mais condizentes com o exercício profissional
FAZENDA PÚBLICA E HONORÁRIOS
• De fato, o Art. 85, § 3º, fixou os seguintes percentuais de honorários sucumbenciais para
as causas em que a Fazenda Pública é parte:
• (i) mínimo de 10% e máximo de 20% sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 salários-mínimos;
• (ii) mínimo de 8% e máximo de 10% sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido entre 200 e 2 mil salários-mínimos;
• (iii) mínimo de 5% e máximo de 8% sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido entre 2 mil e 20 mil salários-mínimos;
• (iv) mínimo de 3% e máximo de 5% sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido entre 20 mil e 100 mil salários-mínimos; e
• (v) mínimo de 1% e máximo de 3% sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 100 mil salários-mínimos.
Fazenda pública e honorários
• Desse modo, não parece correto o entendimento de se manter arraigado ao
texto constante do CPC/73 revogado e insistir na apreciação equitativa na
fixação dos honorários advocatícios devidos pela Fazenda Pública. O Código
de Processo Civil de 2015 traz regra específica quanto aos honorários devidos
nesses casos, devendo ser aplicada a referida previsão legal. A tentativa de
ressuscitar a previsão do CPC revogado, quanto à apreciação equitativa, por
intermédio do § 8º do artigo 85 do CPC/2015, não tem qualquer
embasamento legal
• o legislador já previu alíquotas bem mais baixas que o mínimo de 10%, que
temos para os particulares, exatamente pelas especificidades da Fazenda
Pública em juízo e pelo interesse público que ela representa.
Fazenda pública e honorários
• Portanto, o legislador procurou afastar a
discricionariedade prevista no Código de 1973 quanto
a utilização da equidade na fixação dos honorários
advocatícios, criando critérios objetivos para tal
fixação.
• Desse modo, procurou afastar subjetivismos dos
magistrados ao fixar honorários muito dispares nas
ações que envolvem os entes públicos.
Fazenda pública e honorários
• STJ
• “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.
FIXAÇÃO POR EQUIDADE. HIPÓTESE NÃO CONTEMPLADA. CRITÉRIOS DO
CPC/2015. OBSERVÂNCIA. 1. Via de regra, o art. 85 do CPC/2015 é expresso ao determinar a
observância dos critérios do § 2º para a fixação dos honorários advocatícios, ainda que a Fazenda
Pública seja parte na causa. 2. “Os limites e os critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se
independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de
sentença sem resolução de mérito” (§ 6º do referido dispositivo). 3. A ponderação dos critérios
previstos no art. 85, § 2º, do CPC (complexidade da causa e extensão do trabalho realizado pelo
advogado) não permite a exclusão da tarifação estabelecida no § 3º, mas, apenas, subsidia o
magistrado quando do arbitramento do percentual dentro dos intervalos estabelecidos nos incisos I
a V. 4. Agravo interno desprovido”. (AgInt no REsp 1842858/SP, Rel. Ministro GURGEL DE
FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2020, DJe 01/07/2020)
Honorários sucumbenciais

21/10/21 - O Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu ser indevido o pagamento de honorários
periciais e advocatícios por beneficiários da
justiça gratuita, caso percam a ação, ainda que
obtenham créditos ​suficientes para o pagamento
dessas custas em outra demanda trabalhista.
ARLETE INES AURELLI –
tel 981562657 – arlete.aurelli@gmail.com

Obrigada!

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