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CURIOSIDADE E INTERESSE

Caravana da Ciência, 2004


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A curiosidade
TAPIA; FITA (2004) - “é uma atitude, manifesta na
conduta exploratória, ativada pelas características da
informação tais como sua novidade, complexidade,
caráter inesperado, ambigüidade e variabilidade...”.
ASSMANN (2004) - “desejo intenso de ver, ouvir, saber,
experimentar alguma coisa”.
CRÍTICA ( Bachelard, 1996):

O apego excessivo ao caráter evidente da


experimentação como satisfação imediata à
curiosidade, resulta no anulamento do movimento
inicial do pensamento em direção à exploração
conceitual do fenômeno constituindo obstáculo ao
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desenvolvimento da cultura científica.
A curiosidade necessita converter-se
num interesse.
Com o termo interesse se refere ao fato de manter a
atenção centrada em algo – neste caso, o
desenvolvimento de uma explicação ou de uma
tarefa, na medida em que a informação que se
recebe pode relacionar-se com o que já se
sabe.
É um processo diferente da curiosidade, a qual
implica dirigir a atenção para um fenômeno novo,
incerto, surpreendente ou incongruente, seguido
de uma atividade orientada para exploração dele
que facilite seu conhecimento e compreensão. 3
SÍNTESE FREIREANA ENTRE
CURIOSIDADE E INTERESSE
Nova informação

CONTRADIZ CONFIRMA
conhecimentos prévios

CURIOSIDADE INTERESSE

CURIOSIDADE EPISTEMOLÓGICA
A curiosidade vira objeto do interesse

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CURIOSIDADE INGÊNUA

É ontológica
É metódica
Leitura pouco rigorosa do mundo
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CURIOSIDADE EPISTEMOLÓGICA

Capacidade de aprender com rigor crescente a


razão de ser do objeto da curiosidade
Metodicamente rigorosa
Passagem do conhecimento ao nível do senso
comum para o do conhecimento científico
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CARACTERIZAÇÃO DA ARS CURIOSANDI

Ars curiosandi

Animus Habitus
Predisposição Vivência positiva
consciente do reiterada da
Curiosar
curiosar curiosidade
Vivência da
curiosidade Desejo de
conhecer a
Atitude de procura de
sondagem, Campo gerador
formas de
de de renovadas
conhecimento
exploração experiências de
estimuladoras
curiosidade
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PEDAGOGIA DA PERGUNTA
(A DIALOGICIDADE)

O homem sabe-se inconcluso e a sua existência


no mundo o impele-o a pensar com os outros a sua
condição fundando, com eles, a experiência dialógica
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O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM COMO
SITUAÇÃO CURIOSA PARA O PROFESSOR E O ALUNO

O processo ensino aprendizagem, como uma relação dialógica,


é uma curiosidade epistemológica tanto para o professor (P) como
para o aluno (A). O aluno estabelece uma relação de curiosidade
epistemológica com o conhecimento (C) e o professor reflete sobre
sua relação com o saber ao apreender curiosamente o saber do
aluno. 9
A SITUAÇÃO CURIOSA COMO
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM

Curiosidade:
necessidade
ontológica do homem

MOTIVO ATIVIDADE
da ação: SITUAÇÃO
CURIOSA: AÇÃO:
aquisição
Formulação da exploração
consciente do
pergunta sensível e teórica
conhecimento
da situação
científico
curiosa

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A PERGUNTA DE REFLEXÃO
“a partir de enunciados aparentemente paradoxais ou voluntariamente
provocadores [...], trata-se de examinar a lógica interna de um raciocínio
(eventualmente errado) ou a validade dos conceitos utilizados.

[...]

Talvez seja aqui necessário acrescentar que as perguntas,[...], não se baseiam


em “astúcias” e não podem ser consideradas como “armadilhas”. Não se trata de
fornecer aos estudantes mais brilhantes ou mais ágeis a oportunidade de
demonstrarem as suas capacidades, mas antes de ajudar à profunda compreensão
de todos. Portanto, se algumas destas perguntas podem ser –tal como esperamos-
mais ou menos engraçadas, não são simples jogos ou distrações científicas.
Muitas mexem nos aspectos mais fundamentais dos conceitos físicos.”

Jean-Marc Lévy-Leblond (1991). A mecânica em


perguntas.
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A haste que se auto-equilibra
Sobre os dedos indicadores de ambas as mãos, inicialmente separadas e
mantidas numa mesma altura, apoiamos uma haste lisa que se manterá na
horizontal. Feito isso, vamos aproximando, entre si, os dedos até que se juntem.
Nessa posição em que os dedos se encontram, localiza-se o centro de gravidade
da haste. Desse modo, ela conserva o seu equilíbrio e não cai.
O mesmo experimento pode ser realizado com uma régua, um bastão, um
taco de bilhar ou uma vassoura. Se cortarmos o cabo da vassoura a partir do local
em que ele se apoia sobre os dedos unidos e colocarmos as duas partes assim
obtidas sobre os pratos de uma balança (vide figura), qual dos pratos sofrerá
abaixamento: aquele que suporta o cabo ou o que sustenta a vassoura?

Gravura extraída do livro Fisica recreativa de Perelman (1971) 12


Jean-Marc Lévy-Leblond (1991). A mecânica em
perguntas. p.23.
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