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TUTELA

1. TUTELA PÚBLICA

NOÇÃO
A tutela pública é a função que o Estado desempenha para tornar efectivas as normas
juridicas através dum aparelho cuja estrutura não é, todavia, inteiramente
homeogenea.
A tutela, traduz uma garantia dos direitos subjectivos, conferindo-lhes uma
consistencia prática.
I.1. MODALIDADES DE TUTELA PÚBLICA

1. TUTELA PREVENTIVA: funciona antes da violação do direito e procura evitá-la,


dificultando-a ou tornando-a incoveniente. O seu campo é vasto, mas destaca-se:
a) A autoridade pública, que fiscaliza, limita e sujeita a autorização prévia de certas
actividades para evitar danos sociais a que podiam conduzir. É especialmente a função das
várias policias ( de segurançã, sanitária, económica, de viação, florestal, fiscal, etc)
b) As sanções juridicas negativas, que não têm só uma função repressiva: funcionam como
importante factor dissuasório da violação das normas juridicas;
c) as medidas de segurança, que permitem não só colocar certas categorias de pessoas
particularmente perigosas em situação de não actuarem como se receia, mas também, se
possivel, curar essa aptidão. Acontece por exemplo com o internato de delinquentes
inimputaveis perigosos em estabelecimento de cura, tratamento ou segurança;
d) a inabilitação do autor dum determinado delito para o exercicio de certa actividade ou profissão. E´´E o caso
de inibição do exercicio das responsabilidades parentais, da tutela ou curatela aplicavel a quem praticou crimes
contra a liberdade e autodeterminação sexual em relação a quem, pela sua conduta, é de temer um mau exercicio
dessas funções; da interdição de determinadas actividades a quem for condenado por crime com grave abuso de
profissão, comércio ou indústria; da cassação da liçença de condu~ção de veiculo motorizadou ou condutor
condenado por crime na condução ou com grosseira violação dos deveres que incumbem a um condutor;
e) A acção declarativa de simples apreciação, que visa apenas obter a declaração da existencia ou inexistencia de
um direito ou de um facto, afstando uma situação de incerteza e prevenindo, em consequencia uma eventual
ofensa ao direito reconhecido;
f) Os procedimentos cautelates, que procuram evitar que se produza uma lesão grave e dificilmente reparável
dum direito enquanto não houver uma sentença defintiva numa acção porposta ou a instaurar por quem afirma
sua titulatidade. Tais procedimentos permitem que seja fixada uma quantia mensal a titulo de alimentos
provisórios; que o credor com justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito, requeira a
apreensaõ judicial ( arresto) de bens do devedor .
2. TUTELA REPRESSIVA:
A tutela repressiva funciona depois de consumada a violação do direito e consiste na reação
traduzida na aplicação duma sanção, ou seja, de determinados efeitos juridicos
desfavoraveis ao infractor.
II. O APARELHO DO ESTADO
1. OS TRIBUNAIS
a) FUNÇÃO E PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES
A tutela pública realiza-se principalmente através da intervenção dos tribunais; por isso, fala-
se de tutela ou garantia judiciária ( art. 29º CRA).
Os tribunais são os orgaos de soberania com competncia para administrar a justiça em nome
do povo. Pertence-lhes, portanto, o exercicio da função jurisdicional do Estado que se traduz
na aplicação da Constituição e das outras normas juridicas, para dirimirem os conflitos não
só entre interesses privados, mas também entre interesses privados e públicos.
Para o desempenho desta função, os tribunais estruturam-se segundo os seguintes principios:
a) independencia: os juizes só obedecem ao direito; por isso, não estão sujeitos a ordens,
instruções ou directivas de qualquer autoridade, mesmo judicial. A independencia é
garantida pelos principios da irresponsabilidade dos juizes pelos seus julgamentos e
decisões e da inamobibilidade; e é ainda reforçada por certas incompatibilidades e pelo
autogoverno da magistrutura judicial;
b) Imparcialidade: os juizes julgam de forma livre e descomprometida dos intereses dos
litigantes.
c) Passividade: os juizes não podem resolver o conflito de interesses que a acção pressupoe
sem que uma das partes tenha pedido e a outra sido devidamente chamada a deduzir
oposição.
ORGANIZAÇÃO JUDICIAL

Na realidade angolana temos o Tribunal Constitucional, o Tribunal de Contas. Nos tribunais


comuns temos: Tribunal Supremo, tribunal de Relação e as Tribunais de Comarcas ( Lei nº 2/
15, de 2 de fevereiro)
III: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I. GARANTIAS ADMINISTRATIVAS
As garantias graciosas resultam da institucionalização, no seio da Administração Pública, de mecanismos que controlam a sua
actividade; por isso, tornam-se efectivas através da actuação dos seus orgaos.
Distribuem-se por tres grandes grupos:
1. Garantias petitórias: visam prevenir a lesão de direitos ou interesses legalmente protegidos dos cidadãos e não pressupõem,
em regra, um acto administrativo. Compreendem:
a) O direito a petição: é a faculdade de pedir a Administração Pública que tome determinadas decisões ou providencias;
b) O direito de representação: é a faculdade de fazer uma exposição , manifestando uma opiniao contrária a dum órgão da
Administração Pública ou chamando a atenção duma autoridade administrativa para certa situação ou acto, com vista à sua
revisão ou à ponderação das suas consequências;
c) O direito de queixa: é a faculdade de denunciar qualuqer inconstitucionalidade ou ilegalidade, bem como o funcionamento
anómalo de qualquer serviço, a fim de que sejam adoptadas medidas contra os responsaveis.
d) O direito de oposição administrativa: é a faculdade reconhecida às pessoas, cujos direitos ou interesses legalmente
protegidos possam ser lesados por actos a praticar num processo administrativo, de nele intervirem, contestando quer os
pedidos dirigidos à Administração quer os projectos que esta divulgue ao público.
2.Garantias impugnatórias: são os meios que os particulares podem utilizar para atacar um
acto administrativo perante os orgaos da Administração Pública. São:
a) reclamação: é o pedido de reapreciação do acto administrativo dirigido ao seu autor.
b) O recurso hierarquico: dirigi-se ao superior hierarquico do orgao que praticou o acto
administrativo para que o revogue ou modifque. Fundamenta –se na sua ilegalidade ou
incoveniencia.
c) Recurso hierarquico improprio: permite impugnar um acto administrativo perante um
orgao da mesma pessao colectiva que, não sendo superior, exerce poderes de supervisão
sobre o orgão que o praticou.
d) O recurso tutelar: é o meio de impugnar um acto administrativo praticado por um orgao
duma pessoa colectiva pública perante um orgao de outra pessoa colectiva de direito
público que sobre aquele exerça poderes de tutela ou de superintendencia;
e) Queixa ao provedor de justiça; pode incidir sobre acções ou omissões dos poderes
públicos, para que sejam supridas as deficiencias das tradicionais garantias de protecção
dos cidadãos perante a Adminsitração Pública.
TUTELA PRIVADA

NOÇÃO
A tutela privada, também dita justiça ou coação privada ou autotutela, é a defesa de direitos realizada pelos particulares nas
situações excepciaonais legalmente previstas.
Comporta várias figuras juridicas. Destacamos:
1. O direito de resistencia: é a faculdade de resistir a qualquer ordem que ofenda os nossos direitos, liberdades e garantias e
de repelir pela força qualquer agressão se não for possivel recorrer à autoridade pública;
MODALIDADES DO DIREITO DE RESISTENCIA
a) Resistencia passiva: verifica-se quando existe uma ordem que ofenda direitos e liberdades e garantias, e consiste em não
fazer o que é imposto ou fazer o que é vedado.
Ex: O não cumprimento de ordens que envolvam a prática de crimes;
b) Resistencia defensiva: verifica-se quando existe uma agressão de agentes, e consiste na resposta à agressão.
Ex: repelir uma agressão pela força; a entrada em habitação alheia de autoridades policiais sem mandato judicial , o
proprietário pode impelir a entrada da policia, sem que a sua actuação seja considerada ilicita.
2. A acção directa ( art. 336º CC): consiste no recurso a força para evitar a inutilização prática
dum direito, no caso de ser impossivel recorrer a meios coercivos normais.
Pode consistir na apropriação, destruição ou deterioração duma coisa, na eliminação da
resistencia irregularmente aposta ao exercicio do direito ou noutro caso analogo.
O agente não pode, todavia , exceder o necessario para evitar o prejuizo nem sacrificar
interesses superiores aos que visa evitar o prejuizo nem sacrificar interesses superiores aos que
visa realizar ( art. 336º CC);
EX: A acção do pai que impede pela força que a mãe leve o filho para o estrangeiro, confiado
por tribunal á guarda do mesmo;
A acção de alguém tirar a outem um anel de familia com brasão, que havia sido roubado há
algum tempo;
- A acção de destruição de um muro feito por outrem para impedir a entrada num terreno que
pertence ao primeiro
3. Legitma defesa: é o acto que afasta uma agressão actual ou iminente ilicita contra a pessoa
ou o patrimonio do agente ou de terceiro, quando não for possivel recorrer à autoridade
pública e o prejuizo causado não exceder manifestamente o que puder resultar da agressão
( art. 337º CC).
A legitima defesa tem os seguintes pressupostos:
a) Uma agressao ilegal e actual ou iminente;
b) Contra a pessoa ou o património de quem reage ou de terceiro;
c) Impossibilidade de recurso à autoridade pública;
d) Racionalidade dos meios de defesa, ou seja, proporcionalidade entre esta e a violencia
sofrida. No entanto, se o excesso de legitima defesa for devido a perturbação ou medo não
culposo do agente, o acto considera-se igualmente justificado ( art. 337º nº 2 CC)
4. Estado de necessidade ( art. 339º CC): é a situação em que alguém se encontra, que justifica a licitude da acção
de destruir ou danificar uma coisa alheia para remover o perigo actual ou iminente de um dano manifestamente
superior quer do agente quer do terceiro.
O autor do dano é, obrigado a indemnizar o lesado pelo prejuizo sofrido se o perigo for provocado por sua culpa.
Como a legitima defesa, a o estado de necessidade afasta a ilicitude , mas a violencia aqui permitida não traduz a
reação a uma agressão. ;

Pressupostos do estado de necessidade:


a) A existencia de um perigo actual ou iminente para um bem juridico proprio ou alheio;
b) Impossibilidade de afastar o perigo sem danificar uma coisa alheia;
c) A não actuação voluntária do agente na produção do perigo;
d) A proporcionalidade entre a coisa sacrificada e o bem juridico que é salvo do perigo;
Ex: partir o vidro de um automóvel para transportar ao hospital um ferido em estado grava;
A introdução em casa alheia, arrombando a porta, para refúgio da tempestade.
5. Direito de retenção( art. 754º e 755º CC): é a faculdade que, em determinadas situações, o
credor goza de reter uma coisa do devdor para o coagir a cumprir a sua obrigação.
Ex: o relojoeiro retém o relógio até que o dono lhe pague o preço do conserto.
Requisitos:
a) Uma coisa deve estar em poder do credor a titulo de simples detenção;
b) Existe uma intima relação entre o crédito e a coisa detida pelo credor;
c) O detentor da coisa deve ser o credor da obrigação e o devedor deve ser aquele a quem a
coisa tem de ser restituida.
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