Você está na página 1de 24

Discalculia, Disgrafia e

Disortografia
Discalculia
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria,
a discalculia é um problema causado por má formação
neurológica que se manifesta como uma dificuldade
no aprendizado dos números. Essa dificuldade de
aprendizagem não é causada por deficiência mental,
má escolarização, déficits visuais ou auditivos, e não
tem nenhuma ligação com níveis de QI e inteligência.

2
Causas da Discalculia
Algumas das causas da discalculia correspondem a:

Déficit cognitivo na representação numérica


Déficit cognitivo que impede a capacidade de armazenamento
de informação no cérebro

Existem outras possíveis causas relacionadas à dislexia. Algumas


possíveis causas são os transtornos cerebrais neurobiológicos, as
insuficiências de maturação neurológicas, as alterações
psicomotoras e incluso os problemas de memória relacionados
ao ambiente, tais como a exposição da mãe ao álcool, a
medicamentos no útero ou os nascimentos prematuros.
( Shlomo Breznitz ,2009)
3
Tipos de Discalculia
 1- Discalculia verbal: dificuldades para nomear as quantidades
matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações;
 2- Discalculia practognóstica: dificuldade para manipular objetos
reais ou em imagens, dificuldade para enumerar e comparar;
 3- Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos
matemáticos;
 4- Discalculia gráfica: dificuldades na leitura de símbolos
matemáticos;
 5- Discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações
mentais e na compreensão dos conceitos matemáticos;
 6- Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e
cálculos numéricos.
(Kosc (1974)

4
Discalculia - Sintomas na fase Pré-escolar
 Dificuldade para aprender a contar;
 Problemas associados à compreensão de números;
 Incapacidade para classificar e medir;
 Problemas para reconhecer símbolos associados aos números;
 Erros de ortografia dos números quando são escritos ou copiados;
 Símbolos incorretos;
 Inverter os números durante a escrita;
 Escrever os números invertidos;
 Erros de sons;
 Confundir números que soam similares, como "dois" e "três“;
 Sintomas na ordem ou sequência dos números;
 Repetir um número duas vezes ou mais;
 Sem percepção numérica;
 Omissão;
 Sintomas relacionados à sequência;
 Dificuldade para classificar objetos;
(Shlomo Breznitz , 2009)
5
Discalculia - Sintomas no Ensino Fundamental
 Problemas para reconhecer os símbolos matemáticos;
 Incapacidade para aprender ou lembrar estruturas matemáticas básicas;
 Não são capazes de reconhecer palavras como “mais de” ou “menos de”;
 Usam com frequência os dedos para contar;
 Dificuldade para aprender ou lembrar o procedimento ou as normas para os
problemas simples;
 Elas iniciam os problemas na ordem errada;
 Têm dificuldade para alinhar os problemas;
 Outra característica muito comum são os problemas para somar ou subtrair;
 Problemas de raciocínio;
 Dificuldade para realizar contas básicas na mente;
 Elas não compreendem os problemas falados ou ditados;
 Sintomas relacionados ao processo de raciocínio nos problemas
matemáticos
(Shlomo Breznitz , 2009)
6
Discalculia - Sintomas no Ensino Médio
Elas têm dificuldade para aplicar ideias matemáticas
no dia a dia;
Problemas para medir variáveis;
Problemas para medir outras variáveis;
Se sentem inseguras para resolver equações
matemáticas básicas;
Dificuldade para entender gráficos, representações
numéricas ou mapas;
Aparentemente não são bons motoristas;
(Shlomo Breznitz , 2009)
7
Discalculia
Sintomas na Universidade e vida adulta
 Dificuldades para estimar custos ao fazer compras, para aprender conceitos
matemáticos mais complexos (além dos fatos numéricos).
 Menor habilidade no gerenciamento financeiro, problemas para estimar a
passagem do tempo (o que pode levar a problemas para seguir cronogramas
ou estimar a duração das atividades).
 Dificuldade para realizar cálculos mentais (sem auxílio de calculadora ou
lápis e papel).
 Dificuldade para achar mais de uma solução para um mesmo problema ou
na resolução de problemas complexos (com muitas operações simultâneas,
por exemplo)
 Dificuldade para estimar com precisão e velocidade ou julgar distâncias (por
exemplo, ao dirigir ou praticar esportes).
 Luta para aplicar conceitos de matemática ao dinheiro, incluindo estimar o
custo total de uma compra, fazer mudanças exatas e descobrir uma dica.
(Campos, 2014)
8
Discalculia – Diagnóstico e tratamento
A Discalculia não têm especificamente uma única causa, mas
um conjunto delas que se relacionados a fatores internos e
externos do sujeito é possível diagnosticá-la com sucesso e
determinar seu tipo.

O diagnóstico requer avaliação multidisciplinar com o


envolvimento de especialistas nas áreas de psicopedagogia,
neuropsicologia e neuropediatria.

A discalculia não tem cura, mas o tratamento ajuda a criança a


encontrar estratégias para lidar com as dificuldades. Além de
realizar treinos de repetição, o profissional encontrará formas
de auxiliá-la no dia a dia.
9
Discalculia - Intervenções Psicopedagógicas
 Jogo dos sete erros: desenvolve atenção e concentração.
 Amarelinha: ajuda a reconhecer os números, estimula a memória, desenvolve a orientação
espacial e percepção visual.
 Vivo ou morto: desenvolve a atenção, concentração, capacidade de categorização e organização.
 Sudoku: desenvolve a estruturação espaço-temporal, promove o raciocínio lógico, desenvolve
atenção, concentração e percepção visual.
 Trilha ou moinho: desenvolve lateralidade, sequência, formação de estratégia e conceito de
probabilidade.
 Baralho: desenvolve sequência numérica, raciocínio lógico, estratégia e probabilidade.
 Dominó: desenvolve associação de número, sequência, conceito de menor e maior.
 Jogo do mico: desenvolve atenção, pareamento e percepção visual.
 Jogo da velha: desenvolve raciocínio, capacidade de análise, resolução de problema e
concentração.
 Quebra-cabeça: desenvolve concentração, percepção, capacidade de análise.
 Tangran: trabalha o raciocínio espacial, capacidade de análise e síntese e as formas geométricas.
 Batalha naval: desenvolve o conceito de par ordenado, representação de números inteiros e
ajuda a identificar coordenadas no plano cartesiano.
 Jogo da memória: desenvolve concentração, memória de trabalho, coordenação.
( Campos ,2014, p. 59; 60)

10
Disgrafia
Disgrafia. “Dis” quer dizer dificuldade e “grafia”
significa gravar ou escrever. Portanto, disgrafia é um
transtorno da escrita, resultante de um distúrbio de
integração visual ou motora, que afeta a capacidade
de escrever ou copiar letras, palavras e números. É a
famosa “letra ilegível”.

11
Disgrafia - Causas
As causas da disgrafia são:
Pobreza nas competências motoras;
Instabilidade no temperamento;
Deficiência na percepção de imagens, principalmente
de letras e palavras.

12
Disgrafia - Tipos
Disgrafia Disléxica: Também chamada de Perceptiva,
este tipo de disgrafia caracteriza-se pela dificuldade que
a criança tem em relacionar os sistemas simbólicos e as
grafias que representam os sons
 Disgrafia Motora: tanto a escrita espontânea quanto a
cópia de um texto pode ser ilegível, a soletração oral é
normal e o desenho frequentemente é problemático.
Disgrafia Espacial: a escrita é ilegível, seja espontânea
ou na cópia.
(Nobile, 2014)
13
Disgrafia - Características
 Letra excessivamente grande (macrografia) ou pequena (micrografia);
 Forma das letras irreconhecível (por vezes distorcem, inclinam ou simplificam
tanto as letras que a escrita é praticamente indecifrável);
 Traçado exagerado e grosso (que vinca o papel) ou demasiado suave e
imperceptível;
 Grafismo tremulo ou com uma marcada irregularidade, originando variações nos
tamanhos dos grafemas;
 Escrita demasiado rápida ou lenta;
 Espaçamento irregular das letras ou das palavras, que podem aparecer desligadas,
sobrepostas ou ilegíveis ou, pelo contrário, demasiado juntas;
 Erros e borrões que quase não deixam possibilidade para a leitura da escrita
(embora as crianças sejam capazes de ler o que escrevem);
 Desorganização geral na folha/texto; - utilização incorreta do instrumento com
que escrevem
(Ajuriaguerra et al., 1973 e Casas, 1988, cits. por Cruz, 2009; Torres & Fernández,
2001).
14
Disgrafia – Avaliação e Diagnóstico

Equipe formada por:


• neurologia,
Instrumentos para avaliar:
• neuropsicologia,  Escala de escrita (Ajuriaguerra, 1973)
• neuropsicopedagogia,  - Escala coletiva de observação da
• Psicopedagogia. escrita (Manso & Rejas, 1996)
 - THG: Teste de Habilidades
Grafomotoras (Nuñez & León, 1989)
 - Language Survey (Woodcoock-
Muñoz, 1993)

15
Disgrafia – Intervenções Psicopedagógicas
 Exercícios grafomotores: eles são ideais para que o pequeno possa trabalhar,
com o acompanhamento de um profissional, a coordenação motora e o domínio
das mãos ao movimentar um lápis sobre o papel.

 – Caligrafia: o pequeno pode, aqui, ter a habilidade da escrita desempenhada


para que ele tenha maior domínio na escrita. É importante lembrar que as
etapas são cruciais para notar a melhora do desenvolvimento do manuseio na
hora de escrever

 Posição ao escrever: a maneira a qual a criança segura o lápis é determinante e


causa dor e fadiga nas mãos do pequeno.

 – Pincel: o uso do instrumento é ideal na fase inicial do treinamento,


principalmente para que a criança consiga trabalhar a pressão que é exercida
sobre a folha de papel.
(Neurosaber)
16
Disortografia
Disortografia deriva dos conceitos “dis” (desvio) +
“orto” (correto) + “grafia” (escrita), ou seja, é uma
dificuldade manifestada por “um conjunto de erros da
escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou
grafia” ,pois uma criança disortográfica não é,
forçosamente, disgráfica.
(Vidal, 1989, cit. por Torres & Fernández, 2001, p. 76),

17
Disortografia -Causas
Para Torres e Fernandes (2001), as causas da disortografia podem estar
associadas a cinco aspectos essenciais:

 PERCEPTIVOS: associados a deficiências na percepção, memória visual e


auditiva e problemas na orientação, organização e estruturação espacial e
temporal que complicam a correta orientação das letras e a discriminação
correta de grafemas com trações semelhantes;
 INTELECTUAIS: relacionadas a déficit cognitivo comprovado;
 LINGUÍSTICOS: relacionadas a problemas na pronúncia e articulação de
sons e deficiente conhecimento e utilização do vocabulário;
 AFETIVO-EMOCIONAL: que envolvem falta de motivação para a
aprendizagem, pouca atenção e concentração que levam a criança a cometer
erros ortográficos por não manter o foco da atenção por um período mais
prolongado de tempo;
 PEDAGÓGICAS: métodos, estratégias e atividades inadequadas ao nível de
desenvolvimento e as características individuais dos alunos.

18
Tipos de Disortografia
Torres (2002:86) diferencia sete tipos de disortografia:

Disortografia temporal
Disortografia perceptivo-cinestésica
Disortografia cinética
Disortografia visuo-espacial
Disortografia dinâmica
Disortografia semântica
Disortografia cultural

19
Disortografia - Características
Troca de letras que se parecem sonoramente:
faca/vaca, chinelo/jinelo, porta/borta.
Confusão de sílabas como: encontraram/encontrarão.
Adições: ventitilador.
Omissões: cadeira/cadera, prato/pato.
Fragmentações: en saiar, a noitecer.
Inversões: pipoca/picoca.
Junções: No diaseguinte, sairei maistarde.
(Sampaio, 2009)

20
Disortografia – Avaliação e Diagnóstico
Assim como a disgrafia, a disortografia também
necessita de uma equipe multidisciplinar para avaliar e
diagnosticar. Sendo :
neurologia,
neuropsicologia,
neuropsicopedagogia,
Psicopedagogia
Fonoaudiologia

21
Disortografia – Intervenção Psicopedagógica
Massa de modelar:Construir palavras com massa de
modelar;
Pintura:Colorir ou pintar letras de papel
pronunciando os sons;
Colagem: Fazer colagem sobre as letras;
Bandinha: Confeccionar instrumentos de uma banda
rítmica;
Sons: Trabalhar os sons das letras utilizando os
instrumentos da banda rítmica.

22
Referência Bibliográfica
 AFONSO, M. L. P. (2010). Disortografia: compreender para intervir. Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação - Especialização em
Educação Especial, apresentada à Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto, 111 pp.
 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos: DMS IV. 5ª ed. Porto Alegre: ARTMED, 2014.
 Arándiga , Antonio Vallés .Dificultades de aprendizaje e intervención psicopedagógicalectura, comprensión lectora, escritura, lenguaje oral,
matemáticas, atención y comportamiento. Promolibro, 1999
 BASTOS, J. A. O cérebro e a Matemática. São Paulo: Autor, 2008.
 BERNARDI, J. Discalculia: O que é? Como intervir? 1.ed. São Paulo: Paco Editorial, 2014.
 CAMPOS, A. M. A. Discalculia: Superando as dificuldades em aprender Matemática. 1.ed.Rio de Janeiro: Wak, 2014.
 CINEL, Nora Cecília Boccacio (2003), Disgrafia – Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita. Documento
disponível em: http://www.smec.salvador.ba.gov.br
 GARCIA, J. N. Manual de dificuldades de aprendizagem. Linguagem, leitura, escrita e Matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
 GENTILE, P.Tropeçando em números. Disponível em: crescer.globo.com/edic/ed77/rep_Discalculia.htm>. Acesso em: 21 fMAI. 2018.
 Horowitz-Kraus T, Breznitz Z. - O mecanismo de detecção de erros pode se beneficiar do treinamento da memória de trabalho? Uma
comparação entre disléxicos e controles - um estudo de ERP - PLoS ONE 2009; 4: 7141.
 KAUFMANN L, Wood G, RUBINSTEN O, HENIK A. Meta-analyses of developmental fMRI studies investigating typical and atypical
trajectories of number processing and calculation. Dev Neuropsychol. 2011; 36(6):763-87.
 KOSC, L. Developmental dyscalculia. Journal of Learning Disabilities, v. 7, p. 164-177, 1974.
 MORAES, Paula Louredo. "Discalculia, sintomas, causas e tratamento"; Brasil Escola. Disponível em
<https://brasilescola.uol.com.br/doencas/discalculia.htm>. Acesso em 24 de outubro de 2018.
 SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem: a psicopedagogia na relação sujeito,família e escola / Simaia Sampaio. Rio de Janeiro:
Wak Ed., 2009.
 TORRES, R. e FERNANDEZ, P. Dislexia, disortografia e Disgrafia; Lisboa, Editora Mc Graw Hill, 2001 e 2002
 TORRES, Rosa María Rivas e Fernández, Pilar Fernández (2001), Dislexia, disortografia e disgrafia, ed. McGraw-Hill de Portugal, Amadora .
 https://www.cognifit.com/br/pathology/dyscalculia
 https://neurosaber.com.br/voce-sabe-o-que-e-discalculia/
 https://neurosaber.com.br/como-trabalhar-com-criancas-com-disgrafia/
 https://www.e-konomista.pt/artigo/disgrafia/
 https://www.aprendercrianca.com.br/noticias-do-cerebro/edicao-35-julho-2014/379-desvendando-a-disgrafia
 https://brincadeirasejogospedagogicos.blogspot.com/search/label/disortografia 23

Obrigada!

24

Você também pode gostar