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Transtorno Específico de

Aprendizagem
DISLEXIA
O que é Dislexia?
No DSM-5, a Dislexia é designada
A Dislexia do desenvolvimento é
como Transtorno Específico da
considerada um transtorno específico
Aprendizagem, podendo abarcar
de aprendizagem de origem dificuldades nos domínios de leitura,
neurobiológica, caracterizada por expressão escrita e matemática,
dificuldade no reconhecimento configurando um quadro mais global,
preciso e/ou fluente da palavra, na mas com codificações específicas para
habilidade de decodificação e em cada subhabilidade alterada. No caso
soletração. Essas dificuldades das dificuldades específicas ao domínio
normalmente resultam de um déficit da leitura, ou seja, em se tratado de um
no componente fonológico da caso “puro” de Dislexia, o clínico deverá
linguagem e são inesperadas em indicar tratar-se do Transtorno
relação à idade e outras habilidades Específico da Aprendizagem com
cognitivas. (Definição adotada pela prejuízo na leitura. Contudo, essa
IDA – International Dyslexia mudança não foi aceita sem relutância
Association, em 2002. por pesquisadores e profissionais
atuantes nessa área (MOUSINHO;
NAVAS, 2016).

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Causas:
As causas mais comuns de dislexia são de:

 Origem neurobiológica

 Alterações cerebrais: mau funcionamento,


atraso no amadurecimento do sistema
nervoso central, ou falha na comunicação
entre os neurônios, o que dificulta as funções
de coordenação.

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Fatores a considerar:
 Dislexia não tem nada a ver com Q.I. (quociente de
inteligência) mais baixo. Disléxicos se atrapalham com
as palavras, mas costumam ir bem nos cálculos, por
exemplo. Tem inteligência média ou acima da média.

 O comportamento varia também. Há disléxicos


desorganizados e outros metódicos;

 Existem aqueles falantes e outros muito tímidos.

 A disfunção afeta preponderantemente o sexo


masculino: são três meninos para cada menina.

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Tipos de Dislexia
Os tipos mais comuns de dislexia são:

 Dislexia visual: dificuldades em diferenciar os lados


direito e esquerdo, erros na leitura devido à má
visualização das palavras
 Dislexia auditiva: ocorre devido a carência de percepção
dos sons, o que também acarreta dificuldades com a
fala
 Dislexia mista: é a união de dois ou mais tipos de
dislexia. Com isso, o portador poderá ter, por exemplo,
dificuldades visuais e auditivas ao mesmo tempo.

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Sintomas
Primeiros Sinais: Primeira Infância:

Segundo Paula Teles, especialista em dislexia:

 Os primeiros sinais indicadores de possíveis dificuldades na


linguagem escrita surgem a nível da linguagem oral. O atraso
na aquisição da linguagem pode ser um primeiro sinal de
alerta para possíveis problemas de linguagem e de leitura.

 As crianças começam a dizer as primeiras palavras com cerca


de um ano de idade e a formar frases entre os 18 meses e os
dois anos. As crianças em situação de risco podem só dizer
as primeiras palavras depois dos 15 meses e dizer frases só
depois dos dois anos. Este ligeiro atraso é frequentemente
referido pelos pais como uma característica familiar.

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Sintomas
Na Educação Infantil, entre 2 e 6 anos:

 Baixo desenvolvimento da atenção.


 Dispersão
 Atraso no desenvolvimento da linguagem. Frases curtas,
palavras mal pronunciadas, com omissões e substituições de
sílabas e fonemas.
 Dificuldade em aprender rimas e canções.
 Falta de interesse por livros.
 Dificuldade em aprender o alfabeto e recordar os nomes e os
sons das letras, números, nomes de cores, de pessoas, de
lugares e objetos
 Não saber as letras do seu nome próprio.
 Baixo desenvolvimento da coordenação motora.
(Teles, 2004)

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Sintomas
No Primeiro Ano de Escolaridade:

 Dificuldade na aquisição dos conceitos temporais e


espaciais básicos: ontem/amanhã; direita/esquerda; depois
/ antes...
 Dificuldade em compreender que as palavras se podem
segmentar em sílabas e fonemas.
 Dificuldade em associar as letras aos seus sons, em
associar a letra “ éfe ” com o som [f].
 Erros de leitura por desconhecimento das regras de
correspondência grafo-fonêmica: vaca/ faca;
janela/chanela; calo/galo...
(Teles, 2004)

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Sintomas
A partir do segundo ano de escolaridade

PROBLEMAS DE LEITURA

 Progresso muito lento na aquisição da leitura e ortografia.


 Dificuldade, necessitando de recorrer à soletração, quando
tem que ler palavras desconhecidas, irregulares e com
fonemas e sílabas semelhantes.
 Insucesso na leitura de palavras multissilábicas. Quando está
quase a concluir a leitura da Palavra, omite fonemas e sílabas
ficando um “buraco” no meio da palavra: biblioteca /
bioteca...
 Substituição de palavras de pronúncia difícil por outras com o
mesmo significado: carro/automóvel...
(Teles,
2004)

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Sintomas
CONTINUAÇÃO: PROBLEMAS DE LEITURA:

 Desagrado e tensão durante a leitura oral, leitura


sincopada, trabalhosa e sem fluência.
 Dificuldade em terminar os testes no tempo
previsto.
 Erros ortográficos frequentes nas palavras com
correspondências grafo-fonêmicas irregulares.
 Caligrafia imperfeita.
 Os trabalhos de casa parecem não ter fim, ou com
os pais recrutados como leitores.
(Teles, 2004)

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Sintomas
A partir do segundo ano de escolaridade

PROBLEMAS DE LINGUAGEM:

 Discurso pouco fluente com pausas, hesitações;


 Pronúncia incorreta de palavras longas, não familiares e
complexas.
 Uso de palavras imprecisas em substituição do nome exato: a
coisa, aquilo, aquela cena...
 Dificuldade em encontrar a palavra exata, humidade /
humanidade...
 Dificuldade em recordar informações verbais, problemas de
memória a curto termo: datas, nomes, números de telefone,
sequências temporais, algoritmos da multiplicação…
(Teles,
2004)

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Sintomas
A partir do segundo ano de escolaridade
EVIDÊNCIA DE ÁREAS FORTES NOS PROCESSOS COGNITIVOS
SUPERIORES:
 - Boa capacidade de raciocínio lógico,
conceitualização, abstração e imaginação.
 - Maior facilidade de aprendizagem dos
conteúdos compreendidos do que memorizados
sem integração numa estrutura lógica.
 - Melhor compreensão do vocabulário
apresentado oralmente, do que do vocabulário
escrito.

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Sintomas - Ensino médio
 Leitura vagarosa e com muitos erros
 Permanência da dificuldade em soletrar

palavras mais complexas


 Dificuldade em

1. Planejar e fazer redações


2. Reproduzir histórias
3. Habilidades de memória

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Sintomas - Adultos
 Permanência da dificuldade em escrever em
letra cursiva
 Dificuldade em planejamento e organização
 Dificuldade com horários (adiantam-se,

chegam tarde ou esquecem)


 Falta do hábito de leitura
 Normalmente tem talentos espaciais

(engenheiros, arquitetos, artistas)

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DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO

O diagnóstico é sempre feito por uma equipe


multidisciplinar, que envolve profissionais de:
 Neurologia
 Psicologia
 Neuropsicologia
 Fonoaudiologia
 Psicopedagogia.

Fonte: Sandra Ribeiro

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Intervenções Psicopedagógicas
1. Atividades que permitem desenvolver a lateralidade e
orientação espacial:
 Executar traçados simétricos
 Completar sequências lógicas.
 Executar percursos a partir de orientações
 Reconhecer a direita e a esquerda em diferentes situações:
 Espaços
 Em si e noutras pessoas tanto de frente como de costas
 Em desenhos
 Resolver labirintos
 Ordenar figuras desenhadas
 Construir e fazer puzzles
 Efetuar grafismos
(Lima, 2012)
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Intervenções Psicopedagógicas
2. Atividades que permitem desenvolver a memória visual
 Distinguir letras que apresentam formas equivalentes
 Fazer a correspondência entre letras ou conjuntos iguais
 Descobrir o “intruso” em desenhos
 Resolver sopa de letras
 Identificar letras
 Identificar num determinado conjunto o número de

vezes que um dos seus elementos se repete


 Descobrir as diferenças
 Memorizar pormenores em diferentes situações

(Lima, 2012)

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Intervenções Psicopedagógicas
3. Atividades que permitem ajudar na leitura e escrita
 Palavras cruzadas
 Jogo da forca
 Alterar letras mudando o significado.
 Adição de letras
 Acentuação
 Rimas e Parlendas
 Provérbios
 Antônimos e sinônimos
 Reconhecer frases verdadeiras e falsas
 Melhorar a velocidade da leitura
 Pontuação
 Formação do plural / Feminino / Masculino / Diminutivos
 Ordenar sílabas
 Identificar palavras com grafia idêntica, mas com pronúncia
diferente.
 Aplicar casos especiais da leitura
(Lima, 2012)
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Intervenções Psicopedagógicas
4 Atividades que permitem ajudar na Compreensão
 Identificar a ideia principal e os intervenientes de um texto
 Ordenar frases de textos
 Ilustrar um texto (mais jovens)
 Fazer esquemas resumo de diferentes temas
 Fazer resumos
 Resolver enigmas e problemas
 Fazer sequência de histórias
 Relacionar listas de palavras
 Descobrir palavras intrusas
 Completar bandas desenhadas
(Lima, 2012)

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Intervenções Psicopedagógicas - JOGOS
COMPETÊNCIAS A ESTIMULAR

Educação infantil Ensino fundamental Ensino médio


Observar Enumerar Refletir
Conhecer Transferir Criar
Comparar Demonstrar Conceituar
Localizar Debater Interagir
Separar/reunir Deduzir Especificar
Medir Analisar Ajuizar
Relatar Julgar/avaliar Discriminar
Combinar Interpretar Revisar
Conferir Provar Descobrir hipóteses
Classificar Concluir
Criticar Seriar 20
Recomendações aos Professores

Um aluno disléxico:
 Deve sentar-se numa carteira à frente na sala de aula;

 Deve ter apoio pedagógico acrescido às disciplinas de Inglês/Francês, Português

e matemática (Escolher de forma que não haja excesso na carga horária do


aluno).
 Deve ser avaliado essencialmente pela oralidade;

 Deve iniciar os testes de avaliação após estes já terem sido lidos pelo professor.

 Não deve ser penalizado pelos seus erros ortográficos;

 Deve ser avaliado mais pelo conteúdo das respostas do que pela forma como

estão escritas e estruturadas;


 Deve ser permitido em determinadas circunstâncias que a composição seja feita

em casa.
 O professor deve usar diferentes materiais de suporte na aula: projeto, vídeos e

demonstrações práticas;
 Deve ser estimulado a resolver todos os exercícios e elogiado sempre pelo

esforço e pelos sucessos, valorizando as suas iniciativas de forma a aumentar a


sua autoestima;
 Perguntar-lhe se ficou alguma dúvida na exposição da matéria;

 Lembrar-lhe de anotar datas de testes, tarefas e pesquisas;

 Pedir-lhe para anotar explicações que não constem no texto;

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Direitos assegurados ao aluno com dislexia:

A lei 9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação),


por exemplo, prevê:

 – que a escola o faça a partir do artigo 12, inciso I, no que diz


respeito à elaboração e à execução da sua Proposta Pedagógica;
 – que a escola deve prover meios para a recuperação dos alunos
de menor rendimento (inciso V);
 – que se permita à escola organizar a educação básica em séries
anuais, períodos semestrais e ciclos, alternância regular de
períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade,
na competência e em outros critérios ou por forma diversa de
organização (artigo 23);
 – que a avaliação seja contínua e cumulativa, com a prevalência
dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período (artigo 24, inciso V, a alínea a).

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Dicas para Pais de Disléxicos
Estas são algumas dicas/estratégias para pais que poderão
revelar-se importantes:
 Estimular sua autoestima.
 Incentivar a prática de exercício físico, em que se promova o atirar, capturar,
chutar bolas, saltar e treinar o equilíbrio;
 Incentivar a prática de atividades lúdicas e artísticas, como dança, pintura ou
outra que a criança se sinta inclinada;
 Incentivar o gosto pela leitura, usando a linguagem dos livros — as imagens,
as palavras e as letras — para perceber que os livros podem ser analisados,
lidos e desfrutados, vezes sem conta;
 Mostrar como segurar num livro, de que forma ele abre, onde começa a
história, onde é o topo da página e que direção segue o texto, apreciar as
imagens;
 Promover o aspecto cultural: visitar museus, assistir peças de teatro ou
musicais, conhecer outras cidades, etc
 Ajudar a criança disléxica a aprender a seguir instruções, por exemplo, “por
favor pega no lápis e coloca-o na caixa”, e fazer gradualmente sequências
mais longas, por exemplo, “ir à prateleira, encontrar a caixa vermelha, trazê-
la para mim”.
 Incentivar a criança disléxica a repetir a instrução antes de a realizar.

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Veja abaixo uma lista de alguns dos disléxicos que
tiveram uma excelente carreira profissional:
 Alexander Graham Bell – inventor do telefone
 Walt Disney – criador de disney world
 Lewis Carroll – autor das aventuras de Alice no
País das Maravilhas
 Richard Branson – empresário, fundador do
Grupo Virgin, que consiste em mais de 400
empresas.
 Albert Einstein – o físico que desenvolveu a
teoria da relatividade.
 Leonardo da Vinci – pintor, cientista e
matemático.
 Jules Verne – autor de ficção científica
 Tom Cruise – ator
 Steve Jobs – co-fundador da Apple Inc.
 John Lennon – músico, um dos Beatles.
 Jay Leno – apresentador
 Jamie Oliver – famoso chef
 Keanu Reeves – ator
 David Rockefeller – empresário e filantropo
Fonte: biosom
 Steven Spielberg – diretor de cinema
 Magic Johnson – Jogador de basquete

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Referências Bibliográficas
 Associação Nacional de Dislexia. Em: http://www.andislexia.org.br/hdl6_12.asp
 American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-IV.
Washington, DC: American Psychiatric Association; 2000.
 CIASCA,S.M. Distúrbios de Aprendizagem: Proposta de Avaliação Interdisciplinar. Campinas: Casa do
Psicólogo, 2003.
 ELIASSEN, E. S.; SANTANA, A. P. O. O discurso sobre a Dislexia no DSM-5 e suas implicações no processo de
medicalização da educação. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 5, p.
2883-2898, dez. 2020. e-ISSN: 1982- 5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp5.14564
 MOUSINHO, R; NAVAS, A. L. Mudanças apontadas no DSM-5 em relação aos transtornos específicos de
aprendizagem em leitura e escrita. Rev Deb Psiq, v. 6, n. 3, p. 38-45, 2016.
 PIAGET, Jean. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
 SNOWLING, Margaret; STACKHOUSE, Joy. Dislexia, Fala e Linguagem – Um Manual do Profissional.
Tradução Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed,2004.
 RIBEIRO, Florbela Lopes. A Criança Disléxica e a Escola. 2008. Monografia (Pós-Graduação em Educação
Especial) Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto, 2008, p. 49.
 TELES, Paula. Dislexia. Como Identificar? Como Intervir? In: Revista Portuguesa de Clínica Geral - Dezembro
de 2004 (Atualizado)
 LIMA, Silvana. http://silvanapsicopedagoga.blogspot.com/2012/07/dislexia-do-diagnostico-intervencao.html
 http://www.dislexia.org.br
 https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-dislexia-causa-sintomas-diagnostico-e-tratamento/
 https://biosom.com.br/blog/saude/dislexia/
 http://www.dislexia.org.br/category/artigos/
 https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia-na-educacao-intervencao-psicopedagogica
 http://educamais.com/dicas-para-pais-de-dislexicos/

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Obrigada

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