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GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1

ÍNDICE
1. Anamnese ................................................................................................ 3
2. Exame Físico ........................................................................................... 5
3. Semiologia Cabeça e Pescoço ................................................................. 9
4. Semiologia Cardiovascular ...................................................................... 14
5. Semiologia Respiratória .......................................................................... 27
6. Semiologia Digestiva .............................................................................. 37
7. Semiologia do Sistema Urinário ............................................................. 51
8. Semiologia Neurológica .......................................................................... 55
9. Semiologia Endócrina ............................................................................. 77
10. Semiologia do Sistema Locomotor ........................................................ 84
11. Semiologia do Sistema Vascular ...............................................................93

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ANAMNESE
• Tópicos fundamentais da clínica médica: diagnóstico, tratamento, prognóstico e
prevenção. Dentre os instrumentos para diagnóstico, a anamnese é a principal
ferramenta disponível.
• Consiste na reconstituição dos fatos relacionados a doença e vida do paciente.

Roteiro da Anamnese
• Indispensável saber ouvir e deixar o paciente contar sua história, da sua maneira.
• Inicia-se com a sua apresentação e o propósito do entrevistador.
• Iniciar a anamnese com uma pergunta aberta, dê tempo para o paciente responder e
assuma uma atitude de quem está ali para ouvir  empregar perguntas mais focadas
quando já estiver ouvido o paciente suficiente para ter alguma idéia diagnóstica.
• Objetivos: identificar o paciente, definir claramente sua queixa principal, detalhar
como a queixa principal ocorreu e como evoluiu até o momento da entrevista e
revisar sintomas que possam ter significância clínica. Deve também revisar como
foi o desenvolvimento, a ocorrência de patologias prévias e o seu manejo, pesquisar
a presença de sintomas ou diagnósticos significativos na família no círculo social
próximo; definir as condições sociais que favorecem os desfavorecem o paciente ou
modificam o risco e o prognóstico das patologias em questão.
• Queixa Principal: formulada a partir das palavras da pessoa, indica quais os motivos
do paciente para a busca de auxílio médico.
• Os sintomas do paciente devem ser definidos claramente (ex.: se a queixa é cansaço,
definir se há perda de força, dispnéia, perda da vontade ou fatigabilidade).

Elementos Básicos da Anamnese


• Identificação: nome, leito, registro, idade, sexo, raça/cor, estado civil, profissão e
respectivo local de trabalho, naturalidade, procedência, religião, responsável, etc.
• Queixa Principal (ou motivo da internação): poucas palavras (máximo 3), procurar
usar expressão utilizada pelo paciente e evitar rótulos diagnósticos.
• História da Doença Atual (HDA): relatar tudo que estiver relacionado à queixa
principal, características específicas da queixa, início e evolução, duração,
localização dos sintomas (e irradiação), relação com outros sintomas, relação com
outros órgãos, situações que aliviam e que agravam os sintomas. É importante
relatar doenças preexistentes: doenças que o paciente apresenta no momento da
consulta e medicações em uso (utilizar nome do genérico ou especificar como marca
registrada).
• Revisão de Sintomas: busca reconhecer enfermidades que não tenham relação com o
quadro sintomatológico registrados na HDA  geral e nutrição, pele, cabeça, olhos,
ouvidos, nariz e seios paranasais, boca e orofaringe, pescoço, mamas, sistema
respiratório, circulatório, digestivo, geniturinário, endócrino, musculoesquelético,
nervoso e psiquismo.
• História Médica Pregressa: gestação e nascimento, desenvolvimento, puberdade,
menarca e ciclo menstrual, doenças prévias, cirurgias e internações prévias,
imunizações, uso de drogas, alcoolismo, tabagismo, alergias, transfusões de sangue.
 Nos casos de vícios é importante relatar tipo de droga, data de início e término
(se houver) e quantidade.
• História Familiar: Cônjuge, filhos, pais e irmãos, falecimentos (causa e idade),
doenças mais comuns (enxaqueca, diabetes, tuberculose, HAS, asma, cardiopatias,

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câncer, doenças alérgicas, úlcera péptica, colelitíase e varizes). Investigar hábitos de
vida (alimentação, habitação, ocupação atual e anteriores, atividade física).
• Perfil Sócio-Econômicas: educação, estilo de vida, com quem mora, rendimentos
mensais, situação profissional, dependência de familiares, dependência de
instituições, custo de medicação, nível cultural, vida conjugal, ajustamento familiar,
boa relação.

Revisão de Sintomas agrupados em Sistemas


 Geral e nutrição: febre, calafrios, peso e variações, fraqueza, fadiga, sudorese,
história prévia de anemia, predisposição e sangramentos.
 Pele: ictérica, lesões, prurido, alopecia, hirsutismo, lesões ungueais.
 Cabeça: tonturas, cefaléia, dor facial.
 Aparelho Ocular: alteração da visão, prurido, secreção, lacrimejamento, sensação
de corpo estranho, fotofobia, diplopia, dor ocular, catarata, glaucoma (também
história familiar).
 Aparelho Auditivo: deficiência auditiva, vertigem, dor, secreção, zumbido,
sensação de pressão.
 Nariz e seios paranasais: epistaxe, secreção, prurido, crises de espirro, história de
pólipo.
 Boca e orofaringe: lesões da mucosa, alterações nos dentes, estomatorragia, gota
pós-nasal.
 Pescoço: disfonia, protuberâncias, dor ao movimento, disfagia, odinofagia, doença
da tireóide.
 Mamas: nódulos, secreção, dor, relação dos sintomas com o ciclo menstrual, auto-
exame, história familiar de mastopatia.
 Sistema Respiratório: dor torácica, dispnéia, tosse, expectoração, hemoptise,
sibilância (“chiado”).
 Sistema Circulatório: dor torácica, hipertensão arterial. Palpitações, dispnéia aos
esforços, dispnéia paroxística noturna, ortopnéia, história de infartos do miocárdio
ou febre reumática, sopros, claudicação intermitente, edema de extremidades,
varizes, tromboflebite, alterações tróficas.
 Sistema Digestório: apetite, dor abdominal, distensão abdominal, uso crônico de
laxantes, vômitos, hematêmese, náuseas, pirose, hábitos intestinais, hematoquezia,
enterorragia, melenas, fezes em fita, acolia.
 Sistema Geniturinário: noctúria, polaciúria, urgência, incontinência, ardência
miccional, hematúria, colúria, eliminação de cálculos, dor no flanco, lesões
genitais, infertilidade, histórias de DST, pruridos, sangramentos.
 Sistema Endócrino: intolerância ao calor e ao frio, alterações dos pêlos, mixedema,
retardo psicomotor (ou aceleração), polifagia, polidipsia, poliúria, retardo do
crescimento, hirsutismo.
 Sistema Musculoesquelético: fraqueza, artralgia, mialgia, dor a mobilização,
limitações dos movimentos, deformidades, traumatismos, cãibras.
 Sistema Nervoso e Psiquismo: paralisia, parestesia, síncope, história de transtornos
circulatórios encefálicos, movimentos involuntários, amnésia, disfasia, alterações
da marcha.

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EXAME FÍSICO
• Estado Geral
- BEG: bom estado geral.
- REG: regular estado geral.
- PEG: péssimo estado geral.
• Nível de Consciência: consciente (LOC = lúcido orientado e consciente), estado de
vigília, obnubilado, sonolência, confusão mental, delírio, torpor, coma.
• Mucosas:
- Coloração: normo/hipo/descoradas, cianose, icterícia.
- Umidade: normal ou secas. (ex.: MUC = mucosas úmidas e coradas)
- Presença de lesões
• Tipos de Fácies: normal, hipocrática, renal, leonina, adenoideana, hipertireoidismo,
mixedematosa, acromegálica, cushingóide.
• Pele: coloração, integridade, umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade,
mobilidade, turgor, sensibilidade, lesões elementares.

LESÕES CUTÂNEAS LOCALIZADAS


 Lesões primárias, planas: Mácula (<1 cm) e Mancha (>1 cm).
 Lesões primárias com conteúdo líquido: Vesícula (<0,5cm), Bolha (>0,5 cm) e
Pústula.
 Lesões primárias sólidas: Pápula (< 1 cm), Nódulo (1-2 cm), Tumor (>2 cm) e
Placa.
 Outras lesões primárias: Comedão, Túnel, Cisto, Abscesso, Furúnculo, Carbúnculo,
Milia.
 Lesões secundárias, abaixo do plano da pele: Erosão, Úlcera, Fissura, Escoriação,
Atrofia, Esclerose.
 Lesões secundárias, acima do plano da pele: Escama e Crosta.
 Outras lesões: Eritema, Petéquias (<0,5 cm), Púrpura (> 0,5 cm), Equimose,
Telangiectasia, Cicatriz, Quelóide, Liquenificação.

• Fâneros: cabelos, pêlos e unhas.


• Cabeça: olhos, ouvidos, nariz e boca.
• Glândula Tireóide: inspecionar e palpar (tamanho, consistência, nodularidade).
• Linfonodos: localização, tamanho, consistência, mobilidade, sensibilidade,
alterações da pele.
• Sinais Vitais: pressão arterial (mmHg), freqüência cardíaca (bpm), freqüência
respiratória (mpm), temperatura axilar (ºC).
• Aparelho Cardiovascular: pulsos, inspeção, palpação e ausculta.
• Aparelho Respiratório: inspeção, palpação, percussão e ausculta.
• Abdômen: inspeção, palpação, percussão e ausculta.
• Extremidades: edema, perfusão, temperatura, pulsos, varizes, úlceras.
• Exame Neurológico: pescoço e coluna cervical, coluna lombossacra, nervos
raquianos, marcha e equilíbrio, motricidade, tono muscular, coordenação, reflexos,
sensibilidade, nervos cranianos.
• Exame Osteoarticular: inspeção e palpação

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ROTEIRO DE EXAME FÍSICO
Posição do Discriminação Abordagem
Paciente
Sentado Examinador na frente do 1. aparência geral.
paciente 2. unhas e mãos.
3. músculos e articulações dos MsSs.
4. pulsos radiais (freqüência e ritmo).
5. PA.
6. cabeça (escalpo e face).
7. movimentos oculares e reação pupilar,
exame de fundo de olho.
8. escleróticas, conjuntivas.
9. orelhas e audição
10. fossas nasais
11. boca, orofaringe e dentição.
12. turgor cutâneo.
13. veias jugulares (paciente em posição
45º)
14. fúrcula esternal
Examinad 15. coluna cervical e ombro.
or atrás do 16. linfonodos da cabeça e pescoço.
paciente 17. tireóide.
18. parede torácica posterior (inspeção e
Exame tórax palpação).
respiratório 19. punho-percussão da coluna vertebral/
lombar e da parede posterior do tórax.
20. ausculta dos pulmões
Deitado Examinad Gineco 21. mamas e mamilos
or do lado Cardio 22. linfonodos axilares
direito 23. veias do pescoço e carótidas
24. ictus: inspeção e palpação.
25. palpação do tórax anterior: frêmitos,
sopros.
26. ausculta do precórdio
27. ausculta das carótidas.
Abdômen 28. inspeção do abdômen.
29. palpação superficial e profunda do
abdômen.
30. palpação do fígado.
31. palpação do baço.
32. palpação das áreas inguinais e femorais.
Extremidade
33. palpação da musculatura dos MsIs.
inferior
34. movimento articular dos MsIs.
35. pesquisa de edema.
36. palpação das artérias pediosas, tibiais
posteriores e poplíteas.
37. pesquisa do reflexo cutâneo plantar.
38. força muscular
Em pé 39. marcha
40. equilíbrio.

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EXAME FÍSICO DIVIDIDO POR REGIÕES

CABEÇA E PESCOÇO
1 Mucosas (conjuntivas inclusive)
2 Fâneros (cabelos, face).
3 Fácies
4 Dentes
5 Língua
6 Tireóide
7 Linfonodos Reto e Retro Auricular
8 Linfonodos Occipitais
9 Linfonodos Cervicais (Posteriores e Anteriores - Sup e Prof)
10 Linfonodos Submandibulares
11 Linfonodos Submentonianos
12 Tonsilas
13 Fúrcula esternal
14 Carótidas (ausculta e palpação)
15 Jugular (turgência)
16 Turgor Cutâneo
17 Pele (lesões)
18 Pupilas (movimento ocular)
EXTREMIDADES
19 Pulsos (radial, braquial, axilar).
20 Pulsos (femoral, poplíteo, tibial posterior, pedioso).
21 Distribuição dos Fâneros
22 Unhas (baqueteamento)
23 Perfusão
24 Edema
25 Coloração
26 Temperatura
27 Panturrilha
28 Varizes
29 Alterações articulares
30 Linfonodos Axilares
31 Linfonodos Inguinais
PULMÃO
32 Inspeção Estática - Forma (escavatum, carinatum, barril, chato).
33 Inspeção Estática - Lesões
34 Inspeção Estática - Aranhas Vasculares ou circulação colateral
35 Inspeção Dinâmica - Tipo de respiração (torácica ou abdominal)
36 Inspeção Dinâmica - Tiragem
37 Freqüência Respiratória - Eu, Taqui ou Bradipneico (avaliar por 1 minuto).
38 Linfonodos Supraclaviculares

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39 Frêmito tóraco vocal (anterior, posterior e lateral).
40 Percussão (anterior, posterior e lateral) - todos espaços intercostais.
41 Ausculta (anterior, posterior e lateral).
CORAÇÃO
42 Inspeção - Ictus cordis
43 Palpação - fúrcula esternal e ictus cordis
44 Ausculta - Mitral, Tricúspide, Aórtica, Pulmonar
45 Ritmo (Regular, irregular ou regular com extra sístole).
46 Freqüência cardíaca - avaliar por 1 minuto
47 Tempos - 2 Tempos, etc.
48 Bulhas - (normo, hipo, hiperfonéticas).
49 Sopros
ABDOMEN
50 Inspeção (forma, circulação venosa colateral, estrias, aranha vascular).
51 Ausculta (antes da palpação) - Ruídos Hidroáreos
52 Palpação superficial
53 Palpação profunda
54 Fígado (palpação, percussão, limites) - borda, superfície e consistência.
55 Cólon Sigmóide
56 Baço - o normal é não palpar
57 Piparote
58 Blumberg
59 Rim (palpação anterior - o normal é não sentir)
60 Aorta Abdominal - inspeção

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SEMIOLOGIA CABEÇA E PESCOÇO
CABEÇA E PESCOÇO: inspecionar tamanho e forma, movimentos e superfície.
 Pele: Coloração, Integridade, Umidade, Textura, Espessura, Turgor, Temperatura,
Elasticidade, Mobilidade, Sensibilidade, Lesões elementares.
 Mucosas
- Coloração: Normo/hipo/descoradas. Cianose, Icterícia
- Umidade: Normal ou Secas
- Presença de lesões

Couro cabeludo
• Palpar o couro cabeludo buscando protuberâncias ósseas dolorosas, descamações
e/ou lesões na epiderme.
• Apreciar textura e quantidade de cabelo
- Calvície: perda normal de cabelos
- Alopecia: perda não localizada (patológico)
• Hirsutismo: pêlos grossos, longos e duros com distribuição normal (distúrbio
hormonal).
• Hipertricose: crescimento de pêlos em regiões onde não deveria ocorrer.

Olhos
• Inspecionar movimentos oculares, campo visual, exame da retina e fundo do olho.
• Acuidade visual, inspecionar conjuntiva e escleróticas.
- Conjuntiva: MUC (mucosas úmidas e coradas), ictérica, sinal do guaxinim
(fratura de base de crânio), xantilasma (acúmulo de gordura na parte medial do
olho – dislipidemia).
• Globo Ocular: situação, volume e posição.
- Exoftalmia: protuberância do olho anteriormente para fora da órbita.
- Enoftalmia: afundamento do globo ocular dentro da órbita.
- Estrabismo: perda de paralelismo entre os olhos.
- Nistagmo: oscilações repetidas e involuntárias rítmicas de um ou ambos os
olhos.
• Pupilas: testar reação pupilar à luz (reflexo fotomotor e consensual).
- isocóricas: normal.
- midriática: morte cerebral.
- anisocóricas: uma diferente da outra
• Ptose palpebral: 3º par craniano
- unilateral: neoplasia de ápice de pulmão
- bilateral: miastenia gravis

Ouvidos
• Sintomas freqüentes:
- otalgia: dor de ouvido.
- otorréia: fluxo não hemorrágico pelo conduto auditivo externo.
- otorragia: saída de sangue pelo ouvido.
- hipoacusia: persa da sensibilidade auditiva.
- paracusia: distorção dos sons.
- vertigem: sensação de movimento do paciente ou do ambiente indica patologia
vestibular.

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• Inspecionar ouvido externamente e com otoscópio
- Tímpano inflamado: perda da cor e se torna eritematoso, é possível observar
secreções purulentas.

Nariz e Seios Paranasais


• Sintomas freqüentes: espirros, coceira, epistaxe (sangramento nasal), obstruções
nasais, rinoliquorréia (saída de LCR pela cavidade nasal), dor facial (sinusite,
cefaléia e dores neurológicas).
• Alterações no olfato:
- Anosmia: perda do olfato (endonasal ou endocranial)
- Hiperosmia: aumento da sensação olfatória.
- Cacosmia: sensação constante ou freqüente de odor desagradável.
- Parosmia: percepção olfatória errônea do odor.
• Inspecionar septos e cornetos.

Boca e Glândulas Salivares


• Alterações da cavidade bucal:
- Queilite: inflamação da mucosa e dos lábios (deficiência de vitamina B).
- Glossodínea: língua dolorosa, acompanhada frequentemente de hipovitaminose
B e déficit de ferro sérico nos casos de anemia.
- Glossite: inflamação da língua
- Asialia: falta de saliva.
- Tialismo: aumento da quantidade de saliva.
- Halitose: mal odor devido fundamentalmente a má higiene.
- Gengivorragia: sangramento da gengiva
- Agusia: perda total do gosto.
- Paragusia: percepção diferente dos sabores.
- Macroglossia: tamanho excessivamente grande da língua (acromegalia e
hipotireoidismo).
- Microglossia: tamanho pequeno da língua.
• Avaliar a mobilidade da boca e da língua.
• Inspecionar arcada dentária.
- Anadontia: falta completa dos dentes.
- Presença ou não de dentes sépticos.
• Língua: avaliar em repouso e seus movimentos (12º par craniano). A língua normal
é úmida e tem cor avermelhado escuro.
- língua não patológica: geográfica, pilosa, escrotal.
- língua patológica: cândida.
• Lábios: leporino, lesões ulceradas (carcinomas), herpes (na linha de transição do
lábio com a pele).
• Glândulas Salivares:
- palpar glândula parótida e submaxilares.

Laringe e Faringe
• Alterações:
- Disfonia: alteração da qualidade da voz.
- Ronqueira: é um tipo de disfonia em que predomina o som grave.
- Odinofonia: dor ao emitir som
- Odinofagia: deglutição dolorosa.
- Dispnéia: sensação subjetiva da falta de ar relacionado com a laringe.

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• Palpação: osso hióide, cartilagem tireóide e cartilagem cricóide.
• Inspeção das amídalas: tamanho e aspecto

Cadeias Ganglionares
• Palpar gânglios da cadeia cervical posterior, retoauriculares, retroauriculares,
submaxilares e submentonianos.

Fácies
• Normal
• Fácies tetânica ou sardônica: é das mais típicas e de excepcioal valor diagnóstico;
observa-se contratura muscular da face, com acentuação dos sulcos naturais,
enrugamento da região frontal e modificação do aspecto da boca (lábios distendidos
transversalmente como para sorrir = riso “cínico” produzido pela contratura tônica
dos músculos faciais dos músculos masseteres e peribucais); sobrancelhas
contraídas; olhar fixo e angustiado; o conjunto dá ao doente a aparência de quem
esboça um riso forçado (trismo), pela hipertonia dos músculos da mímica, o que
constitui o chamado “riso sardônico”.
• Hipocrática: mucosas úmidas, nariz afilado, enoftalmia e cianose nos lábios
(peritonite aguda).
• Renal: edematosa, pele pálida, edema bipalpebral (pálpebras entumescidas; olhos
“empapuçados”); “face de lua cheia”.
• Fácies cushingóide: parece também de “lua cheia”, rosto arredondado devido ao
depósito de gordura; pele brilhante e mais ou menos rosada; acne e hirsutismo
podem ser observados; não há intumescimento das pálpebras e os olhos
permanecem com aspecto natural, diferindo da fácies renal e mixedematosa, em que
há infiltração das pálpebras (lupus eritematoso sistêmico).
• Hipertireoidismo: visão fixa, rigidez da expressão, exoftalmia.
• Hipotireoidismo: face redonda, pele seca, pálida, visão triste e voz arrastada.
• Mixedematosa: é própria do hipotireoidismo; observa-se intumescimento difuso
(infiltração edematosa) do rosto, pálpebras semicerradas, tornando os olhos
pequenos; lábios grossos, boca semi-aberta com macroglossia; pele pálida e seca,
face inexpressiva e sonolenta; apatia, expressão letárgica, indiferente, sem
vivacidade; supercílios escassos; madarose (queda dos supercílios nos terços
externos); a alteração da pele é o sinal que chama mais atenção - observa-se uma
tumefação difusa, lembrando uma almofada (diferente do edema comum, não cede à
pressão digital), principalmente na face e dorso das mãos; a pele do rosto é
amarelada, com poucos pêlos, rosto com expressão sonolenta.
• Acromegálica: aspecto grotesco; proeminência dos ossos frontais e malares; há
acentuado desenvolvimento da mandíbula (prognatismo acentuado = proeminência
da mandíbula [maxilar inferior]), evidente crescimento do nariz, da língua
(macroglossia) e dos lábios (lábios volumosos = macroqueilia) e orelhas, dando à
fisionomia um aspecto grosseiro; pálpebras espessas; espessamento e alongamento
das orelhas; as sobrancelhas longas, duras e espessas se reúnem no centro sobre o
nariz (sinofre ou sinofridia); há crescimento excessivo das partes moles distais do
corpo (onde existem condroblastos, há crescimento), principalmente extremidades;
hiperpituitarismo.
• Fácies parkinsoniana: representada por uma fisionomia inexpressiva, mímica facial
diminuída; olhar parado, vago e fixo; omobilidade palpebral e elevação dos

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supercílios; cabeça um pouco inclinada para frente; esse conjunto dá a impressão de
uma figura de máscara: “fácies de máscara”.
• Fácies leonina ou lepromatosa: nas fases avançadas da lepra lepromatosa; infiltração
da pele - o rosto é deformado pelos múltiplos tubérculos, face com rugas rígidas,
principalmente ao nível das regiões malares, aletas nasais, fronte e mento.
• Fácies lúpica: eritema facial em asa de borboleta (vespertílio).
• Fácies de paralisia facial: evidente assimetria do rosto, desvio da comissura labial
para o lado são (paralisia dos músculos antagônicos), aumento da fenda palpebral e
desaparecimento dos sulcos faciais do lado paralisado; na paralisia facial periférica,
o doente não consegue enrugar a testa do lado lesado por comprometimento do
nervo facial superior, o que não ocorre na paralisia central.
• Fácies miastênica: ptose palpebral bilateral, com enrugamento da testa; paralisia de
certos músculos (distúrbio na transmissão neuromuscular) - fraqueza muscular
acometendo principalmente a musculatura ocular; essa fácies apresenta a
particularidade de não ser permanente, pois o doente geralmente, pela manhã tem a
face normal e no decorrer do dia, ela se transforma, aparecendo blefaroptose
bilateral, mais acentuada de um lado; ptose: achado mais freqüente; os olhos são
imóveis (olho sonolento de Hutchinson) e o doente, para enxergar, é obrigado a
elevar a cabeça para trás; completa a fácies a debilidade dos músculos dos lábios e
das bochechas; também pode ser reconhecida no acidente ofídico crotálico ou
elapídico = ambas as serpentes veiculam agentes neurotóxicos através de sua
peçonha.

Pescoço
• Inspeção: tamanho, forma, simetria, deformidades e palpitações.
- Verificar alinhamento postural.
- Avaliar os movimentos ativos: flexão, extensão, rotação e inclinação.
- Avaliar turgência jugular (paciente em ângulo de 45º)  bilateral: IC,
unilateral: IC ou Pneumonia.

• Auscultar Artérias Carótidas: presença ou não de sopro.


• Palpação: zonas posteriores, anteriores e laterais.
- coluna cervical: processos espinhosos, vértebras.
- avaliação dos músculos: mão em pinça fazendo rotação do pescoço.
- palpação da glândula tireóide: tamanho, consistência, forma, simetria,
mobilidade e sensibilidade. Palpação é feita por traz do paciente com as duas

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mãos sobre o pescoço (ístimo da glândula localiza-se abaixo da cartilagem
cricóide) pedindo para que o paciente faça deglutição de saliva.
- palpação das veias e artérias.
- gânglios linfáticos cervicais: no trajeto da jugular interna (anteriores: bordo
anterior do músculo. Esternocleidomastoideo e posteriores: bordo posterior do
músculo. Esternocleidomastoideo).

Palpação da Glândula Tireóide

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SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR
1. SINAIS E SINTOMAS

Dispnéia
• Sensação de falta de ar gerada pela percepção de aumento de esforço muscular para
realizar a manobra de respiração.
• Características: relação com o decúbito, relação com esforços, sintomas associados,
instalação, duração, evolução do quadro, fatores de risco associado, fatores de alívio
e agravo e doenças pré-existentes.
• Etiologia: quando ocorre o aumento da pressão diastólica final no VE em resposta a
doença, tal aumento reflete em todo o sistema venoso pulmonar, ficando a pressão
média dos capilares pulmonares igual à pressão diastólica final do VE. Com isso
ocorre aumento da pressão hidrostática nos capilares pulmonares extravasando
líquido do capilar para interstício e para os alvéolos, causando congestão pulmonar.
O pulmão reduz sua expansão e o número de alvéolos funcionais, causando
dispnéia.
• Reflete ICE.
• Sinal clínico é a tiragem intercostal (utilização da musculatura acessória
respiratória).
• Ruídos pulmonares encontrados são estertores (crepitações) basais.
• Gravidade crescente da dispnéia: quanto maior a pressão capilar pulmonar, pior a
dispnéia.
• Tipos de Dispnéias:
- Cardíaca: dispnéia aos esforços que piora ao decúbito, alivia com o repouso e
ao sentar ou levantar (ortopnéia) com uso de vários travesseiros para dormir (posição
recumbente – supino com cabeceira elevada), edema dos MI, dispnéia paroxística
noturna (inicia 2-4h após o início do sono e demora 15-30 min para alívio após se
levantar, associada à tosse seca, sibilos e sudorese, mas a dispnéia precede a tosse),
alívio com repouso, diuréticos, digitais e vasodilatadores. Causas: IC, disfunção
valvular, miocardiopatia.
- Pulmonar: dispnéia contínua que piora aos esforços e a noite. Associada a
longa história de tabagismo, tosse crônica produtiva, sibilância proeminente, melhora
com inclinação para frente (uso da musculatura acessória), alívio com broncodilatadores
e corticóides (asma). Se noturna, é precedida por tosse e expectoração. Obstrutivas:
DPOC e asma; Circulatória: embolia pulmonar; Mecânica: pneumonia, derrames
pleurais, pneumotórax.
- Neuromuscular: dispnéia contínua, sem relação com o decúbito, associada com
fraqueza e atrofia muscular. Alívio com repouso.

DISPNÉIA Sim DPOC. Asma, ICE, Pneumotórax, Derrame.

Sim Acidose, Sepse,


Estertores ou sibilos; ou
assimetria auscultária. Não Taquipnéi
Obstrução nasal,
Não Gravidez, Sedentarismo.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 14


Dor Torácica
• Causas:
- Cardíacas: angina, infarto, pericardite, dissecção aórtica torácica, cardiopatia
hipertensiva ou hipertrófica.
- Não cardíacas: embolia pulmonar, pneumotórax, osteomuscular, trato
digestivo, pneumonia.
• Fisiopatologia: O DC normal é de 6-8l/min. Com esforço, há aumento do trabalho
cardíaco e da demanda de energia, sendo o O2 levado pelas coronárias, mantendo o
equilíbrio. Se há resistência (placa ateroma), o aumento do fluxo é impedido, o que
pode não ser importante na demanda normal. Na demanda aumentada, a área suprida
pela artéria com ateroma sofre isquemia. Dependendo do diâmetro do obstáculo, há
diferentes manifestações: menor que 50%: assintomático; 50-90%: angina estável ou
típica ou crônica (isquemia a grandes e médios esforços).
• Outros fatores que causam angina típica: estenose aórtica (↑ pós-carga),
insuficiência aórtica, miocardiopatia hipertrófica.
• Tipos de dor: dolente (aperto/pressão), urente (ardência, queimação), picante
(agulhada, pontada), cortante.

 Angina:
- qualidade: pressão/aperto, queimação, indigestão, sinal de Levine (punho
cerrado sobre área cardíaca para descrever a dor).
- localização: retroesternal, irradiada para face ulnar do braço E (+ comum) ou
D, pescoço, mandíbula, ombro, epigástrio.
- duração: 2-10min.
- fatores precipitantes: exercício, frio, estresse emocional.
- fatores de alívio: repouso ou nitratos.

 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM):


- qualidade: pressão, peso, queimação, mais intensa que angina.
- localização: = angina.
- duração: 30 min ou +.
- fatores precipitantes: pode ocorrer ao repouso.
- fatores de alívio: não alivia ou alivia parcialmente com repouso ou nitratos.
- manifestações associadas: diaforese (sudorese fria), náuseas, vômito, dispnéia.
- obs.: em 6hs, necrose total da área não perfundida.
- risco coronariano: história familiar, dislipidemia, HAS, DM, tabagismo,
obesidade, estresse, álcool (HAS, miocardiopatia alcoólica).

 Pericardite:
- qualidade: cortante, como facada.
- localização: retroesternal ou em direção ao ápice, pode irradiar para pescoço ou
ombro, mais localizada que a dor isquêmica.
- duração: horas a dias.
- fatores precipitantes: respiração profunda, posição supina, rotação do tórax.
- fatores de alívio: sentar-se, inclinar-se para frente.
- manifestações associadas: atrito pericárdico.

 Dissecção da aorta (ruptura da íntima, sangue entra na parede, havendo chance de


ruptura da aorta):
- qualidade: aguda, excruciante, lacerante, como facada, agitante.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 15


- localização: tórax anterior pode irradiar para costas e pescoço.
- duração: sem melhora.
- fatores precipitantes: HAS, Marfan.
- fatores de alívio: + intensa no início, depois vai diminuindo.
- manifestações associadas: sopro de insuficiência aórtica, assimetria pulsos,
alterações neurológicas focais, derrame pleural ou pericárdico, aterosclerose, aneurisma
aorta (dilatação).

 Dor de origem Psicogênica


- parece em indivíduos com ansiedade e/ou depressão.
- limita-se a região da ponta do coração.
- acentua-se quando o paciente tem contrariedades ou emoções desagradáveis.
- alivia parcialmente com o repouso, analgésicos, tranqüilizantes e placebos.

DOR TORÁCICA

localização

PRÉ-CORDIAL NÃO PRÉ-CORDIAL

Ventilatório Ventilatório
Dependente Dependente

SIM NÃO SIM NÃO

Dores Pericardites Tumores, Herpes, Pleura, Ossos,


anginosas Costocondrite Linfonodos, Nervos. Músculos.

Fator desencadeante: Fator desencadeante: Fator desencadeante: Fator desencadeante:


deglutição, esforço posição e movimento e movimento, tosse,
físico, movimento, digito-pressão digito-pressão repouso, trauma e
stress, temperatura e digito-pressão.
digito-pressão.

Palpitação
• Percepção desagradável dos batimentos cardíacos.
- fisiológica aos esforços, quando há ↑ da freqüência cardíaca.
- patológica quando não há esforço, refletindo arritmia: bradi ou taquiarritmia.
• A arritmia pode ser rítmica ou arrítmica.

Edema
• A causa básica de edema cardíaco é a insuficiência ventricular direita. Ocorre pelo ↑
da pressão diastólica final do VD, que se reflete ao AD, e então à VCS e VCI,
gerando congestão venosa, com ↑ da P venosa central e da P capilar periférica,

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 16


extravasando líquido. A ICE pode ser a causa da ICD. Quando há ICE + ICD = IC
(congestiva ou global).
• No início, acorda com MI desinchados (tendo edema nas costas), surgindo edema no
vespertino, pela gravidade. Quando dorme, volta ao normal. Mas depois de um
tempo o edema pode ser permanente.
• Pode ocorrer ascite, hepatomegalia, esplenomegalia e anasarca (edema
generalizado).
• O edema ocorre nos 2 lados é mais intenso no MI E por questão anatômica: como a
aorta está mais para a E, a VCI mais para a D, a veia ilíaca esquerda passa por baixo
da artéria ilíaca E para atingir o MI E, enquanto a veia e artéria ilíacas D são
paralelas. Essa compressão na veia ilíaca E prejudica o RV, tendo maior edema.
• Sinais da ICD: ingurgitamento das jugulares, reflexo hepatojugular e hepatomegalia.

Tonturas e síncope
• Redução da perfusão (hipoxemia) cerebral leve gera tontura, e acentuada gera
síncope, que é a perda transitória de consciência. A causa mais comum de síncope é
estenose aórtica (isquemia cerebral).
• Pré-síncope: iminente perspectiva de perda de consciência.
• A redução da oxigenação cerebral ocorre pela queda do DC (PA), por: estenose
aórtica, taquicardia (não enche cavidades), bradicardia acentuada (síncope de Stock-
Adams, que reflete bloqueio cardíaco completo, bloqueio AV), transtornos de
condução, hipovolemia aguda, IAM, etc.
• Sincope de origem cardíaca: início rápido, sem movimentos convulsivos, sem
incontinência urinária, sem estado confusional pós-ictal (após recuperação
consciência), que sugerem origem neurológica.
• A perda gradual de consciência sugere síncope vaso-vagal ou associada à hipotensão
postural, raramente por hipoglicemia.
- Síncope vaso-vagal: reação inapropriada do organismo frente a um estímulo,
como ver sangue. O RV cai, estimula o S, aumenta a contração cardíaca, que estimula
receptores, o cérebro interpreta que há muita P no coração, ocorrendo reflexo de
vasodilatação, queda da PA e da freqüência cardíaca, reduzindo o DC. Na horizontal
melhora, porque aumenta o RV. Levantam-se as pernas. Acompanha náusea, sudorese,
visão preta.
- Hipotensão postural: ao sair do decúbito, há queda abrupta do RV, caindo o
DC. Barorreceptores estimulam S: ↑ da freqüência cardíaca, contratilidade e resistência
vascular sistêmica, mantendo PA estável ortostática. Pode gerar síncope.
• Recuperação da consciência lenta nos estados convulsivos e rápida nos demais.

Cianose
• É a coloração azulada da pele e das mucosas.
• Causa freqüente é o shunt de sangue da D para a E, como nas comunicações
interatriais e interventriculares. Deve-se ao aumento da carboxi-Hb no sangue
capilar. Pode ser central (lábios) e periférica (dedos da mão).

2. EXAME FÍSICO

Exame do pescoço
• Inspeção e palpação da fúrcula esternal: verifica-se, na dilatação aórtica (HAS) e
estenose aórtica, batimento e frêmito (este mais na estenose) durante a sístole.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 17


• Palpação e ausculta das carótidas: estão na borda medial do músculo
esternocleidomastoideo. O pulso ocorre logo após B1. Pode haver sopros e frêmito.
Em idosos, um sopro sistólico sugere obstrução parcial secundária à aterosclerose.
Em jovens, sopros costumas ser inocentes. O sopro aórtico pode irradiar-se para a
carótida e simular o sopro carotídeo. Cuidar para não pressionar o seio carotídeo (ao
nível da cartilagem tireóidea), o que pode gerar queda reflexa de PA ou freqüência
de pulso.
• Estimativa da pressão venosa central (pela P venosa jugular): a PVC reflete a P
do AD. A melhor forma de avaliá-la é pelas pulsações da jugular interna D. O ponto
inicial habitual é 30º. Localiza-se o ponto mais alto de pulsação da jugular interna
(menisco). Caso não seja visualizada pulsação da interna, tenta-se a externa. Caso
também não haja, usa-se o ponto acima do qual as jugulares estão colabadas. Em
pacientes euvolêmicos essa inclinação será suficiente. Em hipovolêmicos, espera-se
que a P jugular esteja baixa, tendo que abaixar a cabeceira pela melhor perceber o
ponto de oscilação. Em hipervolêmicos, espera-se a P jugular aumentada, sendo
preciso elevar a cabeceira para detectá-la. Em todas essas posições, o ângulo
esternal (adjacente à 2ª costela) mantém-se cerca de 5 cm acima do AD. A partir do
menisco, traça-se uma linha horizontal imaginária até encontrar uma régua vertical
ao ângulo esternal. Mede-se a distância desde o ângulo esternal até a linha
imaginária. Esta distância, somada a 5 fornece a pressão do AD aproximada em cm
de água. Uma PVC maior que 9 cm é elevada, sugerindo falência de câmaras D ou,
mais raramente, pericardite constritiva ou obstrução da VCS.

• Sinais:
- Turgência jugular: distensão da jugular interna (profunda ao m. esternocleido)
no paciente em decúbito dorsal com cabeceira a 45º e cabeça levemente rotada para a E.
Encontrada na ICD, pericardite constritiva e tamponamento cardíaco.
- Refluxo hepatojugular: é a compressão da região periumbilical por 10-30 seg.
associada à distensão jugular sustentada superior a 3 cm, encontrado em pacientes com
ICD, regurgitação tricúspide.

Medida da Pressão arterial e Freqüência cardíaca


• Freqüência Cardíaca:
- Pulsos: radial, braquial, carotídeos ou femorais.
- Verificar se o pulso está regular ou irregular.
- Normal: 60-100 bpm
- Taquicardia: >100 bpm  ansiedade, febre, anemia, hipertireoidismo,
exercício, hipovolemia, isquemia miocárdica, embolia pulmonar, choque,
insuficiência cardíaca, etc.
- Bradicardia: <60 bpm  associado a medicamentos, hipotireoidismo, elevação
da pressão intracraniana, distúrbios do sistema de condução, hipotermia, etc.
• Pressão Arterial
- Paciente deve manter-se em repouso por 20 min. antes da medida.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 18


- Primeira medição deve ser realizada em ambos os membros superiores.
Havendo diferença considerar sempre o de maior pressão.
- Posição adequada do paciente: sentado mantendo o braço na altura do coração
com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.

Classificação Sistólica Diastólica


Normal < 120 e < 80
Pré-hipertensão < 120-139 ou 80 < 90
Hipertensão estágio 1 140-159 ou 85-89
Hipertensão estágio 2 > 160 > 100

Palpação dos pulsos


• Radiais, braquiais (medial ao tendão do bíceps, envolvendo o braço do paciente),
femorais, poplíteos, tibiais posteriores e pediosos, analisando freqüência,
regularidade, simetria. Pulso normal: fase rápida de aceleração e descenso mais
suave. Pacientes idosos ou hipertensos costumam ter enrijecimento vascular, o que
exacerba a fase rápida do pulso. Situações que cursam com elevação na P de pulso
(ansiedade, tireotoxicose, anemia, gravidez) também podem aumentar a amplitude
dos pulsos. Pulso irregular é típico de fibrilação atrial. Na coarctação de aorta
(estreitamento após dar aos ramos superiores), os carotídeos e braquiais são amplos
e simétricos, mas há redução ou ausência simétrica nas extremidades inferiores,
geralmente acompanha HAS. Na aterosclerose, os pulsos são assimétricos,
dependendo da localização da placa.
- Pulso parvus et tardus: na estenose aórtica crônica grave, pulso com pico
tardio e de baixa amplitude.
- Pulso em martelo d’água ou de Corrigan: na insuficiência aórtica crônica
grave, com pico amplo e precoce, e descenso abrupto.
- Pulso paradoxal: redução da amplitude do pulso na inspiração. Exagero no
declínio normal do pulso (em mais de 10mmHg na sistólica) durante a
inspiração, porque normalmente a diferença não passa de 3-4 mmHg. No
tamponamento cardíaco, pericardite constritiva, embolia pulmonar, enfisema
(doença obstrutiva da via respiratória), obesidade, gravidez.
- Pulso paradoxal reverso: aumento da amplitude na inspiração, na
miocardiopatia hipertrófica.

Inspeção e palpação da aorta abdominal


• No epigástrio. Pode ser palpável normalmente ou na insuficiência aórtica, aneurisma
(dilatação), tumor adjacente.

Exame do tórax
• Consideração inicial – projeções superficiais normais:
- VD: paraesternal inferior E, no 4º espaço intercostal. Foco tricúspide.
- VE: 4º-5º espaço intercostal E, medial à linha hemiclavicular. Foco apical ou
íctus. Foco mitral.
- Foco pulmonar: paraesternal superior E, no 2º espaço intercostal.
- Foco aórtico: paraesternal superior D, no 2º espaço intercostal.

Obs: * o 2º espaço está abaixo do ângulo de Luis do esterno.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 19


* dextrocardia: coração no lado D do corpo.
* situs inversus: coração, fígado e estômago no lado oposto do normal.
* alguns especialistas desestimulam o uso desses nomes, porque sopros de mais
de uma origem podem ocorrer em qualquer área:

A
P
P M
T

Inspeção
• Formato: pectus carinatum, escavatum, em barril  podem sugerir variações na
posição do coração.
• Avaliar o padrão respiratório.
• Visualização dos vasos superficiais na porção superficial do tórax sugere
compressão da VCS. Já o fluxo sanguíneo superficial no sentido cranial pode indicar
obstrução da cava inferior.
• Impulsões torácicas secundárias: observar as regiões apical, paraesternal esquerda,
segundo espaço intercostal direito e terceiro espaço intercostal esquerdo para avaliar
dilatação ventricular esquerda, ventricular direita, aórtica e da artéria pulmonar,
respectivamente.

Palpação
• A palpação da região apical deve utilizar toda a extensão dos dedos. As demais
regiões podem ser examinadas com as extremidades dos dedos.
• A palpação simultânea do pulso carotídeo orienta a localização das impulsões no
ciclo cardíaco. Procuram-se impulsões e frêmito no íctus, região paraesternal E,
foco aórtico e pulmonar.
• Pulsação aórtica pode ser detectada junto à fúrcula esternal, alertando para uma
possível dilatação.
• Íctus Cordis: percebido medial e superiormente à intersecção da linha
hemiclavicular e do quinto espaço
intercostal esquerdo, apresentando
diâmetro não superior a 2 cm e ocupar um
espaço intercostal (tamanhos superiores
indica aumento do volume cardíaco). A
palpação do ictus revela impulsão única e
breve. O ictus pode impalpável ou
palpável normal (discreto, com batida
brusca) ou anormal (propulsivo,
exuberante), se palpável, estimar o
tamanho do íctus em polpas digitais, sua
localização, amplitude e duração.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 20


 Ictus sustentado/persistente: perdura até a fase final da sístole, ou seja, tem
duração aumentada, tendo mesma duração que o pulso carotídeo, e indica
hipertrofia do VD, e não deslocamento.
 Ictus hipercinético/hiperdinâmico: tem duração normal (impulsão breve e
proeminente, ou seja, apenas com amplitude aumentada) e está associado à
dilatação do VE, estando deslocado para baixo do 5º espaço intercostal e para fora
da linha hemiclavicular esquerda.
• Dependendo da situação algumas impulsões podem ser percebidas na região apical
durante a diástole, destacando a sístole atrial (B4), que surge pouco antes do ictus.
• VD: não é usualmente palpável. Se é, indica hipertrofia do VD. Ocasionalmente B3
e B4 são palpáveis  quando o ventrículo trabalha em condição de sobrecarga
pressórica crônica (aumento da pós-carga), suas paredes hipertrofiam. A sobrecarga
de volume (aumento da pré-carga) produz tanto dilatação como hipertrofia.
• Foco pulmonar: não é usualmente palpável. Se B2 for palpável, indica dilatação e
aumento da P pulmonar. Diagnostica hipertensão arterial pulmonar.
• Foco aórtico: não é usualmente palpável. Se B2 for palpável, indica dilatação da
aorta e sugere HAS.

Ausculta
• Quatro principais áreas a serem auscultadas:
- Foco Aórtico: paraesternal superior D, no 2º espaço intercostal.
- Foco Pulmonar: paraesternal superior E, no 2º espaço intercostal.
- Foco Tricúspide: paraesternal inferior E, no 4º espaço intercostal.
- Foco Mitral: ápice do pulmão (5 º espaço intercostal).

• Primeira Bulha (B1): som de alta freqüência gerada pelo fechamento das válvulas
tricúspide e mitral, quando a pressão intraventriculares supera a pressão atrial da
sístole. Quando há bloqueio do ramo direito, os dois sons se distanciam, ouvindo-se
o desdobramento de B1.
a) Sístole: 1º) fechamento mitral (E) B1
2º) fechamento tricúspide (D)
3º) abertura da pulmonar (D)
4º) abertura da aórtica (E)
• Segunda Bulha (B2): som de alta freqüência gerado pelo fechamento das válvulas
aórtica e pulmonar. B2 é formada 1º pelo componente aórtico e 2º pelo pulmonar. O
pulmonar é mais fraco, sendo restrito, na maioria das vezes, ao foco pulmonar. O
aórtico pode ser auscultado por todo precórdio. O desdobramento da B2 é melhor
avaliado no foco pulmonar. Durante e inspiração, a sístole do VD é prolongada
(como a VCI vem do abdome, onde há maior P na inspiração, o sangue chega com

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 21


mais propulsão no AD, e o RV direito e o vol. sistólico aos pulmões aumenta),
havendo um atraso do componente pulmonar, ocorrendo um desdobramento
fisiológico, que se aproxima na expiração (volta a ser 1 só bulha). Também é normal
em crianças. É anormal em adultos: persistente ou amplo (auscultam-se os 2
componentes em todo ciclo respiratório, mas com maior intervalo na inspiração),
fixo (auscultam-se os 2 componentes em todo ciclo respiratório, não havendo
alterações com a respiração, como na comunicação interatrial) ou paradoxal
(auscultam-se os 2 componentes só na expiração, por retardo do componente
aórtico, que passa a ocorrer após o pulmonar, e indica bloqueio de ramo esquerdo).
Estenose ou atresia podem abolir um dos componentes de B2. Quando não se
distinguem os 2 componentes de B2, freqüentemente o pulmonar é inaudível.
b) Diástole: 1º) fechamento aórtica (E) B2
2º) fechamento pulmonar (D)
3º) abertura tricúspide (D)
4º) abertura mitral (E)
- A sístole é mais curta que a diástole.
- B3: início da diástole, pela vibração das paredes ventriculares no enchimento rápido. -
B4: na pré-sístole (sístole atrial).

B1 B2 B3 B4 B1

sístole diástole

• Ausculta-se o íctus, depois VD, depois foco pulmonar e aórtico. No íctus, verifica-
se o ritmo cardíaco (regular ou irregular). Em cada foco, identifica-se e analisa-se
separadamente: B1, B2, sístole e diástole.
• Ruídos Normais: Para facilitar a identificação, auscultar o tórax palpando o pulso
carotídeo, que é sistólico. B1 o antecede (porque contração ventricular ocorre após o
fechamento da mitral), e B2 o sucede.
- Podem ser normais ou anormais (hipo ou hiperfonéticas).
- Normalmente, B1 é mais intensa no ápice e B2 na base.
- Prótese mitral deixa B1 hiperfonética, e prótese aórtica deixa B2.
- B2 hiperfonética em área pulmonar pode indicar hipertensão arterial pulmonar.
- B2 hiperfonética em área aórtica indica HAS.
- B2 hipofonética em área aórtica indica estenose aórtica; em área pulmonar,
estenose pulmonar.
- B1 é mais forte que B2 no íctus e VD, e B2 é mais forte que B1 nos focos
aórtico e pulmonar.
• Algumas Manobras
1) Inspiração: o aumento da intensidade de um som na inspiração sugere origem D.
2) Decúbito lateral E: palpação do íctus não-identificado em decúbito dorsal e
identificação de B3, B4, estalido de abertura mitral e sopro de estenose mitral.
3) Sentado inclinado para frente: sopros aórticos e atrito pericárdico.
4) Valsava: paciente deve fazer contração abdominal sem ventilar por 20 seg. Evidencia
sopros.

Anormalidades
• B3: início da diástole, pela vibração das paredes ventriculares no enchimento rápido,
representando um aumento da resistência à distensão. Pode ser fisiológica (crianças)

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 22


(até cerca dos 40 anos), mas a patológica é mais forte. Causas patológicas:
insuficiência mitral e ICE. Na ICE, indica dilatação, flacidez do VE. Sugestiva de
falência ventricular (redução da contratilidade) ou sobrecarga volumétrica do
ventrículo. Ritmo de galope ventricular se taquicárdico.
• B4: na pré-sístole (sístole atrial), frente a um ventrículo com alteração do
relaxamento, da complacência (aumento da rigidez, hipertrófico, com cavidade
reduzida, tendo o AE fazer muito esforço ao contrair para enchê-lo). Pode ocorrer
em idosos, angina instável, IAM, HAS, estenose aórtica. Pode ser fisiológica em
atletas.
• Estalidos de abertura valvar: é anormal auscultar a abertura valvar. Podem ser
estalidos de ejeção aórtica e pulmonar, auscultados após B1. Pode ser estalido de
abertura mitral, que ocorre na diástole, antes do enchimento rápido, e indica m
estenose.
• Clicks sistólicos: prolapso da mitral, que é seu abaulamento anormal para dentro
AE. Costuma acompanhar sopro de regurgitação mitral.
• Atrito pericárdico: produzido por inflamação do saco pericárdico. Anão restrito a
uma parte do ciclo cardíaco. Mais agudo (diafragma), como raspagem.

Sopros
• Descrever:
- Cronologia (sistólico e/ou diastólico, com ou sem lacuna entre sopro e bulhas).
- Formato (crescendo decrescendo ou contínuo).
- Local de intensidade máxima (é o local de origem do sopro).
- Irradiação a partir desse local
- Intensidade (1 a 6).
- Tom (agudo, intermediário, grave).
- Qualidade (aspirativo, retumbante, musical, áspero).
• Podem ser sistólicos (mais comum, mais na região apical), diastólicos ou contínuos
(começa na sístole e termina na diástole, não significa que dure todo ciclo cardíaco,
e é restrito a doenças incomuns).
• Sopros são o correspondente acústico de turbulência do fluxo sanguíneo, o qual
normalmente, é laminar.
- Sopro sistólico pode ser normal (fisiológico) ou patológico.
- Sopro diastólico é sempre patológico.
- Intensidade: grau 1 a 6 (não usar cruzes).

Intensidade
Audível somente após ausculta cuidadosa, muito sutil, de baixa
1 intensidade. Geralmente, precisa de manobra, não está relacionado à
doença, e se está, não é grave.
2 Intensidade suave-média, audível imediatamente após colocação do
esteto.
3 Moderadamente intenso, sem frêmito.
4 Intenso, com frêmito.
5 Muito intenso, com frêmito, mas audível com esteto junto ao tórax,
mesmo que não esteja na posição ideal.
6 Muito intenso, com frêmito, audível com esteto afastado do tórax.
- Graus 1 e 2 podem ser patológicos ou não. De 3 para cima, é sempre patológico.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 23


- Frêmito é a palpação do sopro.

• Sopros sistólicos:
- De ejeção (mesossistólico em crescendo-decrescendo): cresce e decresce.
Breves lacunas são escutadas entre os sopros e as bulhas. Na estenose aórtica e
pulmonar.
- De regurgitação (holo ou pansistólico rude): inicia com B1 (não ouve B1, só o
sopro; o sopro mascara B1) e pára em B2, não havendo lacuna entre o sopro e as bulhas,
e é contínuo. Na insuficiência (ou regurgitação) mitral, tricúspide ou comunicação
interventricular.
• Sopros diastólicos:
- De enchimento/ruflar (mesodiastólico em rolar de baixas freqüências): começa
um pouco depois de B2, é contínuo. Na estenose tricúspide e mitral.
- De regurgitação (protodiastólico em crescendo-decrescendo de altas
freqüências): começa logo após, B2, sem lacuna, decrescente. Na insuficiência aórtica
ou pulmonar.
• Sopro contínuo: cresce na sístole e decresce na diástole. Na persistência do canal
arterial.

Valvulopatias
• Pode ocorrer em qualquer uma das 4 válvulas:
• Estenose: não abre apropriadamente quando devia (abertura estreita). Tem relação
com a hipertrofia.
- Mitral ou tricúspide na diástole → sopro diastólico.
- Aórtica ou pulmonar na sístole → sopro sistólico.
• Insuficiência: não fecha apropriadamente quando devia (permite refluxo). Tem
relação com a dilatação.
- Mitral ou tricúspide na sístole → sopro sistólico.
- Aórtica ou pulmonar na diástole → sopro diastólico.
• Na estenose mitral, o VE está normal e o AE dilatado. Na insuficiência mitral, o VE
está dilatado.

3. PRINCIPAIS SÍNDROMES

SOPRO INOCENTE
• Não associado à anormalidade anatômica ou fisiológica detectável.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 24


SOPRO FISIOLÓGICO
• Na anemia, febre, exercício, gestação, hipertireoidismo.

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA


• Geral: diminuição da pressão de pulso, taquicardia sinusal, distensão venosa jugular,
crepitantes pulmonares, edema de membros inferiores, achados de derrame pleural e
ascite.
• Exame do precórdio: ictus em geral propulsivo e hiperdinâmico, desviado para
baixo e lateralmente, sopro de insuficiência mitral por dilatação da cavidade
ventricular esquerda.

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA


• Geral: distensão venosa jugular, refluxo hepatojugular, hepatomegalia congestiva
(com dor em hipocôndrio D pela distensão da cápsula de Glisson), edema, ascite,
impulsões paraesternais (aumento do VD).
• Na maioria das vezes a ICD pode ser secundária a ICE havendo achados de
congestão pulmonar e ICC (insuficiência cardíaca congestiva).
• Quando primária (estenose pulmonar congênita, hipertensão pulmonar secundária a
tromboembolismo) os sintomas de congestão pulmonar são incomuns.

ESTENOSE AÓRTICA
• Etiologia: degenerativa, febre reumática ou congênita.
• Sintomas: longo período assintomático. Apresenta-se com angina péctoris, síncope
ou insuficiência cardíaca.
• Exame Físico: ictus sustentado, aumentado e proeminente. Sopro mesossistólico no
foco aórtico com irradiação para a região apical e carótidas.

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
• Etiologia: degenerativa, endocardite, congênita, febre reumática, Marfan, dissecção
aórtica, sífilis e outras. Ocorre o aumenta a P sistólica (pelo aumento de sangue no
VE) e diminui a P diastólica, o que aumenta a P diferencial (S-D).
• Sintomas: sintomas da insuficiência cardíaca.
• Exame Físico: movimento da cabeça a cada batimento cardíaco (sinal de Musset),
pulso arterial amplo e rápido, ictus com dimensão aumentada, sopro no foco aórtico
com irradiação para ápice e bordo esternal direito, aumento da pressão de pulso
(sistólica aumentada e diastólica diminuída) com sons de Korotkoff audíveis até
zero.

ESTENOSE MITRAL
• Etiologia: febre reumática.
• Sintomas: pode apresentar hemoptise devido o aumento da pressão pulmonar, com
conseqüente extravasamento de sangue para o pulmão, bem como fenômenos
tromboembólicos secundários a dilatação atrial.
• Exame Físico: turgência jugular, ictus cordis discreto, sopro diastólico em região
apical sem irradiação.

INSUFICIÊNCIA MITRAL
• Etiologia: febre reumática, endocardite infecciosa, trauma, ruptura das cordoalhas
tendíneas, disfunção ou necrose dos músculos papilares.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 25


• Sintomas: pode ser assintomática ou com sintomas de insuficiência cardíaca.
• Exame Físico: pulsos periféricos diminuídos, sopro em região apical com irradiação
para a axila e bordo esternal esquerdo.

PROLAPSO MITRAL
• Na sístole, a mitral prolapsa para AE. É benigno. Pode ocorrer por endocardite
infecciosa, em que microorganismo se aloja em válvula defeituosa. Pode ter
sintomas de insuficiência mitral.

ESTENOSE PULMONAR
• Etiologia: congênita e outras
• Sintomas: ICD
• Exame Físico: frêmito presente, sopro mesossistólico no foco pulmonar.

INSUFICIÊNCIA PULMONAR
• Etiologia: dilatação do anel valvar, endocardite e outras.
• Sintomas: insuficiência cardíaca direita
• Exame Físico: sopro no foco pulmonar.

PERICARDITE
• Etiologia: viral, urêmica, causas reumatológicas e pós-operatória.
• Sintomas: dor retroesternal.
• Exame Físico: som de timbre alto, ocorre com inflamação do saco pericárdico.

TAMPONAMENTO CARDÍACO
• Tríade de Beck: pulso paradoxal, bulhas hipofonéticas e turgência jugular.

FIBRILAÇÃO ATRIAL
• Relação com estenose mitral, porque o AE dilata (por aumento de P) e a condução
atrial fica prejudicada. É a causa mais comum de pulso irregular. Além disso, há
mais batimentos no coração que no pulso radial, porque nem todos os batimentos
cardíacos resultam em pulso periférico.

COR PULMONALE
• Aumento da P pulmonar por doença pulmonar gera ICD.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 26


SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA
1. SINAIS E SINTOMAS

Chiado no peito ou Sibilância


• Ruído que o paciente pode perceber, predominantemente na fase expiratória da
respiração, quase sempre acompanhado de dispnéia.
• O ruído tem timbre elevado, comparado ao miado de gato. Resulta da redução do
calibre da árvore brônquica, por broncoespasmo ou edema da parede, podendo ser
indicativo de uma crise asmática.
• Quando for localizada ou unilateral e persistente, pode indicar presença de tumor ou
corpo estranho ocluindo brônquio.
• Podem ocorrer na TBC brônquica, neoplasias benignas e malignas.
• A insuficiência ventricular esquerda acompanhada de broncoespasmo é a condição
extrapulmonar que mais provoca chiado (asma cardíaca).

Cianose
• Coloração azulada da pele e mucosas pelo aumento da hemoglobina reduzida no
sangue capilar (> 5g por 100ml).
• Se presente desde o nascimento pensar em doença cardíaca congênita.
• Há 4 tipos de cianose: central, periférica, mista e por alterações da hemoglobina. A
central ocorre apenas a saturação de O2 cair abaixo de 75%. Indica hipóxia.

Coriza ou gota anterior


• Obstrução e prurido nasal acompanhados por espirros em salva são indicativos de
alergia.
• Investigar sinais e sintomas que a acompanham, a cronologia, os fatores
desencadeantes e a via de eliminação.

Cornagem ou Estridor
• Dificuldade predominantemente inspiratória por redução do calibre das vias
respiratórias centrais, na altura da laringe, que se manifesta por ruído (estridor) alto.
• Causas: laringite, difteria, edema de glote, corpo estranho.

Dispnéia
• Sensação subjetiva de falta de ar, referida também como diminuição do fôlego ou
fadiga.
• É necessário caracterizar a dispnéia em relação a sua duração, condição de
aparecimento (relação com postura decúbito, repouso e tipo de esforço), etapa
(inspiratória ou expiratória), sintomas e sinais associados, modo de instalação e
intensidade.

Dispnéia: instalação
AGUDA SUBAGUDA CRÔNICA
Minutos ou horas Dias ou semanas Meses ou anos
ex edema agudo de ex. TBC, asma crônica. ex. DPOC, neoplasia
pulmão, TEP. pulmonar.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 27


• Termos designados para situações específicas:
- Eupnéia: respiração normal.
- Dispnéia: sensação de respiração difícil, inadequada ao nível de esforço.
- Taquipnéia: freqüência respiratória maior que 20mpm em adultos (em crianças,
maior que 30mpm).
- Bradipnéia: freqüência respiratória menor que 15mpm.
- Apnéia: parada respiratória.
- Hiperpnéia: aumento anormal da profundidade e da freqüência da respiração.
- Hipopnéia: redução anormal da profundidade e da freqüência da respiração.
- Hiperventilação: aumento na quantidade de ar que chega aos alvéolos,
causando hipocapnia (Diminuição da concentração de dióxido de carbono no sangue
arterial).
- Ortopnéia: dispnéia que surge em posição supina ou deitada (dispnéia em
decúbito), e o paciente senta para obter alívio (principalmente na insuficiência cardíaca
congestiva).
- Platipnéia: dispnéia que ocorre quando o paciente está sentado ou em pé
(ortostática), sendo observado em pacientes pós-pneumonectomia, com cirrose hepática,
doenças neurológicas ou hipovolemia.
- Trepopnéia: dispnéia que aparece quando em determinado decúbito lateral,
sendo aliviada pelo decúbito lateral oposto (ocorre nos pacientes com derrame pleural,
que deitam sobre o lado acometido para liberar o lado sadio).

Dor torácica
• Investigar: localização, irradiação, caráter ou qualidade, intensidade, duração,
evolução, relação com as funções orgânicas, fatores desencadeantes ou agravantes,
fatores que aliviam e manifestações concomitantes.
• A dor relacionada à patologia pulmonar resulta do envolvimento da parede torácica
ou pleura parietal, pois há abundantes fibras nervosas. O tecido pulmonar não possui
fibras álgicas, assim, a dor de quadros pulmonares, como pneumonia e infarto, é
secundária a inflamação da pleura parietal adjacente, ou esforço muscular gerado
por tosse recorrente de longa duração.
- Pleurites costais: dor aguda, intensa, em pontada (dor pleurítica), bem delimitada.
- Pleurite diafragmática periférica: dor na área dos nervos intercostais mais
próximos.
- Pleurite diafragmática central: dor no território inervado pelo frênico, incluindo
ombro.
- Pneumotórax: súbita, aguda, intensa, como punhalada, podendo ser acompanhada
de dispnéia.
- Pneumonias bacterianas: como iniciam na porção periférica dos lobos, onde há
estreito contato com a pleura parietal, a dor é como a da pleurite.
- Pneumonites intersticiais: dor difusa, retroesternal, exacerbada com tosse, que é
seca.
- Dor mediastínica: surge dos tumores malignos da região, é profunda, mal definida.

Epistaxe
• Hemorragia nasal.
• Principal de origem traumática e infecciosa das vias aéreas superiores.

Expectoração
• Escarro expelido com a tosse.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 28


• Escarro: avaliar volume, cor, consistência, transparência e o tipo (mucosos, seroso,
purulento, hemóptico).

Hemoptise
• Eliminação, geralmente com a tosse, de sangue proveniente da traquéia, brônquios
ou pulmões. As vezes o paciente sente uma sensação de calor ou borbulhamento
dentro do tórax no local onde se o origina o sangramento.
• Origem:
- Artérias Brônquicas: geralmente de grande volume, ocorrendo nas
bronqiectasias, nas cavidades tuberculosas, na estenose mitral e nas fístulas
arteriovenosas.
- Ramos da Artéria Pulmonar: volume costuma ser menor, como acontece nas
pneumonias, nos abscessos e no infarto pulmonar.
• Principais causas: TBC, bola fúngica, carcinoma brancogênico, bronquiectasias,
bronquite e tromboembolismo pulmonar (TEP).

Obstrução nasal
• É sintoma conseqüente ao edema da mucosa nasal e manifestação comum em
rinites.
• Investigar: fatores desencadeantes, a duração e a severidade. Verificar outras
manifestações de alergias e história familiar de atopia.

Rouquidão
• Mudança no timbre da voz por alteração nas cordas vocais.
• Causa mais freqüentes: TBC, micoses e neoplasias em cordas vocais, mas também
podem ocorrer por envolvimento do nervo recorrente esquerdo em seu trajeto
intratorácico.

Tiragem
• É o aumento da retração dos espaços intercostais na inspiração, também ocorre o
uso de musculatura acessória supraclavicular e supraesternal.
• Pode ocorrer nas oclusões brônquicas (por tumor, corpo estranho ou
broncoespasmo) pela impossibilidade de o ar penetrar na árvore respiratória,
aumentando a negatividade intrapleural na inspiração.

Tosse
• Consiste em uma inspiração rápida e profunda, seguida de fechamento da glote e
contração dos músculos inspiratórios, terminando com uma expiração forçada, após
abertura súbita da glote.
• É um mecanismo de defesa das vias aéreas. Pode ser seca ou produtiva.
• Avaliação semiológica: freqüência, ritmo, intensidade, tonalidade, presença ou não
de expectoração, relação com o decúbito e período em que predomina.
• Causas mais comuns: tosse crônica dos tabagistas, secundária a infecções
(pneumonia, TBC) ou inflamações (asma), após intubação traqueal, relacionada a
doença do refluxo gastro-esofágico, por aspiração de corpo estranho, associada a
doenças pulmonares intersticiais (fibrose pulmonar...), causada por fármacos, ICE.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 29


Vômica
• Eliminação brusca pela glote de quantidade abundante de pus ou líquido de aspecto
seroso ou mucóide.
• Principais causas: abscesso pulmonar, empiema, mediastinites supuradas, abscesso
subfrênico e TBC.

2. ANATOMIA

• Ângulo de Louis ou manúbrio-esternal: ao


lado há a segunda costela, está na mesma
altura de T4, corresponde à bifurcação da
traquéia e à parte mais alta da croça da
aorta.
• Ângulo de Charpy ou costal-xifoideano.
• Os pulmões estendem-se 3-4 cm acima da
clavícula.

3. EXAME FÍSICO

AVALIAÇÃO INICIAL
• Boca e nasofaringe: estado dos dentes, halitose, amígdalas, gota posterior,
características da voz, mucosa nasal (secreção, desvio de septo, cornetos).
• Pescoço: posição e mobilidade da traquéia (mover para lados e deglutir), linfonodos,
nódulos e massas, turgência jugular, tiragem da musculatura acessória.
• Mãos: baqueteamento digital (tumores malignos pulmonares, doenças supurativas
crônicas, hepatopatias, DPOC, cardiopatia congênita), cianose periférica.

SEMIOLOGIA DO TÓRAX
• Examinar a região posterior com paciente sentado, com braços cruzados com as
mãos nos ombros opostos para afastar escápulas, e região anterior com paciente em
decúbito dorsal.

Inspeção
• Divide-se a expansão do tórax em estática e dinâmica. A inspeção estática
compreende a forma do tórax e a presença ou não de abaulamentos e depressões
enquanto a inspeção dinâmica analisa-se o tipo respiratório, o ritmo e a freqüência
da respiração, a amplitude dos movimentos respiratórios, a presença ou não de
tiragem e a expansibilidade dos pulmões.

a) Inspeção Estática
• Biótipo: longelíneo, normolíneo ou brevelíneo.
• Estado de consciência.
• Pele: coloração (cianose e palidez), hidratação, lesões cutâneas e cicatrizes.
• Anomalias congênitas/adquiridas, localizadas/difusas, simétricas ou não.
• Mamas: ginecomastia e assimetrias.
• Sistema muscular: pontos de ancoragem.
• Partes ósseas: retrações, abaulamento, depressões, escoliose, giba, cifose, lordose.
• Circulação venosa colateral.
• Forma do tórax:

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 30


- Normal: simétrico em volume e forma, não apresenta massas, nódulos ou outras
lesões. Nos adultos, o tórax normal apresenta relação entre os diâmetros antero-
posterior e lateral (ou transverso) de 1:2 e 5:7. Nas crianças o tórax
tende a ser redondo e se faz elíptico com a idade.
- Em tonel ou barril: envelhecimento normal ou enfisema,
decorrente da hiperinsuflação pulmonar. Frequentemente está
associado à cifose dorsal. A relação entre o diâmetro transverso e
ântero-posterior é perto de 1:1.

- Em funil ou infundibiliforme (peito escavado): caracterizado


por depressão na parte inferior do esterno até o apêndice xifóide,
alteração que pode chegar na altura da terceira costela. É uma
deformidade congênita e usualmente de importância apenas estética.
Pode causar sopros pela compressão do coração e grandes vasos.

- Cariniforme ou peito de pomba/em quilha: há o deslocamento


do esterno deslocado para frente, aumentando o diâmetro ântero-
posterior. Sulco de Harrison consiste em um sulco horizontal que
aparece em cada lado do tórax acima da borda costal, em geral
simetricamente. Ocorre pela depressão das cartilagens e costelas
adjacentes ao esterno. O tórax cariniforme pode ser congênito ou
adquirido (raquitismo, asma crônica, infecções respiratórias de
repetição).
- Piriforme: aspecto de pêra invertida, dando a impressão que o paciente está sempre
inspirando. Em asmáticos crônicos com crises desde a infância.
- Plano, achatado ou paralítico: redução do diâmetro ântero-posterior, dando a
impressão que o paciente está sempre expirando. Comum em longilíneos.

b) Inspeção dinâmica
• Freqüência respiratória: Eupnéia, Bradipnéia eTaquipnéia
• Considerar: postura ortopnéia com o uso de musculatura acessória – em situações de
doenças obstrutivas com hiperinsuflação pulmonar, o paciente assume a posição
sentada como preferência, deslocando os ombros para frente.
• Avaliar o movimento das margens costais: em pacientes com hiperinsuflação e
retificação do diafragma, a contração dos músculos intercostais aproxima as
margens intercostais na inspiração.

• Verificar presença de tiragem (aumento da retração dos espaços intercostais) e


batimento da asa do nariz.
• Avaliar sincronia tóraco-abdominal ou respiração paradoxal (sinal da gangorra):
traduz fadiga diafragmática. O normal é a protrusão do tórax e abdome na
inspiração.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 31


• Sinal de Lemos Torres: abaulamento expiratório nos últimos espaços intercostais na
linha axilar posterior que indica derrame pleural.
• Alterações no ritmo respiratório:
- Respiração de Kussmaul: respiração profunda associada a acidose metabólica. A
amplitude dos movimentos produz hiperventilação para tentar eliminar o excesso de
CO2 no sangue.

- Respiração de Cheyne-Stokes: respiração aumenta a diminui de forma cíclica,


alternando períodos de respiração profunda e hiperpnéia com apnéia. Causas:
insuficiência cardíaca, insuficiência renal, depressão respiratória medicamentosa, lesão
cerebral diencefálica (gasping).

- Respiração atáxica ou de Biot: caracteriza-se por uma irregularidade


imprevisível. Causas: depressão respiratória e lesão bulbar.

- Respiração suspirada: respiração intercalada por suspiros pode ser causada por
síndrome de hiperventilação, causa comum de dispnéia e vertigem.

-Respiração obstrutiva: característica da DPOC, em que a respiração é prolongada


em virtude da maior resistência das vias aéreas. Se a freqüência respiratória aumenta, o
paciente não tem tempo para expiração completa. O tórax hiperexpande-se aprisionando
ar, e a respiração fica mais superficial e assim se mantém.

Palpação
• Verificar áreas de dor à palpação.
• Verificar alterações observadas na inspeção.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 32


• Avaliar expansão respiratória (amplitude e simetria) com as mãos abertas do
examinador sobre o tórax, paciente deve inspirar profundamente.
• Palpação dos Gânglios: região cervical, região axilar, fossa supraclavicular.
• Avaliar lesões superficiais: forma, volume e consistência.
• Avaliar o frêmito toracovocal: paciente deve repetir o número 33, comparando um
lado com o outro.
- Nas condições que aumentam a densidade pulmonar
(consolidação, pneumonia), a transmissão do frêmito é aumentada.
- Redução ou desaparecimento do frêmito se relaciona a
anormalidade que impeça a transmissão das ondas sonoras
originadas na laringe (derrame pleural, pneumotórax, obstrução
brônquica, DPOC, fibrose pleural, tumor infiltrante na pleura,
parede torácica muito espessada).

Percussão
• Comparar um lado com o outro sempre.
• Paciente despido
• Dedo deve ser colocado nos espaços intercostais
• Situações como obesidade, musculatura
hipertrofiada e edema diminuem a percussão.
• Som normal: som claro pulmonar.
- Áreas de macicez normal: hepática, cardíaca,
escápulas, submacicez na esplênica.
- Timpanismo normal: espaço de Traube (região de projeção do fundo do
estômago).
- Timpanismo anormal (hiperressonante): indica aprisionamento de ar pleural ou
intrapulmonar. Difuso no enfisema e mais localizado no pneumotórax.
- Macicez anormal (hiporresonante): ocorre qdo líquido ou sólido substituem o
ar pulmonar ou ocupam o espaço pleural. Derrame pleural (no volumoso, há macicez
pétrea), consolidações pulmonares (pneumonia, infarto pulmonar, neoplasias, fibrose).

Ausculta
• Paciente deve respirar fundo com a boca aberta.
• Comparar um lado com o outro.
• Observar o tempo da fase expiratória da respiração.
• Inicia auscultando na face posterior do tórax e após nas faces laterais e anteriores.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 33


4. SONS PULMONARES

Sons Normais
• Som tubular (traqueal, brônquico ou traqueobrônquico): na traquéia e projeção
dos brônquios centrais. Reflete fluxo turbulento. Duração exp>insp, com pausa entre
elas, e alta intensidade.
• Som broncovesicular (broncoalveolar): sobre 1º e 2º EI anterior e espaço
interescapular D posterior. Duração exp=insp, sem pausa entre elas, e média
intensidade.
• Som vesicular (murmúrio vesicular): nos campos pulmonares periféricos, inp 3x
maior que exp, sem pausa entre elas, e intensidade suave.

Sons Anormais
• Se desaparecem após a tosse, indica que não são causados por secreção.
• Divididos em Pulmonares epleurais.
a) Pulmonares ou estertores: são os ruídos mais encontrados na .insuficiência
cardíaca. Podem ser contínuos ou descontínuos
1) Contínuos:
- Sibilos: provocados pelo fluxo rápido de ar por brônquios estreitados por
broncoespasmo e hipersecreção. São agudos. Mais na expiração. Ex: asma, DPOC,
bronquite.
- Roncos: sons graves provenientes de brônquios maiores, em pctes com bronquite
aguda e DPOC, com acúmulo de secreção. Mais na inspiração.
2) Descontínuos:
- Crepitantes finos ou secos: indicam reexpansão de centenas de alvéolos
colapsados na expiração anterior. Mimetizadas esfregando os dedos numa mecha de
cabelo ou abrindo velcro. Principalmente no final da inspiração (teleinspiratórias). São
agudos, com baixa amplitude e curta duração. Sugestivos de doença no parênquima
pulmonar, como fibrose, pneumonia.
- Crepitantes bolhosos, grossos ou úmidos: produzido quando ar passa pelas
secreções nas vias aéreas mais calibrosas (traquéia e brônquios). Auscultados na
inspiração e expiração. São graves, com alta amplitude e longa duração. Ex: bronquite.
b) Pleural
1) Atrito pleural: produzido pelo atrito das pleuras inflamadas.Som áspero,
confinado a área da parede torácica. Auscultado na ins e expiração.

• Sopro Tubário: Ocorre quando há plena consolidação pulmonar e se ausculta a


respiração brônquica em área que deveria apresentar murmúrio vesicular.
• Sopro Cavitário: sopro de tonalidade baixa, grave, timbre rude e intensidade maior
na expiração. Existe uma interposição de uma cavidade contendo ar e formando uma
caixa de ressonância, situada entre a condensação e a parede torácica. Deve haver
comunicação com brônquio.
• Sopro Anfórico: sopro com timbre metálico. Grande cavidade. Encontrado no
pneumotórax e nas grandes cavernas.
• Voz:
- Egofonia (alteração anasalada do som, de “i” para “ei”)
- Broncofonia (transmissão mais alta e clara do som),
- Pectorilóquia afônica (sons sussurrados e baixos ouvidos mais altos e claros):

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 34


 Referem-se ao aumento da transmissão do som por locais de densidade aumentada
por acúmulo alveolar de secreção (consolidação) ou tumor.

INSPEÇÃO MURMÚRIO SONS


DOENÇAS FRÊMITO PERCUSSÃO
DINÂMICA VESICULAR ADVENTÍCIOS
Crepitantes nas
ICE (inicial) Normal/↓ Normal Claro Normal bases (no fim da
insp), às x sibilos
CONSOLIDAÇÃO Crepitações no fim
↓ ↑ Maciço Sopro tubário
PULMONAR da insp
Roncos, sibilos,
BRONQUITE
Normal Normal Claro Normal/↑ crepitantes
CRÔNICA
bolhosos
ATELECTASIA ↓ Ausente Maciço ↓/ausente -
Sibilos, às x
ASMA ↓ Timpânico Abafado
estertores
ENFISEMA ↓ ↓ Timpânico ↓ -
DERRAME Pode ter atrito
↓ ↓/ausente Maciço ↓/ausente
PLEURAL pleural
PNEUMOTÓRAX ↓ ↓/ausente Timpânico ↓/ausente -

5. PRINCIPAIS SÍNDROMES

ABSCESSO PULMONAR
• Infecção no parênquima com necrose, em geral causado por bactérias.
• Quadro clínico: mal estar, perda de peso, febre, tosse produtiva com escarro fétido e
purulento.

ASMA
• Hiper-reatividade da traquéia e brônquios a vários estímulos, manifestada por
estreitamento difuso das vias aéreas.
• Quadro clínico: dispnéia, tosse, sensação de aperto no peito, sibilos, taquicardia,
taquipnéia, aumento do tempo expiratório, tiragem.

BRONQUIECTASIAS
• Dilatação anormal e permanente dos brônquios, por causas infecciosas ou não.
• Quadro clínico: tosse com escarro purulento e fétido, infecções respiratórias
recorrentes, anorexia, perda de peso, presença de estertores, roncos, aumento da
expiração, macicez, redução do murmúrio vesicular.

CARCINOMA BRÔNQUICO
• Manifestações pela localização: tosse, escarro hemático, dispnéia, pneumonias de
repetição, dor.
• Manifestações sistêmicas: astenia, anorexia, emagrecimento, febre.
• Manifestações pela extensão direta da neoplasma:
- Para parede torácica: Tumor de Pancost (no ápice pulmonar) = síndrome de
Claude-Bernard-Harner (ptose palpebral, miose, enolftalmia (olho para dentro) →
acomete o S cervical) + invasão do plexo braquial (segurando braço) + destruição de
arcos costais.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 35


- Para mediastino: disfonia (invasão do recorrente), síndrome da VCS ( invasão
da VCS com congestão jugular), dispnéia (invasão do frênico ou traquéia), arritmias
(invasão do coração).

DERRAME PLEURAL
• Acúmulo anormal de fluido no espaço pleural (transudato, exsudato, empiema,
hemotórax).
• Quadro clínico: dispnéia, tosse seca, dor pleurítica.

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)


• Enfisema e/ou bronquite crônica obstrutiva, sendo tabagismo o fator principal.
• Na Bronquite crônica ocorre secreção excessiva de muco pelos brônquios, com
tosse produtiva por 3 meses ou + por pelo menos 2 anos.
• No Enfisema é aumento anormal e permanente dos alvéolos, destruindo a
elasticidade de suas paredes (dificulta expiração).

EMBOLIA PULMONAR
• Ocorre quando um coágulo (trombo), que está fixo numa veia do corpo, se
desprende e vai pela circulação até o pulmão, onde fica obstruindo a passagem de
sangue por uma artéria. A área do pulmão suprida por esta artéria poderá sofrer
alterações com repercussões no organismo da pessoa, podendo causar sintomas. Às
vezes, mais de um trombo pode se deslocar, acometendo mais de uma artéria.
• Quadro clínico: dispnéia súbita, taquipnéia, dor pleurítica súbita...

PNEUMONIAS
• Inflamação das vias aéreas terminais, espaços alveolares e interstício, princ. por
vírus e bactérias.
• Quadro clínico: febre aguda, tosse produtiva ou seca, dor pleurítica. Para dar
dispnéia, a pneumonia precisa ser intensa, avançada.

PNEUMOTÓRAX
• Acúmulo de ar no espaço pleural, espontâneo (1º ou 2º a doença pulmonar) ou
traumático (penetrante ou não).
• Quadro clínico: dor torácica, tosse, dispnéia.

TUBERCULOSE
• Infecção causada por um microorganismo chamado Mycobacterium tuberculosis,
também conhecido por bacilo de Koch.
• Quadro clínico: tosse seca ou produtiva, chiado no peito, febre intermitente
(vespertina), astenia, anorexia, emagrecimento, sudorese noturna, hemoptise.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 36


SEMIOLOGIA DIGESTIVA
1. SINAIS E SINTOMAS

Aftas
• Erosões ou úlceras dolorosas da cavidade oral.
• Geralmente inofensivas e não relacionadas a patologias do sistema digestório. Estão
mais relacionadas a hipersensibilidade e a infecções virais.

Anorexia
• Perda ou ausência de apetite.
• Intolerância a alimentos, relutância em comer em função da antecipação de um
desconforto.

Cólica Biliar
• Dor de forte intensidade no quadrante superior direito do abdome, com eventual
irradiação para regiões lombar e escapular direita e epigástrio. Dor contínua,
constante, de duração variável.
• Significado Clínico: obstrução do canal cístico ou colédoco, geralmente por litíase;
ou obstrução por estenose, como por tumor de cabeça de pâncreas.

Colúria
• Coloração escura da urina pela presença de bilirrubina direta excretada pelos rins.
• Significado Clínico: é um achado precoce nas situações onde ocorre elevação da
bilirrubina sérica conjugada (direta).

Constipação
• Redução da freqüência das evacuações ou aumento da consistência das fezes, às
vezes com sensação de evacuação incompleta ou da dificuldade para evacuar, mas
sem dor.
• Obstipação é uma constipação completa, sem eliminação de fezes ou gases.
• Significado Clínico: na maioria das vezes é um distúrbio funcional do cólon. Outras
causas: lesões estenosantes colônicas malignas ou benignas, gravidez, dieta
inadequada em fibras, doenças orificiais anais (abscessos perianais, hemorróidas
trombosadas), não atendimento ao reflexo evacuatório (ex: aversão a sanitários
estranhos aos domiciliares).

Diarréia
• Aumento do número de evacuações com diminuição da consistência das fezes.
Significado Clínico: Presença de substâncias osmoticamente ativas no lúmen intestinal
(pela ingestão ou digestão inadequada esta decorrente de quadros má-absortivos);
alteração da motilidade intestinal (intestino irritável); estímulo secretório produzindo
secreção de água e eletrólitos ao lúmen; neoplasias; drogas.

Disenteria
• Evacuação diarréica de material piomucosanguinolento.
• Quadros agudo + dor abdominal + febre = colite por Salmonella, Eschericha,
Shigella. Longa duração pode ser por retocolite ulcerativa.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 37


Diástase dos Retos Abdominais
• Separação desses músculos, evidenciada na contração.
• Significado Clínico: congênita, gravidez, distensão abdominal, perda do tônus. Não
confundir com hérnia.

Disfagia
• Sensação de dificuldade de passagem do alimento da boca ao estômago.
• Significado Clínico: distúrbios motores (disfagia não progressiva e difusa, como por
espasmo) ou obstrutivos (disfagia progressiva e localizada, como por estenoses
benignas → péptica, cáustica, e malignas → carcinoma) do esôfago

Dor Abdominal
• Definição: todos os quadros abdominais dolorosos, agudos (abdome agudo) ou
crônicos, causadores de patologias ou distúrbios funcionais originados tanto de
vísceras do sist. digestório como de alterações patológicas ou funcionais de outros
sistemas.
• Categorias da dor abdominal:
- Visceral: ocorre quando órgãos ocos, como intestino e árvore biliar, contraem-
se com um a força pouco usual e são distendidos ou estirados. Órgãos sólidos, como
fígado, tb pode doer pelo estiramento de suas cápsulas. É de difícil localização, difusa.
A dor não piora com os movimentos.
- Parietal: origina-se no peritônio parietal e é causada por inflamação. Dor surda
e constante, localização mais exata sobre a estrutura comprometida. Os pctes preferem
ficar quietos, pois a dor piora com movimentos e com tosse. Ex: na apendicite, há dor
visceral, mal localizada, mas qdo a inflamação atinge o peritônio, surge dor parietal,
bem localizada.
- Dor referida: percebida em locais mias distantes, inervados pelos mesmos
níveis espinhais que os da estrutura acometida. Muitas vezes parece uma irradiação,
disseminação da dor a partir do seu pinto de origem. É bem localizada. Ex: dor de
origem duodenal ou pancreática pode ser referida para as costas. Dores originadas no
tórax, coluna ou pelve tb podem ser referidas no abdome.
• Pesquisar: tipo, local, intensidade, cronologia, duração, fatores associados, fatores
de melhora e piora, desencadeantes, sintomas associados, repercussão no estado
geral, ritmo, periodicidade, sintomas diurnos e noturnos.
• Significado clínico:
- Patologias não digestivas: cardiológicas (infarto miocárdio, pericardite),
respiratórias (pneumonia, patologia pleural), metabólicas (uremia, cetoacidose
diabética), neurológicas (lesões medulares), intoxicações, infecções (zoster),
hematológicas (anemia falciforme), ortopédicas (contusão, fratura).
- Patologias digestivas: epigástricas (esôfago distal, estômago, duodeno,
pâncreas, via biliar e fígado), periumbilicais (intestino delgado, apêndice) e
hipogástricas (cólon, ureteres, bexiga, órgãos ginecológicos).
- Abdome agudo: inflamatório (apendicite, diverticulite, pacreatite, colangite),
obstrutivo, perfurativo (úlcera péptica), isquêmico, hemorrágico (ferimentos, ruptura
vísceras e aneurismas).
- Quadro crônico: origem funcional (dispepsia, intestino irritável) ou orgânica
(neoplasia, patologia péptica, isquemia).

Enterorragia
• Eliminação de sangue vivo pelo ânus.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 38


• Hematoquezia é a evacuação de sangue misturado às fezes.
• Significado Clínico: hemorragia digestiva geralmente de origem colônica.
Sangramentos altos (acima do ângulo de Treitz) de grande volume com trãnsito
intestinal acelerado e, geralmente, com graves repercussões hemodinâmicas.
Causas: lesões neoplásicas benignas (pólipos), carcinomas, divertículo,
hemorróidas, fissuras.

Eructação
• Eliminação de ar pela boca, “arroto”.
• Normal após refeições. Patológica: estresse emocional, desconfortos abdominais e
torácicos, doenças funcionais digestivas.

Esteatorréia
• Fezes gordurosas que flutuam
• Significado Clínico: má absorção de gorduras, podendo sugerir colestase.

Estufamento Abdominal
• Sensação de aumento de pressão intra-abdominal, acompanhada ou não de dor
abdominal.
• Significado Clínico: obstrução intestinal, distúrbio funcional digestivo, como
intestino irritável.

Flatulência
• Aumento da eliminação de gases pelo ânus.
• Associado frequentemente a dieta rica em fibras vegetais ou a distúrbio funcional
digestivo.

Halitose
• Odor desagradável que emana da boca.
• Patologias otorrinolaringológicas (amigdalite, faringite, sinusite) e da cavidade oral
(doença periodontal, língua saburrosa). Raro por causas digestivas (neoplasia alta,
refluxo gastroesofágico, ruminação). Considerar causas infecciosas respiratórias
baixas (abscesso pulmonar).

Hematêmese
• Vômito com sangue.
• É a manifestação de sangramento digestivo alto (acima do ângulo Treitz). Causas
mais comuns são: a úlcera péptica hemorrágica e varizes esofágicas. Também pode
ser devido a gastrites erosivas; Síndrome de Mallory-Weiss (laceração esofágica por
esforço de vômitos); esofagites severas; tumores do trato digestório superior.

Hipocolia
• Coloração esbranquiçada (descorada) das fezes, com aspecto de massa de
vidraceiro, decorrente da diminuição de pigmentos biliares de origem desconhecida
no conteúdo fecal.
• Significado Clínico: é a tradução da redução dos pigmentos biliares fecais, por
obstrução do fluxo da bile ao intestino, devido à colestase hepatocelular (intra-
hepática, como hepatite, cirrose) ou obstrutiva (extra-hepática, como neoplasia de
pâncreas, coledocolitíase).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 39


Icterícia
• Coloração amarelada da esclerótica, conjuntiva e pele, por depósito de bilirrubina.
• Significado Clínico: aumento sérico de bilirrubina direta (coledocolitíase, neoplasia
pâncreas; acompanhada de colúria e acolia) ou indireta (hemólise, síndrome Gilbert
→ defeito na conjugação; não acompanhada de colúria a acolia).

Incontinência Fecal
• Eliminação involuntária de fezes pelo ânus.
• Significado Clínico: distúrbios psicogênicos ou funcionais, presença de fecaloma,
doenças neurológicas, lesão traumática dos esfíncteres anais (pós-cirúrgica, pós-
parto), diarréia, carcinomas anais e retais, diabete.

Melena
• Eliminação anal de sangue digerido. Fezes pretas, brilhantes e fétidas.
• Significado Clínico: geralmente sangramento alto, com mesmas causas da
hematêmese.

Náusea
• Enjôo que pode ou não preceder vômitos.
• Estimulação menos intensa das vias neurais do vômito. Causas: estimulação
labiríntica, alterações neurológicas, dor visceral, reações a medicamentos, gravidez,
infecções gastrintestinais ou sistêmicas, obstrução do TGI, repugnância por
alimentos, odores.

Odinofagia
• Dor associada à deglutição.
• Infecções na orofaringe e esôfago (Candida, CMV, herpes), esofagite, câncer.

Pirose
• Sensação de queimação ascendente retroesternal.
• Doença do refluxo gastroesofágico, esofagite.

Proctalgia
• Dor na região anal.
• Distúrbio funcional da musculatura da continência.

Regurgitação
• Retorno involuntário, sem esforço e sem náusea, de conteúdo alimentar deglutido.
• Significado Clínico: regurgitação ácida no refluxo ou acalasia.

Sinal de Blumerg
• Dor na região do quadrante inferior direito a descompressão súbita.
• Sugere irritação peritoneal, secundária a apendicite aguda.

Sinal de Murphy
• Dor com parada brusca da inspiração enquanto se coloca a mão direita sobre o
gradil costal direita no ponto da borda lateral do músculo reto abdominal ou
enquanto se palpa a borda inferior do fígado.
• Significado Clínico: Colestite aguda.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 40


Sinal de Rovsing
• Dor no quadrante inferior direito durante a descompressão exercida sobre o
quadrante inferior esquerdo.
• Sugere irritação peritoneal na apendicite aguda.

Sinal do Psoas
• Paciente em decúbito lateral esquerdo, ao fletir a coxa direita até o quadril, refere
dor no quadrante inferior direito.
• Indica inflamação intra-abdominal adjacente ao músc. psoas, freqüentemente na
apendicite aguda.

Sinal do Obturador
• Paciente em decúbito dorsal, com coxa direita e joelho fletidos, rotando interna e
externamente o membro inferior, havendo dor hipogástrica.
• Indica inflamação adjacente ao músc. obturador interno, freqüentemente na
apendicite aguda.

Tríade de Charcot
• Cólica biliar, febre e icterícia.
• Geralmente significa colangite bacteriana secundária a coledocolitíase. Menos
freqüente obstrução biliar por doenças malignas ou benignas podem provocar esse
quadro.

Vômito
• Ejeção forçada do conteúdo do trato digestório superior, pela boca.
• Causado pelos mesmos estímulos da náusea. Pode provocar pneumonia aspirativa,
sangramento por laceração esofágica, desidratação, desnutrição, desequilíbrio ácido-
básico. O vômito fecalóide representa obstrução intestinal baixa, geralmente com
dor e distensão abdominal. O vômito de estase é o que vomita na manhã o que
comeu à noite, ou vice-versa.

Tenesmo
• Dor espasmódica referida no períneo após evacuação diarréica ou evacuação de
sangue.
• Significado Clínico: proctite, retite, retocolite ulcerativa, neoplasia retal.

2. ANATOMIA

 Quadrantes:  Regiões:

Hipocôndrio Hipocôndrio
Direito Esquer.

Flaco Flaco
Direito Esquer.

Fossa Ilíaca Fossa Ilíaca


Direita Esquer.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 41


• Limites do Abdômen
Externamente:
- Superior: apêndice xifóide e arcada costal até coluna vertebral.
- Inferior: base do sacro, cristas ilíacas, crista pubiana e pregas inguinais.
 Internamente:
- Superior: diafragma
- Inferior: parte superior da bacia

3. EXAME FÍSICO

• Paciente não deve estar com a bexiga cheia.


• Paciente em decúbito dorsal, com braços ao lado do corpo.
• Examinar por último as regiões dolorosas ou hipersensíveis.
• Examinar pelo lado direito do paciente.

Inspeção
• Observar simetria e forma do abdômen.
- Normal: plano.
- Alterado: globoso, escavado, avental, batráquio, abaulado, gravídioco

TUMOR HÉRNIA INGUINAL

LÍQUIDO ASCÍTICO

• Observara a cicatriz umbilical.


- Normal é ser invertida.
- Alterada é evertida, nos pacientes com ascite hérnias, grávidas.
• Estrias: nacaradas são atróficas (ruptura do colágeno), purpúricas indicam Síndrome
de Cushing.
• Observar erupções, lesões e palpar massas.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 42


• Avaliar lesões e hiperpigmentações da linha alba, principalmente em gestantes
gestantes.
• Veias dilatadas/ingurgitadas: indica dificuldade ou impedimento do fluxo venoso
através de troncos venosos principais por obstáculos, fazendo o sangue desviar para
a circulação colateral previamente existente. Ex: cabeça de medusa.
- Causas: obstrução da veia cava inferior (ocorre inversão do fluxo, que será
cranial nos quadrantes inferiores do abdome), obstrução da veia cava superior
(ocorre fluxo caudal nos quadrantes superiores do abdome), obstrução da veia
porta (ocorre fluxo no sentido centrífugo em relação ao umbigo).
• Buscar ondas peristálticas: visível em pessoas muito magras ou aumento das ondas
na obstrução intestinal (principalmente se a parede abdominal estiver rígida).
• Observara pulsações: pulsação aórtica normal freqüentemente é visível no
epigástrio.
• Avaliar a presença de cicatrizes: cirúrgicas, hipertróficas (quelóide).

Ausculta
• Recomenda-se executar a ausculta antes da palpação para evitar aumento
involuntário do peristaltismo.
• Podemos ouvir:
- Ruídos Hidroaéreos (RHA): decorrem dos movimentos peristálticos, em geral
ouvidos com intervalos de 5 – 10 segundos. Intervalos maiores não significam doença.
Ausência de ruídos é definida entre 2 – 5 minutos, e tem como causas íleo paralítico por
peritonite, trombose mesentérica, obstrução avançada, pós-operatório abdominal.
Podem ser inaudíveis no pneumoperitônio. O aumento ocorre na diarréia e no início dos
casos de obstrução intestinal. Ausculta de um único ponto é suficiente, pois os ruídos
intestinais são amplamente transmitidos pelo abdome.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 43


- Borborigmos: sons originados dos movimentos peristálticos, e são audíveis
sem estetoscópio. O quadro de dor abdominal associado à distensão, aos borborigmos e
à cirurgia abdominal prévia são indicadores de obstrução do intestino delgado
(Síndrome de Koenig).
- Sopros: originam-se da passagem turbulenta de sangue por uma artéria
dilatada, estenosada ou tortuosa.
- Atritos: deve ser pesquisado sobre o fígado e baço e sua presença indica
sempre uma anormalidade como: carcinomas, abscesso e hepatite sifilítica.
- Sinal do vasculejo: ausculta do deslocamento do líquido de estase no estômago,
após promover um movimento com a mão espalmada. Indica gastroparesia grave ou
obstrução pilórica.

Pontos de projeção e ausculta das grandes artérias abdominais

Percussão
• Ajuda a avaliar a intensidade e a distribuição de gases no abdome, a identificar
massas sólidas ou preenchidas por líquido, e a estimar dimensões hepáticas e
esplênicas.
• Percutir com o dedo médio de uma mão sobre a falange média do 3º dedo da outra
mão, que ficará fixada no abdome.
• Sons da percussão do abdômen:
- Timpânico: (ar) ocorre na distensão abdominal gasosa ou funcional (íleo,
adinâmico, meteorismo, pneumoperitônio).
- Maciço: (sólido) som de órgão maciço: zona hepática (lactentes), espaço de
Traube ocupado (espaço semilunar do sexto ao décimo primeiro espaços intercostais,
tendo como limites: gradeado costal, baço, pâncreas, cólon, rim e estômago), vísceras
sólidas aumentadas, vísceras ocas repletas de líquido, ascite (macicez de declive),
hepatimetria

 Sinal de Jobert: A presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular


direita onde normalmente se encontra macicez hepática, caracteriza pneumoperitônio.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 44


Na pesquisa de ascite encontramos macicez nos flancos quando percutimos o
paciente em decúbito dorsal. Ao mudarmos para a posição de decúbito lateral, o local de
macicez prévio torna-se timpânico, havendo uma inversão entre os locais maciço e
timpânico (macicez móvel). Acrescenta-se para confirmar o diagnóstico de ascite o
Sinal de Piparote que consiste no teste da onda líquida: com o auxilio da mão do
paciente ele comprime a linha média do abdome, enquanto o examinador faz um
piparote em um flanco e apóia as polpas digitais no outro flanco. Com isso, uma onda
líquida se desloca, sendo percebida pelas polpas digitais apoiadas no abdome.

SINALDE PIPAROTE

PESQUISA DE MACICEZ MÓVEL

Palpação
• Palpar os 4 quadrantes, superficial e depois profundamente.
- Superficial: identificar hipersensibilidade abdominal, resistência muscular e
alguns órgãos ou massas superficiais (como hérnias) ou profundas grandes. Útil na
detencção de rigidez abdominal involuntária, que indica irritação peritoneal, que pode
ser generalizada (graus variados, até o abdome em tábua) ou localizada sobre uma
víscera inflamada.
- Profunda: delimitar massas abdominais, que podem ser fisiológicas (útero
gravídico), inflamatórias (diverticulite), vasculares (aneurisma aorta), neoplásicas
(carcinoma de cólon) ou obstrutivas (alça intestinal dilatada).
• Palpação de estruturas:
- Cólon Sigmóide é palpado com freqüência e tem formato de tubo estreito e
firme, situado no QIE.
- Ceco e parte do cólon ascendente constituem um tubo mais mole e amplo
situado no quadrante inferior direito.
- Cólons transverso e descendente também podem ser palpáveis.
- Fígado avança até um pouco abaixo do rebordo costal D, onde pode ser
palpada sua borda inferior.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 45


- Aorta abdominal palpável na região superior do abdome e artérias ilíacas nos
quadrantes inferiores.
- Abaixo do gradil costal e inacessível a palpação situam-se: grande parte do
fígado e estômago, bem como a totalidade do baço normal.
- Vesícula biliar localiza-se abaixo do fígado, mas não é palpável em condições
normais. Nos casos de vesícula hidrópica e tumor de cabeça de pâncreas, poderá ser
palpável junto ao bordo hepático (Sinal de Courvoisier – vesícula palpável e ictérica).
- Duodeno e pâncreas localizam-se profundamente na região superior do abdome
e normalmente não são palpáveis.
• Órgãos que só são palpados em condições patológicas: bexiga (desde que vazia),
apêndice cecal, vesícula biliar, flexuras do cólon, intestino delgado, baço.

Palpação do Fígado
• A maior parte fica protegida pela caixa torácica.
• Hepatimetria: normal está entre 6 – 14 cm na linha hemiclavicular direita e 4-8cm
na linha média esternal.
• Percussão: para medir o diâmetro vertical da macicez hepática na linha
hemiclavicular direita, começa-se percutindo de baixo para cima, em uma região de
timpanismo, identificando a borda inferior do fígado, onde haverá macicez. Em
seguida, identifica-se a borda superior da macicez hepática na linha hemiclavicular,
indo do som atimpânico do pulmão à macicez hepática nos espaços intercostais.
Mede-se a distância entre esses 2 pontos.
• Palpação: colocar a mão esquerda na região latero-posterior do paciente para fixar o
gradil costal, e colocar mão direita ao lado do reto abdominal com as pontas dos
dedos bem abaixo da borda inferior da macicez hepática e exercer compressão suave
para dentro e para cima. Pedir ao paciente que inspire fundo. Sentir a borda inferior
do fígado quando ela descer de encontro à ponta dos dedos do examinador. A
técnica da mão em garra também é usada, sendo colocadas as 2 mãos na posição.
Fígado é palpado cerca de 3 cm abaixo do rebordo costal direito na linha
hemiclavicular com a inspiração.
• Avalia-se o bordo (fino, rombo), a superfície (lisa, irregular), a sensibilidade (não-
doloroso, doloroso), a hepatimetria (normal, hepatomegalia) e a consistência
(elástica, endurecida, pétrea). O fígado normal tem borda mole, bem delimitada e
regular, com uma superfície lisa. Fígado duro ou pétrio, com borda romba ou
arredondada e de contorno irregular sugere anormalidade hepática. O enfisema pode
dar falsa impressão de hepatomegalia por rebaixamento do diafragma.

Técnica de Lemos-Torres Técnica de Mathieu (Garra)

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 46


Palpação do Baço
• Quando aumenta de tamanho, o faz no sentido anterior, inferior e medial, surgindo
macicez onde havia timpanismo, passando a ser palpável abaixo do rebordo costal
esquerdo. A percussão sugere esplenomegalia, mas a palpação confirma, apesar de
não poder detectar grandes baços que não ultrapassem o rebordo costal.
• Palpação: com a mão esquerda, comprimir para frente a região inferior da caixa
torácica esquerda e mão direita abaixo do rebordo costal esquerdo, pressionando na
direção do baço, para dentro da caixa torácica. Solicitar inspiração profunda. Para
que seja palpável, é precido, que o baço no mínimo, dobre de tamanho. Repete-se
em decúbito lateral direito, com o membro inferior direito estendido, membro
inferior esquerdo flexionado e braço esquerdo sobre a cabeça (posição de Schuster).

Palpação dos Rins


• Rim normal é raramente palpável. O aumento desse órgão é causado por
hidronefrose, tumor ou cisto. O aumento bilateral sugere doença policística.
• A Punho Percussão Lombar (PPL) positiva ocorre principalmente na pielonefrite,
porém pode ocorrer também no abscesso renal, durante uma crise de cólica renal ou
por uma causa musculoesquelética.
• Palpação: técnica bimanual, com uma das mão transversalmente na região lombar
(com a finalidade de proteger o rim para frente) e outra apoiada ao nível do flanco
no sentido longitudinal. Na inspiração procura-se sentir o pólo inferior do rim.

4. PRINCIPAIS SÍNDROMES

ASCITE
• Definição: (também conhecida como "barriga d´água" ou hidroperitônio) é o nome
dado ao acúmulo de líquido no interior do abdome. Esse líquido pode ter diversas
composições, como linfa (no caso da ascite quilosa, causada por obstrução das vias
linfáticas), bile (principalmente como complicação da retirada cirúrgica da vesícula
biliar), suco pancreático (na pancreatite aguda com fístula), urina (no caso de
perfuração das vias urinárias) e outras. Mas, no contexto de doença do fígado com
hipertensão portal (cirrose, esquistossomose, Síndrome de Budd-Chiari e outras), a
ascite é o estravazamento do plasma sanguíneo para o interior da cavidade

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 47


abdominal, principalmente através do peritônio, provocado por uma somatória de
fatores.
• Líquido da ascite:
- < 3g% proteínas  transudato (cirrose e IC).
- > 3g% proteínas  exudato (neoplasia e tuberculose).
• Diagnóstico através do exame físico:
- Com o paciente em decúbito dorsal, o líquido se distribui pela periferia do
abdome (macicez) enquanto o intestino com ar flutua na parte superior (timpanismo).
Percutir do centro à periferia.
- Macicez móvel: há macicez nos flancos com o paciente em decúbito dorsal,
mas ao ficar em decúbito lateral, o som do flanco elevado torna-se timpânico, pois o
líquido desce.
- Teste da onda líquida (Sinal do Piparote): um auxiliador comprime a linha
média do abdome do paciente, enquanto outro faz um piparote em um flanco e apóia as
polpas digitais no outro flanco. Com isso, uma onda líquida se desloca, sendo percebida
pelas polpas digitais apoiadas no abdome.

APENDICITE
• Apendicite é uma condição caracterizada pela inflamação do apêndice. Ainda que
casos moderados de apendicite possam se resolver sem tratamento, muitos requerem
a remoção do apêndice inflamado através da laparotomia ou laparoscopia. Caso não
haja tratamento a mortalidade é alta, principalmente devido à peritonite e choque
quando o apêndice inflamado se rompe.
• A apendicite é causada, habitualmente, por um pequeno bloco de fezes endurecidas
(fecalito) que obstrui o apêndice. É a causa mais freqüente de dor abdominal aguda
sendo tratada cirurgicamente como emergência.
• A dor começa no umbigo e desloca-se para o quadrante inferior direito. Paciente
apresenta defesa voluntária, rigidez muscular.
• Sinal de Blumberg: dor na região hipersensível no quadrante inferior direito à
descompressão súbita, por descompressão rápida do peritônio, indicando irritação
peritoneal secundária à apendicite. Dor à descompressão = rechaço.

• Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito durante descompressão exercida


sobre o quadrante inferior esquerdo. Indica irritação peritoneal na apendicite.

COLECISTITE AGUDA
• A colecistite é uma inflamação da vesícula biliar. Sob circunstâncias normais, a
vesícula biliar armazena temporariamente a bile. Durante uma refeição, a bile passa
da vesícula biliar para os canais chamados de ducto cístico e de ducto biliar comum
(colédoco) para o intestino delgado. As enzimas misturam-se com a comida
parcialmente digerida no estômago e ajuda a digerir as gorduras.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 48


• Esta doença se desenvolve quando uma pessoa tem cálculos biliares, pedras
resultantes do depósito de substâncias químicas (colesterol ou sais contidos na bile)
que se formam dentro da vesícula. Se um cálculo biliar desprender da vesícula e
bloquear o ducto cístico, a bile fica represada na vesícula. Tanto as substâncias
químicas da bile retidas na vesícula como uma infecção bacteriana na bile podem
conduzir à inflamação da parede da vesícula biliar – chamada colecistite. Uma crise
súbita de bloqueio da bile, com ou sem infecção associada, é chamada de colecistite
aguda. Porém, se crises leves e repetidas de colecistite aguda acontecerem,
chamamos de colecistite crônica.
• Colecistite crônica, os efeitos dos múltiplos episódios de inflamação, irritação e
lesão da vesícula levam a um espessamento de suas paredes pelo processo
cicatricial. Finalmente, este processo pode fazer com que a vesícula encolha e possa
perder sua capacidade de armazenar e liberar a bile. Os cálculos biliares causam dor
periódica através da obstrução intermitente sem qualquer infecção, e isto é
tipicamente chamado de cólica biliar.
• Sinal de Murphy: dor com parada brusca da inspiração enquanto se colocam os
dedos da mão direita em garra sobre o rebordo costal direito no ponto da borda
lateral do reto abdominal ou quando se palpa a borda inferior do fígado.

HÉRNIAS ABDOMINAIS
• Resultam da protrusão de uma estrutura através de um ponto de solução de
continuidade da parede abdominal.
- Quando o conteúdo do saco herniário pode ser facilmente recolocado em seu
lugar, a hérnia é dita redutível; do contrário, é dita irredutível ou encarcerada.
- Quando o aporte sanguíneo é interrompido, é dita estrangulada e pode
gangrenar rapidamente.
• Podem ser umbilicais (gordura pré-peritoneal, omento, alças intestinais raramente),
incisionais (relação com infecção da ferida cirúrgica e obesidade), epigástricas (na
linha alba, sendo protrusão da gordura pré-peritoneal ou do próprio peritônio).

ABDOME AGUDO
• Definição: dor abdominal intensa, com menos de 24 horas de duração, podem estar
associada a febre, náusea, vômito, enterorragia, distensão abdominal, cessação da
eliminação de gases pelo ânus e sintomas urinários.
• Pode ser apresentação clínica de:
- Inflamação de estruturas do sist. digestório (apendicite, colecistite, pancreatite,
diverticulite, ileíte) ou do sist. genital feminino (salpingite, endometriose, gravidez
ectópica rota).
- Perfuração de víscera oca (úlcera péptica perfurada, perfuração do intestino
delgado).
- Isquemia (trombose ou embolia mesentérica, vasculites).
- Oclusão (hérnias encarceradas, aderências, neoplasias).
- Cólica renal e pielonefrite aguda.
- Ruptura de aneurisma de aorta.
– Trauma abdominal com penetração (arma branca ou de fogo) ou por
desaceleração abrupta.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 49


SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL
• Definição: presença de dor abdominal de localização inespecífica acompanhada de
alterações do hábito intestinal – diarréia, constipação ou alternância entre esses dois
sinais – e frequentemente de estufamento ou distensão abdominal.
• Significado Clínico: distúrbio funcional do sistema digestório. O diagnóstico é feito
com base nos sintomas apresentados pelo paciente. Para que se possa firmar o
diagnóstico não deve haver alterações ao exame clínico ou em exames laboratoriais.
A presença de febre, sangramento, anemia, perda de peso, sintomas durante a noite e
diarréia de grande volume e freqüência não são características da Síndrome do
Intestino Irritável e devem desencadear a investigação de outra causa.

SÍNDROME ICTÉRICA
• Icterícia é uma coloração amarelada de pele e mucosas devida a uma acumulação de
bilirrubina no organismo.
• Quatro tipos:
- Hemolítica ocorre devido a danos nas hemácias, que podem ter como causa
anticorpos formados em decorrência de transfusão de sangue.
- Hiperbilirrubinemia (icterícia dos recém-nascidos) apresenta uma falha
temporária na síntese da enzima responsável pelo metabolismo da bílie.
- Hepatocelular é causada quando os hepatocitos sofrem danos por vírus (como
no caso da hepatite) ou pela ingestão excessiva de bebida alcoólica.
- Obstrutiva, surge após uma obstrução mecânica dos condutos que transportam
pigmentos do fígado ao intestino. Este bloqueio pode ter como causa a presença de
cálculo renal, tumor ou processo inflamatório. Paciente apresenta prurido e
descoloração das fezes.
• Sinal de Courvoisier: vesícula palpável  principal causa é o tumor de cabeça de
pâncreas que obstrui o canal colédoco aprisionando a bilie dentro da vesícula biliar;
outras causas: hepatite viral e cálculo biliar.
• Exames laboratoriais:
- bilirrubina e aminotransferase  lesões dos hepatócitos.
- gama GT e fosfatase alcalina  canalículos obstruídos.

SÍNDROMES HEMORRÁGICAS
a) Hemorragia Digestiva ALTA (HDA)  até o ângulo de Treitz no Duodeno.
• Aguda: hematêmese (sangue bordo) e melena (fezes pretas).
• Crônica: hemorragia pode ser evidente ou oculta (anemia ferropriva)
• Causas: úlceras pépticas, gastrite hemorrágica, varizes de esôfago, câncer, Síndrome
de Mallory-Weiss (rompimento da mucosa esôfago-gástrica).
b) Hemorragia Digestiva BAIXA (HDB)  abaixo do ângulo de Treitz
• Aguda: hematocrezia ou enterorragia.
• Crônica: evidente ou oculta.
• Causas: divertículos, câncer, hemorróidas, distúrbios intestinais.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 50


SEMIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO
1. SINAIS E SINTOMAS

Alterações da Micção
• Disúria: micção difícil e desconfortável, requerendo esforço para mantê-la e que
pode acompanhar-se de dor, descrita como queimação/ardência. Sugere irritação ou
inflamação da bexiga ou da uretra, geralmente por infecção bacteriana.
• Estrangúria: emissão lenta e dolorosa da urinam através de gotas. Ocorre pelo
espasmo da musculatura do trígono e colo vesical.
• Tenesmo: sensação de esvaziamento vesical insuficiente.
• Polaciúria: necessidade de urinar repetidas vezes em intervalos curtos. Pode ocorrer
por irritação da bexiga por inflamação, cálculo ou tumor; por redução da capacidade
vesical por fibrose, compressão externa por massa pélvica ou útero gravídico.
• Urgência: sensação exagerada de desejo miccional.
• Noctúria: micção noturna. Pode ocorrer na IRC (redução da capacidade de
concentrar a urina), redução da capacidade vesical, obstrução urinária (hipertrofia
prostática), edema, DM. Fisiológico na ingesta excessiva de líquido antes de dormir.
• Nictúria: maior freqüência de micções à noite que de dia.
• Incontinência urinária: perda involuntária de urina.
• Retenção urinária: incapacidade de eliminar a urina acumulada na bexiga. Em
homens adultos, problemas na uretra e próstata devem ser pesquisados, e nas
mulheres, doenças inflamatórias baixas.
• Enurese: incapacidade de reter a urina durante o sono.

Alterações do Jato Urinário


• Correspondem à dificuldade de iniciar a micção ou diminuição da intensidade e do
calibre do jato urinário. Em homens, geralmente indica obstrução prostática, e nas
mulheres, estenose da uretra.

Alterações do Volume Urinário


• Poliúria: diurese superior a 3 litros em 24h. Pode ser fisiológica quando há
sobrecarga líquida, osmótica ou sódica, mas é anormal no diabete insípido, diabete
mélito, IRC, IRA.
• Oligúria: diurese inferior a 400ml em 24h. A principal causa é IRA ou IRC.
• Anúria: diurese inferir a 100ml em 24h. Anúria total quando não há diurese.

Alterações do Aspecto da Urina


• Hematúria: pode originar-se em qualquer ponto do trato urinário, pode ser macro
ou microscópica, com ou sem sinais e sintomas associados. Quando macroscópica e
inicial (início da micção), sugere patologia da uretra. No fim da micção, alerta para
patologia prostática ou vesical.
• Piúria: pus na urina, associado a infecção urinária.
• Quilúria: eliminação de linfa na urina.
• Urina espumosa: proteinúria.
• Colúria: eliminação de bilirrubina conjugada, ficando com cor marrom.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 51


Dor Lombar
• Unilateral, no ângulo costovertebral, irradiação para hipocôndrio ou em direção ao
ligamento inguinal ou genitália ipsilateral. Em cólica, sem posição de alívio, muitas
vezes associada a náuseas, vômitos e hematúria, é dita cólica renal, geralmente pela
passagem de um cálculo. Sem cólica, que piora com movimentos e alivia com
repouso, associada a sintomas miccionais ou febre, sugere pielonefrite aguda.
Tumor renal também deve ser avaliado.

Dor Ureteral
• Pela obstrução e distensão súbitas do ureter. Quando o terço proximal do ureter é
atingido, a dor se irradia para testículo ou vulva; no terço médio, para o lado direito
(simulando apendicite) ou esquerdo (simulando diverticulite); ao se aproximar da
bexiga, o fator obstrutivo pode causar sintomas de irritabilidade ou inflamação
vesical (polaciúria, urgência, disúria).

Edema
• Ocorre devido a um aumento do líquido intersticial. Manifesta-se por ganho de
peso, face e extremidades inchadas, aumento da circunferência abdominal ou
depressão cutânea após pressão sobre a área afetada, denominada e cacifo (por
exemplo: tornozelo, pré-tibial, região sacral).
• Por doença renal costuma ser generalizado, decorrente de proteinúria maciça ou
retenção hidrossalina.

Prostatismo
• Termo usado para caracterizar sintomas de trato urinário inferior, sejam eles
obstrutivos (hesitação, alteração do jato urinário, gotejamento terminal, sensação de
esvaziamento incompleto da bexiga) ou irritativos (urgência, polaciúria, noctúria,
dor suprapúbica), que podem estar associados a alterações na bexiga, próstata ou
uretra.

2. ANATOMIA

• Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo


abaixo do diafragma, um de cada lado da coluna
vertebral, nessa posição estão protegidos pelas
últimas costelas e também por uma camada de
gordura.
• Cada rim tem cerca de 11,25 cm de comprimento,
5 a 7,5 cm de largura e um pouco mais de 2,5 cm
de espessura..

3. EXAME FÍSICO

• O exame do sistema urinário é realizado junto com o exame do abdômen.

Paciente Deitado em Decúbito Dorsal


• Inspeção: busca de massas visíveis (rins policísticos – presença de cistos com
líquido nos rins que crescem progressivamente) ou pulsáteis (aneurisma de aorta
abdominal).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 52


• Ausculta: nos quadrantes abdominais superiores, flancos e região periumbilical,
procurando sopros.
• Percussão da bexiga: realizada nos pacientes com suspeita de obstrução urinária
baixa, e consequentemente retenção urinária e presença de globo vesical.
• Palpação dos rins: os rins normalmente não são palpáveis. Palpação bimanual, com
uma mão na região lombar projetando o rim para a frente e a outra apoiada no
flanco. Na inspiração profunda deve-se comprimir profundamente o quadrante
superior abaixo do rebordo costal para sentir o pólo inferior do rim. O aumento
sugere hidronefrose, tumor ou cisto. O aumento bilateral sugere doença renal
policística.

Paciente Sentado
• Punho Percussão Lombar (PPL): feita no ângulo costovertebral, mantendo-se a mão
fechada, golpeia-se com a borda cubital a região, e averigüa-se se a manobra
desperta sensação dolorosa. Sendo positiva na pielonefrite aguda, cólica renal,
abscesso renal.

4. PRINCIPAIS SÍNDROMES

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA (HSA)


• Presença de níveis pressóricos elevados.
• É incluída como síndrome nefrológica pelo fato de a hipertensão arterial, quando
não adequadamente controlada, causa dano renal (nefroesclerose hipertensiva), e
pelo fato de ter como etiologia algumas doenças renais: estenose da artéria renal,
glomerulopatias e nefropatias crônicas.

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU)


• O patógeno mais freqüente em ITU não-complicada e não-nosocomial é a
Escherichia coli, e a via de infecção principal é ascendente.
• Tipos de de infecção urinária:

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 53


- Baixa: não atinge rim, produz sintomas irritativos, como disúria, polaciúria, sor
suprapúbica, ardência, urgência.
- Alta: pielonefrite aguda, causa dor lombar com febre sendo a dor acentuada
pela punho-percussão lombar – sinal de Giordano.
- Persistente infecção pelo mesmo patógeno após tratamento.
- Reinfecção: associada a alterações da defesa do hospedeiro.

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)


• A IRA é a supressão abrupta da função renal (filtração glomerular) em conseqüência
de alterações renais agudas, caracterizada pela oligúria (volume urinário menor que
20ml/h) ou anúria (ausência de urina), além da retenção de catabólitos endógenos,
elevando creatinina e uréia.
• Há três tipos de IRA dependendo do local onde se dão as alterações agudas: antes do
rim, no rim e depois do rim: pré-renal, renal ou pós-renal.
- Pré-renal: É uma alteração que ocorre antes do rim, levando à insuficiência
funcional ou lesão orgânica. Ocorre por insuficiência circulatória aguda, por falta de
líquidos (hipovolemia), por desidratação grave ou perda de sangue. Pode ocorrer,
também, por queda da pressão arterial do sangue circulante. Quando a pressão arterial
cai a menos de 90mmHg o sangue tem pouca pressão para filtrar e por isso se torna
insuficiente. As situações mais comuns de hipotensão são o choque hemorrágico,
traumático ou infeccioso (bactérias). Ocorre também por redução do fluxo da artéria
renal, por hemorragia e insuficiência cardíaca.
- Renal: É a lesão que atinge agudamente o rim seja por tóxicos (químico ou
medicamentoso), seja por inflamações (nefrites) ou por morte de células do rim (necrose
do glomérulo ou do túbulo renal).
- Pós-renal ou obstrutiva: É a que ocorre por obstrução das vias urinárias,
impedindo a passagem da urina pela via urinária. A obstrução pode ocorrer em qualquer
parte da via urinária: pelve renal, ureter, bexiga ou uretra  obstrução ureteral,
esclerose de colo vesical, hiperplasia proatática.

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC)


• Caracteriza-se por um declínio progressivo e irreversível da taxa de filtração
glomerular.
• Sintomas urêmicos, aumento da creatinina, rins reduzidos de volume, azotemia
(retenção de produtos nitrogenados).
• Principais causas são diabetes melito, glomerulonefrite crônica. Geralmente, HAS.

SÍNDROME NEFRÍTICA
• Surgimento agudo de hematúria, edema e hipertensão, podenso estar acompanhada
de perda da função renal.
• Principais causas: glomerulonefrite pós-estreptocócica.

SÍNDROME NEFRÓTICA
• Definida pela presença de proteinúria maciça, hipoalbuminemia, edema,
dislipidemia.
• Também pode haver HAS, redução da função renal, hematúria...
• Causas:
- Primarias: glomerulopatias idiopáticas.
- Secundária: doenças sistêmicas, como lúpus eritematoso sistêmico, diabete
melito, amiloidose e neoplasias.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 54


SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA
1. ATITUDE
• Classificação das atitudes (ou posições) em:
- Ativa: indiferente quando não há desconforto e o indivíduo pode ficar em
qualquer posição; eletiva quando uma posição peculiar é preferida por diminuir um
desconforto ou uma limitação funcional.
- Passiva: quando o paciente não é capaz de movimentar-se voluntariamente. É
devida a uma das seguintes situações: coma, tetraplegia e estados psiquiátricos graves
(catatonia e quadros dissociativos).

2. ESTADO MENTAL
• Observar certas características como: cuidados pessoais, afeto, idade, lateralidade,
nível de escolaridade e ocupação.
• Vigília: definir se o estado de vigília (de alerta ou de consciência) do paciente é
fisiológica – quando o paciente dorme ou está vigil – ou patológica – quando o
paciente está letárgico ou comatoso.
• Atenção: observar se o paciente é capaz de ficar focado em determinado assunto, se
ele resiste às distrações e mantém uma conversa coerente.
• Memória: pode estar prejudicada nas mais diversas escala de tempo.
- Se o problema é no registro e na recordação imediata (sem intervalo de tempo),
trata-se provavelmente de um déficit de atenção ou de uma afasia de repetição.
- Se a “memória imediata” está intacta e a dificuldade de recordação começa
após cerca de 5 minutos desde o aprendizado (memória recente) o problema está
em danos nas estruturas límbicas (lobo temporal medial e tálamo medial).
- Um déficit completo de memória recente pode ter um começo e claro e
provocar uma amnésia retrógrada – paciente terá dificuldade de recordar tudo o
que acontecer depois do início a doença, co manutenção das recordações do que
se sucedeu antes da mesma.

3. FUNÇÕES COGNITIVAS
Linguagem
• É o mecanismo pelo qual fazemos aparecer nossa atividade simbólica interior
(pensamentos e idéias). Ela envolve não apenas atividade motora complexa como
também atividade intelectual complexa. Avaliação da linguagem constitui em dois
níveis.
 Articulação das palavras:
- Disartria: fraqueza (do neurônio motor superior ou inferior) ou incoordenação
dos músculos da articulação da palavra;
- Disfonia: fraqueza da musculatura da laringe ou do palato mole (interferindo
na dinâmica de expiração);
- Dislalia: distúrbio do desenvolvimento do aprendizado da articulação da
palavra.
 Função lingüística propriamente dita: Afasias são os distúrbios adquiridos da
linguagem (falada e escrita) causado por lesões cerebrais.
- Afasia de Broca: Fala espontânea (não-fluente, realizada com esforço,
telegráfica); Nomeação (prejudicada); Compreensão auditiva (intacta); Repetição
(prejudicada); Compreensão escrita (freqüentemente prejudicada); Escrita (prejudicada);

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 55


Sinais associados (hemiparesia direita, hemi-hipoestesia, apraxia dos MM esquerdos,
depressão); Localização (lobo frontal dominante).
- Afasia de Wernicke: Fala espontânea (fluente, excessiva, sem hesitação.
Conteúdo sem sentido); Nomeação (prejudicada, com parafrasias bizarras);
Compreensão auditiva (muito prejudicada); Repetição (prejudicada); Compreensão
escrita (prejudicada); Escrita (bem-formada, muitas vezes fluentes, mas com parafrasias
e sem sentido); Sinais associados (ausentes, mas pode haver defeitos de campo visual -
quadrante sup contralateral); Localização (temporal superior / parietal inferior
dominante).
- Afasia de Condução: Fala espontânea (fluente, mas hesitante, parafrasias
notadas pelo paciente - que tenta corrigir); Nomeação (variável); Compreensão
(intacta); Repetição (muito prejudicada, déficit fora de proporção comparado às outras
afasias); Compreensão escrita (variável); Escrita (variável); Sinais associados
(desconexão entre Wenicke e Broca. Pode ter sintomas associados das duas afasias);
Localização (temporal isolada ou parietal inferior - giro supramarginal).
• As áreas cerebrais envolvidas com a função lingüística são unilaterais – no
hemisfério predominante: destros, hemisfério esquerdo; canhotos / ambidestros,
70% esquerdo, 30% direito:
- Área de Broca (giro frontal inferior): área motora da linguagem.
- Área de Wernicke (giro supramarginal): área de elaboração da palavra.
• Apraxia diz respeito à capacidade do indivíduo de realizar movimentos propositados
e deliberados, que usualmente fazem parte de uma habilidade aprendida. Apraxias
(isto é, distúrbios da praxia) estão relacionadas a déficits de planejamento ou de
conceitualização motores.
• Síndrome de Gertsmann: lesão do lobo parietal esquerdo; agrafia e alexia, com boa
compreensão verbal; desorientação direita-esquerda; acalculia; agnosia.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 56


4. EXAME DO ESTADO MENTAL
• O exame do estado mental rastreia as ditas “funções superiores”. É explicado com
mais detalhes no capítulo de semiologia psiquiátrica, mas merece atenção também
na semiologia neurológica. Um ponto importante é ressaltar que, para que o exame
tenha um significado efetivo, é preciso que o paciente esteja alerta.

Nível de consciência
Nível Técnica Resposta do paciente
Alerta Falar com tom de voz Abre os olhos, olha e responde de forma completa e
normal apropriada.
Letargia Falar em voz alta Abre os olhos, responde, mas volta a dormir.
Obnubilação Sacudir suavemente o Abre os olhos, responde com lentidão e de forma
paciente um pouco confusa.
Estupor Aplicar estímulo
Acorda somente após estímulo doloros. Respostas
doloroso verbais lentas ou ausentes. Consciência mínima de
si e do ambiente.
Coma Aplicar repetidamente Permanece inconsciente, de olhos fechados. Não há
estímulo doloroso resposta evidente a necessidades internas ou
estímulos externos.

Atenção e Concentração
• Podem ser acessados por testes como o digit span (seqüência de números).

Orientação
• A orientação diz respeito ao tempo, ao espaço e a si mesmo.
- Déficits na orientação no tempo e no espaço sugerem déficits da memória
recente, mas deve-se ter cuidado na interpretação: pacientes que estão há muito
internados podem apresentar algum grau de perda desses parâmetros.
- Já os déficits de orientação quanto à pessoa são mais graves, e sugerem um
quadro de alteração de memória de maior duração e intensidade (demência) ou de uma
encefalopatia aguda difusa (delirium).
• Para testar, pedem-se no mínimo cinco parâmetros de cada orientação.

Memória
• O exame da memória (ou melhor, das memórias) visa identificar se existe algum
déficit específico e clinicamente significante nessa função tão importante. Déficits
sugerem:
- Memória imediata / de trabalho: déficit de atenção, afasia de repetição (mais
detalhes adiante);
- Memória recente / de curta duração (dificuldade começa a partir de 5 min do
aprendizado): dano a estruturas límbicas (lobo temporal medial e tálamo medial);
- Memória remota / de longa duração: demências.
• Forma de se testar:
- Memória de trabalho: 3 palavras que não evoquem associação de idéias e
repetição imediata;
- Memória de curta duração: as mesmas 3 palavras depois de distrair o paciente
por, no mínimo, 5 minutos (mas não esqueça);
- Memória de longa duração: fatos históricos comuns, eventos importantes da
vida (que possam ser conferidos, obviamente).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 57


5. EQUILÍBRIO E MARCHA
• O exame do equilíbrio e da marcha é útil para detecta alterações nas mais diversas
estruturas do SN – cerebelo, sistema vestibular, núcleos da base, lobos frontais,
propriocepção, nervos periféricos e musculatura.
 Reflexo vestibular: ex.: cabeça para o lado esquerdo  ativa o lado esquerdo
e inibe o lado direito  aumenta a sustentação postural do lado esquerdo.

Equilíbrio
• Forma de pesquisar:
- Observação – olhos do paciente abertos e fechados  Sinal de Romberg: paciente
oscila com os olhos fechados.
- Prova de rechaço (diadococinesia): empurrar o paciente enquanto esse
naturalmente oferece resistência e equilíbrio para não cair.
• Olhos abertos: lesão cerebelar do mesmo lado (hemisfério) para o qual cai. Se a
queda for para todas as direções, a lesão é no vérmis;
• Para diferenciar queda unilateral de origem vestibular ou cerebelar: muda a posição
da cabeça do paciente  lesão vestibular, padrão de queda muda; lesão cerebelar,
padrão não muda.

Marcha
• Forma de pesquisar:
- Observação – “ir e vir” e provas deficitárias
• Anormalidades da marcha
- Espástica: Unilateral: hemisférica (de Wernicke-Mann). Há flexão do MS e
extensão do MI (ex AVC); Bilateral: em tesoura (paraparética). MMII em extensão e
adução.
- Atáxica: com desequilíbrio, aumento do polígono de sustentação;
- Neuropática (em pé tombando, escarvante): excessiva flexão da perna sobre a
coxa, associada com a incapacidade de realizar a dorsiflexão do pé (ex lesão do nervo
fibular comum);
- Miopática (anserina): incapacidade de fixar a cintura pélvica, com instabilidade a
cada passo;
- Apráxica (frontal): incapacidade de iniciar / prosseguir a marcha na ausência de
qualquer déficit de força.

6. COORDENAÇÃO
• O exame da coordenação é, essencialmente, exame da função cerebelar. Esse exame
necessita de integridade da força, das sensações proprioceptivas e da função
vestibular. Assim, é preciso sempre raciocinar e integrar as diferentes etapas do
exame neurológico para interpretar corretamente os dados.
• O exame divide-se em :
- Coordenação axial (do eixo corporal), que será abordada em relação ao
equilíbrio e a marcha;
- Coordenação apendicular (dos membros).
• Princípios gerais: O cerebelo influencia sempre os neurônios motores de seu próprio
lado. Isso significa que as lesões dos hemisférios cerebelares sempre dão
sintomatologia do mesmo lado do corpo. As lesões do vérmis normalmente dão
sintomatologia bilateral. As alterações da coordenação são conhecidas
genericamente como ataxias.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 58


Coordenação Apendicular
• Forma de pesquisar:
 Metria: dedo-nariz, dedo-nariz-dedo e calcanhar-joelho
Alternância de movimentos antagônicos: Diadococinesia e Rechaço (reflexo de
frenagem) – Stewart-Holmes
Avaliação da marcha, da fala e dos movimentos oculares (comentados em outras
seções)
• Dismetria
- Hipometria e hipermetria;
- Tremor de intenção: ausente no repouso, piora com a aproximação do alvo;
- Decomposição do movimento: parece “robótico”, desajeitado.
• Alternância de movimentos antagônicos
- Disdiadococinesia: não mantém a uniformidade do ritmo, da amplitude e da
velocidade;
- Rechaço positivo: o antebraço bate no peito do paciente. Lembrar de proteger o
paciente!

7. MOTRICIDADE
• O exame da motricidade avalia o trofismo, do
tônus e da força (i.e. do movimento
voluntário) musculares, bem como do
movimento involuntário.
• Via eferente do movimento: trato córtico-
espinhal, que é cruzado. Nnúcleos da base
(NB), que tem como função a modulação do
movimento, em um circuito básico que o liga
ao córtex (ex,: dopamina inibe os NB que
inibem o movimento. Na doença de
Parkinson, com a destruição da substância
negra (produtora de DA), não há inibição nos
NB e por conseqüência não há inibição na
musculatura (tremores).

Movimentos Involuntários
• Inspeção
• Movimentos associados, sinergísticos
- Ausentes: hipo/bradicinesia, encontrado em
síndromes extrapiramidais (como o
parkinsonismo);
- Aumentados: hipercinesia, agitação
psicomotra e quadros de mania ou síndromes
priamidais (como a síndrome das pernas
inquietas).
• Movimentos patológicos (NB)
- Coréia: breve, rápido, brusco, irregular e
imprevisível. Se na raiz dos membros  balismo;
- Atetose: lento, contorcivo, estereotipado e
previsível, geralmente predomínio distal;

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 59


- Distonia: postura anômala mantida, como o torcicolo espasmódico.

• Tremor (aqui entra a função cerebelar também)


- De repouso (ex parkinsonismo), melhora com a postura e o movimento voluntário;
- Postural (ex ansiedade, cansaço, essencial), pode piorar com intencionalidade.
- De intenção (origem cerebelar), ausente no repouso, piora com a proximidade do
alvo
• Fasciculações: Contrações isoladas de fibras musculares desaferentadas.
• Movimentos paroxísticos: Convulsões: “irritação” cortical.

Trofismo
• Inspeção e palpação
• Atrofia: Desuso; Desnervação (perda da inervação do neurônio motor inferior);
Problema da fibra muscular.
• Hipertrofia: Hiperatividade muscular; Pseudo-hipertrofia (distrofia muscular de
Duchenne  panturrilha parece hipertrófica, mas o que há é atrofia da musculatura
da coxa e tecido adiposo na panturrilha).

Tônus
• É o estado de semicontração do músculo. A regulação periférica é feita através dos
fusos musculares e órgãos neurotendinosos; a central através do cerebelo
(paleocerebelo) e sistema extrapiramidal (corpo estriado).
• Avaliamos a consistência, extensibilidade e passividade, através da palpação,
rolamento, balanço e movimentação passiva. Usamos a palpação para avaliar a
consistência muscular, que pode estar aumentada (contratura, rigidez e fibrose) ou
diminuída (neuropatias periféricas, tabes, etc)
• Extensibilidade é o grau de alongamento mecânico em um músculo ao se afastar ao
máximo de seus pontos de inserção. Passividade é o grau de resistência ao seu
alongamento.
• Principais alterações:
 Hipertonia
- Plástica: em qualquer direção, em qualquer articulação, ao longo de todo o
movimento. O membro tem a tendência de permanecer por algum tempo na posição
em que foi deixado. Típica do parkinsonismo;  Fenômeno da roda dentada
- Espástica: aumenta no início e no final do movimento, mais perceptível se rapidez
do movimento aplicado for maior. Típica da lesão da via piramidal;  Fenômeno do
canivete
- Paratonia: resistência em todas as direções, por incapacidade de o paciente relaxar.
Típica de quadros de demência.
 Hipotonia
- Normal (mais hiperextensibilidade), principalmente mulheres jovens;
- Patológica: doença cerebelar, coréias, neuropatias, miopatias.

Força
• Manobras deficitárias: paciente sustenta certa postura por 60 segundos, a partir disso
observa-se alterações. Manobras:
- Mingazzini membros superiores: braços estendidos e separados, dedos abertos,
olhos fechados — observar a queda das mãos e dos braços, bem como oscilações.
- Mingazzini membros inferiores: paciente em decúbito dorsal, flexão das coxas.
Respostas: 1 – oscilação e queda progressiva da perna; insuficiência da quadríceps

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 60


(extensor da perna); 2 – queda isolada da coxa; insuficiência do psoas (flexor da coxa);
3 – queda simultânea da perna e da coxa.
- Barré: decúbito ventral, pernas fletidas sobre as coxas. Oscilação e queda
indicam insuficiência dos flexores da perna.
-Pedalar de Pitres: abaixar e levantar o pé, repetida e rapidamente. Avaliar
flexão do pé (ciático popliteo externo).
• Contra resistência: teste de força a qual o paciente é instruído a resistir a força
aplicada pelo examinador.
• Interpretação da froça:

Graus de força
Zero Nenhuma contração muscular.
1 Movimento visível no músculo, mas nenhum movimento obtido na articulação.
2 Movimento na articulação, mas não contra a gravidade.
3 Movimento contra a gravidade, mas não contra resistência adicional.
4 Movimento contra resistência, mas ainda não completamente normal.
5 Força normal.
• Déficit de força: Proximal (miopatia) x Distal (neuropatia) – sistêmicas; Do resto,
depende de como se apresenta (problema do músculo, do nervo periférico, da raiz
nervosa, das vias, do córtex).
• Paresia: déficit não-completo;
• Plegia: déficit completo.
 Hemiparesia e Hemiparesia: atinge um dos lados do corpo, por lesão da via
piramidal ipsilateral ou córtex contralateral;
 Paraparesia e Paraplegia: atinge os dois membros homólogos (lesão do segmento
medular).

Principais Síndromes Motoras


Síndrome do neurônio motor superior Síndrome do neurônio motor inferior
(síndrome piramidal)
Músculos afetados em grupo Músculos podem ser afetados
individualmente
Atrofia leve, por desuso Atrofia acentuada, por desnervação
Paralisia espástica Paralisia flácida
Hiper-reflexia Arreflexia
Sem fasciculações Com fasciculações
Sinal de Babinski Ausência do sinal de Babinski

Comparação entre as síndromes priamidal e parkinsoniana


Síndrome piramidal Síndrome parkinsoniana (hipocinética)
Hipertonia espástica Hipertonia plástica
Sinal do canivete Sinal da roda denteada
Mm flexores dos MMSS e extensores dos Flexores e extensores dos 4 membros
MMII Flexores do tronco
Sem movimentos involuntários Tremor de repouso
Hiper-reflexia Eu-reflexia, ou um pouco aumentados
Sinal de Babinski Ausência do sinal de Babinski
Paralisia Hipocinesia
Bilateral ou unilateral Bilateral e simétrica

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 61


8. REFLEXOS
• Um reflexo é uma resposta adaptativa invariável à estimulação de um dos órgãos
dos sentidos, sendo – portanto – involuntários. São os reflexos: de estiramento
muscular, superficiais (cutâneos), primitivos, posturais e de endireitamento,
movimentos associados.

Reflexos profundos (proprioceptivos miotáticos)


• De estiramento muscular, são mediados por: (1) Graus de Resposta – Reflexos
fusos musculares (receptores); (2) fibras Profundos
aferentes; e (3) motoneurônio alfa. Zero Ausente
• São reflexos monossinápticos. Sua pesquisa é 1+ Diminuído
feita com o martelo percutindo o tendão
2+ Normal
muscular; deve ser feita de forma metódica e
comparativa, com o paciente relaxado; necessita 3+ Vivo
conhecimento das posições adequadas à 4+ Hiperativo/clônus
pesquisa, de modo a obter a tensão muscular ideal para o estiramento das fibras,
bem como das áreas de pesquisa.

• Significado das alterações dos reflexos profundos:


 Hiper-reflexia: reflexos vivos ou exaltados, com diminuição do período de latência
e aumento de amplitude, constituindo junto com a presença da hipertonia, do clonus, do
automatismo medular, das sincinesias e sinreflexivas a síndrome de liberação piramidal.
A hiper-reflexia pode aparecer também no tétano e hidrofobia, nas intoxicações por
estrionina e atropina, em distúrbios metabólicos, como hepático e uremia e até em
distúrbios psicogênicos;
- Clônus: provocar passivamente a distensão brusca de um tendão,
desencadeando uma série de contrações clônicas e rítmicas, involuntárias, de duração

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 62


subordinada ao tempo que se mantém a distensão (clônus inesgotável). Pesquisa: pé,
rótula, mão e mandíbula;
Hiporreflexia: observada em neurites; polirradiculoneurites, afecções do cordão
posterior, poliomiosites e degeneração muscular progressiva, crises de paralisia
periódica e miastenia, traumatismo raquimedular (fase de choque espinhal), hipertensão
intracraniana grave, coma, etc.

Reflexos superficiais (exteroceptivos)


• São provocados pela estimulação da pele, sendo interpretados como nociceptivos. O
arco reflexo é longo, percorre todo o SN praticamente. Já os reflexos primitivos são
comuns aos indivíduos com até 30-60 dias de vida. Depois, desaparecem – sendo
sobrepujados pela atividade voluntária (influência frontal). Os reflexos de
endireitamento não são investigados no adulto. Por fim, os movimentos associados
são aqueles que acontecem “secundariamente” a um movimento voluntário, central
e consciente.
• Reflexos superficiais:
- Mucosos: corneano; velopalatino e faríngeo. Serão estudados junto com os
nervos cranianos.
- Cutâneos: pesquisa através de estilete, atritando a pele em certa extensão. São
reflexos de integração segmentar, polissinápticos. Estão abolidos na síndrome
piramidal, porém podem estar abolidos sem significado patológico em pacientes obesos,
com ascite, na velhice, gravidez, em presença de cicatriz cirúrgica, etc.
- Reflexo Cremastérico: Paciente em decúbito dorsal, membros em extensão e
abdução; estimular terço superior e medial da coxa. Resposta: contração do cremaster
levando à elevação do testículo (ou do grande lábio, no caso das mulheres). Quando
exaltado, pode haver elevação dos dois testículos.
- Cutâneo-plantar: excitação da região plantar do pé no sentido póstero-anterior.
Resposta normal: flexão dos artelhos. A resposta em extensão — extensão lenta do
hálux, podendo estar acompanhada da abdução e abertura dos outros dedos em leque —
constitui o clássico Sinal de Babinski, que aparece como indicador de lesão piramidal.

Sucedâneos do sinal de Babinski


Chaddock Estímulo da pele na parte lateral do dorso do pé, do calcanhar/maléolo até
o dedo mínimo
Oppenheim O polegar e o indicador aplicam forte pressão sobre a tíbia, deslizando até
o tornozelo
Gordon Pressionar/comprimir os músculos da panturrilha
Schaefer Pinçar o tendão do calcâneo o suficiente para causar dor
Bing Estímulo do dorso do hálux com a ponta fina de uma agulha; a resposta
normal é a flexão do hálux, a anormal é a extensão

Reflexos tônicos
• Reflexo tônico cervical de Magnus-Kleijn (reflexo do espadachim): observado em
lesão do tronco cerebral superior, processos encefálicos difusos, paralisia cerebral.
• Reflexo de fixação: apresentam-se exagerados em afecções do sistema
extrapiramidal e abolidos em lesões da via piramidal, na tabes e afecções
cerebelares.
 Obs.: contração ou reflexo ideomuscular – percussão direta sobre o músculo;
contração resulta das funções especificamente musculares (contratilidade e

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 63


excitabilidade). Abolidos nas miopatias, está presente ou exaltado em determinados
tipos de neuropatias e nas tabes, onde os reflexos profundos estão abolidos.
• Na miotonia a percussão do deltóide, eminência tenar e hipotenar e língua,
determina uma contração muscular do tipo tônico, acompanhada de uma
descontração lenta que persiste por vários segundos

9. SENSIBILIDADE
• As modalidades sensoriais incluídas no exame neurológico são:
- Exteroceptivas: tato e pressão; dor; temperatura
- Proprioceptivas: sensibilidades vibratória (palestesia) e cineticopostural
• As vias da sensibilidade são, obviamente,ascendentes. Todos esses feixes fazem
conexão no tálamo antes de seguirem para o córtex sensitivo. Assim, essa estrutura
diencefálica seria responsável pela retransmissão e modificação das sensações para
o córtex, mas ele parece também já promover uma interpretação rudimentar das
sensações (especialmente dor, temperatura e tato protopático). O exame também se
estende à interpretação cortical das sensibilidades, as quais são chamadas de
gnosias. As áreas corticais envolvidas dizem respeito essencialmente ao córtex
parietal associativo.
• Forma de pesquisar: estímulo das sensibilidades (chumaço de algodão, alfinete,
diapasão e movimentação dos artelhos)

Sensibilidade superficial (exteroceptiva) Sensibilidade profunda (proprioceptiva)

Sensibilidade superficial (exteroceptiva)


• Tátil: pesquisa com algodão ou pincel
• Dolorosa: pesquisa com agulha.
• Térmica: pesquisa com tubos de água quente (40º C) e água gelada.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 64


Sensibilidade profunda (proprioceptiva)
• Noção de posição segmentar (cinético postural): pesquisa-se colocando-se
passivamente o membro (mão, pé ou dedos) em determinada posição e mandando
que o paciente diga a posição do membro ou que coloque outro membro na mesma
posição. Esta manobra, logicamente, só deve ser realizada com os olhos fechados.
• Sensação vibratória ou palestésica: pesquisa com o diapasão (128 ou 256 ciclos por
segundo), colocado nas saliências ósseas. A diminuição da sensibilidade vibratória
chama-se hipopalestesia e aparece em formas incipientes de lesão do cordão
posterior, assim como é a única alteração em polirradiculoneurites e lesões do lobo
parietal. Pode aparecer em diabéticos e em velhos.
• Compressão muscular (barestésica): pesquisa pela compressão de massa muscular,
observar se o paciente sente a pressão e comparar um lado com o outro. Está
diminuída ou abolida em processos radiculares e tabes.
• Tato epicrítico: pesquisa pela capacidade de localizar um estímulo cutâneo
(topognosia) e pela discriminação de dois pontos; pela capacidade de reconhecer
números ou letras “escritas” na pele com objetos rombos [grafestesia]. Obs.: em
alguns casos de lesão do lobo parietal, faz-se o teste da estimulação simultânea. Um
estímulo aplicado isoladamente é sentido e localizado, porém se forem aplicados
dois estímulos ao mesmo tempo, em partes simétricas, o paciente só acusa o lado
normal. Chama-se a isso fenômeno da extinção ou eclipse sensitiva.
• Sensibilidade estereognóstica: capacidade de reconhecer objetos pela palpação.
Denomina-se astereoagnosia a perda desta capacidade e indica lesão no lobo
parietal. É importante lembrar que este sinal só tem valor quando há integridade das
sensibilidades tátil, térmica e dolorosa. Se não houver, denomina-se
estereoanestesia.

Alterações da sensibilidade
• Subjetivas: dores, disestesias — sensações anormais não dolorosas, como
formigamento, ferroada, sensação de eletricidade, umidade ou calor, encontradas
nas neuropatias periféricas e alterações da sensibilidade visceral — crises
gastrointestinais nas tabes e paramiloidose.
• Objetivas: anestesia, hipoestesia e hiperestesia.
- Anestesia: perda de uma ou mais modalidade da sensibilidade. O termo
anestesia é mais usado para a sensibilidade tátil, sendo o termo analgesia usado para a
sensibilidade dolorosa.
- Hipoestesia: diminuição da sensibilidade.
- Hiperestesia: aumento da sensibilidade, encontrado em neuropatias e afecções
radiculares.
• Síndromes em relação à sensibilidade:
- Síndrome tábida: perda da sensibilidade profunda — noção de posição
segmentar, tato epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia;
- Siringomielia: formação de uma cavidade no canal central da medula,
interrompendo as fibras que formam os tractos espino-talâmicos laterais quando cruzam
o canal central da medula. Ocorre, assim, perda da sensibilidade térmica e dolorosa de
ambos os lados na área correspondente aos dermatomos da lesão, com preservação da
sensibilidade profunda e, principalmente, da sensibilidade tátil (“dissociação”);
- Síndrome talâmica: crises de dor espontânea e, geralmente, pouco localizada,
podendo se irradiar por toda a metade do corpo. Este tipo de dor — hiperpatia — ocorre
devido ao aumento do limiar da excitabilidade aos estímulos táteis e térmicos, levando o

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 65


paciente a “proteger” o membro com as roupas ou panos. Há casos em que até estímulos
auditivos se tornam desagradáveis.
- Síndrome de Brown-Séquard: com a hemissecção da medula, temos uma série
de manifestações referentes à interrupção dos tractos que se cruzam a nível medular e,
conseqüentemente, as seguintes manifestações:
 Do mesmo lado da lesão (tractos não cruzados), paralisia espástica com sinal de
Babinski — tracto córtico-espinal lateral; perda da propriocepção consciente e do tato
epicrítico – fascículos grácil e cuneiforme;
 Do lado oposto à lesão (tractos cruzados), paralisia da sensibilidade térmica e
dolorosa um a dois dermátomos abaixo do nível da lesão tracto espino-talâmico lateral;
diminuição do tato protopático e pressão — tracto espino-talâmico anterior.

10. NERVOS CRANIANOS

Nervo Olfatório (I PC)


• O nervo olfatório é formato por cerca de 20 filetes nervosos que atravessam a
lâmina crivosa do etmóide. Estes filetes são os axônios das células olfatórias
localizadas na mucosa olfatória — parte mais alta das fossas nasais — e terminam
no bulbo olfatório. Fazem sinapse com as células mitrais e seguem para o
rinencéfalo, que faz parte do sistema límbico. É um nervo essencialmente sensitivo.
• Queixa do paciente: diz respeito a sensações gustativas, mas se bem interrogado,
nota-se que o paciente sente gosto — salgado, ácido, amargo — sendo que sua
sensação diz respeito às apreciações mais finas, ligadas à olfação.
• Pesquisa: testar a capacidade olfativa do paciente, uma narina de cada vez, usando
substâncias bem conhecidas como café, fumo, perfumes. Não usar produtos
irritantes como amoníaco, que estimulariam o trigêmeo, gerando um reflexo
nasolacrimal.
• Alterações da olfação:
- Anosmia: perda da sensibilidade olfatória. Trauma: rompimento das fibras do NC
I sobre a placa cribiforme; Bilateral: condição sistêmica, como anemia perniciosa,
hiperestimulação prolongada (tabagismo ou uso de cocaína); Unilateral: processo
expansivo no assoalho da fossa anterior. (Síndrome de Foster-Kennedy: atrofia óptica e
anosmia ipsilaterais (efeito de massa) e papiledema contralateral - hipertensão IC).
- Hiposmia: diminuição da sensibilidade olfatória.
- Perturbações qualitativas: parosmia e cascomia (lobo temporal).
- Alucinações olfativas: aparecem nas crises uncinadas (epilepsia-temporal).
- Anosmia histérica: o paciente não se queixa de alterações na gustação.
 As causas mais comuns dessas alterações são: resfriados (hiposmia), tumores nas
fossas nasais, fraturas de crânio, tumores cerebrais — meningiomas, craniofaringiomas,
diabetes, tabes, etc.

Nervo Óptico (II PC)


• Origina na retina a partir das células sensitivas; emerge
próximo ao pólo posterior do bulbo ocular, sendo este
ponto denominado de papila. Neste ponto, faltam todas
as camadas retinianas, com exceção das internas, não
sendo ele, portanto, sensível à luz, e correspondendo ao
“ponto cego” do campo visual.
• Penetra no crânio através do canal óptico, unindo-se ao
nervo óptico do outro lado, formando assim o quiasma

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 66


óptico em cima da sela túrcica. Aí ocorre o cruzamento de parte de suas fibras — as
que se originam na metade nasal da retina; as de metade temporal continuam até o
tracto óptico sem se cruzarem com as do lado oposto.

• Os tractos ópticos se dirigem ao corpo geniculado lateral. Os axônios dos neurônios


do corpo geniculado lateral constituem a radiação óptica — tracto geniculo-
calcarino, e terminam na área visual, área 17, no sulco calcarino do lobo occipital,
relacionando-se ainda com as áreas 18 e 19.

 Importante lembrar que as fibras ventrais da radiação óptica formam uma alça —
alça temporal ou de Meyer — em relação ao lobo temporal. Tumores no lobo temporal,
situados adiante do nível em que se localizam os corpos geniculados laterais podem
comprimir e lesar a radiação óptica.

• Campo visual é o limite da visão periférica. O campo temporal se projeta sobre a


retina nasal e o campo nasal sobre a retina temporal.

• Pesquisa:
 Acuidade visual – uso de cartazes padrão.
 Alterações da acuidade visual:
- Ambliopia - diminuição da acuidade visual — erros de refração, catarata, etc;
- Amaurose – perda total da visão por lesão do nervo óptico;
- Cegueira – perda total da visão por lesão em qualquer parte do aparelho visual,
desde a córnea até o córtex cerebral;
- Cegueira cortical – anosognosia visual.
 Campo visual – este exame permite uma localização bastante precisa da lesão na
via óptica. O exame mais fiel é a campinetria, porém podemos, com a colaboração do
paciente, obter um bom grau de exatidão. A pesquisa deve ser feita em um olho de cada
vez, face a face com o examinador, devendo este tapar seu olho esquerdo ao examinar o
olho direito do paciente, a fim de ter um parâmetro de normalidade. Aproxima-se aos
poucos um objeto — ou mão, ou dedo, — da periferia para o centro e anota-se as
alterações. Repetir a operação no setor superior, inferior, externo e interno.

• Alterações do campo visual:


- Escotomas: são manchas escuras e cegas que se projetam em negro sobre os
objetos fixados. Podem ser paraxísticos (enxaquecas, auras epilépticas) e permanentes.
Aparecem no edema de papila.
- Hemianopsia: é a perda de visão suprimindo a metade do campo visual de cada
olho. Podem ser homônimas e heterônimas;
a. hemianopsias heterônimas – causadas por lesões no quiasma óptico com
interrupção das fibras cruzadas provenientes da metade nasal da retina,
causando o aparecimento de uma hemianopsia bitemporal ou das fibras
diretas (metade temporal da retina), causando hemianopsia binasal,
muito rara.
b. hemianopsias homônimas – causadas por lesão nas vias ópticas
retroquiasmáticas, interrompendo fibras na metade temporal da retina
ipsolateral e metade nasal da retina contralateral, levando à cegueira no
campo nasal de um olho e temporal do outro.
- Quadrantanopsias: supressão de um quadrante do campo visual;

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 67


a. homônima do quadrante superior – lesões do lobo temporal envolvendo
as radiações ópticas perto do ventrículo temporal;
b. homônima do quadrante inferior – lesões das radiações ópticas superiores
ou da área calcarina.

Vias Ópticas e seus diagnósticos topográficos

• Exame de Fundo de Olho: pesquisa feita com o oftalmoscópio. Visualizar a papila,


onde saem fibras do nervo óptico e entram os vasos. As veias apresentam calibre
maior do que as artérias e trajeto mais sinuoso. Visualizar os bordos da papila, que
devem ser nítidos, sendo o temporal normalmente mais pálido que o nasal. Observar
na retina: vaso, pigmentação, presença ou não de hemorragias e exsudatos.
• Principais alterações do fundo do olho:
- Atrofia ótica primária: papila branca com bordos nítidos. Por exemplo, na
esclerose múltipla e sífilis;
- Atrofia ótica secundária: pós-edema, papila com contorno irregular, vasos
aumentados de calibre;
- Neurite retrobulbar: “nem o paciente nem o médico enxergam”. O paciente
apresenta perda de visão, porém não se visualizam alterações no fundo do olho;
- Síndrome de Foster-Kennedy: atrofia óptica primária de um lado e papiledema
do outro. Por exemplo, tumores, meningiomias da fossa anterior

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 68


Nervo Oculomotor, Troclear e Abducente (III, IV, VI PC)
• São estudados juntos, de forma didática, por serem responsáveis pela motilidade
intrínseca e extrínseca do globo ocular.
 O III inerva os músculos elevador da pálpebra, reto superior, reto inferior,
reto medial e oblíquo inferior, além do músculo ciliar e esfíncter da pupila.
 O IV inerva o músculo oblíquo superior.
 O VI inerva o músculo reto lateral.

Motilidade ocular intrínseca


• A pupila tem inervação parassimpática-constritora, a partir do III nervo (núcleo de
Edinger-Westphall), e simpática-dilatadora.
• Pesquisa: observar a forma da pupila, presença de discorias. O tamanho da pupila —
se diminuído, miose; se aumentado, midríase — bem como anisocoria-assimetria
entre os diâmetros pupilares. Importante lembrar que a miose ocorre por lesão ou
bloqueio simpático, e a midríase , por lesão do III nervo.
• Contração pupilar: pesquisa feita através de incidência de um feixe brilhante de luz
em posição ligeiramente lateral a um olho — a incidência frontal da luz pode
produzir reação de convergência. Como resposta, teremos a contração pupilar
rápida. Repetir a manobra no outro olho e comparar as reações. Esta é a pesquisa do
reflexo fotomotor direto. Para obter-se o reflexo consensual, projeta-se o feixe
luminoso em um dos olhos e verifica-se se também houver reação no olho
contrateral.
Córtex calcarina
NCII
NGL

NCIII Mesencéfalo

Fig. 5 Via do reflexo pupilar consensual.

Tamanho das pupilas


- Miose: menos de 2 mm;
- Midríase: mais de 5 mm;
- Anisocoria: diferença grosseira no tamanho pupilar:
- Síndrome de Horner: paralisia SNAS – miose, pseudoptose e enoftalmia;
- Lesão de NC III – midríase ipsilateral, emergência – efeito de massa
(hipertensão IC) no mesmo hemisfério.
• O reflexo de acomodação e convergência é obtido quando o paciente fixa o olhar em
um objeto próximo, apresentando contração pupilar, convergência dos olhos e
acomodação.
• Principais alterações da motilidade intrínseca:
 Paralisia pupilar amaurótica, com preservação do reflexo consensual;
 Ausência do reflexo consensual, que ocorre em lesões do III nervo;
 Sinal de Argyll-Robertson; miose, abolição do reflexo fotomotor com a
presença de acomodação e convergência, sendo o fenômeno bilateral. É tido como
patognomônico da neurolues, porém verifica-se em outra enfermidade como diabetes,
pinealomas, etc;

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 69


 Claude Bernard-Horner; miose, com reflexos pupilares normais, ptose parcial
da pálpebra superior e enoftalmia. Causado por lesão nas fibras simpáticas, pode surgir
em lesões C8-T3 e lesões centrais.

Motilidade ocular extrínseca


• Observar rima palpebral, enoftalmia e exoftalmia, bem como a presença de ptose
palpebral. Facies de Huntington: o paciente faz elevação do supercílio homolateral à
ptose palpebral.
• Os movimentos oculares são conjugados; todo movimento de um olho se
acompanha de movimento coordenado ou complementar do outro. Isso é necessário,
visto termos uma visão binocular, necessitando que a mesma imagem se forme em
cada retina, de modo a possibilitar a integração das duas imagens em nível cortical.
• Um sinal funcional de alteração da motilidade ocular extrínseca é a diplopia, ou
visão dupla de um único objeto, devido à ruptura da coordenação ocular. Pode-se
observar, neste caso, que o paciente fecha o olho comprometido para evitar o
aparecimento de diplopia ou, ainda, faz uma inclinação compensadora da cabeça no
sentido do músculo ou movimento paralisador. Este é um sinal precoce de paralisia
ocular.
• A presença de abalos nistagmóides indica que o músculo é insuficiente para manter
determinada posição.
• Pesquisa: pedir ao paciente que fixe o olhar em um ponto luminoso fino ou ponta de
lápis; a seguir, deslocar este ponto para a direita e esquerda, para cima e para baixo e
em todas as direções, demorando aproximadamente cinco segundos em cada
posição. Observar a simetria dos movimentos oculares e o aparecimento de diplopia
ou nistagmo.
• Alterações dos movimentos oculares extrínsecos
 Lesão do III nervo:
- Paralisia completa; ptose palpebral, estrabismo externo, impossibilidade
de mover o olho para o alto, para baixo e para dentro. Presença de diplopia
horizontal. Acompanha-se de pupila midriática, arreflexia à luz, acomodação e
convergência;
- Paralisia incompleta; lesão no núcleo ou intra-orbitrária. Reto medial:
estrabismo divergente, diplopia horizontal. Reto superior: limitação à elevação
do olho, diplopia vertical. Reto inferior: olho desviado para baixo, diplopia
vertical. Oblíquo inferior: globo ocular desviado para baixo e para dentro,
diplopia vertical.
 Lesão do IV nervo: dificuldades de mover o olho para baixo quando em
adução, diplopia vertical. O paciente mantém a cabeça virada para o outro lado e um
pouco abaixada, como atitude compensatória para evitar a diplopia.
 Lesão do VI nervo: estrabismo convergente. O paciente desvia a cabeça para
o lado paralisado.
 Oftalmoplegia internuclear: estrabismo divergente bilateral, acompanhado de
nistagmo à mirada em abdução. É devido a interrupção das vias que unem o núcleo do
VI (centro da lateralidade) ao núcleo do III contralateral. A causa mais comum desta
lesão é a esclerose múltipla.
Paralisia de função:
- Síndrome de Parinaud; compressão da lâmina quadrigêmea e oclusão
do aqueduto de Sylvius, causando hidrocefalia, edema de papila, paralisia do

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 70


olhar para cima, paralisia de convergência e arreflexia pupilar. Paralisia da
verticalidade.
– Síndrome de Foville; causada por lesão da porção causal da
protuberância, constitui a paralisia da lateralidade. Caracteriza-se por
hemiparesia contralateral e paralisia conjugada do olhar para o lado da lesão,
ou seja, os olhos se desviam para o lado oposto à lesão, “olham para a
hemiparesia”.

Nervo Trigêmeo (V PC)
• É um nervo sensitivo-motor  Movimentos da mastigação e Sensibilidade da face
- A raiz sensitiva é um prolongamento dos neurônios situados no gânglio
trigeminal ou de Gasser, subdividindo-se em três ramos: oftálmico, maxilar e
mandibular
- A raiz motora é constituída de fibras que acompanham o nervo mandibular, inervando
os músculos responsáveis pela mastigação: masseter, temporal, pterigóideo interno e
externo.
• Pesquisa-se sua integridade através da sensibilidade superficial da face, mucosa oral
e nasal, sensibilidade geral dos 2/3 anteriores da língua e do reflexo córneo-
palpebral cuja via aferente é o VII nervo.
• Deve-se observar a simetria das fossas temporais e dos ângulos da mandíbula e
palpar os músculos, ao mesmo tempo em que o paciente comprime os maxilares.
Compara-se então as contrações musculares. Em seguida, coloca-se a mão em baixo
da mandíbula e pede-se ao paciente para abrir a boca. Os músculos pterigóideos são
responsáveis pela didução da mandíbula. Em caso de lesão, há desvio do queixo
para o lado paralisado, em razão da ação do pterigóideo externo contralateral —
“boca oblíqua ovalada”.
• Déficit motor: Desvio ispilateral da mandíbula: lesão ipsilateral.
• Alteração sensorial
- Paresia do músculo tensor do tímpano: dificuldade para ouvir sons agudos;
- Comparar os três segmentos de inervação (oftálmico, maxilar e mandibular).

Nervo Facial (VII PC)


• Nervo sensitivo-motor, emergindo do sulco bulbo-pontino através de uma raiz
motora, o nervo facial propriamente dito, e uma raiz sensitiva e visceral, e o nervo
intermédio ou de Wrisberg. Mantém relações íntimas com o nervo vestíbulo-coclear
e com estruturas do ouvido médio e interno, podendo sua lesão ocasionar até
alterações do equilíbrio e da audição.
• O nervo intermédio leva estímulos secretores às glândulas lacrimais, via nervo
grande petroso superficial, e às glândulas salivares, submandibular e sublingual.
Lembrar que apesar do nervo facial passar pela parótida, esta é inervada pelo IX
nervo. A parte sensitiva é responsável pela gustação, sabor doce, salgado, azedo e
amargo dos 2/3 anteriores da língua.
• A parte motora é responsável pela inervação dos músculos da face-mímica, plastima
e estapédio.
• Pesquisa: observar presença de assimetria facial: as rugas da testa e as pregas
nasolabiais; ato de piscar, movimento da boca ao falar, sorrir, presença de
lagoftalmo, etc. Observar, ainda, alterações na gustação.
- Mandar o paciente mostrar os dentes, abrir a boca, fechar os olhos com força,
assobiar. Para observar o platisma, mandar o paciente abrir a boca e mostrar os dentes
ao mesmo tempo.

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• Alterações da função motora do nervo facial
- Paralisia facial periférica; lesão do nervo motor inferior ou do próprio nervo,
tendo como principais características ser homolateral à lesão e acometer toda a metade
da face, podendo estar associada à lesão do VIII nervo. Nela observamos a presença de
lagoftalmo — déficit do músculo orbicular do olho, ocasionando seu fechamento
incompleto, sendo a córnea recoberta pela pálpebra superior e ficando parte da
esclerótica visível; sinal de Bell, que consiste na rotação do olho para cima e para fora,
acompanhado das manifestações anteriores. Causas: a mais comum é “a frigore”,
idiopática; diabetes, infecções, poliomielite (na criança), tumores do ângulo
pontocerebelar, fraturas do rochedo, etc.
- Paralisia facial central: causada por lesões supranucleares. É contralateral à
lesão, acomete o andar inferior da face, poupando o superior, já que as fibras córtico-
nucleares que vão para os neurônios motores e o núcleo do facial que invervam os
músculos da metade superior da face são hetero e homolaterais. Causas: AVC,
neoplasias, doenças desmielinizantes.

Nervo Vestibulo-Coclear (VIII PC)


• É um nervo sensitivo, tendo dois componentes: o coclear, responsável pela audição,
e o vestibular, responsável pelo equilíbrio, que se originam em receptores
periféricos diferentes e com conexões centrais separadas.
• O VIII nervo tem origem no labirinto; a porção coclear recebe os impulsos através
das células ciliadas do órgão de Corti. As vibrações sonoras são transmitidas através
da membrana timpânica (condução aérea) e dos ossículos do ouvido, ou diretamente
através dos ossos do crânio (condução óssea), colocando em movimento a endolinfa
da cóclea e estimulando as células ciliadas do gânglio de Corti.
• A porção vestibular tem origem nas células do gânglio de Scarpa no assoalho do
meato acústico interno. Ele transmite sensações dos canais semicirculares, utrículo e
sáculo.
• Depois de suas origens nos gânglios de Corti e Scarpa, os axônios se unem,
formando o tronco nervoso vestíbulo-coclear, que mantém relação com o nervo
facial e intermédio no seu trajeto intra e extrapetroso. A partir do meato acústico
interno, ele atravessa o ângulo ponto-cerebelar, mantendo relações a este nível com
o V e VI e nervos cranianos. Na parte lateral do bulbo, eles se separam.

Nervo coclear
• A lesão deste nervo leva a queixas como: presença de tinidos ou zumbidos,
diminuição ou perda de audição e, em caso de lesão central, pode haver presença de
alucinações auditivas.
• A semiologia deste nervo é feita, estimativamente, através de:
- Exame otoscópico do ouvido externo e membrana timpânica;
- Exame da capacidade auditiva, através da voz e com uso do diapasão.
• A voz normal pode ser ouvida a cerca de 6 m; com uma surdez discreta a 4m, e com
surdez moderada a 1m. Avaliação mais fiel é feita através da audiometria.
• O uso do diapasão dá informes mais específicos, permitindo a comparação entre a
condução óssea — vibrar o diapasão e colocar na mastóide ou no vértice do crânio
— e a condução aérea — vibrar o diapasão e colocar próximo ao conduto auditivo
externo.
- Prova de Schwabach: comparação entre o tempo de percepção óssea do
paciente e o de uma pessoa normal.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 72


- Prova de Rinne: comparação entre o tempo de percepção de condução óssea e
aérea do paciente, sendo a última normalmente maior do que a primeira.
- Prova de Weber: lateralização das vibrações do diapasão colocado no vértice
do crânio.
• Estas provas permitem esclarecer se a surdez ou hipoacusia é de condução — lesão
do ouvido externo ou médio — ou de percepção — lesão de cóclea ou do nervo.
Lesões corticais que atingem áreas puramente perceptivas são raras e têm de ser
bilaterais.
- Surdez de condução: diminuição ou perda da audição por via aérea, com
conservação ou exaltação da óssea. Prova de Rinne negativa; prova de Weber com
lateralização para o lado lesado.
- Surdez de Percepção: diminuição ou perda da audição por via aérea e óssea.
Prova de Rinne positiva; prova de Weber com lateralização para o lado não afetado.
• As causas mais importantes de hipoacusia, excluindo-se a otosclerose e as
traumáticas, são a doença de Meniére e o neurinoma do acústico.

Nervo vestibular
• A lesão desta porção vestibular ocasiona vertigens, ataxia e nistagmo. Vertigem é a
sensação subjetiva de rotação do corpo em torno de si mesmo ou de deslocamento
de objetos circunvizinhos. Pode ser avaliada objetivamente, pois acompanha-se de
palidez, podendo ocorrer náuseas e vômitos.
• As lesões podem ser do tipo destrutivo, ocasionando desvios corpóreos ipsolaterais
e presença de nistagmo e vertigens para o lado oposto. Já nas lesões irritativas, há
aumento de excitabilidade do lado lesado, podendo ocorrer preponderância do lado
lesado sobre o lado são.
• A semiologia deste nervo engloba provas otológicas, realizadas por
otorrinolaringologistas e algumas outras pesquisas:
- Pesquisa do Sinal de Romberg, marcha em estrela, prova dos braços estendidos e
da indicação de Barány, já citadas em outros itens;
- Pesquisa de nistagmo espontâneo e de posição;
• O nistagmo espontâneo é pesquisado com a cabeça em posição normal, mandando-
se o paciente olhar nas diversas posições. O de posição só ocorre em determinadas
posições da cabeça; deve-se mudar a posição espacial da cabeça do paciente, lenta e
sucessivamente. Geralmente o aparecimento do nistagmo é acompanhado de
sensação vertiginosa.

Nervo Glossofaríngeo e Vago (IX e X PC)


• O IX nervo, o glossofaríngeo, é um nervo misto, com funções motoras, sensitivas e
vegetativas. Ele emerge do sulco lateral posterior do bulbo, sob a forma de
filamentos radiculares, sendo as fibras motoras originárias do núcleo ambíguo. Estes
filamentos se unem para formar o nervo glossofaríngeo, que sai do crânio pelo
forame jugular; apresenta dois gânglios sensitivos, o jugular ou superior, e o petroso
ou inferior. A partir daí, tem trajeto descendente, ramificando-se na raiz da língua e
faringe, dando ainda os ramos carotídeos.
- As fibras motoras se destinam aos músculos faríngeos; as sensitivas à
degustação do 1/3 posterior da língua e sensibilidade do 1/3 posterior da língua, faringe,
úvula, tuba auditiva, seio e corpo carotídeo; e os autonômicos inervam a glândula
parótida.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 73


• O X nervo craniano, o vago, emerge do sulco lateral posterior do bulbo, sob a forma
de filamentos. É um nervo misto e o maior dos nervos cranianos. Saindo do crânio
pelo forame jugular, percorre o pescoço e o tórax, terminando no abdome. Neste
longo trajeto dá origem a ramos que inervam a laringe e a faringe, e entra na
formação dos plexos viscerais que inervam as vísceras torácicas e abdominais.
• A semiologia do nervo vago é relacionada à sua função motora e feita
conjuntamente com avaliação do glossofaríngeo. A queixa do paciente diz respeito à
disfasia, em que líquidos refluem pelo nariz, e alterações de voz — voz rouquenha
ou anasalada.
- Observar o palato e a úvula em repouso; depois mandar o paciente dizer AH e
EH, anotando movimentação e desvios. Na paralisia lateral do IX nervo há o
repuxamento global para o lado são, da hemifaringe do lado lesado e da rafe mediana,
sinal da cortina de Vernet.
- Pesquisar o reflexo faríngeo/excitação da mucosa da faringe com espátula ou
estilete. Resulta em repuxamento para o lado estimulado.
- Reflexo palatino ou uveal — excitação da parte lateral e inferior da úvula com
espátula ou estilete, resultando na elevação do palato mole e retração da úvula.

• Lesões supranucleares do IX e X nervos só têm expressão clínica sendo bilaterais, já


que o núcleo ambíguo recebe inervação cortical contralateral e também, em menor
grau, ipsolateral.
• Lesões nucleares são comuns e podem ser decorrentes de tumores, alterações
vasculares (artéria vertebral), degenerativas e infecciosas.

Nervo Acessório (XI PC)


• Puramente motor, composto pela fusão de dois nervos de origem diversa: o nervo
acessório bulbar, que se origina no núcleo ambíguo, e o nervo acessório espinhal,
originado nos cinco primeiros segmentos da medula cervical. O acessório espinhal
penetra no crânio pelo forame megno e se dirige ao forame jugular, onde se funde
ao acessório bulbar, saindo do crânio na mesma bainha do vago, mas separado deste
por uma projeção da aracnóide. Passado o forame jugular, volta a separar-se em
ramo externo — que inerva os músculos esternoclidomastóide e trapézio, e ramo
interno — responsável pela inervação da laringe.
• Lesões do nervo acessório bulbar causam alterações na voz e dificuldade na
respiração. Sua pesquisa direta é feita por otorrinolaringologistas.
• Pesquisa do ramo espinhal
- Mandar o paciente rodar a cabeça para um lado e outro, contra a resistência do
examinador, palpando o músculo esternoclidomastóide, após a inspeção e palpação em
repouso.
- Para avaliar o músculo trapézio, observar se os ombros estão no mesmo nível.
Pedir ao paciente que estenda a cabeça contra a ação do examinador e observar a
contração de ambos os trapézios. A contração unilateral do músculo eleva o ombro
deste lado e inclina a cabeça para o mesmo lado.
- Mandar o paciente elevar os dois ombros ao mesmo tempo e anotar alterações de
excursão do ombro, hipotonia ou diminuição da contração muscular.
- Manobra de Wartemberg: pedir ao paciente para estender os braços para a frente e
um pouco para baixo. Se houver comprometimento do trapézio, os dedos deste lado
ultrapassam os dedos do lado são.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 74


• Em lesões supranucleares, como na hemiplegia, há diminuição de força-paresia
desses músculos. As causas mais comuns de lesões unilaterais são as anomalias
craniovertebrais, traumatismos severos da cabeça ou pescoço, tumores junto ao
forame jugular e siringomielia. A paralisia bilateral destes músculos pode ser vista
na poliomielite, distrofia muscular progressiva e, caracteristicamente, na distrofia
miotônica.

Nervo Hipoglosso (XII PC)


• Nervo motor que se origina em núcleo do mesmo nome no bulbo.
- Movimentação da língua em geral – desvio para o mesma lado da lesão –língua
empurra, não puxa
- Protrusão da língua
• A semiologia deste nervo se resume à pesquisa de alterações tróficas e motoras da
língua, visto o mesmo inervar a musculatura intrínseca da língua — responsável
pelo tamanho, movimentos de encurtamento e alongamento, destinada às funções de
fala, mastigação e deglutição — e a musculatura extrínseca, responsável pela
movimentação da protusão da língua, movimento para um lado e outro, etc.
- Observar a língua em repouso, dentro da boca, à procura de atrofias e/ou
miofasciculações. O paciente pode ter dificuldades para engolir a saliva.
- Mandar o paciente pôr a língua para fora e observar os desvios. Lembrar que
desvios em repouso apontam para o lado são, por ação não compensadora dos músculos
comprometidos. Ao pôr-se a língua para fora, o desvio é para o lado da lesão, por ação
do genioglosso, que projeta a língua para a frente e desvia para o lado oposto.

• Estas alterações são encontradas nas lesões periféricas do nervo. Lesões centrais são
geralmente bilaterais.

11. SINAIS DE IRRITAÇÃO MENÍNGEA


• A presença de sinais de irritação indicam reação inflamatória das mesmas, com
eminente risco de vida para o paciente.
• Uma síndrome meníngea aguda (ex meningite bacteriana aguda) caracteriza-se por:
- Sinais de irritação meníngea (rigidez de nuca)
- Cefaléia
- Náusea, vômito e outras alterações
• Forma de pesquisar:
- Rigidez de nuca.
- Sinal de Brudzinski: flexão involuntária da perna sobre a coxa e desta sobre a
bacia ao se tentar antefletir a cabeça.
- Sinal de Koernig: resposta em flexão da articulação do joelho, quando a coxa é
colocada em certo grau de flexão relativo ao tronco, ou seja, não se consegue fletir a
cabeça sobre o tronco
- Sinal de Lasèque – elevação dos MI a 30º = dor ou flexão

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 75


11. COMA
• Entende-se por coma
o estado de perda
completa da
consciência no qual o
indivíduo não pode
ser despertado pelos
estímulos usuais. É
um estado de total ou
quase total
irresponsividade ao
meio.
• Para monitorização
do coma, utilizam-se
escalas como a de
Glasgow – a qual
avalia abertura ocular,
resposta motora e
resposta verbal; quanto maior o escore, melhor está o paciente.

• Basicamente, a consciência é dada pela função do sistema ativador reticular


ascendente (SARA), que envia inúmeras projeções para o córtex (que irão ativá-lo),
a partir de estímulos sensoriais recebidos (os quais, por sua vez, ativam o SARA).
Assim, lesões nessas áreas podem levar ao estado de coma.

12. MORTE CEREBRAL


• A morte cerebral corresponde à morte do indivíduo, mesmo que haja manutenção
das funções cardíaca e da medula espinhal. Define-se como “a perda irreversível da
capacidade de consciência combinada à perda irreversível de tidas as funções do
tronco cerebral, incluindo a capacidade de respirar” (Chaves, 2004).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 76


SEMIOLOGIA ENDÓCRINA
1. SINAIS E SINTOMAS

Galactorréia
• É a presença e secreção similar ao leite pelos mamilos, podendo ser espontânea ou
provocada.
• É normal num período de até 6 meses após o nascimento ou após o término da
amamentação.
• Está presente frequentemente em mulheres com hiperprolactemia, mas também
pode acontecer em homens.

Poliúria
• É o aumento do volume urinário, em geral maior que 3 litros por dia. Depende
diretamente do volume de líquido ingerido.

Emagrecimento
• É a perda absoluta de peso. Não existe valor absoluto ou percentual que defina a
perda de peso como patológica ou não – mas importante é caracterizar seu início e
progressão.

Estrias
• Decorrem do rápido aumento do volume da pele.
• É importante avaliar a sua coloração e a velocidade de aparecimento:
- Avermelhadas: síndrome de Cushing.
- Escurecidas: síndrome de Addison.

Obesidade
• Aumento da gordura corporal.
• Classificação:

Classificação Classe de IMC Risco de doença


obesidade
Baixo peso <18,5 Aumentado
Normal 18,5-24,9 Normal
Sobrepeso 25-29,9 Aumentado
Obeso I 30-34,9 Alto
II 35-39,9 Muito alto
III >40 Extremamente alto

Polidipsia
• É o aumento da ingesta hídrica diária e manifesta-se pelo aumento do número de
vezes em que a pessoa ingere líquidos.
• Em geral é patológica e pode ser causada por doenças orgânicas (diabete) ou
psicológica (polidipsia compulsiva).

Polifagia
• É o aumento da ingesta de alimentos.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 77


Amenorréia
• 1ª é ausência de menarca até os 14 anos de meninas sem caracteres sexuais
secundários, ou aos 16 em meninas com desenvolvimento sexual normal.
• 2ª é ausência de fluxo em mulher que antes menstruava  causa mais freqüente a
gestação.

Diminuição de Libido.
• É a perda do desejo sexual.
• É especialmente importante na investigação de infertilidade e/ou disfunção erétil
porque pode significar falta de ação da testosterona.

Hiperpigmentação
• Mudança da coloração da pele, tornando-se cada vez mais enegrecida.
• Alteração predominante em superfícies extensoras das extremidades e em cicatrizes
antigas.
• Está associada ao aumento de ACTH, na insuficiência adrenal primária de várias
etiologias, podendo estar presente na porfiria e na hemocromatose.

Alopecia Androgênica
• Queda de cabelos nas regiões temporais do crânio que evolui para a perda total
desde a frontal até a occipital, preservando apenas as regiões laterais do crânio.
• É característico da ação androgênica, podendo estar associada a sinais de virilização
do sexo feminino.

2. EXAME FÍSICO DA GLÂNDULA TIREÓIDE


• Glândula endócrina facilmente palpável, localiza-se na face anterior do pescoço à
frente da traquéia e cerca de uma polpa digital abaixo da cartilagem tireóide.
Abaixo da cricóide está o istmo, e ao lado, os lobos. Um lobo é do tamanho da
falange distal do polegar.

• Paciente deve estar sentado com pescoço estendido.


• Inspeção: observar o movimento da glândula para cima e para baixo com a
deglutição, observando seu tamanho, mobilidade e presença ou não de nodulações.
• Palpação anterior com o polegar.
• Palpação posterior: usar o segundo, terceiro e quarto dedos de cada mão, palpando-
se os lobos laterais e o ístimo em toda a sua extensão e durante a deglutição.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 78


• Tireóide aumentada e com presença de sinais de hipertireoidismo: palpa-se a
procura de frêmito e se ausculta com a campânula à procura de sopro sistólico e/ou
contínuo, característico da Doença de Graves.
• Palpação da traquéia e linfonodos cervicais fazem parte do exame da tireóide.

• Sinal de Maragnon: anteriormente, observa-se a veia jugular, eleva-se o braço do


paciente (um de cada vez) e procura-se ingurgitamento venoso.
• Sinal de Penberton: elevar os braços do paciente acima da cabeça e permanecer
assim por pelo menos 30 segundos. Procura-se ingurgitamento venoso jugular, pode
haver vermelhidão facial, sensação de dispnéia e raramente tonturas.

Tais sinais são pesquisados quando a glândula está aumentada e há suspeita de bócio
mergulhante (desvia a traquéia), e as alterações são provocadas pelo estreitamento do
limite superior do tórax que, na presença de bócio volumoso e/ou intratorácico, torna-se
mais estreito, comprimindo as estruturas vasculares e a traquéia.

3. PRINCIPAIS SÍNDROMES

ACROMEGALIA E GIGANTISMO
• Acontece quando há hipersecreção do hormônio do crescimento (GH) e denomina-
se gigantismo (crescimento linear)quando acontece no período anterior ao
fechamento das epífises de crescimento (antes dos 14 anos) e de acromegalia na
vida adulta, com crescimento exagerado de ossos e tecidos moles (cartilagem) das
extremidades.
• As principais características da doença são:
- Mãos e pés grandes associados a uma face característica (aumento da região
frontal/testa).
- Aumento do nariz e dos lábios,
- Aumento da mandíbula com queixo proeminente.
- Perdas dentárias ecefaléia.
- Pele engrossada com aumento da oleosidade e sudorese (suor) excessiva
- Aumento do diâmetro do tórax e dos genitais
- Dores articulares principalmente na coluna, quadril (bacia), joelhos e
tornozelos.

BÓCIO
• Corresponde a um conjunto de doenças da glândula tireóide que se caracterizam por
um aumento perceptível no tamanho desta glândula
• O aumento da tireóide pode se acompanhar de excesso (hipertireoidismo) ou
redução de seu funcionamento (hipotireoidismo). Estas alterações podem ser
decorrentes de doenças hereditárias (herdadas da família), auto-imunes, carência de

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 79


iodo, ou tumores benignos e malignos. Predominam em mulheres dos 20 aos 40
anos e, em geral, necessitam de investigação diagnóstica e tratamento adequado.
• Dependendo de sua causa, o aumento da tireóide pode ser devido a:
- Falta de iodo na dieta, como ocorre em regiões carentes deste elemento no
meio ambiente, especialmente em regiões de cerrado e montanhosas.
- Doenças familiares decorrentes de defeitos nas diversas etapas de síntese dos
hormônios.
- Doenças auto-imunes, nas quais se desenvolvem anticorpos contra a glândula.
Estes anticorpos podem bloquear ou estimular a produção de hormônios.
- Proliferação dos folículos da glândula, formando o chamado bócio colóide.
- Tumores benignos, cuja origem é desconhecida.
- Tumores malignos, que podem apresentar vários tipos de acordo com sua
constituição. Alguns tipos de tumores malignos podem ser familiares e outros
estão associados a exposição à radiação.

HIPERTIREOISIMO
• Conjunto de sinais e sintomas decorrentes do excesso de hormônios da tireóide.
• Causas: mais comum é a doença de Graves (bócio difuso tóxico), doença de
Plummer (bócio multinodular tóxico), hipertoreoidismo induzido por iodo (Jod-
Basedow), neo produtora de TSH...
• Paciente tem hipermetabolismo: palpitações, nervosismo, cansaço, intolerância ao
calor (sente mais calor que os outros), emagrecimento com apetite normal ou
aumentado, agitação, ansiedade, tremores, sudorese excessiva, onicólise (unhas de
Plummer - retração do leito ungueal), bócio difuso, pele lisa, quente e úmida (pode
ter eritema palmar), taquicardia, taquipnéia, aumento da PA, sopro com frêmito,
tremor fino de extremidades, hiper-reflexia, aumento das evacuações, fraqueza
muscular, cabelos finos e sedosos, irregularidade menstrual.
• Sinais: O exame físico reflete a tireotoxicose. A exoftalmia com um aspecto de
olhos esbugalhados é clássica e característica, o que faz o clínico fazer o diagnóstico
à distância. O olhar tireoidiano fixo resulta da retração da palbebra superior,
produzindo um alargamento da fissura palpebral. Outros sinais são, a pele é lisa
úmida e quente, o eritema palmar é comum, o mesmo ocorre com um rubor sobre o
tórax e os ombros.O cabelo pode ficar fino e sedoso. Tremores nas mãos é
identificado mais facilmente com as mãos extendidas. .Mais de 90 % dos pacientes
apresentarm taquicardia. O aspecto da glândula tireoidiana é de aumento do volume,
em geral simétrico e difuso, daí ser também denominada de também de Bócio
Difuso Tóxico.

 Pacientes com Graves: olhar fixo (paralisia da musc. extrínseca ocular), atraso
palpebral para acompanhar o movimento ocular, exolftalmia, olhos “saltados”, retração
palpebral (vemos branco do olho superior e inferior), mixedema pré-tibial (dermopatia
de Gaves, que é um infiltrado subcutâneo espessado, endurecido, violáceo, elevado,
seco, não-pruriginoso e áspero, como casca de laranja).

HIPOTIREOIDISMO
• Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da diminuição dos hormônios da tireóide.
• A falta de ação de hormônio tereoidiano, pode ser 1ª (deficiência de iodo, tireoidite
de Hashimoto – mais comum), 2ª (hipófise) ou 3ª (hipotálamo). Pode ser subclínica
ou franca (mixedema).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 80


• Há redução do metabolismo, cansaço excessivo, fraqueza, movimentos lentos,
aumento de peso com anorexia, intolerância ao frio, redução da sudorese, cãibras,
irregularidade menstrual, sonolência, constipação, parestesias, inchaço, queda de
cabelo, cabelo seco e quebradiço, madarose (perda da porção lateral das
sobrancelhas), edema facial (periorbital), de mãos e pernas, hipotermia, bradicardia,
hipotensão, pele fria, fina, áspera, seca e enrugada, voz rouca, baixa, arrastada e
lenta (letargia), dificuldade de concentração, lentidão de raciocínio, reflexos lentos e
reduzidos, enolftalmia, bócio.

SÍNDROME DE CUSHING
• Conjunto de sinais e sintomas do excesso da cortisona (um dos hormônios
produzidos pela glândula supra-renal). Esse excesso hormonal pode ser provocado
por hormônios sintéticos (exógenos) ou por doenças envolvendo a glândula supra-
renal e a hipófise.
• Os principais sintomas são:
- Aumento de peso, com a gordura se depositando no tronco e no pescoço,
preenchendo a região acima da clavícula e a parte detrás do pescoço, local onde se
forma um importante acúmulo denominado de "giba". A gordura também se deposita no
rosto, na região malar ("maçãs do rosto"), onde a pele fica também avermelhada,
formando-se uma face que é conhecida como de "lua-cheia".
- Afilamento dos braços e das pernas com diminuição da musculatura, e,
conseqüente, fraqueza muscular que se manifesta principalmente quando o paciente
caminha ou sobe escadas.
- A pele vai se tornando fina e frágil, fazendo com que surjam hematomas sem o
paciente notar que bateu ou contundiu o local.
- Sintomas gerais como fraqueza, cansaço fácil, nervosismo, insônia e labilidade
emocional também podem ocorrer. Nas mulheres são muito freqüentes as alterações
menstruais e o surgimento de pêlos corporais na face, no tórax, abdômen e nos braços e
pernas.
- Como grande parte dos pacientes desenvolve hipertensão arterial e diabetes,
podem surgir sintomas associados ao aumento da glicose e da pressão arterial tais como
dor de cabeça, sede exagerada, aumento do volume urinário, aumento do apetite e visão
borrada.
- No abdômen e no tórax podem ser observadas estrias de cor avermelhada e
violeta, algumas vezes com vários centímetros de largura. Algumas pessoas apresentam
também pedras nos rins e conseqüentemente cólica renal. A osteoporose é freqüente,
provocando dores na coluna e às vezes fraturas nos braços, pernas e na coluna.

DIABETE MELITO (DM)


• Diabetes melito é uma síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta de insulina
e/ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos.
• Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos
carboidratos, lipídeos e proteínas. A longo prazo, se acompanha de disfunção e
falência de vários órgãos, por lesão especialmente em nervos e vasos sanguíneos.
Diabetes está associado frequentemente à lesões específicas da microcirculação,
alterações neuropáticas e aterosclerose.
• O quadro clínico da diabetes melito é bastante variado, dependendo da abrangência
e da gravidade das complicações clínicas.
• Classificação:

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 81


- Tipo 1: destruição da célula beta, geralmente ocasionando deficiência absoluta
de insulina, de natureza auto-imune ou idiopática.
- Tipo 2: varia de uma predominância de resistência insulínica com relativa
deficiência de insulina, a um defeito predominantemente secretório com ou sem
resistência insulínica.

DIABETE INSÍPIDO (DI)


• Diabete insípido (diabetes insipidus) é uma condição incomum na qual a urina não é
concentrada, e sim diluída ou semelhante a água. A concentração urinária que ocorre
em pessoas normais é devida à secreção do hormônio antidiurético (ADH) pela
porção posterior da glândula hipofisária e pela ação deste hormônio nos rins, onde
ocorre a concentração urinária. Nos demais aspectos, a urina é normal.
• Tipos distintos de diabete insípido:
- Central, onde ocorre uma deficiência da glândula hipofisária em liberar o
ADH, e que pode ser primário ou secundário. É primário quando não há uma lesão
identificável na hipófise, podendo ser genético ou esporádico (idiopático); é secundário,
quando há danos na hipófise ou no hipotálamo, como cirurgias, infecções ou traumas.
- Nefrogênico, onde a hipófise produz adequadamente o ADH, mas os rins não
respondem em função de um defeito nos túbulos renais que interferem na reabsorção da
água. Esta forma pode ser genética ou adquirida, ocorrendo em doenças como
amiloidose, mieloma, síndrome de Sjogren, anemia falciforme e hipercalcemia crônica.
Também pode ocorrer como um efeito do uso de medicamentos como glicocorticóides
ou efeito colateral agudo do uso de diuréticos.
• Os sintomas clínicos das duas formas são semelhantes e incluem: sede intensa,
especialmente por água gelada, ingesta de grande quantidade de líquidos, aumento
da freqüência urinária, suscetibilidade à desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos.
• A avaliação do diabete insípido inclui uma coleta de urina de 24 horas para
determinação do volume, concentração de glicose e creatinina, e também do sangue,
para dosagem de glicose, uréia, cálcio, potássio e sódio. Os achados mais comuns
são o aumento do volume urinário (até 20 litros por dia) e hipernatremia (aumento
dos níveis de sódio). A diferenciação entre diabete insípido central e nefrogênico
pode ser feita por um teste de estímulo com a vasopressina. A diferenciação com o
diabete melito é feito pela medida da glicose urinária.

DOENÇA DE ADDISON
• Insuficiência adrenal primária.
• Doença caracterizada pela produção insuficiente dos hormônios da glândula supra-
renal ou adrenal (glândula situada acima do rim) que apresenta um quadro clínico
bastante característico.
• Pode ser provocada por várias causas, sendo as principais a doença auto-imune
(adrenalite auto-imune), as doenças infecciosas granulomatosas como a tuberculose
e a blastomicose e as doenças neoplásicas. Em pacientes imunodeprimidos, como os
portadores de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), pode ser devida a
infecções por citomegalovírus e fungos
• Há fraqueza/astenia, náuseas, vômitos, anorexia, perda de peso, magreza,
hiperpigmentação em áreas expostas, mucosa oral e cicatrizes, hipotensão postural,
desidratação. Crise de Addison:estresse severo ou retirada de corticóide em pctes
com ins. adrenal, piorando os sintomas, podendo levar a choque e coma. Trata-se
injetando cortisona.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 82


HIPOGONADISMO
• Condição resultante de funções gonadais deficientes (falta de ação dos hormônios),
como gametogênese e produção de hormônios esteróides gonadais. É caracterizado
por atraso no crescimento, na maturação de células germinativas e no
desenvolvimento de características sexuais secundárias. Pode ser devido à
deficiência das gonadotropinas (hipogonadismo hipogonadotrópico) ou a
insuficiência gonadal primária (hipogonadismo hipergonadotrópico).

HIRSUTISMO
● Definido como o crescimento excessivo de pêlos terminais na mulherr, em áeras
anatômicas características de distribuição masculina.
● Pode manifestar-se como queixa isolada, ou como parte de um quadro clínico mais
florido, acompanhado de outros sinais de hiperandrogenismo, distúrbios menstruais e/ou
infertilidade, ou ainda alterações metabólicas relacionadas com
hiperinsulinemia/resistênsia insulínica
● Decorre da ação dos androgênios sobre a pele e depende de vários
fatores correlacionados: níveis de androgênios e da SHBG e conseqüente relação
hormônio livre/hormônio ligado, grau de sensibilidade cutânea aos androgênios,
capacidade de conversão de androgênios em estrogênios e outras interconversões entre
esteróide. Pode ser classificado em duas categorias:
a) associado a uma hiperprodução glandular de androgênios pelos ovários e/ou
suprarenais ou;
b) decorrente de uma hiperutilização isolada dos androgênios circulantes pelo
folículo pilo-sebáceo, correspondendo ao hirsutismo dito “idiopático”.
● A causa mais freqüente do hirsutismo de origem glandular é a síndrome dos ovários
policísticos. A hiperplasia adrenal congênita forma não clássica (HAC-NC) por
deficiência da 21-hidroxilase é a causa mais freqüente de hirsutismo de origem
adrenal, embora sua prevalência, entre mulheres hirsutas como um todo, seja
relativamente baixa. Outras causas menos freqüentes são a síndrome de Cushing e os
tumores virilizantes, ovarianos ou adrenais.

PAN-HIPOPITUITARISMO
• Deficiência de 2 ou + hormônios hipofisários.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 83


SEMIOLOGIA DO SISTEMA
LOCOMOTOR
1. SINAIS E SINTOMAS

Artrite e Sinovite
• Artrite: inflamação em algum dos componentes da estrutura articular (cartilagem
articular, osso subcondral ou membrana sinovial).
• Sinovite: inflamação da membrana sinovial e, geralemnete, se manifesta por rubor,
edema, calor, limitações do movimento e dor. A sinovite é qualificada como
fibrinosa, gonorréica, hiperplástica, lipomatosa, metrítica, puerperal, reumática,
escarlatínica, sifilítica, tuberculosa, uretral etc.

Aumento do Volume Articular


• Achado do exame pode ser de natureza diversa (proliferação óssea, coxim adiposos,
espessamento sinovial, derrame articular ou inflamação das estruturas
periarticulares).
• O espessamento da membrana sinovial e o derrame articular são decorrentes da
sinovite (inflamação da membrana sinovial). A proliferação da membrana sinovial
tem consistência amolecida (“lamacenta”) à palpação.

Crepitação
• É o atrito audível ou palpável durante o movimento.
- Crepitações finas: artrite crônica, como conseqüência da erosões e formação de
tecido de granulações.
- Crepitações grosseiras: ocorrem por artropatias, inflamatórias ou não, em
estágios mais tardios.
• Estalos isolados são ruídos normais provocados por deslizamentos de tendões ou
ligamentos sobre superfícies ósseas.

Dactilite ou “dedos em salsicha”


• É o aumento de volume de todos os dedos por inflamação articular e dos tendões
(tenossinovite). Típicos das espondiloartropatias soronegativas (EA|Ss).

Entesite
• Inflamação das enteses, que são as inserções dos tendões nos ossos.
• Caracteristicamente, ocorrem com as EASs, acometendo o tendão de Aquiles, a
inserção da fáscia plantar, a inserção do ligamento patelar e outros.

Fenômeno de Raynaud
• É a sensação de frio ou de dor acompanhada de mudanças da coloração das mãos e
dos pés desencadeada por temperaturas baixas ou estresse emocional. O fenômeno
completo possui três fases: palidez (espasmos de arteríolas pré-capilares), cianose e
eritema (reversão do vasoespasmo)

Fraqueza
• É a incapacidade de movimento ocasionado pela perda de força muscular. Pode ser
decorrente de doenças articulares de longa duração, miopatias ou neuropatias. Nas
miopatias inflamatórias, a fraqueza tem distribuição proximal.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 84


Instabilidade
• É o movimento articular além de seus planos normais, ocasionado por lassidão
ligamentar por inflamação ou trauma, alterações de superfície ósseas ou fraqueza
muscular.

Limitação dos Movimentos


• Manifesta-se por meio de incapacidade para tarefas do cotidiano (subir escalas,
alimentar-se, vestir-se, entre outras).
• Limitações transitórias são causadas por espasmos musculares, sinovite, derrame
articular, corpos livres ou traumas intra-articulares, periartrites ou fibrose das
estruturas periarticulares.
• Limitações crônicas são decorrentes de anquilose articular, destruição da articulação
ou subluxação.

Rigidez Articular
• É o desconforto ou a restrição ao iniciar o movimento após período de repouso de
pelo menos 1 a 2 horas. Os sintomas são mais marcados após o repouso noturno
(rigidez matinal).
• Nos quadros inflamatórios essa rigidez costuma durar mais do que 45 minutos,
enquanto, na ausência de inflamação, é fugaz (menos de 30 minutos).
• Melhora com o aumento da temperatura, como em duchas quentes.

Sinal da Flecha
• Utilizado em pacientes com espondilite anquilosante (EA). Consiste na
incapacidade de encostar o occipito na parede, quando o paciente está em pé com os
calcanhares junto a mesma.
• Indica o grau de limitação da extensão da coluna vertebral.

Sinal da Gaveta
• Paciente em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 90°, os pés devem ser
fixados com o examinador sentados sobre eles. A partir daí tenta-se tracionar a tíbia
contra anteriormente.
• Se o deslocamento for desproporcional com relação ao joelho contralateral, o teste é
positivo e indica lesão do ligamento cruzado anterior.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 85


Sinal do Impacto
• É a flexão anterior passiva completa do
membro superior com estabilização da
escápula pela mão do examinador. Tal
manobra reproduz o impacto da margem
anterior do acrômio sobe o tendão supra-
espinhoso.
• É aplicada para o diagnóstico de tendinite do
supra-espinhoso

2. ROTEIRO DO EXAME
• Etapas básicas do exame: inspeção, palpação e movimentação (passiva ou ativa).
• Comparara segmentos homólogos.
• Palpação: consistência, forma, localização, tamanho, relação com tecidos moles.
• Exames Complementares: RX convencional, biópsia, laboratoriais, tomografia
computadorizada, ressonância magnética, cintilografia óssea, densitometria óssea,
mielograma.

Paciente em Pé
• Observação da marcha: simetria, balanço de pernas e braços, apoio dos pés
• Inspeção anterior: volume do quadríceps normal e simétrico, volume e alinhamento
dos joelhos normais, hálux alinhado e arcos plantares com ângulos preservados.
• Inspeção lateral: lordose cervical e lombar e cifose dorsal normais.
• Inspeção posterior: ausência de desvio lateral da coluna (escoliose), músculos da
cintura escapular, paravertebrais e glúteos normais e simétricos, cristas ilíacas
preservadas, ausência de aumento poplíteo ou calcâneo.
• Observar amplitude da flexão lombar anterior, sem fletir joelhos (observara
distância da ponta dos dedos até o chão).
• Observara amplitude de flexão lombar lateral, correndo os dedos em direção aos
joelhos (ângulo normal 30º).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 86


Paciente Sentado
• Testar articulação temporomandibular com abertura da boca e desvio ativo da
mandíbula de lado a lado.
• Rotação, flexão e extensão ativas da coluna cervical (ângulo normal: 60-90º).
• Rotação passiva da coluna dorsal (ângulo normal: 45-75º).
• Elevação ativa dos membros superiores acima da cabeça.
• Rotação externa e abdução ativa da articulação glenoumeral (mãos atrás da cabeça)
• Rotação interna e extensão ativa da articulação glenoumeral (levar as mãos ao ponto
mais alto das costas).
• Flexão passiva dos cotovelos (ângulo normal: 145º).
• Extensão passiva dos cotovelos (ângulo normal: 0º).
• Flexão palmar e extensão dorsal passiva dos punhos (ângulo normal: 60-90º).
• Flexão e extensão das articulações dos dedos.

Paciente Deitado
• Abdução (ângulo normal 25º) e adução (ângulo normal: 40º) passiva do quadril.
• Flexão passiva do quadril (ângulo normal ate 120º, dependendo da idade).
• Flexão passiva dos joelhos (até 130º); a extensão completa é observada pela
ausência de espaço entre a maca e a fossa poplítea.
• Flexão (15º) e extensão (35º) passiva dos tornozelos.
• Eversão (20º) e inversão (35º) passiva subtalares.
• Rotação passiva do antepé (35º).

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 87


3. EAXME DAS ARTICULAÇÕES E MÚSCULOS
Articulação
• Sinais e Sintomas: dor (artralgia), rigidez pós-repouso, artrite, crepitação articular,
limitação, manifestações sistêmicas.
• Exame Físico:
- Inspeção: edema, deformidade articular, alterações cutâneas, alterações das
estruturas adjacentes.
- Palpação: aumento localizado, sensibilidade, temperatura, movimento articular.
• Doenças articulares mais freqüentes: febre reumática, doença reumatóide,
espondilite anquilosante, osteoartrite, espondiloartrose, gota, colagenoses.

Músculos
• Sinais e Sintomas: fraqueza muscular, tipo de marcha, atrofia muscular, dor, cãibras,
espasmos musculares, fasciculações.
• Exame Físico:
- Inspeção estática
- Inspeção dinâmica
- Palpação
- Exame dinâmico da força muscular
• Exame dinâmico da força muscular:
- Marcha e atitude: normal, impossível, anserina, lordose lombar, joelhos em
extensão forçada, pés caídos.
- Levantar do solo: normal, impossível, levantar miopático.
- Levantar da cadeira: normal, impossível, uso das mãos como suporte.
- Cintura pélvica e MMII: anda e sobe escada com/sem ajuda; anda, levanda e
não sobe escada; anda e não levanta e não sobe escada; anda com aparelho; fica em pé
com aparelho; cadeira de rodas; acamado.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 88


- Cintura escapular e MMSS: bate palmas c/ braços elevados, eleva braços acima
da cabeça, leva copo à boca, leva mão vazia a boca, segura lápis/moeda mas não
anterior, não usa mãos.

4. TESTES E MANOBRAS

• Manobra de FABERE: sigla que designa os movimentos de flexão, abdução,


rotação externa e extensão do quadril de maneira conjugada. Paciente em decúbito
dorsal, calcanhar da perna dolorosa no joelho oposto, movimento passivo. O
resultado positivo é obtido se o paciente apresentar dor, espasmo muscular ou
limitação de movimento na região do quadril. Se não tiver dor o problema é de
partes moles ou irradiado, não é problema da articulação.
• Teste de Schöber: identifica limitação de movimento da coluna lombar em casos de
espondiloartropatia soronegativa (EAS). Com paciente em pé, marca-se um ponto
na altura do processo espinhoso de L5 e outro 10 cm acima. O paciente deve fazer
uma flexão anterior (sem flexionar os joelhos) até o máximo de sua capacidade,
então mede-se a expansão da distância entre os dois pontos. O teste é positivo
quando a variação é menos que 5 cm.
• Verificação de Sacrolileíte: além da palpação direta sobre as articulações
sacroilíacas (ASIs), o paciente é colocado em posição supina (decúbito dorsal)
próximo a margem lateral da mesa de exame de modo que o membro inferior possa
ficar pendido, provocando uma hiperextensão da articulação coxofemoral. Ao
mesmo tempo, solicita-se uma flexão forçada do outro quadril sobre o abdome em
direção ao ombro contralateral. O teste é positivo se o paciente manifestar dos na
ASI do lado do membro hiperestendido.
• Manobra de Yergason: é realizada com o cotovelo
fletido a 90º e o antebraço pronado. Após, solicita-se
que o paciente faça uma supinação contra a resistência
exercida pelo examinador. Dor ao exercer pressão sobre
a fossa bicipital na face anterior do úmero é indicativa
de tendinite bicipital.

• Teste de Finkelstein: testa o tendão abdutor longo do polegar e extensor curto do


polegar. Consiste na preensão do polegar pela flexão dos demais dedos com o
examinador exercendo um desvio ulnar forçando o punho. Dor distal ao processo
estilóide do rádio é indicativo de tenossinovite estenosante do tendão do polegar
(doença de De Quervain).
• Teste de McMurray: é realizado com o paciente deitado em posição supina.
Realiza-se flexão forçada do joelho. Com uma das mãos colocadas na face posterior
do joelho, palpa-se a interlinha articular, enquanto o joelho é estendido e rodado
internamente ou externamente. Durante a extensão com rotação interna, palpa-se a
interlinha postero-lateral para se pesquisar lesão do menisco lateral. Já na extensão
com rotação externa, palpa-se a interlinha postero-medial para se ver lesões do
menisco medial. O teste será positivo quando se sente um click a palpação da
interlinha durante a extensão do joelho, geralmente entre a flexão máxima e 90
graus (corno posterior).
• Teste de Compressão de Apley: realizado com o paciente em posição de pronação,
com o joelho a noventa graus de flexão, o pé e a perna tracionados e rodados,
provocando dor no caso de haver lesões de estruturas capsulares e ligamentares. Na
mesma posição, realiza compressão no eixo longitudinal da perna enquanto se

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 89


realiza rotação e flexo-extensão do joelho. O teste é positivo para lesão meniscal
quando leva a dor ou estalido na interlinha.
• Teste de Lechman: identifica lesão no ligamento cruzado anterior (LCA). O
paciente deita-se em decúbito dorsal e o examinador estabiliza o fêmur distal com
uma mão e segura a tíbia proximal com a outra mão. Com o joelho mantido em
flexão leve, a tíbia é movimentada para frente sobre o fêmur. O teste é positivo
quando há uma sensação final macia e um movimento excessivo da tíbia.
• Sinal de Homan: detecta a existência de Estenose Venosa Profunda, na parte
inferior da perna. O tornozelo é dorsifletido passivamente observando-se qualquer
aumento repentino de dor na panturrilha ou no espaço poplíteo.
• Teste de Patrick: usado para detectar artrite no quadril. Paciente em decúbito
dorsal, o joelho é fletido, abduzido e rodado externamente até o maléolo lateral se
apoiar no joelho oposto logo acima da patela. Nesta posição o joelho do lado a ser
testado é levemente forçado para baixo; se ocorrer dor, o teste é positivo.
• Patela: verificar se há liquido em excesso; teste do rechaço (percutir com 2 dedos
em cima da patela e observar se ela vai flutuar). Observar também o movimento
dela (passivamente), se há crepitação ou hipersensibilidade.
• Teste de Thompson: detecta rupturas no tendão de Aquiles. O paciente é colocado
em decúbito ventral ou de joelhos com os pés estendidos sobre a borda da cama. O
terço médio da panturrilha é comprimido pelo examinador, e em caso de ausência de
uma flexão plantar normal, deve-se suspeitar de ruptura do tendão de Aquiles.

5. PRINCIPAIS SÍNDROMES

FEBRE REUMÁTICA
• Considerada uma complicação tardia de uma infecção por uma bactéria chamada de
estreptococo. Esse tipo de infecção é muito comum, mas a doença apenas se dá em
indivíduos predispostos para tal complicação. O quadro, que inicia cerca de 1 a 3
semanas após a infecção.
• O quadro clínico clássico consiste em uma criança que teve um quadro de
amigdalite ( dor de garganta, febre) e que cerca de 15 dias após a infecção, inicia
com dores articulares acompanhadas de sinais de inflamação (inchaço, calor,
vermelhidão local e incapacidade de utilizar a articulação pela dor) em geral em
punhos, tornozelos e joelhos aparecendo num padrão "migratório", ou seja, a dor e
os sinais de inflamação "pulam" de uma articulação para a outra. Também nessa
fase, podem aparecer manifestações cardíacas como falta de ar, cansaço e sopro
cardíaco, mas em geral o acometimento cardíaco se dá de forma pouco expressiva.
• Outro local de acometimento é o Sistema Nervoso Central, ocorrendo o
aparecimento de coréia, ou seja, o surgimento de movimentos descoordenados,
involuntários e sem finalidade acometendo braços ou pernas unilateral ou
bilateralmente.

ARTRITE REUMATÓIDE
• Artrite reumatóide (AR) é uma doença crônica de causa desconhecida. A
característica principal é a inflamação articular persistente mas há casos em que
outros órgãos são comprometidos.
• A forma mais freqüente de início da doença é artrite simétrica (por exemplo: os dois
punhos, os dedos das duas mãos) e aditiva (as primeiras articulações comprometidas

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permanecem e outras vão se somando). Costuma ser de instalação lenta e pouco
agressiva, localizando-se inicialmente nas pequenas articulações das mãos.
• Quadro clínico: rigidez matinal (após uma noite de sono, os pacientes amanhecem
com importante dificuldade em movimentar as articulações, a qual permanece por
mais de 1 hora), artrite em 3 ou mais articulações, artrite das articulações das mãos,
artrite simétrica, nódulos subcutâneos (heberden, bouchard), FR positivo, alterações
radiográficas, joelhos valgos (desvio medial).

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES)


• Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória de causa
desconhecida. Para que se desencadeie a doença, agentes externos desconhecidos
(vírus, bactérias, agentes químicos, radiação ultravioleta) entram em contato com o
sistema imune de um indivíduo que está com vários genes erradamente induzindo
produção inadequada de anticorpos. Estes anticorpos são dirigidos contra
constituintes normais (auto-anticorpos) provocando lesões nos tecidos e também
alterações nas células sangüíneas.
• Atinge principalmente mulheres (9:1) em idade reprodutiva, iniciando-se mais
comumente entre 20 e 40 anos. Pode ser bastante benigno até extremamente grave e
fatal.
• Manifestações clínicas: mal-estar, febre, fadiga, emagrecimento e falta de apetite, as
quais podem anteceder outras alterações por semanas ou meses. Os pacientes já
poderão estar sentindo dor articular ou muscular leve e apresentando manchas
vermelhas na pele que passam por urticária. As alterações mais freqüentes ocorrem
na pele e articulações.
- Pele e mucosas: lesões cutâneas (mais conhecida é a
lesão em asa de borboleta que é um eritema elevado atingindo
bochechas e dorso do nariz), manchas eritematosas planas ou
elevadas podem aparecer em qualquer parte do corpo.
Começam com uma escamação sobre a mancha eritematosa.
Com o passar do tempo a zona central atrofia e a pele perde a
cor, ficando uma cicatriz que pode ser bastante desagradável.
Queda de cabelo é muito freqüente. Os fios caem em chumaços
e muitos são encontrados no travesseiro. É sinal de doença
ativa.
- Aparelho locomotor: a grande maioria dos
pacientes tem artrite. Esta costuma ser leve e melhorar
rapidamente com tratamento. Tendinites ocorrem com
freqüência e podem acompanhar as crises de artrite ou se
manifestarem isoladamente. Regiões não habituais como
tendão de Aquiles podem incomodar por bastante tempo.
Poucas vezes há lesões graves. Lúpus crônico pode
provocar deformidades nas mãos que lembram artrite
reumatóide.

TENDINITE
• É uma inflamação dos tendões. O inchaço causado pela inflamação aperta os
tendões e nervos, causando as dores. O tendão, ou até mesmo músculo, fica
tensionado (motivo das dores quando em repouso). Isso tudo estressa-o,
promovendo as lesões no tecido. A circulação é afeta também, o inchaço impede o
fluxo normal de sangue, e com ele nutrientes, sais mineirais e trocas gasosas.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 91


• Sintomas: Dor latente ao movimento ou até mesmo coceiras (digo coceiras pois
quando a circulação é afetada um sintoma é esse). Fadiga muscular e falta de força
para atividades cotidianas. Cãimbras (decorrente da fadiga).
• Em casos mais graves: Imobilidade e Inflexibilidade consideráveis, seguidos de
ainda mais dor. E nos casos gravíssimos: perda total da sensibilidade e mobilidade, e
deformação.

LOMBALGIA
• A lombalgia é a dor, que pode ser aguda ou crônica, nas regiões lombares inferiores
e afeta a maioria das pessoas em algum estágio da vida.
• Uma lombalgia aguda pode ser causada por evento traumático, como acidente de
carro ou queda. Ela aparece subitamente e a pessoa geralmente é capaz de identificar
o que aconteceu. Nos casos de lombalgia aguda as estruturas danificadas geralmente
são os tecidos moles como músculos, ligamentos e tendões. No caso de acidente
grave, fraturas vertebrais na espinha lombar podem ocorrer.
• Lombalgia crônica ocorre por um longo período de tempo e tem como causas mais
comuns: osteoartrite, artrite reumatóide, tumores (incluindo câncer), degeneração
dos discos entre a vértebra ou hérnia no disco lombar.

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO (STC)


• Ocorre pela compressão do nervo mediano, pelo aumento das estruturas que junto
com ele, passam por um canal estreito chamado Túnel do Carpo.
• Causas: trabalho manual com movimentos repetidos, pessoas que não fazem
trabalhos manuais, tem associação com alterações hormonais como menopausa e
gravidez (geralmente desaparece ao fim da gravidez); fato que explica o porque de
haver mais mulheres acometidas que homens. Outras doenças associadas são
diabetes mellitus, artrite reumatóide, doenças da tireóide e causas desconhecidas.
• Sinais e sintomas: dor ou dormência a noite nas mãos, principalmente após uso
intensivo destas durante o dia. A dor pode ser intensa a ponto de acordar o paciente.
Ocorre diminuição da sensação dos dedos, com exceção do dedo mínimo e sensação
de sudorese nas mãos. A dor pode ir para o braço e até o ombro. Atividades que
promovem a flexão do punho por longo período podem aumentar a dor.

FIBROMIALGIA
• Fibromialgia caracteriza-se por dor muscular e tendinosa difusa crônica em pontos
dolorosos de localização anatômica específica.
• Sintomas são: dor generalizada, fadiga, sono superficial e não reparador (desperta
mais cansado do que quando deitou à noite), depressão, ansiedade, dor de cabeça,
dormência de mãos e pés e dor abdominal com períodos de prisão de ventre
intercalados com diarréia.
• Em nenhum momento haverá inflamação ou deformidade nas articulações e os
movimentos não estão limitados.
• A causa e os mecanismos que provocam fibromialgia não estão perfeitamente
esclarecidos. Não há nenhuma evidência concreta de que possa ser transmitida nem
se verifica maior prevalência em familiares. Diminuição de serotonina e outros
neurotransmissores provocam maior sensibilidade aos estímulos dolorosos e podem
estar implicados na diminuição do fluxo de sangue que ocorre nos músculos e
tecidos superficiais encontrados na fibromialgia.

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SEMIOLOGIA DO SITEMA VASCULAR
1. SINAIS E SINTOMAS (PATOLOGIAS ARTERIAIS)

• Claudicação intermitente: sintoma patognomônico de doença arterial obstrutiva. É


a dor que se desenvolve com os exercício e alivia com o repouso. Localiza-se
usualmente nas panturrilhas, mas também pode ser nas nádegas, coxas e pés.
• Dor no repouso: dor contínua, severa, que responde pouco aos analgésicos.
• Impotência erétil: associado aos quadros de oclusão aortoilíacas.
• Esfriamento de extremidades: associado a diminuição da perfusão no membro.
Deve-se usar o membro contralateral como parâmetro.
• Alteração de cor da pele: pacientes com arteriopatias oclusivas referem
frequentemente alteração da cor da pele (falta de oxigenação). A isquemia dos
tecidos induz a liberação de substâncias vasodilatadoreas que determinam aumento
da perfusão através de colaterais da pele, causando hiperemia local. Quando há
retardo importante no fluxo sanguíneo há maior troca de O2 e CO2 entre os tecidos e
as hemácias. Assim, ocorre uma maior concentração de hemoglobina reduzida,
transmitindo à pele a coloração azul-arroxeada chamada de cianose.
• Sintomas neurológicos: parestesia, hipoestesia, anestesia, paresia e paralisia estão
associadas as síndromes arteriais oclusivas agudas e são causadas pela isquemia dos
nervos periféricos.
• Massa pulsátil: pode corresponde a dilatação aneurismática de um segmento
arterial.
• Alterações tróficas: na obstrução arterial crônica, pode haver atrofia muscular do
membro. A pele pode ser atrófica, seca ou descamativa. Há ausência ou rarefação de
pêlos do terço distal da perna. As unhas podem estar especadas ou quebradiças.
Pode-se ter úlceras isquêmicas ou gangrena.

2. SINAIS E SINTOMAS (PATOLOGIAS VENOSAS)


• Dor: pode ser sobre o trajeto venoso (tromboflebite superficial) ou difusa (trombose
venosa). Pacientes com varizes costuma apresentar dor que piora com o ortostatismo
prolongado e alivia com a elevação dos membros (facilita o retorno venoso).
• Prurido: associado ao quadro de insuficiência venosa.
• Lesões tróficas: pigmentação, espessamento e ressecamento da pele e úlceras
perimaleolares.
• Varizes: veias dilatadas e incompetentes que podem ser visualizadas e/ou palpadas.
• Dermatite ocre: hiperpigmentação da pele no terço distal da perna secundária à
deposição de hemossiderina nos tecidos. Presente nos casos de insuficiência venosa
avançada.
• Dermatolipoesclerose: espessamento da pele perimaleolar nos casos de
insuficiência venosa avançada.
• Empastamento muscular: associado aos casos de trombose venosa profunda.
• Edema: pode ser crônico (varizes) ou agido (trombose venosa).
• Aumento da temperatura: na trombose venosa profunda pode haver aumento da
temperatura no membro devido o aumento da circulação superficial.
• Hiperemia: nos casos de tromboflebite há hiperemia localizada sobre o trajeto
venoso comprometido.

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3. EXAME FÍSICO

• Inspeção: simetria entre os membros, edema, alteração da pele e anexos (cor,


textura, atrofia da pele e tecido subcutâneo), rarefação ou ausência de pêlos,
ulcerações, padrão da circulação venosa (distribuição, simetria, varizes), presença
do fenômeno de Raynnaud (mudança progressiva da cor nos dedos dos pés e das
mãos por espasmos da microcirculação: palidez seguida de cianose e após
hiperemia).,presença de atrfia e/ou paralisia muscular.
• Ausculta: em especial na aorta, ilíacas, femorais, carótidas e subclávias. A presença
de sopro sistólico sugere estenose do vaso.
• Palação:
- Membros: temperatura, pulsos, pesquisa de frêmitos (indicativo de fluxo
turbulento provocado por estenose ou fístula arteriovenosa)., presença de massa
pulsátil, formação de cacifo em regiões de edema, dor, empastamento
(endurecimento de lojas musculares).
- Região cervical: palpação dos pulsos carotídeos e subclávios. Presença de
massa pulsátil pode ser atribuída a aneurismas ou tumor de corpo carotídeo.

Testes Específicos
• Teste de Buerger: palidez à elevação a 45° e hiperemia ao baixar o membro indica
isquemia crônica.
• Teste de Allen: para verificar a irrigação das artérias radial e ulnar, solicitar ao
paciente que abra e feche a mão algumas vezes e liberar uma artéria de cada vez,
observando a coloração da palma da mão.
• Manobras de Adson, costoclavicular e hiperabdução: para avaliar a compressão
da artéria subclávia na síndrome do desfiladeiro torácico.

4. PRINCIPAIS SÍNDROMES

OBSTRUÇÃO ARTERIAL AGUDA


• A intensidade dos sintomas depende da circulação colateral desenvolvida.
• Causas: trombose, traumáticas, embolias (estenose mitral, Infarto do miocárdio,
Fibrilação atrial, Aneurisma de aorta e ventriculares, Próteses valvares, Insuficiência
cardíaca congestiva, Endocardites bacteriana).
• Sinais e sintomas: dor intensa, aguda e súbita; palidez do membro acometido;
esfriamento da região; sensação de torpor do membro, impotência funcional;
parestesias; pulso diminuído ou ausente; diminuição do enchimento venoso.
• Em pacientes idosos, após 6 horas, aparece isquemia muscular com contraturas,
manchas hemorrágicas na pele e áreas de necrose, fraqueza muscular e ausência de
reflexos tendinosos.
• Tratamento: heparinização e embolectomia.

OBSTRUÇÃO ARTERIAL CRÔNICA


• Causas: arteriosclerose (em grande s e médias artérias), mais comum em paciente
entre 60 e 70 anos.
• Sinais e sintomas: claudicação intermitente (inicial); dor em repouso (tardio); atrofia
de unhas e pele, perda de pêlos; frialdade de membros inferiores; atrofia muscular;
osteoporose e fraturas; diminuição ou perda do pulso; sopro ao nível da obstrução;

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isquemia plantar provocada a 60º e hiperemia reativa; diminuição do enchimento
venoso periférico.
• Em fase avançada acontecem ulcerações na pele, necrose e gangrena.
• Tratamento: programa de exercício em até 75%, cessar o fumo, diminuição de peso,
tratamento das dislipidemias.
Cirurgias: ByPass (ponte de desvio da obstrução, canal alternativo)
Simpatectomia (visa diminuir o tônus simpático para dilatar os vasos -
em diabéticos já acontece pela degenaração nervosa)
Angioplastia
Medicamentos: Bloqueadores do canal de Cálcio e Inibidores das
fosfodiesterases (dilatação vascular).

TROMBOFLEBITES
Superficiais
• Sinais e Sintomas: cordão vermelho azulado endurecido, processo local com sinais
flogísticos; dor espontânea ou à palpação; impotência funcional.

Profunda
• Predisposição: grandes cirurgias, insuficiência cardíaca congestiva, obesidade,
anemias, gravidez, período prolongado no leito, fraturas, varizes, anticoncepcionais,
trauma, neoplasias.
• Sintomas gerais: disúria; febre; taquicardia; indisposição geral; tenesmo retal.
• Sintomas regionais: dor profunda na panturrilha; edema do membro; sensação de
peso no membro; impotência funcional; distensão das veias superficiais; cianose;
temperatura aumentada no membro; prova do manguito; Sinal de Homans (dorso
flexão dolorosa do pé); Sinal da Bandeira (aumento da tensão no músculo
gastrocnêmio e não balanço da massa muscular da panturrilha)
• Tratamento: manter paciente em repouso, evitar massagens para não liberar
trombos, haparinizações para evitar aumento do trombo.

VARIZES
• Causas primárias: fatores genéticos, gravidez
• Causas secundárias: tromboflebite profunda, fístula artério-venosa
• Sintomas: sensação de peso e cansaço nos membros; piora em pés; dor melhora com
elevação dos membros inferiores; piora em dias quentes e ao final do dia; edema no
final do dia; aparecimento de botão varicoso (zona de maior pressão)
• Complicações: complexo varicoso (varizes, botão varicoso, dermatite ocreo-
púrpurea formando tatuagem, edema linfático crônico); erisipela (complexo
varicosos, úlceras mediais e terço inferior da perna, edema com infecção por
Staphylococcus).

SÍNDROME COMPARTIMENTAL
• A síndrome compartimental (SC) é um distúrbio onde a pressão de perfusão é menor
que a pressão tecidual em um espaço anatômico fechado, com subseqüente
comprometimento da circulação e função daquele tecido. Os compartimentos dos
membros inferiores e o antebraço são particularmente propensos a desenvolver SC:
cerca de 45% dos casos de SC são causados por fraturas tibiais.
• Caracterizada pela parestesia, dor contínua, hipoestesia, edema e enrijecimento da
região acometida.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 95


• Suas principais causas podem ser a constrição de membros por aparelho gessado
e/ou curativo, além de um possível aumento de substâncias no compartimento
muscular causado por um edema ou hemorragia.

ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL


• São definidos como uma dilatação localizada e permanente da parede arterial maior
do que 50% do seu diâmetro normal. O termo ectasia é reservado para dilatações
menores e difusas.
• Derivam de um enfraquecimento da parede arterial, ou de uma solicitação anormal
sobre um segmento desta parede, ou então de uma combinação desses fatores.
Qualquer tipo de alteração da parede arterial quer congênita ou adquirida, que
provoque enfraquecimento ou comprometa a resistência da parede arterial, pode se
constituir no agente etiológico da formação do aneurisma em uma artéria.
 A arteriosclerose é a causa mais freqüente dos aneurismas arteriais. A
evolução da placa de ateroma para lesão estenosante (uma lesão que fecha a luz do
vaso) é bem definida, no entanto a evolução para aneurisma não é bem clara.
• Pode ser assintomático, sendo percebido durante um exame clínico ou através de
exame complementar para investigar outra doença. O paciente pode referir uma
pulsação no abdômen; na palpação percebe-se uma massa pulsátil. Pode o paciente
referir um desconforto abdominal mal definido. Na presença de dor abdominal de
início agudo e de forte intensidade é possível que o aneurisma esteja em processo de
rotura. No processo de rotura do aneurisma o paciente refere dor abdominal,
podendo apresentar hipotensão severa.

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 96


BIBLIOGRAFIA

1) BARROS, Elvino; ALBUQUERQUE, Galton; PINHEIRO, Cleovaldo;


CZEPIELEWSKI, Mauro. Exame Clínico. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

2) STEFANI, Stephen; BARROS, Elvino. Clínica Médica. 3.ed. Porto Alegre:


Artmed, 2008

3) BATES, Barbara; BICKLEY, Lynn S.; HOEKELMAN, Robert A. Propedêutica


médica. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

4) PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 4.ed. Rio de Janeiro, RJ:


Guanabara Koogan, c2001

GUILHERME DAMIANI ATM 2013/1 97

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