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CLAUDETE A. SANTOS YOSHIOKA, LEANDRA FERREIRA D.

SANTOS

BASTOS, PATRICIA ALVES DA ROCHA, RODRIGO BUENO DA SILVEIRA

AÇÃO DE FIANÇA

SÃO PAULO - 2018


SUMÁRIO

1. AÇÃO DE NESTOR AUGUSTO.....................................................................3

2. FUNDAMENTAÇÃO E CONCLUSÃO DA AÇÃO DE NESTOR.................4 e 5

3. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE FIANÇA FEITA POR MARIA DE

FÁTIMA AUGUSTO..........................................................................................6

4. MOTIVOS DA AÇÃO DE MARIA DE FÁTIMA............................................7 a 9

I. MOTIVO DOS FATOS............................................................................7

II. MOTIVO DO DIREITO.........................................................................8

III. MOTIVO DO PEDIDO............................................................................9

5. BIIBLIOGRAFA................................................................................................10
REQUERENTE: Sr. Nestor Augusto

EMENTA: DIREITO CIVIL. FIANÇA - AUSÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA - Artigo


1.647 DO CC. NULIDADE DA GARANTIA.

CONSULTA:

Trata-se de consulta formulada pela Sociedade de Advogados Cesar & Peixoto que
tem como objetivo analisar a situação do Sr. Nestor Augusto, brasileiro, casado, Engenheiro,
portador do CPF n.º 284.918.745-00, residente e domiciliado na Rua Salvador Dalí n.º 53, na
cidade de Lins em São Paulo, que pretende promover ação anulatória de fiança em face de
Banco Moderno S/A.
Nestor Augusto tornou-se fiador de José Sussico em um contrato de crédito junto ao
Banco Moderno S/A. O Fiador em questão concordou e assinou o contrato de crédito em
13.02.2017, com o pagamento previsto para 24 parcelas, no entanto, o devedor sumiu com o
dinheiro, não pagou e nem tão pouco deu notícias de sua estadia. Nestor Augusto vem sendo
cobrado pelo banco para pagar os débitos que José Sussico assumiu, inclusive, o banco já
suscitou a hipótese de que vai entrar com ação judicial diretamente contra ele porque José
Sussico despareceu. Todavia, Nestor celebrou o ato sem conhecimento de sua esposa, no qual,
há 28 anos, constituiu matrimônio sobre o regime de separação parcial de bens.
É o relatório. “Passo a opinar”
DA FUNDAMENTAÇÃO:

A fiança é ato jurídico de terceiro que garante o pagamento da obrigação assumida


pelo devedor, caso a obrigação não seja cumprida no tempo e nas condições estabelecidas.
Quanto ao fiador com estado civil casado (exceto em regime de separação total de
bens), a eficácia do ato fica condicionada ao consentimento expresso do outro cônjuge,
conforme assevera o artigo 1.647, inciso III, do Código Civil, in verbis:

“Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta:
III - prestar fiança ou aval.”

O objetivo da obrigação da outorga uxória é evitar o comprometimento dos bens do


casal por um dos conjugues, em razão de garantia concedida a débito de terceiro, portanto, a
fiança prestada sem a devida autorização é nula.
Neste mesmo sentido o Superior Tribunal de Justiça editou a Sumula 332:

“A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da


garantia”

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo tem reconhecido que a falta de outorga
uxória é causa de nulidade absoluta da fiança:

“Embargos à execução. Fiança. Outorga uxória. Ausência. Nulidade.


Reconhecimento. Recurso provido. A ausência de outorga uxória importa em nulidade absoluta
da fiança prestada, podendo ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição”

(Apelação nº 961.434-0/4, relator Desembargador Orlando Pistoresi).

Cumpre salientar que a fiança só pode ser anulada pelo cônjuge prejudicado, portanto, no
caso em questão, caberá à esposa ingressar com a ação ou poderá defender-se por meio de
embargos a terceiros, conforme disciplina Carlos Roberto Gonçalves:

“Se a fiança e o aval não forem anulados pelo conjugue prejudicado, poderá este opor
embargos de terceiro para excluir a sua meação de eventual penhora que venha a recair sobre
os bens do casal, pois somente as dívidas contraídas para os fins do art. 1643 do CC obrigam
solidariamente ambos os conjugues.”
Por fim nota-se que o ato jurídico praticado em questão é absolutamente nulo e tal
nulidade deve ser requerida pelo cônjuge prejudicado tendo em vista a falta de anuência
expressa do mesmo.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, respondendo ao questionamento formulado na consulta, entendemos


que a fiança é nula devido à falta de requisito obrigatório para tornar eficaz o ato supracitado,
posto isto, deve ser proposta ação de declaração de nulidade do ato jurídico, devido à falta
desta condição indispensável, no entanto, quem tem legitimidade ativa é o conjugue
prejudicado, devendo a esposa propor a ação.
É o parecer.

São Paulo, 01 de maio de 2018.


__________________________
Dr. João das Couves
OAB/SP 17171
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA
COMARCA DE LINS, SÃO PAULO.

MARIA DE FÁTIMA AUGUSTO, brasileira, casada, engenheira, RG n.º48.090.095-6 e


inscrito no CPF/MF sob n.º 420.329.956-01, (maria-aug@hotmail.com), residente e
domiciliada na Rua Salvador Dalí n.º 53, na cidade de Lins em São Paulo, CEP 09930-665,
por meio de seu advogado infra-assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 1.647 do CC..., propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE FIANÇA, pelo rito COMUM,

Em face de BANCO MODERNO S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda sob n.º nº 59.285.411/0001-12
(Banco@moderno.com) com sede na Avenida Paulista, nº 2.240, na cidade de São Paulo,
Capital, CEP 01310-300, pelos motivos a seguir aduzidos:
I- DOS FATOS

1) O Cônjuge da autora celebrou com a ré contrato de fiança, que tinha como objetivo
assegurar o adimplemento do contrato de crédito adquirido por José Sussico, amigo de
longa data do casal;

2) O referido contrato foi firmado em 13/02/2017, no qual foi parcelado em 24 vezes,


pelo cônjuge da autora sem seu devido consentimento;

3) A autora veio a ter conhecimento de tal ato imprudente do marido, após abrir uma
correspondência, no qual o banco intimava seu marido para comparecer na instituição
bancária para regularizar o débito oriundo de uma fiança;

4) Muito preocupada, questionou o marido que veio a confessar tal ato, resolveu então ir
à procura de José Sussico para questioná-lo a respeito da quitação do empréstimo;

5) A autora teve conhecimento, através da vizinhança do referido devedor, que o mesmo


veio a sumir, abandonando sua esposa, filhos possivelmente o abandono do lar ocorreu
por conta de um caso extraconjugal;

6) Após receber o devido valor do empréstimo, José Sussico sumiu com o valor, não
quitou a obrigação perante a instituição bancária, nem tampouco justificou sua
ausência;

7) De posse dessa informação, a autora procurou o réu para tentar demonstrar a nulidade
do contrato de fiança celebrado por seu marido. Porém, o réu se recusou a extinguir o
contrato de fiança, inclusive, ameaçou ingressar com uma ação de cobrança perante o
judiciário caso a obrigação não fosse adimplida, portanto, não lhe restou alternativa se
não a propositura da presente ação.
II- DO DIREITO

a) O Artigo 1.647 do código civil prevê que:

“Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta:
III - prestar fiança ou aval.”

b) Neste mesmo sentido o Superior Tribunal de Justiça editou a Sumula 332, no qual
assevera:

“Afiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia”.

Cumpre frisar que o Tribunal de Justiça de São Paulo tem reconhecido que a falta de
outorga uxória é causa de nulidade absoluta da fiança:

“Embargos à execução. Fiança. Outorga uxória. Ausência.


Nulidade. Reconhecimento. Recurso provido. A ausência de outorga uxória importa em
nulidade absoluta da fiança prestada, podendo ser alegada a qualquer tempo e grau de
jurisdição”

(Apelação nº 961.434-0/4, relator Desembargador Orlando Pistoresi).

c) Por fim nota-se que o contrato de fiança prestado por Nestor Augusto sem a devida
anuência expressa de sua esposa torna o ato absolutamente nulo, devido à falta de
requisito obrigatório, implicando a ineficácia total da garantia.
III- DO PEDIDO

Diante do exposto, Requer:


a) A citação da ré, pelo correio, para que compareça à audiência de conciliação ou de
mediação a ser designada e, caso queira, apresente contestação no prazo de 15 (quinze)
dias, se ocorre uma das hipóteses do artifo 335 do CPC, sob pena de sofrer o efeito da
revelia previsto no artigo 355 do CPC.;

b) Que Seja declarada a nulidade do contrato de fiança;

c) A condenação do réu no pagamento das custas e honorários advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial, a produção
de prova documental.
Dá-se à causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).

Termos que

Pede deferimento.

São Paulo, 05/02/2018.

João das Couves


OAB/SP 17171
Bibliografia

GONÇALVES, Carlos Roberto - Direito Civil Brasileiro; (Direito de Família), vol.6 -


SARAIVA - São Paulo

NISHIYAMA, Adolfo Mamoru - Prática de Direito Processual Civil - São Paulo

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