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DE REVISÃO
: manipulação, não; contribuição, sim
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Atuação psicopedagógica no contexto escolar: manipulação, não; contribuição, sim
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está inserida, tipo de clientela que atende, na ausência do diretor, não há necessidade de
aspectos pedagógicos) fornecidos de acordo esperar que o mesmo chegue para que se to-
com a realidade da escola. Sua estrutura física: mem certas decisões. Dentro da escola deverá
prédio, dimensão e organização dos espaços, ter uma pessoa que se responsabilize e tome as
recursos materiais; estrutura administrativa: iniciativas inerentes a cada setor.
gestão (direção), equipe técnica, corpo discente O papel dos estabelecimentos de ensino
e docente, pessoal auxiliar, tomadas de deci- como organizações funciona numa tensão di-
sões, participação da comunidade, relação com nâmica (a interrelação não é estática): entre a
as autoridades centrais e locais (Secretarias de produção e a reprodução; entre a liberdade e a
Educação); estrutura social: relação entre alu- responsabilidade.
nos, professores e funcionários, responsabilida- O psicopedagogo vai questionar o que mais
de e participação dos pais, democracia interna, está acontecendo na escola: produção ou re-
cultura organizacional da escola, clima social. produção do conhecimento? Sabe-se que existe
A modernização do sistema educativo passa a reprodução do conhecimento, mas a escola
pela descentralização e por um investimento das tem que garantir um espaço para a produção
escolas como lugar de formação. do mesmo.
Como declara Bassedas4: Qual o espaço de construção, de produção
“A escola, como instituição social, pode que o professor tem na escola? Muitos profes-
ser considerada de forma ampla e, de sores aproveitam para se acomodarem atrás
acordo com a teoria sistêmica, como um do discurso de “não poder fugir do programa”.
sistema aberto que compartilha funções Esse professor não foi estimulado a criar conhe-
e que se inter-relaciona com outros cimento, ou seja, enquanto aluno não teve essa
sistemas que integram todo o contexto matriz. Quem passou por uma escola que deu
social. Entre esses sistemas, o familiar é espaço para a produção do pensamento?
o que adquire o papel mais relevante à Quanto à questão da liberdade em sala de
educação e assim, na atualidade, vemos aula, o professor pode ministrar o conteúdo
a escola e a família em inter-relação da forma que achar conveniente. Só que essa
contínua, mesmo que nem sempre liberdade está atrelada ao sentido de auto-
sejam obtidas atuações adequadas, já nomia, que implica numa responsabilidade.
que, muitas vezes, agem como sistemas Então, o professor tem que usar essa liberdade
contrapostos mais do que como sistemas e autonomia, para poder propiciar muito mais
complementares”. a questão da produção ou criação. O professor
Dentro do sistema escolar existem vários resiste à mudança em sua forma de ministrar
subsistemas que entre si interagem, numa rede aula com medo de não dar certo – essa dúvida o
de movimentos, onde a informação deve circular impede de mudar. Quando o professor perceber
em todas as direções, contemplando o sistema que, além de ensinar, tem que aprender como é
como um todo. que se aprende, sua postura transformar-se-á.
O tipo de escola onde todas as decisões De acordo com Nóvoa3, o olhar centrado nas
têm que passar por uma única pessoa torna o organizações escolares deve contextualizar to-
trabalho amarrado, preso. Tem que haver des- das as instâncias e dimensões presentes no ato
centralização do poder para que o sistema possa educativo. Para haver a compreensão é necessá-
fluir e, para isso, todos os subsistemas têm que rio que haja contextualização. O contexto ajuda
se interagir mutuamente. a entender e a explicar o que está acontecendo.
O poder de decisão tem que estar mais pró- Na perspectiva de Nóvoa3, a capacidade
ximo dos centros de intervenção, responsabili- integradora pode conceder à análise das organi-
zando diretamente os atores educativos. Assim, zações escolares um papel crítico e estimulante,
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exemplo, deve ir bem preparado para essa oca- de integração com o meio social. Por exemplo,
sião. Observa-se aí, o mito (diretor) e a narrativa um projeto pedagógico onde os pais e a comuni-
(advertência). Então, são essas narrativas que dade contribuam para ajudar pessoas carentes.
têm que fluir para que o psicopedagogo entre Como afirma Enguita (apud Goméz & Sa-
em contato. Assim, poderá ajudar o grupo a cristan5, 1998:
desconstruir o mito e entrar em contato com “A escola é uma trama de relações
o personagem. Quando se coloca alguém que sociais materiais que organizam a ex-
pertence à relação numa posição de mito, a periência cotidiana e pessoal do aluno/a
atuação inviabiliza-se. com a mesma força ou mais que as re-
As manifestações visuais e simbólicas são os lações de produção podem organizar as
elementos que têm uma forma material passível, do operário na oficina ou as do pequeno
portanto, de serem identificados através de uma produtor no mercado. Por que então
observação ocular. São os murais, os painéis, os continuar olhando o espaço escolar
cartazes feitos pelos alunos. como se nele não houvesse outra coisa
Como a escola lida e dá vazão a essas mani- em que se fixar além das idéias que se
festações visuais? Por meio da semana esportiva transmitem?”
e cultural, das olimpíadas, da semana da leitura, A escola não deixa de ser uma comunidade
do uso do laboratório de ciências e informática, em si mesma, que estabeleceu ao longo de sua
das oficinas. Essas atividades estão na zona da história relações de afeto entre professores e
visibilidade. Então, o que o psicopedagogo vê, alunos, entre seus membros e a família. O ob-
o que isso lhe conta. jetivo em comum que se observa na escola está
As manifestações comportamentais são os voltado para a família, bem como, estabelecer
elementos susceptíveis de influenciar o com- condições favoráveis ao desenvolvimento inte-
portamento dos atores da organização: as ati- gral dos alunos (dos filhos).
vidades normais da escola e o modo como são O psicopedagogo vai fazer uma “leitura”
desempenhadas, bem como, o conjunto de nor- nas entrelinhas, das narrativas, do currículo
mas e regulamentos que as orientam. Incluem- oculto, da dinâmica entre os atores da escola,
se aqui os rituais e cerimônias que fazem parte das possibilidades de mudança, da necessidade
da vida organizacional da instituição. de ajuda, dos trabalhos realizados, das dificul-
São, por exemplo, a realização de acolhidas dades detectadas, dos vínculos estabelecidos,
ou não; o uso de filas ou não; a prática da reza dos comportamentos e atitudes.
ou não. As reuniões são sistemáticas ou esporá- Concorda Bassedas4 que a observação “é
dicas? Os professores queixam-se das reuniões considerada um recurso muito peculiar do diag-
que são demais ou que são de menos? Tudo nóstico psicopedagógico”.
isso são manifestações comportamentais. O Então, no diagnóstico, a observação é um
psicopedagogo vai ponderar essas possibilida- instrumento que o psicopedagogo utiliza-se
des na instituição, ou seja, se deseja fazer essa para atuar na instituição escolar. Porque, na
construção ou se naquele momento a escola escola, o psicopedagogo não vai fazer testes com
externa que não tem condições, procrastinando os alunos, nem com ninguém. Além de conside-
por um momento mais adequado. rar os aspectos de comunicação e interação es-
Os elementos da cultura organizacional têm senciais para o processo de aprendizagem. É por
de ser lidos na sua interioridade, mas também essa razão que a observação é fator primordial.
nas interrelações com a comunidade envolven- Na instituição escolar, observa-se que ora
te. Se a cultura tem um papel de integração, é se é depositante, ora se é depositário. Esse mo-
também um fator de diferenciação externa. Há vimento de depósito começa na família, com o
de se identificar (ou construir) as modalidades projeto inconsciente dos pais, que acabam por
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marcar um lugar para cada um de seus filhos, A atuação psicopedagógica tem como base o
conforme as necessidades que, imaginariamen- pensar, a forma como o aprendente pensa e não
te, o grupo primário (família) pretende preen- propriamente o que aprende. É buscar compre-
cher com aquele que chega6. ender como eles utilizam os elementos do seu
Segundo Pichon-Rivière (apud Grossi & Bor- sistema cognitivo e emocional para aprender.
din6), “a estrutura dos grupos se compõe pela Na escola, a tarefa do psicopedagogo visa
dinâmica dos 3D. O depositado, o depositário fortalecer a identidade da instituição, bem como
e o depositante”. resgatar suas raízes, ao mesmo tempo em que pro-
Em termos diagnósticos na instituição, o cura sintonizá-la com a realidade que está sendo
psicopedagogo deve tentar detectar quais são vivenciada no momento histórico atual, buscando
esses elementos: depositados - expectativas, adequá-la às reais demandas da sociedade.
alegrias, medos, confiança, frustrações, triste- A intervenção psicopedagógica vem, no
zas; depositários - aluno/família, filho/escola curso de sua história, acontecendo na assistên-
(professor), professor (escola)/pais; depositantes cia às pessoas que apresentam dificuldades de
- escola (professor), família, aluno. aprendizagem, por meio do diagnóstico e da
É a partir do diagnóstico realizado que o terapêutica. Frente ao desempenho acadêmico
psicopedagogo poderá propor e executar a sua insatisfatório e com o objetivo de esclarecer a
intervenção. E a meta da intervenção psico- causa das dificuldades, os alunos são encami-
pedagógica é a construção de uma identidade nhados ao psicopedagogo, pelas escolas que
própria da escola. frequentam. Desde o princípio, a questão é cen-
Trabalhar em co-responsabilidade, vislum- trada no aprendente que não aprende. Agora,
brando uma proposta transdisciplinar requer, a atenção do psicopedagogo não está centrada
principalmente, predisposição às trocas e pre- apenas no aprendente, mas no contexto em que
paro para o diálogo. se realiza a aprendizagem.
A psicopedagogia institucional está atenta
INTERVENÇÃO NA ESCOLA: UM OLHAR à compreensão dos mecanismos inconscientes
PSICOPEDAGÓGICO de uma organização, identificando sua rigidez,
O objeto de estudo da Psicopedagogia é bloqueios e possibilidades de aprender7.
sempre o sujeito aprendente e esta aprendi- Ressalta Barbosa2 que “na instituição escolar,
zagem está sempre relacionada com o próprio convive-se com o ensinar e com o aprender de
sujeito, com o sujeito e o objeto, com o sujeito uma forma muito dinâmica, não sendo possível,
e o meio, portanto sistematicamente. Isto quer na prática, haver uma intervenção que recaia
dizer que o psicopedagogo está comprometido somente sobre o aprender”.
com qualquer modalidade de aprendizagem e Barbosa3, ainda, complementa:
de ensino e não só a exercida na escola. “Quando dizemos que a Psicopedago-
Cabe ao psicopedagogo entender como se gia se preocupa com o ser completo,
constitui o sujeito, como este se transforma em que aprende, não podemos esquecer
suas diversas etapas de vida, quais os recursos que faz parte da compleitude deste ser
de conhecimento de que ele dispõe e a forma a capacidade de aprender em intera-
pela qual produz conhecimento e aprende em ção com aquilo ou aquele que ensina;
relação ao grupo e sua reação frente a este. e que a ação de ensinar não é sempre
O impedimento para aprender não está exercida pelo professor, assim como a
atrelado aos fatores orgânicos, mas, também de aprender não é de responsabilidade
ao estado emocional, que determina e permeia somente do aluno”.
todo tipo de relação, sendo esta uma proposta O trabalho do psicopedagogo na escola é de
educacional ou não. prevenção das dificuldades de aprendizagem.
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Ou seja, vai fazer um trabalho institucional: ave- Uma escola rígida aponta e delimita padrões
riguar a formação dos professores; o currículo de comportamento. No entanto, percebe-se que,
que está sendo dado e se está sendo adequado mesmo assim, os alunos rebelam-se. Outra es-
às necessidades dos alunos. E a partir dessas cola que não tem tanta rigidez, pelo contrário, é
necessidades, se o professor está ou não prepa- mais liberal, mais aberta, propõe-se a lidar com
rado para atender ao aluno. O psicopedagogo os questionamentos que os alunos colocam, de
vai intervir na formação do professor, supervisor repente, fraqueja, porque está havendo muita
ou orientador pedagógico. indisciplina, começando-se a perder o controle
Há exemplos em que os professores são mais da situação.
bem preparados que o supervisor. Então como Na realidade, o sintoma está aparecendo
pode o supervisor coordenar um trabalho peda- nas duas instituições, tanto na que assume cla-
gógico junto aos professores, se nem ele sabe ramente uma postura de rigidez, como naquela
(ou tem conhecimento) para mediar essa prática? que se propõe a ser liberal, democrática.
O papel do psicopedagogo na escola é, além Então, é essa a questão que tem que ser ana-
de realizar uma orientação educacional, propor lisada. Ou seja, qual o sentido que está fazendo
a intervenção no currículo, no projeto político para os alunos essas regras tão demarcadas,
pedagógico, na metodologia de ensino do pro- delimitadas, impostas com clareza? Como esses
fessor, nas formas de aprender do professor. alunos estão entrando em contato com isso?
O psicopedagogo poderá contribuir para A escola até que pode ser liberal, democrática,
que haja uma boa comunicação entre escola e desde que as pessoas que assumem a direção
família, favorecendo a um clima de confiança tenham pelo menos o mínimo de controle dos
e estabelecendo um elo construtivo. Pois esse acontecimentos. A ação democrática significa está
dueto nem sempre é harmônico, podendo o sempre dialogando, negociando, senão perde-se
psicopedagogo deparar-se com situações con- a rédea e não se consegue dar conta da situação.
flitantes, tensas e pouco produtivas. Qual o sentido que esses alunos estão atri-
Para auxiliar na aprendizagem do aluno, buindo à concepção de democracia? E para
faz-se necessário que os pais estejam integrados a direção, coordenação, qual o sentido que
à escola, sendo importante que ambos falem a está fazendo esta reação dos alunos que já é
mesma linguagem e trabalhem em conjunto. de insubordinação, de depredação da escola
Barbosa2 afirma que: (quebra, destrói, rabisca)? Então, tem-se que
“A atuação psicopedagógica junto ir buscar, “lá atrás”, essas reservas de sentido.
a um grupo ou instituição, para ser O psicopedagogo pode ajudar os que fazem a
operante, precisa interpretar os papéis escola a tomarem consciência desse acervo,
desempenhados, a forma como foram dessas reservas de sentido.
atribuídos e assumidos, assim como as No trabalho com a escola, após o diagnósti-
expectativas que se encontram latentes co, o psicopedagogo vai realizar a intervenção
neste movimento de atribuir e aceitar apoiando-se na utilização de recursos que
o papel. [...] A tarefa de cada um deve promovam a operatividade dos vários grupos e
estar voltada para o aprender, desde a instâncias da instituição.
direção até a portaria ou o serviço de A intervenção psicopedagógica vai fazer
limpeza”. com que o aprender na escola esteja sempre em
Neste sentido, na instituição escolar, o movimento, sem esquecer de acompanhar o mo-
trabalho do psicopedagogo terá como meta mento histórico e prevenindo a cristalização de
a integração da tarefa objetiva e subjetiva, vínculos, que só dificultam o desenvolvimento.
promovendo uma mediação que possibilite a O caráter preventivo vislumbra o sentido de
realização eficaz da tarefa. reconstruir processos, definir papéis, valoriza
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novos conhecimentos, novas formas de apren- aprendizagem. Porque se o aluno não gosta do
der / ensinar, novas formas de avaliar o conhe- professor, provavelmente, não se apropriará
cimento, bem como, pessoas, papéis, processos, da matéria. No caso de um professor cativante,
produtos, objetivos7. sensível, acolhedor, motivador poderá levá-lo a
Com relação ao trabalho dos psicopedagogos entender a matéria. Mas, se o professor tem uma
na escola, Fernández8 ressalta que: característica antipática ou de indiferença, o aluno
“[...] precisam utilizar os conhecimentos não será motivado de forma alguma, devido a essa
e a atitude clínica para situarem-se em postura inadequada de quem se diz educador.
outro lugar, diferente ao que têm no Uma atividade convencional, tradicional,
consultório. A experiência de consul- quando trabalhada de forma lúdica, torna-se
tório pode servi-lhes muitíssimo para mais digestiva, mais leve.
situarem-se diante de professores, O psicopedagogo tem que se preocupar com
alunos e de si mesmos como alguém o que está sendo depositado e como vai fazer
que propicia espaços de autoria de para “limpar” esses depósitos. Então, simbo-
pensamento. [...] o psicopedagogo é licamente, seria isso que o psicopedagogo vai
alguém que convoca todos a refletirem ajudar a realizar, ou seja, mediar essa limpeza.
sobre sua atividade, a reconhecerem-se Outro cuidado que o psicopedagogo terá que
como autores, a desfrutarem o que têm ter é como vai agir para entender a linha de ra-
para dar. Alguém que ajuda o sujeito a ciocínio do outro. Todo ponto de vista tem uma
descobrir que ele pensa, embora perma- origem, então o psicopedagogo terá que enten-
neça muito sepultado, no fundo de cada der de onde foi retirado e tentar compreender a
aluno e de cada professor. Alguém que partir daí. Com essa postura não dá para taxar
permita ao professor ou à professora de “errado” a linha de raciocínio de alguém.
recordar-se de quando era menino ou Ao invés disso, deve-se sugerir que ele fale e
menina. Alguém que permita a cada comente sobre sua linha de raciocínio, para que
habitante da escola sentir a alegria de se possa entender. Com isso o psicopedagogo
aprender para além das exigências de poderá argumentar que o que ele está falando
currículos e notas”. pertence a uma linha tal de raciocínio e que a
No entanto, o psicopedagogo nunca deve do outro já leva para um caminho diferente. Isso
confundir “intervir” com “interferir”. No in- nada mais é que uma abertura para a conver-
tervir a intenção é de ajudar a pensar para se sação, para a pergunta circular.
alcançar a resposta. Já o interferir está centrado Para Fernández8:
na manipulação da ação do outro. “Nossa escuta não se dirige aos conte-
A escola tem que aprender a trabalhar com údos não-aprendidos, nem aos apren-
as dificuldades, porque senão corre o risco de didos, nem às operações cognitivas
cair no vício da rotulação. Ou seja, o profes- não-logradas ou logradas, nem aos
sor detecta quinze alunos com dificuldade de condicionantes orgânicos, nem aos in-
aprendizagem e já encaminha todos para a clí- conscientes, mas às articulações entre
nica. Claro que não! Tem que primeiro verificar essas diferentes instâncias. [...] Não se
se há outras formas de trabalharem-se os con- situa no aluno, nem no professor, nem
teúdos. O aluno pode não está rendendo bem na sociedade, nem nos meios de co-
nos estudos, até por um problema na dinâmica municação como ensinantes, mas nas
familiar. Então, como a escola amenizaria isso? múltiplas relações entre eles”.
Quando um aluno declara que não gosta de Na realidade, a questão do fracasso escolar ou o
tal professor é uma maneira do psicopedagogo, problema de aprendizagem sempre vão estar pre-
através dessa fala, deflagrar um problema de sentes nas instituições escolares, revelando-se com
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baixo ou alto índice, de forma amena ou alarmante, de cursos de formação continuada, vislumbran-
com um discurso camuflado ou tangencial, apon- do uma visão de homem como sujeito pensante
tando “culpados” ou rotulado comportamentos. e desejante.
O psicopedagogo deverá trabalhar todas Não existem fórmulas mágicas, prontas para
as questões que obstaculizam o ensinar e o se vencer as dificuldades de aprendizagem dos
aprender no “entre”, interagindo, vinculando, alunos. Essas dificuldades muitas vezes são
articulando e cuidando. sintomas de que algo não vai bem, podendo
ser identificado e até amenizado pelo educador,
CONCLUSÃO contando com o apoio do psicopedagogo.
Alguns paradigmas existentes na escola Não existe atuação psicopedagógica na esco-
devem ser repensados. A escola deve ter: uma la sem a postura do ouvir, do falar e do propor.
política de igualdade, que garanta oportunida- A intervenção do psicopedagogo tem que está
des; ética da identidade, para afirmar-se na sua regada do seu saber, da sua criatividade, da sua
individualidade e saber respeitar a diversidade perspicácia, para que tenha condições de adap-
do outro; estética da sensibilidade, proporcio- tar o trabalho a que se propõe, de acordo com
nando o interagir. E é nesse contexto que entra as necessidades e possibilidades do contexto
o trabalho do psicopedagogo como articulador educacional em que está atuando.
e promotor de ações que gerem mudanças, O psicopedagogo vai trabalhar de forma
mesmo que de início sejam acanhadas, mas preventiva para que sejam detectadas as dificul-
que, dentre outras, principalmente, minimizem dades de aprendizagem, antes que os processos
os problemas relativos à aprendizagem. se instalem, bem como, na elaboração do diag-
O psicopedagogo tem que se autorizar sair nóstico e trabalho conjunto com a família frente
da acomodação e questionar os anseios e as às ocorrências provenientes das dificuldades no
expectativas em relação à própria formação, ao processo do aprender. No entanto, não se pode
seu trabalho, a sua vida. falar em aprendizagem desconsiderando-se os
O olhar psicopedagógico tem que está diri- aspectos relevantes na vida desse aluno que se
gido à individualidade do aluno, bem como sua relaciona e troca, a partir do estabelecimento
atuação em grupo. Há a necessidade de tirar de vínculos.
o professor de um lugar que o considera sim- A prática psicopedagógica que respeita a
plesmente como um transmissor de informação, individualidade do sujeito na rotina escolar é
fato este que é abraçado por vários docentes. fundamental. A tentativa de sanar o sintoma
Precisa-se preencher as lacunas da formação do sem compreender suas causas não surte o efeito
professor, não por meio de receitas prontas, mas desejado.
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SUMMARY
Educational psychology practice in the school framework: not to mani-
pulation, yes to contribution
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