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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – Estudo do texto ...................................................................................... 03


Capítulo I – O texto ......................................................................................................... 03
Capítulo II – Linguagem verbal e não verbal .................................................................. 04
Capítulo III – Funções da linguagem .............................................................................. 04
Capítulo IV – Efeitos de sentido ...................................................................................... 06
Capítulo V – Gêneros textuais ....................................................................................... 12
Leitura ........................................................................................................................... 15
Fixação .......................................................................................................................... 17
Pintou no ENEM ........................................................................................................... 20
Gabarito ........................................................................................................................ 25

UNIDADE 2– Estudo da língua .................................................................................... 26


Capítulo VI – Variação linguística .................................................................................... 26
Capítulo VII – Fala e escrita ..............................................................................................29
Capítulo VIII – Estrutura das palavras .............................................................................. 30
Capítulo IX – Classe de palavras ...................................................................................... 31
Leitura .............................................................................................................................. 48
Fixação ............................................................................................................................ 49
Pintou no ENEM .............................................................................................................. 54
Gabarito ........................................................................................................................... 63

UNIDADE 3 – Análise textual ......................................................................................... 64


Capítulo X – Elementos textuais e contextuais ................................................................ 64
Capítulo XI – Intertextualidade .......................................................................................... 67
Leitura .............................................................................................................................. 70
Fixação ............................................................................................................................. 73
Pintou no ENEM ............................................................................................................. 78
Gabarito ........................................................................................................................... 79

Referências ...................................................................................................................... 80
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UNIDADE 1 – Estudo do texto

O TEXTO

Na era da informação tudo é texto. Um slogan político ou


publicitário, um anúncio visual sem nenhuma palavra, uma
canção, um filme, um gráfico, um discurso oral que nunca foi
escrito, enfim, os mais variados arranjos organizados para
informar, comunicar, veicular sentidos são texto. O texto não é,
pois, exclusivamente da palavra.
. Irene A. Machado

Quando se fala em texto, identifica-se o uso da linguagem (verbal ou não verbal) que tem significado,
unidade e objetivo comunicativo.
É importante considerar que todo texto tem um contexto, ou seja, a situação concreta à qual o texto faz
referência.
O contexto envolve sempre o conhecimento sobre o que está sendo dito e também as crenças e
conclusões relativas ao texto em questão. Há diferentes tipos de contexto (social, cultural, estético, político)
e sua identificação é fundamental para a compreensão do texto.
Também é importante interpretar os pressupostos (circunstância ou fato considerado como antecedente
necessário de outro) e os implícitos (algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é
deixado subentendido, é apenas sugerido) que o texto traz.

Em relação à linguagem, pode-se defini-la como um sistema de signos capaz de representar, através de
som, letra, cor, imagem, gesto etc., significados básicos que resultam de uma interpretação da realidade e
da construção de categorias mentais que representem os resultados dessa interpretação.
Os signos linguísticos são os elementos de significação nos quais se baseiam as línguas. Possuem uma
dupla face: a face do significado (o conceito do objeto) e a face do significante (os sinais gráficos ou
sonoros que representam o objeto).
Exemplo: A palavra cadeira não é a cadeira (você não senta na palavra cadeira!), mas quando é dita ou
lida, imediatamente se tem a ideia de cadeira. O simples fato de dizer a palavra que nomeia o objeto é
suficiente para que sua imagem venha à mente, devido ao seu valor simbólico partilhado pelos usuários da
língua, que se torna convenção em uma sociedade.
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LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.

Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras.
Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem
corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.

Linguagem mista: é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não verbal, usando palavras
escritas e figuras ao mesmo tempo.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

De acordo com a visão clássica, para que haja comunicação é necessário que os interlocutores
(remetente e destinatário de uma dada mensagem) utilizem um sistema de sinais – o código - devidamente
organizado e comum a ambos. A mensagem a ser transmitida refere-se a um contexto e para que chegue
ao destinatário necessita de um canal, um meio físico concreto de contato. Veja o esquema a seguir:
Esquema clássico da comunicação

mensagem contexto

função poética função referencial

remetente destinatário

função emotiva função conativa

contato código

função fática função metalinguística

Segundo a Teoria da Comunicação proposta por Roman Jakobson em 1969, toda mensagem tem uma
finalidade predominante que pode ser a transmissão de informação, o estabelecimento puro e simples de
uma relação comunicativa, a expressão de emoções, e assim por diante. O conjunto dessas finalidades tem
sido entendido sob o rótulo geral de funções da linguagem. As seis funções são:
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1. Função referencial (ou denotativa)


É aquela centralizada no referente, pois o emissor oferece informações da realidade. Objetiva, direta,
denotativa, prevalecendo a terceira pessoa do singular. Essa linguagem é usada na ciência, na arte realista,
no jornal, no “campo” do referente e das notícias de jornal e livros científicos.
Ex: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã
vermelha e uma pêra.

2. Função emotiva (ou expressiva)


É aquela centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a primeira pessoa do
singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de
amor.
Ex: Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim! Não,... não estou triste, mas também não quero
comentar o assunto.

3. Função apelativa (ou conativa)


É aquela que se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o
comportamento do receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o
uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além de vocativos e imperativos. É
usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao
consumidor.

4. Função Fática
É aquela centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a
eficiência do canal.
Ex: - Olá, como vai, tudo bem?
- Alô, quem está falando?

5. Função poética
É aquela centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva,
sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem
figurada apresentada em obras literárias, letras de música e em algumas propagandas.
Ex: Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto) “Um galo sozinho não tece uma manhã:/ele precisará
sempre se outros galos[...]”

6. Função metalinguística
É aquela centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia,
da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios
de metalinguagem.
Ex: - Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor?
- Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato,
etc.
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Quadro-resumo das funções de linguagem

FUNÇÃO OBJETIVO DA MENSAGEM


REFERENCIAL OU Transmitir informação
DENOTATIVA
EMOTIVA OU Expressar as emoções, atitudes, estados de espírito do emissor com relação ao
EXPRESSIVA que fala
CONATIVA OU Persuadir o destinatário, influenciando em seu comportamento
APELATIVA
FÁTICA Estabelecer ou manter comunicação

METALINGUÍSTICA Falar sobre a própria linguagem

POÉTICA Provocar algum efeito de sentido no receptor

EFEITOS DE SENTIDO

Conotação e denotação

Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo


contexto.
Ex: Você tem um coração de pedra.

Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.


Ex: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas.

Figuras de Linguagem

As figuras de linguagem são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É
um recurso linguístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade,
emotividade ou poeticidade ao discurso.
As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do
autor. A palavra empregada em sentido figurado, não denotativo, passa a pertencer a outro campo de
significação, mais amplo e criativo.
As figuras de linguagem classificam-se em:
a) figuras de som;
b) figuras de palavras
; c) figuras de pensamento;
d) figuras de construção.
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Figuras de som d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com


a) aliteração: consiste na repetição ordenada de finalidade enfática.
mesmos sons consonantais. Ex: Estou morrendo de sede. (em vez de estou
Ex: “Esperando, parada, pregada na pedra do com muita sede)
porto.”
e) prosopopeia ou personificação: consiste em
b) assonância: consiste na repetição ordenada de atribuir a seres inanimados predicativos que são
sons vocálicos idênticos. próprios de seres animados.
Ex: “Sou um mulato nato no sentido lato Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
mulato democrático do litoral.”
f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias
c) paronomásia: consiste na aproximação de em progressão ascendente (clímax) ou
palavras de sons parecidos, mas de significados descendente (anticlímax)
distintos. Ex: “Um coração chagado de desejos/Latejando,
Ex: “Eu que passo, penso e peço.” batendo, restrugindo.”

d) onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a


conjunto de palavras imita um ruído ou som. alguém (ou alguma coisa personificada).
Ex: "O silêncio fresco despenca das árvores. / Ex: “Senhor Deus dos desgraçados!/Dizei-me
Veio de longe, das planícies altas, / Dos cerrados vós, Senhor Deus!”
onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv...
passou." h) paradoxo: Ocorre não apenas na aproximação
de palavras de sentido oposto, mas também na
Figuras de pensamento de ideias que se contradizem referindo-se ao
a) antítese: consiste na aproximação de termos mesmo termo. É uma verdade enunciada com
contrários, de palavras que se opõem pelo aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é
sentido. outra designação para
Ex: “Os jardins têm vida e morte.” paradoxo.
Ex: "Amor é fogo que arde
b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sem se ver; / É ferida que
sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, dói e não se sente; / É um
efeito crítico ou humorístico. contentamento descontente; / É dor que desatina
Ex: “A excelente Dona Inácia era mestra na arte sem doer;"
de judiar de crianças.”
Figuras de palavras
c) eufemismo: consiste em substituir uma a) Comparação: Ocorre comparação quando se
expressão por outra menos brusca; em síntese, estabelece aproximação entre dois elementos
procura-se suavizar alguma afirmação que se identificam, ligados por conectivos
desagradável. comparativos explícitos - feito, assim como, tal,
Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns
ele roubou) verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
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Ex: "Amou daquela vez como se fosse máquina. / poética que consiste em expressar uma situação
Beijou sua mulher como se fosse lógico." global por meio de outra que a evoque e
intensifique o seu significado. Na alegoria, todas
b) metáfora: consiste em empregar um termo com as palavras estão transladadas para um plano
significado diferente do habitual, com base numa que não lhes é comum e oferecem dois sentidos
relação de similaridade entre o sentido próprio e o completos e perfeitos - um referencial e outro
sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma metafórico.
comparação em que o conectivo comparativo fica Ex: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O
subentendido. tenor e o barítono lutam pelo soprano, em
Ex: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” presença do baixo e dos comprimários, quando
não são o soprano e o contralto que lutam pelo
c) metonímia: como a metáfora, consiste numa tenor, em presença do mesmo baixo e dos
transposição de significado, ou seja, uma palavra mesmos comprimários. Há coros numerosos,
que usualmente significa uma coisa passa a ser muitos bailados, e a orquestra é excelente..."
usada com outro significado. Todavia, a
transposição de significados não é mais feita com Figuras de construção
base em traços de semelhança, como na As figuras de construção (ou de sintaxe) dizem
metáfora. A metonímia explora sempre alguma respeito a desvios em relação à concordância
relação lógica entre os termos. entre os termos da oração, sua ordem, possíveis
Ex: Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em repetições ou omissões. Elas podem ser
lugar de casa) construídas por: omissão, repetição, inversão,
ruptura ou concordância ideológica. Portanto,
d) catacrese: ocorre quando, por falta de um são figuras de construção ou sintaxe:
termo específico para designar um conceito, a) elipse: consiste na omissão de um termo
torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido facilmente identificável pelo contexto.
ao uso contínuo, não mais se percebe que ele Ex: “Na sala, apenas quatro ou cinco
está sendo empregado em sentido figurado. convidados.” (omissão de havia)
Ex: O pé da mesa estava quebrado.
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já
e) antonomásia ou perífrase: consiste em apareceu antes.
substituir um nome por uma expressão que o Ex: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de
identifique com facilidade. prefiro)
Ex: os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os
Beatles) c) assíndeto: Ocorre quando orações ou palavras
deveriam vir ligadas por conjunções
f) sinestesia: trata-se de mesclar, numa coordenativas, aparecem justapostas ou
expressão, sensações percebidas por diferentes separadas por vírgulas.
órgãos do sentido. Ex: "Não nos movemos, as mãos é que se
Ex: A luz crua da madrugada invadia meu quarto. estenderam pouco a pouco, todas quatro,
pegando-se, apertando-se, fundindo-se."
g)alegoria: é uma acumulação de metáforas (Machado de Assis).
referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura
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d) polissíndeto: consiste na repetição de Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois


conectivos ligando termos da oração ou não têm valor de reforço de uma ideia, sendo
elementos do período. apenas fruto do descobrimento do sentido real
Ex: “E sob as ondas ritmadas/ e sob as nuvens e das palavras.
os ventos/e sob as pontes e sob o sarcasmo /e Ex: subir para cima / entrar para dentro / repetir
sob a gosma e sob o vômito (...)” de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de
sangue / monopólio exclusivo.
e) silepse: consiste na concordância não com o
que vem expresso, mas com o que se h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma
subentende, com o que está implícito. palavra no início de versos ou frases.
Ex: Vossa Excelência está preocupado. Ex: “ Amor é um fogo que arde sem se ver;
“O que me parece inexplicável é que os É ferida que dói e não se sente;
brasileiros persistamos em comer essa coisinha É um contentamento descontente;
verde e mole que se derrete na boca.” É dor que desatina sem doer”

f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto i) inversão: consiste na mudança da ordem


na frase. Normalmente, isso ocorre porque se natural dos termos na frase.
inicia uma determinada construção sintática e Ex: “De tudo ficou um pouco.
depois se opta por outra. Do meu medo. Do teu asco.”
Ex: A vida, não sei realmente se ela vale alguma Obs: Há quatro figuras de linguagem para a
coisa. inversão:
- anástrofe: Ocorre quando há uma simples
g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja inversão de palavras vizinhas
finalidade é reforçar a mensagem. (determinante/determinado).
Ex: "Tão leve estou (estou tão leve) que nem
sombra tenho."
- hipérbato: Ocorre quando há uma inversão
completa de membros da frase.
Ex: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (As
belas passeiam na Avenida à tarde.)
- Sínquise: Ocorre quando há uma inversão
Pleonasmo literário: violenta de distantes partes da frase. É um
É o uso de palavras redundantes para reforçar hipérbato exagerado.
uma ideia, tanto do ponto de vista semântico Ex: "A grita se alevanta ao Céu, da gente." (A
quanto do ponto de vista sintático. Usado como grita da gente se alevanta ao Céu )
um recurso estilístico, enriquece a expressão, - Hipálage: Ocorre quando há inversão da
dando ênfase à mensagem. posição do adjetivo: uma qualidade que pertence
Ex: "Morrerás morte vil na mão de um forte." a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
Ex: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas
Pleonasmo vicioso: dos barbeiros loquazes)
É o desdobramento de ideias que já estavam
implícitas em palavras anteriormente expressas.
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Significação das palavras

I) Campos semânticos: as palavras podem A substituição de comprimento por extensão


associar-se de várias maneiras. Quando se não altera o sentido da frase, pois os termos são
relacionam pelo sentido, temos um campo sinônimos.
semântico. Não se trata de sinônimos ou
antônimos, mas de aproximação de sentido num Em verdade, as palavras são sinônimas em
dado contexto. certas situações, mas podem não ser em outras.
Ex.: É a riqueza da língua portuguesa falando mais
- perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz alto. Pode-se dizer, em princípio, que face e rosto
(partes do corpo humano) são dois sinônimos: ela tem um belo rosto, ela
- azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás (cores) tem uma bela face. Mas não se consegue fazer a
- martelo, serrote, alicate, torno, enxada troca de face por rosto numa frase do tipo: em
(ferramentas) face do exposto, aceitarei.
- batata, abóbora, aipim, berinjela, beterraba
(legumes) IV) Antonímia: requer os mesmos cuidados da
sinonímia. Na realidade, tudo é uma questão de
Observações bom vocabulário. Antonímia é o emprego de
a) Também constituem campos semânticos palavras de sentido contrário, oposto.
palavras como flor, jardim, perfume, terra, Ex.: É um menino corajoso.
espinho, embora não pertençam a um grupo É um menino medroso.
delimitado; mas a associação entre elas é
evidente. V) Homonímia: diz-se que há homonímia quando
b) As palavras podem pertencer a campos duas ou mais palavras possuem identidade de
semânticos diferentes. Veja o caso de abóbora: pronúncia (homônimos homófonos) ou de grafia
ela também serve para indicar cor, o que a (homônimos homógrafos). Em alguns casos, as
colocaria no segundo grupo de palavras. palavras possuem iguais a pronúncia e a grafia
(homônimos perfeitos). A classificação em si não
II) Polissemia: é a capacidade que as palavras é importante, mas sim o significado das palavras.
têm de assumir significados variados de acordo Ex.: ceda - seda -> homônimos homófonos
com o contexto. Não se trata de homonímia, que peso (A) -> peso (ê) -> homônimos
estudaremos adiante. homógrafos
Ex.: Ele anda muito. Mário anda doente. Aquele pena - pena -> homônimos perfeitos (ou
executivo só anda de avião. Meu relógio não homófonos e homógrafos)
anda mais.
O verbo andar tem origem no latim ambulare. VI) Paronímia: emprego de parônimos, palavras
Possui inúmeros significados em português, dos muito parecidas e que confundem as pessoas.
quais destacamos apenas quatro. Trata-se, pois, Ex.: O tráfego era intenso naquela estrada.
O tráfico de escravos é uma nódoa em
de uma mesma palavra, de uso diverso na língua.
nossa história.
Nas frases do exemplo, significa,
respectivamente, caminhar, estar, viajar e As palavras tráfego e tráfico são parecidas, mas
funcionar. não se trata de homônimos, pois a pronúncia e a
grafia são diferentes. Tráfego é movimento de
III) Sinonímia: outro item de suma importância veículo; tráfico, comércio.
para a interpretação de textos. Há sinonímia
quando duas ou mais palavras têm o mesmo Veja os principais homônimos e parônimos:
significado em determinado contexto. Diz-se,
então, que são sinônimos.
Ex.: O comprimento da sala é de oito metros. A
extensão da sala é de oito metros.
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Homônimos homófonos
acender - pôr fogo a ascender - elevar-se estrato - camada; tipo de extrato - que se extraiu
nuvem
acento - inflexão da voz assento - objeto onde se passo – passada paço - palácio imperial
senta
asado - com asas azado – oportuno incerto – duvidoso inserto – inserido
caçar – perseguir cassar – anular incipiente - que está no insipiente - que não sabe
início
cegar - tirar a visão segar - ceifar, cortar lasso – cansado laço - tipo de nó
cela - cômodo pequeno sela – arreio remissão – perdão remição – resgate
censo – recenseamento senso – juízo seda - tipo de tecido ceda - flexão do verbo
ceder
cerração – nevoeiro serração - ato de serrar taxa – imposto tacha - tipo de prego
cheque - ordem de xeque - lance do jogo de viagem – jornada viajem - flexão do verbo
pagamento xadrez viajar
cidra - certa fruta sidra - um tipo de bebida estático - firme, parado extático - em êxtase
conserto – reparo concerto – harmonia espiar – olhar expiar – sofrer

Parônimos
amoral - sem o senso da imoral - contrário à moral flagrante - evidente fragrante - aromático
moral
apóstrofe – chamamento apóstrofo - tipo de sinal gráfico fluir - correr; manar fruir –desfrutar
arrear - pôr arreios arriar – abaixar inerme - desarmado inerte – parado
astral - dos astros austral - que fica no sul inflação - desvalorização infração - transgressão
cavaleiro - que anda a cavalheiro – gentil infligir - aplicar pena infringir - transgredir
cavalo
comprimento - extensão cumprimento – saudação intemerato - puro intimorato - corajoso
conjetura - hipótese conjuntura – situação lactante - que amamenta lactente - que mama
delatar - denunciar dilatar – alargar lista - relação listra - linha, risco
descrição - ato de discrição - qualidade de discreto locador - proprietário locatário - inquilino
descrever
descriminar - inocentar discriminar – separar lustre - candelabro lustro - cinco anos; brilho
despercebido - sem ser desapercebido – desprevenido mandado - ordem judicial mandato - procuração
notado
destratar - insultar distratar – desfazer pleito - disputa preito - homenagem
docente - professor discente – estudante preeminente - nobre, proeminente - saliente
distinto
emergir - vir à tona, sair imergir – mergulhar prescrever - receitar; proscrever - afastar,
expirar (prazo) desterrar
emigrar - sair de um país imigrar - entrar em um país ratificar - confirmar retificar - corrigir
eminente - importante iminente - que está para ocorrer sortir - abastecer surtir - resultar
esbaforido - ofegante espavorido – apavorado sustar - suspender suster - sustentar
estada - permanência de estadia - permanência de tráfego - movimento de tráfico – comércio
alguém veículo veículo
facundo – eloquente fecundo - fértil; criador usuário - aquele que usa usurário - avarento; agiota
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GÊNEROS TEXTUAIS
Os gêneros textuais são os textos materializados em situações comunicativas
recorrentes, encontrados em nossa vida diária e apresentam padrões sócio-históricos
característicos, ou seja, são textos orais ou escritos produzidos por falantes de uma
língua em um determinado momento histórico.
Os gêneros textuais são definidos por composições funcionais, objetivos comunicativos e estilos
concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, instituições e técnicas.
Os gêneros textuais se enquadram (relativamente) em um tipo textual. Porém, ao contrário dos tipos
textuais, os gêneros possuem número ilimitado, enquanto os tipos possuem cinco ou seis categorias.

ASPECTOS TIPOLÓGICOS
DOMÍNIOS SOCIAIS DE C APACIDADES DE LINGUAGEM EXEMPLOS DE GÊNEROS
COMUNICAÇÃO DOMINANTES ORAIS E ESCRITOS
Conto maravilhoso
NARRAR Fábula
Lenda
Cultura literária ficcional Mimesis da ação através da Narrativa de aventura
criação da intriga Narrativa de ficção científica
Narrativa de enigma
Novela fantástica
Conto parodiado
Relatos de experiência vivida
Documentação RELATAR Relatos de viagem
e memorização de ações Testemunho
humanas Representação pelo discurso de Curriculum vitae
experiências vividas, situadas no Notícia
tempo Reportagem
Crônica esportiva
Ensaio biográfico
Textos de opinião
ARGUMENTAR Diálogo argumentativo
Discussão de problemas sociais Carta do leitor
controversos Sustentação, refutação e Carta de reclamação
negociação de tomadas de Deliberação informal
posição Debate regrado
Discurso de defesa
Discurso de acusação
Seminário
EXPOR Conferência
Artigo enciclopédico
Transmissão e construção de Apresentação textual de Entrevista de especialista
saberes diferentes formas dos saberes Tomada de notas
Resumos de textos expositivos
e explicativos
Relatório científico
Relato de experiências
científicas
DESCREVER AÇÕES Instruções de montagem
Receita
Instruções e prescrições Regulação mútua de Regulamento
Comportamentos Regras de jogo
Instruções de uso
Instruções
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É importante considerar que um tipo textual pode aparecer em


qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode
conter mais de um tipo textual. Um tipo textual está contido num gênero
e nunca ao contrário. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens
narrativas, descritivas, injuntivas, e assim por diante, sem perder sua
funcionalidade.

DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS

GÊNERO TEXTUAL: GÊNERO TEXTUAL:

OBJETIVO COMUNICATIVO: OBJETIVO COMUNICATIVO:

GÊNERO TEXTUAL: GÊNERO TEXTUAL:

OBJETIVO COMUNICATIVO: OBJETIVO COMUNICATIVO:


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GÊNERO TEXTUAL: GÊNERO TEXTUAL:

OBJETIVO COMUNICATIVO: OBJETIVO COMUNICATIVO:

GÊNERO TEXTUAL: GÊNERO TEXTUAL:

OBJETIVO COMUNICATIVO: OBJETIVO COMUNICATIVO:


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LEITURA

Indicação:
Livro: Ler e Compreender: os sentidos do texto
Autoras: Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias
Editora: Contexto
Ano: 2006

Como interpretar bem um texto?


Gustavo Bernado
A interpretação dos textos não é uma atividade inventada pelos professores para desespero dos alunos.
Antes da gente, as cartomantes, os quiromantes, os astrólogos e outros jogadores de búzios, entre tantos
outros decifradores de mensagens ocultas, dedicam-se a interpretar imagens, indícios, coincidências,
cartas, linhas das mãos, estrelas, conchas, cinzas e sonhos.
A interpretação se torna uma atividade nobre, porém, quando se torna uma tarefa religiosa: instituir o
significado da palavra de Deus através da interpretação dos livros sagrados, por exemplo a Bíblia. No
princípio, só poderia haver uma interpretação correta do texto bíblico, restava encontrá-la.
Esta origem do ato de interpretar deixou alguns problemas para o presente. Há leitores que ainda acham
que só se possa encontrar uma e apenas uma interpretação correta para cada texto. Há outros leitores que
defendem com ardor o seu direito à interpretação livre, entendendo que cada pessoa tem a sua
interpretação, pessoal e intransferível.
Ambos os grupos de leitores incorrem em equívoco.
Por um lado, não há uma interpretação única sequer para a própria Bíblia. Por isso surgiram as religiões
protestantes, que por definição protestavam contra a interpretação dominante dos católicos. Por esta razão,
elas traduziram os textos sagrados para as línguas vulgares de modo a permitir a leitura e,
consequentemente, a interpretação dos fiéis.
Por outro lado, construir uma interpretação pessoal de um texto não é uma tarefa automática. Depende
de respeito ao texto que se lê e aos contextos, quer do texto, quer do momento em que se lê. Na maioria
das vezes, o que se chama de “minha interpretação” não passa de um aglomerado desorganizado de
clichês e citações alheias lidas ou ouvidas sem digestão, sem trabalho pessoal de construção.
Que a obra seja aberta, como mostrou Umberto Eco, não implica que ela seja escancarada. Ou seja: não
vale tudo. O próprio Eco alertou: “dizer que um texto potencialmente não tem fim não significa que todo ato
de interpretação possa ter um final feliz”.” As palavras do texto configuram um conjunto embaraçoso de
evidências materiais que o leitor não pode deixar passar.
Se não há, para cada texto, uma única interpretação correta, e se a interpretação de cada leitor também
não é necessariamente correta, o problema de como interpretar bem persiste.
Os filósofos antigos já se depararam com o fato perturbador de que cada livro possui alguma verdade, e
que esta verdade é contraditória em relação à verdade de outros livros. Ora, se os livros falam a verdade
mesmo quando se contradizem entre si, cada um deles deve ser compreendido como parte da mensagem:
é a leitura de todos os livros que contém a mensagem. A verdade da interpretação se encontra no processo
global de leitura, jamais neste texto ou naquele leitor.
A popularização da interpretação dos textos bíblicos foi obviamente um avanço mas trouxe de
contrabando um atraso, a saber: a multiplicação das seitas. Como boa parte das interpretações se esforça
por excluir as demais, muitos religiosos de origem protestante negam a origem e a denominação de sua
própria religião, aproximando-se do catolicismo (palavra que deriva de “universal”, sugerindo a ideia de uma
única religião possível) que combatiam no começo de tudo.
Ora, se a interpretação dos textos literários vai por esse caminho, entra em conflito frontal com a própria
literatura, que pressupõe a suspensão momentânea de quaisquer verdades para melhor perspectivizar as
possibilidades de saber.
Preocupada com este conflito, a escritora Susan Sontag dedicou-se a escrever contra a própria
interpretação, questionando a tendência dos interpretadores a separar a forma do conteúdo para atribuir
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caráter acessório à primeira e essencial ao segundo. Essa tendência leva à formulação da pior de todas as
perguntas: “o que o autor quis dizer?”. Encontramos essa pergunta pouco inteligente em muitas aulas e
muitos manuais didáticos. A resposta do aluno mal educado pode ser, infelizmente, a mais correta: “sei lá,
pô!”.
O autor não se encontra presente, em alguns casos faleceu há séculos, logo deveria ter respeitado o seu
direito mínimo de não ter mensagens postas na sua boca à revelia. O máximo que o leitor pode entender do
texto é o que ele mesmo se tornou capaz de entender. É para esta condição que Oscar Wilde alertava,
quando disse: “It is the spectator, and not life, that art really mirrors” – é o espectador, e não a vida, que a
arte realmente reflete.
Quando o leitor interpreta um texto, fala tão-somente do que pode falar: a verdade da sua leitura. A não
ser para desqualificar todos os outros leitores e todas as outras leituras do mundo, não se pode falar da
verdade intrínseca ou absoluta de um texto literário. O intérprete corre sempre o risco da arrogância,
quando escava debaixo do texto para desenterrar o tal do “Sentido” maiúsculo que ali se encontraria
soterrado.
Para Susan Sontag, há uma minoria de casos em que a interpretação configura-se como um ato
liberador que revê e transpõe valores. No entanto, a maioria das interpretações atuais seria “reacionária,
impertinente, covarde, asfixiante.” Neste caso, a interpretação deveria ser condenada, porque “a Arte
verdadeira tem a capacidade de nos deixar nervosos. Quando reduzimos a obra de arte ao seu conteúdo e
depois interpretamos isto, domamos a obra de arte.”
Nas palavras de Sontag, é preciso manter-se nervoso, perturbado, inquieto, depois do contato com a
arte. Nas minhas palavras, é preciso preservar o enigma levantado pelo poeta, sem jamais resolvê-lo.
O personagem de um romance de Isaías Pessoti declarava: “nenhum amor sobrevive à palavra, mas
nenhum poder prescinde dela”. Nenhum amor sobrevive à palavra que se quer completa, ao “conte-me
tudo não me esconda nada”, à insistência em escavar as verdades mais íntimas, em perguntar diariamente
“mas o que é que você está pensando agora?”. Essa insistência não é amor, ou pelo menos não é só amor,
se vem melada de um certo tipo de desespero que se traveste de suficiência para melhor esconder a
necessidade de controle, isto é, a necessidade de exercer poder sobre o outro.
Ora: o que vale para o amor vale para toda leitura – dos livros ou do mundo.
Um exemplo sofisticado se encontra na interpretação usual dos narradores dos romances de Machado
de Assis. Muitos críticos os consideram “unreliable” (em inglês, para parecer mais chique) – isto é, “não
confiáveis”. De fato, Machado escreve muitos dos seus romances contra o próprio narrador – por tabela,
contra o próprio leitor, uma vez que o leitor é forçado a tomar como sua a perspectiva da narrativa. Todavia,
quando considera não confiável o narrador do escritor, o crítico finge que ele mesmo não seria também um
dos alvos prioritários da ironia machadiana. Desta maneira, o crítico sugere que só ele mesmo, “o Crítico”,
seria confiável.
Na verdade, os narradores machadianos em primeira pessoa são tão confiáveis ou não confiáveis
quanto qualquer narrador em primeira pessoa ou, mais amplamente, quanto qualquer pessoa. Bento
Santiago, ao mesmo tempo que nos força a pressupor a traição de Capitu, mostra tantos indícios de que ela
o traiu quanto de que não o fez. Brás Cubas mostra a si mesmo como um canalha, mas através das suas
próprias palavras também podemos ler a decadência do sistema patriarcal do qual Brás Cubas é vítima e
não causa.
Todas estas restrições não nos permitem, entretanto, condenar a interpretação à morte, se este é o seu
tempo. Condenada, a interpretação rirá de nós outros e ainda por cima nos obrigará a interpretar o seu riso.
Como solucionar, então, o conflito entre a interpretação, que pressupõe tudo-dizer e tudo-esgotar, e a
literatura, que pressupõe a suspensão momentânea das verdades, justo para não esgotá-las?
Como sói acontecer, a formulação do problema contém a sua solução. Deve-se manter a questão e o
conflito ativos e abertos. Um projeto inteligente de interpretação recua diante da solução final e protege a
dúvida, preservando tanto o enigma do texto quanto a leitura do outro.

Texto disponível em <http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna>. Acesso em 06 de março de 2014, às 20h.


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FIXAÇÃO

1. O pai conversa com a filha ao telefone e diz a) "O risco maior que as instituições republicanas
que vai chegar atrasado para o jantar. hoje correm não é o de se romperem, ou serem
Nesta situação, podemos dizer que o canal é: rompidas, mas o de não funcionarem e de
a) o pai desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-
b) a filha vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação
c) fios de telefone e da complacência. Diante do povo, diante do
d) o código mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso
e) a fala agora é fazer funcionar corajosamente as
instituições para lhes devolver a credibilidade
2. Assinale a alternativa incorreta: desgastada. O que é preciso (e já não há como
a) Só existe comunicação quando a pessoa que voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda
recebe a mensagem entende o seu significado. mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é
b) Para entender o significado de uma apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a
mensagem, não é preciso conhecer o código. quem doer." (O Estado de São Paulo)
c) As mensagens podem ser elaboradas com
vários códigos, formados de palavras, desenhos, b) O verbo infinitivo
números Ser criado, gerar-se, transformar
etc. O amor em carne e a carne em amor; nascer
d) Para entender bem um código, é necessário Respirar, e chorar, e adormecer
conhecer suas regras. E se nutrir para poder chorar
e) Conhecendo os elementos e regras de um
código, podemos combiná-los de várias maneiras, Para poder nutrir-se; e despertar
criando Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
novas mensagens. E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar.
3. Uma pessoa é convidada a dar uma palestra
em Espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois E crescer, e saber, e ser, e haver
não sabia falar com fluência a língua Espanhola. E perder, e sofrer, e ter horror
Se esta pessoa tivesse aceitado fazer esta De ser e amar, e se sentir maldito
palestra seria um
fracasso porque: E esquecer tudo ao vir um novo amor
a) não dominava os signos E viver esse amor até morrer
b) não dominava o código E ir conjugar o verbo no infinito...
c) não conhecia o referente (Vinícius de Morais)
d) não conhecia o receptor
e) não conhecia a mensagem
c) "Para fins de linguagem a humanidade se
4. Um guarda de trânsito percebe que o motorista serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a
de um carro está em alta velocidade. Faz um que se dá o nome genérico de voz, determinados
gesto pedindo para ele parar. Neste trecho o pela corrente de ar expelida dos pulmões no
gesto que o guarda faz para o motorista parar, fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou
podemos dizer que é: outra maneira, é modificada no seu trajeto até a
a) o código que ele utiliza parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.)
b) o canal que ele utiliza
c) quem recebe a mensagem d) " - Que coisa, né?
d) quem envia a mensagem - É. Puxa vida!
e) o assunto da mensagem - Ora, droga!
- Bolas!
5. A mãe de Felipe sacode-o levemente e o - Que troço!
chama: “Felipe está na hora de acordar”. - Coisa de louco!
O que está destacado é: - É!"
a) o emissor
b) o código e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col.
c) o canal Ultra Lights."
d) a mensagem
e) o referente
f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo
6. Reconheça nos textos a seguir, as funções da desejava que um grito me anunciasse qualquer
linguagem: acontecimento extraordinário. Aquele silêncio,
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aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria 9. Quais as funções da linguagem predominantes


tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os no poema abaixo?
degraus e fui espalhar no quintal os fios da Poética
gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia
piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o Que é poesia?
pensamento embaralhar-se longe daquelas uma ilha
porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me cercada
no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à de palavras
janela, olhando as pernas dos transeuntes." por todos os lados
(Graciliano Ramos) Que é um poeta?
um homem
g) " - Que quer dizer pitosga? que trabalha um poema
- Pitosga significa míope. com o suor do seu rosto
- E o que é míope? Um homem
- Míope é o que vê pouco." que tem fome
como qualquer outro
homem.
7. No texto abaixo, identifique as funções da (Cassiano Ricardo)
linguagem:
"Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao
coração de Marcela, não já cavalgando o corcel 10. Qual a função da linguagem comum às duas
do cego desejo, mas o asno da paciência, a um historinhas?
tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há Texto I
dois meios de granjear a vontade das mulheres: o
violento, como o touro da Europa, e o insinuativo,
como o cisne de Leda e a chuva de ouro de
Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por
estarem fora de moda, aí ficam trocados no
cavalo e no asno." (Machado de Assis)

8. Descubra, nos textos a seguir, as funções de


linguagem:

a) "O homem letrado e a criança eletrônica não TextoII


mais têm linguagem comum." (Rose-Marie
Muraro)

b) "O discurso comporta duas partes, pois


necessariamente importa indicar o assunto de
que se trata, e em seguida a demonstração. (...) A
primeira destas operações é a exposição; a
segunda, a prova." (Aristóteles)

c) "Amigo Americano é um filme que conta a


11. Veja a charge a seguir o e diga o que você
história de um casal que vive feliz com o seu filho
sabe sobre o assunto tratado na mesma. Para
até o dia
facilitar seu trabalho, escreva pequenos períodos
em que o marido suspeita estar sofrendo de
(frases) respondendo as perguntas: Sobre o que
câncer."
ela fala? É um problema atual? Como ele afeta
sua vida? Há solução para o problema?
d) "Se um dia você for embora
Ria se teu coração pedir
Chore se teu coração mandar." (Danilo
Caymmi & Ana Terra)

e) "Olá, como vai?


Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no
futuro e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono
tranquilo..." (Paulinho da Viola)
19

________________________________________ (A) Apenas I está incorreta.


(B) Apenas III está incorreta.
________________________________________ (C) I e II estão incorretas.
(D) II e III estão incorretas.
________________________________________ (E) Nenhuma está incorreta.

________________________________________ 14. Leia e classifique os narradores:

________________________________________ 1. “Os campos, segundo o costume, acabava de


descer do almoço e, a pena atrás da orelha, p
lenço por dentro do colarinho, dispunha-se a
12. Faça o mesmo agora com a charge abaixo. prosseguir o trabalho interrompido poucos antes.
Após ver a imagem, responda em forma de texto Entrou no escritório e foi sentar-se à secretária”
as perguntas: Sobre o que ela fala? É um (Aluísio Azevedo)
problema atual? Você lembra de algum exemplo
relacionado ao assunto? Há solução para o 2. “Coloquei-me acima de minha classe, creio que
problema? me elevei bastante. Como lhes disse, fui guia de
cego, vendedor de doces e trabalhador de
aluguel. Estou convencido de quem nenhum
desses ofícios me daria os recursos intelectuais
necessários para engenhar esta narrativa.”
(Graciliano Ramos)
3. “Um segundo depois, muito suave ainda, o
pensamento ficou levemente mais intenso, quase
tentador: não dê, elas são suas. Laura espantou-
se um pouco: por que as coisas nunca eram
dela?” (Clarice Lispector)

( ) narrador participante
( ) narrador observador
( ) narrador onisciente

A sequência correta é:
(A) 1, 2, 3
(B) 1, 3, 2
(C) 2, 3, 1
(D) 2, 1, 3
(E) 3, 2, 1

15. Os gêneros conto e crônica não têm em


________________________________________ comum:
(A) o suporte
________________________________________ (B) a extensão
(C) a presença da narrativa
________________________________________ (D) a definição de tempo-espaço
(E) a intenção artística literária
________________________________________
16. Com relação ao gênero do texto, é correto
________________________________________ afirmar que a crônica:

(A) parte do assunto cotidiano e acaba por criar


13. Analise e responda: reflexões mais amplas;
I. O foco narrativo do narrador-personagem é de (B) tem como função informar o leitor sobre os
problemas cotidianos;
primeira pessoa, podendo corresponder,
(C) apresenta uma linguagem distante da
inclusive, ao protagonista. coloquial, afastando o público leitor;
II. O narrador em terceira pessoa se caracteriza (D) tem um modelo fixo, com um diálogo inicial
por ter uma visão subjetiva, total e impessoal dos seguido de argumentação objetiva;
fatos. (E) consiste na apresentação de situações pouco
III. Ambos os focos narrativos podem ser realistas, em linguagem metafórica.
caracterizar pela “onisciência” do narrador.
20

PINTOU NO ENEM

QUESTÃO 01 QUESTÃO 03

________________________________________

QUESTÃO 02

________________________________________

QUESTÃO 04
21

QUESTÃO 05 QUESTÃO 07

________________________________________
QUESTÃO 06

________________________________________
QUESTÃO 08
22

QUESTÃO 09 QUESTÃO 11

_________________________________________
QUESTÃO 10

____________________________________________
QUESTÃO 12
23

QUESTÃO 13 QUESTÃO 15

________________________________________
QUESTÃO 14
QUESTÃO 16
24

QUESTÃO 17 QUESTÃO 18
25

GABARITO - Unidade 1

FIXAÇÃO PINTOU NO ENEM

1 C 11 Aquecimento global 1 E 11 D

2 B 12 Violência na escola 2 E 12 E

3 B 13 B 3 A 13 C

4 A 14 D 4 B 14 D

5 D 15 E 5 A 15 A

6 Ver páginas 04 a 06 16 A 6 B 16 D

7 Ver páginas 04 a 06 17 - 7 E 17 D

8 Ver páginas 04 a 06 18 - 8 A 18 E

9 Ver páginas 04 a 06 19 - 9 E 19 -

10 Ver páginas 04 a 06 20 - 10 D 20 -
26

UNIDADE 2 - Estudo da Língua

Variação linguística

A língua abriga vários registros que dependem basicamente da situação de fala e de com quem se fala.
Há variações dentro da mesma língua decorrentes de fatores como: a região geográfica (nordestino,
mineiro, carioca, paulista etc.), o sexo, a idade, a classe social e o grau de instrução dos falantes e o grau
de formalidade do contexto (formal e informal).
Dentre as diversas variações pode-se dizer que a oposição mais importante se dá entre a chamada
linguagem culta (ou padrão) e a linguagem popular, coloquial.
A noção de certo e errado está ligada ao prestígio que a variedade culta adquiriu na sociedade. No
entanto, todas as demais variedades são legítimas e devem ser respeitadas, combatendo o preconceito
linguístico.
A variedade culta é difundida principalmente pela escola e pelos meios de comunicação e está
relacionada a um grupo de pessoas de maior prestígio social.
Aula de Português (Carlos Drummond de Andrade, 1999)
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois: o outro, mistério.


27

Tipos de variação:

Variação histórica: acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao
serem comparados dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante
inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos
socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas,
período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e
finalmente consagra-se pelo uso, na modalidade escrita. As mudanças podem ser de grafia ou de
significado.

Variação geográfica: refere-se a diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de


estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades
linguísticas menores, em torno de centros polarizadores da cultura, da política e da economia, que acabam
por definir os padrões lingüísticos utilizados na região sob sua influência. As diferenças linguísticas entre as
regiões são graduais, nem sempre coincidindo com as fronteiras geográficas.

Variação social: agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, o grau de educação, a
idade e o gênero do indivíduo. A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como
poderia acontecer na variação regional. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico
de uma pessoa, e há a possibilidade de que alguém, oriundo de um grupo menos favorecido, venha a
atingir o padrão de maior prestígio.

Variação estilística: refere-se às diferentes circunstâncias de comunicação em que se coloca um mesmo


indivíduo: o ambiente em que se encontra (familiar ou profissional, por exemplo) o tipo de assunto tratado e
quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois
limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas
linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é
máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo.
Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita efalada, pois os dois estilos ocorrem em
ambas as formas de comunicação.

Existem diversas formas de se dizer a mesma coisa em um


mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade.
LABOV, 1972

Níveis das variações:


Fonética: alteração na pronúncia das palavras.
Ex: planta/pranta; vossa mercê/ você/ocê/cê.
Morfológica: alteração na forma das palavras.
Ex: Verão/ verãos, limão/limões (oposição aos – ões).
Sintática: alteração na correlação entre as palavras.
Ex: Os meninos fizeram o dever. / Os menino fez o dever.
Lexical: alteração na escolha das palavras.
Ex: mandioca /aipim; “Choveu direto essa semana”/ “Choveu todos os dias
nesta semana”
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Atividade para reflexão linguística:

Seu dotô me conhece ? 1) Identifique os exemplos de variação linguística no poema e


Patativa do Assaré defina o nível da variação.
Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece,
Nunca sôbe que sou eu,
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça
E os fio que Deus me deu.

Se não sabe, escute agora,


Que vou contá minha história,
Tenha bondade de uvi: 2) Caso o poema fosse redigido na variedade culta da língua
Eu sou da crasse matuta, portuguesa, o que se perderia no que tange ao objetivo do
poema?
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasi.

A GRAMÁTICA

Toda língua possui uma estrutura, ou seja, todos os seus elementos estão intimamente ligados. Uma
língua é, não só um conjunto de palavras, mas também um conjunto de regras, aprendidas desde cedo, que
permite aos falantes construir e decodificar enunciados. O conjunto dessas regras é chamado de gramática.
Todo falante tem o conhecimento natural da gramática de sua língua. No entanto, paralelamente a essa
gramática natural, tem-se a gramática normativa.
A gramática normativa é um conjunto de regras sistematizadas que estabelecem um determinado uso da
língua, chamado de uso culto, norma culta, ou norma padrão. Essas regras impõem um padrão de
linguagem a ser seguido pelos falantes, já que possui um prestígio social.

Todas as variedades constituem sistemas linguísticos perfeitamente adequados para a expressão das
necessidades comunicativas e cognitivas dos falantes, das as práticas sociais e os hábitos culturais de
suas comunidades. O preconceito linguístico e uma forma de discriminação que deve ser combatida.

GRAMATICALIDADE E AGRAMATICALIDADE

Como visto anteriormente, não há certo ou errado dentro das variedades linguísticas. Falar “nóis vai” ao
invés de “nós vamos” é apenas uma variação, embora “nós vamos” tenha mais prestígio social. Sendo
assim, dentro da linguagem, tem-se a noção de gramaticalidade e agramaticalidade para aquilo que atende
ou não às regras naturais da língua.
GRAMATICAL
GRAMÁTICA NORMATIVA GRAMÁTICA NATURAL AGRAMATICAL
Assisti ao jogo. Assisti o jogo. Jogo o assisti.
Disseram-me a verdade. Me disseram a verdade. Disseram verdade me a.
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Fala e escrita

A língua falada e a língua escrita, embora sejam expressões de um mesmo idioma, apresentam
características que nos permite a identificação de suas particularidades. Apesar da divisão (de cunho
didático), as duas modalidades formam um contínuo linguístico, que é bastante visível em determinados
gêneros textuais, como o chat ou bate-papo pela internet ou por mensagens telefônicas.
As diferenças entre a fala e a escrita são:

FALA ESCRITA

contextualizada descontextualizada

dependente autônoma

implícita explícita

redundante condensada

não planejada planejada

imprecisa precisa

não normatizada normatizada

fragmentária completa

Falo de um modo, mas escrevo de outro?!

De fato, falamos de um modo, mas escrevemos de outro, pois língua escrita e língua falada são duas
modalidades diferentes de comunicação, tendo cada uma delas suas características próprias.
Quando falamos, além das palavras, utilizamos outros elementos como os gestos, os olhares, a
expressão do rosto e, principalmente, algo chamado entoação da frase. Pela entoação distinguimos uma
frase afirmativa de uma interrogativa, uma frase dita com seriedade de outra dita com ironia, por exemplo.
Quando escrevemos, entretanto, não há mais gestos, nem olhares, nem entoação. Sobram apenas as
palavras. É por isso que, ao redigirmos relatórios, documentos, resenhas ou quaisquer outros tipos de texto
escrito, devemos ter cuidado especial com a pontuação, a ortografia, a concordância e a colocação das
palavras. Do contrário, corremos o risco de não sermos devidamente interpretados; nosso texto ficará
confuso, comprometendo, assim, a comunicação.
É válido ressaltar, também, que a língua escrita não é nem mais nem menos importante que a língua
falada. Não existe "superioridade" de uma ou outra. São apenas modalidades diferentes que se realizam em
situações diferentes.
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Morfologia

Estrutura das palavras


A estrutura interna das palavras

RADICAL: é a forma mínima (morfema) que indica o sentido básico de uma palavra.

VOGAL TEMÁTICA: é um morfema vocálico que se acrescenta ao radical, preparando-o para receber as
desinências.
O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical.

DESINÊNCIAS: são morfemas que correspondem às flexões das palavras variáveis. Podem ser nominais
(gênero e número) ou verbais (tempo e modo).

AFIXOS: são morfemas que acrescentados ao radical, alteram sua significação básica. Subdividem-se em
prefixo, colocado antes do radical (infeliz), e sufixo, colocado depois do radical (felizmente).

VOGAL e CONSOANTE DE LIGAÇÃO: são elementos mórficos que não possuem significação gramatical própria,
mas são necessários para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola,
pe-z-inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via).

ALOMORFES: são as variações que os morfemas sofrem (amaria - amaríeis; feliz - felicidade).

PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

PALAVRAS PRIMITIVAS - não derivam de outras (casa, flor)


PALAVRAS DERIVADAS - derivam de outras (casebre, florzinha)
PALAVRAS SIMPLES - só possuem um radical (couve, flor)
PALAVRAS COMPOSTAS - possuem mais de um radical (couve-flor)

As palavras são formadas por:

COMPOSIÇÃO - processo em que ocorre a junção de dois ou mais radicais. São dois tipos de composição:
a) justaposição: quando não ocorre a alteração fonética.
Ex: girassol, sexta-feira.

b) aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de elementos.


Ex: pernalta, de perna + alta.

DERIVAÇÃO - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o acréscimo de afixos. São cinco tipos de
derivação:
a) prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva.
Ex: in-útil.

b) sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva.


Ex: clara-mente.

c) parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, à palavra primitiva.


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Ex: em - lata - ado.

d) regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstratos por
derivação regressiva de formas verbais.
Ex: ajuda / de ajudar.

e) imprópria: alteração da classe gramatical da palavra primitiva .


Ex: "o jantar" - de verbo para substantivo.
A língua portuguesa também possui outros processos para formação de palavras:

HIBRIDISMO: palavras compostas ou derivadas, constituídas por elementos originários de línguas diferentes.
Ex: automóvel e monóculo (grego e latim)

ONOMATOPÉIA: reprodução imitativa de sons.


Ex: pingue-pingue, zunzum, miau.

ABREVIAÇÃO VOCABULAR: redução da palavra até o limite de sua compreensão.


Ex: metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.

SIGLAS: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma seqüência de palavras.


Ex:Academia Brasileira de Letras- ABL;Partido do Trabalhador- PT.

NEOLOGISMO: nome dado ao processo de criação de novas palavras.

CLASSES DE PALAVRAS

As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações. Podemos classificá-las
em: substantivo, adjetivo, pronome, verbo, artigo, numeral, advérbio, preposição, interjeição e conjunção.

1) SUBSTANTIVO
É uma palavra que designa um ser real ou imaginário.

COMUM, COLETIVO E PRÓPRIO


a) Substantivo comum: faz referência a todos os seres de uma espécie, designando-os em termos de
suas propriedades essenciais.
Ex: casa, mesa, água.

b) Substantivo coletivo: designa um conjunto de coisas ou seres de uma espécie ou corporações


sociais e religiosas agrupadas para determinado fim. Apresenta-se de forma singular.
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Ex: Bando (de aves)

c) Substantivo próprio: faz referência a seres particulares, únicos, dentre aqueles de uma mesma
espécie.
Ex: Carlos, Patrícia, Espírito Santo, Botafogo.

CONCRETO E ABSTRATO
a) Substantivo concreto: designa os seres que têm uma existência independente, real ou imaginária.
Ex: pedra, carro, flor, Deus, alma, fada, Pedro.

b) Substantivo abstrato: nomeia conceitos como ações, estados, qualidades, sentimentos, sensações,
que não têm uma existência independente. Sua manifestação está sempre associada a um ser do
qual depende a sua existência.
Ex: amor, felicidade, beleza, ódio, doença.

FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS


GÊNERO: masculino ou feminino.
NÚMERO: singular ou plural.
GRAU: normal, diminutivo ou aumentativo.

2) ADJETIVO
É a palavra variável que atribui uma especificação ao substantivo, caracterizando-o. Pode indicar uma
qualidade, um estado, a aparência ou um modo de ser dos referentes dos substantivos. Concorda em
gênero e número com o substantivo que determina.

ADJETIVOS PÁTRIOS: são os adjetivos derivados de substantivos que se referem a países, estados,
províncias, regiões, cidades, aldeias, vilas, povoados etc.
Ex: Nordestino, brasileiro, acreano, mineiro, sergipano, carioca.

LOCUÇÃO ADJETIVA: conjunto de palavras (geralmente preposições+ substantivos ou


preposições+advérbios) com valor e função de adjetivo.
Ex: estar com fome = estar faminto, andar de cima = andar superior, indivíduo sem caráter.

FLEXÕES DOS ADJETIVOS


GÊNERO: uniforme (inteligente) ou biforme (honesto, honesta).
NÚMERO: singular ou plural.
GRAU: comparativo e superlativo.

O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades
de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do)
que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que.
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso. Pode ser classificado como
absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros elementos. Pode ser analítico (acréscimo de
advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo). (muito alto X altíssimo).

3) ARTIGO
É a palavra variável em gênero e número que se antepõe aos substantivos, determinando-os. A
determinação operada pelo artigo pode ser definida ou indefinida.
ARTIGO DEFINIDO - o, a, os, as: um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie.
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ARTIGO INDEFINIDO - um, uma, uns, umas: um ser qualquer entre outros de mesma espécie.
Podem aparecer combinados com preposições: numa, do, à, entre outros.

4) NUMERAL
É uma classe especial de palavras que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração.
Classifica-se como:
CARDINAL: 1, 2, 3, ...
ORDINAL : primeiro, segundo, terceiro,...
MULTIPLICATIVO: dobro, duplo, triplo, ...
FRACIONÁRIO: meio, metade, terço,...
COLETIVOS: dezena, dúzia, par...
Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem
acompanhando e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um
substantivo e designando seres, terão valor substantivo.
Ex: Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo)
Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo).

5) INTERJEIÇÃO
É uma palavra invariável que expressa estados emocionais do falante, variando de acordo com o
contexto emocional.

EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO EXPRESSÃO INTERJEIÇÃO

ALEGRIA ah!, oh!, oba! APLAUSO bravo!, bis!, mais um!


ADVERTÊNCIA cuidado!, atenção CHAMAMENTO alô!, olá!, psit!
AFUGENTAMENTO fora!, rua!, passa!, xô! DESEJO oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui!
ALÍVIO ufa!, arre! ESPANTO puxa!, oh!, chi!, ué!
ANIMAÇÃO coragem!, avante!, eia! IMPACIÊNCIA hum!, hem!
SILÊNCIO silêncio!, psiu!, quieto!

LOCUÇÕES INTERJETIVAS: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo!

6) PRONOME
É palavra variável que identifica os participantes da interlocução e os seres, eventos ou situações aos
quais o discurso faz referência, substituindo ou acompanhando um substantivo.

PESSOAS DO DISCURSO:
1ª pessoa - aquele que fala, emissor.
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor.
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.

PRONOME SUBSTANTIVO: substitui um substantivo.


Ex: Ele prestou socorro.
PRONOME ADJETIVO: acompanha um substantivo.
Ex: Aquele rapaz é belo.
PRONOME PESSOAL: faz referência explícita e direta às pessoas do discurso.
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PRONOMES PESSOAIS
PESSOAS DO RETOS PRONOMES OBLÍQUOS
DISCURSO ÁTONOS TÔNICOS
mim,
eu me
1ª comigo
Singul tu te
2ª ti, contigo
ar ele, o, a, lhe
3ª ele, ela
ela se
si, consigo
nós,
nos
nós conosco
1ª vos
vós vós,
Plural 2ª os, as,
eles,el convosco
3ª lhes
as eles, elas
se
si, consigo

Os pronomes pessoais retos desempenham a função de sujeito ou predicativo do sujeito.


Os pronomes pessoais oblíquos desempenham funções de objeto direto, objeto indireto, complemento
nominal, adjunto adverbial ou agente da passiva.
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição.

Os pronomes oblíquos átonos atuam, sintaticamente, como complementos de verbos e a posição que
ocupam na sentença variam. Eles podem aparecer em posição de ênclise (após o verbo do qual é
complemento); em posição de próclise (antes do verbo) ou em posição de mesóclise (entre a forma
derivada do infinitivo e as desinências modo-temporais e número-pessoais no futuro do presente e futuro do
pretérito).
Ex:
Ênclise: Faça-me o favor de não chegar atrasado à aula.
Próclise: Ontem o vi no cinema.
Mesóclise: Emprestar-lhe-ei os discos para a festa.

Atenção!
Na oralidade, é comum
utilizar o pronome
oblíquo átono no início da
sentença.
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PRONOME DE TRATAMENTO: palavra ou locução que funciona como verdadeiro pronome pessoal e é utilizada
para designar o interlocutor.
Ex: Vossa Excelência, Vossa Alteza, Vossa Senhoria.

PRONOME POSSESSIVO: faz referência às pessoas do discurso, indicando uma relação de posse.
Os pronomes possessivos, normalmente, ocorrem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir
depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.
Meu filho não anda de moto. X Filho meu não anda de moto.

UM POSSUIDOR VÁRIOS POSSUIDORES


PESSOA GÊNERO NÚMERO

SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL

1ª pessoa Masc. meu Meus Nosso Nossos


Fem. minha minhas nossa nossas
2ª pessoa Masc. teu teus vosso vossos
Fem. tua tuas vossa vossas
3ª pessoa Masc. seu seus seu seus
Fem. sua suas sua suas

PRONOME DEMONSTRATIVO: faz referência às pessoas do discurso, estabelecendo, entre elas e os seres por
ele designado, uma relação de proximidade ou distanciamento, no tempo e no espaço.

VARIÁVEIS

MASCULINO FEMININO INVARIÁVEIS

SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL

Este Estes Esta Estas Isto


Esse Esses Essa Essas Isso
aquele aqueles aquela aquelas aquilo

Também são pronomes demonstrativos: mesmo(a)(s), próprio(a)(s), semelhante(s) e tal (tais) quando
determinam substantivos.
Ex: Ele já sabia que tais boatos iriam circular após a separação.
Os demonstrativos podem ocorrer combinados com as preposições de e em: deste, neste, disto, nisto,
desse, nesse, disso, nisso, daquele, naquele, daquilo, naquilo.

PRONOME INDEFINIDO: faz referência à 3ª pessoa do discurso de uma maneira indefinida, vaga, imprecisa e
genérica.
Alguns pronomes indefinidos podem variar quanto ao gênero e número, outros variam apenas quanto ao
número e outros são invariáveis.
VARIÁVIES
GÊNERO E NÚMERO (A/S) NÚMERO (S) INVARIÁVEIS

todo, algum, vários, nenhum, Qualquer (quaisquer), quem, alguém, ninguém, outrem, que,
certo, outro, muito, pouco, qual(quais), bastante algo, tudo, nada, cada, mais, menos,
quanto, tanto, um. (bastantes) demais
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PRONOME RELATIVO: faz referência a algum elemento anteriormente mencionado no texto, considerado seu
antecedente, com o qual estabelece uma relação anafórica e introduz uma oração subordinada adjetiva.
Os pronomes relativos podem ser variáveis ou invariáveis.
VARIÁVIES (A/S) INVARIÁVEIS

o qual, cujo, quanto que, quem, onde, quando, como

O pronome cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de posse entre o antecedente e o termo que eles
especificam. Seu sentido equivale ao de de quem, do qual, de que.
Ex: Nunca coma em um restaurante cujo cozinheiro almoça fora.(o cozinheiro do restaurante)
O pronome onde é relativo quando indica lugar e pode ser substituído por em que.
Ex: Quero comprar uma casa com um quintal onde (em que) eu possa construir uma piscina.

PRONOME INTERROGATIVO: é usado nas perguntas diretas ou indiretas e faz referência à 3ª pessoa do
discurso.
São pronomes interrogativos: que, quem, qual, quanto.
Ex: Pergunta direta: Que são pronomes interrogativos?
Pergunta indireta: O professor perguntou ao aluno que são pronomes interrogativos.

7) PREPOSIÇÃO
É a palavra invariável que conecta termos de sintagmas, estabelecendo entre eles uma relação de
dependência. Divide-se em essenciais (exclusivamente preposições) ou acidentais (palavras de outras
classes, mas que funcionam como preposições).

ESSENCIAIS ACIDENTAIS
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, afora, como, conforme, consoante, durante, exceto,
entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás fora, salvo, segundo, senão, mediante, visto etc.

Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em:


COMBINAÇÃO: ocorre quando a preposição a junta-se ao artigo masculino singular (ao) ou plural (aos).
Nesse caso, não há perda fonética.
CONTRAÇÃO: ocorre quando, ao combinar-se com outra palavra, a preposição sofre alguma modificação
em sua constituição fonológica. Há, portanto, perda fonética (na/aquela> naquela).
LOCUÇÕES PREPOSITIVAS: são duas ou mais palavras que funcionam solidariamente com o sentido de
preposições. Em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição: abaixo de, acerca
de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de, junto de,
perto de, até a, a par de, devido a.
Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última
palavra de uma locução adverbial nunca é preposição.

8) CONJUNÇÃO
É a palavra que liga duas orações ou termos de mesma função na oração. Quando a conjunção exerce
seu papel de ligar as orações, estabelece entre elas uma relação de coordenação (“independência”) ou
subordinação (dependência).
As conjunções classificam-se em:

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS: aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois
termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração.
Apresentam cinco tipos:
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TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES

ADITIVAS adição e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda
ADVERSATIVAS contraste, oposição mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, todavia, antes (=
pelo contrário), não obstante, apesar disso
ALTERNATIVAS alternância ou exclusão ou, ou...ou, ora...ora, seja... seja, quando... quando, já... já
CONCLUSIVAS conclusão pois, logo, portanto, por isso, por conseguinte.
EXPLICATIVAS explicação porque, que

CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: aquelas que ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra.
Apresentam dez tipos:
TIPOS IDEIA CONJUNÇÕES

INTEGRANTES “introdutórias de que, se, como


orações subordinadas
substantivas”
CAUSAIS causa porque, como, uma vez que, já que, que, porquanto, visto
que, pois que
CONCESSIVAS concessão embora, ainda que, mesmo que, apesar de que,
conquanto, posto que, se bem que
CONDICIONAIS condição ou hipótese se, desde que, contanto que, caso, conquanto que, a não
ser que, a menos que, sem que, salvo se, dado que
CONFORMATIVAS conformidade conforme, segundo, como, consoante
COMPARATIVAS comparação como, mais...do que, menos...do que
CONSECUTIVAS consequência de forma que, de sorte que, que, de maneira que, de tal
modo que, sem que
FINAIS finalidade a fim de que, que, porque, para que
PROPORCIONAIS proporção à medida que, à proporção que, ao passo que
TEMPORAIS tempo quando, depois que, desde que, logo que, assim que,
antes que, até que, enquanto que, primeiro que, depois
que, sempre que

9) ADVÉRBIO
É a palavra invariável que se associa ao verbo, indicando as circunstâncias da ação verbal; aos adjetivos,
intensificando as qualidades por eles expressas; e a outros advérbios, intensificando o seu sentido.
Os advérbios podem expressar circunstâncias de:
LUGAR: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures.
TEMPO: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda.
MODO: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos advérbios com sufixo –mente.
DÚVIDA: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente.
INTENSIDADE: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão.
AFIRMAÇÃO: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente.
NEGAÇÃO: não, qual nada, tampouco, absolutamente.
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LOCUÇÕES ADVERBIAIS: são expressões constituídas de duas ou mais palavras que exercem função
adverbial. Resultam geralmente da combinação preposição + (artigo) + substantivo ou de preposição +
(artigo) + advérbio.

10) VERBO

É a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e voz, indicando ações, processos,
estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza.
FLEXÃO VERBAL
NÚMERO: singular ou plural.
PESSOA: 1ª, 2ª ou 3ª.
MODO: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de um
fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
TEMPO: pretérito (perfeito, imperfeito, mais- que prefeito), presente e futuro (futuro de presente e futuro do
pretérito).
VOZ: ativa, passiva e reflexiva.
FORMAS NOMINAIS DO VERBO
INFINITIVO: tem valor equivalente ao de um substantivo.
EX: Preservar a natureza ( a preservação da natureza).
GERÚNDIO: tem valor adverbial ou adjetivo.
Ex: O menino machucou jogando bola( no momento em que jogava bola).
PARTICÍPIO: tem valor equivalente ao de um adjetivo
Ex: Todo livro deve ser lido criticamente.
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VOZES VERBAIS
ATIVA: sujeito é agente da ação verbal.
Ex: O menino atravessou a rua.
PASSIVA: sujeito é paciente da ação verbal.
ANALÍTICA: verbo auxiliar + particípio do verbo principal.
Ex: O doce foi comido.
SINTÉTICA: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora).
Ex: Comeu-se o doce.
REFLEXIVA: sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente da ação verbal.
Ex: Depois das denúncias, o governador demitiu-se de suas funções.

Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser, na maioria
das vezes).
Ex: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele.

CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS


Os verbos são classificados de acordo com a maneira como se comportam com relação ao paradigma da
conjugação à qual pertencem. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas verbais.

REGULARES: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;


Ex: amar, comer, partir.

IRREGULARES: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades podem
aparecer no radical ou nas desinências.
Ex: ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão.
Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São
classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.

DEFECTIVOS: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo.


Ex: falir - no presente do indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural.

ABUNDANTES - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão.


Ex: aceito/aceitado, acendido/aceso.
tenho/hei aceitado X é/está aceito

VERBOS AUXILIARES: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos
compostos e locuções verbais.
Ex: Tenho estudado, haviam dito, precisamos vencer.

TEMPOS VERBAIS
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em
diversos tempos.

TEMPOS DO INDICATIVO
Presente - Expressa um fato atual.
Ex: Eu estudo neste colégio.
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Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual mas que não foi
completamente terminado.
Ex: Ele estudava as lições quando foi interrompido.

Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi
totalmente terminado.
Ex: Ele estudou as lições ontem à noite.

Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até
o momento atual.
Ex: Tenho estudado muito para os exames.

Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado.


Ex: Ele já tinha estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma composta)
Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples)

Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao
momento atual.
Ex: Ele estudará as lições amanhã.
Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual
mas já terminado antes de outro fato futuro.
Ex: Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste.

Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato
passado.
Ex: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.

Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um
determinado fato passado.
Ex: Se eu tivesse chegado a tempo, não teria perdido o avião.

TEMPOS DO SUBJUNTIVO

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual.


Ex: É conveniente que estudes para o exame.

Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado mais posterior a outro já ocorrido.


Ex: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
* O pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou
desejo.
Ex: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente terminado num momento passado.
Ex: Embora tenha estudado bastante, não passou no teste.
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Pretérito Mais-Que-Perfeito (composto) - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado.
Ex: Embora o teste já tivesse começado, alguns alunos puderam entrar na sala de exames.

Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao
atual.
Ex: Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
*O futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo.
Ex: Se ele vier à loja, levará as encomendas.

Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior ao momento atual mas já terminado
antes de outro fato futuro.
Ex: Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos.

FORMAÇÃO DOS TEMPOS SIMPLES

Primitivos: Presente do indicativo, Pretérito perfeito do indicativo, Infinitivo impessoal

Derivados do Presente do Indicativo: Presente do subjuntivo, Imperativo afirmativo, Imperativo negativo.

Derivados do Pretérito Perfeito do Indicativo:Pretérito mais-que-perfeito do indicativo, Pretérito imperfeito


do subjuntivo, Futuro do subjuntivo.

Derivados do Infinitivo Impessoal: Futuro do presente do indicativo, Futuro do pretérito do indicativo,


Imperfeito do indicativo, Gerúndio, Particípio.

TEMPOS PRIMITIVOS
PRESENTE DO INDICATIVO

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
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INFINITIVO IMPESSOAL

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR

TEMPOS DERIVADOS DO PRESENTE DO INDICATIVO


PRESENTE DO SUBJUNTIVO

Des. Desinência
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal
temporal pessoal
1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA PartA E A Ø
cantES vendAS partaAS E A S
cantE vendA PartaA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

IMPERATIVO
IMPERATIVO AFIRMATIVO OU POSITIVO

Presente do Imperativo Presente do


Indicativo Afirmativo Subjuntivo
Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

IMPERATIVO NEGATIVO

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
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TEMPOS DERIVADOS DO PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO

PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO

1ª 2ª 3ª Des. Desinência
conjugação conjugação conjugação temporal pessoal
1ª/2ª e 3ª
conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cataRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

PRETÉRITO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO

3ª Des. Desinência
1ª conjugação 2ª conjugação
conjugação temporal pessoal
1ª /2ª e
3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

FUTURO DO SUBJUNTIVO

1ª 2ª 3ª Des. Desinência
conjugação conjugação conjugação temporal pessoal
1ª /2ª e 3ª
conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM VendeREM PartiREM R EM
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TEMPOS DERIVADOS DO INFINITIVO IMPESSOAL


FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

FUTURO DO PRETÉRITO DO INDICATIVO

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantaríamos venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

INFINITIVO PESSOAL

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirES
cantarEM venderEM partirEM

TEMPOS COMPOSTOS
São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e o verbo principal no
particípio.

Pretérito Perfeito Composto do Indicativo


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indicativo e o principal no
particípio, indicando fato que tem ocorrido com frequência ultimamente.
Ex: Eu tenho estudado demais ultimamente.
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Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no
particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido.
Ex: Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação.

Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o
principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo simples.
Ex: Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali.

Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o
principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples.
Ex: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.

Futuro do Presente Composto do Indicativo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Presente simples do Indicativo
e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo.
Ex: Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido.

Futuro do Pretérito Composto do Indicativo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pretérito simples do Indicativo
e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo.
Ex: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.

Futuro Composto do Subjuntivo:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal
no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples.
Ex: Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km.

Infinitivo Pessoal Composto:


É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o principal no
particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala.
Ex: Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro.

LOCUÇÕES VERBAIS

Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as locuções
verbais, constituídas de verbos auxiliares mais gerúndio ou infinitivo. São conjuntos de verbos que, numa
frase, desempenham papel equivalente ao de um verbo único. Nessas locuções, o último verbo, chamado
principal, surge sempre numa de suas formas nominais; as flexões de tempo, modo, número e pessoa
ocorrem nos verbos auxiliares.
Ex: Estou lendo o jornal.
Marta veio correndo: o noivo acabara de chegar.
Ninguém poderá sair antes do término da sessão.

A língua portuguesa apresenta uma grande variedade dessas locuções, conseguindo exprimir por meio
delas os mais variados matizes de significado. Ser (estar, em algumas construções) é usado nas locuções
verbais que exprimem a voz passiva analítica do verbo. Poder e dever são auxiliares que exprimem a
potencialidade ou a necessidade de que determinado processo se realize ou não.
Ex: Pode ocorrer algo inesperado durante a festa.
Deve ocorrer algo inesperado durante a festa.
Outro auxiliar importante é querer, que exprime vontade, desejo.
Ex: Quero ver você hoje.
46

Também são largamente usados como auxiliares: começar a, deixar de, voltar a, continuar a, pôr-se
a, ir, vir e estar, todos ligados à noção de aspecto verbal.

ASPECTO VERBAL

No que se refere ao estudo de valor e emprego dos tempos verbais, é possível perceber diferenças entre
o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. A diferença entre esses tempos é uma diferença de
aspecto, pois está ligada à duração do processo verbal. Observe:
Quando o vi, cumprimentei-o.
O aspecto é perfeito, pois o processo está concluído.

Quando o via cumprimentava-o.


O aspecto é imperfeito, pois o processo não tem limites claros, prolongando-se por período impreciso
de tempo.

O presente do indicativo e o presente do subjuntivo apresentam aspecto imperfeito, pois não impõem
precisos ao processo verbal.
Ex: Faço isso sempre.
É provável que ele faça isso sempre.

Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito em suas várias
formas do indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos.
Ex: Quando atingimos o topo da montanha, encontramos a bandeira que ele fincara ( ou havia fincado)
dois dias antes.
Se tivéssemos chegado antes, teríamos conseguido fazer o exame.

Outra informação aspectual que a oposição entre o perfeito e imperfeito pode fornecer diz respeito à
localização do processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos
localizados nos ponto. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados num
ponto preciso do tempo:
Ex: No momento em que o vi, acenei-lhe.
Tinha-o cumprimentado logo que o vira.

Já os tempos imperfeitos podem indicar processos frequentes e repetidos:


Ex: Sempre que saía, trancava todas as portas.

O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do processo verbal.
Ex: Tenho encontrado problemas em meu trabalho.
Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do indicativo, indica um processo repetido ou
frequente, que se prolonga até o presente.
Ex: Estou almoçando.
A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um processo que se
prolonga. É largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no presente, mas também em outros
tempos (estava almoçando, estive almoçando, estarei almoçando, etc.).
Obs.: em Portugal, costuma-se utilizar o infinitivo precedido da preposição a em lugar do gerúndio. Ex:
Estou a almoçar.

As formas compostas: estará resolvido e estaria resolvido, conhecidas como futuro do presente e
futuro do pretérito compostos do indicativo, exprimem processo concluído - é a ideia do aspecto perfeito - ao
qual se acrescenta a noção de que os efeitos produzidos permanecem, uma vez realizada a ação.
Ex: Tudo estará resolvido quando ele chegar. Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.
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Nas duas locuções destacadas abaixo, mais duas noções ligadas ao aspecto verbal: a indicação do
término e do início do processo verbal.
Ex: Os animais noturnos terminaram de se recolher mal começou a raiar o dia.

As locuções formadas com os auxiliares vir e ir exprimem processos que se prolongam.


Ex: Eles vinham chegando à proporção que nós íamos saindo.

As locuções destacadas abaixo exprimem o início de um processo interrompido e a interrupção de outro,


respectivamente.
Ex: Ele voltou a trabalhar depois de deixar de sonhar projetos irrealizáveis.
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LEITURA

Indicação:
Livro: Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós
Autor: Carlos Alberto Faraco
Editora: Parábola
Ano: 2008

Língua escrita e oral: Não se fala como se escreve


"Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala."

Alfredina Nery,
Especial para a Página 3
Pedagogia e Comunicação
12/09/200719h03
Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu
si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas
palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate
nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u
purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê.
O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o
português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de
outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou.
Na língua escrita há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece
porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a comunicação ocorra -
pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos, etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais
complicada, o que torna necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação.
A escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por essa razão, a fala e a
escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me
ensinô". O português na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me ensinou". Essas
diferenças geram muitos conflitos.
A leitura de um trecho do poema de Antonino Sales, "Malinculia", mostra as interferências da fala na
escrita e como elas não anulam a expressividade poética de suas imagens.
Malinculia, Patrão, É um suspiro maguado Qui nace no coração! É o grito safucado Duma sodade
iscundida Qui nos fala do passado Sem se torná cunhicida! É aquilo qui se sente Sem se pudê ispricá! Qui
fala dentro da gente Mas qui não diz onde istá! (...) (BAGNO, Marcos. "A Língua de Eulália: Uma Novela
Sociolinguística)
A língua muda, ainda, conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico. São as
chamadas variações linguísticas. A gíria e o jargão são algumas dessas variações.

Texto disponível em <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/lingua-escrita-e-oral-nao-se-fala-como-se-


escreve.htm> Acesso em 20 de março de 2014, às 17h.
49

FIXAÇÃO

1. (UNICAMP Adaptada)
MASSA!
“Pô Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na Sampa, quem sabe tu
te anima e acha aí um point prá botá um nome de Magdalena Tagliaferro, Cláudio Santoro, Jacques Klein,
Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, João de Souza Lima, Armando Belardie Radamés Gnattali. Esses
caras não foi cruner de banda a La ‘Trogloditas do Sucesso’, mas se a tua moçada não manjar quem eles
foi dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves Internacional e tu vai sacá que o astral do século
20 musical deve muito a eles.”
Júlio Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro / (São Paulo, SP)
(“Painel do Leitor”, Folha de S. Paulo, 4.10.90)

a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo? Transcreva as marcas linguísticas características
desse grupo, presentes no texto.

b) Em que campo da cultura deram contribuição importante os nomes mencionados na carta e que
passagem(ns) do texto permite(m) afirmar isso?

2. (FUVEST Adaptada)
A tua saudade corta
como aço de navaia…
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia…
E os óio se enche d’água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai…
(Fragmento de “Cuitelinho”, canção folclórica)

Se a forma do verbo atrapalhar estivesse flexionada de acordo com a norma-padrão, haveria prejuízo para
o efeito de sonoridade explorado no final do último verso? Por quê?

3. (ENEM) Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa,
saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de
Língua Portuguesa convida-o a ler o texto “Aí, galera”, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca
com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
[...]
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação.
Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que
não?
— Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos
seus lares.
— Como é?
— Aí, galera.
— Quais são as instruções do técnico?
— Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na
zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um
contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
— Ahn?
— É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
— Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
50

— Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma
pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
— Pode.
— Uma saudação para a minha progenitora.
— Como é?
— Alô, mamãe!
— Estou vendo que você é um, um…
— Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um
ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
— Estereoquê?
— Um chato?
— Isso.
(Luís Fernando Veríssimo. Correio Braziliense, 13 de maio, 1998.)

A expressão “pegá eles sem calça”poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua
culta, formal,por:
a) pegá-los na mentira.
b) pegá-los desprevenidos.
c) pegá-los em flagrante.
d) pegá-los rapidamente.
e) pegá-los momentaneamente.

4. (Unicamp) O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe e filho conversam sobre o presente
que ele pretendia lhe dar no Dia das Mães.
[...]
— Posso escolher meu presente do Dia das Mães, meu fofinho?
— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato.
— Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua
mãe. É fazer pouco-caso de mim.
— lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
— Deixe eu escolher, deixe...
— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal!
— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado?
— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era!
[...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.

Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para criar as situações humorísticas apresentadas
nesse diálogo? Justifique sua resposta.

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5. (UFMA)

Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir que


(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o depoente não vê o deputado como autoridade.
(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem brusca da linguagem formal para a informal.
(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a classe social a que pertencem as personagens.
(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para compor as imagens do deputado e do depoente.
(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal de respeito para com o parlamentar ilustre.

6. Observe a imagem abaixo e responda as perguntas a seguir:

a) Qual tipo de linguagem o personagem da imagem acima usou para se expressar?


b) Observando bem a imagem, diga pelo menos dois fatores que contribuem para que o personagem fale
dessa forma?
c) Esse jeito como o personagem falou dar para o ouvinte/leitor compreender?
d) Essa linguagem usada por ele é considerada “correta” ou “errada”? Por quê?

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7. Leia o texto abaixo e responda as questões sugeridas:


Nos últimos meses, as prefeituras municipais de todo o Brasil, em especial as da Região Nordeste e Norte
têm sofrido com a queda de suas receitas devido o Governo Federal ter reduzido a zero um imposto que
beneficiou as montadoras de carro, mas que provocou o chamado “efeito dominó”, afetando os cofres de
milhares de municípios pobres ou de renda per capita muito baixa.
(Jornal Folha de São Paulo, 20/03/2012)
a) Que tipo de texto é esse acima?
b) Que linguagem foi usada para escrever esse texto?
c) Por que foi usado esse tipo de linguagem e não outra?

8. Leia a música a seguir e faça o que se pede:

Tenho visto tanto coisa nesse mundo de meu Deus


Coisas que prum cearense não existe explicação
Qualquer pinguinho de chuva fazer uma inundação
Moça se vestir de cobra e dizer que é distração
Vocês cá da capitá me adiscurpe essa expressão
No Ceará não tem disso não...
Tem disso não, tem disso não...
(Luiz Gonzaga)
a) Que linguagem foi usada para escrever essa música?
b) Essa linguagem atrapalhou no entendimento da música?
c) Se essa música fosse escrita/cantada seguindo a risca a norma culta da língua, continuaria com a
mesma beleza melódica?
d) Retire desta música palavras e expressões da linguagem coloquial?

9. Que tipo de linguagem (culta ou coloquial) podemos ou devemos usar nas seguintes situações:
a) Falando em público sobre política.________________________________
b) Numa pequena mensagem de celular para um amigo próximo. __________________________
c) Numa pequena mensagem de celular para o seu professor de português.___________________
d) Numa carta de reclamação para a presidente Dilma. ________________________________
e) Numa conversa na praça entre amigos._________________________________
f) Um debate numa conferencia nacional sobre meio ambiente.__________________________
g) Um bilhete para irmã explicando que você foi à padaria comprar pão._____________________
h) Um bilhete para a diretora da sua escola explicando o porquê da sua falta _______________________
i) Uma redação solicitada pelo professor de português.______________________________

10. Leia o texto retirado do Facebook de um adolescente e responda as perguntas:

E aí, moral! Tu vai p ksa do Paulin estudar hj?


Se for, chama o kbça tbm q ele disse q qria ir.
Vlw, muleq! Jo@o

a) A linguagem deste texto é considerada culta ou coloquial?


b) Por que o autor desta mensagem escreveu para o colega usando essa escrita?
c) Essa escrita atrapalhou o seu entendimento do texto?
d) Reescreva essa mesma mensagem usando a norma culta da língua.
e) Retire desta mensagem duas expressões que são consideradas gírias.

11. Leia o texto abaixo e assinale a única alternativa correta:

“Iscute o que to dizeno,


Seu dotor, seu coroné:
De fome tão padeceno
53

Meus fio e minha muiér.


Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefas pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dexe deserdado
Daquilo que Deus me deu”

(Patativa do Assaré)

Esse falante, pelos elementos explícitos e implícitos no poema, é identificável como:


a) Escolarizado proveniente de uma metrópole.
b) Sertanejo de uma área rural.
c) Idoso que habita uma comunidade urbana.
d) Escolarizado que habita uma comunidade no interior do país.
e) Estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.

12. Leia a música abaixo e marque a única alternativa correta:

Esmola
Uma esmola pelo amor de Deus
Uma esmola, meu, por caridade
Uma esmola pro ceguinho, pro menino
Em toda esquina tem gente só pedindo.
Uma escola pro desempregado
Uma esmola pro preto, pobre, doente
Uma esmola pro que resta do Brasil
Pro mendigo, pro indigente (...)
(Samuel Rosa/Chico Amaral)

A música registra um pedido de esmola, em que o eu - lírico utiliza uma linguagem:


a) Pouco compreensiva, já que contém vários erros de gramática.
b) Coloquial, crítica, compreensiva, comunicável.
c) Imprópria para os poemas da literatura brasileira.
d) Crítica, porém não coloquial.
e) Descuidada e cheia de repetições.

13.Analise as proposições com relação à música “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e responda corretamente:

“Quando oiei a terr’ ardeno


Na fogueira d’san João
Eu preguntei a Deus do céu ai
Pro que tamanha judiação (...)”

( ) Este trecho, em uma análise linguística, está correto, pois, apesar dos desvios da norma culta, o
trecho não apresenta dificuldades para a compreensão.
( ) Por se tratar de expressões regionais este trecho não pode ser considerado como erro gramatical.
( ) A música regional tem grande aceitação, principalmente, na região do compositor, mas, podemos
dizer que as falhas linguísticas prejudicam a aceitação da música Asa Branca.

A sequência correta é:

a) VFF b) VVV c) FFF d) FVF e) VVF


54

PINTOU NO ENEM

1. eu gostava muito de passeá... saí com as minhas colegas... brincá na porta di casa di vôlei...
andá de patins... bicicleta... quando eu levava um tombo ou outro... eu era a::... a palhaça da turma...
((risos))... eu acho que foi uma das fases mais... assim... gostosas da
minha vida foi... essa fase de quinze... dos meus treze aos dezessete anos...
A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental.
Projeto Fala Goiana, UFG, 2010 (inédito).

Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada
da língua é
(A) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
(B) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português.
(C) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical.
(D) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
(E) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante.

2.
O senhor
Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu
ao autor chamando-o “o senhor”:

Senhora:

Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele
não é, de nada, nem de ninguém.

Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua
condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você
escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas
rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando
é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e
triste.

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era
a vez primeira.
BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas
de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve
essa violação é:
(A) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.”
(B ) “A única nobreza do plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
(C) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
(D) “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
(E) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”

3.

TEXTO I
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes
de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os
pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois
levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava
55

mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e
cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem
que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício,
jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as
barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se
pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).
TEXTO II

FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado).

Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se,pelo emprego de palavras obsoletas, que


itens lexicais outrora produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse fenômeno revela que
(A) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos e coisas do cotidiano.
(B) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente do português europeu.
(C) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal.
(D) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser reconhecido como língua independente.
(E) o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada.

4.
Cabeludinho
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar
no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de
ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó
entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição
deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas
palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um
menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe
um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que
trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar.
Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi
um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao
verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre os
sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu
não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor destaca
(A) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto.
(B) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa.
(C) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas.
(D) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias.
(E) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem.

5.
56

Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por
alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as
regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo
sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu,
acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo “varrer”. De fato,
trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo,
paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário,
aquela que tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?) para
corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou
com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles
rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo.
Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas
Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que
nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada
sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.
ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).

De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um
xerox da página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
(A) a supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
(B) a necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
(C) a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
(D) a importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um povo.
(E) a necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais privados.

6.
O léxico e a cultura
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer
conteúdo. A pesquisa linguística do século XX demonstrou que não há diferença qualitativa entre
os idiomas do mundo — ou seja, não há idiomas gramaticalmente mais primitivos ou mais
desenvolvidos. Entretanto, para que possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa
realizar-se na prática histórica do idioma, o que nem sempre acontece. Teoricamente, uma língua com
pouca tradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou uma língua já extinta (como o latim ou o
grego clássicos) podem ser empregadas para falar sobre qualquer assunto, como, digamos, física
quântica ou biologia molecular. Na prática, contudo, não é possível, de uma hora para outra, expressar tais
conteúdos em camaiurá ou latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses
conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse vocabulário específico, seja por meio de
empréstimos de outras línguas, seja por meio da criação de novos termos na língua em questão, mas tal
tarefa não se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do professor. Curitiba: Positivo, 2004
(fragmento).
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua própria complexidade e dinâmica
de funcionamento. O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
(A) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o léxico contempla visão de mundo
particular específica de uma cultura.
(B) a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante nativo se comunicar perfeitamente a
respeito de qualquer conteúdo.
(C) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática de línguas indígenas, se comparados
com outras línguas de origem europeia.
(D) a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, especificidades relacionadas à
própria cultura dos falantes de uma comunidade.
(E) a atribuição de maior importância sociocultural às línguas contemporâneas, pois permitem que
sejam abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades.
57

7. A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde


a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera
em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos
e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando
por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do
século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos
clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância,
lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há
mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o
bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de
outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In:
Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br.
Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
(A) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
(B ) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
(C) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
(D) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
(E) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

8.
“Iscute o que tô dizendo,
Seu dotô, seu coroné:
De fome tão padecendo
Meus fio e minha muié.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefa pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dêxe deserdado”
PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade
Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como
falante de uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como
um falante
(A) escolarizado proveniente de uma metrópole.
(B) sertanejo morador de uma área rural.
(C) idoso que habita uma comunidade urbana.
(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país.
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país.

9.
Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio
chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados
tinham assombrações, os meninos, lombrigas [...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar,
p. 1.184.
58

O texto acima está escrito em linguagem de uma época passada. Observe uma outra versão, em
linguagem atual.

Antigamente
Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando mal, mandava o próprio chamar
o doutor e, depois, ir à farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas
fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a sífilis. Antigamente, os sobrados
tinham assombrações, os meninos, vermes [...]

Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na segunda versão, houve mudanças relativas a
(A) vocabulário.
(B) construções sintáticas.
(C) pontuação.
(D) fonética.
(E) regência verbal.

10.
Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade
que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente,
ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se
transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este
esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à
natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada
menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se
constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil
estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da
saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e
propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010.
O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao
então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzeira mostram que
seu texto foi elaborado em linguagem
(A) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada.
(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol.
(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum.
(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.
(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.

11.
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
ANDRADE, Oswald de. Obras completas. 5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80.

Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz referência às variantes linguísticas de natureza


(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma, marcar uma nova época literária.
(B) regional, pois há regiões em que essa variedade linguística descrita no poema é aceita como
padrão oficial.
59

(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo processo de neologismo, típico em
autores modernistas.
(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as variantes de uma mesma língua.
(E) temporal, pois marca a variação linguística de diferentes épocas.

12.

Veja, 7/5/1997.
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão das atividades
linguísticas e sua relação com as modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa evidente
uma posição crítica quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando ser necessário
(A) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança no uso
da língua.
(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na comunicação
oral e escrita.
(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para escrever com
adequação, eficiência e correção.
(D) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma-padrão da língua em se
tratando da modalidade escrita.
(E) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade-padrão da língua para
se expressar com alguma segurança e sucesso.

13.
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na
agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).

Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a
maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido
(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade.
(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco.
(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais).
(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo.
(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.
60

14. As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens.
Esse tema aparece no seguinte poema:
“[...]
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem
[ as vogais?
Que tem se o quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Junto formamos este assombro de misérias e
[ grandezas,
Brasil, nome de vegetal! [...]”
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6.ª ed.São Paulo: Martins Editora, 1980.

O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito


(A) étnico e religioso.
(B) linguístico e econômico.
(C) racial e folclórico.
(D) histórico e geográfico.
(E) literário e popular.

15.
Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela chácara com Irene.
— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante
dos canteiros de rosas e hortênsias.
— Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. —
Já é um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo todo. Meu nome é Irene.
Todas sorriem. Irene prossegue:
— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida
das flores. Eu sou um fracasso na jardinagem.
BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2003 (adaptado).

Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou “senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de


respeito que deve haver entre os interlocutores. No diálogo apresentado acima, observa-se o
emprego dessas formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora” ao se referir à Irene. Na
situação apresentada no texto, o emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre porque Sílvia
(A) pensa que Irene é a jardineira da casa.
(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.
(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem em área rural.
(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua família conhecer Irene.
(E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a qual não tem intimidade.
.
16.
A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem
várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca
das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que se use a
língua nas mais diversas situações comunicativas. Considerando as informações acima, imagine que
você está à procura de um emprego e encontrou duas empresas que precisam de novos
funcionários. Uma delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao redigi-la, você
(A) fará uso da linguagem metafórica.
(B) apresentará elementos não verbais.
(C) utilizará o registro informal.
(D) evidenciará a norma-padrão.
(E) fará uso de gírias.
61

17.
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do
nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes
que dominam a variedade-padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na língua em
seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal linguístico” que
estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por haver em
construções existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de sujeito (para
mim fazer o trabalho), a não concordância das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da
existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma
vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.

CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e
uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).

Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que


(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada
empregam, indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um texto
escrito.
(B) falantes que dominam a variedade-padrão do português do Brasil demonstram usos que
confirmam diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por
falantes mais escolarizados.
(C) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressar na
escrita revelam a constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos especiais
de concordância.
(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de
apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma-padrão.
(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas do verbo
ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras gramaticais.
.

18.
MANDIOCA — mais um presente da Amazônia
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As
designações da Manihot utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser
levada em conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por motivos óbvios. Rica em fécula, a
mandioca — uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro,
especialmente pelos colonizadores portugueses — é a base de sustento de muitos brasileiros e o único
alimento disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em
particular em algumas regiões da África.
O melhor do Globo Rural, fev. 2005 (fragmento).

De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome
científico da mandioca. Esse fenômeno revela que
(A) existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta.
(B) mandioca é nome específico para a espécie existente na região amazônica.
(C) “pão-de-pobre” é designação específica para a planta da região amazônica.
(D) os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região.
(E) a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta.

19.
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-
se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem,
contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português
europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as normas do português de Portugal às
62

normas do português brasileiro, mas também as chamadas normas cultas locais às populares ou
vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidaram em diferentes
momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na
bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil,
ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e
uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).

O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao
qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as
normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a
(A) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta.
(B) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
(C) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de
Portugal.
(D) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
(E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos.

20.
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque
geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas
pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas
de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus
nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e
todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um
sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês
doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al
ou el — carnavau ,Raqueu... Já os paraibanos trocam o I pelo r. José Américo só me chamava,
afetuosamente, de Raquer.
QUEIROZ, Raquel de. O Estado de S. Paulo,9/5/1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de
pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se
(A) na fonologia.
(B) no uso do léxico.
(C) no grau de formalidade.
(D) na organização sintática.
(E) na estruturação morfológica.
63

GABARITO - Unidade 2

FIXAÇÃO PINTOU NO ENEM

1 Ver página 27 11 B 1 A 11 D

2 Sim (ai, ai) 12 B 2 A 12 D

3 B 13 E 3 E 13 A

4 Variação geracional 14 - 4 E 14 B

5 B 15 - 5 B 15 E

6 Falante rural (ver página 27) 16 - 6 D 16 D

7 Variedade culta prestigiada 17 - 7 E 17 B

8 Coloquial 18 - 8 B 18 A

9 Ver página 27 19 - 9 A 19 C

10 Informal (internetês) 20 - 10 D 20 A
64

UNIDADE 3 – Análise textual

Elementos textuais e contextuais

Em um texto, encontramos elementos que nele se compõem, tanto na instância formal quanto na discursiva.
Os elos que os separam e também os unem mostram que uma análise textual requer, minimamente, uma
análise discursiva.
Para que haja, então, compreensão plena dessas formações precisamos entender que o texto é uma junção
de conceitos como língua, gênero, discurso, enunciado, co(n)texto etc. atuando simbioticamente.
De acordo com os estudiosos, “o texto é um evento comunicativo no qual convergem ações linguísticas,
cognitivas e sociais e “um texto não existe, como texto, a menos que alguém o processe como tal”
(BEAUGRANDE, 1997, p. 10)
Cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos estáveis de enunciados. O enunciado reflete as
condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e
por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua - recursos lexicais, fraseológicos
e gramaticais - mas também, e sobretudo, por sua construção composicional (Bakhtin, 1979: 279 -280):

O sentido do texto só é construído a partir da interação texto-leitor. Assim sendo, objetivo da análise do texto
é construir o sentido e assegurá-lo, a partir dos elementos contextuais e textuais.

Nesse processo, cada parte do texto deve ser analisada, buscando-se os elementos chaves e a relação
entre as partes constituintes. A decomposição dos elementos essenciais e a sua classificação nos leva ao
conjunto de ideias que o texto apresenta.

Podem ser feitas três tipos de análise textual: a análise textual, propriamente dita, análise temática e análise
interpretativa.

a) ANÁLISE TEXTUAL

É a primeira forma de aproximação do leitor com o texto, por meio do qual o pensamento do autor será
conhecido e prepara o leitor para a análise temática (etapa subsequente).

Nessa etapa, estão envolvidas a pré-leitura (observação do texto, imagens, títulos, fonte, data de
publicação, tipo e gênero textual), ou seja, as expectativas que se tem do texto; e a leitura, que envolve a
decodificação e a construção do sentido.
65

b) ANÁLISE TEMÁTICA

É a busca por uma compreensão profunda do texto. Nessa etapa o leitor deve descobrir a ideia central do
texto. Para descobri-la, deve-se perguntar: do que trata o texto? O que mantém sua unidade global?

Para isso, há alguns procedimentos a serem seguidos:

- Procure captar qual é o problema que motivou o autor a escrever ao texto;

- Descubra como o autor aborda o tema e expõe sua problemática, como fundamenta sua argumentação e
em que baseia sua conclusão;

- Perceba o processo de raciocínio do autor = perceber a coluna vertebral do texto;

- Verifique se houve compreensão do que o autor considera como essencial;

- Identifique ideias secundárias ou complementares. Elas integram a argumentação;

- Avalie a capacidade de estabelecer com segurança o esquema definitivo do pensamento do autor.

c) ANÁLISE INTERPRETATIVA

É a etapa em que o leitor interpretará o texto, fazendo inferências e construindo novos significados a partir
do que foi lido.

O que é interpretar?
"(...) é tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto,
é ler na entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar a fecundidade das ideias expostas,é cotejá-las
com outros, é dialogar com o autor (...) (SEVERINO, 2007, p.94).

Segue algumas orientações para a interpretação de um texto:


- Relacione as ideias expostas pelo autor com o contexto da cultura científica e filosófica, recorrendo a
outras fontes;
- Descubra como o texto em questão está relacionado com o restante da obra do autor (a que corrente
filosófica o autor está associado, se sua contribuição é original);
- Procure ler o que se encontra nas entrelinhas = descobrir e inferir o que está implícito no texto e que serviu
de base para o autor fundamentar seu raciocínio;
- Adote uma posição pessoal fundamentada em relação ao texto estudado, procurando apoiar-se em
argumentos válidos, lógicos e convincentes (atitude científica de julgamento);
- Elabore um resumo crítico do estudo.

Para realizar uma análise “completa” de um texto, a leitura deve incluir “várias leituras” : leitura para
organizar o texto em nossa mente; para que marquemos os trechos mais importantes e as ideias principais
do texto; para identificar uma ideia específica ou uma resposta; enfim, quando mais contato tivermos com o
texto, melhor será a nossa análise.
Nessa análise, inicialmente o leitor deve ler o texto do começo ao fim, com o objetivo de uma primeira
apresentação do pensamento do autor. Não há necessidade de a leitura ser profunda. Trata-se apenas dos
primeiros contatos iniciais, quando se sugere que já sejam feitas anotações dos vocábulos desconhecidos,
66

pontos não entendidos em um primeiro momento, e todas as dúvidas que impeçam a compreensão das
pistas sobre o pensamento do autor.
Após a leitura inicial, o leitor deve esclarecer as dúvidas assinaladas que, dirimidas, permitem que o leitor
passe a uma nova leitura, visando a compreensão do todo. Nesta segunda leitura, com todas as dúvidas
resolvidas, o leitor prepara um esquema provisório do que foi estudado, que facilitará a interpretação das
ideias e/ou fenômenos, na tentativa de descobrir conclusões a que o autor chegou.
É necessário o leitor relembrar que análise significa estudar um todo, dividindo em partes, interpretando
cada uma delas, para a compreensão do todo. Quando se faz análise de texto, procuramos a ideia do autor
que originou o texto. Para que o estudo do texto seja completo, temos que decompô-lo em partes e, ao
fazê-lo, estamos efetuando sua análise.
67

INTERTEXTUALIDADE

A intertextualidade é a relação que se estabelece entre dois textos, quando um deles faz referência a
elementos existentes no outro. Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à
forma e conteúdo.

Vou doar meu coração


Leilão
João Bosco e Vinícius
César Menotti e Fabiano

Amigo por favor me dê uma ajuda


Eu não sei o que eu faço
Estou fora de mim
Perdi aquilo tudo que eu tinha
Estou à beira da loucura
Quando ela me deixou
Ninguém mais me segura
Eu fiquei assim
Tô fora da sua vida
Eu já fui !!!
Amigo como é que eu te ajudo
Pra te falar a verdade
Quero a minha liberdade
Também tô sofrendo
Posso até sentir saudades
Não dei o valor que ela queria
Sei que custa dominar o coração
Não cuidei do nosso amor
Acabei perdendo
Mas meu amor não dá mais
Pra você tanto faz
O meu coração não serve pra nada
Eu me entrego
Ele só anda nas madrugadas solitário
Eu já fui !!!
Eu avisei, eu te falei pra não se apaixonar
Coração otário
Eu quero a felicidade
Saber na verdade
Eu vou doar o meu coração
Quem gosta de mim
Porque no leilão não tive nenhum lance
Dentro de mim ele sofre de paixão
Eu vou fazer um leilão
Só vai melhorar se ela me der outra chance.
Quem dá mais pelo meu coração
Me ajude voltar a viver
Eu prefiro que seja você

Eu vou fazer um leilão


Quem da mais pelo meu coração
Me ajude voltar a viver
Estou aqui tão perto
Para reconhecer a intertextualidade é exigido que ao leitor que relacione, em diferentes textos,
Me arremate para você.
opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
68

Outros exemplos:

Texto I
Cinquenta camundongos, alguns dos quais clones de clones, derrubaram os obstáculos técnicos à
clonagem. Eles foram produzidos por dois cientistas da Universidade do Havaí num estudo considerado
revolucionário pela revista britânica "Nature", uma das mais importantes do mundo. (...)
A notícia de que cientistas da Universidade do Havaí desenvolveram uma técnica eficiente de clonagem fez
muitos pesquisadores temerem o uso do método para clonar seres humanos.

O Globo. Caderno Ciências e Vida. 23 jul. 1998, p. 36.


Texto II
Cientistas dos EUA anunciaram a clonagem de 50 ratos a partir de células de animais adultos, inclusive de
alguns já clonados. Seriam os primeiros clones de clones, segundo estudos publicados na edição de hoje
da revista "Nature".

A técnica empregada na pesquisa teria um aproveitamento de embriões — da fertilização ao nascimento —


três vezes maior que a técnica utilizada por pesquisadores britânicos para gerar a ovelha Dolly.

Folha de S.Paulo. 1º caderno - Mundo. 03 jul. 1998, p. 16.

Qual é o tema do texto I?

Qual é o tema do texto II?

Os dois textos tratam do mesmo tema. Qual aspecto desse tema é tratado apenas no texto I?
(A) A divulgação da clonagem de 50 ratos.
(B) A referência à eficácia da nova técnica de clonagem.
(C) O temor de que seres humanos sejam clonados.
(D) A informação acerca dos pesquisadores envolvidos no experimento.

Texto I
A criação segundo os índios Macuxis

No início era assim: água e céu.


69

Um dia, um Menino caiu na água. O sol quente soltou a pele do Menino. A pele escorregou e formou a
terra. Então, a água dividiu o lugar com a terra.
E o Menino recebeu uma nova pele cor de fogo.
No dia seguinte, o Menino subiu numa árvore. Provou de todos os frutos. E jogou todas as sementes ao
vento. Muitas sementes caíram no chão. E viraram bichos. Muitas sementes caíram na água. E viraram
peixes. Muitas sementes continuaram boiando no vento. E viraram pássaros.
No outro dia, o Menino foi nadar. Mergulhou fundo. E encontrou um peixe ferido. O peixe explodiu. E da
explosão surgiu uma Menina.
O Menino deu a mão para a Menina. E foram andando. E o Menino e a Menina foram conhecer os quatro
cantos da Terra.
Texto II
A criação segundo os negros Nagôs

Olorum. Só existia Olorum. No início, só existia Olorum.


Tudo o mais surgiu depois.
Olorum é o Senhor de todos os seres.
Certa vez, conversando com Oxalá, Olorum pediu:
- Vá preparar o mundo!
E ele foi. Mas Oxalá vivia sozinho e resolveu casar com Odudua. Deste casamento, nasceram Aganju, a
Terra Firme, e Iemanjá, Dona das Águas. De Iemanjá, muito tempo depois, nasceram os Orixás.
Os Orixás são os protetores do mundo.

BORGES, G. et al. Criação. Belo Horizonte: Terra, 1999.

Qual é o tema do texto I?

Qual é o tema do texto II?

Como é desenvolvido o tema do texto I?

Como é desenvolvido o tema do texto II?

Comparando-se essas duas versões da criação do mundo, constata-se que


(A) a diferença entre elas consiste na relação entre o criador e a criação.
(B) a origem do princípio religioso da criação do mundo é a mesma nas duas versões.
(C) as divindades, em cada uma delas, têm diferentes graus de importância.
(D) as diferenças são apenas de nomes em decorrência da diversidade das línguas originárias.
70

LEITURA

Indicação:
Livro: Produção textual, análise de gêneros e compreensão
Autor: Luiz Antonio Marcuschi
Editora: Parábola
Ano: 2008

LEITOR PROFICIENTE

Um trabalho diversificado e criativo com a leitura tem sido cada vez mais necessário na escola atual,
tendo em vista as crescentes transformações e exigências da nossa sociedade e do mercado de trabalho,
quanto à capacidade de ler e interpretar textos.
Qual é o papel da escola na formação de um cidadão crítico, participativo, de um cidadão-leitor? A
escola e as aulas de Língua Portuguesa têm se preocupado com a formação de leitores?
Atualmente, percebe-se que os alunos ao chegarem ao ensino médio apresentam imensas
dificuldades de leitura / interpretação de textos e que as aulas de Língua Portuguesa até então, não estão
privilegiando a leitura e sim a gramática normativa. E essa abordagem tradicional da linguagem é uma das
causas para as dificuldades dos alunos na área da leitura.
Segundo Antunes (2003), o trabalho com a leitura ainda está centrado em habilidades mecânicas de
decodificação da escrita, muitas vezes sem reflexão, sem diálogo com o texto. Quando a leitura é utilizada,
serve de pretexto para atividades metalinguísticas ou finalidades meramente avaliativas.
Para Kleiman (2004) existem duas concepções de texto e de leitura que se perpetuam ainda hoje nas
escolas. Ou o texto é visto como repositório de mensagens e informações ou é visto como um conjunto de
elementos gramaticais.
A leitura deve ser trabalhada de acordo com o gênero textual a ser utilizado; tendo objetivos
diferentes para cada tipo de texto. São diversas as maneiras de ler como diversos são os textos e os
objetivos de leitura. Para Geraldi (2004: 91), “leitura é um processo de interlocução entre leitor / autor
mediado pelo texto. (...) O leitor não é passivo, mas agente que busca significações”.
Quanto ao texto literário, este tem uma linguagem específica, a conotativa, que em entrevista com os
jovens de uma escola pública estadual foi constatada a dificuldade de interpretar essa linguagem. Tal fato
reflete a falta de conhecimento da natureza do texto literário e evidencia a abordagem tradicional e
autoritária que tem sido dada à Literatura e à leitura, pois os próprios jovens afirmaram que gostam de ler e
reconhecem a importância da leitura.
Segundo Zilberman & Silva (1990), a Literatura perdeu o caráter educativo que possuía na
Antiguidade e vive uma crise no seu ensino, no que diz respeito a finalidades e objetivos.
Disponível em: <http://tccfacil.blogspot.com.br/2009/07/leitor-proficiente.html>. Acesso em 23 de março de 2014, às 15h.
71

Da Arte de Interpretar Textos

A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo


assim, temos vários tipos de gêneros textuais, formas de
escrita; mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é
a interpretação de textos. Muitos dizem que não sabem
interpretar, ou que é muito difícil. Concordo. Se você tem
pouca leitura, consequentemente terá pouca argumentação,
pouca visão, pouco ponto de vista e um grande medo de interpretar. A interpretação é o alargamento dos
horizontes. E esse alargamento acontece justamente quando há leitura. Somos fragmentos de nossos
escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas vezes contadas por outros. Quantas vezes
você não leu algo e pensou:"Nossa, ele disse tudo que eu penso." Com certeza, várias vezes. Temos aí a
identificação de nossos pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que aconteça, pelo
menos não tenha preguiça de pensar, refletir, formar ideias e escrever quando puder e quiser.

A prática das escolas em relação à escrita e interpretação tem mudado, mas a passos lentos, aliás como
tudo que acontece na educação. Ainda temos professores em sala de aula que cortam a veia literária de
seus alunos com comentários medíocres, que permitem apenas uma interpretação possível, a que vem no
livro do professor com a tarja "uso do professor/venda proibida".

Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso país é uma tarefa árdua, mas acredite, valerá a
pena para sua vida futura. E, mesmo, que você diga que interpretar é difícil, você exercita isso a todo
momento. Exercita através de sua leitura de mundo. Você sabe, por exemplo, quando alguém lhe manda
um olhar de desaprovação mesmo sem ter dito nada. Sabe, quando a menina ou o menino está a fim de
você numa boate pela troca de olhares. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, interpretamos,
argumentamos, expomos nossos pontos de vista. Mas, basta o (a) professor(a) dizer "Vamos agora
interpretar esse texto" para que as pessoas se calem. E ninguém sabe o que calado quer, pois ao se
calar você perde oportunidades valiosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de expor
suas ideias. Faça isso como um exercício diário mesmo e verá que antes que pense, o medo terá ido
embora.

Vou colocar aqui algumas dicas para você interpretar um texto:

1. O autor escreveu com uma intenção - tentar descobrir qual é ela é a chave.
2. Leia todo o texto uma primeira vez de forma despreocupada - assim você verá apenas os
aspectos superficiais primeiro

3. Na segunda leitura observe os detalhes, visualize em sua mente o cenário, os personagens -


Quanto mais real for a leitura na sua mente, mais fácil será para interpretar o texto.

4. Duvide do(a) autor(a) - Leia as entrelinhas,perceba o que o(a) autor(a) te diz sem escrever no
texto.
72

5. Não tenha medo de opinar - Já vi em sala de aula muitos alunos terem medo de dizer o que
achavam e a resposta estaria correta se tivessem dito.

6. Visualize vários caminhos, várias opções e interpretações - Só não viaje muito


na interpretação.Veja os caminhos apontados pela escrita do(a) autor(a). Apegue-se aos caminhos que lhe
são mostrados.

7. Identifique as características físicas e psicológicas dos personagens - Se um determinado


personagem tem como característica ser mentiroso, por exemplo, o que ele diz no texto poderá ser mentira
não é mesmo? Analisar e identificar os personagens são pontos necessário para uma boa interpretação de
texto.

8. Observe a linguagem, o tempo e espaço - A sequência dos acontecimentos, o feedback, conta


muito na hora de interpretar.

9. Analise os acontecimentos de acordo com a época do texto - É importante que você saiba ou
pesquise sobre a época narrada no texto, assim, certas contradições ou estranhamentos vistos por você
podem ser apenas a cultura da época sendo demonstrada.

10.Leia quantas vezes achar que deve - Não entendeu? Leia de novo. Nem todo dia estamos
concentrados e a rapidez na leitura vem com o hábito.

Bem, não digo que seguindo essas dicas você agora interpretará todo texto que ler, mas já é um caminho.

Disponível em <http://www.analisedetextos.com.br/2010/01/10-dicas-para-interpretar-textos.html>. Acesso em 25 de março de 2014, às


20h.
73

FIXAÇÃO

TEXTO 1
Durante dezenas de milhares de anos, as sociedades baseadas na caça e pesca dependeram
do mundo natural ao seu redor para obter alimentos. Hoje em dia, alguns povos indígenas ainda vivem
dessa forma e consomem elementos da vida selvagem de uma maneira sustentável. Seria uma idiotice da
parte deles destruírem as florestas e as planícies que lhes proporcionam víveres.
Mas, ironicamente, na nossa sociedade “avançada”, fazemos exatamente isso. No mar, cada vez
mais são empregadas técnicas de pesca indiscriminadas, negligentes e completamente insustentáveis.
Essas técnicas destroem os habitats que produzem e reabastecem os recursos. A pesca comercial tem
causado danos significativos a ecossistemas marítimos em grande parte desconhecidos, exaurido
inúmeras espécies de peixes, pássaros e mamíferos marinhos e condenado muitas outras à extinção.
Com o esgotamento de reservas pesqueiras costeiras no mundo inteiro, como a pesca do bacalhau
no nordeste dos Estados Unidos, a indústria da pesca se transferiu para os altos-mares – os 64% do
oceano que se estendem além das jurisdições nacionais. Imensas redes de arrasto presas a traineiras
indicam a escala colossal do ataque e o dano infligido. Redes instaladas em maciços roletes são
arrastadas através do leito do mar, varrendo tudo em seu percurso, deixando um deserto submarino estéril
e desolado.
Um relatório da ONU, divulgado há pouco, analisa medidas para proteger os altos-mares e observa
que o uso de redes de arrasto é de particular preocupação, por danificar ecossistemas vulneráveis. Na
preservação, muitas vezes a ação só vem depois que ocorreu a destruição.
Nesse caso, a ONU está numa posição privilegiada para atuar antes que danos irreparáveis sejam
feitos. Com essa decisão, podemos prevenir a extinção de incontáveis espécies e ecossistemas que
somente agora começam a ser descobertos e que ainda não são compreendidos.
Fonte: Agente de Protocolo e Tramitação- TCU –PB/2006 – FCC

1. A afirmativa correta, de acordo com o texto, é:


a) Nos Estados Unidos a pesca transferiu-se para o alto-mar para evitar a destruição das reservas costeiras,
como a do bacalhau, no mundo todo.
b) Hábitos de consumo de alguns povos indígenas levaram à destruição de florestas que lhes ofereceriam
alimentos, comprometendo sua sobrevivência.
c) A única maneira de preservar as reservas pesqueiras em todo o mundo é interrompendo as atividades de
pesca, mesmo as que se desenvolvem de modo sustentável.
d) A ONU mostra-se preocupada com a preservação do ecossistema marinho atualmente em risco devido a
práticas como o uso de redes de arrasto no fundo do mar.
e) A pesca comercial, atualmente, tem-se desenvolvido de forma a preservar o ecossistema marinho,
apesar de retirar dele grande quantidade de recursos naturais.

2. Mas, ironicamente, na nossa sociedade “avançada”, fazemos exatamente isso (início do 2º parágrafo).
De acordo com o texto, o segmento grifado acima significa, em outras palavras:
a) Estamos destruindo os recursos naturais que nos proporcionam alimentos.
b) Dependemos do mundo natural para sobreviver, pois nele encontramos alimento;
c) Ficamos mais preocupados com os possíveis danos causados ao ambiente marinho.
d) Desenvolvemos técnicas mais seguras de exploração sustentável do meio ambiente.
e) Vivemos hoje em dia como os povos indígenas, que conservam elementos da vida selvagem.

3. O uso das aspas na palavra “avançada” (início do 2º parágrafo).


a) Indica utilização de palavras de origem estrangeira no contexto.
b) Aponta emprego de gíria no contexto redigido em norma culta.
c) Assinala reprodução fiel de uma opinião alheia ao contexto.
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d) Reforça o sentido próprio da palavra, referente ao mundo moderno.


e) Assinala no contexto o sentido irônico atribuído a ela.

4. Há palavras escritas de modo INCORRETO na frase:


a) O uso indiscriminado e criminoso de redes de arrasto em alto-mar constitui uma ameaça ambiental
preocupante.
b) Quilômetros abaixo da superfície marinha, na ausência de luz solar, animais retiram energia de orifícios
vulcânicos.
c) A suspensão provisória de redes de arrasto no mar profundo conta com o respaldo de países em
desenvolvimento.
d) É necessário a prevenção da ocorrência de danos irreversíveis ao equilíbrio ambiental existente no mar
profundo.
e) Alguns países querem restrinjir a expanção da pesca no fundo do mar, porém essa atividade parece
ampliar-se por interesses comerciais.

5. A frase inteiramente clara e correta é:


a) Com espécies que ainda não está bem conhecida, é o extermínio feito em seu ecossistema pelas redes
de arrasto da pesca comercial no mar profundo.
b) Provoca-se muitos danos no ecossistema do mar profundo, pelas espécies que não se conhece bem
ainda, feito com redes de arrasto usadas na pesca comercial.
c) As redes de arrasto que se utiliza na pesca comercial do mar profundo, acaba com espécies que ainda
nem bem se conhecem,causando danos.
d) A pesca comercial, feita com imensas redes de arrasto, provoca danos colossais ao ecossistema do mar
profundo, exterminando espécies ainda nem bem conhecidas.
e) Com o extermínio das espécies do mar profundo, que ainda não está bem conhecida, temos a pesca
comercial que são feitas com redes de arrasto.

TEXTO 2

A vida humana como valor jurídico

Vivemos sob a égide de uma Constituição que orienta o Estado no sentido da dignidade da pessoa
humana, tendo como normas a promoção do bem comum, a garantia da integridade física e moral do
cidadão e a proteção incondicional do direito à vida. Essa proteção é de tal forma solene que o atentado a
essa integridade eleva-se à condição de ato de lesa-humanidade: um atentado contra todos os homens.
Afirma-se que a Constituição do Brasil protege a vida e que tudo aquilo que soa diferente é contrário ao
Direito e por isso não pode realizar-se.
Todavia, dizer que a vida depende da proteção da Carta Maior é superfetação porque a vida está
acima das normas e compõe todos os artigos, parágrafos, incisos e alíneas de todas as constituintes.
A cada dia que passa, a consciência atual, despertada e aturdida pela insensibilidade e pela
indiferença do mudo tecnicista, começa a se reencontrar com a mais lógica de suas normas: a tutela da
vida. Essa consciência de que a vida humana necessita de uma imperiosa proteção vai criando uma série
de regras que se ajustam mais e mais com cada agressão sofrida, não apenas no sentido de se criar
dispositivos legais, mas como maneira de estabelecer formas mais fraternas de convivência. Este, sim,
seria o melhor caminho.
Tudo isso vai sedimentando a ideia de que a vida de todo ser humano é ornada de especial
dignidade, o que deve ser colocado de forma clara em defesa da proteção das necessidades e da
sobrevivência de cada um. Esses direitos fundamentais e irrecusáveis da pessoa humana devem ser
definidos por um conjunto de normas que possibilitem que cada um tenha condições de desenvolver suas
aptidões e suas possibilidades.

Fonte: Agente da Polícia Federal – DPF/DGP – UnB CESPE


75

6. Considerando as ideias e a estrutura do texto acima, julgue os itens de 1 a 5, como Verdadeiros ou


Falsos:

1. O texto defende que a sociedade brasileira, apesar de vítima da violência do contexto tecnológico atual,
tem por valor superafetado a proteção do direito à vida, garantido constitucionalmente.
2. Entre os pilares que sustentam a Carta Magna brasileira – a dignidade da pessoa, o respeito ao cidadão,
a garantia da sua integridade, o fortalecimento do bem comum e o resguardo do direito à vida – ,
sobreleva-se este último, pela qualidade de incondicional.
3. É redundante afirmar que a Constituição do Brasil dá especial ênfase à defesa à existência no país, uma
vez que a vida sobreleva-se a constituições sociais e está pressuposta em vários dispositivos legais.
4. O texto argumenta que é universal e incontestável a consciência de que urge o estabelecimento de
formas mais fraternas de convivência no mundo atual.
5. O texto estrutura-se de forma dissertativa, com léxico predominantemente denotativo, apesar de haver
palavras empregadas em sentido conotativo, a exemplo de “soa” e “ornada”.

TEXTO 3

BUROCRATAS CEGOS

A decisão, na sexta-feira, da juíza Adriana Barreto de Carvalho Rizzoto, da 7ª Vara Federal do Rio,
determinando que a Light e a Cerj também paguem bônus aos consumidores de energia que reduziram o
consumo entre 100 kWh e 200 kWh fez justiça.

A liminar vale para todos os brasileiros. Quando o Governo se lançou nessa difícil tarefa do racionamento,
não contou com tamanha solidariedade dos consumidores. Por isso, deixou essa questão dos bônus em
suspenso. Preocupada com os recursos que o Governo federal terá que desembolsar com os prêmios, a
Câmara de Gestão da Crise de Energia tem evitado encarar essa questão, muito embora o próprio
presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, já tenha dito que o bônus será pago.

Decididamente, os consumidores não precisavam ter lançado mão da Justiça para poder ter a garantia
desse direito. Infelizmente, o permanente desrespeito ao contribuinte ainda faz parte da cultura dos
burocratas brasileiros. Estão constantemente preocupados em preservar a máquina do Estado. Jamais
pensam na sociedade e nos cidadãos. Agem como se logo mais na frente não precisassem da população
para vencer as barreiras de mais essa crise.

(Editorial de O Dia, 19/08/01)

7. De acordo com o texto:


a) A juíza expediu a liminar porque as companhias de energia elétrica se negaram a pagar os bônus aos
consumidores.
b) A liminar fez justiça a todos os tipos de consumidores.
c) A Light e a Cerj ficarão desobrigadas de pagar os bônus se o governo fizer a sua parte.
d) O excepcional retorno dado pelos consumidores de energia tomou de surpresa o Governo.
e) O Governo pagará os bônus, desde que as companhias de energia elétrica também o façam.

8. Só não se depreende do texto que:


a) os burocratas brasileiros desrespeitam sistematicamente o contribuinte.
b) o governo não se preparou para o pagamento dos bônus.
c) o chefe do executivo federal garante que os consumidores receberão o pagamento dos bônus.
d) a Câmara de Gestão está preocupada com os gastos que terá o Governo com o pagamento dos bônus.
e) a única forma de os consumidores receberem o pagamento dos bônus é apelando para a Justiça.
76

9. De acordo com o texto, a burocracia brasileira:


a) Vem ultimamente desrespeitando o contribuinte.
b) Sempre desrespeita o contribuinte.
c) Jamais desrespeitou o contribuinte.
d) Vai continuar desrespeitando o contribuinte
e) Deixará de desrespeitar o contribuinte.

10. A palavra que justifica a resposta ao item anterior é:


a) Infelizmente
b) Constantemente
c) Cultura
d) Jamais
e) Permanente

11. Os burocratas brasileiros:


a) ignoram o passado.
b) não valorizam o presente.
c) subestimam o passado.
d) não pensam no futuro.
e) superestimam o futuro.

12. Pode-se afirmar, com base nas ideias do texto:


a) A Câmara de Gestão defende os interesses da Light e da Cerj.
b) O presidente da República espera poder pagar os bônus aos consumidores.
c) Receber o pagamento dos bônus é um direito do contribuinte, desde que tenha reduzido o consumo
satisfatoriamente.
d) Os contribuintes não deveriam ter recorrido à Justiça, porque a Câmara de Gestão garantiu o pagamento
dos bônus.
e) A atuação dos burocratas brasileiros deixou a Câmara de Gestão preocupada.

TEXTO 4

A biônica, ciência pouco conhecida, pesquisa as característica dos organismos vivos para reproduzi-las
nas formas e mecanismos de novos produtos. Os exemplos de sua aplicação estão por toda parte: da
engenharia à medicina, passando pela área militar, de tecnologia e de materiais. É só reparar bem para
identificá-los.
Foi no campo militar, na década de 1960, que a biônica nasceu oficialmente, com o termo criado pelo
major norte-americano J. E. Steele. Uma das aplicações mais conhecidas da biônica na área militar é a
camuflagem. A inspiração veio da capacidade que alguns animais têm de se misturar à natureza, como o
camaleão. A técnica foi usada pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial, quando navios norte-
americanos e britânicos foram pintados com listras semelhantes às das zebras, o que dificultava sua
visualização pelo inimigo.
A arquitetura e o design estão entre os principais campos de aplicação da biônica. Um dos exemplos mais
conhecidos são as nadadeiras modernas – aquelas que possuem uma abertura no meio. O formato do
rabo das baleias inspirou o projeto, que facilita a passagem da água, reduzindo o esforço do mergulhador.
Qual a ligação entre a vitória-régia e a arquitetura? A resposta é uma obra revolucionária, o Palácio de
Cristal, construído na Inglaterra, em l85l, para hospedar a Primeira Exposição Universal de Londres – na
qual mais de 30 países reuniram representantes de suas indústrias para apresentar as últimas inovações
tecnológicas. O prédio, construído em ferro e vidro, foi idealizado pelo arquiteto e jardineiro inglês Joseph
Paxton. Ele descobriu que a força da vitória-régia, que suporta o peso de uma criança, estava nas nervuras
77

centrais de suas folhas, interligadas em forma de cruz, e usou o mesmo princípio para construir o Palácio
de Cristal.
O projeto causou polêmica entre os engenheiros da época, que não acreditavam que o edifício fosse
suportar o peso de milhares de pessoas. Prova de que estavam errados é que o prédio não só sobreviveu
aos 6 milhões de visitantes que participaram da exposição, como permaneceu intacto por mais de 80 anos.
No final de 1936, foi destruído por um incêndio.

Fonte :TEC. JUD. – TRE. – AM. FCC.

13. A informação que encerra o texto:


a) Contraria o que havia sido afirmado, dando razão aos que criticaram a segurança da obra.
b) Confirma as informações a respeito do projeto do palácio, destruído por um fator inesperado.
c) Comprova o fato de que projetos de engenharia só devem basear-se em estruturas sólidas e confiáveis.
d) Dá razão aos engenheiros da época, porque o prédio era inadequado ao grande número de visitantes.
e) Responde à questão colocada no início do parágrafo, de que não é possível unir planta e arquitetura.

14. A Primeira Guerra Mundial é citada, no texto:


a) Como exemplo de desrespeito e maus tratos a animais em situação de conflito armado.
b) Para indicar o mau uso que pode ser feito de uma proposta científica, que buscar o progresso e a paz.
c) Para registrar a necessidade de um controle das atividades científicas que envolvem animais e seus
hábitos.
d) Para situar o uso de uma característica animal como elemento auxiliar de segurança nas ações militares.
e) Como uma crítica à inovação tática do disfarce, não apenas de soldados, mas também de
equipamentos.

15. “– aquelas que possuem uma abertura no meio”. A frase colocada após o travessão acrescenta ao
contexto a noção de:
a) Proporcionalidade.
b) Finalidade.
c) Explicação.
d) Condição.
e) Conclusão.

16. “para reproduzi-las nas formas e mecanismo de novos produtos” (1º parágrafo). A forma de pronome
grifada na frase acima substitui, no texto:
a) As características dos organismos vivos.
b) As ciências pouco conhecidas.
c) As formas e mecanismos de novos produtos.
d) Novas vidas em inúmeras áreas.
e) Novas tecnologias e novos produtos.

17. “O prédio não só sobreviveu aos 6 milhões de visitantes que participaram da exposição, como
permaneceu intacto por mais de 80 anos” (final do texto). O trecho acima está reescrito de outra maneira,
mas conservando o sentido original do texto, em:
a) O prédio não sobreviveu à exposição, e continuou fechado por mais 80 anos.
b) O prédio permaneceu aberto para os visitantes da exposição, ainda durante mais 80 anos.
c) As condições do prédio previam somente os visitantes da exposição, mas ficou aberto por mais de 80
anos.
d) Os visitantes que participaram da exposição mantiveram o prédio intacto por 80 anos.
e) O prédio suportou o peso dos milhões de visitantes e continuou em perfeitas condições por mais de 80
anos.
78

PINTOU NO ENEM

As questões do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) na área de Linguagens, Códigos e suas
tecnologias sempre envolvem a análise textual. Portanto, nesta última unidade de nosso estudo, é
importante que tenham acesso aos últimos cadernos de questões do ENEM e exercitem as habilidades de
leitura e compreensão textual.

Os cadernos de questões dos exames anteriores estão disponíveis no site do INEP:


<http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores/provas-e-gabaritos>

Façam a impressão dos Cadernos de Questões e dos Gabaritos do ano 2013 e 2012 – Segundo dia -
cor AMARELA
79

GABARITO - Unidade 2

FIXAÇÃO

1 D 11 D

2 A 12 C

3 E 13 B

4 E 14 D

5 D 15 C

6 FVFFV 16 A

7 D 17 E

8 E 18 -

9 B 19 -

10 E 20 -
80

REFERENCIAS

ANDRÉ, Hildebrando Afonso de. Gramática ilustrada. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1991.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.

CUNHA, Celso. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3ª Ed. Rio de Janeiro. Editora Nova
Fronteira. 2001.

FERNANDES, Francisco. Dicionário de verbos e regimes. 33. ed. Porto Alegre/Rio de Janeiro: Globo,
1983.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário aurélio século XXI: o dicionário da língua
portuguesa. 3. ed. totalmente revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo. Editora Scipione, 2003.

INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS, Rio de Janeiro. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1. ed.
Objetiva, 2001.

JOTA, Zélio dos Santos. Dicionário de Linguística. 2. ed. Rio de Janeiro: Presença/INL, 1981.

LEITÃO, Luiz Ricardo e LIMA, Ronaldo. Interpretação de textos. Rio de Janeiro: Cooautor, 1995.

MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998.

PIMENTEL, Ernani Filgueiras. Intelecção e interpretação de textos. 17. ed. Brasília: Vest-Con, 1999.

ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 20. ed. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1979.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

WALDECK, Sérgio e SOUZA, Luiz. Roteiros de comunicação e expressão. 5. ed. Rio de Janeiro:
Eldorado, 1980.

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