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LIDERANÇA QUE OBTÉM RESULTADOS

Professor DANIEL GOLEMAN

INTRODUÇÃO:

Analisando os estilos descobertos pela consultoria Hay/McBer e


colocando-os lado a lado dos estilos de lideranças e padrões culturais
apresentados pela Fundação Dom Cabral pelo Professor Paulo Vieira (2002),
veremos que os estilos de liderança presentes nas empresas definem a sua
cultura organizacional.
O processo de formação de uma cultura empresarial transita por etapas
que se herdam do comportamento do “gestor maior” e de seus liderados, esse
processo quando não é acompanhado de forma técnica e imparcial tende a
deturpar a missão da empresa. Os resultados esperados pela ação dos líderes
em cada micro processo da organização devem atingir as metas do
macroprocesso, ou seja, a saúde financeira e econômica da empresa está nas
mãos dos micros processos. A formação dos líderes é um dos itens
estratégicos que toda instituição deve primar nos seus investimentos em
pessoas, é dessa formação que depende o crescimento empresarial em
espiral.

Estilos Hay/McBer x Dom Cabral by Paulo Vieira (deuses gregos - olímpicos)

Hay/McBer Dom Cabral


Estilo Característica Estilo Característica
Coercitivos Obediência Zeus Paternalismo
Mobilizadores Mobilização, Motivação
Atenas Time - equipe
Democráticos Participação
Treinadores Ensino, Desenvolvimento Apolo Estabilidade
Agressivos Excelência
Dionísio Autonomia, desempenho
Agregadores Emoção, Harmonia

ANALISANDO OS ESTILOS E A CULTURA (CLIMA):

O estilo ZEUS se refere ao deus governante do monte Olimpo, ou seja, deus


do “eu referência”, deus da idealidade pessoal, “todos deviam ser iguais a
mim”. A liderança baseada no estilo ZEUS teme traição, por isso, também é
vingativo. Nessa liderança exige-se que todas as decisões dos liderados
devem ser centralizadas, aprovadas, assinadas, carimbadas pelo líder, senão,
demissão. A cultura empresarial tipo ZEUS tende a ser regida pela intuição,
pelo terror, assédio moral, alto grau de paternalismo e marketing pessoal.
Corroborando com o estilo COERCITIVO o grau de obediência e submissão,
temor e estresse pela forma de se almejar o alcance dos objetivos pelos
liderados gera o pior clima organizacional de todos os estilos. Esse estilo deve
ser corretamente utilizado em uma medida cautelar onde o governo da
empresa esteja ameaçado e medidas imperativas estejam sendo exigidas para
a retomada da ordem.

O estilo ATENAS se baseia na estratégia militar, “missão dada, missão


cumprida”, arte de cumprir metas nas suas regras. Buscar o resultado acima
dos processos estabelecidos, por vezes, desobedientes. Estilo que exige

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comunicação acertada, transparência nos acordos e nos planos de ação. Muita
criatividade, flexibilidade e comprometimento. A solução dos problemas tende a
ser partilhada com o time-equipe. A cultura organizacional tipo ATENAS tende
a ser gerenciada pelo resultado de todos, onde cada parte, cada liderado é tão
precioso quanto o líder, esse comportamento também apresenta um dos
melhores climas organizacionais.
Reforçando com os estilos MOBILIZADORES e DEMOCRÁTICOS, o liderado
pode ter alto desempenho com ações individuais, com atendimento às regras e
aos acordos combinados com o líder. A fidelidade e a confiança no líder faz o
liderado buscar forças e criatividades produtivas fora das expectativas. O
alcance das metas se torna prazeroso e com a sensação de ter o dever
cumprido.

O estilo APOLO é referido ao alto grau de cumprimento as regras em busca da


estabilidade do negócio, o ponto forte desse estilo são as normas, os
procedimentos, a hierarquia. Os líderes que atuam nesse estilo tendem a
serem consultores internos, professores e ajudam a compreender e a
formalizar com detalhes o que tem que ser feito. Por vezes, a burocracia
precisa ser racionalizada. As organizações que têm esse estilo como cultura
tendem a ser bem registrada na história dos locais onde atuam, seus
processos são bem documentados e é fácil auditar registros e indicadores de
desempenho, o clima organizacional e a facilidade do funcionário se integrar
aos processos certifica à empresa o título de “uma das melhores empresas
para se trabalhar”.
Revalidando com o estilo TREINADOR que tem a capacidade de enxergar nos
liderados o potencial e a competência de assumir desafios e buscar resultados,
esse estilo age como tutor dos liderados. A facilidade que o líder tem de
deduzir a adequação do liderado na gestão de desafios torna o resultado
previsível e a sinergia uma das metas de fácil alcance.

O estilo DIONÍSIO é caracterizado pela liderança individualizada, pela


liberdade e autonomia na gestão de seus processos. Os líderes desse estilo
costumam ter altíssimos níveis de desempenho individuais. Eles são
conhecidos por desobedecerem às regras. São muitos desorganizados, têm
aversão a agendas e a planejamentos estruturados. Suas metas são arrojadas
e para cada atendimento de um desafio, uma comemoração. As organizações
que têm essa cultura são sustentadas pela alta inovação de seus produtos. O
clima organizacional é de difícil identificação e compreensão, visto que esses
líderes acabam “contaminando” o resultado das pesquisas.
Combinando com os estilos AGRESSIVOS e AGREGADORES, esses perfis
gostam de agir sozinhos, alcançam altos desempenhos e gostam de exibí-los
de forma não convencional. Festejam para iludir a equipe no intuito de ter a
equipe nas mãos e de manipular os talentos em prol dos desafios.

CONCLUSÃO:

O líder deve navegar por cada um dos estilos apresentados, a hora e a razão
para se caracterizar o estilo depende da medida a ser tomada. De todos os
estilos o que é mais danoso para os liderados é de ZEUS. Esse estilo deve ser
usado cirurgicamente, quando a natureza da intervenção exige medidas

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enérgicas. Quando uma empresa tem esse estilo na sua cultura, raramente se
tem liderados satisfeitos e o clima é tenso.

O QUE SE PODE SUGERIR PARA MELHORIAS EM CADA ESTILO:

O líder ZEUS:
- Mudar de estilo constantemente, navegar nos outros estilos,
principalmente no estilo DIONÍSIO (mudança radical);
- Delegar para alcançar decisões mais justas;
- Criar comitês de decisões;
- Facilitar o canal de comunicação para acertar os acordos;
- Criar gestão de pessoas para impedir os assédios morais.

O líder ATENAS:
- Alcançar os resultados com atitudes do estilo APOLO, ou seja, dentro
das regras e dos procedimentos;
- Festejar o alcance das metas, estilo DIONÍSIO.

O líder APOLO:
- Evitar burocratizar os processos;
- Fomentar a melhoria (atualização) das regras e procedimentos;
- Fomentar as indagações a cerca das regras (por quê das regras);
- Flexibilizar os processos (estilo parcial DIONÍSIO).

O líder DIONÍSIO:
- Contratar liderados com estilo APOLO;
- Treinar liderados em gestão ATENAS.

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