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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

APOSTILAS OPÇÃO

Os clientes internos são aqueles de dentro da


organização. Ou seja, são os colegas de trabalho, os executivos.
São as pessoas que atuam internamente na empresa.
Já os clientes externos, são os clientes que adquirem
produtos ou serviços da empresa.

O atendimento de sucesso ocorrerá se além de


priorizar e estiver preparado para:
1. A recepção
2. Ouvir as necessidades do cliente
Comunicação Oral e Escrita: 3. Fazer perguntas de esclarecimento
atendimento ao público, 4. Orientar o cliente
relações humanas, 5. Demonstrar interesse e empatia
6. Dar uma solução ao atendimento
comunicação, comunicações 7. Fazer o fechamento
organizacionais, eficácia nas 8. Resolver pendências quando houver.
comunicações
Coloque-se no lugar do cliente e assim busque utilizar
administrativas, termos claros e explicar de acordo com a maturidade detalhes
correspondência oficial de importantes no processo de compreensão. Não podemos
documentos e/ou modelos esperar que o cliente entenda toda a linguagem que utilizamos
em uma empresa.
utilizados, mensagens Nunca discuta com um cliente, a discussão não tem o
eletrônicas, atendimento objetivo discutir possibilidades, caminhos, decisões e oferecer
telefônico, formulários, cartas soluções, mas sim de criar uma disputa ou provar que alguém
está certo e o outro errado, obter razão.
comerciais, fraseologia
adequada, redação oficial (ata, Princípios para o bom atendimento na gestão da
atestado, aviso, cartaz, qualidade:
cartazete, certidão, 1. Foco no Cliente
convocação, declaração, As empresas privadas buscam reduzir os custos dos
memorando, parecer, produtos, aumentar os lucros, mas não podem perder de vista
a qualidade e satisfação dos clientes.
requerimento, relatório),
abreviações, formas de 2. O serviço ou produto deve atender a uma real
tratamento. necessidade do usuário
Um serviço ou produto deve ser exatamente como o
usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.

Atendimento ao Público 3. Manutenção da qualidade


O padrão de qualidade mantido ao longo do tempo é que
Assim como a qualidade evoluiu para gestão da qualidade, leva à conquista da confiabilidade.
o atendimento ao cliente passou a fazer parte da estratégia das
organizações, as empresas passaram a adotar estratégias e
ações como a criação de um canal de relacionamento entre a A atuação com base nesses princípios deve ser
empresa (executivos, gerentes) e o cliente, para que haja uma orientada por algumas ações que imprimem qualidade ao
interação e consiga decifrar por menores que sejam, quais os atendimento, tais como:
principais interesses daqueles que utilizam os produtos ou -Identificar as necessidades dos usuários;
serviços da empresa. Outras estratégias também utilizadas são -Cuidar da comunicação (verbal e escrita);
as pesquisas de opinião que buscam respostas ou indagações -Evitar informações conflitantes;
vindas do consumidor final. -Atenuar a burocracia;
Algumas organizações criaram funções específicas para o -Cumprir prazos e horários;
sistema de ouvidoria, funcionários são contratados, treinados -Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
para atender/receber críticas, sugestões e reclamações dos -Divulgar os diferenciais da organização;
usuários. -Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
O atendimento ao cliente tornou-se um dos pontos mais -Fazer uso da empatia;
importantes na atuação de uma empresa no mercado, na busca -Analisar as reclamações;
pela satisfação, criação de valor e retenção. -Acatar as boas sugestões.

Por isso, atendimento é acolher, receber, ouvir o cliente, Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem
de forma com que seus desejos sejam resolvidos. ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários,
Atendimento é dispor de todos os recursos que se fizerem entre eles: competência, presteza, cortesia, paciência,
necessários, para atender ao desejo e necessidade do respeito.
cliente. Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência,
desrespeito, imposição de normas ou exibição de poder
Esse cliente pode ser interno, ou, externo, e caracteriza- tornam o atendente intolerável, na percepção dos usuários.
se por ser o público-alvo em questão. Atender o cliente significa identificar as suas necessidades
e solucioná-las, ao passo que atender ao telefone significa não
deixá-lo tocar por muito tempo, receber a ligação e transferi-

Conhecimentos Específicos 1
APOSTILAS OPÇÃO

la ao setor correspondente. Observe que a diferença é bastante A sequência não importa. O que deve ser pensado na hora,
grande. é que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva
Assim: profissional de qualquer área ou formação tem e que tenham significado.
capacidade de atender ao telefone, visto que é um Os clientes não aguentam mais atendimentos com
procedimento técnico, enquanto que para atender o cliente é apresentações mecânicas.
necessário capacidades humanas e analíticas, é necessário O que eles querem sentir na apresentação é
entender o comportamento das pessoas, ou seja, entender de receptividade.
gente, além de ter visão sistêmica do negócio e dos seus Por isso, Saudar com Bom Dia, Boa Tarde, ou, Boa Noite, é
processos. Os profissionais mais bem preparados para esse fim ótimo! Mas, diga isso, desejando mesmo que o cliente tenha.
são os que frequentam os bancos escolares, especialmente os Dizer o nome da empresa se o atendimento for através do
que se dedicam à formação secretarial. telefone também faz parte. Porém, faça de forma clara e
O cliente sempre espera um tratamento individualizado, devagar. Não dê margem, ou fale de forma que ele tenha que
considerando que cada situação de atendimento é única, e perguntar de onde é logo após o atendente ter falado. Dizer o
deve levar em conta as pessoas envolvidas e suas nome, também é importante. Mas, isso pode ser dito de uma
necessidades, além do contexto da situação. Como as pessoas forma melhor como, perguntar o nome do cliente primeiro, e
são diferentes, agem de maneira diferenciada, a condução do depois o atendente diz o seu. Exemplo: Qual seu nome, por
atendimento também necessita ser personalizada, apropriada favor? Maria, eu sou a Madalena, hoje posso ajuda-la em quê?
para cada perfil de cliente e situação. O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e
Assim, o cliente poderá se apresentar: bem-humorado, também, irá perceber que essa empresa trabalha pautada na
tímido, apressado, paciente, inseguro, nervoso, entre outras qualidade do atendimento.
características. O mais importante é que o secretário Segundo a Sabedoria Popular, leva-se de 5 a 10 segundos
identifique no início da interação como o cliente se encontra para formarmos a primeira impressão de algo.
para que possa dirigir de maneira assertiva o atendimento. Por isso, o atendente deve trabalhar nesses segundos
iniciais como fatores essenciais para o atendimento. Fazendo
A chave para o sucesso da bom atendimento depende com que o cliente tenha uma boa imagem da empresa.
muito da boa comunicação, isto é, de como é realizada a O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave
transmissão e recepção de informação. para o atendimento. Excesso de intimidade na apresentação é
repudiável. O cliente não está procurando amigos de infância.
Dimensões de um atendimento de qualidade E sim, soluções aos seus problemas.
Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser
Comunicabilidade: abolidos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no
É a qualidade do ato comunicativo otimizado, no qual a diminutivo.
mensagem é transmitida de maneira integral, correta, rápida e Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a
economicamente. A transmissão integral supõe que não há demora no atendimento. Principalmente quando ele observa
ruídos supressivos, deformantes ou concorrentes. A que o atendente está conversando assuntos particulares, ou,
transmissão correta implica em identidade entre a mensagem fazendo ações que são particulares e não condizem com seu
mentada pelo emissor e pelo receptor. trabalho.
A instantaneidade na apresentação do atendimento
Apresentação configura seriedade e transmite confiança ao cliente.
O responsável pelo primeiro atendimento representa a Portanto, o atendente deve tratar a apresentação no
primeira impressão da empresa, que o cliente irá formar, como atendimento como ponto inicial, de sucesso, para um bom
a imagem da empresa como um todo. relacionamento com o cliente.
E por isso, a apresentação inicial de quem faz o
atendimento deve transmitir confiabilidade, segurança, Atenção, Cortesia, Interesse
técnica e ter uma apresentação ímpar. O cliente quando procura atendimento, é porque tem
É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao necessidade de algo. O atendente deve desprender toda a
ambiente de trabalho. Se a empresa adotar uniforme, é atenção para ele. Por isso deve ser interrompido tudo o que
indispensável que o use sempre, e que o apresente sempre de está fazendo, e prestar atenção única e exclusivamente ao
forma impecável. Unhas e cabelos limpos e hálito agradável cliente.
também compreendem os elementos que constituem a Assuntos particulares e distrações são encarados pelos
imagem que o cliente irá fazer da empresa, através do clientes como falta de profissionalismo.
atendente. Atentar-se ao que ele diz, questiona e traduz em forma de
O cliente, ou, futuro, questiona e visualiza sempre. Por isso, gestos e movimentos, devem ser compreendidos e
a expressão corporal e a disposição na apresentação se tornam transformados em conhecimento ao atendente.
fatores que irão compreender no julgamento do cliente. Perguntar mais de uma vez a mesma coisa, ou, indagar algo
A satisfação do atendimento começa a ser formado na que já foi dito antes, são decodificados pelo cliente como
apresentação. desprezo ao que pretende.
Assim, a saudação inicial deve ser firme, profissional, clara É importante ter atenção à tudo o que o cliente faz e diz,
e de forma que transmita compromisso, interesse e prontidão. para que o atendimento seja personalizado e os interesses e
O tom de voz deve ser sempre agradável, em bom tom. O necessidades dele sejam trabalhados e atendidos.
que prejudica muitos relacionamentos das empresas com os É indispensável que se use do formalismo e da cortesia.
clientes, é a forma de tratamento na apresentação. É O excesso de intimidade pode constranger o cliente. Ser
fundamental que no ato da apresentação, o atendente mostre educado é cortês é fundamental. Porém, o excesso de
ao cliente que ele é Bem-Vindo e que sua presença na empresa amabilidade, se torna tão inconveniente quanto a falta de
é importante. educação.
Há várias regras a serem seguidas para a apresentação O atendimento é mais importante que preço, produto ou
inicial para um Bom Atendimento. O que dizer antes? O nome, serviço para o cliente. Por isso, a atenção à ele deve ser única e
nome da empresa, Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite? Pois não? exclusiva.
Posso ajudá-lo? Por isso, é necessário que o cliente sinta-se importante e
sinta que está sendo proporcionado à ele um ambiente

Conhecimentos Específicos 2
APOSTILAS OPÇÃO

agradável e favorável para que seus desejos e necessidades cliente. Ou seja, é uma instituição que prima por solucionar as
sejam atendidos. O atendente deve estar voltado dúvidas, problemas e necessidades dos clientes.
completamente para a interação com o cliente, estando A postura deve ser de ser ágil, sim, mas, sem deixar a
sempre atento para perceber constantemente as suas qualidade de lado.
necessidades. Logo, o mais importante é demonstrar interesse Pois de nada adianta fazer rápido, se terá que ser feito
em relação às necessidades dos clientes e atendê-las novamente. Portanto a presteza deve ser acompanhada de
prontamente e da melhor forma possível. qualidade.
Gentileza. É o ponto inicial para a construção do Para isso, é importante que o ambiente de trabalho esteja
relacionamento com o cliente. A educação deve permear em organizado, para que tudo o que precisa ser encontrado
todo processo de atendimento. Desde à apresentação até a facilmente.
despedida. Também, estar bem informado sobre os produtos e
Saudar o cliente. Utilizar de obrigado, por favor, serviços da organização, tornam o atendimento mais ágil.
desculpas por imprevistos, são fundamentais em todo Em um mundo no qual tempo está relacionado à dinheiro,
processo. o cliente não se sente bem em lugares no qual ele tenha que
Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o perder muito tempo para solucionar algum problema.
tom de voz e forma com que se dirige ao cliente. Instantaneidade é a palavra de ordem. Por mais que o
O tom de voz deve ser agradável. Mas, precisa ser processo de atendimento demore, o que o cliente precisa
audível. Ou seja, que dê para compreender. Mas, é importante detectar, é que está sendo feito na velocidade máxima
lembrar, que apenas o cliente deve escutar. E não todo mundo permitida.
que se encontra no estabelecimento. Tudo isso também, tendo em vista que a demora pode
Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Algumas afetar no processo de outros clientes que estão à espera.
palavras e tratamentos podem ser ofensivos à eles. Portanto, Porém, é importante atender completamente um cliente
deve-se utilizar sempre como formas de tratamento: Senhor e para depois começar atender o próximo.
Senhora. Se ágil não está ligado a fazer apenas um pouco. E sim, fazer
Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou na totalidade de maneira otimizada.
por telefone, quem o faz está oferecendo a sua imagem O comportamento eficiente cumpre o prometido, com foco
(vendendo sua imagem) e da empresa na qual está no problema.
representando. As ações representam o que a empresa Ser eficiente é realizar tarefas, resolvendo os problemas
pretende. inerentes a ela. Ser eficiente é atingir a meta estabelecida.
Por isso, é importante salientar que não se deve distrair Por isso, o atendimento eficiente é aquele no qual não
durante o atendimento. Deve-se concentrar em tudo o que o perde tempo com perfumarias. E sim, agiliza o processo para
cliente está dizendo. que o desejado pelo cliente seja cumprido em menor tempo.
Também, não se deve ficar pensando na resposta na hora Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento
em que o interlocutor estiver falando. Concentre-se em eficiente é aquele que rende o suficiente para ser útil.
ouvir. O atendente precisa compreender que o cliente está ali
Outro fator importante e que deve ser levado em conta no para ser atendido. Por isso, não deve perder tempo com
atendimento é não interromper o interlocutor. Pois, quando assuntos ou ações que desviem do pretendido.
duas pessoas falam ao mesmo tempo, nenhuma ouve Há alguns pontos que levam à um atendimento eficiente,
corretamente o que a outra está dizendo. E assim, não há a como:
comunicação. Todos fazem parte do atendimento. Saber o que todos
O atendente também não deve se sentir como se estivesse da empresa fazem, evita que o cliente tenha que repetir mais
sendo atacado, pois alguns clientes dão um tom mais agressivo de uma vez o que deseja, e que fique esperando mais tempo
à sua fala. Porém, isso deve ser combatido através da atitude que o necessário.
do atendente, que deve responder de forma calma, tranquila e Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra
sensata, e sem elevar o tom da voz. E também, sem se alterar. eficiência e profissionalismo.
Tomar nota das informações pode trazer mais Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental
tranquilidade ao atendimento. Ainda mais se ele estiver ao cliente. Se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e
sendo feito pelo telefone. Essa técnica, auxilia na compreensão processar o que está sendo feito, dê esse tempo à ele,
e afasta a duplicidade de questionamentos que já foram feitos, auxiliando-o com informações e questões que o auxilie no
ou de informações que já foram passadas. processo de compreensão.
Fazer perguntas ao sentir necessidade de algum Ser positivo e otimista e ao mesmo tempo ágil, fará com
esclarecimento, é importante. O atendente não deve-se inibir. que o cliente tenha a mesma conduta.
Já foi dito que fazer uma pergunta mais de uma vez deve ser Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de
evitado. E também que informações que já foram passadas forma a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita
pelo clientes não devem ser questionadas. Porém, se houver no atendimento.
necessidade, o atendente deve fazê-la. Mas, deve pedir Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando
desculpas por refazê-la, e dizer que foi um lapso. interpretar o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando
Confirmar o que foi dito, solicitar feedback, passa uma o "ouvir com a inteligência e não só com o ouvido".
mensagem de profissionalismo, atenção e interesse ao cliente. Interpretar cada cliente, procurando identificar a real
Demonstra que o atendente e a empresa estão preocupados importância de cada "fala" e os valores do que foi dito.
com sua situação e em fazer um atendimento de qualidade. Saber falar a linguagem de cada cliente procurando
Portanto, estabelecer empatia e falar claramente e identificar o que é especial, importante e ou essencial em
pausadamente, sem ser monótono, evitando ainda o uso de cada solicitação, procurando ajuda-lo a conseguir o que deseja,
gírias; falar com voz clara e expressiva (boa dicção) são otimiza o processo.
atitudes que tornam o atendimento ao cliente com qualidade. O atendente deve saber que fazer um atendimento
eficiente é ser breve sem tornar-se desagradável.
Presteza, Eficiência, Tolerância Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com
Ter presteza no atendimento faz com que o cliente sinta que o cliente não tenha dúvida sobre a organização. E assim,
que a empresa, é uma organização na qual tem o foco no não desperdice tempo fazendo questionamentos sobre a
conduta da empresa.

Conhecimentos Específicos 3
APOSTILAS OPÇÃO

O atendente deve saber que sempre há uma solução para Ser objetivo, é pensar fundamentalmente apenas no que o
tudo e para todos, buscando sempre os entendimentos e os cliente precisa e para que ele está ali.
acordos em todas as situações, por mais difíceis que elas se Solucionar o seu problema e atender às suas necessidades
apresentem. devem ser tratados como assuntos urgentes e emergentes. Ou
O atendente deve saber utilizar a comunicação e as seja, têm pressa e necessita de uma solução rapidamente.
informações. Afirmamos que o atendimento com qualidade deve ser
O todo é composto de partes, e para os clientes "as ações pautado na brevidade. Porém, isso não exclui outros fatores
sempre falaram mais alto que as palavras". tão importantes quanto, como: clareza, presteza, atenção,
Em todos os níveis de atendimento será inevitável interesse e comunicabilidade. O atendimento com qualidade
deparar-se com clientes ofensivos e agressivos. Para tanto, o deve construído em cima de uma série de fatores que
atendente deve ter tolerância para acalmar o cliente e mostrar configuram um atendimento com qualidade. E não
que ele está ali para auxiliá-lo e resolver o problema. apenas/somente um elemento.
Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na
empresa é a palavra de ordem, acalma e tranquiliza. Por isso, a Vale dizer que, com o foco no atendimento presencial,
tolerância é importante para que não se perca a linha e temos ainda princípios fundamentais para imprimir qualidade
comprometa a imagem da empresa e a qualidade no ao atendimento presencial:
atendimento.
Não demonstrar ao cliente que o atendente é só mais um 1. Princípio da competência - O usuário espera que cada
na empresa, e que o que o cliente procura não tem ligação com pessoa que o atenda detenha informações detalhadas sobre o
sua competência, evita conflitos. funcionamento da organização e do setor que ele procurou. O
Por mais que não seja o responsável pela situação, o visitante tem a expectativa de encontrar pessoas capacitadas a
atendente deve demonstrar interesse, presteza e tolerância. fornecer informações detalhadas sobre o assunto do seu
Por mais que o cliente insista em construir uma situação interesse: - Identifique as necessidades do visitante/usuário; -
de discussão, o atendente deve-se manter firme, tolerante e Ouça atentamente a descrição do serviço solicitado.
profissional.
Portanto, a presteza, eficiência e a tolerância, formam uma 2. Princípio da legitimidade - O usuário deve ser
tríplice que sustentam os atendimentos pautados na qualidade, atendido com ética, respeito, imparcialidade, sem
tendo em vista que a agilidade e profissionalismo permeiam os discriminações, com justiça e colaboração.
relacionamentos. O visitante/usuário tem o direito de ser recepcionado de
forma ética e respeitosa, sem que haja diferença de tratamento
Discrição em razão da condição cultural, social e física do
Atitudes discretas preservam a harmonia do ambiente e da visitante/usuário: - Preferencialmente, trate-o pelo nome; -
relação com o interlocutor. No trabalho, a pessoa deve ter Não escreva ou faça qualquer outra atividade enquanto estiver
acima de tudo discrição em seus atos, pois certas falando com ele; - esteja atento à condição física do usuário
brincadeiras ou comentários podem ofender as pessoas (ofereça ajuda aos idosos e às pessoas com necessidades
que estão sendo atendidas e gerar situações especiais).
constrangedoras. Nestes casos, a melhor maneira de
contornar a situação é pedir desculpas e cuidar para que não 3. Princípio da disponibilidade -O atendente representa,
ocorram novamente. para o usuário, a imagem da organização. Assim, deve haver
Todas as atitudes que incomodam as pessoas são empenho para que o usuário não se sinta abandonado,
consideradas falta de respeito e por isso deve haver uma série desamparado, sem assistência. O atendimento deve ocorrer de
de cuidados, como por exemplo: não bater o telefone, falar forma personalizada, atingindo-se a satisfação do cliente. O
alto, importunar seu colega com conversas e perguntas o visitante/usuário deve receber assistência personalizada
tempo todo, entre outros. Esta é a postura adequada. desde o momento de sua chegada até à despedida:
Ser elegante em um ambiente de trabalho e não expor o - Demonstre estar disponível para realizar sua tarefa de
visitante/usuário, sendo bem educado, não significa bajular o atendente;
atendido e sim ser cortês, simpático e sociável. Isto certamente - Se houver demora no atendimento, peça desculpas;
facilitará a comunicação e tornará o convívio mais agradável e - Mantenha a atenção à necessidade do usuário até sua
saudável. partida.

Conduta, Objetividade 4. Princípio da flexibilidade. O atendente deve procurar


A postura do atendente deve ser proativa, passando identificar claramente as necessidades do usuário e esforçar-
confiança e credibilidade. Sendo ao mesmo tempo profissional se para ajudá-lo, orientá-lo, conduzi-lo a quem possa ajudá-lo
e possuindo simpatia. Ser comprometido e ter bom senso, adequadamente. O visitante deve ser orientado e ajudado de
atendendo de forma gentil e educada. Sorrindo e tendo forma a ter as suas necessidades atendidas:
iniciativa, utilizando um tom de voz que apenas o cliente - Preste atenção à comunicação não verbal;
escute, e não todos que estão no local e ouvindo - Não deixe nenhuma indagação sem resposta;
atentamente, são condutas essenciais para o atendente. - Demonstre que sabe lidar com situações não previstas.
O sigilo é importante, e por isso, o tom de voz no
atendimento é essencial. O atendimento deve ser exclusivo e
impessoal. Ou seja, o assunto que está sendo tratado no Questões
momento, deve ser dirigido apenas ao cliente. As demais
pessoas que estão no local não podem e nem devem escutar o 01. A excelência nos serviços públicos requer a adoção de
que está sendo tratado no momento. Principalmente se for programas de qualidade total. Os princípios de um programa
assunto pessoal. de qualidade no setor público envolvem:
Essa conduta de impessoalidade e personalização (A) Adoção de práticas de melhoria contínua; Estrutura
transformam o atendimento, e dão um tom formal à situação. organizacional funcional; Centralização das decisões
A objetividade está ligada à eficiência e presteza. E por isso, (B) Educação e capacitação dos servidores públicos;
tem como foco, como já vimos, eliminar desperdiçadores de Processo contínuo de comunicação e sensibilização;
tempo, que são aquelas atitudes que destoam do foco. Centralização das decisões de qualidade nos gestores.

Conhecimentos Específicos 4
APOSTILAS OPÇÃO

(C) A sociedade como prioridade; Envolvimento e


comprometimento dos níveis tático e operacional. Interpessoal - Significa relativo a uma comunicação, ou
(D) O cidadão como prioridade; Adoção de práticas de uma relação, que se estabelece entre duas ou mais pessoas.
melhoria contínua dos processos e atividades; Envolvimento e Implica uma relação social, ou seja, um conjunto de normas
comprometimento da alta administração. comportamentais que orientam as interações entre membros
de uma sociedade. Este tipo de relacionamento é marcado pelo
02. Em sua atuação profissional, o servidor público deve: contexto onde ele está inserido, podendo ser um contexto
(A) prestar informações sigilosas à sociedade, visto que familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade.
toda pessoa tem direito à verdade.
(B) colaborar com seus colegas apenas quando solicitado. Intrapessoal - O prefixo “intra” exprime a noção de
(C) realizar suas atividades com afinco e resolutividade. “interior”. Assim, intrapessoal significaria relativo a
(D) realizar suas atividades com rapidez, mesmo que comunicação conosco próprios. Remete para a aptidão de uma
ocorram algumas imperfeições ou erros. pessoa de se relacionar com os seus próprios sentimentos e
(E) abster-se de exercer sua função em situações de emoções e é de elevada importância porque vai determinar
insegurança profissional. como cada pessoa age quando é confrontada com situações do
dia a dia. Para ter um relacionamento intrapessoal saudável,
03. O comportamento profissional do servidor público um indivíduo deve exercitar áreas como a autoafirmação,
deve ser orientador por princípios e valores orientados a automotivação, autodomínio e autoconhecimento.
(A) ganhar sempre para o crescimento e engrandecimento
da nação. Intergrupal - Relação desenvolvida entre distintos grupos
(B) resolver os problemas imediatos e depois pensar nos (diferentes departamentos, distintas empresas, etc.).
futuros.
(C) aproveitar as oportunidades, mesmo com incidência de Relações Indivíduo/Organização1
risco de improbidade.
(D) agir se comportar e demonstrar atitudes relacionadas Antes vamos conceituar cada um separadamente:
à tradição dos serviços públicos.
(E) realizar suas atribuições em um ritmo confortável para Organização: é uma coletividade com uma fronteira
si e buscar ter qualidade de vida sempre. relativamente identificável, uma ordem normativa (regras),
níveis de autoridade (hierarquia), sistemas de comunicação e
04. Um serviço de atendimento ao público com qualidade sistemas de coordenação dos membros (procedimentos); essa
exige muito quanto ao desempenho dos coletividade existe em uma base relativamente contínua, está
(A) fornecedores. inserida em um ambiente e toma parte de atividades que
(B) consumidores. normalmente se encontram relacionadas a um conjunto de
(C) funcionários. metas; as atividades acarretam consequências para os
(D) parceiros. membros da organização, para a própria organização e para a
(E) atravessadores. sociedade2.

05. Acerca do atendimento ao público, é correto afirmar Simplificando:


que
(A) o serviço prestado com funcionários bem treinados é Uma organização é um sistema composto por uma
o suficiente para garantir total qualidade do atendimento ao coletividade de recursos como pessoas, informações,
público. conhecimento, instalações, dinheiro, tempo, espaço, entre
(B) a educação, a simpatia e a cortesia pouco influenciam outros. As pessoas são os recursos mais importantes, pois
na garantia de um atendimento de qualidade ao público, pois são os recursos humanos que processam os demais
o que importa, de fato, é o comedimento do funcionário que faz recursos buscando realizar objetivos.
o atendimento.
(C) o ambiente físico e o psicológico, presentes no local A Administração é o processo de tomar decisões que
onde é realizado o atendimento ao público, são irrelevantes faz com que as organizações sejam capazes de utilizar
em relação à qualidade desse atendimento, pois para o cliente corretamente seus recursos para atingir seus objetivos.
o que realmente interessa é a qualidade do produto ou serviço
oferecido. Indivíduo: os indivíduos são as pessoas. O modelo de
(D) boas condições do ambiente em que são atendidos os gestão por competências apresenta que as pessoas são
clientes, atendentes bem preparados e comprometidos com indivíduos dotados de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes.
suas tarefas, bons produtos ou serviços são exemplos de (CHÁ)
requisitos que podem contribuir para assegurar a qualidade
do atendimento ao público. No entanto, sabemos que nem sempre a administração
(E) a qualidade do atendimento ao público é enxergou as pessoas desse modo...
responsabilidade exclusiva do funcionário que o realiza.
Na Administração Científica, por exemplo, o homem era
Respostas tratado como uma extensão da máquina, o conceito de “homo
economicus”, cuja ideia principal é a de que a motivação
01. D. / 02. C. / 03. D. / 04. C. / 05. D. fundamental da pessoa no trabalho é a remuneração.

Relações Humanas no Trabalho Homem Médio e Homem de Primeira Classe: surge o


estudo da administração de operações fabris, no qual Taylor
As Relações Humanas se referem às Relações distingue o homem médio do homem de primeira classe.
Interpessoais, Intrapessoais e Intergrupais.

1Lacombe, B. B. A Relação Indivíduo-Organização: é Possível não se Identificar Recife: Observatório da Realidade Organizacional: PROPAD/UFPE: ANPAD,
com a Organização? In: Encontro de Estudos Organizacionais, Recife. Anais... 2002. 1 CD.
2 HALL, R. H. Organizações: estruturas, processos e resultados. Pearson, 2004.

Conhecimentos Específicos 5
APOSTILAS OPÇÃO

Ao Homem de Primeira Classe deveria ser selecionado ambas as partes, o problema que se apresenta é a
tarefa que lhe fosse mais apropriada e incentivada compreensão das mudanças que a organização e o indivíduo
financeiramente, pois este é altamente motivado e realiza seu terão que sofrer para alcançar a maior energia no esforço
trabalho sem desperdiçar tempo nem restringir sua produção. produtivo.
No entanto, um homem de primeira classe pode tornar-se
ineficiente se lhe faltarem incentivos ou se sofrer pressão do No pressuposto do autor, Elton Mayo, as bases para o
grupo de trabalho para diminuir a produção. maior aproveitamento da energia humana, vale dizer: para a
eficiência, residem na própria incompatibilidade que há entre
Na burocracia apresentada por Weber, o que conta é o os objetivos organizacionais e interesses individuais.
cargo e não a pessoa, por isso devia-se evitar lidar com as
emoções e as irracionalidades humanas. As pessoas devem ser A vivência em grupo (e os objetivos deste) impõe a
promovidas por mérito, e não por ligações afetivas. A organização e a institucionalização do trabalho, que cria
autoridade decorre do cargo ocupado e não da pessoa. papéis e padrões esperados de desempenho e
comportamentos, estabelecendo uma teia de relações que
Foi só na Escola das Relações Humanas, com o estudo podem ser de mando, de lealdade, de confiança, de
de Hawthorne que o indivíduo começou a ser visto como cooperação, servidão, e assim por diante, e posicionando
pessoa que age como membro de um grupo, trata-se de as pessoas em relação a si próprias e em relação aos
uma organização social. outros.

Quando a administração trata bem os funcionários, o Nesse sentido, o exercício da atividade profissional não
desempenho do grupo tende a ser positivo. A administração apenas expressa a singularidade do indivíduo, resultado das
deve observar o comportamento dos grupos, e tratar os suas escolhas, mas também o posiciona no seu grupo social. A
funcionários de forma coletiva, ao incentivar o trabalho em sua mobilidade manifesta o desenvolvimento de suas
equipe. habilidades e a valorização de sua atividade em relação ao seu
Dessa forma, as pessoas são dotadas de conhecimentos, grupo4.
habilidades e atitudes, que variam de pessoa para pessoa, de
acordo com sua formação, experiências e oportunidades. Questões

Portanto, o Movimento das Relações Humanas surge da 01. (IF-PA - Professor – Administração - IF-PA/2015)
crítica à Teoria da Administração Científica e à Teoria Clássica, Em relação à organização informal é INCORRETO afirmar:
porém o modelo proposto não se contrapõe ao taylorismo. (A) é um reflexo de colaboração compulsória, que pode e
Combate o formalismo na administração e desloca o foco da deve ser aplicado a favor da empresa.
administração para os grupos informais e suas inter-relações, (B) os indivíduos criam relações pessoais de simpatia ou
oferecendo incentivos psicossociais, por entender que o ser de antagonismo.
humano não pode ser reduzido a esquemas simples e (C) os padrões de desempenho definidos pelo grupo nem
mecanicistas. sempre correspondem aos da empresa.
(D) apresenta interações e relações, cuja duração e
Elton Mayo3 identificou dois tipos de organização, a natureza transcendem as interações e relações formais.
formal e informal. (E) o indivíduo preocupa-se com o reconhecimento e
aprovação social do grupo à qual pertence.
Organização Formal: é a organização formalizada por
meio de normas e regulamentos escritos e detalhados, com 02. (UFSM - Assistente Administrativo - INSTITUTO
desenho de cargos, ou seja, a especificação dos requisitos e AOCP) Assinale a alternativa que tem por características
atribuições relativas ao cargo, estes seguem uma estrutura regras e regulamentos formalizados por escrito e por
hierárquica ou linha de comando, que atua organizando as estruturas de posições e hierarquia que ordenam as relações
pessoas e os recursos a fim de alcançar determinados entre os indivíduos ou órgãos componentes.
objetivos. Na organização formal, as rotinas de trabalho e os (A) Função administrativa
procedimentos são formalizados, de forma que os funcionários (B) Estrutura administrativa.
saibam como exercer suas tarefas. (C) Administração geral.
(D) Processo administrativo.
Organização Informal: diferente da organização formal, (E) Organização formal.
que é criada para atingir os objetivos da empresa, a
organização informal não possui normas e regulamentos 03. (ALGÁS - Assistente Técnico - Administração e
formais. A organização informal nasce dos relacionamentos Finanças - COPEVE-UFAL) Qual das opções abaixo elencadas
das pessoas que possuem interesses em comum ou que é característica da Teoria das Relações Humanas nas
compartilham valores semelhantes. A convivência dos organizações?
funcionários distribuídos nos diversos níveis hierárquicos (A) O incentivo é financeiro.
revelam amizades e diferenças entre as pessoas. A organização (B) A unidade de análise é o cargo
informal serve para atender às necessidades sociais, de (C) O modelo de homem é econômico-racional.
relacionamento das pessoas. Por exemplo: a turma do (D) O Conceito de organização é de estrutura formal.
cafezinho, o pessoal do futebol de sábado, o pessoal do (E) O comportamento do indivíduo é não padronizável.
barzinho, etc.
04. (IGP-SC - Auxiliar Pericial – Criminalístico – IESES)
Assim, com a integração, o que as organizações têm a Para um bom relacionamento humano no ambiente de
ganhar é o maior aproveitamento da energia humana de que trabalho, algumas atitudes devem ser evitadas, como:
dispõem. E, porque o processo de integração implica cessão de (A) Respeito à diversidade.

3George Elton Mayo (1880 - 1949) foi um psicólogo australiano, sociólogo e poderiam influenciar uma situação de trabalho, tornando-se reconhecido por
pesquisador das organizações. Como professor da Harvard Business School, esses experimentos.
entre 1923 e 1926 realizou a destacada pesquisa que popularizou-se como 4http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-

Hawthorne Studies, revelando a importância de considerar os fatores sociais que 75901976000200008&script=sci_arttext

Conhecimentos Específicos 6
APOSTILAS OPÇÃO

(B) Empatia. - O que dizer; - A quem dizer; - Quando dizer; - Com que
(C) Simpatia. frequência; - De que forma; - Por que meio de comunicação,
(D) Apatia. entre outras.
Portanto, deve ser considerada a forma da estrutura
05. (Prefeitura de Piracuruca-PI - Auxiliar organizacional da empresa para atender às suas necessidades.
Administrativo – IVIN) São atos referentes a uma boa
estratégia de relações humanas, exceto: Elementos da comunicação clássicos
(A) Aprimoramento do auto-conhecimento
(B) Conhecer o ambiente Emissor – qualquer ser capaz de produzir e transmitir
(C) Emitir conclusões precipitadas uma mensagem.
(D) Ser paciente e tolerante Receptor – qualquer ser capaz de receber e interpretar
(E) Conheça bem a empresa e as pessoas essa mensagem.
Mensagem – trata-se do conteúdo que será transmitido, as
Respostas informações que serão transmitidas ao (s) receptor (es).
Qualquer coisa que o emissor envie com a finalidade de passar
01. A / 02. E / 03. E / 04. D / 05. C informações
Código – o modo como a mensagem é transmitida (escrita,
COMUNICAÇÃO, COMUNICAÇÕES ORGANIZACIONAIS, fala, gestos, etc.)
EFICÁCIA NAS COMUNICAÇÕES ADMINISTRATIVAS Canal – é a fonte de transmissão da mensagem (revista,
livro, jornal, rádio, TV, ar, etc.)
A comunicação nas organizações pode estar relacionada Contexto – situação que envolve emissor e receptor
aos aspectos interpessoais, organizacionais e sociais, bem Ruído – são elementos que interferem na compreensão da
como aos processos, pessoas, mensagens e significados mensagem que está sendo transmitida, podem ser
(MARCHIORI, 2011). ocasionados pelo ambiente interno ou externo. Pode ser tanto
Quando o processo comunicacional das empresas é barulhos de uma maneira geral, uma palavra escrita
bem definido, aumenta-se a eficiência, a satisfação e a incorretamente, uma dor de cabeça por parte do emissor como
qualidade de todas as relações interpessoais. do receptor, uma distração, um problema pessoal, gírias,
É uma dessas coisas que todo mundo sabe o que é, mas neologismos, estrangeirismos, etc., podem interferir no
ninguém consegue definir com precisão. perfeito entendimento da comunicação.
É o ato de comunicar algo ou de comunicar-se (com Retroalimentação ou Feedback – é o processo onde
alguém). O verbo vem do latim communicare, que significa ocorre a confirmação do entendimento ou compreensão do
participar, fazer, saber, tornar comum. Quando eu comunico que foi transmitido na comunicação.
alguma coisa a alguém essa coisa se torna comum a ambos.
Quando se publica uma notícia ela passa a fazer parte da Exemplos de comunicação feita por um Emissor
comunidade. Comunicação, comunhão, comunidade são dentro de uma organização.
palavras que têm a mesma raiz e estão relacionadas à mesma - Divulgar para os funcionários a festa de confraternização
ideia de algo compartilhado. de final de ano.
A assertividade5 é o principal princípio da comunicação, - Convidar os funcionários para a festa.
assertividade é a capacidade de nos expressarmos aberta e - Divulgar as restrições que poderá exigir essa
honestamente, sem negarmos os direitos dos outros. confraternização.
Bons líderes são bons comunicadores. Ser um bom - Informar os funcionários dos brindes e brincadeiras.
comunicador não significa apenas ter habilidade de um grande - Agradecer antecipadamente pelo ano que se encerrou e a
orador. É necessário ter assertividade na hora de expor suas presença dos funcionários.
ideias. O bom comunicador nunca dá margem à dúvida, ele é - Entre várias outras mensagens.
claro e conciso. Assim, os líderes de sucesso são bons
comunicadores, pois possuem assertividade em expressar-se. Algumas considerações necessárias para uma
Na comunicação, o comportamento não assertivo ou o comunicação eficaz:
agressivo, raramente consegue fazer com que atinjamos o -Identificação do Público alvo – é importante considerar
nosso objetivo. A pessoa não assertiva acaba perdendo o nível social, há que grupo que pertence de atitudes, religiões
negócios, clientes e amigos, pois sua comunicação gera e crenças desse público.
ressentimentos e hostilidade. Já a pessoa assertiva, pode -Elaborar a mensagem – Verificar estrutura, formato e o
expressar discordância e insatisfação, mas, ao fazê-lo, próprio texto.
direciona esses sentimentos ao comportamento e não à -Determinar os objetivos da comunicação – o que
pessoa, sem constrangimento ou ansiedade; faz com que esta deseja comunicar e para qual tipo de público.
saiba exatamente o que deseja ou precisa sem tentar dominar, -Selecionar os meios de comunicação – Cada meio traz
humilhar ou insultar. um benefício diferente e com velocidade dos resultados
A assertividade deve ser treinada. Quando estamos diferentes e com custo diferenciado que deve ser considerado
dispostos a desenvolver uma área que favorece tanto nosso no que busca com o resultado a ser atingido. Ela poderá se
crescimento profissional quanto pessoal, abrimos espaço para pessoal ou por meio de propaganda através de mídias.
o conhecimento. Assim, investir em nós mesmos significa -Medir e avaliar a resultada do sistema de
evoluir e alcançar com sucesso nossos objetivos. comunicação – Deverá avaliar o resultado atingindo no
Principalmente se um deles é tornar-se um bom líder. projeto elaborado nos sentido de custos, em melhoria para a
empresa, e as considerações para melhorar a propaganda ou o
Sistemas Comunicacionais6, deve ser considerado: projeto de comunicação.

Comunicação Formal

5 Comunicação assertiva. Disponível em: 6

http://www.ibccoaching.com.br/blog/gestao-de-rh/comunicacao-assertiva- http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/cm/article/viewFile/11624/6664
desenvolva-uma-comunicacao-clara-e-reduza-conflitos/. Acesso em 08 de abril
de 2014.

Conhecimentos Específicos 7
APOSTILAS OPÇÃO

A comunicação formal é a comunicação que ocorre por -A adequação dos trabalhadores ao aumento da
meio dos canais de comunicação formalmente existentes no competição no mercado;
organograma da empresa, derivada da alta administração. A -A defesa dos interesses junto ao governo e aos políticos
mensagem é transmitida e recebida pelos canais formalmente (lobby);
estabelecidos pela empresa na sua estrutura organizacional. É -O encaminhamento de questões sindicais e relacionadas à
o tipo de comunicação oficial, seja ela interna ou externa, preservação do meio ambiente etc.
sendo quase toda feita por escrito e devidamente registrada
através de correspondências ou formulários. Podemos Comunicação integrada
exemplificar os comunicados gerais da empresa, postados em A comunicação integrada vai além. “Pressupõe não apenas
quadros ou murais com essa finalidade. um diálogo produtivo, mas um planejamento conjunto. O
processo de tomada de decisões, que deve incluir outras
Comunicação informal7 instâncias da empresa ou entidade que não as vinculadas
No caso da comunicação informal, é aquela que surge especificamente à comunicação/marketing, deve ser
espontaneamente através da estrutura informal e fora dos compartilhado, ainda que haja um chefe, um superintendente
canais de comunicação oficiais estabelecidos pelo ou diretor geral a que todos se reportam”, conforme
organograma, abordando todo tipo de relação social entre os argumentam os autores Cláudio Silva, Flávia Schroeder,
colaboradores. É a forma cujo qual os funcionários obtém mais Luciana Costa, Mariana Cumming e Ticiana Diniz, no artigo
informações, por meio de boatos rumores e conversas. A ‘Comunicação Integrada como Ferramenta de Gestão’.
comunicação informal aborda mensagens que podem ou não O resultado da comunicação integrada é
ter relações às atividades de uma organização. Por meio desta uma imagem institucionalizada bem mais alinhada, mais
pode-se obter mais rapidamente a mensuração de opiniões e global – como apontam autores já citados -, evidenciado cada
insatisfações dos colaboradores, ao ter uma ideia mais ampla setor da corporação, suas atividades e especificidades. E, ainda
do clima organizacional e da reação das pessoas aos processos que seja algo novo no mercado, esta não é apenas uma opção,
de mudança. mas uma necessidade e um diferencial em uma organização.
Uma tendência que aponta para o futuro.
A comunicação interna
É comumente entendida como um processo de trocas entre Barreiras na Comunicação8
os colaboradores de uma organização, envolvendo toda a Segundo Lopes (2004), as barreiras na comunicação
equipe no processo comunicativo e pulverizando os conteúdos podem estar presentes em todo e em qualquer processo de
informativos, seja de forma vertical e horizontal. A comunicação. Pode-se dizer que é mais provável que ocorra
comunicação interna é uma ferramenta fundamental para as interferência quando a mensagem é complexa, provoca
organizações no que se refere à obtenção de excelentes emoções ou se choca com o estado mental do receptor. Dessa
resultados como: aumento de produtividade e ganho forma, faz-se necessário descrever, de modo sucinto, alguns
financeiro. Porém, quando há falhas ou barreiras na aspectos que interferem:
comunicação interna, gera vários transtornos que podem levar
a organização ao descrédito, ou até mesmo ao fracasso. A - Semântica: está relacionado ao significado diferente que
comunicação quando mal feita ou feita de forma insatisfatória as pessoas vinculam às palavras, nesta situação, é provável que
gera ruído, insegurança, desmotivação e falta de um sujeito atribua um significado errado a uma palavra ou a
comprometimento dos clientes internos. O importante é que uma comunicação não-verbal.
muitas vezes essa comunicação precisa ser levada a sério, mas - Filtragem da informação negativa: ocorre
antes disso precisa se mostrar estratégica para os gestores. principalmente de baixo para cima e tende a filtrar os efeitos
Sendo assim, A função básica da comunicação é tornar negativos para não desagradar aos superiores. Além disso, a
comum, desde os mais altos cargos da empresa até o “chão de filtragem ocorre quando há um histórico de punições por parte
fábrica” quais são os planos, as metas e os objetivos da gerência executiva com os portadores de más notícias e
estabelecidos. Depois disso, vem o passo seguinte, que é o de também quando uma mensagem é passada por várias pessoas,
envolver os funcionários e levá-los a contribuir para a causando perda de informações e distorções da mensagem
concretização destes. A comunicação interna promove a original.
interação e integração das pessoas, departamentos e áreas, - Credibilidade do transmissor: é um dos elementos
para que todos caminhem na mesma direção, em busca do fundamentais para uma liderança eficaz. Quanto mais
mesmo alvo. confiável for a fonte ou transmissor, maior será aceitação da
mensagem.
A comunicação externa - Sinais misturados: estão intimamente associados à
A comunicação externa por outro lado, possui um caráter postura do gestor e àquilo que ele enuncia, ou seja, é
ainda mais institucionalizado e hierarquizado. Isto acontece necessário apresentar coerência entre o que ele fala e como se
porque, nesses casos, há um segundo filtro dentro da comporta.
organização – nem tudo que é relevante para o público interno - Diferentes estruturas de referência: envolve pontos de
é para o externo. E, ao contrário da comunicação interna, que vista e perspectivas baseadas em experiências passadas.
visa integrar a equipe, a externa visa levar a organização ao - Julgamento de valor: é fazer julgamentos antes de
conhecimento público, a ser vista e reconhecida como tal. Essa receber a mensagem completamente. Um julgamento
comunicação se dá muitas vezes através do trabalho de apressado induz a pessoa a ouvir apenas a parte que lhe
assessoria de imprensa. A comunicação externa é importante interessa. É possível que um precipitado julgamento de valor
para a visibilidade de qualquer organização. leve o indivíduo a imediatamente desconsiderar a mensagem,
Dentre os objetivos da comunicação externa, podemos mesmo após tê-la ouvido em sua totalidade.
destacar: - Sobrecarga de comunicação: refere-se à questão que os
-A construção da imagem institucional da empresa; funcionários precisam receber informações para
-Atender às exigências dos consumidores mais conscientes desempenhar os seus trabalhos e a barreira é quando não se
de seus direitos; passa a informação necessária para execução da tarefa ou se

7Watanabe. C, Comunicação Formal e Informal. 2009. um estudo de caso nas empresas do grupo Fortes de Serviço. Trabalho de
8 LOPES, Fabiana Mendonça. Aspectos sociológicos do comportamento Conclusão de Curso de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará,
organizacional com foco nos processos de liderança, motivação, comunicação: 2004.

Conhecimentos Específicos 8
APOSTILAS OPÇÃO

passa informação demais, ocasionando uma sobrecarga de O artigo 220 afirma que “a manifestação do pensamento, a
informação em que os funcionários não conseguem absorver criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,
tudo. Aqui cabe ressaltar que a comunicação eletrônica processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição”. Nesse
contribui para o problema do excesso de informação, à medida sentido, assinale a alternativa que explica de que forma a
que facilita as transmissões de informações e também devido comunicação é importante em nossa vida pessoal.
a sua velocidade e alcance. (A) Ela prejudica a compreensão do mundo ao nosso
redor, assim como as nossas relações com a família e os
Para obter melhores resultados no processo da amigos. A comunicação atrapalha nossos conhecimentos e
comunicação é necessário saber ouvir, falar, ter habilidade diminui nossa visão do mundo.
para transmitir uma mensagem utilizando linguagem (B) Ela ajuda a compreender melhor a visão do outro e a
adequada, e possuir também habilidade de leitura e melhorar nossas relações com a família e os amigos. No
compreensão. A comunicação eficiente é muito mais do que o entanto, a comunicação empobrece nosso conhecimento e
emprego de uma mesma linguagem, uma vez que envolve diminui nossa visão do mundo.
identificação, reconhecimento e respeito às diferenças entre (C) Ela atrapalha a compreensão do mundo ao nosso redor
indivíduos no que se refere aos modos de pensar, sentir e agir. assim como as nossas relações com a família e os amigos. A
Por meio do processo de comunicação organizacional é comunicação enriquece nossos conhecimentos e amplia nossa
possível encorajar ideias, diálogos, parcerias, mudanças e visão do mundo.
envolvimento emocional, pois as relações interpessoais são a (D) Ela ajuda a compreender melhor a visão do outro e a
alma da empresa, capazes de gerar um maior melhorar nossas relações com a família e os amigos. A
comprometimento de todos, para melhores índices de comunicação enriquece nossos conhecimentos e amplia nossa
qualidade e produtividade. visão do mundo.

Questões 04. (SEDF - Analista de Gestão Educacional -


Comunicação Social – CESPE/2017) A respeito da
01. (IF-TO - Professor Administração - IF-TO/2016) comunicação organizacional, julgue o item a seguir.
Comunicação é considerada uma ferramenta essencial no A insuficiência de informações por canais formais é um dos
processo de administração que envolve duas vias que contêm motivos para a formação de canais informais de comunicação
elementos interligados. São eles: nas organizações.
(A) fonte; distorção; redes de comunicação; barreiras; ( ) Certo ( ) Errado
receptor.
(B) fonte; redes de comunicação; filtragem; decodificação; 05. (FUNPRESP-EXE - Analista - Área Administrativa –
receptor. CESPE/2016) A respeito dos processos de comunicação,
(C) fonte; seletividade; linguagem; expressões; receptor. descentralização e delegação concernentes à liderança
(D) fonte; contato visual; filtragem; seletividade; receptor. administrativa, julgue o item seguinte.
(E) fonte; codificação; canal; decodificação; receptor. Um líder que se comunica de maneira clara e fluente
garante a eficácia da comunicação com os receptores da
02. (IF-CE - Administrador - IF-CE/2016) A comunicação mensagem, ainda que eles não a compreendam.
parece ser aparentemente um processo muito simples, porque ( ) Certo ( ) Errado
as pessoas se comunicam entre si, sem fazer qualquer esforço
ou sequer tomar consciência disso. Na realidade, a
comunicação é um processo complexo, e as possibilidades de
enviar ou receber mensagens de maneira errada ou distorcida
são numerosas. O processo de comunicação consiste em seis Respostas
modelos fundamentais. Está explicado incorretamente o
modelo da opção 01. E / 02. B / 03. D / 04. Certo / 05. Errado
(A) fonte é a pessoa, grupo ou organização que deseja
transmitir alguma ideia ou informação através de uma Correspondência oficial de documentos e/ou modelos
mensagem. A fonte dá início ao processo, e a mensagem pode utilizados, mensagens eletrônicas, atendimento
comunicar informação, atitudes, comportamentos, telefônico, formulários, cartas comerciais, fraseologia
conhecimento ou alguma emoção ao destinatário. A fonte adequada, redação oficial (ata, atestado, aviso, cartaz,
codifica a sua ideia – através de palavras, gestos, sinais, cartazete, certidão, convocação, declaração, memorando,
símbolos –, escolhendo os meios adequados para enviar a parecer, requerimento, relatório), abreviações, formas
mensagem. de tratamento.
(B) transmissor é o meio ou aparelho que decodifica ou
interpreta a mensagem, para oferecer um significado Prezado candidato(a), para que seu estudo fique mais
percebido. linear e lógico, apresentaremos a seguir a Redação Oficial
(C) destino é a pessoa, grupo ou organização que deve e dentro dela já contemplaremos a correspondência oficial
receber a mensagem e compartilhar do seu significado. Para e todos os documentos solicitados além dos demais
confirmar a comunicação, o destino ou destinatário deve assuntos, os quais já são esclarecidos pela Redação Oficial,
proporcionar retroação ou retroinformação. logo, não seguiremos a ordem do edital, mas abrangeremos
(D) ruído é o termo que indica qualquer distúrbio todos os assuntos solicitados.
indesejável dentro do processo de comunicação e que afeta a
mensagem enviada pela fonte ao destino. Redação Oficial
(E) canal é o meio escolhido através do qual a mensagem
flui entre a fonte e o destino. É o espaço ou ambiente que Redação técnica popularmente conhecida como Redação
medeia os elementos envolvidos no processo de comunicação. Oficial é formada por um conjunto de normas e práticas que
devem reger a emissão dos atos normativos e comunicações
03. (CISMEPAR – PR - Técnico Administrativo – do poder público, entre seus diversos organismos ou nas
FAUEL/2016) Em seu Artigo 5°, a Constituição Federal de relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos.
1988 trata da liberdade de expressão e do acesso à informação.

Conhecimentos Específicos 9
APOSTILAS OPÇÃO

A Redação Oficial inscreve-se na confluência de dois - da morfologia: “interviu” em vez de interveio.


universos distintos: a forma rege-se pelas ciências da - da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de
linguagem (morfologia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o despercebido (não percebido, sem ser notado).
conteúdo submete-se aos princípios jurídico-administrativos - pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês):
impostos à União, aos Estados e aos Municípios, nas esferas “mise-en-scène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês):
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. “delivery” em vez de entrega em domicílio.
Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação
Oficial deve ter as qualidades e características exigidas do - Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões
texto escrito destinado à comunicação impessoal, objetiva, anacrônicas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira,
clara, correta e eficaz. depressa.
Por ser "oficial", expressão verbal dos atos do poder
público, essa modalidade de redação ou de texto subordina-se - Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de
aos princípios constitucionais e administrativos aplicáveis a acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não foram
todos os atos da administração pública, conforme estabelece o incorporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel,
artigo 37 da Constituição Federal: que não se pode mexer; “talqualmente” em vez de igualmente.

"A administração pública direta e indireta de qualquer dos - Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser:
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos - de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, sobraram.
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)". - de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em
vez de ao lucro.
A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir - de colocação: “não tratava-se” de um problema sério em
na produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vez de não se tratava.
vezes, não há como separar uma do outro. Indicam-se, a seguir,
alguns pressupostos de como devem ser redigidos os textos - Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O
oficiais. desconhecido falou-me de sua mãe. (Mãe de quem? Do
desconhecido? Do interlocutor?)
Padrão culto do idioma – A Fraseologia Adequada
- Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de
A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma duas ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio
quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura por cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada).
gramatical das orações) e à morfologia (ortografia, acentuação
gráfica etc.). - Pleonasmo: Informação desnecessariamente
Por padrão culto do idioma deve-se entender a língua redundante. Exemplos: As pessoas pobres, que não têm
referendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações dinheiro, vivem na miséria; Os moralistas, que se preocupam
formais de comunicação. Devem-se excluir da Redagão Oficial com a moral, vivem vigiando as outras pessoas.
a erudição minuciosa e os preciosismos vocabulares que criam
entraves inúteis à compreensão do significado. Não faz sentido A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador
usar “perfunctório” em lugar de "superficial" ou "doesto" em linguístico dotado de um repertório vocabular e de uma
vez de "acusação" ou "calúnia". São descabidos também as articulação verbal minimamente compatíveis com o registro
citações em língua estrangeira e os latinismos, tão ao gosto da médio da linguagem. Nesse sentido, deve ser um texto neutro,
linguagem forense. Os manuais de Redação Oficial, que vários sem facilitações que intentem suprir as deficiências cognitivas
órgãos têm feito publicar, são unânimes em desaconselhar a de leitores precariamente alfabetizados.
utilização de certas formas sacramentais, protocolares e de Como exceção, citam-se as campanhas e comunicados
anacronismos que ainda se leem em documentos oficiais, destinados a públicos específicos, que fazem uma aproximação
como: "No dia 20 de maio, do ano de 2011 do nascimento de com o registro linguístico do público-alvo. Mas esse é um
Nosso Senhor Jesus Cristo", que permanecem nos registros campo que refoge aos objetivos deste material, para se inserir
cartorários antigos. nos domínios e técnicas da propaganda e da persuasão.
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível de
neologismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem compreensão de leitores precariamente equipados quanto à
oral, bem como as abreviações e imagens sígnicas comuns na linguagem, fica evidente o fato de que a alfabetização e a
comunicação eletrônica. capacidade de apreensão de enunciados são condições
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, inerentes à cidadania. Ninguém é verdadeiramente cidadão se
jornalísticos ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito não consegue ler e compreender o que leu. O domínio do
estético nem à originalidade. Ao contrário, impõe idioma é equipamento indispensável à vida em sociedade.
uniformidade, sobriedade, clareza, objetividade, no sentido de
se obter a maior compreensão possível com o mínimo de Impessoalidade e Objetividade
recursos expressivos necessários. Portarias lavradas sob
forma poética, sentenças e despachos escritos em versos Ainda que possam ser subscritos por um ente público
rimados pertencem ao “folclore” jurídico-administrativo e são (funcionário, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do
práticas inaceitáveis nos textos oficiais. São também poder público e é em nome dele que o emissor se comunica,
inaceitáveis nos textos oficiais os vícios de linguagem, sempre nos termos da lei e sobre atos nela fundamentados.
provocados por descuido ou ignorância, que constituem Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do “eu”
desvios das normas da língua-padrão. Enumeram-se, a seguir, enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou
alguns desses vícios: opiniões. Mesmo quando o agente público manifesta-se em
primeira pessoa, em formas verbais comuns como: declaro,
- Barbarismos: São desvios: resolvo, determino, nomeio, exonero etc., é nos termos da lei
- da ortografia: “advinhar” em vez de adivinhar; “excessão” que ele o faz e é em função do cargo que exerce que se
em vez de exceção. identifica e se manifesta.
- da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.

Conhecimentos Específicos 10
APOSTILAS OPÇÃO

O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o enumerações, gradações, repetições enfáticas já foram
objeto da informação. A impessoalidade contribui para a considerados virtudes estilísticas. Atualmente, a velocidade
necessária padronização, reduzindo a variabilidade da que se impõe a tudo o que se faz, inclusive ao escrever e ao ler,
linguagem a certos padrões, sem a presença destes cada texto tornou esses recursos quase sempre obsoletos. Hoje, a
seria suscetível de inúmeras interpretações. concisão, a economia vocabular, a precisão lexical, ou seja, a
Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O eficácia do discurso, são pressupostos não só da Redação
adjetivo, ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juízo de Oficial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo
valor pessoal do emissor. São inaceitáveis também a “enxuto” de Graciliano Ramos, de Carlos Drummond de
pontuação expressiva, que amplia a significação (! ... ), ou o Andrade, de João Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan,
emprego de interjeições (Oh! Ah!), que funcionam como mestres da linguagem altamente concentrada.
índices do envolvimento emocional do redator com aquilo que Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e
está escrevendo. “exórdios” que se repetiam como ladainhas nos textos oficiais,
Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo como o exemplo risível e caricato que segue:
individual é estimulado e serve como diferencial das
qualidades autorais, a função pública impõe a “Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz
despersonalização do sujeito, do agente público que emite a que nos valhamos do ensejo para congratularmo-nos com Vossa
comunicação. São inadmissíveis, portanto, as marcas Excelência pela oportunidade da medida proposta à apreciação
individualizadoras, as ousadias estilísticas, a linguagem de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor
metafórica ou a elíptica e alusiva. A Redação Oficial prima pela público, para abordar questões de tamanha complexidade, a
denotação, pela sintaxe clara e pela economia vocabular, ainda respeito das quais divergem os hermeneutas e exegetas.
que essa regularidade imponha certa "monotonia burocrática" Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das
ao discurso. causas primeiras, que fundamentaram a proposição
Reafirma-se que a intermediação entre o emissor e o tempestivamente encaminhada por Vossa Excelência,
receptor nas Redações Oficiais é o código linguístico, dentro do indispensável se faz uma abordagem preliminar dos
padrão culto do idioma; uma linguagem "neutra", referendada antecedentes imediatos, posto que estes antecedentes
pelas gramáticas, dicionários e pelo uso em situações formais, necessariamente antecedem os consequentes”.
acima das diferenças individuais, regionais, de classes sociais
e de níveis de escolaridade. Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.

Formalidade e Padronização A correspodência Oficial de Documentos (As


Comunicações Oficiais)
As comunicações oficiais impõem um tratamento polido e
respeitoso. Na tradição ibero-americana, afeita a títulos e a
tratamentos reverentes, a autoridade pública revela sua Correspondência é o diálogo escrito entre transmissor e
posição hierárquica por meio de formas e de pronomes de receptor, que pode ocorrer entre duas ou mais pessoas ou
tratamento sacramentais. “Excelentíssimo”, “Ilustríssimo”, entidades. A correspondência é um tipo de redação, que tem a
“Meritíssimo”, “Reverendíssimo” são vocativos que, em finalidade de levar algum tipo de conhecimento ao receptor e
algumas instâncias do poder, tornaram-se inevitáveis. constituir um testemunho do acontecimento.
Entendase que essa solenidade tem por consideração o cargo, Há três tipos de correspondência:
a função pública, e não a pessoa de seu exercente.
Vale lembrar que os pronomes de tratamento são  Particular – É a que ocorre entre indivíduos (amigos,
obrigatoriamente regidos pela terceira pessoa. São erros familiares, pessoas do convívio social), e pode apresentar
muito comuns construções como “Vossa Excelência sois diversos graus de formalidade, desde o caráter íntimo até um
bondoso(a)”; o correto é “Vossa Excelência é bondoso(a)”. certo grau de formalismo. Por isso ela pode ser familiar ou
A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que os íntima e cerimoniosa. Os objetivos desse tipo de
textos oficiais procuravam revestir-se de um tom solene e correspondência podem variar: pedir ou expor notícias,
cerimonioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e solicitar favores, agradecer ou declarar sentimentos, dentre
pedante, salvo em algumas peças oratórias envolvendo outros. A linguagem é informal e espontânea e pode
tribunais ou juizes, herdeiras, no Brasil, da tradição retórica de apresentar diversos graus de formalidade, desde o caráter
Rui Barbosa e seus seguidores. íntimo até certo grau.
Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação  Empresarial – É a trocada entre empresas ou entre estas
Oficial é a necessidade prática de padronização dos e pessoas físicas ou jurídicas. Refere-se geralmente a
expedientes. Assim, as prescrições quanto à diagramação, transações comerciais, industriais e financeiras (assuntos
espaçamento, caracteres tipográficos etc., os modelos sobre investimentos bancários, empréstimos, cobrança de
inevitáveis de ofício, requerimento, memorando, aviso e duplicatas, divulgação de produtos etc.). A linguagem é
outros, além de facilitar a legibilidade, servem para agilizar o objetiva
andamento burocrático, os despachos e o arquivamento.  Oficial – se entre órgãos do serviço público civil ou
É também por essa razão que quase todos os órgãos militar. Independentemente do tipo de correspondência que
públicos editam manuais com os modelos dos expedientes que mantenha você não pode deixar de estar atento a seu texto,
integram sua rotina burocrática. A Presidência da República, a verificando a clareza, a concisão, a coerência, a adequação da
Câmara dos Deputados, o Senado, os Tribunais Superiores, linguagem e a correção gramatical, observando, enfim, se ele
enfim, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário têm os traduz seu pensamento, a mensagem que você quer transmitir.
próprios ritos na elaboração dos textos e documentos que lhes Por possuírem normas fixas de elaboração, as
são pertinentes. correspondências empresarial e oficial não apresentam
grandes dificuldades para quem precisa redigi-las.
Concisão e Clareza Existem mesmo alguns modelos impressos prontos para
serem preenchidos. É claro, então, que trata-se de redações
Houve um tempo em que escrever bem era escrever formais, que seguem normas predeterminadas. Alguns
"difícil". Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos aspectos, contudo, podem ser modificados e as organizações
raros, inversões sintáticas, adjetivação intensiva,

Conhecimentos Específicos 11
APOSTILAS OPÇÃO

podem inovar, segundo suas necessidades, ou mesmo cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos
características particulares. Governos Estaduais; Prefeitos Municipais.
Os documentos redigidos serão a imagem de sua - Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores;
organização. Assim, a correspondência bem elaborada, além Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais
de utilizar linguagem concisa e direta, deverá seguir a estética e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
moderna, mais agradável e facilitadora da leitura. Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
Quando falamos de correspondência oficial, é comum o uso - Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais
do termo comuniação oficial também, que segue a mesma Superiores; Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da
linha de raciocínio que correspondência Oficial. A redação das Justiça Militar.
comunicações oficiais obedece a preceitos de objetividade,
concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, padronização Abreviatura das formas de tratamento
e correção gramatical.
Além dessas, há outras características comuns à
comunicação oficial, como o emprego de pronomes de A forma por extenso demonstra maior respeito, maior
tratamento, o tipo de fecho (encerramento) de uma deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida ao
correspondência e a forma de identificação do signatário, Presidente da República. Fique claro, no entanto, que qualquer
conforme define o Manual de Redação da Presidência da forma de tratamento pode ser escrita por extenso,
República. Outros órgãos e instituições do poder público independentemente do cargo ocupado pelo destinatário.
também possuem manual de redação próprio, como a Câmara
dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações Pronomes de Tratamento mais usados nas Redações
Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário Oficiais:
etc.
1. Autoridades de estado
Pronomes de Tratamento (Formas de Tratamento)
Civis
A regra diz que toda comunicação oficial deve ser formal e Pronome de Abreviatura Usado para
polida, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, tratamento
como também às normas de educação e cortesia. Para isso, é
fundamental o emprego de pronomes de tratamento, que Vossa Excelência V. Ex.a Presidente da República,
devem ser utilizados de forma correta, de acordo com o Senadores da República,
destinatário e as regras gramaticais. Ministro de Estado,
Embora os pronomes de tratamento se refiram a segunda Governadores, Deputados
pessoa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é Federais e Estaduais,
feita em terceira pessoa. Prefeitos, Embaixadores,
Vereadores, Cônsules,
Concordância verbal: Chefes das Casas Civis e
Vossa Senhoria falou muito bem. Casas Militares
Vossa Excelência vai esclarecer o tema. Vossa V. Magª. Reitores de Universidade
Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião. Magnificência
Vossa Senhoria V. S.ª Diretores de Autarquias
Concordância pronominal:
Federais, Estaduais e
Pronomes de tratamento concordam com pronomes
Municipais
possessivos na terceira pessoa.
Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”).
Judiciárias
Concordância nominal: Pronome de Abreviatura Usado para
Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que tratamento
se refere o pronome de tratamento.
Vossa Excelência V. Ex.a Desembargador da Justiça,
Vossa Excelência ficou confuso. (para homem)
curador, promotor
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher)
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem) Meritíssimo Juiz M. Juiz ou Juízes de Direito
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher) Ou Vossa V.Ex.ª
Excelência
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela).
Vossa Excelência - com quem se fala (você) Militares
Pronome de Abreviatura Usado para
Emprego dos Pronomes de Tratamento
tratamento
As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da Vossa Excelência V. Ex.a Oficiais generais (até
Presidência da República. coronéis)
Vossa Senhoria V. S.a Outras patentes militares
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as
seguintes autoridades:
2. AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice- Pronome de Abreviatura Usado para
presidenIe da República; Ministros de Estado; Governadores e tratamento
vice-governadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais Vossa Santidade V. S. Papa
generais das Forças Armadas; Embaixadores;
Secretários-executivos de Ministérios e demais ocupantes de Vossa Eminência V. Em.ª Cardeais, arcebispos e
Reverendíssima Revm.ª bispos

Conhecimentos Específicos 12
APOSTILAS OPÇÃO

Vossa V. Revmª Abades, superiores de No envelope, deve constar do endereçamento:


Reverendíssima conventos, outras Ao Senhor
autoridades eclesiásticas e Fulano de Tal
sacerdotes em geral Rua ABC, nº 123
70123-000 – Curitiba. PR
3. AUTORIDADES MONÁRQUICAS
Conforme o Manual de Redação da Presidência, em
Pronome de Abreviatura Usado para comunicações oficiais “fica dispensado o emprego do
tratamento superlativo Ilustríssimo para as autoridades que recebem o
Vossa Majestade V. M. Reis e Imperadores tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente
o uso do pronome de tratamento Senhor. O Manual também
Vossa Alteza V. A. Príncipes esclarece que “doutor não é forma de tratamento, e sim título
acadêmico”. Por isso, recomenda-se empregá-lo apenas em
4. OUTROS TÍTULOS comunicações dirigidas a pessoas que tenham concluído curso
Pronome de Abreviatura Usado para de doutorado. No entanto, ressalva-se que “é costume designar
tratamento por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em
Direito e em Medicina”.
Vossa Senhoria V. S.ª Dom
Doutor Dr. Doutor Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigido a
reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:
Comendador Com. Comendador
Magnífico Reitor.
Professor Prof. Professor
Fontes: http://www.pucrs.br/manual Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado
em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo
Vocativos correspondente é: Santíssimo Padre.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São
aos chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo os pronomes empregados em comunicações dirigidas a
respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; cardeais. Os vocativos correspondentes são: Eminentíssimo
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Cardeal.
Federal.
As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Nas comunicações oficiais para as demais autoridades
Senhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Senhor eclesiásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima
Senador / Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; (para arcebispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa
Senhor Ministro / Senhora Ministra; Senhor Governador / Senhoria Reverendíssima (para monsenhores, cônegos e
Senhora Governadora. superiores religiosos); Vossa Reverência (para sacerdotes,
clérigos e demais religiosos).
Endereçamento
Fechos para Comunicações
De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no
envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das
autoridades tratadas por Vossa Excelência, deve ter a seguinte comunicações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de
forma: arrematar o texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho
é a maneira de quem expede a comunicação despedir-se de seu
A Sua Excelência o Senhor destinatário.
Fulano de Tal Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual
Ministro de Estado da Justiça Manual de Redação da Presidência da República, havia 15
70064-900 - Brasília. DF padrões de fechos para comunicações oficiais. O Manual
simplificou a lista e reduziu-os a apenas dois para todas as
A Sua Excelência o Senhor modalidades de comunicação oficial. São eles:
Senador Fulano de Tal
Senado Federal Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive
70165-900 - Brasília. DF o presidente da República.
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia
A Sua Excelência o Senhor ou de hierarquia inferior.
Fulano de Tal
Juiz de Direito da l0ª Vara Cível “Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas
Rua ABC, nº 123 a autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição
01010-000 - São Paulo. SP próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do
Ministério das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação
Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em da Presidência da República.
comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento A utilização dos fechos “Respeitosamente” e
digníssimo (DD) às autoridades na lista anterior. A dignidade “Atenciosamente” é recomendada para os mesmos casos pelo
é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, Manual de Redação da Câmara dos Deputados e por outros
sendo desnecessária sua repetida evocação”. manuais oficiais. Já os fechos para as cartas particulares ou
informais ficam a critério do remetente, com preferência para
Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado a expressão “Cordialmente”, para encerrar a correspondência
para as demais autoridades e para particulares. O vocativo de forma polida e sucinta.
adequado é: Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.

Conhecimentos Específicos 13
APOSTILAS OPÇÃO

Identificação do Signatário Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos


casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e
Conforme o Manual de Redação da Presidência do subtítulos.
República, com exceção das comunicações assinadas pelo
presidente da República, em todas as comunicações oficiais Quando se tratar de mero encaminhamento de
devem constar o nome e o cargo da autoridade que as expede, documentos, a estrutura deve ser a seguinte:
abaixo de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a
seguinte: Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não
(espaço para assinatura) tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo
Nome da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República dados completos do documento encaminhado (tipo, data,
origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela
(espaço para assinatura) qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
Nome
Ministro de Estado da Justiça “Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011,
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010,
“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a do Departamento Geral de Administração, que trata da
assinatura em página isolada do expediente. Transfira para requisição do servidor Fulano de Tal.”
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho”, alerta
o Manual. ou

Padrões e Modelos “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia


do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente
O Padrão Ofício da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto
de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
O Manual de Redação da Presidência da República lista três
tipos de expediente que, embora tenham finalidades Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
diferentes, possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e algum comentário a respeito do documento que encaminha,
Memorando. A diagramação proposta para esses expedientes poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso
é denominada padrão ofício. contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes ofício de mero encaminhamento.
partes:
- Fecho.
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do - Assinatura.
órgão que o expede. Exemplos: - Identificação do Signatário

Of. 123/2002-MME Forma de Diagramação


Aviso 123/2002-SG
Mem. 123/2002-MF Os documentos do padrão ofício devem obedecer à
seguinte forma de apresentação:
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à
direita. Exemplo: - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
Brasília, 20 de maio de 2011 rodapé;
- para símbolos não existentes na fonte Times New Roman,
- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos: poder-se-ão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o
Assunto: Produtividade do órgão em 2010. número da página;
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. - os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens
dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas
também o endereço. pares (“margem espelho”);
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
- Texto. Nos casos em que não for de mero distância da margem esquerda;
encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a - o campo destinado à margem lateral esquerda terá no
seguinte estrutura: mínimo 3,0 cm de largura;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto
Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
de”, “Cumpre-me informar que”, empregue a forma direta; - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico,
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a
ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior elegância e a sobriedade do documento;
clareza à exposição; - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
reapresentada a posição recomendada sobre o assunto. para gráficos e ilustrações;
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;

Conhecimentos Específicos 14
APOSTILAS OPÇÃO

- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de - submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente
devem ter o arquivo de texto preservado para consulta da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos; assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem motivos deverá ser assinada por todos os Ministros
ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
número do documento + palavras-chave do conteúdo. interministerial.
Exemplo: Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação
do padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas
“Of. 123 - relatório formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha
produtividade ano 2010” caráter exclusivamente informativo e outra para a que
proponha alguma medida ou submeta projeto de ato
Aviso e Ofício (Comunicação Externa) normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que
São modalidades de comunicação oficial praticamente simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido Presidente da República, sua estrutura segue o modelo antes
exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de referido para o padrão ofício.
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e Já a exposição de motivos que submeta à consideração do
pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser
tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo,
Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares. embora sigam também a estrutura do padrão ofício, além de
Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do outros comentários julgados pertinentes por seu autor, devem,
padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o obrigatoriamente, apontar:
destinatário, seguido de vírgula. Exemplos: - na introdução: o problema que está a reclamar a adoção
da medida ou do ato normativo proposto;
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, - no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
Senhora Ministra, aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e
Senhor Chefe de Gabinete, eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para
seguintes informações do remetente: solucionar o problema.
- nome do órgão ou setor;
- endereço postal; Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à
- telefone e endereço de correio eletrônico. exposição de motivos, devidamente preenchido, de acordo
com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto nº
4.1760, de 28 de março de 2010.
Memorando ou Comunicação Interna Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do
Ministério ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de
O Memorando é a modalidade de comunicação entre ______________ de 201_.
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. - Síntese do problema ou da situação que reclama
Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação providências;
eminentemente interna. - Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser medida proposta;
empregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. - Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar:
a serem adotados por determinado setor do serviço público. - se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do - se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e - outras possibilidades de resolução do problema.
pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar - Custos. Mencionar:
desnecessário aumento do número de comunicações, os - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei
despachos ao memorando devem ser dados no próprio orçamentária anual; se não, quais as alternativas para
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de custeá-la;
continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie - valor a ser despendido em moeda corrente;
de processo simplificado, assegurando maior transparência a - Razões que justificam a urgência (a ser preenchido
tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento somente se o ato proposto for medida provisória ou projeto de
da matéria tratada no memorando. lei que deva tramitar em regime de urgência). Mencionar:
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - se o problema configura calamidade pública;
padrão ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser - por que é indispensável a vigência imediata;
mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos: - se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
tenham sido previstos;
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração - se se trata de desenvolvimento extraordinário de
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos. situação já prevista.
- Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou
Exposição de Motivos medida proposta possa vir a tê-lo)
- Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto;
É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao - Síntese do parecer do órgão jurídico.
vice-presidente para:
- informá-lo de determinado assunto; Com base em avaliação do ato normativo ou da medida
- propor alguma medida; ou proposa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3.

Conhecimentos Específicos 15
APOSTILAS OPÇÃO

A falta ou insuficiência das informações prestadas pode art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime
Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com
se complete o exame ou se reformule a proposta. solicitação de urgência.
O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do
de motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe
edição de ato normativo tem como finalidade: da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro
- permitir a adequada reflexão sobre o problema que se Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua
busca resolver; tramitação (Constituição, art. 64, caput).
- ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem
problema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais
edição do ato, em consonância com as questões que devem ser e créditos adicionais), as mensagens de encaminhamento
analisadas na elaboração de proposições normativas no dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os
âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.) respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário do
- conferir perfeita transparência aos atos propostos. Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe
a deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento comum”.
analisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do
Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5º), que comanda as
complementam-se e formam um todo coeso: no anexo, sessões conjuntas.
encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a As mensagens aqui tratadas coroam o processo
situação que está a reclamar a adoção de certa providência ou desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das
suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus matérias objeto das proposições por elas encaminhadas.
custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles o
da providência proposta: por que deve ser adotada e como da Advocacia Geral da União. Mas, na origem das propostas, as
resolverá o problema. análises necessárias constam da exposição de motivos do
Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal órgão onde se geraram, exposição que acompanhará, por
(nomeação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso.
reversão, aproveitamento, reintegração, recondução,
remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, - Encaminhamento de medida provisória: Para dar
aposentadoria), não é necessário o encaminhamento do cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o
formulário de anexo à exposição de motivos. Ressalte-se que: Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
- a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; do Senado Federal, juntando cópia da medida provisória,
- o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos autenticada pela Coordenação de Documentação da
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão Presidência da República.
dos comentários a serem alí incluídos.
- Indicação de autoridades: As mensagens que submetem
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que ao Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem
a atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, determinados cargos (magistrados dos Tribunais Superiores,
concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do Ministros do TCU, Presidentes e diretores do Banco Central,
padrão culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática
de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III
ao Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional privativa para aprovar a indicação. O currículum vitae do
ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem.
da União, no todo ou em parte.
- Pedido de autorização para o presidente ou o
Mensagem vice-presidente da República se ausentar do País por mais
de 15 dias: Trata-se de exigência constitucional (Constituição,
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos art. 49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa do
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Congresso Nacional.
Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
sobre fato da Administração Pública; expor o plano de governo quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma
por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes
Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de mensagens idênticas.
suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes - Encaminhamento de atos de concessão e renovação de
públicos e da Nação. concessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos submeter tais atos à apreciagão do Congresso Nacional consta
Ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão
caberá a redação final. efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, §
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: 3º). Descabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64
da Constituição, porquanto o § 1º do art. 223 já define o prazo
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, da tramitação.
complementar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a
complementar são enviados em regime normal (Constituição, mensagem o correspondente processo administrativo.

Conhecimentos Específicos 16
APOSTILAS OPÇÃO

- pedido de autorização para alienar ou conceder terras


- Encaminhamento das contas referentes ao exercício públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188,
anterior: O Presidente da República tem o prazo de sessenta § 1º); etc.
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício anterior As mensagens contêm:
(Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da - a indicação do tipo de expediente e de seu número,
Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1º), sob horizontalmente, no início da margem esquerda:
pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas
(Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. Mensagem nº
215 do seu Regimento Interno.
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
- Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
conter o plano de governo, exposição sobre a situação do País esquerda:
e solicitação de providências que julgar necessárias
(Constituição, art. 84, XI). Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
Presidência da República. Esta mensagem difere das demais - o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
porque vai encadernada e é distribuída a todos os - o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
congressistas em forma de livro. horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem
direita. A mensagem, como os demais atos assinados pelo
- Comunicação de sanção (com restituição de Presidente da República, não traz identificação de seu
autógrafos): Esta mensagem é dirigida aos membros do signatário.
Congresso Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro -
Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se Telegrama
informa o número que tomou a lei e se restituem dois
exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os
Presidente da República terá aposto o despacho de sanção. procedimentos burocráticos, passa a receber o título de
telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de
- Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado telegrafia, telex etc. Por se tratar de forma de comunicação
Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa dispendiosa aos cofres públicos e tecnologicamente superada,
sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as deve restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas
disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai situações que não seja possível o uso de correio eletrônico ou
publicado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário fax e que a urgência justifique sua utilização e, também em
das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação deve
do seu envio ao Poder Legislativo. pautar-se pela concisão.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a
- Outras mensagens: Também são remetidas ao estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos
Legislativo com regular frequência mensagens com: Correios e em seu sítio na Internet.
- encaminhamento de atos internacionais que acarretam
encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); Fax
- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às
operações e prestações interestaduais e de exportação O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma
(Constituição, art. 155, § 2º, IV); forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao
- proposta de fixação de limites globais para o montante da desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); de mensagens urgentes e para o envio antecipado de
- pedido de autorização para operações financeiras documentos, de cujo conhecimento há premência, quando não
externas (Constituição, art. 52, V); e outros. há condições de envio do documento por meio eletrônico.
Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela
Entre as mensagens menos comuns estão as de: via e na forma de praxe.
- convocação extraordinária do Congresso Nacional Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia
(Constituição, art. 57, § 6º); xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
- pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral modelos, se deteriora rapidamente.
da República (art. 52, XI, e 128, § 2º); Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar estrutura que lhes são inerentes. É conveniente o envio,
mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX); juntamente com o documento principal, de folha de rosto, isto
- pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz é, de pequeno formulário com os dados de identificação da
(Constituição, art. 84, XX); mensagem a ser enviada.
- justificativa para decretação do estado de defesa ou de
sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º); Atestado
- pedido de autorização para decretar o estado de sítio
(Constituição, art. 137); Atestado administrativo é o ato pelo qual a Administração
- relato das medidas praticadas na vigência do estado de comprova um fato ou uma situação de que tenha
sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); conhecimento por seus órgãos competentes.
- proposta de modificação de projetos de leis financeiras Estrutura
(Constituição, art. 166, § 5º); Título: atestado (em maiúsculas e centralizado, sobre o
- pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem texto).
sem despesas correspondentes, em decorrência de veto, Texto: exposição do fato.
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual Local e data: por extenso.
(Constituição, art. 166, § 8º); Assinatura: titular da unidade organizacional
correspondente ao assunto tratado. Dão

Conhecimentos Específicos 17
APOSTILAS OPÇÃO

Documento oficial, com base em documento original, retificado, empregando-se a palavra “digo” ou “em tempo”: na
objetivando comprovar a existência de ato ou assentamento de linha........ , onde se lê......... ,leia-se................. .
interesse de alguém. Local e data: por extenso.
Assinatura: de quem lavrou a certidão e visto do titular
Correio Eletrônico (Mensagem Eletrônica) da unidade organizacional que a autorizou.

O correio eletrônico (“e-mail” ou mensagem eletrônica),


por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal Convite e Convocação
forma de comunicação para transmissão de documentos.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é O convite é o instrumento pelo qual se faz uma solicitação,
sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida pede-se o comparecimento de alguém ou solicita-se sua
para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de presença em alguma parte ou em ato.
linguagem incompatível com uma comunicação oficial. A convocação corresponde ao convite, mas no sentido de
O campo assunto do formulário de correio eletrônico intimação. Origina o comparecimento, devendo o não
mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a comparecimento ser justificado. Já o convite é somente uma
organização documental tanto do destinatário quanto do solicitação.
remetente. Nas relações oficiais ou particulares, há mensagens que
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, não se alinham puramente entre aquelas formais ou
preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que administrativas. São as mensagens sociais ou comemorativas:
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas as primeiras, em razão de acontecimentos de cunho social
sobre seu conteúdo. (instalação, festividades restritas a área da entidade, etc.), e as
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de segundas, por motivo de datas comemorativas (Dia das Mães,
confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da Secretaria, do Professor, Páscoa, Natal, etc.).
da mensagem pedido de confirmação de recebimento. É preciso ter cuidado com as mensagens sociais, em que se
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem combinam técnica redacional, bom tom e arte:
de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que a) Faça um texto que se preste a homem e a mulher, no
possa ser aceita como documento original, é necessário existir singular e no plural;
certificação digital que ateste a identidade do remetente, na b) Registre nome e endereço do destinatário
forma estabelecida em lei. corretamente;
c) Procure atualizar ou renovar sempre seu texto;
Resolução d) Mantenha conexão (imagem e texto) do trabalho
tipográfico ou mecanográfico com a parte e) que será digitada;
Ato administrativo expedido pelas autoridades do Os convites de maneira geral são realizados por cartas,
executivo (mas não pelo Chefe do Executivo, que só deve enquanto as convocações ocorrem por meio de edital.
expedir Decretos) ou pelos presidentes de tribunais, órgãos
legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar Apostila
matéria de sua competência específica.
É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo
ESTRUTURA de retificação, atualização, esclarecimento ou fixar vantagens,
TÍTULO: RESOLUÇÃO, seguido do número seqüencial e da evitando-se assim a expedição de um novo título ou
data, em maiúsculas. documento. Estrutura:
EMENTA: O objetivo da decisão. - Título: APOSTILA, centralizado.
PREÂMBULO: Citação das considerações legais ou - Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento,
administrativas que orientaram ou fundamentaram a tomada atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se for o
de decisão, seguida da palavra “resolve”. caso, onde o documento foi publicado.
TEXTO: Poderá conter tantos parágrafos quantos forem - Local e data.
necessários. A matéria poderá ser disposta em artigos - Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que
numerados a partir do primeiro, podendo, ainda, ser constatou a necessidade de efetuar a apostila.
subdividida em itens e subitens.
CLÁUSULA DE REVOGAÇÃO: Somente se admite a cláusula Não deve receber numeração, sendo que, em caso de
de revogação específica. Assim, é incorreto o uso de cláusula documento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos
revogatória do tipo “Revogam-se as disposições em contrário”. textos ou no verso do documento.
ASSINATURA: Diretor-Presidente. Em caso de publicação do ato administrativo originário, a
apostila deve ser publicada com a menção expressa do ato,
Certidão número, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao oficial
no qual o ato administrativo foi originalmente publicado, a fim
Documento oficial, com base em documento original, de que se preserve a data de validade.
objetivando comprovar a existência de ato ou assentamento de
interesse de alguém. Deve reproduzir fielmente, de inteiro teor ATA
ou resumidamente, atos ou fatos constantes de processo, livro
ou documento que se encontre nas repartições públicas. Sua É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos
expedição é no prazo de 15 dias improrrogável – Lei nº 9.051, fatos e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou
de 18/5/95. assembleia. Estrutura:
- Título - ATA. Em se tratando de atas elaboradas
Estrutura sequencialmente, indicar o respectivo número da reunião ou
Título: certidão (em maiúscula e centralizado sobre o sessão, em caixa-alta.
texto). - Texto, incluindo: Preâmbulo - registro da situação
Texto: transcrição do que foi requerido e encontrado espacial e temporal e participantes; Registro dos assuntos
referente ao pedido. Deve ser escrita em linhas corridas, sem abordados e de suas decisões, com indicação das
emendas ou rasuras. Qualquer engano ou erro poderá ser personalidades envolvidas, se for o caso; Fecho - termo de

Conhecimentos Específicos 18
APOSTILAS OPÇÃO

encerramento com indicação, se necessário, do redator, do  Destinatário – foram feitas as seguintes atualizações:
horário de encerramento, de convocação de nova reunião etc. Não se deve colocar À/Às ou Ilmos. Senhores antes do nome
A ATA será assinada e/ou rubricada por todos os presentes da empresa ou pessoa a quem a carta se destina. Não é
à reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das necessário escrever endereço, caixa postal e CEP no papel
exigências regimentais do órgão. carta, basta que esses dados apareçam no envelope.
A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, deve-se,  Referência – é o conteúdo da carta sintetizado,
em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação facilitando o registro para quem recebe. Não há necessidade
correta a ser registrada. No caso de omissão de informações ou de escrever Ref. ou REFERÊNCIA, pois a posição da frase na
de erros constatados após a redação, usa-se a expressão “Em carta já indica esse elemento.
tempo” ao final da ATA, com o registro das informações  Invocação ou vocativo – o emprego de palavras como
corretas. prezado, estimado, caro, amigo deve ser de acordo com o tipo
de carta. Pode se tratar de uma carta puramente comercial ou
Carta Comercial pode envolver também relações de amizade.
 Corpo da carta ou conteúdo – deve estar disposto,
Muitas são as situações em que precisamos escrever uma geralmente, no centro do papel, em cerca de três parágrafos:
carta a um cliente, instituição, empresa, órgão público. Porém,  A informação inicial;
os propósitos ou objetivos de estabelecer essa comunicação  O desenvolvimento do tema;
são diferentes em cada uma das ocasiões. As cartas, além de  A conclusão.
diversos destinos, também têm função variada, como a de
informar, solicitar ou persuadir. Podem ser cartas de O assunto deve ser tratado em linguagem clara, objetiva e
solicitação de emprego, oferta de algum produto de sua concisa. Deve-se evitar perda de tempo na introdução do
empresa, reclamação quanto à má prestação de algum serviço, assunto, como palavras e expressões desnecessárias.
cobrança de algum débito, enfim, essas outras situações que
fazem parte do cotidiano empresarial. -Saudação final, despedida ou fecho – modernamente,
evitam-se palavras rebuscadas e chavões. Expressões longas,
Pontos relevantes quanto à boa redação empresarial: que nada acrescentam de importante, caíram em desuso.
Emprega-se Atenciosamente ou Cordialmente, dependendo das
 Ter sempre em mente que uma carta comercial deve ser relações de negócios.
breve. Assim, rodeios, inversões mesmo bem feitas, que tanto -Assinatura – deve-se obedecer à seguinte ordem:
efeito causa num texto poético, devem ser abolidos. primeiro, o nome do remetente; depois, seu cargo. Somente as
 Antes de escrever, organize seu pensamento, traçando letras iniciais devem ser maiúsculas. Não se deve colocar o
um plano: o que vai comunicar; o a quem; o como deve título do emissor na frente de seu nome. Para indicar que se
transmitir; o que informações são relevantes. trata de médico advogado etc., basta que se coloque (por
Não podemos ignorar a formalidade que esse tipo de exemplo, Dr. Roberto Xavier) o registro do CRM ou da OAB,
correspondência requer, mas devemos evitar a rigidez conforme o caso. Também não é necessário colocar o traço
exagerada, os clichês, a redundância e termos até arcaicos que acima do nome datilografado, para a assinatura.
ainda são utilizados. -Anexos – parte destinada à enumeração de papéis ou de
Dicas de linguagem moderna na correspondência: documentos que acompanha a carta.9
 Não há necessidade de preâmbulos, vá direto ao assunto.
Veja alguns chavões que podem ser evitados:
 Vimos através desta; Cartaz e cartazete
 Vimos por meio desta;
 Tem a presente a finalidade de;
 Aproveitamos o ensejo, a oportunidade; Cartaz (também chamado póster (português europeu) ou
 Temos em nosso poder, ou temos em mãos sua carta. pôster (português brasileiro))é um suporte, normalmente em
papel, afixado de forma que seja visível em locais públicos. Sua
 Não precisa avisar que vai encerrar. Evite chavões típicos função principal é a de divulgar uma informação visualmente,
de fecho de cartas, tais como: o Limitados ao exposto, mas também tem sido apreciada como uma peça de valor
encerramos; o Sendo o que nos resta a oferecer para o estético. Além da sua importância como meio de publicidade e
momento; o Sem mais, ou sem mais nada para o momento. de informação visual, o cartaz possui um valor histórico como
 Cabeçalho ou timbre – referência da empresa; logotipo, meio de divulgação em importantes movimentos de caráter
símbolo ou emblema. Em geral, já vêm impressos no papel da político ou artístico. Os problemas estruturais e formais são
carta. resolvidos pelo projeto de design gráfico. Já o os cartazetes
 Número de controle - facilita ao destinatário responder referem-se de cartaz de pequenas dimensões.
sua carta e mencionar a referência. É também uma maneira de
garantir o controle da correspondência. A colocação à direita é Declaração
um destaque que facilita a leitura. Na ilustração, temos
DV/86/96, isto é, Divisão de Vendas, documento de número É o documento em que se informa, sob responsabilidade,
86, do ano de 1996. algo sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura:
 Data -dia que deve ser indicado sem o zero na frente; o - Título: DECLARAÇÃO, centralizado.
nome do mês com letra inicial minúscula; na indicação do ano, - Texto: exposição do fato ou situação declarada, com
não se coloca o ponto ou espaço separando o milhar. finalidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas)
Quando o papel é timbrado, pode-se suprimir o local antes e sua relação com a Câmara nos casos mais formais.
da data, uma vez que o endereçamento completo aparece no - Local e data.
pé de página. - Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de
autoridade, função ou cargo.

9 Professor Eduardo da Rocha – FAATESP – Faculdades de Tecnologia

Álvares de Azevedo.

Conhecimentos Específicos 19
APOSTILAS OPÇÃO

A declaração documenta uma informação prestada por Portaria


autoridade ou particular. No caso de autoridade, a
comprovação do fato ou o conhecimento da situação declarada É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece
deve ser em razão do cargo que ocupa ou da função que exerce. regras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata da
Declarações que possuam características específicas organização e do funcionamento de serviços dentro de sua
podem receber uma qualificação, a exemplo da “declaração esfera de competência. Estrutura:
funcional”. - Título: PORTARIA, numeração e data.
- Ementa: síntese do assunto.
Despacho - Preâmbulo e fundamentação: denominação da
autoridade que expede o ato e citação da legislação pertinente,
É o pronunciamento de autoridade administrativa em seguida da palavra “resolve”.
petição que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser
processo. Pode ter caráter decisório ou apenas de expediente. dividido em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens.
Estrutura: - Assinatura: nome da autoridade competente e indicação
- Nome do órgão principal e secundário. do cargo.
- Número do processo.
- Data. Certas portarias contêm considerandos, com as razões que
- Texto. justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois
- Assinatura e função ou cargo da autoridade. deles.
A ementa justifica-se em portarias de natureza normativa.
O despacho pode constituir-se de uma palavra, de uma Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de
expressão ou de um texto mais longo. nomeação e exoneração, por exemplo, suprime-se a ementa.

Ordem de Serviço Relatório

É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento
pontuais para a execução de serviços por órgãos subordinados de uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do
da Administração. Estrutura: desenvolvimento de serviços específicos num determinado
- Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data. período. Estrutura:
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da - Título - RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
autoridade que expede o ato (em maiúsculas) e citação da - Texto - registro em tópicos das principais atividades
legislação pertinente ou por força das prerrogativas do cargo, desenvolvidas, podendo ser indicados os resultados parciais e
seguida da palavra “resolve”. totais, com destaque, se for o caso, para os aspectos positivos
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser e negativos do período abrangido. O cronograma de trabalho a
dividido em itens, incisos, alíneas etc. ser desenvolvido, os quadros, os dados estatísticos e as tabelas
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação poderão ser apresentados como anexos.
da função. - Local e data.
- Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s)
A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui relator(es).
caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essencialmente,
a otimização e a racionalização de serviços. No caso de Relatório de Viagem, aconselha-se registrar
uma descrição sucinta da participação do servidor no evento
Parecer (seminário, curso, missão oficial e outras), indicando o período
e o trecho compreendido. Sempre que possível, o Relatório de
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de Viagem deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento
órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido efetivo das informações tratadas no evento para os trabalhos
para análise e competente pronunciamento. Visa fornecer legislativos e administrativos da Casa.
subsídios para tomada de decisão. Estrutura: Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, deve-se
- Número de ordem (quando necessário). atentar para os seguintes procedimentos:
- Número do processo de origem. - abster-se de transcrever a competência formal das
- Ementa (resumo do assunto). unidades administrativas já descritas nas normas internas;
- Texto, compreendendo: Histórico ou relatório - relatar apenas as principais atividades do órgão;
(introdução); Parecer (desenvolvimento com razões e - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas
justificativas); Fecho opinativo (conclusão). pelas unidades administrativas que lhe são subordinadas;
- Local e data. - priorizar a apresentação de dados agregados, grandes
- Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista. metas realizadas e problemas abrangentes que foram
solucionados;
Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe - destacar propostas que não puderam ser concretizadas,
o Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, identificando as causas e indicando as prioridades para os
definido no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos próximos anos;
Deputados. - gerar um relatório final consolidado, limitado, se possível,
O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos ao máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria,
itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para Departamento ou unidade equivalente.
o fim de melhor organizar o assunto, imprimindo-lhe clareza e
didatismo. Requerimento (Petição)

É o instrumento por meio do qual o interessado requer a


uma autoridade administrativa um direito do qual se julga
detentor. Estrutura:

Conhecimentos Específicos 20
APOSTILAS OPÇÃO

- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou indispensáveis ao planejamento, execução e controle das
seja, da autoridade competente. atividades realizadas.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do
requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva Para Luporini e Pinto (1985, p. 182) "pode-se considerar
qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documento o formulário como sendo um documento composto de
de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de campos pré-impressos onde são preenchidas as
preferência na tramitação do processo, segundo a Lei informações e que serve para formalizar o fluxo de
10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor da comunicações em uma empresa". E complementam que os
Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil deve formulários têm por propósito facilitar o fluxo de informações,
ser colocado o número do registro funcional e a lotação); através da simplificação do trabalho, baixo esforço e
Exposição do pedido, de preferência indicando os barateamento do processo administrativo.
fundamentos legais do requerimento e os elementos
probatórios de natureza fática. "O formulário é um importante meio de comunicação,
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”. transmissão e registro de informações, principalmente as
- Local e data. baseadas em dados quantitativos."
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.
Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, Os formulários são capazes de agilizar os fluxos de
reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um informações, uniformizar procedimentos, formalizar
abaixo-assinado, com estrutura semelhante à do operações, centralizar informações e economizar custos.
requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.
A Constituição Federal assegura a todos, Seguem alguns fatores que justificam a elaboração de
independentemente do pagamento de taxas, o direito de formulários:
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra - a importância dos dados e informações;
ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que - a padronização nas comunicações;
o exercício desse direito se instrumentaliza por meio de - o armazenamento de dados e informações;
requerimento. No que concerne especificamente aos - a função de controle;
servidores públicos, a lei que institui o Regime único - o treinamento administrativo dos funcionários da
estabelece que o requerimento deve ser dirigido à autoridade empresa.
competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
daquela a que estiver imediatamente subordinado o É importante entendermos que a utilização de
requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105). formulários dentro de uma organização deve trazer os
seguintes benefícios:
Protocolo - uniformidade ou padronização dos procedimentos;
- proporcionar valor legal;
O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é - estabelecer dados e informações;
o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que - evitar escrituração de dados e informação de maneira
são transcritos progressivamente os documentos e os atos em repetitiva;
entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou - facilitar compreensão e entendimento das informações
privado). Este registro, se obedecerem a normas legais, têm fé etc.
pública, ou seja, tem valor probatório em casos de
controvérsia jurídica. Os formulários possuem uma vasta gama de formatos e
O termo protocolo tem um significado bastante amplo, modelos. Os mais utilizados são:
identificando-se diretamente com o próprio procedimento. -Formulários planos – seus campos são desenhados e
Por extensão de sentido, “protocolo” significa também pré-impressos em papel padronizado pela ABNT;
um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo -Formulários contínuos – são destinados ao uso em
(“seguir o protocolo”). grande escala, tendo seu desenho feito por gabaritos de
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma espacejamento que permitem a impressão segundo as
repartição determinada, que recebe o material documentário características do computador e da respectiva impressora;
do sujeito que o produz em saída e em entrada e os anota num -Formulários eletrônicos – por serem elaborados por
registro (atualmente em programas informáticos), atribuindo- softwares aplicativos, dispensam a utilização de papel, pois
lhes um número e também uma posição de arquivo de acordo tramitam através das redes de computador.
com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e O formulário deve ser tratado com muita atenção, pois os
obrigatórios: sistemas são apoiados por documentos cuja eficiência e
- Número progressivo. eficácia dependem da clareza, do formato e do conteúdo que,
- Data de recebimento ou de saída. por sua vez, contribuem de forma fundamental ao bom
- Remetente ou destinatário. funcionamento dos sistemas e métodos administrativos.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da
correspondência. "O analista de sistemas, organização e métodos deve
considerar que a criação de um formulário é necessária sempre
Formulários10 que a utilização das informações ocorrer depois do momento em
que elas se tornam disponíveis e haja necessidade de armazená-
Conforme as organizações foram crescendo, os las para que não se percam no desenvolvimento do processo
formulários foram adquirindo grande importância, uma vez administrativo."
que são um excelente veículo de transmissão de informações

10CRISTINA, L. Formulários. Disponível em: < NEMOTO, M. C. M. O. Organização, Sistemas e Métodos. UNISA digital.
http://www.administradores.com.br/producao-
academica/formularios/5128/>
SILVEIRA, A. V. Mapeamento de processos: O princípio de uma reestruturação
organizacional. Porto Alegre, RS, 2010.

Conhecimentos Específicos 21
APOSTILAS OPÇÃO

Segundo Cury, para se criar, suprimir e/ou racionalizar um Depois de receber os formulários, o analista de sistemas,
formulário dentro de uma organização, é necessário que haja deverá controlar adequadamente os formulários, registrando-
uma análise administrativa, no sentido de estudar a finalidade os e mantendo uma ficha técnica.
do formulário até o controle dos resultados.
Um bom modelo de formulário deve atender a cinco
Logo, o analista de formulários tem como funções: requisitos:
- Manter um controle atualizado de todos os formulários 1 - deve criar uma atitude mental favorável do executor
da empresa; com a tarefa de preenchimento;
- Enquadrar os formulários nas regras de racionalização de 2 - deve permitir a utilização do meio mais fácil na
trabalho, tornando-os mais eficientes e eficazes; anotação dos registros, ou seja, atender à maneira pela qual o
- Servir como fonte de informação constante sobre a modelo vai ser preenchido (processo manual ou mecânico);
finalidade e a utilização dos formulários; 3 - deve atentar para a sua utilização após o preenchimento
- Tentar reduzir os custos dos formulários; (sistema de guarda ou arquivamento)
- Corrigir as provas gráficas e obter a aprovação de 4 - deve possibilitar a redução da tendência para o erro na
impressão; anotação e na utilização dos registros; e
- Atualizar ou elaborar novas rotinas de formulários que 5 - deve permitir a economia de papel e de impressão, sem
aprimorem os sistemas administrativos da empresa, entre prejudicar, porém, os limites necessários à execução eficiente
outras. dos registros.
- Os formulários possuem características físicas, texto e
disposição gráfica próprios. Questões

O formato do papel é condicionado pelo conteúdo do 01. (UFRN - Assistente em Administração -


formulário, existindo dimensões padronizadas para isso. O COMPERVE/2015) Dentre as atividades inerentes à função de
modelo de papel mais usado é o Sistema A, aprovado pela assistente administrativo, está a produção de documentos
ABNT. A padronização das medidas permite à organização: oficiais. Um deles é o registro daquilo que aconteceu em uma
- economia de papel – sem sobras no corte; reunião de colegiado ou conselho, apontando o local de
- e facilidade de arquivamento – pois as pastas, arquivos e realização, a data e o horário, seus participantes, os fatos
porta-ficha são fabricados em dimensões padronizadas; sem ocorridos e as decisões tomadas. O documento oficial a ser
perda de espaço. utilizado para esse registro é denominado
(A) ata.
Os formulários também são caracterizados pela utilização (B) declaração.
de determinadas cores de papel e de tinta para diferenciar as (C) memorando.
diversas vias, destacar certos campos, enfatizar certos (D) relatório.
formulários ou instruções, e por exigências da legislação.
O tipo e a qualidade do papel são influenciados por: 02. (UFRN - Assistente em Administração –
- Duração necessária do formulário; 103 COMPERVE/2015) Para encaminhar um pedido de
- Importância do formulário; contratação de professor substituto em uma universidade, o
- Quantidade de vias e destino correspondente; Chefe do Departamento solicitou a seu assistente
- Nível hierárquico das pessoas que manusearão os administrativo que redigisse o documento correspondente,
formulários; que seria encaminhado ao gestor responsável por aquele ato
- Uso ou finalidade do formulário. administrativo. O documento oficial que o assistente deve
redigir é um
Quanto ao peso e às fibras do papel, dependerá dos fins e (A) aviso.
do manuseio do formulário. Por exemplo: papéis leves (B) currículo.
proporcionam menores despesas com franquia postal e menor (C) ofício circular.
espaço com arquivamento. (D) memorando.
Já as fibras de cartolina apresentam maior resistência e
ficam de pé nas gavetas; as de carta acompanham as dobras do 03. (UFRN - Assistente em Administração –
papel; as de memorandos facilitam o manuseio; e as de COMPERVE/2015) Após concluir o primeiro ano de gestão
formulário para duplicação são para evitar enrugamento. em seu primeiro mandato, o diretor de uma unidade da UFRN
As margens para a série "A" são estipuladas considerando decidiu prestar contas de suas realizações à comunidade
a área do papel necessária para arquivar os formulários em acadêmica. Para isso, o documento oficial que deve ser
diferentes pastas. Entretanto, os formulários A7 e A8 só devem utilizado é um
ser usados para impressos que não necessitem e margem de (A) memorando.
arquivamento. (B) comunicado.
(C) ofício.
De acordo com Oliveira, o analista de formulários precisa (D) relatório.
atentar para que haja a fiel transferência de informações entre
os formulários e suas vias, e para que não aconteça a passagem 04. (UFRN - Assistente em Administração –
dessas informações para outras vias. COMPERVE/2015) A prefeitura de um município decidiu
Referente à redação do texto do formulário, é necessário contratar uma universidade para elaborar o plano diretor da
que haja: cidade, em função de sua experiência no assunto e da elevada
- A inclusão dos tópicos indispensáveis ao registro e competência de seu quadro de docentes na área de
transmissão da informação; arquitetura, urbanismo e engenharia. O documento adequado
- A exclusão de todos os tópicos desnecessários, para não para encaminhar esse pedido é
se perder tempo nem recursos; (A) uma carta.
- A adoção de um título, permitindo a imediata (B) uma declaração.
identificação do formulário; (C) um ofício.
- A numeração individual, a fim de verificar a utilização do (D) um aviso.
formulário, se houve extravio ou atraso, por exemplo.

Conhecimentos Específicos 22
APOSTILAS OPÇÃO

05. (UFRN - Assistente em Administração – ATENDIMENTO TELEFÔNICO


COMPERVE/2015) Quanto a sua forma, o ofício segue o
modelo padrão ofício do governo federal, com acréscimo do Recomendações elementares:
(A) destinatário, que é precedido de pronome de -Atender o telefone no segundo ou terceiro toque, se
tratamento. possível. Caso contrário, pedir desculpas pela demora no
(B) vocativo, que invoca o destinatário, seguido de vírgula. atendimento.
(C) vocativo, que invoca o emitente, seguido de vírgula. -Identificar seu nome e o da empresa imediatamente. Em
(D) emitente, que é precedido de pronome de tratamento. seguida diga bom dia ou boa tarde ou boa noite. Logo após
pergunte: "em que posso ajudar?”;
06. (UFRN - Assistente em Administração – - Em hipótese alguma atenda ao telefone com as
COMPERVE/2015) Quando um gestor necessita comunicar- expressões: “meu amor”, “querida”, “meu bem”, “amado”,
se formalmente com uma unidade administrativa do mesmo “amiga”, “linda”, “amada”, “flor”, etc.;
órgão, de forma ágil e com simplicidade de procedimentos - Ter sempre à mão material (caneta, lápis, papel) para
burocráticos, para evitar o desnecessário aumento do número fazer as anotações e lembrar o que foi solicitado pelo
de comunicações e possibilitar que os despachos ocorram no interlocutor.
próprio documento ou em folha de continuação, deve optar -Usar vocabulário adequado e correto. Ser breve.
pelo -Prestar atenção na postura. Evitar falar mexendo com as
(A) processo. mãos, gesticular demais, roer unhas, mexer nos cabelos.
(B) aviso. -Sorrir e falar com entusiasmo. Cuidar para não falar mole
(C) ofício. ou alto demais. Recomenda-se ouvir a voz gravada ou
(D) memorando. perguntar a um amigo.
-Utilizar o nome do interlocutor e expressar o desejo de
07. (UFRN - Assistente em Administração – ajudá-lo. Usar expressões mágicas: por favor, por gentileza,
COMPERVE/2015) O fecho das comunicações oficiais possui muito obrigado(a).
a finalidade de arrematar o texto e também de saudar o -Evitar vícios de linguagem, gírias, dengos, diminutivos,
destinatário. Seguindo o padrão oficial, atualmente vigente no expressões repetitivas e vulgares, cacoetes verbais.
poder executivo federal para autoridades nacionais, os dois -Direcionar o interlocutor com rapidez e eficácia, obtendo
fechos adotados para todas as modalidades de comunicação o máximo de informações necessárias.
oficial são: -Não tapar a boca, fumar, mastigar, bocejar, espirrar, tossir.
(A) Respeitosamente (para autoridades superiores) e Quando necessário, afaste-se do aparelho por alguns instantes,
Atenciosamente (para autoridades de mesma hierarquia ou de desculpe-se e coloque-o cuidadosamente sobre a mesa,
hierarquia inferior). evitando fazer barulho;
(B) Atenciosamente (para autoridades superiores) e -Contornar obstáculos internos por meio de códigos de
Respeitosamente (para autoridades de mesma hierarquia ou atendimento.
de hierarquia inferior). -O número telefônico deve ser pronunciado algarismo por
(C) Atenciosamente (para autoridades de hierarquia algarismo.
inferior) ou Respeitosamente (autoridades de mesma -O algarismo 6 (seis) deve ser pronunciado como meia. O
hierarquia ou superior). número 11 (onze) deve ser pronunciado como onze, e não um,
(D) Respeitosamente ou Atenciosamente para autoridades um.
de quaisquer níveis. -Dar uma pausa maior após falar o prefixo e a cada dois
algarismos de um número telefônico (WANSER, 2015).
08. (TJ-PA - Médico psiquiatra - VUNESP) Leia o seguinte
fragmento de um ofício, citado do Manual de Redação da Outros pontos relevantes são:
Presidência da República, no qual expressões foram - Use o telefone de forma objetiva e racional, não fique
substituídas por lacunas. conversando assuntos corriqueiros ao telefone;
- Quando o interlocutor estender demais a conversa, não
Senhor Deputado percebendo que está na hora de desligar, uma saída educada é
Em complemento às informações transmitidas pelo interromper a conversa dizendo que alguém está chamando e
telegrama n.º 154, de 24 de abril último, informo ______de que precisa desligar;
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida ao - Não deixe o telefone fora do gancho.
Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo - O recordista em gafes é o celular. Seu uso indiscriminado
procedimento administrativo de demarcação de terras demonstra a mais elementar falta de educação;
indígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de - A escolha do toque do seu celular é essencial. Evite os
1991 (cópia anexa). toques escandalosos demais no ambiente de trabalho que tira
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) a concentração de todos;
- Desligue o celular ou deixe na opção “Silencioso”, quando
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as estiver no ambiente de trabalho ou em sala de aula, cursos,
lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua seminários, palestras, reuniões, encontros, eventos, e também
portuguesa e atendendo às orientações oficiais a respeito do em cinemas, teatros e restaurantes;
uso de formas de tratamento em correspondências públicas, é: - Sendo uma emergência, peça licença, saia do recinto, fale
(A) Vossa Senhoria … tua. baixo e não demore.
(B) Vossa Magnificência … sua.
(C) Vossa Eminência … vossa. São princípios importantes de um bom atendimento
(D) Vossa Excelência … sua. telefônico:
(E) Sua Senhoria … vossa. - a atenção (voltar-se para compreender a necessidade do
cliente/atendido),
Respostas - a cordialidade (ser educado e prestativo) e
- a modulação da voz (A modulação é a técnica onde as
01. A. / 02. D. / 03. D. / 04. C. / 05. B. / 06. D. características da portadora (sinal que é modulado) são
07. A. / 08. D. modificadas com a finalidade de transmitir as informações,

Conhecimentos Específicos 23
APOSTILAS OPÇÃO

sendo feitas as alterações combinadas de frequência, -Dar sempre prioridade no atendimento à pessoa que está
amplitude ou fase de modo a melhor transmitir a informação a sua frente. Em caso de chamada telefônica, só atendê-la após
ao atendido/cliente. pedido de licença e recebimento de permissão para tal.
-Ter sutileza para contradizer ou discordar.
Evite de dizer... -Nunca alegar: “Isso não é comigo” ou “Isso não é do meu
setor”.
Talvez, acho, possivelmente -Suavizar o “não”, evitando magoar as outras pessoas.
Fique na linha -Cumprimentar com um tom gentil e alegre todo cliente
Ela ainda não chegou que entra, inclusive o colega de trabalho.
Ele está em uma reunião -Tratar as mulheres por “senhora” e os homens por
Ela ainda está almoçando “senhor”. Evitar tratamento de intimidade como “você”, “meu
Não sei quando ele vai voltar bem”, “minha querida”, “fofinha”. E palavras no diminutivo:
“Alô”, “diga”, “fala”. minutinho, favorzinho, obrigadinha.
Eu não sei. -Ter em mente que no trabalho o comportamento deve ser
Não podemos fazer isso. usado como aliado, para que as portas do sucesso se abram.
Este assunto não é comigo. -Procurar decifrar o que acontece por trás dos rostos e dos
O Dr. Fulano de tal saiu para um cafezinho e duvido que gestos do cliente.
volte logo. -Incorporar o “espírito de equipe”, jamais dando
Ele não está; saiu para almoçar e não voltou ainda. oportunidade para pensamentos do tipo: “Isso não faz parte da
Ela nunca chega antes das 10 horas. minha função” ou “Não vou limpar isso, pois não sou faxineiro”.
... mas o senhor não entende que... -Procurar falar pausadamente, de forma clara e sem
Expressões como “Né”, “ta”, “entendeu”, “hein”, “ahn” pressa.
-Manter sempre conduta profissional e eficiente.

Deve-se apostar em... Lembrar-se sempre que a boa vontade ao atender uma
pessoa manifesta-se no olhar e no tom de voz.
“Não tenho certeza, mas irei descobrir e retornar sua
ligação em minutos.” ATENDIMENTO A UM CLIENTE INSATISFEITO
“A Sra. Cristina teve uma reunião bem cedo, mas deve
voltar pelas 11h. Posso pedir para ela retornar a ligação?” -Deixe o cliente desabafar.
“O Sr. Pablo ficará em uma reunião até às 12h e depois -Pergunte o nome dele e passe a tratá-lo assim.
terá um almoço de negócios. Posso pedir para ele retornar a -Faça perguntas e repita o problema; se possível anote,
ligação à tarde?” mostrando a ele que entendeu tudo.
“O Sr. Francisco teve uma reunião com um cliente, mas -Diga que vai se empenhar pessoalmente em solucionar a
deve voltar até às 14h30.” questão e cumpra.
“Sr. João está ocupado no momento. No entanto, eu -Adote gestos abertos e expressão simpática.
participo do projeto de ... e conheço sua conta. Talvez eu -Mostre que a reclamação dele não é uma chateação e sim
possa responder sua pergunta”. uma oportunidade para a empresa aprimorar o atendimento.
-Agradeça a colaboração dele.
Finalizar a chamada, agradecendo ao cliente por ter -Nunca o deixe esperando sem completa atenção e
ligado e colocar-se sempre à disposição. gentileza.
-Não faça jogo de empurra com o problema do cliente.
Todos os seres humanos possuem três características -Não peça para ligar de novo – a empresa é que deve
básicas: procurá-lo (WANSER, 2015).
(1) têm, em alguma medida, baixa autoestima;
(2) querem se sentir importantes; Questões
(3) têm um profundo desejo de aceitação
(Araújo, 2004 citado por Wanser, 2015). 01. (VUNESP – Câmara de Sorocaba) Ana Maria é um
exemplo para as profissionais da área, principalmente porque
Assim, atendimento de excelência é: atende aos clientes internos e externos, com muita:
-Tratar a todos como gostaria de ser tratado.
-Satisfazer cada cliente como se ele fosse o único. (A) alegria e intimidade.
-Ser cortês e sociável e, ao mesmo tempo, manter uma (B) serenidade e displicência.
atitude positiva, simpática e natural (C) simpatia e agilidade.
-Ter tolerância e boa vontade com os outros. (D) rigidez e seriedade.
-Nunca julgar o atendido, deixando que ideias (E) vibração e informalidade.
preconcebidas atrapalhem o atendimento.
-Perguntar: “Em que posso ajudá-lo?” e deixar ele dizer o 02. (VUNESP – Câmara de Sorocaba). A telefonista
que deseja e escutá-lo atentamente para encaminhá-lo exemplar sabe que a qualidade no atendimento faz toda a
corretamente. Prestar atenção ao assunto. diferença, assim sendo, ela se aplica em:
-Preservar o espaço pessoal do cliente. Cuidado para não
invadi-lo. (A) praticar o atendimento com muita rapidez para evitar
-Ouvir o que o cliente diz. maiores explicações.
-Esperar que termine de falar. Nunca interrompê-lo, por (B) escutar com atenção o que o interlocutor tem a dizer.
achar que já sabe o que ele quer. (C) atender informalmente a todas as ligações.
-Atender a um cliente sem se desligar do mundo. É dar (D) colocar o interlocutor no seu devido lugar, em caso de
atenção a um outro mostrando que já percebemos sua reclamações.
presença e que em breve iremos ajudá-lo. (E) transferir rapidamente o interlocutor para qualquer
ramal.

Conhecimentos Específicos 24
APOSTILAS OPÇÃO

03. (Banco do Brasil – Escriturário – CESPE) No podem ser classificados por diferentes tipos em vários
ambiente de trabalho, mesmo que se esteja no meio de uma suportes.
conversação que demore mais que o necessário, deve-se evitar O documento arquivístico pode ser produzido ou recebido
responder antes que o interlocutor tenha concluído o seu durante uma atividade realizada por uma pessoa ou por uma
pensamento. organização, deve possuir conteúdo, contexto e estrutura de
( ) Certo ( ) Errado modo que sirva como prova da atividade. É uma informação
registrada, independente da forma ou do suporte.
04. (CRQ 4ª Região-SP - Administrador – Quadrix) Assim, todo documento é uma fonte de informação como,
Trata-se de recomendação desejável para o atendimento por exemplo: o livro, a revista, o jornal, o manuscrito, a
telefônico: fotografia, o selo, a medalha, o filme, o disco, a fita magnética
(A) não deixar o cliente esperando por um tempo muito etc.
longo. Dessa forma, observa-se que os documentos de arquivos são
(B) interromper o cliente sempre que se fizer necessário. gerados, recebidos e acumulados, devido às funções naturais de
(C) deixar claro para o cliente que você não pode resolver uma entidade coletiva ou corporativa, pessoa ou família,
o problema dele. podendo estar registrados em diversos suportes informacionais.
(D) identifica-se após a identificação do cliente para que
ambos se tratem pelo nome. Segundo a definição de Marilena Paes (2005), sobre o
(E) não dizer palavras como "compreendo" e "entendo" arquivo, tem-se que significa: “a acumulação ordenada dos
durante o atendimento. documentos, em sua maioria textuais, criados por uma
instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e preservados
05. (SAAE/SP - Auxiliar Administrativo – VUNESP) para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que
Todo profissional, que tem dentre suas funções o atendimento poderão oferecer no futuro”.
telefônico, deve
(A) ser envolvente e sensível, interessando-se por cativar Para Prado (1999, p. 14), arquivo é: a reunião de
e conquistar o cliente. documentos conservados, visando à oportunidade que poderão
(B) ouvir com atenção, receber, anotar e transmitir oferecer futuramente. Para ser funcional um arquivo deve ser
mensagens. planejado, instalado, organizado e mantido de acordo com as
(C) ter boa memória para poder lembrar-se das mensagens necessidades inerentes aos setores.
recebidas.
(D) conversar e entreter os interlocutores que estão Os arquivos são mantidos por entidades públicas federais,
aguardando para ser atendidos. estaduais e municipais, assim como institucionais comerciais.
(E) ser direto e franco ao pedir paciência aos Para Martins12 o arquivo também pode ser definido como
interlocutores mais ansiosos. “a entidade ou órgão administrativo responsável pela custódia,
pelo tratamento documental e pela utilização dos arquivos sob
Respostas sua jurisdição”.

01 C / 02 B / 03. Certo. / 04. A / 05. B De acordo com Schellenberg (2006, p. 41), “as
características essenciais dos arquivos relacionam-se, pois, com
as razões pelas quais os documentos vieram a existir”.
Documentação e Arquivo: Os conjuntos de atas de reuniões da Diretoria, de projetos
pesquisa, documentação, de pesquisa e de relatórios de atividades, mais os conjuntos de
arquivo, sistemas e métodos dossiês de empregados, prontuários médicos, de boletins de
notas, de fotografias etc., constituem-se o Arquivo de uma
de arquivamento. Unidade por exemplo, e devem naturalmente refletir as suas
atividades.

DOCUMENTAÇÃO E ARQUIVO - O termo arquivo pode também ser usado para designar:
a) um documento de arquivo ou um documento digital
ARQUIVO E DOCUMENTO?11 (Ex.: Word, Excel);
b) um conjunto de documentos;
O Arquivo é um conjunto de documentos criados ou c) um móvel para guarda de documentos
recebidos por uma organização, firma ou indivíduo. Esses d) o local onde o acervo documental arquivístico deverá
documentos são fontes das informações utilizadas para a ser conservado, de acordo com denominações específicas:
execução de tarefas/atividades. São documentos reunidos por Arquivo, Arquivo Central, Arquivo Geral, ou até mesmo
acumulação ao longo das atividades e isso ocorre Arquivo Morto, denominação esta que não é recomendada
independentemente do suporte ou da natureza, sejam em pela teoria;
atividades que envolvem pessoas físicas ou empresas em e) o órgão governamental ou institucional cujo objetivo
geral. seja o de guardar e conservar documentos de arquivo.

Um documento é qualquer meio que comprove a existência IMPORTÂNCIA, FUNÇÕES E FINALIDADE


de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação. É uma
unidade de registro de informação independente do suporte De acordo com Paes, “a principal finalidade dos arquivos é
utilizado. Juridicamente, os documentos podem ser servir à administração, constituindo-se, com o decorrer do
considerados como atos, cartas ou escritos que carregam um tempo, em base do conhecimento da história”. Além disso, deve-
valor probatório. Os documentos preservados pelo arquivo se considerar que a função básica do arquivo é tornar

11 Valentini, Renato. Arquivologia para concursos / Renato Valentini. – [4. 12 Martins, N.R. Noções básicas para organização de arquivos ativos e

ed.]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. semiativados. Rio de Janiero: 1998. Disponível em:
Reis, Leonardo. Arquivologia facilitada [recurso eletrônico] / Leonardo Reis http://biblioteca.planejamento.gov.br/biblioteca-tematica-
e João Santos. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2013. 1/textos/biblioteconomia-e-arquivologia.

Conhecimentos Específicos 25
APOSTILAS OPÇÃO

disponíveis as informações contidas do acervo documental Princípio da Proveniência


sob sua guarda. Fixa a identidade do documento, relativamente a seu
Suas principais funções: produtor. Por este princípio, os arquivos devem ser
• Guarda organizados em obediência à competência e às atividades da
• Conservação instituição ou pessoa legitimamente responsável pela
• Disponibilização produção, acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos
originários de uma instituição ou de uma pessoa devem
Logo, deve facilitar o acesso aos documentos pelos manter a respectiva individualidade, dentro de seu contexto
consulentes. Pode se perceber que o setor de arquivo auxilia a orgânico de produção, não devendo ser mesclados a outros de
empresa nos seus processos de tomada de decisão, além de origem distinta.
ser importante também para provar fatos organizacionais.
Seu papel não para por aí, pois objetiva também salvaguardar Princípio da Organicidade
a documentação histórica relevante para a constituição da As relações administrativas orgânicas se refletem nos
memória institucional. conjuntos documentais. A organicidade é a qualidade segundo
a qual os arquivos espelham a estrutura, funções e atividades
ARQUIVOLOGIA E ARQUIVISTA da entidade produtora/acumuladora em suas relações
internas e externas.
A ciência que estuda as funções, os princípios, as técnicas
do arquivo é chamada de ARQUIVOLOGIA. Princípio da Unicidade
O profissional que exerce atividade ligada a arquivologia Não obstante, forma, gênero, tipo ou suporte, os
pode ser chamado de ARQUIVISTA. documentos de arquivo conservam seu caráter único, em
função do contexto em que foram produzidos.
A arquivologia busca gerenciar informações que possam
ser registradas em documentos de arquivos. É muito comum Princípio da Indivisibilidade ou integridade
utilizar-se de principais, técnicas, normas e outros Os fundos de arquivo devem ser preservados sem
procedimentos no processo de identificação, organização, dispersão, mutilação, alienação, destruição não autorizada ou
desenvolvimento, processamentos, análise, coleta, utilização, adição indevida.
publicação, fornecimento, circulação, recuperação e
armazenamento das informações. Princípio da Cumulatividade
Algumas atribuições do profissional arquivista são: O arquivo é uma formação progressiva, natural e orgânica.
gerenciar as informações, realizar atividades de conservação,
preservação, gestão documental, disseminação da informação Princípio do Respeito pela Ordem Original
que se encontra nos documentos, atuar em prol da Princípio segundo o qual os arquivos de uma mesma
preservação do patrimônio documental de uma pessoa física proveniência devem conservar a organização estabelecida
ou pessoa jurídica. pela entidade produtora, a fim de se preservar as relações
Sendo assim, pode atuar tanto em instituições públicas entre os documentos como testemunho do funcionamento
como privadas, cuidando de arquivos públicos ou privados, daquela entidade. Em outras palavras, princípio segundo o
centros de documentação, instituições culturais entre outras. qual o arquivo deveria conservar o arranjo dado pela entidade
Outras atividades realizadas pelo profissional arquivista é a coletiva, pessoa ou família que o produziu
elaboração de instrumentos de pesquisa e recuperação da
informação. Além dos princípios arquivísticos mencionados, as bancas
O gerenciamento da informação, o desenvolvimento das organizadoras tem explorado esse assunto, dessa forma, aqui
teorias, e as práticas de gestão foram extremamente vai mais alguns princípios13:
importantes, intensamente revolucionárias e fundamentais
para o desenvolvimento da arquivologia. Esse gerenciamento - Princípio da pertinência (ou temático) – os
da informação conta ainda com desenvolvimento de projetos, documentos deveriam ser reclassificados por assunto, sem
planejamentos, estudos e técnicas de organização sistemática levar em consideração a proveniência e a classificação original.
e implantação de instituições e sistemas arquivísticas. Embora
existam muitas técnicas, ferramentas, estudos que buscam a - Princípio da reversibilidade – todo procedimento ou
conservação de arquivos, um grande desafio encontrado nesta tratamento empreendido em arquivos pode ser revertido, se
área é que muitas empresas/organizações não tem uma necessário.
preocupação específica pelos seus arquivos.
Quando ocorre esse desinteresse consequentemente o - Princípio da proveniência territorial (ou Princípio da
profissional também é desconhecido pela organização e as territorialidade) – os arquivos deveriam ser conservados em
atividades que esse profissional qualificado realizaria em prol serviços de arquivo do território no qual foram produzidos,
do gerenciamento das informações passam a ser exercidas por excetuados os documentos elaborados pelas representações
profissionais de outras áreas não capacitados a atuar como diplomáticas ou resultantes de operações militares.
arquivista. Uma consequência do posicionamento de algumas
organizações é justamente a qualidade e resultado dos - Princípio da proveniência funcional – com a
serviços. transferência de funções de uma autoridade para outra como
resultado de mudança política ou administrativa, documentos
PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS relevantes ou cópias são também transferidos para assegurar
a continuidade administrativa. Também chamado pertinência
Os Princípios Arquivísticos constituem o marco principal da funcional.
diferença entre a arquivística e as outras ciências
documentárias. São eles:

13 ARQUIVO NACIONAL, Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística,


2005.

Conhecimentos Específicos 26
APOSTILAS OPÇÃO

Os princípios referidos unanimemente pelos diferentes propiciar o acesso aos documentos, consulta e divulgação do
autores, como fundamentais, são os Princípios da Proveniência acervo e se apresentam em vários formatos e cada um possui
e do Respeito pela Ordem Original. características próprias, que vão atender as necessidades dos
Só através do respeito a estes princípios, se pode proceder pesquisadores
corretamente à organização. De fato, tentativas de a realizar Instrumentos de pesquisa, tais como guias, inventários e
por outras formas, que não pelo seguimento destes princípios, catálogos (em meio impresso ou digital), descrevem conjuntos
falharam, pois levaram muitas vezes à perda da informação documentais do acervo permanente e tem como objetivo
(essencial) sobre o significado e contexto dos documentos e fornecer elementos de descrição em vários níveis que
sobre as suas relações, assim como dificultaram o seu acesso e permitam aos usuários conhecer as diversas modalidades de
o trabalho do arquivista. abordagem ao acervo.
“Obra de referência, publicada ou não, que identifica,
O nível de importância dos arquivos está relacionado com a localiza, resume ou transcreve, em diferentes graus e
maneira como são geridos. Para que os arquivos alcancem um amplitudes, fundos, grupos, séries e peças documentais
nível de importância ainda maior, é necessário que sejam existentes num arquivo permanente, com a finalidade de
geridos da forma correta, a fim de evitar o acúmulo de massas controle e de acesso ao acervo.” (Dicionário de
documentais desnecessárias, de agilizarem ações dentro de Terminologia Arquivística, 1996, p.45).
uma instituição, enfim, que cumpram a sua função, seja desde
o valor probatório até o cultural. “Meio que permite a identificação, localização ou
Sendo assim, ter seus documentos arquivados consulta a documentos ou a informações neles contidas.
corretamente e devidamente organizados é uma iniciativa que Expressão normalmente empregada em arquivos
precisa ser cultivada sempre, e os motivos vão desde agilidade permanentes”. (Dicionário Brasileiro de Terminologia
na hora de encontrar o que procura, até a praticidade de Arquivística, 2005, p.108).
dividir o espaço com outras pessoas e trazer eficiência ao
trabalho. O processo da descrição consiste na elaboração de
É extremamente importante que os documentos de instrumentos de pesquisa que possibilitem um encontro
arquivos estejam sempre organizados por datas, colocados em satisfatório entre o documento e o pesquisador/usuário.
pastas separadas e devidamente identificados com etiquetas
ou marcações nas caixa-arquivos, de modo que sua localização Tipos de Instrumento de Pesquisa
seja rápida caso necessária. -Guias;
- Inventários;
A gestão de documentos é o conjunto de procedimentos - Catálogos;
e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, - Catálogo seletivo;
uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e - Índices.
intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para
a guarda permanente. (Para melhor compreender o que foi Guia
exposto, é essencial entender a 3 idades dos documentos). Veja
a seguir: “Instrumento de pesquisa que oferece informações
gerais sobre fundos e coleções existentes em um ou mais
São 3 (três) as idades, ou 3 os ciclos, ou 3 os estágios: arquivos”. (Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística,
corrente, intermediário e permanente (assim definidos em 2005, p.102).
1973, por Jean Jacques Valette): “...tem por finalidade dar uma visão de conjunto dos
serviços de arquivo de modo a permitir ao pesquisador saber
1. Arquivo de Primeira Idade ou Corrente: Trata-se do quais são seus recursos, a natureza e o interesse dos fundos
conjunto de documentos estreitamente vinculados aos que ele abriga, os instrumentos de pesquisa de que dispõe,
objetivos imediatos para os quais foram produzidos ou quais as fontes complementares”. (Bellotto, 1991).
recebidos no cumprimento de atividades-meio e atividades-
fim e que se conservam junto aos órgãos produtores em razão Inventário
de sua vigência e da frequência com que são por eles “Instrumento de pesquisa em que a descrição exaustiva ou
consultados. parcial de um fundo ou de uma ou mais de suas subdivisões
toma por unidade a série, respeitada ou não a ordem da
2. Arquivo de Segunda Idade ou Intermediário: conjunto classificação” (Dicionário de Terminologia Arquivística, 1996).
de documentos originários de arquivos correntes, com uso “...são, pela ordem hierárquica dos níveis de classificação,
pouco frequente, que aguardam, em depósito de os instrumentos de pesquisa que se seguem ao guia. Eles
armazenamento temporário, sua destinação final. buscarão dar um quadro sumário de um ou mais fundos ou
coleções. O objetivo é descrever as atividades de cada titular,
3. Arquivo de Terceira idade ou Permanente: as séries integrantes, o volume de documentos, as datas-limite
“constituído de documentos que perderam todo valor de e os critérios de classificação e ordenação” (Ancona Lopes,
natureza administrativa e que se conservam em razão de seu 2000).
valor histórico ou documental e que constituem os meios de
conhecer o passado e a sua evolução. Estes são os arquivos Catálogo
históricos propriamente ditos, pois é nessa fase que os “Instrumento de pesquisa em que a descrição exaustiva ou
documentos são arquivados de forma definitiva”. parcial de um fundo ou de uma ou mais de suas subdivisões
toma por unidade a peça documental, respeitada ou não a
PESQUISA ordem de classificação”. (Dicionário de Terminologia
Arquivística, 1996).
Existem instrumentos de pesquisa14 propícios que
completam o trabalho de um arquivo com a finalidade de

14 NOÇÕES DE ARQUIVÍSTICA E ORGANIZAÇÃO DE ARQUIVOS HISTÓRICOS.

AULA IV - DESCRIÇÃO ARQUIVÍSTICA. Universidade Sem fronteiras.

Conhecimentos Específicos 27
APOSTILAS OPÇÃO

Catálogo Seletivo DIVISÃO


“Catálogo que toma por unidade documentos previamente
selecionados, pertencentes a um ou mais fundos ou arquivos, - CLASSES
segundo um critério temático”. Os métodos de arquivamento são divididos em duas
(Dicionário de Terminologia Arquivística, 1996). grandes classes:
• básicos
Índice • padronizados
“Relação sistemática de nomes de pessoas, lugares,
assuntos ou datas contidos em documentos ou em - BÁSICOS
instrumentos de pesquisa, acompanhados das referências Podemos dividir os métodos básicos em:
para sua localização”. • alfabético (principal elemento a ser considerado num
(Dicionário de Terminologia Arquivística, 1996) documento: nome)
• geográfico (principal elemento: local ou procedência)
Catálogos e índices • numérico (principal elemento: número)
“... Constituem-se em instrumentos voltados para a • ideográfico (principal elemento: assunto)
localização específica de unidades documentais. O catálogo
dará continuidade à descrição da série iniciada com o Observações:
inventário, detendo-se, agora, em cada documento, 1ª) Os métodos numéricos podem ser:
respeitando ou não a ordenação destes dentro da série.” simples/cronológico/dígito-terminal
(Ancona Lopes, 2000). 2ª) Os métodos ideográficos podem ser:
• alfabético (enciclopédico/dicionário)
Relação entre cada tipo de Instrumento de Pesquisa • numérico (duplex/decimal /unitermo ou indexação
(IP) e o nível da descrição. coordenada)
NIVEL BASE DA INSTRUMENTOS
DESCRIÇÃO -PADRONIZADOS
Instituição Conjuntos Guia  Variadex
documentais É o método alfabético, acrescentando cores (excelente
amplos auxiliar mnemônico) às letras.
Fundos, Séries Inventário Trabalha-se com 5 cores diferentes. As cores são atribuídas
Grupos e em função da 2ª letra do nome de entrada no arquivo. As guias
Coleções são coloridas e as notações alfabéticas.
Séries Unidades Catálogo
documentais Ex.: LETRAS → CORES
Unidades Assunto Catálogo Seletivo O, P, Q e abreviações → azul
documentais Recorte Índice
selecionadas temático Cores convencionadas:
pertencentes a A – D e abreviações – ouro ou laranja
uma ou mais E – H e abreviações – rosa ou amarelo
origens I – N e abreviações – verde
O – Q e abreviações – azul
R – Z e abreviações – palha ou violeta
SISTEMAS/ MÉTODOS / TÉCNICAS DE ARQUIVAMENTO
As cores são cambiáveis, de acordo com as nossas
ATENÇÃO: Os métodos de arquivamento são um dos conveniências
assuntos de Arquivologia mais cobrados em concurso público. Obs.: Não precisa memorizar a tabela acima. Numa prova,
Talvez o que caia com mais constância, sobretudo as regras de aparece um nome específico, e aí basta ao candidato usar as
alfabetação (método alfabético), o método geográfico e o regras de alfabetação, e atribuir a cor em função da segunda
método numérico simples. letra do nome de entrada no arquivo, como mostra o exemplo
da cliente Carolina Souto Neto. A tabela vem inserida na prova.
Conceito dado pelo Dicionário Brasileiro de Terminologia
Arquivística, revela que métodos de arquivamento é = -Automático - Usa-se para arquivar nomes, evitando
Sequência de operações que determina a disposição dos acumular pastas de sobrenomes iguais. Combina letras,
documentos de um arquivo ou coleção, uns em relação aos números e cores
outros, e a identificação de cada unidade.
-Soundex - Usa-se para arquivar nomes, reunindo-os pela
IMPORTANTE: O uso de métodos de arquivamento semelhança da pronúncia, apesar de a grafia ser diferente.
apropriados é muito importante para o organismo, pois dessa
forma quem trabalha com a documentação irá organizá-la -Mnemônico - Usa-se para codificar os assuntos através da
melhor (arranjo, disposição), a fim de recuperá-la com rapidez combinação de letras em lugar de números. As letras são
quando for necessário. consideradas símbolos, pelo fato de este método pretender
Mas, como escolher o método mais adequado? auxiliar a memória do arquivista, a fim de possibilitar, de
Cada organismo deve adotar métodos de arquivamento forma mais ágil, a recuperação da informação.
que atendam às suas necessidades específicas, levando-se em
consideração a estrutura da entidade e as características dos  Rôneo - Combina letras, números e cores. Está
documentos a serem arquivados. obsoleto.
O ideal é a instituição não adotar um único método de
arquivamento, e sim vários deles, considerando sempre a ATENÇÃO: Os métodos padronizados raramente caem em
documentação existente nos setores componentes de prova, sobretudo para cargos de nível médio. Caem mais para
determinada empresa. cargos de nível superior ou para concursos envolvendo a área
Arquivística, ligados aos profissionais da área. Mesmo assim, o

Conhecimentos Específicos 28
APOSTILAS OPÇÃO

mínimo que o concursando deve saber é identificá-los (VASM-R, etc. Nos departamentos de vendas, por exemplo, é de especial
estão lembrados). Vale ressaltar, ainda, o fato de os métodos utilidade para agrupar os correspondentes de acordo com as
automático e soundex não serem utilizados nos arquivos praças onde operam ou residem.
brasileiros, e os métodos mnemônico e rôneo estarem obsoletos.
Método específico ou por assunto
SISTEMAS
Indiscutivelmente, o método específico, representado por
Os métodos básicos e padronizados fazem parte de dois palavras dispostas alfabeticamente, é um dos mais difíceis
grandes sistemas: processos de arquivamento, pois, consistindo em agrupar as
• direto pastas por assunto, apresenta a dificuldade de se escolher o
• indireto melhor termo ou expressão que defina o assunto. Temos o
vocabulário todo da língua à nossa disposição e justamente o
- Sistema direto fato de ser tão amplo o campo da escolha nos dificulta a seleção
O próprio nome sugere: busca direta ao local de guarda do acertada, além do que entra muito o ponto de vista pessoal do
documento, sem o auxílio de índice ou quaisquer outros arquivista, nesta seleção.
instrumentos de pesquisa.
Exemplos: métodos alfabético e geográfico. Método decimal

- Sistema indireto Este método foi inspirado no Sistema Decimal de Melvil


Para recuperar o documento é necessário recorrer a um Dewey. Dewey organizou um sistema de classificação para
índice alfabético remissivo ou a um determinado código. bibliotecas, muito interessante, o qual conseguiu um grande
Exemplo: métodos numéricos. sucesso; fora publicado em 1876.
Dividiu ele os conhecimentos humanos em dez classes, as
quais, por sua vez, se subdividiram em outras dez, e assim por
diante, sendo infinita essa possibilidade de subdivisão, graças
à sua base decimal.

Método simplificado

Este a rigor não deveria ser considerado propriamente um


método, pois, na realidade, nada mais é do que a utilização de
vários métodos ao mesmo tempo, com a finalidade de reunir
Método alfabético
num só móvel as vantagens de todos eles.
É o sistema mais simples, fácil, lógico e prático, porque
Questões
obedecendo à ordem alfabética pode-se logo imaginar que não
apresentará grandes dificuldades nem para a execução do
01. (JUCEPAR - PR - Assistente Administrativo –
trabalho de arquivamento, nem para a procura do documento
FAU/2016) Métodos de arquivamento de documentos mais
desejado, pois a consulta é direta.
utilizado e difundido:
(A) Por ordem de chegada, Cronológico e mnemônico.
Método numérico simples
(B) Alfabético, numérico simples, ideográfico.
(C) Numérico inverso e Enciclopédico e bibliográfico.
Consiste em numerar as pastas em ordem da entrada do
(D) Sistemático, decimal, centesimal.
correspondente ou assunto, sem nenhuma consideração à
(E) Por assunto, digital, decrescente.
ordem alfabética dos mesmos, dispensando assim qualquer
planejamento anterior do arquivo. Para o bom êxito deste
02. (Colégio Pedro II – Assistente em Administração –
método, devemos organizar dois índices em fichas; numas
Acesso Público/2015) Ao organizar e arquivar uma série de
fichas serão arquivadas alfabeticamente, para que se saiba que
documentos, ordenados por nome, assunto ou local, o sistema
numero recebeu o correspondente ou assunto desejado, e no
de classificação utilizado será:
outro são arquivadas numericamente, de acordo com o
(A) alfabético.
número que recebeu o cliente ou o assunto, ao entrar para o
(B) alfanumérico.
arquivo. Este último índice pode ser considerado tombo
(C) cronológico.
(registro) de pastas ocupadas e, graças a ele, sabemos qual é o
(D) geográfico.
último número preenchido e assim destinaremos o número
(E) numérico.
seguinte a qualquer novo cliente que seja registrado.
03. (UFRN - Assistente em Administração –
Método alfabético numérico
COMPERVE/2017) Para facilitar e agilizar a localização das
pastas em um arquivo, a secretária do Departamento de
Como se pode deduzir pelo seu nome, é um método que
Ciências Sociais fixou um índice onomástico na porta do
procurou reunir as vantagens dos métodos alfabéticos simples
armário, de forma que, quando precisar retirar uma delas,
e numérico simples, tendo alcançado seu objetivo, pois desta
basta identificar seu número na lista e efetuar a busca no
combinação resultou um método que apresenta ao mesmo
arquivo, no qual as pastas estarão arquivadas em ordem
tempo a simplicidade de um e a exatidão e rapidez, no
numérica crescente. Essa prática, muito comum nos
arquivamento, do outro. É conhecido também pelo nome de
escritórios, utiliza o método de arquivamento
numeralfa e alfanumérico.
(A) numérico cronológico.
(B) numérico simples.
Método geográfico
(C) alfabético documental.
(D) alfabético ideográfico.
Este método é muito aconselhável quando desejamos
ordenar a documentação de acordo com a divisão geográfica,
isto é, de acordo com os países, estados, cidades, municípios

Conhecimentos Específicos 29
APOSTILAS OPÇÃO

04. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Não importa o tempo de profissão que o profissional de
Arquivologia – FCC) Os métodos diretos de arquivamento Secretário tenha, precisa diariamente aplicar suas habilidades
(A) baseiam-se em sistemas numéricos. e principalmente suas técnicas secretarias, aperfeiçoando-as
(B) dispensam o uso de instrumentos de localização. constantemente, para um resultado eficaz na secretaria.
(C) supõem a indexação coordenada. As organizações esperam dos profissionais de Secretário a
(D) só podem ser utilizados em empresas privadas. consciência de seus deveres, dedicação ao trabalho, equilíbrio
(E) dependem de recursos informatizados. emocional para desempenhar suas atividades, que seja digna
de confiança, que saiba delegar atividades e que tenha
05. (IF-RN - Técnico em Arquivo – FUNCERN/2015) O habilidades para trabalhar em equipes.
conceito de métodos de arquivamento é: Cabe ao profissional de Secretário classificar e dar soluções
(A) predominância de documentos decorrentes do aos mais variados assuntos, tais como redigir cartas,
exercício das atividades-meio de uma instituição ou unidade memorandos e documentos de todos os tipos, organizar a
administrativa. mesa do executivo e atende-lo, selecionar assuntos e pessoas
(B) sequência de operações que determina a atribuição de que serão atendidas pelo executivo, manter contato com
informações contidas nos documentos com relação aos graus outros departamentos, secretariar reuniões e preparar
de sigilo, conforme legislação específica. roteiros de viagem, isto é, para exercer todas as suas
(C) predominância de atividades desenvolvidas em atividades, é preciso ser flexível e manifestar interesse por
decorrência da finalidade de um documento, sendo também realizar diferentes atividades.
chamada atividade finalística. O profissional de Secretário precisa manter sua rotina bem
(D) sequência de operações que determina a disposição planejada e organizada, quanto mais organizada for, melhor
dos documentos de um arquivo ou coleção, uns em relação aos será seu desempenho. O desenvolvimento eficaz de uma
outros e a identificação de cada unidade. atividade exige bons hábitos e capacidade de fazer planos, para
tanto, deve esforçar-se continuamente para tornar seu
06. (IF-AL - Assistente Administrativo - COPEVE-UFAL) desempenho satisfatório.
Os métodos de arquivamento de documentos podem ser De tal modo, este profissional15 desempenha função muito
(A) indireto, alfabético, geográfico e numérico. importante para a empresa, pois é ele quem recepciona e
(B) alfabético, numérico, iconográfico e mnemônico. atende os visitantes ou clientes de uma instituição.
(C) numérico, geográfico, ideográfico e tríplex. Para desempenhar com sucesso o seu trabalho, o
(D) alfabético, geográfico, ideográfico e iconográfico. Secretário deve sempre estar atento ao aperfeiçoamento das
(E) alfabético, geográfico, numérico e ideográfico. habilidades específicas inerentes a sua função, para que a
qualidade de seus serviços se transforme em benefícios para a
07. (IF-BA - Técnico em Arquivo – FUNRIO) Os métodos empresa e em crescimento pessoal.
de arquivamento enciclopédico e dicionário são exemplos de
métodos Quais as características desejáveis para ser um
(A) padronizados. Secretário?
(B) geográficos.
(C) numéricos simples. Fluência verbal, boa dicção, postura, concentração,
(D) por assunto numéricos. facilidade e gosto em lidar com o público, organização,
(E) por assunto alfabéticos. metodologia, dinamismo, determinação, conhecimento de
assuntos gerais, atenção aos detalhes, saber administrar o
08. (AL-SP - Agente Legislativo de Serviços Técnicos e tempo, bom humor, paciência, confiabilidade e
Administrativos – FCC) Os métodos de arquivamento de responsabilidade são algumas das características desejadas
documentos dividem-se em duas classes. São elas: pelo mercado de trabalho atualmente.
(A) numérica e mnemônica.
(B) direta e indireta. ATUAÇÃO E ESPECIALIDADES
(C) básica e padronizada.
(D) alfabética e numérica. Este profissional pode trabalhar em qualquer tipo de
(E) dicionário e indexação coordenada. empresa que trabalhe com atendimento ao cliente ou com
visitantes. Pode trabalhar em multinacionais, agências de
Respostas publicidade, de turismo, de recursos humanos, hotéis,
consultórios médicos e odontológicos, hospitais, spas,
01. B / 02. A / 03. B / 04. B / 05. D / 06. E / 07. E / 08. C comércio, empresas de logística, bancos e financeiras, entre
outras.

Atividades: orientações MERCADO DE TRABALHO


Atualmente, quase toda a empresa possui uma
sobre os indicativos e rotinas recepcionista/secretária, o mercado de trabalho é amplo, mas
dos serviços de Secretaria: para se manter na área é necessário se atualizar
cronograma de atividades do constantemente por meio de cursos de aperfeiçoamento e se
dedicar muito à função, afinal, para um profissional
serviço de secretaria. qualificado, o mercado está sempre aberto.

Quais as tarefas e funções do Secretário?


De acordo com MAGALHÃES E SOUZA (2001) é chamado - Controlar a entrada e saída de visitantes e equipamentos.
de técnicas secretariais o conhecimento de métodos para o - Ser responsável pela guarda e controle de chaves.
desenvolvimento de atividades administrativas que irão - Elaborar relatórios para registro de suas atividades.
assegurar a eficácia de resultados.

15 Gabardo, Maristella; Moraz, Caterine Pereira. FORMAÇÃO INICIAL E

CONTINUADA SECRETÁRIA. IFPR, 2012.

Conhecimentos Específicos 30
APOSTILAS OPÇÃO

- Controlar e sugerir compras de materiais pertinentes à - Demonstre interesse.


sua área de atuação. - Mantenha contato visual.
- Receber e interagir com o público externo de forma - Esteja consciente de sua linguagem corporal.
agradável, solícita e colaborativa para prestação de - Participe oportunamente da conversa.
informações e no encaminhamento ao local desejado. - Explore a força do silêncio.
- Prestar atendimento telefônico, dando informações ou
buscando autorização para a entrada de visitantes. Paciência: Está intimamente ligada ao saber ouvir. É
- Efetuar registro e manter controle de todas as visitas sendo paciente que o profissional consegue em determinados
efetuadas, registrando nome, horários e assunto. casos, controlar a agressividade de algum cliente e tratar o
- Manter-se atualizada sobre a organização, cliente de maneira adequada é positivo para você.
departamentos, pessoas e eventos de sua área.
- Executar outras tarefas correspondentes, conforme Iniciativa: Tenha iniciativa para lidar com os mais
necessidade ou a critério de seu superior. diversos tipos de situações, saiba distinguir quando deve agir
por conta própria ou quando consultar seu chefe ou algum
A arte de recepcionar colega. Saiba resolver os pequenos problemas que ocorrem no
A recepção não é somente o lugar por onde passam as escritório do seu chefe, aliviando a sua carga de trabalho e suas
pessoas, mas sim o primeiro contato do cliente com a empresa, preocupações.
daí a importância de uma secretária bem preparado para
prestar um atendimento de qualidade. Exemplo: O chefe está em uma reunião importante e lhe
pede uma ligação urgente para um cliente e você percebe que
Veja abaixo algumas dicas: não possui o telefone deste cliente. Você possui três
- Sempre cumprimente a pessoa com “bom dia”, “boa alternativas:
tarde”, “boa noite”. - Perguntar ao chefe (mas ele está em reunião e não pode
- Use “sempre: “Por favor”, “Senhor”, “Senhora”, “Obrigado ser interrompido);
(a)”. - Perguntar a algum colega;
- Sempre ofereça algo para beber, como uma água, café, - Usar sua iniciativa e obter os endereços nas listas
chá, suco etc. telefônicas, arquivos ou em algum site de endereços e
- Informe ao seu chefe a chegada do cliente, dizendo telefones. Qual a alternativa você considera a mais adequada?
sempre o nome, a empresa e se possível o assunto.
- Caso seu chefe esteja ocupado, informe ao cliente a Amabilidade: Trate o público com simpatia, atenção e
posição de atendimento; não deixe que ele pense que você não amabilidade. Qualquer tipo de impressão que você causar
informou sua chegada, o acomode e ofereça jornais e revistas refletirá na imagem que as pessoas farão da empresa.
atuais enquanto ele espera.
- Não faça consultas com profissionais liberais fora de seus Tato e Discrição
consultórios ou escritórios.
- Saiba a hora certa e com quem brincar, mas - Seja discreta com naturalidade.
preferencialmente, evite brincadeiras e piadas. - A vida particular de seu chefe é confidencial e não deve
- Nunca fale mal do seu local de trabalho, de seu chefe e ser assunto “de corredor”. Não queira impressionar os colegas
colegas e evite fofocas ao telefone enquanto o cliente espera. com comentários sobre a vida particular de seu superior ou
- Não fale demais, não grite, aprenda a ouvir, com certeza informações particulares sobre outras pessoas.
aprenderá mais. - Aprenda a guardar segredos profissionais. O que foi dito
- Evite atender o celular ou tratar de assuntos particulares ou ocorreu no escritório não deve ser comentado. Nunca
na frente dos clientes. revele assuntos comerciais a clientes ou visitantes, pois, o que
- Trate todos da mesma maneira, caso chegue alguém que para você pode parecer sem importância, poderá fornecer a
você tenha mais contato, seja imparcial. um concorrente uma informação valiosa.
- Quando seus colegas tentarem obter de você uma
Relacionamentos – com o chefe, clientes, visitantes e informação confidencial saiba contornar tais perguntas sem
colegas ofendê-los.
- Se o chefe de outro departamento lhe perguntar
Sabemos que a recepcionista/secretária trabalha informações confidenciais e você não souber se ele pode ter
diretamente com o público interno e externo e que qualquer conhecimento ou não da informação, encaminhe-o ao seu
pessoa que lida com o público deve ter paciência, ser imparcial, superior.
saber ouvir, entre outras habilidades, pois desempenha um Diga: “Meu chefe poderá dar-lhe melhores informações do
cargo-chave na empresa. que eu. O Senhor quer que eu peça a ele para recebê-lo?”.
Para desenvolvermos um bom relacionamento no - Nunca permita a alguém entrar na sala do seu chefe, na
ambiente de trabalho, devemos exercitar algumas virtudes ausência dele, a não ser que tenha ordens específicas.
fundamentais para uma boa convivência com o chefe e - Não se envolva em fofocas e na vida particular de seus
clientes. colegas.

Cliente: deve ser sempre valorizado, pois é a pessoa mais Outras atividades...
importante em qualquer negócio, ele não pode ser
considerado uma interrupção ao nosso trabalho e sim um Logística
objetivo, um propósito, devemos sempre buscar aprimorar o Neste caso, logística compreende o conjunto de
nosso relacionamento com o cliente. providências e ação que irão garantir a realização de uma
atividade especifica.
Saber ouvir: você já deve ter escutado aquela frase São muitas as atividades que o profissional de Secretariado
famosa: “Ouvir é ouro, falar é prata”, porque ao ouvir podemos Executivo é responsável, como atendimento ao público,
aprender algo novo, um profissional quando sabe ouvir, fica gerenciamento da documentação e informação, comunicação e
bem informado, cria elementos indispensáveis para um bom expressão.
interlocutor a uma solução justa para ambas as partes.

Conhecimentos Específicos 31
APOSTILAS OPÇÃO

Para tanto serão citada três atividades principais e de total Descrição: Cerca de uma semana antes das datas pré-
importância. definidas, a secretaria deverá contatar o coordenador e demais
participantes e confirmar data, horário e local da reunião.
Organização de Eventos - evento é um acontecimento
confraternizacional com uma formatação especial, uma 3. Elaborar a primeira versão da pauta de reunião
realização que assume uma realidade própria, observando-se Responsável: Secretária/recepcionista
a natureza desse fim, podendo apresentar em caráter Descrição: A Secretária deverá elaborar a primeira versão
administrativo, econômico, político, social, educativo, da pauta da reunião, determinando os temas.
recreativo, turístico, esportivo ou lúdico. Esses encontros
contribuem também para tratar todo e qualquer assunto com 4. Revisar primeira versão da pauta da reunião
um público de interesse, atribuindo-lhes uma natureza real e Responsável: Secretária/coordenador
objetiva. É indispensável o trabalho do profissional em todas Descrição: A Secretária deverá enviar a primeira versão da
as etapas da organização. pauta da reunião ao coordenador para que seja revisada. Se
houver necessidade de alterar ou inserir algum assunto, o
Viagem – a organização de viagens é uma atividade que coordenador deverá informar a secretária, que ficará
envolve diversas etapas e é indispensável que o profissional de responsável pela correção.
Secretariado Executivo tenha eficácia ao planejar um roteiro
para o executivo. 5. Distribuir a pauta da reunião
Qualquer falta ou esquecimento poderá comprometer Responsável: Secretária
irremediavelmente a viagem e o sucesso dos negócios. Descrição: A Secretária deverá enviar a pauta da reunião
Portanto, assim que o executivo fornecer o itinerário da via e-mail, para todos os membros, 48 horas antes do início da
viagem, é preciso começar a providenciar as passagens e as reunião.
reservas de hotéis. Isso pode ser feito diretamente ou por
intermédio de uma agência de viagens que oferecem várias 6. Preparar documentos para reunião
vantagens. Seja longa ou curta uma viagem, ao programá-la Responsável: Secretária/recepcionista
tenha o máximo de cuidados com pequenos detalhes. Descrição: A secretária/recepcionista deverá separar
todos os documentos necessários, para os assuntos que serão
3) Reuniões – o papel do profissional de Secretariado tratados na reunião e organizá-los na sequência da pauta. Será
Executivo é organizar com o executivo uma relação das preciso também levar uma cópia da pauta, para que a reunião
pessoas que participarão da reunião, não fazendo apenas seja regida pela mesma. Em caso de haver votação, elaborar as
convocações verbais, mas também por escrito com a máxima cédulas de acordo com o tema a ser votado.
antecedência possível. O grau de formalidade dos convites
para a reunião deve conter: local, data e horário da reunião, 7. Informar-se sobre os temas da reunião
assunto a ser tratado e um pedido de confirmação da presença. Responsável: Secretária/recepcionista
O profissional de Secretariado Executivo deve permanecer Descrição: A secretária/recepcionista responsável pela
em contato com os outros profissionais e registrar todas as reunião deverá, com antecedência, se informar sobre todos os
confirmações e desistências. A medida que for tomando assuntos da pauta e identificar possíveis problemas. Caso seja
conhecimento, deverá comunicar para seu executivo, talvez encontrada alguma divergência, a coordenação deverá ser
ele queira incluir novos nomes substituindo dos convites informada.
recusados. Também é sua atribuição, fazer a preparação da
sala de reuniões e assessorar durante a reunião. 8. Convocar membros para reunião
Responsável: Secretária
Secretariar uma reunião Descrição: No dia anterior à reunião, a secretária deverá
contatar todos os membros da e confirmar a presença deles
Secretariar uma reunião é muito mais do que tomar notas informando horário, data e local da reunião.
e posteriormente preparar e distribuir a ata. O secretário ou a
secretária designada precisa exercitar a sua voz ativa, pois 9. Organizar sala de reunião
pode e deve assumir a responsabilidade de registrar quem está Responsável: Secretária/recepcionista
presente, controlar o horário de início e término, solicitar que Descrição: Pouco antes da reunião, a secretária deverá
pontos expostos sem clareza suficiente sejam adequadamente organizar a sala de reunião e disponibilizar água, canetas,
reexpostos ainda durante a reunião, acompanhar as questões materiais necessários, etc.
não concluídas ao longo da reunião, sumarizando-as antes do
encerramento e propondo que se delibere a respeito delas, e 10. Realizar a reunião
muitos outros papéis de grande importância operacional para Responsável: Secretária/membros da reunião,
a reunião, os quais são descritos a seguir: coordenador
Descrição: A reunião deverá ser realizada pelo
Atividades do processo de secretariar reuniões representante/coordenador/chefe/superior, sendo que todos
os temas descritos na pauta deverão ser discutidos. A
1. Definir data das reuniões secretária presente deverá anotar todos os comunicados,
Responsável: Coordenador decisões para elaboração da ata, sendo que se necessário,
Descrição: Deve decidir conforme a necessidade de haver solicitar anotações dos participantes.
uma reunião, repassando a informação à secretária que
ajudará com a questão de definição de datas e horários 11. Enviar documentos para setores responsáveis
convenientes conforme a agenda dos demais membros que Responsável: Secretária/recepcionista
deverão estar presentes. Descrição: Após a reunião, alguns documentos precisarão
ser enviados para os setores responsáveis por sua aprovação
2. Confirmar data da reunião ou para dar continuidade a seu processo, sendo assim, a
Responsável: Secretária/recepcionista secretária fica responsável por essa distribuição.

Conhecimentos Específicos 32
APOSTILAS OPÇÃO

12. Elaborar Ata da reunião (E) Sentar-se ao lado de seu chefe, ou o mais próximo
Responsável: Secretária/recepcionista possível, sem ocupar lugar à mesa, a menos que seja
Descrição: A secretária deverá elaborar a Ata da reunião convidado.
com as informações anotadas na reunião.
03. (AL-MT - Secretária(o) – FGV) Você está organizando
As características básicas da formatação de atas são: uma reunião importante entre membros da Assembleia
-texto completamente contínuo, sem parágrafos ou listas Legislativa e convidados externos. As recomendações a seguir
de itens - ou seja, reduzido como se o texto inteiro fosse um devem ser meticulosamente observadas, à exceção de uma.
único e longo parágrafo; Assinale-a.
-números, valores, datas e outras expressões sempre (A) A sala de reunião deve ser preparada com antecedência
representados por extenso; e deve ser mantida numa temperatura agradável. Devem estar
-sem emprego de abreviaturas ou siglas; disponíveis à mesa, blocos de papel, lápis e canetas para todos
-sem emendas, rasuras ou uso de corretivo; os participantes.
-todos os verbos descritivos de ações da reunião usados no (B) Todos os equipamentos eletrônicos que serão usados
pretérito perfeito do indicativo (disse, declarou, decidiu...); (laptops, datashows, televisões, etc.) devem ser
cuidadosamente verificados com antecedência.
13. Revisar ata da reunião (C) Se um interlocutor externo fizer uma ligação telefônica
Responsável: Secretária /coordenador da reunião para um dos participantes, interrompa a reunião para
Descrição: A Secretária deverá enviar a ata da reunião a anunciar a ligação e conduza o destinatário até o telefone.
todos os membros para que seja revisada. Caso necessite de (D) A rotina estabelecida para servir água, café e,
alguma alteração, os membros deverão avisar à secretária, que eventualmente, sucos, deve ser bem discreta para não
será responsável pela correção. A ata deverá ser inserida na atrapalhar o andamento da reunião.
pauta da próxima reunião para aprovação. (E) Se convocado(a) para secretariar a reunião, sente-se à
mesa quando e se for convidado(a), mantenha postura
14. Coletar assinaturas na ata discreta e jamais emita opinião, a não ser quando
Responsável: Secretária /recepcionista expressamente estimulado a fazê-lo.
Descrição: A secretária/recepcionista deverá coletar a
assinatura de todos os participantes da reunião, para controle Respostas
dos presentes e atestado/comprovação de que houve a
reunião. 01. B / 02. C / 03. C

15. Arquivar a ata


Responsável: Secretária /recepcionista Serviço de pessoal:
Descrição: A Secretária deverá arquivar a ata da reunião
corrigida e assinada. conceito, competência,
atribuições.
16. Publicar a ata
Responsável: Secretária /recepcionista
Descrição: Em algumas situações, é possível que a O serviço de pessoas trata-se da Administração de
secretária deverá salvar a ata de reunião em formato pdf e Recursos Humanos – Veja a seguir:
publicá-la em algum site para posterior consulta.
A área de Administração de Recursos Humanos (ARH)
Questões surgiu em detrimento a uma necessidade global das
organizações de evoluírem no sentido de desenvolver seus
01. (CREFONO - 6ª Região - Auxiliar de Escritório – colaboradores e tornar-se mais competitivo no mercado. Essa
Quadrix) A descrição escrita do conteúdo de uma reunião ou área dentro das empresas surgiu após a Era Industrial, com
assembleia, ordinária ou extraordinária, denomina-se: o boom16 do surgimento das tecnologias injetadas nas
(A) Arquivo. máquinas e equipamentos para aceleração da produtividade
(B) Ata. nas grandes indústrias, o homem-empresário notou que os
(C) Atestado. investimentos de uma organização não poderiam ser voltados
(D) Aviso. somente à produção e ao lucro.
(E) Memorando. De modo gradativo, percebeu-se que aquele antigo
sistema das organizações, com ênfase nos recursos
02. (PROCEMPA - Técnico Administrativo - Assistente tecnológicos, materiais e patrimoniais foi sendo tomado
em Diversas Áreas da Empresa – FGV) Você é convocado pela grande necessidade de investir nas pessoas. Tais
para secretariar uma reunião. recursos são considerados hoje como primordiais para a
As afirmativas a seguir apresentam procedimentos que engrenagem dos negócios em qualquer área ou setor de
devem ser adotados, à exceção de uma. Assinale-a. atuação. O homem-empresário aqui citado pode-se entender
(A) Levar para a sala o material adequado: lápis, caneta, como o próprio negociador ou proprietário de um negócio,
bloco de notas, tablet ou outro recurso que permita suas aquele que investe na produção de um bem ou serviço com fim
anotações. de obter lucro.
(B) Estar bem apresentado, tomando cuidado com a A Revolução Industrial desencadeou muitas
aparência, além do uso de roupas discretas. transformações nas relações sociais, rurais, econômicas e
(C) Ao perceber que alguém disse algo inconveniente, não financeiras, tanto para os empresários ou também chamados
se omitir, dando sua opinião em voz clara e firme. de proprietários que estavam no comando das indústrias
(D) Manter uma postura discreta, tomando nota dos temas como para os trabalhadores que estavam por trás das
importantes abordados na reunião.

16 Desenvolvimento acelerado de uma determinada atividade econômica de uma


cidade, do apoio a uma candidatura política, etc. Retirado do dicionário online
de português: http://www.dicio.com.br/boom/.

Conhecimentos Específicos 33
APOSTILAS OPÇÃO

máquinas e equipamentos. Houve a substituição da Dessa forma, para Chiavenato18, a Administração de


manufatura pela “maquinofatura”, o trabalho rural foi trocado Recursos Humanos (ARH) trata especificamente de um
pelas máquinas, fazendo com que a população deixasse o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir,
campo com uma proposta de uma condição de vida mais os aspectos da posição gerencial relacionados com as
rentável na cidade. Porém, o que aconteceu foi o abandono “pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento,
das áreas rurais e a revolta dos trabalhadores, pois as seleção, treinamento, recompensas e avaliação do
indústrias prometiam demasiadamente e pouco conseguia desempenho. A ARH é a função administrativa devotada à
cumprir, os salários eram baixos, as cargas horárias eram aquisição, treinamento, avaliação, e remuneração dos
excessivas, acidentes de trabalhos eram constantes, empregos. Todos os gerentes são, em um certo sentido,
crianças e mulheres eram submetidas a trabalhos gerentes de pessoas, porque todos eles estão envolvidos com
pesados, não havia direito dos operários para gozarem de atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e
férias ou quaisquer descanso. treinamento.
Durante a Revolução Industrial, as organizações eram
vistas puramente como indústrias de lucro, pois almejavam Nesse conjunto de políticas e práticas estão:
grande escala de produção, redução dos custos e maximização
dos recursos materiais, a fim de alcançar seus objetivos Conduzir análise de cargo (determinar a natureza do
contábeis e financeiros. trabalho de cada funcionário), prever a necessidade de
trabalho e recrutar candidatos, selecionar candidatos, orientar
Onde pretende-se chegar com esse breve resumo da e treinar novos funcionários, gerenciar recompensas e salários
Revolução Industrial? o ponto-chave é a evolução das (como remunerar funcionários), oferecer incentivos e
organizações passando de foco do negócio para foco nas benefícios, avaliar o desempenho, comunicar-se
pessoas. (entrevistando, aconselhando, disciplinando), treinar e
desenvolver, construir o comprometimento do funcionário.
Como diz Chiavenato17, E onde estão as competências? Em E o que o gerente precisa saber sobre: oportunidades
que lugar? Quase sempre na cabeça – e não nos músculos – das iguais e ações afirmativas, saúde e segurança do funcionário,
pessoas. queixas e relações trabalhistas (DESSLER19). Segundo
Chiavenato20, as políticas de recursos humanos devem ter as
O que ele quer dizer com isso é que, as pessoas ou os seguintes características: estabilidade, consistência,
trabalhadores neste caso, deixaram de ocupar um papel flexibilidade, generalidade, clareza e simplicidade.
mecanicista dentro da gestão de uma empresa, para
passarem a ocupar uma posição mais estratégica. As Destaca-se, com relação à nomenclatura adotada, que com
pessoas evoluíram do simples executar para o pensar, o passar dos anos, a Administração de Recursos Humanos vem
melhorar, modificar. E na Revolução Industrial esse fato fica mudando sua nomenclatura do tipo "Gestão de talentos
muito evidente, pois as pessoas além de exigirem por melhores humanos", "Gestão de Parceiros ou de Colaboradores", "Gestão
condições de trabalho passaram a perceber que eram valiosas do Capital Humano", "Administração do Capital Intelectual" e
pelo que podiam oferecer ao negócio, não só pela força física, enfim "Gestão de Pessoas".
mas pela força mental e estratégica. Até então, as pessoas não
tinham consciência nem de seus direitos nem do que podiam De modo que é inerente à gestão de pessoas a prática de
contribuir. lidar com o comportamento humano e administrar a justiça
É importante enfatizar que o fenômeno da Revolução nos relacionamentos. Sendo esta uma tarefa árdua e difícil
Industrial apenas foi um marco inicial para esse olhar mais (desafio), pois é passível de erros ou de práticas injustas e/ou
analítico dos empresários frente aos seus colaboradores. Pois de situações desgastantes. Contudo faz-se necessário o
esse processo de constituição da Administração de Recursos investimento para com aqueles que fazem a organização, que
Humanos custou muito ser realidade, até nos dias atuais ainda contribuem diretamente para o sucesso e o desenvolvimento
há muitas transformações e melhorias a serem conquistadas interno.
nessa área. Muito se tem discutido sobre as teorias e práticas
da Administração de Recursos Humanos. A Gestão de Pessoas é a área que constrói talentos por
meio de um conjunto integrado de processos e cuida do
Muitos fatores têm contribuído para essas mudanças como capital humano das organizações, o elemento
os fatores econômicos, tecnológicos, sociais, ambientais, fundamental do seu capital intelectual e a base do seu
culturais, demográficos, legais, etc. E são essas mudanças, tais sucesso.
como a Revolução Industrial, que contribuiu para a
transformação do que chamamos de Área de Recurso A área de Gestão de Pessoas tem passado por uma grande
Humanos, ora conhecida por Gestão de Pessoas, ora transformação nos últimos anos, a principal mudança notável
conhecida por Recursos Humanos somente, ora tratada como nesse modelo de gestão é sua atuação, que vem deixando de
Gestão de Talentos. ter papel somente operacional, para atuar em campo mais
Embora cada empresa conforme sua gestão trate este estratégico dentro das organizações.
departamento voltado às pessoas de uma forma, os objetivos Tais mudanças tornaram-se cada vez mais constantes e
são os mesmos, fazer com que as pessoas sejam parceiras intensas, de forma a influenciar fortemente as organizações,
da organização. Isso significa parceria com todos os no que diz respeito a sua administração, seu comportamento
envolvidos no negócio, desde o acionista até o porteiro, diante do mercado globalizado e o de seus colaboradores, até
desde o fornecedor até o concorrente. São considerados pouco tempo chamados de mão de obra.
parceiros, pois são as pessoas que dão vida e dinamismo
ao negócio, que fazem o crescimento e o desenvolvimento O olhar de uma empresa muda conforme novas gerações
acontecer. são inseridas no mercado de trabalho. Com isso as empresas
de uma maneira geral precisam adaptar-se aos novos modelos

17 CHIAVENATO, Idalberto. Princípios da Administração - o essencial em 19 DESSLER, Gary. Administração de recursos humanos. Pearson Brasil, 2003.
Teoria Geral da Administração - 2ª Ed. 2012 20 CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos: fundamentos
18 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas - 3ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, Básicos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
2010.

Conhecimentos Específicos 34
APOSTILAS OPÇÃO

mentais que essas gerações trazem consigo, carregando Compete a todos os gestores da empresa, desde a alta
valores, culturas, costumes e hábitos diferentes do que os administração até a baixa gerência, assumir o papel de
antigos modelos de gestão estão habituados. gestão de pessoas.
A administração dos recursos humanos era concebida
como uma área operacional, pois atuava principalmente como Para que isso ocorra a área de gestão de pessoas precisa
departamento de pessoal. Era conhecida como o descentralizar suas práticas, por meio de um processo intenso
departamento da empresa que se restringia apenas na de capacitação e sensibilização dos gestores, passando a atuar
execução de contratações, realizar folha de pagamento e muito mais como uma consultoria interna. E, para que as
demissões. Trazendo para outras palavras, uma área que organizações passem a adotar uma gestão estratégica de
apenas executava decisões tomadas por outros pessoas, torna-se necessário migrar do controle para o
departamentos, e ainda levava “fama” de departamento comprometimento dos colaboradores.
burocrático por ter que fazer cumprir com muitas leis, norma Enquanto uma organização se preocupar única e
e regras que envolvem o trabalhador. exclusivamente em adotar mecanismos de controle de seus
Porém essa área considerada por muito tempo como uma colaboradores, o comprometimento estará cada vez mais
fonte de despesa, por ser vista por muitos gestores como um distante, pois o controle dificulta a iniciativa, a criatividade, a
“mal necessário”. Esse ponto de vista mal explorado pela parceria na busca de melhores resultados. Já as estratégias de
administração das empresas foi mudando consideravelmente, comprometimento permitem o engajamento, a participação
ao ponto de nos dias atuais, ser considerada a área de maior ativa, novas ideias, enfim, o sentimento de pertencer a algo
importância em uma organização. importante, pois o sucesso da empresa será também o sucesso
do profissional.
Todavia, com as transformações no mercado global,
nos deparamos com um gap21, bastante preocupante que é Assim, uma Gestão Estratégica de Pessoas significa
a escassez de profissionais, principalmente no que tange estreitar laços e aproximar-se dos colaboradores, dos
profissionais que possuam habilidades comportamentais gestores e área de gestão de pessoas, de forma a mobilizá-
que se ajustem aos valores e filosofia das empresas. los para alcançar os resultados e metas planejados para a
organização.
Esse gap é o que chamamos de “gargalo” do mercado, é
onde existe uma extrema necessidade de profissionais para Ou seja, todos podem fazer parte do processo de tomada
suprir a demanda do mercado de trabalho, mas em de decisões, desde que a empresa permita isso, desenvolva
contrapartida as empresas não conseguem selecionar um essa autonomia e reconhecimento. Todos colaboradores
perfil de profissional que se enquadre dentro de suas podem ser estratégicos, peças-chaves para o sucesso
expectativas. Isso ocorre porque os profissionais estão sempre organizacional. Isso deve ocorrer tendo em vista que existem
em busca de algo a mais, algo que há pouco tempo era objetivos distintos entre as organizações e as pessoas dessas
inexistente na administração das empresas. organizações.

Esse algo a mais é considerado pelos profissionais como Sendo assim, é importante resumir as 5 fases
aquilo que a empresa pode oferecer além do que estão evolutivas da Gestão de Pessoas:
estipulados pelas leis, como benefícios, vale-transporte, vale-
alimentação, vale-refeição, férias, horas extras, 13º salário, etc. - Fase Contábil (1930): caracteriza-se pela preocupação
O que o profissional moderno almeja é mais do que uma com os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos,
carreira estável, almeja um plano de carreira, sentir-se exclusivamente, sob o enfoque contábil.
engajado no desempenho do negócio, é participar de uma
gestão por competências, por reconhecimento. É saber que há - Fase Legal (1930 - 1950): preocupação com o
possibilidades de crescimento, promoções, conseguir acompanhamento e manutenção das recém criadas leis
enxergar onde o profissional está hoje e onde ele pode chegar. trabalhistas da era getulista.
Essa conquista na carreira é algo desafiador tanto para o
profissional quanto para as empresas, pois com essa mudança - Fase Tecnicista (1950 - 1965): o Brasil implantou o
nos objetivos dos profissionais oferecidos no mercado torna- modelo americano de gestão de pessoas e alavancou a função
se cada vez mais difícil reter “talentos” dentro de uma de RH ao status orgânico de gerência. Foi nessa fase que a área
organização, pois eles estão sempre buscando novos desafios de RH passou a operacionalizar serviços como os de
além de uma empresa que possa oferecer o tão almejado plano treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene
de carreira. e segurança no trabalho, benefícios e outros.

Discutir gestão estratégica de pessoas é discutir práticas - Fase Administrativa, ou Sindicalista (1965 - 1985):
de gestão de pessoas com foco no negócio e nos resultados da criou um marco histórico nas relações entre capital e trabalho,
empresa, ou seja, é garantir um estreito alinhamento das ações na medida em que é berço de uma verdadeira revolução que,
e programas da área com as estratégias e objetivos globais da movida pelas bases trabalhadoras, implementou o movimento
organização. sindical denominado “novo sindicalismo”. Nessa fase,
No Planejamento Estratégico somente o nível registrou-se nova mudança – significativa – na denominação e
estratégico, composto pelo conselho, presidente, diretores e na responsabilidade do até aqui gerente de relações
gerentes tinha autonomia para traçar objetivos e metas, industriais: o cargo passou a se chamar Gerente de Recursos
estratégias para posicionamento no mercado, para sugerir Humanos. Pretendia-se com essa mudança transferir a ênfase
ideias e propostas de melhorias. em procedimentos burocráticos e puramente operacionais
Para obter esse alinhamento a área de pessoas não pode para as responsabilidades de ordem mais humanísticas,
ficar sob responsabilidade de uma única unidade voltadas para os indivíduos e suas relações (com os sindicatos,
administrativa da empresa, todos precisam assumir a a sociedade etc.).
responsabilidade de gerenciar, ou melhor, liderar pessoas.

21 Palavra inglesa que significa lacuna, vão ou brecha – retirado do site:

www.significados.com.br.

Conhecimentos Específicos 35
APOSTILAS OPÇÃO

- Fase Estratégica (1985 a atual): demarcada pela - Ênfase na especialização;


introdução dos primeiros programas de planejamento - Executoras de tarefas;
estratégico atrelados ao planejamento estratégico das - Ênfase nas destrezas manuais;
organizações. Nessa fase se registraram as primeiras - Mão de obra.
preocupações de longo prazo por parte das empresas com os
seus trabalhadores. Iniciou-se nova alavancagem Pessoas como parceiras
organizacional do cargo de GRH, que, de posição gerencial, de
terceiro escalão, em nível ainda tático, passou a ser - Colaboradores agrupados em equipes;
reconhecido como diretoria, em nível estratégico nas - Metas negociadas e compartilhadas;
organizações. - Preocupação com resultados;
- Atendimento e satisfação do cliente;
Objetivos Individuais e Objetivos Organizacionais - Vinculação à missão e à visão;
- Interdependência com colegas e equipes;
Objetivos Organizacionais Objetivos Individuais - Participação e comprometimento;
- Sobrevivência - Melhores salários - Ênfase na ética e na responsabilidade;
- Crescimento Sustentado - Melhores benefícios - Fornecedoras de atividades;
- Lucratividade - Estabilidade no emprego - Ênfase no conhecimento;
- Produtividade - Segurança no trabalho
- Inteligência e talento.
- Qualidade nos Produtos / - Qualidade de vida no
Serviços trabalho
- Redução de Custos - Satisfação no trabalho Assim, a Gestão de Pessoas se baseia em três aspectos
- Participação no mercado - Consideração e respeito fundamentais, segundo Chiavenato:
- Novos mercados - Oportunidade de
- Novos clientes crescimento - As pessoas como seres humanos;
- Competitividade - Liberdade para trabalhar - As pessoas como ativadores inteligentes de recursos
- Imagem no mercado - Liderança liberal organizacionais;
- Orgulho da organização
Os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas.
- As pessoas como parceiros da organização.

Pessoas como Recursos ou como Parceiras da Objetivos da Gestão de Pessoas


Organização?
Ela deve contribuir para a eficácia organizacional através
Dentro desse contexto, a questão básica é escolher entre dos seguintes meios:
tratar as pessoas como Recursos Organizacionais ou como
Parceiras da Organização. 1. Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e
realizar sua missão: antigamente, a ênfase era colocada no
Os empregados podem ser tratados como Recursos fazer corretamente as coisas através dos métodos e regras
Produtivos das Organizações: os chamados recursos impostos aos funcionários para obter eficiência. O salto para a
humanos. Como recursos, eles precisam ser administrados, o eficácia veio com a preocupação em atingir objetivos e
que envolve planejamento, organização, direção e controle de resultados. Não se pode imaginar a função da GP sem se
suas atividades, já que são considerados sujeitos passivos da conhecer o negócio de uma organização. Cada negócio tem
ação organizacional. Daí, a necessidade de administrar os diferentes implicações na GP.
recursos humanos para obter deles o máximo rendimento
possível. Neste sentido, as pessoas constituem parte do O principal objetivo da GP é ajudar a organização a
patrimônio físico na contabilidade organizacional. Isso atingir suas metas, objetivos e realizar sua missão.
significa "coisificar” as pessoas.
2. Proporcionar competitividade à organização: isto
As pessoas devem ser visualizadas como Parceiras das significa saber criar, desenvolver e aplicar as habilidades e
Organizações. Como tais, elas são fornecedoras de competências da força de trabalho. A função da GP é fazer com
conhecimentos, habilidades, competências e, sobretudo, o que as forças das pessoas sejam mais produtivas para
mais importante aporte para as organizações: a inteligência beneficiar clientes, parceiros e empregados.
que proporciona decisões racionais e que imprime significado
e rumo aos objetivos globais. Neste sentido, as pessoas 3. Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e
constituem parte integrante do capital intelectual da bem motivadas: quando um executivo diz que o propósito da
organização. As organizações bem-sucedidas se deram conta Administração de RH é construir e proteger o mais valioso
disso e tratam seus funcionários como parceiros do negócio e patrimônio da empresa – as pessoas – ele está se referindo a
fornecedores de competências e não mais como simples este objetivo da GP. Preparar e capacitar continuamente as
empregados contratados (como recursos). pessoas é o primeiro passo. O segundo é dar reconhecimento
às pessoas e não apenas dinheiro. Para melhorar e
Observe a seguir a diferença em organizações que incrementar seu desempenho, as pessoas devem perceber
percebem as pessoas como recursos das que percebem as justiça nas recompensas que recebem. Isso significa
pessoas como parceiros: recompensar bons resultados e não recompensar pessoas que
não se desempenham bem. Tornar os objetivos claros e
Pessoas como recursos explicitar como são medidos e quais as decorrências do seu
alcance. As medidas de eficácia da GP – e não apenas a medida
- Empregados isolados nos cargos; de cada chefe – é que devem ser proporcionais às pessoas
- Horário rigidamente estabelecido; certas, na fase certa do desempenho para a organização.
- Preocupação com normas e regras;
- Subordinação ao chefe; 4. Aumentar a auto atualização e a satisfação das
- Fidelidade à organização; pessoas no trabalho: antigamente a ênfase era colocada nas
- Dependência da chefia; necessidades da organização. Hoje, sabe-se que as pessoas
- Alienação à organização; precisam ser felizes. Para que sejam produtivas, as pessoas

Conhecimentos Específicos 36
APOSTILAS OPÇÃO

devem sentir que o trabalho é adequado às suas competências realizar na empresa, orientar e acompanhar seu desempenho.
e que estão sendo tratadas equitativamente. Para as pessoas, o Incluem desenho organizacional e desenho de cargos, análise
trabalho é a maior fonte de identidade pessoal. As pessoas e descrição de cargos, orientação das pessoas e avaliação do
despedem a maior parte de suas vidas no trabalho, e isso desempenho.
requer uma estreita identidade com o trabalho que fazem.
Pessoas satisfeitas não são necessariamente as mais 3. Processos de recompensar pessoas: são os processos
produtivas. Mas pessoas insatisfeitas tendem a desligar-se da utilizados para incentivar as pessoas e satisfazer suas
empresa, a se ausentar frequentemente e a produzir pior necessidades individuais mais elevadas. Incluem
qualidade do que pessoas satisfeitas. A felicidade na recompensas, remuneração e benefícios e serviços sociais.
organização e a satisfação no trabalho são determinantes do
sucesso organizacional. 4. Processos de desenvolver pessoas: são os processos
utilizados para capacitar e incrementar o desenvolvimento
5. Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho: profissional e pessoal das pessoas. Incluem seu treinamento e
qualidade de vida no trabalho (QVT) é um conceito que se desenvolvimento, gestão do conhecimento e gestão de
refere aos aspectos da experiência do trabalho, como estilo de competências, programas de mudanças e desenvolvimento de
gestão, liberdade e autonomia para tomar decisões, ambiente carreiras e programas de comunicações e consonância.
de trabalho agradável, camaradagem, segurança no emprego,
horas adequadas de trabalho e tarefas significativas e 5. Processos de manter pessoas: são os processos
agradáveis. Um programa de QVT procura estruturar o utilizados para criar condições ambientais e psicológicas
trabalho e o ambiente de trabalho no sentido de satisfazer a satisfatórias para as atividades das pessoas. Incluem
maioria das necessidades individuais das pessoas e tornar a administração da cultura organizacional, clima, disciplina,
organização um local desejável e atraente. A confiança das higiene, segurança e qualidade de vida e manutenção de
pessoas na organização também é fundamental para a relações sindicais.
retenção e a fixação de talentos.
6. Processos de monitorar pessoas: são os processos
6. Administrar e impulsionar a mudança: nas últimas utilizados para acompanhar e controlar as atividades das
décadas, houve um período turbulento de mudanças sociais, pessoas e verificar resultados. Incluem banco de dados e
tecnológicas, econômicas, culturais e políticas. Essas sistemas de informações gerenciais.
mudanças e tendências trazem novas abordagens, mais
flexíveis e ágeis, que devem ser utilizadas para garantir a Todos esses processos estão bastante relacionados
sobrevivência das organizações. E os profissionais de GP entre si, de tal maneira que se interpenetram e se
devem saber como lidar com mudanças se realmente querem influenciam reciprocamente.
contribuir para o sucesso de sua organização. São mudanças
que se multiplicam exponencialmente e cujas soluções Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais,
impõem novas estratégias, filosofias, programas, quando bem ou mal utilizado. Um processo rudimentar de
procedimentos e soluções. A GP está comprometida com as agregar pessoas pode exigir um intenso processo de
mudanças. desenvolver pessoas para compensar as suas falhas. Se o
processo de recompensar pessoas é falho, ele pode exigir um
7. Manter políticas éticas de comportamento intenso processo de manter pessoas.
socialmente responsável: toda atividade de GP deve ser
aberta, transparente, justa, confiável e ética. As pessoas não O equilíbrio na condução de todos esses processos é
devem ser discriminadas, e os seus direitos básicos devem ser fundamental. Quando um processo é falho, ele compromete
garantidos. Os princípios éticos devem ser aplicados a todas as todos os demais. Além disso, todos esses processos são
atividades da GP. Tanto as pessoas como as organizações desenhados de acordo com as exigências das influências
devem seguir padrões éticos e de responsabilidade social. A ambientais externas e das influências organizacionais internas
responsabilidade social não é uma exigência feita apenas às para obter a melhor compatibilização entre si. Ele deve
organizações, mas também principalmente às pessoas que funcionar como um sistema aberto e interativo.
nelas trabalham.
Questões
8. Construir a melhor empresa e a melhor equipe: não
basta mais cuidar somente das pessoas. Ao cuidar dos talentos, 01. (MPE-SC - Analista do Ministério Público – FEPESE)
a GP precisa cuidar também do contexto onde eles trabalham. Constitui(em) parte do sistema de administração de recursos
Isso envolve a organização do trabalho, a cultura corporativa humanos:
e o estilo da gestão. Ao lidar com essas variáveis, a GP conduz 1. manutenção de máquinas e equipamentos, que envolve
à criação não somente de uma força de trabalho fortemente plano de benefícios sociais, higiene e segurança do trabalho;
engajada como também a uma nova e diferente empresa. 2. aplicação, que está relacionada com análise e descrição
de cargos, planejamento e alocação, plano de carreiras e
Os Processos de Gestão de Pessoas avaliação de desempenho;
3. monitoração, que engloba banco de dados, sistemas de
A Gestão de Pessoas é um conjunto integrado de processos informação e auditoria de recursos humanos.
dinâmicos e interativos. Os seis processos básicos de Gestão de
Pessoas são os seguintes: Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
1. Processos de agregar pessoas: são os processos (A) É correta apenas a afirmativa 1.
utilizados para incluir novas pessoas na empresa. Podem ser (B) É correta apenas a afirmativa 2.
denominados processos de provisão ou de suprimento de (C) É correta apenas a afirmativa 3.
pessoas. Incluem recrutamento e seleção de pessoas. (D) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
(E) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.
2. Processos de aplicar pessoas: são os processos
utilizados para desenhar as atividades que as pessoas irão

Conhecimentos Específicos 37
APOSTILAS OPÇÃO

02. (TJ-MG - Técnico Judiciário – FUMARC) Sobre a


moderna Administração de Recursos Humanos é correto Lei Federal nº 7.853, de 24
afirmar, EXCETO: de outubro de 1989 – Dispõe
(A) compartilha com todos os demais órgãos da
empresa o encargo de administrar pessoas. sobre o apoio às pessoas
(B) trata-se de um órgão eminentemente operacional portadoras de deficiência.
devotado às rotinas de pessoal. Estatuto da Criança e do
(C) estabelece normas e critérios que sirvam de base
Adolescente –
para que os gerentes administrem seus subordinados.
(D) assume a responsabilidade de staff pela
administração de pessoas.
LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989.
03. (CVM - Analista - Recursos Humanos – ESAF)
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de
Segundo Chiavenato, as políticas relacionadas com ARH
deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria
(Administração de Recursos Humanos) devem ter as Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
seguintes características, exceto: - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos
(A) estabilidade, ou seja, suficiente grau de ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério
permanência para evitar alterações muito grandes. Público, define crimes, e dá outras providências.
(B) consistência, ou seja, congruência em sua aplicação,
não importam os níveis ou áreas afetadas. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
(C) complexidade, ou seja, nível de abordagem que Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
permita utilização em organizações de variados tamanhos.
(D) generalidade, ou seja, possibilidade de aplicação Art. 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram
global e compreensiva para toda a organização. o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas
(E) flexibilidade, ou seja, possibilidade de suportar portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social, nos
correções, ajustamentos e exceções, quando necessários. termos desta Lei.
§ 1º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão
04. (TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e
Administrativa - FCC) Gestão estratégica de pessoas é oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da
(A) a definição da arquitetura organizacional pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na
Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito.
compatibilizada com os pontos fortes da organização e
§ 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas
oportunidades de mercado.
portadoras de deficiência as ações governamentais
(B) a formulação de políticas de gestão de pessoas necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições
alinhadas à cultura e ao clima da organização. constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as
(C) o alinhamento do conjunto de conhecimentos, discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e
habilidades e atitudes das pessoas com a missão, visão, entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder
objetivos estratégicos, estratégias e planos da organização. Público e da sociedade.
(D) a definição das funções críticas que as pessoas
passam a desempenhar num cenário estratégico. Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às
(E) o processo de educação gerencial e pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus
desenvolvimento do componente crítico-criativo. direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao
trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e
05. (TJ-RO - Analista Judiciário - Psicologia – CESPE) à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e
Atualmente, a gestão de pessoas é considerada estratégica das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
por Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste
(A) possibilitar a identificação de lacunas de artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta
aprendizagem individual diretamente relacionadas às devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade,
recentes demandas do trabalho nas organizações. aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e
adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as
(B) valorizar a relação contábil entre custo de mão de
seguintes medidas:
obra e produtividade.
I - na área da educação:
(C) privilegiar o desenvolvimento de equipes em a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial
detrimento do de competências individuais. como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a
(D) representar, nas organizações complexas, o mais pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e
eficiente mecanismo de controle de pessoal. reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências
(E) apresentar vinculação ou alinhamento com de diplomação próprios;
objetivos organizacionais de curto, médio e longo prazo. b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas
especiais, privadas e públicas;
Respostas c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em
estabelecimento público de ensino;
01. D / 02. B / 03. C / 04. C / 05. E d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação
Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e
congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou
superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos
benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive
material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;

Conhecimentos Específicos 38
APOSTILAS OPÇÃO

f) a matrícula compulsória em cursos regulares de fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre
estabelecimentos públicos e particulares de pessoas suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a
portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema promoção de direitos da pessoa com deficiência. (Redação
regular de ensino; dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
II - na área da saúde: § 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer
a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao às autoridades competentes as certidões e informações que
planejamento familiar, ao aconselhamento genético, ao julgar necessárias.
acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, à § 2º As certidões e informações a que se refere o parágrafo
nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao controle anterior deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da
da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só
metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento precoce poderão se utilizadas para a instrução da ação civil.
de outras doenças causadoras de deficiência; § 3º Somente nos casos em que o interesse público,
b) o desenvolvimento de programas especiais de devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada
prevenção de acidente do trabalho e de trânsito, e de certidão ou informação.
tratamento adequado a suas vítimas; § 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação
c) a criação de uma rede de serviços especializados em poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou
reabilitação e habilitação; informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os
d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão
deficiência aos estabelecimentos de saúde públicos e privados, de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a
e de seu adequado tratamento neles, sob normas técnicas e requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que
padrões de conduta apropriados; cessará com o trânsito em julgado da sentença.
e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao § 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos
deficiente grave não internado; habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por
f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados para qualquer deles.
as pessoas portadoras de deficiência, desenvolvidos com a § 6º Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer
participação da sociedade e que lhes ensejem a integração dos co-legitimados pode assumir a titularidade ativa.
social;
III - na área da formação profissional e do trabalho: Art. 4º A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível
a) o apoio governamental à formação profissional, e a erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada
garantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos improcedente por deficiência de prova, hipótese em que
cursos regulares voltados à formação profissional; qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à fundamento, valendo-se de nova prova.
manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, § 1º A sentença que concluir pela carência ou pela
destinados às pessoas portadoras de deficiência que não improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição,
tenham acesso aos empregos comuns; não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, tribunal.
nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
deficiência; ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer
d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva legitimado ativo, inclusive o Ministério Público.
de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de
deficiência, nas entidades da Administração Pública e do setor Art. 5º O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas
privado, e que regulamente a organização de oficinas e ações públicas, coletivas ou individuais, em que se discutam
congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, interesses relacionados à deficiência das pessoas.
nelas, das pessoas portadoras de deficiência;
IV - na área de recursos humanos: Art. 6º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
a) a formação de professores de nível médio para a presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa
Educação Especial, de técnicos de nível médio especializados física ou jurídica, pública ou particular, certidões, informações,
na habilitação e reabilitação, e de instrutores para formação exame ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10
profissional; (dez) dias úteis.
b) a formação e qualificação de recursos humanos que, nas § 1º Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do
diversas áreas de conhecimento, inclusive de nível superior, Ministério Público da inexistência de elementos para a
atendam à demanda e às necessidades reais das pessoas propositura de ação civil, promoverá fundamentadamente o
portadoras de deficiências; arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas.
c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico Neste caso, deverá remeter a reexame os autos ou as
em todas as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa respectivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
portadora de deficiência; Ministério Público, que os examinará, deliberando a respeito,
V - na área das edificações: conforme dispuser seu Regimento.
a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam § 2º Se a promoção do arquivamento for reformada, o
a funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou Conselho Superior do Ministério Público designará desde logo
removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios
de transporte. Art. 7º Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no
que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de 1985.
interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e
individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a
ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, 5 (cinco) anos e multa: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito 2015)
Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender,
termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em

Conhecimentos Específicos 39
APOSTILAS OPÇÃO

estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público Deficiência, bem como propor as providências necessárias a
ou privado, em razão de sua deficiência; (Redação dada pela sua completa implantação e seu adequado desenvolvimento,
Lei nº 13.146, de 2015) inclusive as pertinentes a recursos e as de caráter legislativo;
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de III - acompanhar e orientar a execução, pela Administração
alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua Pública Federal, dos planos, programas e projetos
deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) mencionados no inciso anterior;
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à IV - manifestar-se sobre a adequação à Política Nacional
pessoa em razão de sua deficiência; (Redação dada pela Lei nº para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência dos
13.146, de 2015) projetos federais a ela conexos, antes da liberação dos
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de recursos respectivos;
prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa V - manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o
com deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Distrito Federal, e o Ministério Público, estreito
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de relacionamento, objetivando a concorrência de ações
ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei; destinadas à integração social das pessoas portadoras de
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) deficiência;
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos VI - provocar a iniciativa do Ministério Público,
indispensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam
Lei, quando requisitados. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de objeto da ação civil de que esta Lei, e indicando-lhe os
2015) elementos de convicção;
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou
menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um convênios firmados pelos demais órgãos da Administração
terço). (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
para indeferimento de inscrição, de aprovação e de VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das
cumprimento de estágio probatório em concursos públicos questões concernentes à pessoa portadora de deficiência,
não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do visando à conscientização da sociedade.
administrador público pelos danos causados. (Incluído pela Parágrafo único. Na elaboração dos planos, programas e
Lei nº 13.146, de 2015) projetos a seu cargo, deverá a Corde recolher, sempre que
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta possível, a opinião das pessoas e entidades interessadas, bem
o ingresso de pessoa com deficiência em planos privados de como considerar a necessidade de efetivo apoio aos entes
assistência à saúde, inclusive com cobrança de valores particulares voltados para a integração social das pessoas
diferenciados. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) portadoras de deficiência.
§ 4º Se o crime for praticado em atendimento de urgência
e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço). (Incluído Art. 13. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
pela Lei nº 13.146, de 2015) 2001)

Art. 9º A Administração Pública Federal conferirá aos Art. 14. (Vetado).


assuntos relativos às pessoas portadoras de deficiência
tratamento prioritário e apropriado, para que lhes seja Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que
efetivamente ensejado o pleno exercício de seus direitos dispõe esta Lei, será reestruturada a Secretaria de Educação
individuais e sociais, bem como sua completa integração Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no
social. Ministério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Ministério
§ 1º Os assuntos a que alude este artigo serão objeto de da Previdência e Assistência Social, órgão encarregados da
ação, coordenada e integrada, dos órgãos da Administração coordenação setorial dos assuntos concernentes às pessoas
Pública Federal, e incluir-se-ão em Política Nacional para portadoras de deficiência.
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, na qual
estejam compreendidos planos, programas e projetos sujeitos Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (sessenta) dias
a prazos e objetivos determinados. posteriores à vigência desta Lei, as providências necessárias à
§ 2º Ter-se-ão como integrantes da Administração Pública reestruturação e ao regular funcionamento da Corde, como
Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públicos, das aquelas decorrentes do artigo anterior.
autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia
mista, as respectivas subsidiárias e as fundações públicas. Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, e
nos subsequentes, questões concernentes à problemática da
Art. 10. A coordenação superior dos assuntos, ações pessoa portadora de deficiência, objetivando o conhecimento
governamentais e medidas referentes a pessoas portadoras de atualizado do número de pessoas portadoras de deficiência no
deficiência caberá à Secretaria Especial dos Direitos Humanos País.
da Presidência da República.
Parágrafo único. Ao órgão a que se refere este artigo caberá Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de 12
formular a Política Nacional para a Integração da Pessoa (doze) meses contado da publicação desta Lei, as ações
Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e necessárias à efetiva implantação das medidas indicadas no
cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com art. 2º desta Lei.
a cooperação dos demais órgãos públicos.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 11. (Revogado pela Lei nº 8.028, de 1990)
Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 12. Compete à Corde:
I - coordenar as ações governamentais e medidas que se Questões
refiram às pessoas portadoras de deficiência;
II - elaborar os planos, programas e projetos subsumidos 01. Para assegurar o pleno exercício dos direitos
na Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, e

Conhecimentos Específicos 40
APOSTILAS OPÇÃO

sua efetiva integração social, há o seguinte dispositivo legal 05. Considerando o disposto na Lei n.º 7.853/1989, julgue
que garante os direitos ao referido segmento social: os próximos itens, acerca do apoio às pessoas com deficiência.
(A) Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 É garantido a todas as pessoas portadoras de deficiência o
(B) Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 atendimento domiciliar de saúde, independentemente do grau
(C) Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989 de deficiência.
(D) Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994 ( ) Certo
( ) Errado
02. A Lei n.º 7.853/1989 regulamenta e assegura os Respostas
direitos de pessoas portadoras de necessidades especiais. Esse 01. C. \02. E. \03. A. \04. B.\05: Errado.
dispositivo legal
(A) determina o pagamento de multa correspondente a dez
salários mínimos a quem negar emprego ou trabalho a alguém, Lei nº 8.069, de 13 de julho
sem justa causa, por motivos derivados de sua deficiência. de 1990.
(B) restringe o atendimento domiciliar de saúde às pessoas
com idade acima de 65 anos com deficiência grave.
(C) assegura o oferecimento de programas de educação LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
especial, por período máximo de seis meses, em unidades
hospitalares, quando o aluno com deficiência estiver Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
internado. outras providências.
(D) restringe o acesso aos cursos regulares voltados à
formação profissional às pessoas com deficiência e que têm até O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
16 anos de idade. Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
(E) recomenda que os assuntos relativos às pessoas com
deficiência sejam incluídos na Política Nacional para Título I
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, por meio de Das Disposições Preliminares
planos, programas e projetos sujeitos a prazos e objetivos
determinados. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
e ao adolescente.
03. Acerca do direito das pessoas com deficiência,
conforme a Lei n.º 7.853/1989, assinale a opção correta. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
(A) Recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando aquela entre doze e dezoito anos de idade.
possível, a pessoa portadora de deficiência constitui crime Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
punível com pena de reclusão e multa. excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
(B) Recusar, retardar ou omitir dados técnicos vinte e um anos de idade.
indispensáveis à propositura da ação civil constitui crime
punível com pena de prisão simples. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
(C) Obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
cargo público, por motivos derivados de sua deficiência, proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes,
constitui crime punível com pena de detenção. por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
(D) Recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
estabelecimento de ensino de qualquer natureza, por motivos de dignidade.
derivados da deficiência que porte, consiste em infração Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-
administrativa punível com multa. se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de
(E) Negar a alguém, sem justa causa, emprego ou trabalho, nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor,
por motivos derivados de sua deficiência, constitui infração religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
penal punível apenas com pena de multa. desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
04. Em relação ao direito das pessoas com deficiência, que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que
assinale a opção correta. vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
(A) A sentença proferida em ação prevista na Lei n.º
7.853/1989 sempre terá eficácia de coisa julgada oponível Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
erga omnes, dada a natureza da referida ação. geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
(B) Nos termos da Lei n.º 7.853/1989, o MP, ao instaurar efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
inquérito civil sob sua presidência, poderá requisitar alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
informações de qualquer pessoa física. profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
(C) Nos termos do Decreto n.º 3.298/1999, considera-se liberdade e à convivência familiar e comunitária.
pessoa deficiente o indivíduo portador de qualquer espécie de Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
deformidade congênita ou adquirida. a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
(D) Consoante o disposto na Lei n.º 10.098/2000, para a circunstâncias;
viabilização da acessibilidade das pessoas portadoras de b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
deficiência, deve-se adaptar, no mínimo, tanto quanto relevância pública;
tecnicamente possível, a terça parte dos brinquedos dispostos c) preferência na formulação e na execução das políticas
em parques de diversões públicos. sociais públicas;
(E) De acordo com o disposto na Lei n.º 7.853/1989, não d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
pratica crime aquele que omite dados técnicos indispensáveis relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
à propositura de ACP, quando requisitado pelo MP.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,

Conhecimentos Específicos 41
APOSTILAS OPÇÃO

violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob
fundamentais. custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento. Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno,
Título II inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de
Dos Direitos Fundamentais liberdade.
Capítulo I § 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde
Do Direito à Vida e à Saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno
vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais e à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. § 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
programas e às políticas de saúde da mulher e de
planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no I - manter registro das atividades desenvolvidas, através
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
13.257, de 2016) II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem
profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade
13.257, de 2016) administrativa competente;
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da gestante III - proceder a exames visando ao diagnóstico e
garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o nascido, bem como prestar orientação aos pais;
direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
de 2016) necessariamente as intercorrências do parto e do
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado desenvolvimento do neonato;
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato
hospitalar responsável e contrarreferência na atenção a permanência junto à mãe.
primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado
apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio
2016) do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
inclusive como forma de prevenir ou minorar as 2016)
consequências do estado puerperal. § 1º A criança e o adolescente com deficiência serão
§ 5º A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
prestada também a gestantes e mães que manifestem necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
acompanhante de sua preferência durante o período do pré- habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades
pela Lei nº 13.257, de 2016) específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre § 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
aleitamento materno, alimentação complementar saudável e frequente de crianças na primeira infância receberão
crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formação específica e permanente para a detecção de sinais de
formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o
estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.257, de 2016)
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
Lei nº 13.257, de 2016) para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da responsável, nos casos de internação de criança ou
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré- adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas
pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos

Conhecimentos Específicos 42
APOSTILAS OPÇÃO

contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou


comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, constrangedor.
sem prejuízo de outras providências legais.
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da tratamento cruel ou degradante, como formas de correção,
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais,
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
entrada, os serviços de assistência social em seu componente pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas
especializado, o Centro de Referência Especializado de ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los,
Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de educá-los ou protegê-los.
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
de violência de qualquer natureza, formulando projeto adolescente que resulte em:
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se a) sofrimento físico; ou
necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº b) lesão;
13.257, de 2016) II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas que:
de assistência médica e odontológica para a prevenção das a) humilhe; ou
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, b) ameace gravemente; ou
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e c) ridicularize.
alunos.
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou
integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado degradante como formas de correção, disciplina, educação ou
direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de
de 2016) outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, proteção à família;
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº psiquiátrico;
13.257, de 2016) III - encaminhamento a cursos ou programas de
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos orientação;
especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
pela Lei nº 13.257, de 2016) especializado;
V - advertência.
Capítulo II Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
providências legais.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo Capítulo III
de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Seção I
Disposições Gerais
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
aspectos: Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família
comunitários, ressalvadas as restrições legais; substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária,
II - opinião e expressão; em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
III - crença e culto religioso; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; § 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em
V - participar da vida familiar e comunitária, sem programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua
discriminação; situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
VI - participar da vida política, na forma da lei; devendo a autoridade judiciária competente, com base em
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. relatório elaborado por equipe interprofissional ou
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família
integridade física, psíquica e moral da criança e do substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da desta Lei.
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos § 2º A permanência da criança e do adolescente em
espaços e objetos pessoais. programa de acolhimento institucional não se prolongará por
mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada
do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento pela autoridade judiciária.

Conhecimentos Específicos 43
APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o


adolescente à sua família terá preferência em relação a nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em descendentes.
serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos
termos do § 1º do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do restrição, observado o segredo de Justiça.
adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio
de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas Seção III
hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade Da Família Substituta
responsável, independentemente de autorização judicial. Subseção I
Disposições Gerais
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
filiação. situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta
Lei.
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
competente para a solução da divergência. considerada.
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e necessário seu consentimento, colhido em audiência.
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de
determinações judiciais. evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que
o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa,
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) definitivo dos vínculos fraternais.
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não substituta será precedida de sua preparação gradativa e
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do acompanhamento posterior, realizados pela equipe
poder familiar. interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize a Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido responsáveis pela execução da política municipal de garantia
em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser do direito à convivência familiar.
incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e § 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará ainda obrigatório:
a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas
contra o próprio filho ou filha. instituições, desde que não sejam incompatíveis com os
direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão Constituição Federal;
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
alude o art. 22. federal responsável pela política indigenista, no caso de
crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante
Seção II a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
Da Família Natural acompanhar o caso.

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e adequado.
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos
com os quais a criança ou adolescente convive e mantém Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
vínculos de afinidade e afetividade. transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
entidades governamentais ou não-governamentais, sem
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser autorização judicial.
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a constitui medida excepcional, somente admissível na
origem da filiação. modalidade de adoção.

Conhecimentos Específicos 44
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
encargo, mediante termo nos autos. do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a
Subseção II abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao
Da Guarda controle judicial do ato, observando o procedimento previsto
nos arts. 165 a 170 desta Lei.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão
material, moral e educacional à criança ou adolescente, observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
inclusive aos pais. disposição de última vontade, se restar comprovado que a
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos em melhores condições de assumi-la.
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
estrangeiros. Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos 24.
casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser Subseção IV
deferido o direito de representação para a prática de atos Da Adoção
determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive segundo o disposto nesta Lei.
previdenciários. § 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação em deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
medida for aplicada em preparação para adoção, o extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros § 2º É vedada a adoção por procuração.
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
Ministério Público. dos adotantes.

Art. 34. O poder público estimulará, por meio de Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
afastado do convívio familiar. impedimentos matrimoniais.
§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas de § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei. § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus
§ 2º Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação
receber a criança ou adolescente mediante guarda, observado hereditária.
o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
acolhimento em família acolhedora como política pública, os independentemente do estado civil.
quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
temporário de crianças e de adolescentes em residências de adotando.
famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os
estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
2016) estável, comprovada a estabilidade da família.
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de velho do que o adotando.
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-
recursos para a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que
nº 13.257, de 2016) acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, período de convivência e que seja comprovada a existência de
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
Público. guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.
§ 5º Nos casos do § 4o deste artigo, desde que
Subseção III demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a
Da Tutela guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a § 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a procedimento, antes de prolatada a sentença.
prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e
implica necessariamente o dever de guarda. Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Conhecimentos Específicos 45
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o familiar dos pais naturais.
pupilo ou o curatelado.
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em
do representante legal do adotando. condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à na adoção.
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
tenham sido destituídos do poder familiar. consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de Público.
idade, será também necessário o seu consentimento. § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência hipóteses previstas no art. 29.
com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade § 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida de
judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a execução da política municipal de garantia do direito à
conveniência da constituição do vínculo. convivência familiar.
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a § 4º Sempre que possível e recomendável, a preparação
dispensa da realização do estágio de convivência. referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da programa de acolhimento e pela execução da política
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos municipal de garantia do direito à convivência familiar.
responsáveis pela execução da política de garantia do direito à § 5º Serão criados e implementados cadastros estaduais e
convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
acerca da conveniência do deferimento da medida. adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença residentes fora do País, que somente serão consultados na
judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
do qual não se fornecerá certidão. cadastros mencionados no § 5o deste artigo.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como § 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de
pais, bem como o nome de seus ascendentes. adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do
registro original do adotado. sistema.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser § 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes
residência. em condições de serem adotados que não tiveram colocação
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que
constar nas certidões do registro. tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, sob pena de
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a responsabilidade.
modificação do prenome. § 9º Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo manutenção e correta alimentação dos cadastros, com
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o posterior comunicação à Autoridade Central Federal
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. Brasileira.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em § 10. A adoção internacional somente será deferida se,
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à
no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na
à data do óbito. comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu com residência permanente no Brasil.
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
a sua conservação para consulta a qualquer tempo. em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de possível e recomendável, será colocado sob guarda de família
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com cadastrada em programa de acolhimento familiar.
deficiência ou com doença crônica. § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa
dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem Público.
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente
completar 18 (dezoito) anos. nos termos desta Lei quando:
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, II - for formulada por parente com o qual a criança ou
a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
psicológica. III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde

Conhecimentos Específicos 46
APOSTILAS OPÇÃO

que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos com a nacional, além do preenchimento por parte dos
arts. 237 ou 238 desta Lei. postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo
preenche os requisitos necessários à adoção, conforme de habilitação à adoção internacional, que terá validade por,
previsto nesta Lei. no máximo, 1 (um) ano;
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança
Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade
29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Central Estadual.
Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada § 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. internacional sejam intermediados por organismos
§ 1º A adoção internacional de criança ou adolescente credenciados.
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando § 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
restar comprovado: credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
I - que a colocação em família substituta é a solução encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
adequada ao caso concreto; internacional, com posterior comunicação às Autoridades
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de
colocação da criança ou adolescente em família substituta imprensa e em sítio próprio da internet.
brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art. 50 § 3º Somente será admissível o credenciamento de
desta Lei; organismos que:
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção
consultado, por meios adequados ao seu estágio de de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil;
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. II - satisfizerem as condições de integridade moral,
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão preferência competência profissional, experiência e responsabilidade
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
ou adolescente brasileiro. Federal Brasileira;
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de formação e experiência para atuar na área de adoção
adoção internacional. internacional;
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes Autoridade Central Federal Brasileira.
adaptações: § 4º Os organismos credenciados deverão ainda:
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do
habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela
de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido Autoridade Central Federal Brasileira;
aquele onde está situada sua residência habitual; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, formação ou experiência para atuar na área de adoção
emitirá um relatório que contenha informações sobre a internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia
identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal
para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal
social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir competente;
uma adoção internacional; III - estar submetidos à supervisão das autoridades
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o competentes do país onde estiverem sediados e no país de
relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e
Autoridade Central Federal Brasileira; situação financeira;
IV - o relatório será instruído com toda a documentação IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem
equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da como relatório de acompanhamento das adoções
legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de internacionais efetuadas no período, cuja cópia será
vigência; encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
V - os documentos em língua estrangeira serão V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a
devidamente autenticados pela autoridade consular, Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
observados os tratados e convenções internacionais, e Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia
juramentado; autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências de acolhida para o adotado;
e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal
acolhida; Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento

Conhecimentos Específicos 47
APOSTILAS OPÇÃO

estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes Brasil, deverá requerer a homologação da sentença
sejam concedidos. estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o
deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
suspensão de seu credenciamento. o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de
internacional terá validade de 2 (dois) anos. habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida Autoridade Central Federal e determinará as providências
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central necessárias à expedição do Certificado de Naturalização
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao Provisório.
término do respectivo prazo de validade. § 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente
do adotando do território nacional. contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade da criança ou do adolescente.
judiciária determinará a expedição de alvará com autorização § 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá
obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as
peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão providências à Autoridade Central Estadual, que fará a
digital do seu polegar direito, instruindo o documento com comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado. Autoridade Central do país de origem.
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
crianças e adolescentes adotados. o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida,
credenciados, que sejam considerados abusivos pela ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o
Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à
devidamente comprovados, é causa de seu Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da
descredenciamento. adoção nacional.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
representados por mais de uma entidade credenciada para Capítulo IV
atuar na cooperação em adoção internacional. Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou Lazer
domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
podendo ser renovada. Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
dirigentes de programas de acolhimento institucional ou assegurando-se-lhes:
familiar, assim como com crianças e adolescentes em I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
condições de serem adotados, sem a devida autorização escola;
judicial. II - direito de ser respeitado por seus educadores;
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos recorrer às instâncias escolares superiores;
sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo IV - direito de organização e participação em entidades
fundamentado. estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e residência.
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
organismos estrangeiros encarregados de intermediar ciência do processo pedagógico, bem como participar da
pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a definição das propostas educacionais.
pessoas físicas.
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente adolescente:
e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
Direitos da Criança e do Adolescente. para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em ao ensino médio;
país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção III - atendimento educacional especializado aos portadores
tenha sido processado em conformidade com a legislação de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de
“c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
recepcionada com o reingresso no Brasil. de 2016)
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em país condições do adolescente trabalhador;
não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no

Conhecimentos Específicos 48
APOSTILAS OPÇÃO

VII - atendimento no ensino fundamental, através de Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
programas suplementares de material didático-escolar, familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
transporte, alimentação e assistência à saúde. entidade governamental ou não-governamental, é vedado
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito trabalho:
público subjetivo. I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder e as cinco horas do dia seguinte;
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da II - perigoso, insalubre ou penoso;
autoridade competente. III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos IV - realizado em horários e locais que não permitam a
pais ou responsável, pela frequência à escola. frequência à escola.

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino ao adolescente que dele participe condições de capacitação
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: para o exercício de atividade regular remunerada.
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, em que as exigências pedagógicas relativas ao
esgotados os recursos escolares; desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
III - elevados níveis de repetência. sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de
e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de
crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
obrigatório. proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
outros:
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores I - respeito à condição peculiar de pessoa em
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da desenvolvimento;
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da II - capacitação profissional adequada ao mercado de
criação e o acesso às fontes de cultura. trabalho.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, Título III
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços Da Prevenção
para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas Capítulo I
para a infância e a juventude. Disposições Gerais

Capítulo V Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça


Do Direito à Profissionalização e à Proteção no ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
Trabalho
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir
Constituição Federal) o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
difundir formas não violentas de educação de crianças e de
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada adolescentes, tendo como principais ações:
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. I - a promoção de campanhas educativas permanentes
para a divulgação do direito da criança e do adolescente de
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
legislação de educação em vigor. proteção aos direitos humanos;
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
seguintes princípios: Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino Adolescente e com as entidades não governamentais que
regular; atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança
II - atividade compatível com o desenvolvimento do e do adolescente;
adolescente; III - a formação continuada e a capacitação dos
III - horário especial para o exercício das atividades. profissionais de saúde, educação e assistência social e dos
demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento
assegurada bolsa de aprendizagem. das competências necessárias à prevenção, à identificação de
evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, formas de violência contra a criança e do adolescente;
são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica
de conflitos que envolvam violência contra a criança e o
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é adolescente;
assegurado trabalho protegido. V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a

Conhecimentos Específicos 49
APOSTILAS OPÇÃO

atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de transmissão, apresentação ou exibição.
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no
processo educativo; Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou
conjunta focados nas famílias em situação de violência, com locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
participação de profissionais de saúde, de assistência social e competente.
de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
direitos da criança e do adolescente. exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes faixa etária a que se destinam.
com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e
políticas públicas de prevenção e proteção. Art. 78. As revistas e publicações contendo material
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em de seu conteúdo.
seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus- que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
tratos praticados contra crianças e adolescentes. protegidas com embalagem opaca.
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco,
adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e
retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. sociais da pessoa e da família.

Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
desenvolvimento. ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja
permitida a entrada e a permanência de crianças e
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela público.
adotados.
Seção II
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção Dos Produtos e Serviços
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
nos termos desta Lei. Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
Capítulo II II - bebidas alcoólicas;
Da Prevenção Especial III - produtos cujos componentes possam causar
Seção I dependência física ou psíquica ainda que por utilização
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e indevida;
Espetáculos IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que
pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
regulará as diversões e espetáculos públicos, informando V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se
mostre inadequada. Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou
acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada responsável.
sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no
certificado de classificação. Seção III
Da Autorização para Viajar
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às
diversões e espetáculos públicos classificados como Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
adequados à sua faixa etária. comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente responsável, sem expressa autorização judicial.
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou § 1º A autorização não será exigida quando:
exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável. a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança,
se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, região metropolitana;
no horário recomendado para o público infantojuvenil, b) a criança estiver acompanhada:
programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
informativas. comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai,
mãe ou responsável.

Conhecimentos Específicos 50
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou assistência social, para efeito de agilização do atendimento de
responsável, conceder autorização válida por dois anos. crianças e de adolescentes inseridos em programas de
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar
autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: comprovadamente inviável, sua colocação em família
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado desta Lei;
expressamente pelo outro através de documento com firma VII - mobilização da opinião pública para a indispensável
reconhecida. participação dos diversos segmentos da sociedade.
VIII - especialização e formação continuada dos
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
nenhuma criança ou adolescente nascido em território primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei
residente ou domiciliado no exterior. nº 13.257, de 2016)
IX - formação profissional com abrangência dos diversos
PARTE ESPECIAL direitos da criança e do adolescente que favoreça a
TÍTULO I intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente
e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº 13.257,
Da Política de Atendimento de 2016)
Capítulo I X - realização e divulgação de pesquisas sobre
Disposições Gerais desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e
do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
ações governamentais e não-governamentais, da União, dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
estados, do Distrito Federal e dos municípios. adolescente é considerada de interesse público relevante e não
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: será remunerada.
I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de Capítulo II
assistência social de garantia de proteção social e de Das Entidades de Atendimento
prevenção e redução de violações de direitos, seus Seção I
agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº Disposições Gerais
13.257, de 2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, manutenção das próprias unidades, assim como pelo
exploração, abuso, crueldade e opressão; planejamento e execução de programas de proteção e
IV - serviço de identificação e localização de pais, socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; regime de:
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos I - orientação e apoio sóciofamiliar;
direitos da criança e do adolescente. II - apoio socioeducativo em meio aberto;
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou III - colocação familiar;
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a IV - acolhimento institucional;
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de V - prestação de serviços à comunidade;
crianças e adolescentes; VI - liberdade assistida;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de VII - semiliberdade; e
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio VIII - internação.
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças § 1º As entidades governamentais e não governamentais
maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de deverão proceder à inscrição de seus programas,
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. especificando os regimes de atendimento, na forma definida
neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de
I - municipalização do atendimento; suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional e à autoridade judiciária.
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos § 2º Os recursos destinados à implementação e
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a manutenção dos programas relacionados neste artigo serão
participação popular paritária por meio de organizações previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência
III - criação e manutenção de programas específicos, Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade
observada a descentralização político-administrativa; absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único
municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos do art. 4o desta Lei.
da criança e do adolescente; § 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, renovação da autorização de funcionamento:
para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem
a quem se atribua autoria de ato infracional; como às resoluções relativas à modalidade de atendimento
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e do Adolescente, em todos os níveis;
encarregados da execução das políticas sociais básicas e de

Conhecimentos Específicos 51
APOSTILAS OPÇÃO

II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, § 5º As entidades que desenvolvem programas de


atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela acolhimento familiar ou institucional somente poderão
Justiça da Infância e da Juventude; receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos
III - em se tratando de programas de acolhimento princípios, exigências e finalidades desta Lei.
institucional ou familiar, serão considerados os índices de § 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família dirigente de entidade que desenvolva programas de
substituta, conforme o caso. acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
destituição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade
Art. 91. As entidades não-governamentais somente administrativa, civil e criminal.
poderão funcionar depois de registradas no Conselho § 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade atuação de educadores de referência estáveis e
judiciária da respectiva localidade. qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
§ 1º Será negado o registro à entidade que: atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os Art. 93. As entidades que mantenham programa de
princípios desta Lei; acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
c) esteja irregularmente constituída; de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. determinação da autoridade competente, fazendo
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
Adolescente, em todos os níveis. judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do necessárias para promover a imediata reintegração familiar da
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão não for
renovação, observado o disposto no § 1o deste artigo. isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a
programa de acolhimento familiar, institucional ou a família
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei.
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os
seguintes princípios: Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
reintegração familiar; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
II - integração em família substituta, quando esgotados os adolescentes;
recursos de manutenção na família natural ou extensa; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; objeto de restrição na decisão de internação;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
coeducação; unidades e grupos reduzidos;
V - não desmembramento de grupos de irmãos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para e dignidade ao adolescente;
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
VII - participação na vida da comunidade local; preservação dos vínculos familiares;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
IX - participação de pessoas da comunidade no processo casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento
educativo. dos vínculos familiares;
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os
todos os efeitos de direito. objetos necessários à higiene pessoal;
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos,
relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança odontológicos e farmacêuticos;
ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação X - propiciar escolarização e profissionalização;
prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
§ 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem,
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a de acordo com suas crenças;
permanente qualificação dos profissionais que atuam direta XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
ou indiretamente em programas de acolhimento institucional XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes, máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e autoridade competente;
Conselho Tutelar. XV - informar, periodicamente, o adolescente internado
§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade sobre sua situação processual;
judiciária competente, as entidades que desenvolvem XVI - comunicar às autoridades competentes todos os
programas de acolhimento familiar ou institucional, se casos de adolescentes portadores de moléstias
necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de infectocontagiosas;
assistência social, estimularão o contato da criança ou XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao adolescentes;
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. XVIII - manter programas destinados ao apoio e
acompanhamento de egressos;

Conhecimentos Específicos 52
APOSTILAS OPÇÃO

XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício III - em razão de sua conduta.


da cidadania àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e Capítulo II
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus Das Medidas Específicas de Proteção
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade,
acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
e demais dados que possibilitem sua identificação e a aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas
individualização do atendimento. a qualquer tempo.
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
deste artigo às entidades que mantêm programas de Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
acolhimento institucional e familiar. necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos Parágrafo único. São também princípios que regem a
da comunidade. aplicação das medidas:
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição
em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, Federal;
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser
pela Lei nº 13.046, de 2014) voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que
crianças e adolescentes são titulares;
Seção II III - responsabilidade primária e solidária do poder
Da Fiscalização das Entidades público: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças
e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo
Art. 95. As entidades governamentais e não- nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e
da possibilidade da execução de programas por entidades não
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas governamentais;
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a IV - interesse superior da criança e do adolescente: a
origem das dotações orçamentárias. intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de consideração que for devida a outros interesses legítimos no
atendimento que descumprirem obrigação constante do art. âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus concreto;
dirigentes ou prepostos: V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da
I - às entidades governamentais: criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela
a) advertência; intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
b) afastamento provisório de seus dirigentes; VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. seja conhecida;
II - às entidades não-governamentais: VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida
a) advertência; exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da
públicas; criança e do adolescente;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve
d) cassação do registro. ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por criança ou o adolescente se encontram no momento em que a
entidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos decisão é tomada;
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
Ministério Público ou representado perante autoridade efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para
judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive com a criança e o adolescente;
suspensão das atividades ou dissolução da entidade. X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as proteção da criança e do adolescente deve ser dada
organizações não governamentais responderão pelos danos prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na
que seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível, que
caracterizado o descumprimento dos princípios norteadores promovam a sua integração em família substituta;
das atividades de proteção específica. XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
Título II capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem
Das Medidas de Proteção ser informados dos seus direitos, dos motivos que
Capítulo I determinaram a intervenção e da forma como esta se processa;
Disposições Gerais XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar
forem ameaçados ou violados: nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

Conhecimentos Específicos 53
APOSTILAS OPÇÃO

autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
1o e 2o do art. 28 desta Lei. judiciária.
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
outras, as seguintes medidas: identificada a necessidade, a família de origem será incluída
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção
termo de responsabilidade; social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; ou com o adolescente acolhido.
III - matrícula e frequência obrigatórias em § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
estabelecimento oficial de ensino fundamental; responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou institucional fará imediata comunicação à autoridade
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de
criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
2016) § 9º Em sendo constatada a impossibilidade de
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou reintegração da criança ou do adolescente à família de origem,
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; após seu encaminhamento a programas oficiais ou
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de comunitários de orientação, apoio e promoção social, será
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
VII - acolhimento institucional; conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade
IX - colocação em família substituta. ou responsáveis pela execução da política municipal de
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar garantia do direito à convivência familiar, para a destituição
são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
esta possível, para colocação em família substituta, não prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de
implicando privação de liberdade. destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais realização de estudos complementares ou outras providências
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
criança ou adolescente do convívio familiar é de competência foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas
exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo familiar e institucional sob sua responsabilidade, com
interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada
garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do um, bem como as providências tomadas para sua reintegração
contraditório e da ampla defesa. familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
encaminhados às instituições que executam programas de § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente
judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais implementação de políticas públicas que permitam reduzir o
ou de seu responsável, se conhecidos; número de crianças e adolescentes afastados do convívio
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, familiar e abreviar o período de permanência em programa de
com pontos de referência; acolhimento.
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em
tê-los sob sua guarda; Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao serão acompanhadas da regularização do registro civil.
convívio familiar. § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à
adolescente, a entidade responsável pelo programa de vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano autoridade judiciária.
individual de atendimento, visando à reintegração familiar, § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de
ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em que trata este artigo são isentos de multas, custas e
contrário de autoridade judiciária competente, caso em que emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
também deverá contemplar sua colocação em família § 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. procedimento específico destinado à sua averiguação,
§ 5º O plano individual será elaborado sob a conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de
responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de 1992.
atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou § 4º Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é
do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: paternidade pelo Ministério Público se, após o não
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
e adoção.
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com § 5º Os registros e certidões necessários à inclusão, a
a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são
responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta
esta vedada por expressa e fundamentada determinação prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação

Conhecimentos Específicos 54
APOSTILAS OPÇÃO

§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação Capítulo IV


requerida do reconhecimento de paternidade no assento de Das Medidas Socioeducativas
nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Seção I
Lei nº 13.257, de 2016) Disposições Gerais

Título III Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a


Da Prática de Ato Infracional autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
Capítulo I seguintes medidas:
Disposições Gerais I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita III - prestação de serviços à comunidade;
como crime ou contravenção penal. IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de VI - internação em estabelecimento educacional;
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a
considerada a idade do adolescente à data do fato. sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
da infração.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será
corresponderão as medidas previstas no art. 101. admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
Capítulo II mental receberão tratamento individual e especializado, em
Dos Direitos Individuais local adequado às suas condições.

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e
liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem 100.
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes
acerca de seus direitos. da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a
hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à que houver prova da materialidade e indícios suficientes da
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou autoria.
à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de Seção II
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. Da Advertência

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal,
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. que será reduzida a termo e assinada.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, Seção III
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso,
de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
havendo dúvida fundada. do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a
Capítulo III medida poderá ser substituída por outra adequada.
Das Garantias Processuais
Seção IV
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua Da Prestação de Serviços à Comunidade
liberdade sem o devido processo legal.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período
seguintes garantias: não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
infracional, mediante citação ou meio equivalente; como em programas comunitários ou governamentais.
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar- Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante
necessárias à sua defesa; jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados,
III - defesa técnica por advogado; domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de
necessitados, na forma da lei; trabalho.
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
responsável em qualquer fase do procedimento.

Conhecimentos Específicos 55
APOSTILAS OPÇÃO

Seção V II - por reiteração no cometimento de outras infrações


Da Liberdade Assistida graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se medida anteriormente imposta.
afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, § 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste
auxiliar e orientar o adolescente. artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para decretada judicialmente após o devido processo legal.
acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
entidade ou programa de atendimento. havendo outra medida adequada.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
revogada ou substituída por outra medida, ouvido o exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
orientador, o Ministério Público e o defensor. destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por
critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a Parágrafo único. Durante o período de internação,
supervisão da autoridade competente, a realização dos inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
seguintes encargos, entre outros: pedagógicas.
I - promover socialmente o adolescente e sua família,
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,
programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; entre outros, os seguintes:
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; Ministério Público;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - apresentar relatório do caso. IV - ser informado de sua situação processual, sempre que
solicitada;
Seção VI V - ser tratado com respeito e dignidade;
Do Regime de Semiliberdade VI - permanecer internado na mesma localidade ou
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado responsável;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
possibilitada a realização de atividades externas, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
independentemente de autorização judicial. IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, pessoal;
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene
existentes na comunidade. e salubridade;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado XI - receber escolarização e profissionalização;
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
internação. XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e
Seção VII desde que assim o deseje;
Da Internação XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
Art. 121. A internação constitui medida privativa da daqueles porventura depositados em poder da entidade;
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, XVI - receber, quando de sua desinternação, os
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
desenvolvimento. § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a § 2º A autoridade judiciária poderá suspender
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
determinação judicial em contrário. existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo aos interesses do adolescente.
sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
fundamentada, no máximo a cada seis meses. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
internação excederá a três anos. adequadas de contenção e segurança.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de Capítulo V
semiliberdade ou de liberdade assistida. Da Remissão
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
idade. Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida apuração de ato infracional, o representante do Ministério
de autorização judicial, ouvido o Ministério Público. Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1o poderá do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. fato, ao contexto social, bem como à personalidade do
adolescente e sua maior ou menor participação no ato
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada infracional.
quando: Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão
ameaça ou violência a pessoa; ou extinção do processo.

Conhecimentos Específicos 56
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas assegurado o direito a:
em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a I - cobertura previdenciária;
internação. II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
(um terço) do valor da remuneração mensal;
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá III - licença-maternidade;
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido IV - licença-paternidade;
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do V - gratificação natalina.
Ministério Público. Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e
da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
Título IV funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável formação continuada dos conselheiros tutelares.

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; de idoneidade moral.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, Capítulo II
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Das Atribuições do Conselho
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
psiquiátrico; Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
IV - encaminhamento a cursos ou programas de I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
orientação; previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar art. 101, I a VII;
sua frequência e aproveitamento escolar; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a as medidas previstas no art. 129, I a VII;
tratamento especializado; III - promover a execução de suas decisões, podendo para
VII - advertência; tanto:
VIII - perda da guarda; a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
IX - destituição da tutela; educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
X - suspensão ou destituição do poder familiar. b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos descumprimento injustificado de suas deliberações.
incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
23 e 24. constitua infração administrativa ou penal contra os direitos
da criança ou adolescente;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade competência;
judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
afastamento do agressor da moradia comum. judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a adolescente autor de ato infracional;
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança VII - expedir notificações;
ou o adolescente dependente do agressor. (Incluído pela Lei nº VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
12.415, de 2011) criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
Título V proposta orçamentária para planos e programas de
Do Conselho Tutelar atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
Capítulo I X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a
Disposições Gerais violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
Constituição Federal;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente
adolescente, definidos nesta Lei. junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
Art. 132. Em cada Município e em cada Região profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração adolescentes.
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o
população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
(uma) recondução, mediante novo processo de escolha. convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho entendimento e as providências tomadas para a orientação, o
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: apoio e a promoção social da família.
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos; Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente
III - residir no município. poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
quem tenha legítimo interesse.

Conhecimentos Específicos 57
APOSTILAS OPÇÃO

Capítulo III Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não


Da Competência poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco,
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
competência constante do art. 147.
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
Capítulo IV refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
Da Escolha dos Conselheiros judiciária competente, se demonstrado o interesse e
justificada a finalidade.
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e Capítulo II
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Da Justiça da Infância e da Juventude
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Seção I
Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de Disposições Gerais
12.10.1991)
§ 1º O processo de escolha dos membros do Conselho Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 plantões.
de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Seção II
§ 3º No processo de escolha dos membros do Conselho Do Juiz
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na
Lei nº 12.696, de 2012) forma da lei de organização judiciária local.

Capítulo V Art. 147. A competência será determinada:


Dos Impedimentos I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho falta dos pais ou responsável.
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras
padrasto ou madrasta e enteado. de conexão, continência e prevenção.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade autoridade competente da residência dos pais ou responsável,
judiciária e ao representante do Ministério Público com ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou
atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na adolescente.
comarca, foro regional ou distrital. § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma
Título VI comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a
Do Acesso à Justiça autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou
Capítulo I rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou
Disposições Gerais retransmissoras do respectivo estado.

Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao para:
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que Público, para apuração de ato infracional atribuído a
dela necessitarem, através de defensor público ou advogado adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
nomeado. II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da extinção do processo;
Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão adolescente, observado o disposto no art. 209;
representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
forma da legislação civil ou processual. VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
quando carecer de representação ou assistência legal ainda Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
que eventual. adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
a que se atribua autoria de ato infracional. perda ou modificação da tutela ou guarda;

Conhecimentos Específicos 58
APOSTILAS OPÇÃO

c) suprir a capacidade ou o consentimento para o Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
casamento; corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de
ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando Público.
faltarem os pais; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para
f) designar curador especial em casos de apresentação de o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais família de origem e em outros procedimentos
ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou necessariamente contenciosos.
adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos; Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
dos registros de nascimento e óbito. Seção II
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, poder familiar terá início por provocação do Ministério
desacompanhado dos pais ou responsável, em: Público ou de quem tenha legítimo interesse.
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes; Art. 156. A petição inicial indicará:
c) boate ou congêneres; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se
II - a participação de criança e adolescente em: tratando de pedido formulado por representante do
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Ministério Público;
b) certames de beleza. III - a exposição sumária do fato e o pedido;
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: logo, o rol de testemunhas e documentos.
a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais; Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
c) a existência de instalações adequadas; judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão
d) o tipo de frequência habitual ao local; do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
frequência de crianças e adolescentes; adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
f) a natureza do espetáculo. responsabilidade.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez
determinações de caráter geral. dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
Seção III documentos.
Dos Serviços Auxiliares
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua meios para sua realização.
proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de § 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado
equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da pessoalmente.
Infância e da Juventude.
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado
fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta,
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de
de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção nomeação.
e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento
técnico. da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.

Capítulo III Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária


Dos Procedimentos requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
Seção I apresentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
Disposições Gerais a requerimento das partes ou do Ministério Público.

Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam- Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco
processual pertinente. dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual
Parágrafo único. É assegurada, sob pena de prazo.
responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na das partes ou do Ministério Público, determinará a realização
execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou
multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que
comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou

Conhecimentos Específicos 59
APOSTILAS OPÇÃO

destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou no dispensada a assistência de advogado.
art. 24 desta Lei. § 1º Na hipótese de concordância dos pais, esses serão
§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional Ministério Público, tomando-se por termo as declarações.
ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de § 2º O consentimento dos titulares do poder familiar será
representantes do órgão federal responsável pela política precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, será em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança medida.
ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e § 3º O consentimento dos titulares do poder familiar será
grau de compreensão sobre as implicações da medida. colhido pela autoridade judiciária competente em audiência,
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação
identificados e estiverem em local conhecido. de vontade e esgotados os esforços para manutenção da
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a criança ou do adolescente na família natural ou extensa.
autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva § 4º O consentimento prestado por escrito não terá
validade se não for ratificado na audiência a que se refere o §
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária 3o deste artigo.
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo § 5º O consentimento é retratável até a data da publicação
quando este for o requerente, designando, desde logo, da sentença constitutiva da adoção.
audiência de instrução e julgamento. § 6º O consentimento somente terá valor se for dado após
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério o nascimento da criança.
Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá § 7º A família substituta receberá a devida orientação por
determinar a realização de estudo social ou, se possível, de intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço do
perícia por equipe interprofissional. Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério responsáveis pela execução da política municipal de garantia
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente do direito à convivência familiar.
o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito,
manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a
o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, requerimento das partes ou do Ministério Público,
prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na determinará a realização de estudo social ou, se possível,
audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a
designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção,
sobre o estágio de convivência.
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda
será de 120 (cento e vinte) dias. provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de
suspensão do poder familiar será averbada à margem do responsabilidade.
registro de nascimento da criança ou do adolescente.
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial,
Seção III e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-
Da Destituição da Tutela se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco
dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
procedimento para a remoção de tutor previsto na lei Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
processual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto
lógico da medida principal de colocação em família substituta,
Seção IV será observado o procedimento contraditório previsto nas
Da Colocação em Família Substituta Seções II e III deste Capítulo.
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
colocação em família substituta: observado o disposto no art. 35.
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente
especificando se tem ou não parente vivo; sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade
seus pais, se conhecidos; por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; Seção V
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. Adolescente
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
também os requisitos específicos. Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato
aderido expressamente ao pedido de colocação em família infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
substituta, este poderá ser formulado diretamente em policial competente.

Conhecimentos Específicos 60
APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato representante do Ministério Público notificará os pais ou
infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a responsável para apresentação do adolescente, podendo
atribuição da repartição especializada, que, após as requisitar o concurso das polícias civil e militar.
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o
adulto à repartição policial própria. Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
anterior, o representante do Ministério Público poderá:
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido I - promover o arquivamento dos autos;
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade II - conceder a remissão;
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
único, e 107, deverá: medida sócio educativa.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
adolescente; Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; concedida a remissão pelo representante do Ministério
III - requisitar os exames ou perícias necessários à Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo
comprovação da materialidade e autoria da infração. dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a homologação.
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
ocorrência circunstanciada. autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
cumprimento da medida.
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
o adolescente será prontamente liberado pela autoridade autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua fundamentado, e este oferecerá representação, designará
apresentação ao representante do Ministério Público, no outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua autoridade judiciária obrigada a homologar.
repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
internação para garantia de sua segurança pessoal ou Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
manutenção da ordem pública. Ministério Público não promover o arquivamento ou conceder
a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial propondo a instauração de procedimento para aplicação da
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do medida sócio educativa que se afigurar a mais adequada.
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de § 1º A representação será oferecida por petição, que
apreensão ou boletim de ocorrência. conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas,
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
atendimento, que fará a apresentação ao representante do pela autoridade judiciária.
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. § 2º A representação independe de prova pré-constituída
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de da autoria e materialidade.
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
À falta de repartição policial especializada, o adolescente Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a
aguardará a apresentação em dependência separada da conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade designará audiência de apresentação do adolescente,
policial encaminhará imediatamente ao representante do decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
ocorrência. § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
cientificados do teor da representação, e notificados a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
indícios de participação de adolescente na prática de ato § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
infracional, a autoridade policial encaminhará ao autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
representante do Ministério Público relatório das § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
investigações e demais documentos. judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato apresentação.
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
compartimento fechado de veículo policial, em condições sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua responsável.
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em
Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de estabelecimento prisional.
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, § 1º Inexistindo na comarca entidade com as
devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser
sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e imediatamente transferido para a localidade mais próxima.
informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o
ou responsável, vítima e testemunhas. adolescente aguardará sua remoção em repartição policial,
desde que em seção isolada dos adultos e com instalações

Conhecimentos Específicos 61
APOSTILAS OPÇÃO

apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
cinco dias, sob pena de responsabilidade. Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou ou representação de delegado de polícia e conterá a
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e,
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei nº
proferindo decisão. 13.441, de 2017)
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
internação ou colocação em regime de semiliberdade, a prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não
autoridade judiciária, verificando que o adolescente não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua
possui advogado constituído, nomeará defensor, designando, efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído
desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a pela Lei nº 13.441, de 2017)
realização de diligências e estudo do caso. § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes
prazo de três dias contado da audiência de apresentação, do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo.
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo,
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, I – dados de conexão: informações referentes a hora, data,
será dada a palavra ao representante do Ministério Público e início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet
ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela
para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da Lei nº 13.441, de 2017)
autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão. II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a ou código de acesso tenha sido atribuído no momento da
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua conexão.
condução coercitiva. § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença. Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela
medida, desde que reconheça na sentença: Lei nº 13.441, de 2017)
I - estar provada a inexistência do fato; Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso
II - não haver prova da existência do fato; aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao
III - não constituir o fato ato infracional; delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº
o ato infracional. 13.441, de 2017)
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
adolescente internado, será imediatamente colocado em Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
liberdade. identidade para, por meio da internet, colher indícios de
autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240,
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,
internação ou regime de semiliberdade será feita: 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
I - ao adolescente e ao seu defensor; dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei nº
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais 13.441, de 2017)
ou responsável, sem prejuízo do defensor. Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos
unicamente na pessoa do defensor. excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
Seção V-A procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) informações necessárias à efetividade da identidade fictícia
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta
Criança e de Adolescente Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído
pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet
com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217- eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e
dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes ao Ministério Público, juntamente com relatório
regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
I – será precedida de autorização judicial devidamente Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no
circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e

Conhecimentos Específicos 62
APOSTILAS OPÇÃO

apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
policial, assegurando-se a preservação da identidade do sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, de autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério
2017) Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.

Seção VI Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária


Da Apuração de Irregularidades em Entidade de procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
Atendimento necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
em entidade governamental e não-governamental terá início requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
mediante portaria da autoridade judiciária ou representação prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária,
do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, que em seguida proferirá sentença.
necessariamente, resumo dos fatos.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a Seção VIII
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da
entidade, mediante decisão fundamentada. Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
apresentarão petição inicial na qual conste:
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo I - qualificação completa;
de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar II - dados familiares;
documentos e indicar as provas a produzir. III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de de Pessoas Físicas;
instrução e julgamento, intimando as partes. V - comprovante de renda e domicílio;
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o VI - atestados de sanidade física e mental;
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações VII - certidão de antecedentes criminais;
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. VIII - certidão negativa de distribuição cível.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou
definitivo de dirigente de entidade governamental, a Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
substituição. I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das que se refere o art. 197-C desta Lei;
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o II - requerer a designação de audiência para oitiva dos
processo será extinto, sem julgamento de mérito. postulantes em juízo e testemunhas;
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da III - requerer a juntada de documentos complementares e
entidade ou programa de atendimento. a realização de outras diligências que entender necessárias.

Seção VII Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe


Da Apuração de Infração Administrativa às Normas interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
de Proteção à Criança e ao Adolescente Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade
administrativa por infração às normas de proteção à criança e ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios
ao adolescente terá início por representação do Ministério desta Lei.
Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado § 1º É obrigatória a participação dos postulantes em
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude
duas testemunhas, se possível. preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, execução da política municipal de garantia do direito à
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a convivência familiar, que inclua preparação psicológica,
natureza e as circunstâncias da infração. orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir- maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de
se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
motivos do retardamento. § 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime de
apresentação de defesa, contado da data da intimação, que acolhimento familiar ou institucional em condições de serem
será feita: adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da
na presença do requerido; Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente programa de acolhimento familiar ou institucional e pela
habilitado, que entregará cópia do auto ou da representação execução da política municipal de garantia do direito à
ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão; convivência familiar.
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
encontrado o requerido ou seu representante legal; Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da
participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a

Conhecimentos Específicos 63
APOSTILAS OPÇÃO

autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de
decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério destituição de poder familiar, em face da relevância das
Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, questões, serão processados com prioridade absoluta,
designando, conforme o caso, audiência de instrução e devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que
julgamento. aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a parecer urgente do Ministério Público.
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa
igual prazo. para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
contado da sua conclusão.
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a data do julgamento e poderá na sessão, se entender
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem necessário, apresentar oralmente seu parecer.
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de
crianças ou adolescentes adotáveis. Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente poderá instauração de procedimento para apuração de
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas responsabilidades se constatar o descumprimento das
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando providências e do prazo previstos nos artigos anteriores.
comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
adotando. Capítulo V
§ 2º A recusa sistemática na adoção das crianças ou Do Ministério Público
adolescentes indicados importará na reavaliação da
habilitação concedida. Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta
Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
Capítulo IV
Dos Recursos Art. 201. Compete ao Ministério Público:
I - conceder a remissão como forma de exclusão do
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e processo;
da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às
socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no infrações atribuídas a adolescentes;
5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os
com as seguintes adaptações: procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar,
I - os recursos serão interpostos independentemente de nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem
preparo; como oficiar em todos os demais procedimentos da
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de competência da Justiça da Infância e da Juventude;
declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa IV - promover, de ofício ou por solicitação dos
será sempre de 10 (dez) dias; interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
III - os recursos terão preferência de julgamento e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
dispensarão revisor; administradores de bens de crianças e adolescentes nas
IV - Revogado hipóteses do art. 98;
V - Revogado V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
VI - Revogado proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo instruí-los:
de cinco dias; a) expedir notificações para colher depoimentos ou
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo polícia civil ou militar;
pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos b) requisitar informações, exames, perícias e documentos
dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do de autoridades municipais, estaduais e federais, da
Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da administração direta ou indireta, bem como promover
intimação. inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. instituições privadas;
149 caberá recurso de apelação. VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
investigatórias e determinar a instauração de inquérito
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida proteção à infância e à juventude;
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as
ou de difícil reparação ao adotando medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. ao adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade
por infrações cometidas contra as normas de proteção à

Conhecimentos Específicos 64
APOSTILAS OPÇÃO

infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto,
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido
remoção de irregularidades porventura verificadas; indicado por ocasião de ato formal com a presença da
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos autoridade judiciária.
serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência
social, públicos ou privados, para o desempenho de suas Capítulo VII
atribuições. Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações Difusos e Coletivos
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
Lei. responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério oferta irregular:
Público. I - do ensino obrigatório;
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de II - de atendimento educacional especializado aos
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre portadores de deficiência;
criança ou adolescente. III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
§ 4º O representante do Ministério Público será zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306,
responsável pelo uso indevido das informações e documentos de 2016)
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII educando;
deste artigo, poderá o representante do Ministério Público: V - de programas suplementares de oferta de material
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, didático-escolar, transporte e assistência à saúde do
instaurando o competente procedimento, sob sua presidência; educando do ensino fundamental;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade VI - de serviço de assistência social visando à proteção à
reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como
acertados; ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
públicos e de relevância pública afetos à criança e ao VIII - de escolarização e profissionalização dos
adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adolescentes privados de liberdade.
adequação. IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for direito à convivência familiar por crianças e adolescentes.
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa X - de programas de atendimento para a execução das
dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção.
terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar XI - de políticas e programas integrados de atendimento à
documentos e requerer diligências, usando os recursos criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.341/2017)
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
caso, será feita pessoalmente. coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos
pela Constituição e pela Lei.
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público § 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo adolescentes será realizada imediatamente após notificação
juiz ou a requerimento de qualquer interessado. aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos
portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
Art. 205. As manifestações processuais do representante transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes
do Ministério Público deverão ser fundamentadas. todos os dados necessários à identificação do desaparecido.

Capítulo VI Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas


Do Advogado no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse competência originária dos tribunais superiores.
na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de que
trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado para Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, coletivos ou difusos, consideram-se legitimados
respeitado o segredo de justiça. concorrentemente:
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária I - o Ministério Público;
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e
os territórios;
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
processado sem defensor. dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á autorização da assembleia, se houver prévia autorização
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, estatutária.
constituir outro de sua preferência.

Conhecimentos Específicos 65
APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos pretensão é manifestamente infundada.
interesses e direitos de que cuida esta Lei. Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação autora e os diretores responsáveis pela
associação legitimada, o Ministério Público ou outro propositura da ação serão solidariamente condenados ao
legitimado poderá assumir a titularidade ativa. décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
perdas e danos.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
extrajudicial. quaisquer outras despesas.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-
pertinentes. lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
normas do Código de Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a
poder público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministério
Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da Público para as providências cabíveis.
lei do mandado de segurança.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de poderá requerer às autoridades competentes as certidões e
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela informações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
específica da obrigação ou determinará providências que prazo de quinze dias.
assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao organismo público ou particular, certidões, informações,
juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
prévia, citando o réu. ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
preceito. fundamentadamente.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta
o dia em que se houver configurado o descumprimento. grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do
Ministério Público.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
respectivo município. público, poderão as associações legitimadas apresentar razões
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do
em julgado da decisão serão exigidas através de execução inquérito ou anexados às peças de informação.
promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro conforme dispuser o seu regimento.
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a
conta com correção monetária. promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
recursos, para evitar dano irreparável à parte. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de Título VII
peças à autoridade competente, para apuração da Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se Capítulo I
atribua a ação ou omissão. Dos Crimes
Seção I
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado Disposições Gerais
da sentença condenatória sem que a associação autora lhe
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem
prejuízo do disposto na legislação penal.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao
réu os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
§ 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo,
as pertinentes ao Código de Processo Penal.

Conhecimentos Específicos 66
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece
incondicionada ou efetiva a paga ou recompensa.

Seção II Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato


Dos Crimes em Espécie destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de obter lucro:
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à ou fraude:
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do correspondente à violência.
parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
Parágrafo único. Se o crime é culposo: registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no
bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
desta Lei: § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
Pena - detenção de seis meses a dois anos. comete o crime:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua ou de hospitalidade; ou
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante III – prevalecendo-se de relações de parentesco
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
judiciária competente: tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que consentimento.
procede à apreensão sem observância das formalidades legais.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
constrangimento: pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 233. Revogado I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, artigo;
de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
Pena - detenção de seis meses a dois anos. caput deste artigo.
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o
Pena - detenção de seis meses a dois anos. acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Pena - detenção de seis meses a dois anos. criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste
o fim de colocação em lar substituto: artigo.
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
finalidade de comunicar às autoridades competentes a
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e
a terceiro, mediante paga ou recompensa: 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. I – agente público no exercício de suas funções;

Conhecimentos Específicos 67
APOSTILAS OPÇÃO

II – membro de entidade, legalmente constituída, que cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017)
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente
referidos neste parágrafo; ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
III – representante legal e funcionários responsáveis de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de artigo.
computadores, até o recebimento do material relativo à notícia § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação
feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder da licença de localização e de funcionamento do
Judiciário. estabelecimento.
§ 3º As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
manter sob sigilo o material ilícito referido. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou induzindo-o a praticá-la:
adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, internet.
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por § 2º As penas previstas no caput deste artigo são
qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
produzido na forma do caput deste artigo. induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25
de julho de 1990. Capítulo II
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela Das Infrações Administrativas
praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental,
I – facilita ou induz o acesso à criança de material pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente
contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou
com ela praticar ato libidinoso; confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo Pena - multa de três a vinte salários de referência,
com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
ou sexualmente explícita.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
compreende qualquer situação que envolva criança ou Pena - multa de três a vinte salários de referência,
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou
adolescente para fins primordialmente sexuais Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou documento de procedimento policial, administrativo ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
munição ou explosivo: infracional:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga
produtos cujos componentes possam causar dependência respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
Lei nº 13.106, de 2015) artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
da publicação ou a suspensão da programação da emissora até
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou por dois dias, bem como da publicação do periódico até por
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu 869-2)
reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
dano físico em caso de utilização indevida: Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar
a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos
definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à pais ou responsável:
exploração sexual: Pena - multa de três a vinte salários de referência,
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da aplicando-se o dobro em caso de reincidência,
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em independentemente das despesas de retorno do adolescente,
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da se for o caso.
unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi

Conhecimentos Específicos 68
APOSTILAS OPÇÃO

Observação: A Lei nº 13.431/2017 revoga o art. 248, Pena - multa de três a vinte salários de referência,
entretanto, essa lei só entrará em vigor após 1 ano de sua duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
publicação (04/04/2018). apreensão da revista ou publicação.

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso
bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
Tutelar: participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros
motel ou congênere: previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
Pena – multa. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de mil reais).
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas ou
30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em
fechado e terá sua licença cassada. regime de acolhimento institucional ou familiar.

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
desta Lei: imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. entregar seu filho para adoção:
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo mil reais).
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da programa oficial ou comunitário destinado à garantia do
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
certificado de classificação: comunicação referida no caput deste artigo.
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso
II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade (dez mil reais); Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
a que não se recomendem: Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
Pena - multa de três a vinte salários de referência, comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação
duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou
publicidade. Disposições Finais e Transitórias

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo
sua classificação: sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece
duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária o Título V do Livro II.
poderá determinar a suspensão da programação da emissora Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
por até dois dias. promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
classificado pelo órgão competente como inadequado às Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas,
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda,
espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze obedecidos os seguintes limites:
dias. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de real; e
programação em vídeo, em desacordo com a classificação II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
atribuída pelo órgão competente: pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de
de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o 1997.
fechamento do estabelecimento por até quinze dias. § 1º - Revogado
§ 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e
desta Lei: municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão

Conhecimentos Específicos 69
APOSTILAS OPÇÃO

consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
pela Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
2016) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos período a que se refere a apuração do imposto.
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de ser depositadas em conta específica, em instituição financeira
atenção integral à primeira infância em áreas de maior pública, vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art.
carência socioeconômica e em situações de calamidade. 260.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos deste nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo
artigo. em favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a presidente do Conselho correspondente, especificando:
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos I - número de ordem;
Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
referidos neste artigo. endereço do emitente;
§ 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei no 9.249, III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I doador;
do caput: IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a V - ano-calendário a que se refere a doação.
limite em conjunto com outras deduções do imposto; e § 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo pode
II - não poderá ser computada como despesa operacional ser emitido anualmente, desde que discrimine os valores
na apuração do lucro real. doados mês a mês.
§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário conter a identificação dos bens, mediante descrição em campo
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata próprio ou em relação anexa ao comprovante, informando
o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço
de Ajuste Anual. dos avaliadores.
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
na declaração: deverá:
I - (VETADO); I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
II - (VETADO); documentação hábil;
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
§ 2º A dedução de que trata o caput: quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto pessoa jurídica; e
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do III - considerar como valor dos bens doados:
caput do art. 260; a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
II - não se aplica à pessoa física que: declaração do imposto de renda, desde que não exceda o valor
a) utilizar o desconto simplificado; de mercado;
b) apresentar declaração em formulário; ou b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
c) entregar a declaração fora do prazo; Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será
III - só se aplica às doações em espécie; e considerado na determinação do valor dos bens doados,
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em exceto se o leilão for determinado por autoridade judiciária.
vigor.
§ 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D
de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo
observadas instruções específicas da Secretaria da Receita de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dedução
Federal do Brasil. perante a Receita Federal do Brasil.
§ 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das
§ 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com I - manter conta bancária específica destinada
os acréscimos legais previstos na legislação. exclusivamente a gerir os recursos do Fundo;
§ 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na II - manter controle das doações recebidas; e
Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal
ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os
Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital, seguintes dados por doador:
estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que a) nome, CNPJ ou CPF;
trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou
260. em bens.

Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260


poderá ser deduzida:

Conhecimentos Específicos 70
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do catorze anos.
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público. 2) Art. 129 ...
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do das hipóteses do art. 121, § 4º.
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
divulgarão amplamente à comunidade: 3) Art. 136...
I - o calendário de suas reuniões; § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de contra pessoa menor de catorze anos.
atendimento à criança e ao adolescente; 4) Art. 213 ...
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança Pena - reclusão de quatro a dez anos.
e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; 5) Art. 214...
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
calendário e o valor dos recursos previstos para Pena - reclusão de três a nove anos
implementação das ações, por projeto;
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de 1973, fica acrescido do seguinte item:
dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a "Art. 102 ...
Adolescência; e 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União,
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. da administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público federal promoverão
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada edição popular do texto integral deste Estatuto, que será posto
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts.
260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios
ofício, a requerimento ou representação de qualquer cidadão. de comunicação social. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da 2016)
Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será
da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a
arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade
dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos 2016)
números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias
específicas mantidas em instituições financeiras públicas, Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. publicação.
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e
expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
arts. 260 a 260-K.
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a disposições em contrário.
que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que Questões
pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos 01. (Prefeitura de Alumínio/SP – Auxiliar de
estados e municípios, e os estados aos municípios, os recursos Desenvolvimento Infantil – VUNESP – 2016) O Conselho
referentes aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão Tutelar do Município, de acordo com o artigo 131 do ECA, é
logo estejam criados os conselhos dos direitos da criança e do órgão encarregado pela sociedade, de zelar pelo cumprimento
adolescente nos seus respectivos níveis. dos direitos da criança e do adolescente definidos na citada lei.
Esse órgão tem como uma de suas características
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, fundamentais ser:
as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela (A) Partidário.
autoridade judiciária. (B) Jurisdicional.
(C) Legislativo.
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de (D) Autônomo.
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes (E) Provisório
alterações:
1) Art. 121 ............................................................ 02. (Prefeitura de Cuiabá – MT - Técnico de Nível
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um Superior - Bacharel em Direito - FGV) Aristides, zeloso
terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de professor de português, com mais de 20 anos de magistério na
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar rede pública municipal, sempre primou pela excelência de
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as seus alunos. Ocorre que João, adolescente do 9º ano do Ensino
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em Fundamental, não consegue se comportar em suas aulas,
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de prejudicando os demais alunos. Aristides já conversou com

Conhecimentos Específicos 71
APOSTILAS OPÇÃO

João, reuniu-se com os pais do aluno, todavia o adolescente se (C) As proibições elencadas nesse artigo não se aplicam
comporta pior a cada dia. aos pais ou responsáveis legais pela criança.
(D) O tratamento degradante da criança poderá ser
Em uma determinada aula, João, ao tentar acertar um relevado se o praticante apresentar a devida justificativa à
amigo, joga um vidrinho de tinta guache que cai e mancha a autoridade competente.
camisa do professor. Aristides, muito nervoso, decide (E) Crianças devem ser educadas sem excessos de direitos
repreender imediatamente o aluno. Assim, coloca-o de castigo, para que sejam disciplinadas.
em pé, de costas para os demais alunos e de frente para a lousa,
durante cinco minutos, equilibrando o vidrinho de tinta Respostas
guache na cabeça e repetindo a seguinte frase, em voz alta, a 01. D / 02. C / 03. B / 04. A / 05. B
cada intervalo de um minuto: “Sou o bobo da turma!"

A respeito da conduta do professor Aristides, assinale a Lei Federal nº 9.394 de 20


afirmativa correta. de dezembro de 1996.
(A) Está correta, pois Aristides, como educador, tem o
direito de repreender os seus alunos.
(B) Não está correta, porque Aristides se excedeu, LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996
cometendo uma infração administrativa prevista no Estatuto DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
da Criança e do Adolescente.
(C) Não está correta, porque Aristides se excedeu, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
cometendo um crime previsto no Estatuto da Criança e do Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Adolescente.
(D) Está correta, pois Aristides, como educador, tem o TÍTULO I
direito de repreender os seus alunos, somente não podendo Da Educação
usar castigo físico.
(E) Não está correta, porque Aristides se excedeu, mas não Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se
cometeu nenhum crime ou infração administrativa previstos desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
no Estatuto da Criança e do Adolescente. trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
03. (Secretaria da Criança – DF - Atendente de manifestações culturais.
Reintegração Socioeducativo – FUNIVERSA - 2015) É crime § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
previsto no ECA. desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
(A) deixar o médico de comunicar à autoridade instituições próprias.
competente os casos de seu conhecimento que envolvam § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
suspeita de maus-tratos contra criança ou adolescente. trabalho e à prática social.
(B) deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata TÍTULO II
comunicação à autoridade judiciária competente e à família do Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
apreendido ou à pessoa por ele indicada.
(C) descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada
inerentes ao poder familiar ou decorrentes de tutela ou nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
guarda. humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
(D) hospedar crianças ou adolescentes desacompanhados educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
dos pais ou dos responsáveis, ou sem autorização escrita qualificação para o trabalho.
desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
congênere. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
(E) exibir filmes, trailers, peças, amostras ou congêneres princípios:
classificados pelo órgão competente como inadequados a I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
crianças ou adolescentes admitidos no espetáculo. escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
04. (Prefeitura de Alto Piquiri – PR - Cuidador Social – cultura, o pensamento, a arte e o saber;
KLC - 2015) O Artigo 1º do Estatuto da Criança e do III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
Adolescente dispõe sobre a proteção: IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
(A) integral à criança e ao adolescente. V - coexistência de instituições públicas e privadas de
(B) parcial à criança e ao adolescente. ensino;
(C) integral à criança e parcial ao adolescente. VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
(D) parcial à criança e integral ao adolescente oficiais;
(E) integral à criança e facultativa ao adolescente. VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta
05. (Prefeitura Municipal de Alumínio – Auxiliar de Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
Desenvolvimento Infantil – VUNESP - 2016) O artigo 18-A IX - garantia de padrão de qualidade;
do Estatuto da Criança e do Adolescente é de particular X - valorização da experiência extraescolar;
relevância para os educadores porque aborda a questão de XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
forma como os diversos responsáveis pelos cuidados e pela práticas sociais.
educação da criança devem agir em relação a ela. Assim, esse XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
artigo determina-se que
(A) O uso de castigo físico é admissível unicamente para a
correção de comportamentos extremamente indisciplinados.
(B) Qualquer pessoa, a qualquer pretexto, não tem o direito
de utilizar castigo físico contra a criança.

Conhecimentos Específicos 72
APOSTILAS OPÇÃO

TÍTULO III Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula


Do Direito à Educação e do Dever de Educar das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos
de idade.
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
será efetivado mediante a garantia de: Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) seguintes condições:
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e
forma: do respectivo sistema de ensino;
a) pré-escola; II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade
b) ensino fundamental; pelo Poder Público;
c) ensino médio; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) previsto no art. 213 da Constituição Federal.
anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos TÍTULO IV
educandos com deficiência, transtornos globais do Da Organização da Educação Nacional
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
preferencialmente na rede regular de ensino; Municípios organizarão, em regime de colaboração, os
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e respectivos sistemas de ensino.
médio para todos os que não os concluíram na idade própria; § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às relação às demais instâncias educacionais.
condições do educando; § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e nos termos desta Lei.
adultos, com características e modalidades adequadas às suas
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem Art. 9º A União incumbir-se-á de:
trabalhadores as condições de acesso e permanência na I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
escola; com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e
educação básica, por meio de programas suplementares de instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
material didático-escolar, transporte, alimentação e Territórios;
assistência à saúde; III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à
insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva
ensino-aprendizagem. e supletiva;
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade. educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direito assegurar formação básica comum;
público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
cidadãos, associação comunitária, organização sindical, Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos
entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o para identificação, cadastramento e atendimento, na educação
Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
federativa, deverá: V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em educação;
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não VI - assegurar processo nacional de avaliação do
concluíram a educação básica; rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior,
II - fazer-lhes a chamada pública; em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
escola. VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público pós-graduação;
assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais instituições de educação superior, com a cooperação dos
níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
constitucionais e legais. ensino;
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. ensino.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho
para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela Nacional de Educação, com funções normativas e de
ser imputada por crime de responsabilidade. supervisão e atividade permanente, criado por lei.
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso União terá acesso a todos os dados e informações necessários
aos diferentes níveis de ensino, independentemente da de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
escolarização anterior.

Conhecimentos Específicos 73
APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz
delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que competente da Comarca e ao respectivo representante do
mantenham instituições de educação superior. Ministério Público a relação dos alunos que apresentem
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: percentual permitido em lei.
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais dos seus sistemas de ensino; Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a estabelecimento de ensino;
distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a
com a população a ser atendida e os recursos financeiros proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, de menor rendimento;
integrando e coordenando as suas ações e as dos seus V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
Municípios; além de participar integralmente dos períodos dedicados ao
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de VI - colaborar com as atividades de articulação da escola
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de com as famílias e a comunidade.
ensino;
V - baixar normas complementares para o seu sistema de Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
ensino; gestão democrática do ensino público na educação básica, de
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, princípios:
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; I - participação dos profissionais da educação na
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede elaboração do projeto pedagógico da escola;
estadual. II - participação das comunidades escolar e local em
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as conselhos escolares ou equivalentes.
competências referentes aos Estados e aos Municípios.
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: escolares públicas de educação básica que os integram
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
e planos educacionais da União e dos Estados; financeiro público.
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
ensino; I - as instituições de ensino mantidas pela União;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os II - as instituições de educação superior criadas e mantidas
estabelecimentos do seu sistema de ensino; pela iniciativa privada;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, III - os órgãos federais de educação.
com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
plenamente as necessidades de sua área de competência e com Federal compreendem:
recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
ensino. II - as instituições de educação superior mantidas pelo
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede Poder Público municipal;
municipal. III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por e mantidas pela iniciativa privada;
se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
um sistema único de educação básica. respectivamente.
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a integram seu sistema de ensino.
incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
financeiros; educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas
estabelecidas; pela iniciativa privada;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada III – os órgãos municipais de educação.
docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
rendimento; classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas,
processos de integração da sociedade com a escola; mantidas e administradas pelo Poder Público;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus II - privadas, assim entendidas as mantidas e
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a privado.
execução da proposta pedagógica da escola;

Conhecimentos Específicos 74
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão inscrição na série ou etapa adequada, conforme
nas seguintes categorias: (Regulamento) regulamentação do respectivo sistema de ensino;
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular
são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou por série, o regimento escolar pode admitir formas de
jurídicas de direito privado que não apresentem as progressão parcial, desde que preservada a sequência do
características dos incisos abaixo; currículo, observadas as normas do respectivo sistema de
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas ensino;
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos
jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento
lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou
representantes da comunidade; outros componentes curriculares;
III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas V - a verificação do rendimento escolar observará os
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas seguintes critérios:
jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
específicas e ao disposto no inciso anterior; aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
IV - filantrópicas, na forma da lei. quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais;
TÍTULO V b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
CAPÍTULO I mediante verificação do aprendizado;
Da Composição dos Níveis Escolares d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições
fundamental e ensino médio; de ensino em seus regimentos;
II - educação superior. VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
CAPÍTULO II respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de
DA EDUCAÇÃO BÁSICA setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
Seção I aprovação;
Das Disposições Gerais VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver certificados de conclusão de cursos, com as especificações
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável cabíveis.
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do
progredir no trabalho e em estudos posteriores. caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino
médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos
anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de
períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
organização, sempre que o interesse do processo de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular,
aprendizagem assim o recomendar. adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive art. 4º. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
situados no País e no exterior, tendo como base as normas Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades
curriculares gerais. responsáveis alcançar relação adequada entre o número de
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a do estabelecimento.
critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à
o número de horas letivas previsto nesta Lei. vista das condições disponíveis e das características regionais
e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, neste artigo.
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a cultura, da economia e dos educandos.
primeira do ensino fundamental, pode ser feita: § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
a) por promoção, para alunos que cursaram, com obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
b) por transferência, para candidatos procedentes de realidade social e política, especialmente do Brasil.
outras escolas; § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
c) independentemente de escolarização anterior, mediante regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
avaliação feita pela escola, que defina o grau de educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua

Conhecimentos Específicos 75
APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas
escola, é componente curricular obrigatório da educação desportivas não-formais.
básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis Art. 28. Na oferta de educação básica para a população
horas; rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
II – maior de trinta anos de idade; necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em de cada região, especialmente:
situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
de 1969; II - organização escolar própria, incluindo adequação do
V – (Vetado) calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
VI – que tenha prole. climáticas;
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do
africana e europeia. órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que
§ 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de
ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a
13.415, de 2017) manifestação da comunidade escolar.
§ 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
linguagens que constituirão o componente curricular de que Seção II
trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de Da Educação Infantil
2016).
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
Lei nº 13.415, de 2017) psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá família e da comunidade.
componente curricular complementar integrado à proposta
pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
mínimo, 2 (duas) horas mensais. I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até
§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à três anos de idade;
prevenção de todas as formas de violência contra a criança e II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco)
ao adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos anos de idade.
currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com
da Criança e do Adolescente), observada a produção e as seguintes regras comuns:
distribuição de material didático adequado. I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) educacional;
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas
Art. 26.A- Nos estabelecimentos de ensino fundamental e diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada
de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o integral;
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. IV - controle de frequência pela instituição de educação
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que cento) do total de horas;
caracterizam a formação da população brasileira, a partir V - expedição de documentação que permita atestar os
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o Seção III
índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas Do Ensino Fundamental
contribuições nas áreas social, econômica e política,
pertinentes à história do Brasil. Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro- 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de cidadão, mediante:
educação artística e de literatura e história brasileiras. I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica cálculo;
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem fundamenta a sociedade;
comum e à ordem democrática; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
em cada estabelecimento; formação de atitudes e valores;
III - orientação para o trabalho;

Conhecimentos Específicos 76
APOSTILAS OPÇÃO

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415,
assenta a vida social. de 2017)
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
fundamental em ciclos. 13.415, de 2017)
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
por série podem adotar no ensino fundamental o regime de 13.415, de 2017)
progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela
de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo Lei nº 13.415, de 2017)
sistema de ensino. IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em nº 13.415, de 2017)
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a § 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá
aprendizagem. estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino articulada a partir do contexto histórico, econômico, social,
a distância utilizado como complementação da aprendizagem ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
ou em situações emergenciais. § 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao
§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de
obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 13.415, de 2017)
de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do § 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será
Adolescente, observada a produção e distribuição de material obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às
didático adequado. comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. § 4º Os currículos do ensino médio incluirão,
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina preferencialmente o espanhol, de acordo com a
dos horários normais das escolas públicas de ensino disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de
religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela
admissão dos professores. Lei nº 13.415, de 2017)
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho
constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a esperados para o ensino médio, que serão referência nos
definição dos conteúdos do ensino religioso. processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a
pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
sendo progressivamente ampliado o período de permanência voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
na escola. formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio emocionais.
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de
§ 2º O ensino fundamental será ministrado avaliação processual e formativa serão organizados nas redes
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas
de ensino. orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de
tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:
Seção IV (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Do Ensino Médio I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415,
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, de 2017)
com duração mínima de três anos, terá como finalidades: II - conhecimento das formas contemporâneas de
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos; Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
aperfeiçoamento posteriores; local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº
intelectual e do pensamento crítico; 13.415, de 2017)
IV - a compreensão dos fundamentos científico- II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria nº 13.415, de 2017)
com a prática, no ensino de cada disciplina. III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada
pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, pela Lei nº 13.415, de 2017)

Conhecimentos Específicos 77
APOSTILAS OPÇÃO

V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº III - atividades de educação técnica oferecidas em outras
13.415, de 2017) instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e das 13.415, de 2017)
respectivas competências e habilidades será feita de acordo IV - cursos oferecidos por centros ou programas
com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou
§ 2º Revogado pela Lei nº 11.741/08 educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser Lei nº 13.415, de 2017)
composto itinerário formativo integrado, que se traduz na § 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de
composição de componentes curriculares da Base Nacional escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional
Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei
nº 13.415, de 2017) Seção IV-A
§ 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino Art. 36.A- Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do
caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação técnicas.
com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,
Lei nº 13.415, de 2017) facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio
produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo ou em cooperação com instituições especializadas em
parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos educação profissional.
estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 36.B- A educação profissional técnica de nível médio
II - a possibilidade de concessão de certificados será desenvolvida nas seguintes formas:
intermediários de qualificação para o trabalho, quando a I - articulada com o ensino médio;
formação for estruturada e organizada em etapas com II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) concluído o ensino médio.
§ 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível
inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo médio deverá observar:
Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes
continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no de Educação;
Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, II - as normas complementares dos respectivos sistemas de
contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela ensino;
Lei nº 13.415, de 2017) III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se de seu projeto pedagógico.
refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou
em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada Art. 36.C- A educação profissional técnica de nível médio
previamente pelo Conselho Estadual de Educação, articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
homologada pelo Secretário Estadual de Educação e será desenvolvida de forma:
certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído
13.415, de 2017) o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a
§ 9º As instituições de ensino emitirão certificado com conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se
ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em matrícula única para cada aluno;
outros cursos ou formações para os quais a conclusão do II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº médio ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas
13.415, de 2017) distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o oportunidades educacionais disponíveis;
sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
pela Lei nº 13.415, de 2017) oportunidades educacionais disponíveis;
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
reconhecer competências e firmar convênios com instituições desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
de educação a distância com notório reconhecimento,
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela Art. 36.D- Os diplomas de cursos de educação profissional
Lei nº 13.415, de 2017) técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
2017) educação superior.
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
Lei nº 13.415, de 2017) subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
de qualificação para o trabalho após a conclusão, com

Conhecimentos Específicos 78
APOSTILAS OPÇÃO

aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma Art. 42. As instituições de educação profissional e
qualificação para o trabalho. tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à
Seção V capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível
Da Educação de Jovens e Adultos de escolaridade.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada CAPÍTULO IV


àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Da Educação Superior
ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, espírito científico e do pensamento reflexivo;
consideradas as características do alunado, seus interesses, II - formar diplomados nas diferentes áreas de
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a e para a participação no desenvolvimento da sociedade
permanência do trabalhador na escola, mediante ações brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
integradas e complementares entre si. III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, científica, visando o desenvolvimento da ciência e da
preferencialmente, com a educação profissional, na forma do tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo,
regulamento. desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do científicos e técnicos que constituem patrimônio da
currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
caráter regular. publicações ou de outras formas de comunicação;
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os cultural e profissional e possibilitar a correspondente
maiores de quinze anos; concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
de dezoito anos. conhecimento de cada geração;
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo
educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
mediante exames. serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta
uma relação de reciprocidade;
CAPÍTULO III VII - promover a extensão, aberta à participação da
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL população, visando à difusão das conquistas e benefícios
Da Educação Profissional e Tecnológica resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição.
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no VIII - atuar em favor da universalização e do
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a
aos diferentes níveis e modalidades de educação e às capacitação de profissionais, a realização de pesquisas
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, 13.174, de 2015)
possibilitando a construção de diferentes itinerários
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos
nível de ensino. e programas:
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes
seguintes cursos: níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos
I – de formação inicial e continuada ou qualificação requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde
profissional; que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
II – de educação profissional técnica de nível médio; II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
III – de educação profissional tecnológica de graduação e concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
pós-graduação. classificados em processo seletivo;
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de III - de pós-graduação, compreendendo programas de
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne mestrado e doutorado, cursos de especialização,
a objetivos, características e duração, de acordo com as aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho em cursos de graduação e que atendam às exigências das
Nacional de Educação. instituições de ensino;
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias ensino.
de educação continuada, em instituições especializadas ou no § 1º Os resultados do processo seletivo referido no inciso
ambiente de trabalho. II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas
instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem de
profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser classificação, bem como do cronograma das chamadas para
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das
prosseguimento ou conclusão de estudos. vagas constantes do respectivo edital.

Conhecimentos Específicos 79
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino
públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao superior, por meio de ligação para a página referida no inciso
candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais III - em local visível da instituição de ensino superior e de
de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
nº 13.184, de 2015) IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de
§ 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido,
as competências e as habilidades definidas na Base Nacional observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) a) caso o curso mantenha disciplinas com duração
diferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela
Art. 45. A educação superior será ministrada em lei nº 13.168, de 2015)
instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início
variados graus de abrangência ou especialização. das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo
Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem docente até o início das aulas, os alunos devem ser
como o credenciamento de instituições de educação superior, comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168,
terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, de 2015)
após processo regular de avaliação. V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências nº 13.168, de 2015)
eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de
artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular
na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela
autonomia, ou em descredenciamento. lei nº 13.168, de 2015)
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em
responsável por sua manutenção acompanhará o processo de cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele
saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação
para a superação das deficiências. profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma
§ 3º No caso de instituição privada, além das sanções total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168,
previstas no § 1o, o processo de reavaliação poderá resultar de 2015)
também em redução de vagas autorizadas, suspensão § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento
temporária de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros
pela Medida Provisória nº 785, de 2017) instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos
procedimento específico e com a aquiescência da instituição seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
de ensino, com vistas a resguardar o interesse dos estudantes, § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
comutar as penalidades previstas nos § 1o e § 3o em outras salvo nos programas de educação a distância.
medidas, desde que adequadas para a superação das § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
deficiências e irregularidades constatadas. (Incluído pela período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de
Medida Provisória nº 785, de 2017) qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a
oferta noturna nas instituições públicas, garantida a
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, necessária previsão orçamentária.
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
exames finais, quando houver. quando registrados, terão validade nacional como prova da
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de formação recebida por seu titular.
cada período letivo, os programas dos cursos e demais § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por
componentes curriculares, sua duração, requisitos, elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições
qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios não-universitárias serão registrados em universidades
de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras § 2º Os diplomas de graduação expedidos por
formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, universidades estrangeiras serão revalidados por
de 2015). universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e
I - em página específica na internet no sítio eletrônico área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: de reciprocidade ou equiparação.
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de por universidades que possuam cursos de pós-graduação
2015) reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem em nível equivalente ou superior.
como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a
forma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica transferência de alunos regulares, para cursos afins, na
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das forma da lei.
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168,
de 2015) Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
d) a página específica deve conter a data completa de sua ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)

Conhecimentos Específicos 80
APOSTILAS OPÇÃO

cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de
de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio. 2017)
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos das
Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com
como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de destinação garantida às unidades a serem beneficiadas.
seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017)
desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
ensino. gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
Art. 52. As universidades são instituições financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos
pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.
nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições
do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento) asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas
I - produção intelectual institucionalizada mediante o poderão:
estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e
tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e administrativo, assim como um plano de cargos e salários,
nacional; atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação disponíveis;
acadêmica de mestrado ou doutorado; II - elaborar o regulamento de seu pessoal em
III - um terço do corpo docente em regime de tempo conformidade com as normas gerais concernentes;
integral. III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
especializadas por campo do saber. geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo
Poder mantenedor;
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas
atribuições: peculiaridades de organização e funcionamento;
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com
programas de educação superior previstos nesta Lei, aprovação do Poder competente, para aquisição de bens
obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do imóveis, instalações e equipamentos;
respectivo sistema de ensino; VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial
observadas as diretrizes gerais pertinentes; necessárias ao seu bom desempenho.
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
científica, produção artística e atividades de extensão; estendidas a instituições que comprovem alta qualificação
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação
institucional e as exigências do seu meio; realizada pelo Poder Público.
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em
consonância com as normas gerais atinentes; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
VII - firmar contratos, acordos e convênios; desenvolvimento das instituições de educação superior por ela
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de mantidas.
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
geral, bem como administrar rendimentos conforme Art. 56. As instituições públicas de educação superior
dispositivos institucionais; obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma existência de órgãos colegiados deliberativos, de que
prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos participarão os segmentos da comunidade institucional, local
estatutos; e regional.
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão
cooperação financeira resultante de convênios com entidades setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e
públicas e privadas. comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e de dirigentes.
pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) aulas.
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela
Lei nº 13.490, de 2017) CAPÍTULO V
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação dada DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
pela Lei nº 13.490, de 2017)
IV - programação das pesquisas e das atividades de Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos
extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
V - contratação e dispensa de professores; (Redação dada preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
pela Lei nº 13.490, de 2017) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº altas habilidades ou superdotação.
13.490, de 2017) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas especializado, na escola regular, para atender às
a setores ou projetos específicos, conforme acordo entre peculiaridades da clientela de educação especial.

Conhecimentos Específicos 81
APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, unidades educacionais da rede pública ou privada ou das
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente
condições específicas dos alunos, não for possível a sua para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei
integração nas classes comuns de ensino regular. nº 13.415, de 2017)
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do V - profissionais graduados que tenham feito
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a complementação pedagógica, conforme disposto pelo
educação infantil. Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415,
de 2017)
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e Parágrafo único. A formação dos profissionais da
altas habilidades ou superdotação: educação, de modo a atender às especificidades do exercício
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes
organização específicos, para atender às suas necessidades; etapas e modalidades da educação básica, terá como
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem fundamentos:
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, I – a presença de sólida formação básica, que propicie o
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas
menor tempo o programa escolar para os superdotados; competências de trabalho;
III - professores com especialização adequada em nível II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios
médio ou superior, para atendimento especializado, bem como supervisionados e capacitação em serviço;
professores do ensino regular capacitados para a integração III – o aproveitamento da formação e experiências
desses educandos nas classes comuns; anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos plena, admitida, como formação mínima para o exercício do
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do
habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
psicomotora; modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais 2017)
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios,
regular. em regime de colaboração, deverão promover a formação
inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro magistério.
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação § 2º A formação continuada e a capacitação dos
matriculados na educação básica e na educação superior, a fim profissionais de magistério poderão utilizar recursos e
de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao tecnologias de educação a distância.
desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado. § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
(Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
uso de recursos e tecnologias de educação a distância.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino § 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
estabelecerão critérios de caracterização das instituições adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação em cursos de formação de docentes em nível superior para
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e atuar na educação básica pública.
financeiro pelo Poder Público. § 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
Parágrafo único. O poder público adotará, como incentivarão a formação de profissionais do magistério para
alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos atuar na educação básica pública mediante programa
educandos com deficiência, transtornos globais do institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena,
própria rede pública regular de ensino, independentemente nas instituições de educação superior.
do apoio às instituições previstas neste artigo. § 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino
TÍTULO VI médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de
Dos Profissionais da Educação graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho
Nacional de Educação - CNE.
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar § 7o (Vetado).
básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
formados em cursos reconhecidos, são: terão por referência a Base Nacional Comum
I – professores habilitados em nível médio ou superior Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
para a docência na educação infantil e nos ensinos
fundamental e médio; Art. 62. A- A formação dos profissionais a que se refere o
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo
pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo
supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com habilitações tecnológicas.
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou
curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. em instituições de educação básica e superior, incluindo
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos cursos de educação profissional, cursos superiores de
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
áreas afins à sua formação ou experiência profissional,
atestados por titulação específica ou prática de ensino em

Conhecimentos Específicos 82
APOSTILAS OPÇÃO

Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício
educação básica a cursos superiores de pedagogia e profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos
licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo termos das normas de cada sistema de ensino.
diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) § 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no §
8 do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas
o

§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput funções de magistério as exercidas por professores e
deste artigo os professores das redes públicas municipais, especialistas em educação no desempenho de atividades
estaduais e federal que ingressaram por concurso público, educativas, quando exercidas em estabelecimento de
tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não educação básica em seus diversos níveis e modalidades,
sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei incluídas, além do exercício da docência, as de direção de
nº 13.478, de 2017) unidade escolar e as de coordenação e assessoramento
pedagógico.
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de § 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, ao
cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos
adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames públicos para provimento de cargos dos profissionais da
interessados em número superior ao de vagas disponíveis educação.
para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de
2017) TÍTULO VII
Dos Recursos financeiros
§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem
definidos em regulamento pelas universidades, terão Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os
prioridade de ingresso os professores que optarem por cursos originários de:
de licenciatura em matemática, física, química, biologia e I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) Distrito Federal e dos Municípios;
II - receita de transferências constitucionais e outras
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: transferências;
I - cursos formadores de profissionais para a educação III - receita do salário-educação e de outras contribuições
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à sociais;
formação de docentes para a educação infantil e para as IV - receita de incentivos fiscais;
primeiras séries do ensino fundamental; V - outros recursos previstos em lei.
II - programas de formação pedagógica para portadores de
diplomas de educação superior que queiram se dedicar à Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
educação básica; dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte
III - programas de educação continuada para os e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas
profissionais de educação dos diversos níveis. Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de
impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na
Art. 64. A formação de profissionais de educação para manutenção e desenvolvimento do ensino público.
administração, planejamento, inspeção, supervisão e § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
orientação educacional para a educação básica, será feita em União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- pelos Estados aos respectivos Municípios, não será
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
formação, a base comum nacional. receita do governo que a transferir.
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação mencionadas neste artigo as operações de crédito por
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas antecipação de receita orçamentária de impostos.
horas. § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o
superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais,
em programas de mestrado e doutorado. com base no eventual excesso de arrecadação.
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as
universidade com curso de doutorado em área afim, poderá efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos
suprir a exigência de título acadêmico. percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas
a cada trimestre do exercício financeiro.
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
público: observados os seguintes prazos:
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada
e títulos; mês, até o vigésimo dia;
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; dia de cada mês, até o trigésimo dia;
III - piso salarial profissional; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final
IV - progressão funcional baseada na titulação ou de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
habilitação, e na avaliação do desempenho; § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, monetária e à responsabilização civil e criminal das
incluído na carga de trabalho; autoridades competentes.
VI - condições adequadas de trabalho.
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas

Conhecimentos Específicos 83
APOSTILAS OPÇÃO

à consecução dos objetivos básicos das instituições § 2º A capacidade de atendimento de cada governo será
educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se definida pela razão entre os recursos de uso
destinam a: constitucionalmente obrigatório na manutenção e
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo
demais profissionais da educação; ao padrão mínimo de qualidade.
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a
instalações e equipamentos necessários ao ensino; União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos
ensino; que efetivamente frequentam a escola.
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos
expansão do ensino; Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua
V - realização de atividades-meio necessárias ao responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V
funcionamento dos sistemas de ensino; do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas atendimento.
públicas e privadas;
VII - amortização e custeio de operações de crédito Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei,
de programas de transporte escolar. sem prejuízo de outras prescrições legais.

Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de confessionais ou filantrópicas que:
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam
não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela
ou à sua expansão; de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
III - formação de quadros especiais para a administração escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; Público, no caso de encerramento de suas atividades;
IV - programas suplementares de alimentação, assistência IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos
médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras recebidos.
formas de assistência social; § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede
quando em desvio de função ou em atividade alheia à pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público
manutenção e desenvolvimento do ensino. obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede
local.
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se mediante bolsas de estudo.
refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, TÍTULO VIII
prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, Das Disposições Gerais
o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição
Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
Transitórias e na legislação concernente. das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
índios, desenvolverá programas integrados de ensino e
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e
Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
oportunidades educacionais para o ensino fundamental, I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de
assegurar ensino de qualidade. suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo ciências;
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso
para o ano subsequente, considerando variações regionais no às informações, conhecimentos técnicos e científicos da
custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-
índias.
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos
Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de sistemas de ensino no provimento da educação intercultural
qualidade de ensino. às comunidades indígenas, desenvolvendo programas
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula integrados de ensino e pesquisa.
de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e § 1º Os programas serão planejados com audiência das
a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito comunidades indígenas.
Federal ou do Município em favor da manutenção e do § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos
desenvolvimento do ensino. Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:

Conhecimentos Específicos 84
APOSTILAS OPÇÃO

I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna Art. 86. As instituições de educação superior constituídas
de cada comunidade indígena; como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição
II - manter programas de formação de pessoal de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e
especializado, destinado à educação escolar nas comunidades Tecnologia, nos termos da legislação específica.
indígenas;
III - desenvolver currículos e programas específicos, neles TÍTULO IX
incluindo os conteúdos culturais correspondentes às Das Disposições Transitórias
respectivas comunidades;
IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um
específico e diferenciado. ano a partir da publicação desta Lei.
§ 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano
nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos
ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre
pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. Educação para Todos.
§ 2º (Revogado)
Art. 79-A. (Vetado) § 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
supletivamente, a União, devem:
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de I - (Revogado)
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. a) (Revogado)
b) (Revogado)
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a c) (Revogado)
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. adultos insuficientemente escolarizados;
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e III - realizar programas de capacitação para todos os
regime especiais, será oferecida por instituições professores em exercício, utilizando também, para isto, os
especificamente credenciadas pela União. recursos da educação a distância;
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino
de exames e registro de diploma relativos a cursos de fundamental do seu território ao sistema nacional de avaliação
educação a distância. do rendimento escolar.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de § 4º (Revogado)
programas de educação a distância e a autorização para sua § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
sistemas. § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos
diferenciado, que incluirá: seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art.
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais 212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios pelos governos beneficiados.
de comunicação que sejam explorados mediante autorização,
concessão ou permissão do poder público; Art. 87.A- (Vetado).
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente
educativas; Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
Público, pelos concessionários de canais comerciais. às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir
da data de sua publicação.
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições § 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos
de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos
desta Lei. respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
estabelecidos.
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de § 2º O prazo para que as universidades cumpram o
realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
sobre a matéria.
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de
fixadas pelos sistemas de ensino. ensino.

Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo
respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste,
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a
autonomia universitária.
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação
própria poderá exigir a abertura de concurso público de Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
provas e títulos para cargo de docente de instituição pública
de ensino que estiver sendo ocupado por professor não Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968,
assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de
das Disposições Constitucionais Transitórias. 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs

Conhecimentos Específicos 85
APOSTILAS OPÇÃO

5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de é um ramo da educação básica cujo objetivo é profissionalizar
1982, e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e os trabalhadores rurais.
quaisquer outras disposições em contrário. (A) Certo
(B) Errado
Questões
05. (IFB - Professor – Português – IFB/2017) No que
01. (SEDUC –AM- Pedagogo- FGV) As opções a seguir concerne aos níveis e modalidades de educação e ensino,
apresentam destaques da Lei nº 9394/96, à exceção de uma. previstos na Lei nº 9394/96, pode-se afirmar que:
Assinale-a. (A) A educação básica é formada pela educação infantil e
(A) Flexibilidade do currículo – permite a incorporação de pelo ensino fundamental.
disciplinas considerando o contexto e a clientela. (B) A educação escolar compõe-se de educação básica,
(B) Educação Artística e Ensino Religioso – disciplinas média e superior.
obrigatórias no Ensino Básico. (C) A escola poderá reclassificar os alunos tendo como
(C) Jornada escolar no Ensino Fundamental – pelo menos base as normas curriculares gerais.
quatro horas em sala de aula. (D) A educação básica tem a finalidade de desenvolver o
(D) Educação Profissional – constitui um curso educando para o exercício da cidadania, sendo a educação
independente do Ensino Médio. média e média técnica meios para progressão no trabalho e em
(E) Educação organizada em dois níveis – Educação Básica estudos posteriores.
e Educação Superior. (E) O calendário escolar do ensino básico deve ser
obedecido em todo o território nacional, com a previsão de
02. (IF-SP- Professor- Biologia- IF-SP/2015) Segundo a dois ciclos de férias escolares, em julho e em janeiro.
Lei nº 9394, de 1996, a respeito do tema “diplomas", é
incorreto afirmar que: Respostas
(A) Os diplomas de cursos de educação profissional técnica
de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e 01. B / 02. E / 03. C / 04. B / 05. C
habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação
superior.
(B) Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
quando registrados, terão validade nacional como prova da - Resolução CME n.º 38, de
formação recebida por seu titular. 26 de setembro de 2017 –
(C) Os diplomas de graduação expedidos por
universidades estrangeiras serão revalidados por Estabelece normas para a
universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e Oferta da Modalidade da
área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais Educação de Jovens e Adultos
de reciprocidade ou equiparação.
(D) Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos (EJA) para o Sistema
por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos Municipal de Ensino de Caxias
por universidades que possuam cursos de pós-graduação do Sul.
reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
em nível equivalente ou superior.
(E) Os diplomas expedidos pelas universidades e aqueles
conferidos por instituições não-universitárias serão
RESOLUÇÃO CME nº 38, de 26 de setembro de 2017
registrados pelo Conselho Nacional de Educação.
Processo nº 2016/25165 Vol.1 - Homologada e Publicada
03. (INSS- Analista Pedagogia- FUNRIO) Segundo o
no Jornal do Município em 3/11/2017, pág. 40, Jornal nº 444.
artigo 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9394 de 1996, em seu inciso VI, o controle de frequência dos
Estabelece normas para a oferta da Modalidade da
alunos ficará a cargo da
Educação de Jovens e Adultos (EJA) para o Sistema
(A) secretaria de ensino municipal, conforme o disposto no
Municipal de Ensino de Caxias do Sul.
seu regimento, e exigida a frequência mínima de setenta e
O Conselho Municipal de Educação do Município de Caxias
cinco por cento do total de horas letivas para aprovação.
do Sul, com fundamento no inciso I, do artigo 208, da
(B) secretaria de ensino estadual, conforme o disposto no
Constituição Federal; do inciso III, do artigo 11 e inciso VII, do
seu regulamento, e exigida a frequência mínima de setenta e
art. 4º, bem como, os artigos 5º, 26, 27, 32, 34, 37 e 38 da Lei
cinco por cento do total de horas letivas para aprovação.
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/1996
(C) escola, conforme o disposto no seu regimento e nas
(LDBEN); das Resoluções CNE/CEB nºs 2/1998, 1/2000,
normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência
2/2001 e 3/2010, bem como dos Pareceres CNE/CEB nºs
mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas
04/1998, 11/2000 e 06/2010 e Leis Municipais nºs
para aprovação.
5.747/2001 e 6.403/2005, e
(D) escola, conforme o disposto no seu regimento, e exigida
CONSIDERANDO, o inciso I, do artigo 208, da Constituição
a frequência mínima de oitenta e cinco por cento do total de
Federal, alterado pela Emenda Constitucional nº 59/2009, que
horas letivas para aprovação.
determina que a educação é dever do
(E) secretaria de educação básica do MEC, conforme o
Estado e deve ser efetivada mediante a garantia da oferta
disposto em regimento federal, e exigida a frequência mínima
da educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
de oitenta e cinco por cento do total de horas letivas para
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta
aprovação.
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria ou que não a concluiu, sendo sua universalização até o
04. (Secretaria de Estado da Educação do Distrito
ano de 2016;
Federal - SEDF – Professor da Educação Básica –
CONSIDERANDO, o artigo 4º, da LDBEN, que referenda a
CESPE/2017) Tendo como referência a legislação educacional
Constituição Federal dizendo que o dever do Estado com a
brasileira e do DF, julgue o item a seguir. A educação do campo
educação escolar pública será efetivado mediante a garantia

Conhecimentos Específicos 86
APOSTILAS OPÇÃO

de educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 escolas ou instituições públicas, consubstanciada em planos de
( dezessete) anos de idade, organizada em pré-escola; ensino estudo específicos e devidamente regimentada.
fundamental e ensino médio, bem como que deve haver o II) EJA correspondente aos anos finais do Ensino
acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio Fundamental – em escolas ou instituições públicas, com
para todos os que não os concluíram na idade própria, por metodologias específicas e estudos presenciais, com avaliação
meio da oferta de educação escolar regular para jovens e centrada no processo, consubstanciada em planos de estudo
adultos, com características e modalidades adequadas às suas específicos e devidamente regimentada.
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na Art. 4º As escolas autorizadas a atender o Ensino
escola; Fundamental regular podem ofertar a EJA, devendo a
CONSIDERANDO, o artigo 5º, da Resolução CNE/CEB nº Mantenedora solicitar, previamente, apreciação de
3/2010, que esclarece sobre o artigo 4º, incisos I e VII, da Lei implantação da oferta na escola para o Conselho Municipal de
nº 9.394/96 (LDBEN), ou seja, obedecidos o disposto neste Educação.
artigo e seus incisos, “… a regra da prioridade para o Parágrafo Único - A oferta da EJA na etapa do Ensino
atendimento da escolarização obrigatória será considerada Fundamental deve garantir padrões de qualidade quanto à
idade mínima para os cursos de EJA...”; existência de recursos físicos, didáticopedagógicos,
CONSIDERANDO, que segundo o Parecer CNE/CEB nº equipamentos instrucionais, corpo docente habilitado para o
6/2010 esclarece que atendimento desta etapa e modalidade de ensino.
a oferta mais ampla da EJA sob a forma presencial com
avaliação em processo, completa o atendimento da Educação Ingresso na EJA
Básica para múltiplas idades próprias, ressaltando que a
LDBEN não determina explicitamente a idade inicial dos Art. 5º A idade mínima para o ingresso na Modalidade da
cursos da EJA, porém estabelece que o início e o término da EJA na etapa do Ensino Fundamental é de 18 anos.
idade escolar obrigatória - dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)
anos - como escolaridade universal, não deixa margem à Art. 6º O ingresso do estudante dar-se-á em qualquer
dúvida, ou seja, na faixa da idade obrigatória não há época do ano, mediante comprovação de escolaridade ou não,
alternativa: ou é escola ou é escola, significando atividades sendo que, em ambos os casos, deve ser situado no espaço-
escolares presenciais na escola; tempo adequado ao seu estágio de desenvolvimento, as suas
CONSIDERANDO, o artigo 37, da LDBEN, que diz que a possibilidades de crescimento e a organização curricular da
educação de jovens e modalidade, por meio de:
adultos é destinada àqueles que não tiveram acesso ou I - matrícula por transferência, no caso do estudante
continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na apresentar histórico de transferência da modalidade EJA;
idade própria, e por isso, os sistemas de ensino devem II - reclassificação, realizada mediante avaliação, quando o
assegurar gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não estudante possui documentação escolar com forma
puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades diferenciada de organização curricular, podendo ser da
educacionais apropriadas, consideradas as características dos própria escola ou de escola situada no País ou no exterior.
estudantes, seus interesses, condições de vida e de trabalho, III - classificação, realizada mediante avaliação, quando o
mediante cursos e exames, bem como viabilizar e estimular o estudante possui escolarização anterior e sem documentação
acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante comprobatória.
ações integradas e complementares entre si. Também, que a Parágrafo Único – A avaliação de ingresso do estudante
educação de jovens e adultos deve articular-se, da EJA poderá ser realizada por meio da indicação numa
preferencialmente, com a educação profissional, na forma totalidade inicial (T1 ou T4), a fim de ser avaliado durante o
regulamentada; prazo máximo de 30 dias, ou, por meio da aplicação de uma
avaliação de ingresso, organizada pelos professores da Escola
R E S O L V E: com o apoio da assessoria da Mantenedora, a fim de classificar
Art. 1º Exarar a presente Resolução que estabelece ou reclassificar o estudante.
normas a serem observadas na oferta da Modalidade da
Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Sistema Municipal de Organização, Duração e Turno(s) da EJA
Ensino de Caxias do Sul.
Art. 8º A Modalidade da EJA, na etapa do Ensino
Educação de Jovens e Adultos (EJA) Fundamental, organiza-se em Totalidades Iniciais (T1, T2 e
T3) e Totalidades Finais (T4, T5 e T6) e, a duração mínima,
Art. 2º A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma conforme incisos a seguir:
Modalidade da Educação Básica, destinada àqueles que não I – 800 (Oitocentas horas) nos anos iniciais do Ensino
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino Fundamental (1º ao 5º anos), organizadas da seguinte forma:
fundamental e médio na idade própria, sendo assegurado aos a) Totalidade 1 – 400 horas
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na b) Totalidade 2 – 200 horas
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, c) Totalidade 3 – 200 horas
consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, articulando-se, II - 1.600 (Hum mil e seiscentas horas) nos anos finais do
preferencialmente, com a educação profissional. Ensino Fundamental (6 º ao 9º anos), organizadas da seguinte
forma:
Regularidade da Oferta da EJA a) Totalidade 4 – 600 horas
b) Totalidade 5 – 500 horas
Art. 3º A Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Rede c) Totalidade 6 – 500 horas
Municipal de Ensino, poderá ser oferecida, conforme incisos I
e II: Art. 9º A modalidade da EJA pode ser oferecida nos
I) EJA correspondente aos anos iniciais do Ensino períodos diurno e/ou noturno, visando ao atendimento da
Fundamental - por meio de iniciativas voltadas para a demanda.
alfabetização de jovens e adultos, de forma presencial, em

Conhecimentos Específicos 87
APOSTILAS OPÇÃO

Currículo § 1º A avaliação na EJA é resultado da articulação entre as


diferentes áreas do conhecimento e os componentes
Art. 10 Para a organização do currículo da EJA na etapa do curriculares, de modo que os conteúdos trabalhados devem
Ensino Fundamental, a escola deve observar as Diretrizes resultar em desenvolvimento de habilidades e
Curriculares Nacionais vigentes que tratam da modalidade. aprofundamento de competências, da adoção de atitudes, da
§ 1º - O currículo de que trata o caput deste artigo deve constituição de valores e da formação de conceitos.
atender aos princípios: § 2º - Para a promoção, o estudante deve apresentar
a) da flexibilização, significando o aproveitamento das frequência mínima de 75 % em cada totalidade.
experiências diversas que os estudantes trazem consigo, a § 3º - O Regimento Escolar pode admitir forma de avanço
busca pelo acesso aos bens culturais de valorização da pessoa, para os estudantes que, mediante avaliação e procedimentos
o resgate da autoestima, por meio da construção e específicos, devidamente registrados, demonstrarem
reconstrução do conhecimento, a fim de favorecer o processo consolidação das habilidades, das competências, das atitudes,
contínuo de inclusão de todos. dos valores e dos conceitos, antes do cumprimento da carga
b) da educação integral e do processo de aprendizagem horária mínima estabelecida em cada totalidade.
centrado no estudante; § 4º - O avanço do estudante poderá ocorrer em qualquer
c) do reconhecimento de que a construção do época do ano letivo, desde que assegurada a continuidade de
conhecimento ocorre de maneira diferenciada em cada estudos da escolarização obrigatória.
indivíduo e somente é significativa se forem consideradas as
singularidades dos saberes e das vivências dos sujeitos Proposta Pedagógica e Regimento Escolar
envolvidos no processo.
§ 2º - O currículo da EJA, na etapa do Ensino Fundamental, Art. 13 A oferta da EJA, na etapa do Ensino Fundamental,
traduzido nos respectivos planos de estudo, deve observar as deve estar fundamentada nas concepções da Proposta
áreas do conhecimento e os componentes curriculares que as Pedagógica da Instituição ofertante e estar disciplinada em
constituem de forma a garantir a Base Nacional Comum Regimento Escolar individualizado e aprovado pelo Órgão
Curricular e a parte diversificada, devendo ser ordenados competente, devendo a instituição adotar o Regimento Padrão
quanto à sequência e ao tempo necessário para o seu da Mantenedora na implantação da oferta e, após, pode a
desenvolvimento, segundo as necessidades dos estudantes, instituição elaborar o seu Regimento próprio.
levando em conta os desafios da contemporaneidade e, prever,
a adequação, a adaptação e a flexibilização para atender aos Registros Escolares
estudantes em suas singularidades.
§ 3º - Os planos de estudo, construídos coletivamente Art. 14 As escolas que ofertam a EJA devem assegurar e
pelos professores, dão origem aos planos de trabalho de cada documentar a vida escolar, por meio de registros que retratem
professor, devendo garantir a articulação entre as diferentes a singular caminhada de cada estudante.
áreas de conhecimento e os componentes curriculares, o § 1º - Todos os procedimentos adotados para cada
estabelecimento de objetivos, habilidades e competências estudante devem ser registrados nos registros individuais da
para cada totalidade, e, também, considerar a diversidade. vida escolar.
§ 4º - Para o atendimento de estudantes com deficiência, § 2º - Deve a escola organizar o registro do currículo
a escola deve observar as Diretrizes da Educação Especial na trabalhado, com a respectiva carga horária nas diferentes
perspectiva da Educação Inclusiva e demais legislação vigente, totalidades.
bem como contar com assessoramento e apoio de § 3º - O controle da frequência do estudante fica a cargo da
profissionais especializados ao trabalho pedagógico. escola, conforme disposto no Regimento Escolar Padrão ou no
Regimento próprio.
Metodologia § 4º - Ao final de cada totalidade a escola deve emitir as
Atas de Resultados Finais dos estudantes concluintes.
Art. 11 As metodologias que melhor atendem a EJA § 5º - Cabe à escola expedir o Histórico Escolar de
preveem um conjunto de princípios, de ações e/ou práticas Transferência ou Certificado de Conclusão do Ensino
planejadas e desenvolvidas que buscam a inter-relação entre o Fundamental, conforme o caso, apondo todos os registros
conhecimento historicamente sistematizado e o senso comum, necessários, com clareza e objetividade, a fim de historiar a
proporcionando, por meio do diálogo entre ambos uma vida escolar de cada estudante.
construção crítica para a transformação da realidade. § 6º - A escola emitirá Certificação de Conclusão de
§ 1º - As metodologias ativas devem ser priorizadas pelo Escolaridade dos estudantes com deficiência, conforme
coletivo dos professores, a fim de buscar a promoção do ensino legislação vigente da Modalidade da Educação Especial.
contextualizado para gerar aprendizagens significativas e
colaborativas, incentivando o uso dos recursos da inteligência, Avaliação Periódica da oferta da EJA
ensinando a transformar ideias em resultados e,
consequentemente, ensinando a pensar, criar, inovar, decidir Art. 15 Visando acompanhar a adequação da oferta da EJA
e resolver. torna-se
§ 2º - A opção metodológica da Escola deve considerar o necessária a realização de avaliação anual, por meio de
estudante como sujeito de seu próprio conhecimento e indicadores que permitam verificar o fluxo escolar, por meio
desenvolvimento e, por isso, ser o centro do processo de percentuais de estudantes em cada totalidade, como:
educativo. avanços, transferências, abandono e conclusão do Ensino
Fundamental, bem como referente a infraestrutura, a gestão, a
Avaliação assessoria e a formação aos professores entre outros, a fim de
obter parâmetros capazes de diagnosticar a qualidade da
Art. 12 A avaliação do estudante na EJA tem sentido oferta e subsidiar o estabelecimento de novas ações para
emancipador, devendo considerar o processo de forma erradicar o analfabetismo e elevar os anos de escolarização da
contínua, dialógica, participativa, global, diagnóstica e população.
prognóstica, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada Parágrafo Único – A organização, aplicação e o
estudante. levantamento de dados da avaliação de que trata o caput do
artigo será de responsabilidade conjunta da Mantenedora e

Conhecimentos Específicos 88
APOSTILAS OPÇÃO

das escolas ofertantes da EJA, devendo os dados serem deveres de casa e realização pessoal. Portanto, a educação
enviados ao Conselho Municipal da Educação para análise e deve oferecer os meios para uma aprendizagem adequada às
possíveis proposições. especificidades desses estudantes, favorecendo a
permanência dos mesmos no processo de escolarização com
Período de Transição e Vigência da Norma sucesso nesta etapa de ensino, bem como continuidade na
próxima etapa da educação Básica.
Art. 16 Os estudantes matriculados na modalidade da É preciso resguardar os princípios de qualidade do ensino
educação de jovens e adultos até o ano de 2017 tem direito a e da aprendizagem, por meio de metodologias e estratégias
sua conclusão, uma vez que 2017 é considerado ano de adequadas, aliando interesses de duas ordens: aprendizagem
transição, portanto o atendimento ao determinado no Art. 5º e tempo, ou seja, um curso que consiga em menor tempo
desta Resolução entrará em vigor a contar do ano letivo de promover as aprendizagens fundamentais relativas a etapa de
2018. ensino cursado. Assim, o currículo precisa ser organizado de
Parágrafo Único: A partir de 2018, aos estudantes entre modo a atender às diferenças individuais e garantir o
15 (quinze) e 17 (dezessete) anos, com defasagem idade- desenvolvimento de aprendizagens fundamentais àqueles que
escolaridade deverão ser oferecidas oportunidades não tiveram acesso à escolarização, ou não conseguiram
educacionais apropriadas, nos períodos escolares diurno e/ou concluir seus estudos regulares.
noturno, de acordo com a demanda, e que considerem as suas Para tanto, a formação continuada dos professores que
características, seus interesses, suas potencialidades, suas atuam na EJA, é de fundamental importância, e deve ocorrer
necessidades e suas expectativas em relação à vida, às culturas por meio de cursos que os qualifiquem para atender a
juvenis e ao mundo do trabalho. especificidade e diversidade desses estudantes. Também
devem ser assegurados tempos para o planejamento coletivo
Art. 17 A presente Resolução entrará em vigor na data de levando em consideração a metodologia adotada pela escola.
sua publicação, revogando-se as disposições em contrário, A normatização emitida por este Conselho tem a intenção
especialmente as Resoluções CME números 6/2003 e de contribuir para o avanço da proposta da Educação de
23/2013, observado o disposto no artigo anterior. Jovens e Adultos, por ela estar direcionada ao bem coletivo, e
também oferecer elementos para garantir a elevação dos anos
JUSTIFICATIVA de escolarização da população fora da idade obrigatória. A
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), direito subjetivo aplicabilidade da normatização depende do respeito, da
para os que não tiveram acesso ou continuidade de estudos na adesão e da avaliação dos preceitos estabelecidos para todos
idade própria, é uma Modalidade que faz parte da Educação os envolvidos, como também, da garantia dos recursos
Básica, garantido o seu oferecimento na Constituição Federal necessários para a sua efetivação. O professor, por sua vez, é o
Art. 208, Inciso I, e na LDBEN Arts. 4º, 5º, 37 e 38. Essa principal agente de transformação no processo de educar. A
Modalidade tem o compromisso histórico de resgatar uma ele cabe a reconstrução educacional, baseada numa ação
dívida social com aqueles que não tiveram a oportunidade de pedagógica, por meio de um projeto balizador da vida da
continuar ou concluir os estudos obrigatórios na idade sociedade, capaz de levar à mudança social e cultural da
própria, bem como resgatar o conhecimento prévio dos comunidade e consequentemente, a construção da cidadania.
estudantes, fazendo-os partícipes na resolução de problemas,
na construção do conhecimento de forma a responder com Lourdes Bender da Rosa Dias
pertinência e eficácia as necessidades da vida, do trabalho e da Madelon Lopes Taunous
participação social, enquanto processo de inclusão social e de Aprovada, por unanimidade, em sessão Plenária de 26 de
cidadania plena. setembro de 2017.
O Município de Caxias do Sul oferece a Modalidade não Rejane Maria Daneluz Raimann,
somente como dever Constitucional, mas também, sensível à Vice-presidente do Conselho Municipal de Educação.
necessidade da sociedade, uma vez que o número de pessoas
que não tiveram acesso ou possibilidade de conclusão na idade
adequada é significativo. Enquanto Sistema Municipal de Parecer CME n.º 70, de 8 de
Ensino, o Conselho Municipal de Educação tem a incumbência
de “fixar normas para o Ensino Fundamental destinado aos dezembro de 2015 –
Adolescentes, Jovens e Adultos que a ele não tiveram acesso na Diretrizes Gerais para
idade própria”. A autonomia do Sistema permite definir a Organização e Funcionamento
organização, a estrutura e funcionamento da Educação de
Jovens e Adultos. do Ensino Fundamental na
A EJA assume, no momento atual, uma concepção mais Rede Municipal de Ensino de
ampla de função qualificadora, na perspectiva do direito à Caxias do Sul.
educação ao longo da vida. Tal concepção, está posta no Art.
2º, da Resolução CNE/CEB Nº 3/2010, a saber:
Art. 2º Para o melhor desenvolvimento da EJA, cabe a
institucionalização de um sistema educacional público de ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PREFEITURA
Educação Básica de jovens e adultos, como política pública de MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL CONSELHO MUNICIPAL DE
Estado e não apenas de governo, assumindo a gestão EDUCAÇÃO CAXIAS DO SUL – RS
democrática, contemplando a diversidade de sujeitos PARECER CME no 070, de 08 de dezembro de 2015.
aprendizes, proporcionando a conjugação de políticas públicas
setoriais e fortalecendo sua vocação como instrumento para a Diretrizes Gerais para organização e funcionamento
educação ao longo da vida. do ENSINO FUNDAMENTAL na Rede Municipal de Ensino de
Como decorrência dessa concepção, é importante propor Caxias do Sul.
diferentes alternativas de horários para atender
adequadamente a todos os estudantes. Histórico
Os jovens e adultos buscam na EJA conhecimentos
mínimos para o atendimento das atuais exigências do mercado O Conselho Municipal de Educação de Caxias do Sul, em
de trabalho, acompanhar os filhos na escola, auxiliá-los nos cumprimento às suas atribuições e diante da necessidade
expressa por parte de algumas escolas, de rever a oferta dos
Conhecimentos Específicos 89
APOSTILAS OPÇÃO

estudos de progressão e da avaliação, no sentido de repensar do estudante sobre os quantitativos, bem como os resultados ao
os tempos, espaços e procedimentos, que sejam capazes de longo do período sobre os de eventuais provas finais,
atender as reais necessidades de aprendizagem dos assegurando tempos e espaços diversos para que os estudantes
estudantes do Ensino Fundamental, de forma a resultar em com menor rendimento tenham condições de ser devidamente
melhoria do ensino, da aprendizagem e do aproveitamento dos atendidos ao longo do ano letivo;
mesmos, este Colegiado vem se manifestar por meio do - a organização e efetivação do currículo a partir de
presente Parecer. projetos, os quais possibilitam avaliar várias áreas afins, de
Ao receber tal demanda este Colegiado entendeu ser um forma interdisciplinar e participativa. Os projetos facilitam a
tema de ordem normativa e, portanto, a Comissão do Ensino avaliação qualitativa;
Fundamental e Modalidades definiu como necessária a revisão - a avaliação como processo formativo, participativo e
da normatização do Ensino Fundamental do Sistema contínuo;
Municipal de Ensino - Resolução CME no 013/2006. - a discussão da avaliação na escola e realização de
A partir do contido na normatização em vigor, a Comissão encaminhamentos;
realizou intensos estudos e levantamento de facilidades e - a identificação de potencialidades de alguns estudantes em
dificuldades sobre os temas demandados, decidindo por meio ao todo;
encaminhar consulta a todas as escolas da Rede Municipal de - as avaliações e auto avaliações permitem repensar a
Ensino, de modo a proporcionar a necessária participação no prática e perceber as ações positivas e as negativas.
sentido de ouvi-las quanto as facilidades e dificuldades na - as várias oportunidades de avanços na aprendizagem
efetivação do processo de avaliação dos estudantes, mediante melhora a autoestima dos estudantes;
o que preceitua o Art. 32, da Resolução CNE/CEB no 07/2010: - a utilização de recursos tecnológicos e a disponibilidade de
A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos professores e recursos didáticos;
pela escola como par- te integrante da proposta curricular e da - a oportunidade e a liberdade de aplicar diferentes formas
implementação do currículo, é redimensionadora da ação de avaliação, por meio de diferentes instrumentos;
pedagógica e deve: - os estudantes com mais dificuldades atendidos por meio de
I – assumir um caráter processual, formativo e participativo, projetos ou atendimentos específicos, como: Mais Alfa, Apoio,
ser contínua, cumulativa e diagnóstica, com vistas a: AEE e com os estudos de recuperação;
a) identificar potencialidades e dificuldades de - o atendimento dos estudos de recuperação e a
aprendizagem e detectar problemas de ensino; continuidade da progressão pelos profissionais específicos de
b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias e cada componente curricular, tem melhores resultados;
abordagens de acordo com as necessidades dos alunos, criar - o pré-conselho e o conselho de classe são momentos muito
condições de intervir de modo imediato e a mais longo prazo significativos na escola. Os estudantes demonstram interesse em
para sanar dificuldades e redirecionar o trabalho docente; manifestar suas opiniões e observações acerca do próprio
c) manter a família informada sobre o desempenho dos momento da aprendizagem. Para os docentes o conselho é o
alunos; momento de, em conjunto, reafirmar algumas orientações e
d) reconhecer o direito do aluno e da família de discutir os encaminhamentos para a turma. Após, entre os próprios
resultados de avaliação, inclusive em instâncias superiores à docentes, observa-se que a discussão coletiva é positiva e
escola, revendo procedimentos sempre que as reivindicações mantém o caráter de elucidar aspectos de aprendizagem, regras
forem procedentes. I de convivência e demandas individuais e coletivas;
II – utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais como - a flexibilização e adaptação do processo de avaliação para
a observação, o registro descritivo e reflexivo, os trabalhos os estudantes da educação especial, bem como a flexibilização
individuais e coletivos, os portfólios, exercícios, provas, dos instrumentos avaliativos para alunos com dificuldades;
questionários, dentre outros, tendo em conta a sua adequação à - os professores são capacitados e qualificados para cumprir
faixa etária e às características de desenvolvimento do a legislação, mostrando-se conscientes do papel da avaliação, ou
educando; seja, é um processo quebusca diagnosticar para redimensionar
III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da a prática pedagógica que deve estar voltada para garantir a
aprendizagem do aluno sobre os quantitativos, bem como os aprendizagem, bem como poder contar com as redes de apoio:
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas Mais Alfa, cuidadores educacionais, apoio pedagógico,
finais, tal com determina a alínea “a” do inciso V do art. 24 da psicopedagogia e sala de recursos/AEE;
Lei no 9.394/96; - a rigorosidade e a coerência em nossos registros
IV – assegurar tempos e espaços diversos para que os alunos pedagógicos (planos de trabalho, planilhas ou cadernos e outros
com menor rendi- mento tenham condições de ser devidamente registros criados pela escola) nos garantem maior segurança
atendidos ao longo do ano letivo; nos casos de reavaliação de resultados.
V – prover, obrigatoriamente, períodos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, como determina a Lei no Dentre as dificuldades apontadas pelas escolas,
9.394/96; transcrevemos algumas que aparecem ratificadas por diversas
VI – assegurar tempos e espaços de reposição dos conteúdos escolas:
curriculares, ao longo do ano letivo, aos alunos com frequência
insuficiente, evitando, sempre que possível, a retenção por faltas; - a aprendizagem de todos necessita ter salas com
VII – possibilitar a aceleração de estudos para os alunos com quantidades menores de estudantes, mas a realidade das salas
defasagem idade/ano. de aula, com grande número de estudantes e suas
singularidades, dificulta o conhecimento do estudante e o
Um número significativo de escolas enviou o retorno da atendimento individualizado que é apontado na legislação
consulta. Entre as facilidades citadas para a realização do vigente;
processo de avaliação na Escola, destacam-se: - a dificuldade de escolha da intervenção adequada a cada
estudante, adequando instrumentos diferenciados aos
- a utilização de diversas estratégias e abordagens pelos diferentes níveis de aprendizagem;
professores, possibilitando diagnosticar as necessidades dos - a pouca clareza quanto à qualidade social das
estudantes e intervir, de forma imediata e a longo prazo, para aprendizagens;
sanar dificuldades e redirecionar o trabalho docente; - as muitas brechas na lei favorecem o estudante que vê na
- a prevalência dos aspectos qualitativos da aprendizagem escola um lazer e não um local de aprendizado;

Conhecimentos Específicos 90
APOSTILAS OPÇÃO

- o entendimento equivocado de que progressão, estudos de consequente reorganização no Município de Caxias do Sul, foi
recuperação e aceleração de estudos são estratégias de implantada, de forma gradativa, a contar de 2005, tendo sido
aprovação automática; integralmente efetivada sua implementação no ano de 2013.
- os estudantes chegando aos anos subsequentes com muitas Durante este período se buscou efetivar todos os dispositivos
defasagens, portanto têm-se estudantes com o acúmulo de pedagógicos e legais, com o objetivo de buscar a melhoria dos
diferentes dificuldades; processos de ensino e da aprendizagem dos estudantes.
- a grande burocracia para a realização dos registros, bem Neste ano de 2015, mediante as considerações relatadas
como a falta de orientação “padrão” para esses procedimentos; pelas escolas, observou-se a necessidade de rever concepções
- a incoerência no sistema de avaliação por nota som ativa e procedimentos dos dispositivos legais em funcionamento,
(estudante é avaliado nos estudos de recuperação com especialmente daqueles que obtiveram poucos resultados em
pontuação maior do que a nota do trimestre); relação aos esforços criativos empregados pelos professores e
- o planejamento flexibilizado, com o respeito pelos ritmos e escolas. Somado a estes fatores, foram definidas Diretrizes
perfis de aprendizagem, independentemente do estudante... Curriculares para o Ensino Fundamental em norma nacional
acreditamos que, mesmo sendo de direito a oferta da pelo Conselho Nacional de Educação, que são orientações que
progressão, esta não faz sentido. Contudo, acreditamos que, devem ser necessariamente observadas e incorporadas na
durante o ano letivo, a ação que dará conta das demandas de atual revisitação da norma, referente a esta etapa da Educação
"baixo aproveitamento" são os Estudos de Recuperação; - os Básica no Sistema Municipal de Ensino de Caxias do Sul.
aspectos qualitativos estão relacionados ao comportamento do Portanto, espera-se que esse documento contribua
estudante ao invés do seu desenvolvimento cognitivo; efetivamente para a revisão e aprofundamento de concepções
- na realização das auto avaliações, tanto dos estudantes pelos Órgãos e escolas que integram esse Sistema de Ensino,
como dos professores, pois se auto avaliar é uma atividade de auxiliando na deliberação e realização de novos
reflexão fundamental na aprendizagem que compromete os procedimentos, capazes de trazer êxito no trabalho
estudantes e os professores, sendo eficaz quando realizada com pedagógico realizado por professores e estudantes e, assim,
consciência crítica; melhorar a qualidade educacional na etapa do Ensino
- o fato de alguns estudantes serem público de progressão Fundamental e suas modalidades.
ano após ano, o que demonstra que a progressão está sendo uma
forma de aprová-los sem qualidade; O Direito à Educação e a Oferta de uma Educação com
- no 6o ano, temos dificuldades em realizar as atividades Qualidade Social
específicas para os estudantes em progressão;
- oferecer aos estudantes períodos de recuperação paralelos, O Ensino Fundamental constitui-se direito público
sejam estes no próprio turno ou em turno contrário. No próprio subjetivo, por isso, exige que o Estado determine a sua
turno, não temos estrutura física e nem de pessoal para a obrigatoriedade, que só pode ser garantida por meio da
demanda desse atendimento em pequenos grupos. No turno gratuidade de ensino, o que permitirá o usufruto desse direito
contrário, muitos estudantes não frequentam, por motivos por parte daqueles que se virem privados dele. Por ser essa
diversos: a família não se compromete e não acredita nesta etapa de ensino, um direito fundamental, é direito do cidadão,
recuperação, não tem quem traga a criança pequena para o uma vez que constitui uma garantia mínima de formação para
atendimento, há desinteresse dos estudantes em frequentar, a vida pessoal, social e política. É dever do Estado, do Sistema
dificuldade de mobilidade, entre outros; de Ensino e das escolas assegurarem que todos a ela tenham
- as famílias não despertam para as suas responsabilidades acesso e que a cursem integralmente, chegando até a
de acompanhar a escolarização dos seus filhos, bem como há a conclusão do processo de escolarização que lhe corresponde.
falta de comprometimento com encaminhamentos sugeridos: Além disso, todos têm o direito de desenvolver as habilidades
fonoaudióloga, psicóloga, psicopedagoga, - falta de tempo para e construir os conhecimentos previstos para essa etapa, bem
o planejamento coletivo, para aprofundar a fundamentação como vivenciar os valores e atitudes pertinentes as interações
teórica e a necessidade de repensar as metodologias, pois requer que ocorrem no processo educativo.
humildade e conhecimento; O acesso ao Ensino Fundamental, obrigatório, dos 6 aos 14
- o professor responsável pelo apoio pedagógico precisa anos, em nível nacional, está próximo de ser universalizado, no
substituir colegas e não dispõe de tempo para atendimento entanto nem todos os estudantes incluídos nessa faixa de
individualizado com os que precisam, ... idade chegam a concluir o Ensino Fundamental. Isso é um
- o elevado número de faltas dos estudantes, a dificuldade indicativo de que o processo de inclusão escolar e a estrutura
encontrada ao final de um trimestre de estudantes sem educacional apresentam deficiências para o conjunto da
nenhuma avaliação e a Ficai sem retorno positivo; população, e, por isso, os processos educacionais precisam ser
- a impossibilidade de resolver as demandas de problemas qualificados.
trazidas pelos estudantes, como problemas familiares, O conceito de qualidade da educação é uma construção
econômicos, de saúde e sociais que implicam no seu rendimento; histórica que assume diferentes significados em tempos e
- as dificuldades para planejar e executar diferentes espaços diversos e tem a ver com os lugares de onde falam os
atividades para os estudantes especiais e com distorção sujeitos, os grupos sociais a que pertencem, os interesses e os
idade/ano; valores envolvidos, os projetos de sociedade em jogo.
- o desinteresse dos estudantes com sua aprendizagem, o Outro conceito de qualidade passa, entretanto, a ser
pouco incentivo por parte de algumas famílias, os problemas gestado por movimentos de renovação pedagógica,
disciplinares, a falta de rotina de estudo e de comprometimento movimentos sociais, de profissionais e por grupos políticos: o
em fazer as atividades, dificultando a avaliação; da qualidade social da educação. Ela está associada às
- a falta de professores para atender as especificidades na mobilizações pelo direito à educação, à exigência de
escola; a falta de profissionais de apoio (psicopedagogo, participação, de democratização e comprometida com a
psicólogo, neurologistas) na rede e o atendimento precário na superação das desigualdades e injustiças.
saúde para os estudantes que precisam desta área. Em 2007, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ao entender que a
Tais propostas foram intensamente debatidas e qualidade da educação é também uma questão de direitos
consideradas, sendo que as contribuições foram acolhidas e humanos, defende conceito semelhante. Para além da eficácia
ideias importantes incorporadas. e da eficiência, advoga que a educação de qualidade, como um
A ampliação do Ensino Fundamental de 9 anos, e sua direito fundamental, deve ser antes de tudo relevante,

Conhecimentos Específicos 91
APOSTILAS OPÇÃO

pertinente e equitativa. A relevância reporta-se à promoção de e/ou pedagógicas precisam priorizar o atendimento aos
aprendizagens significativas do ponto de vista das exigências interesses e necessidades dos estudantes.
sociais e de desenvolvimento pessoal. A pertinência refere-se Para evitar que as crianças de seis anos se tornem reféns
à possibilidade de atender às necessidades e às características prematuros da cultura da repetência e que não seja
dos estudantes de diversos contextos sociais e culturais e com indevidamente interrompida a continuidade dos processos
diferentes capacidades e interesses. E a equidade, à educativos levando à baixa autoestima do estudante e,
necessidade de tratar de forma diferenciada o que se sobretudo, para assegurar a todas as crianças uma educação
apresenta como desigual no ponto de partida, com vistas a de qualidade, há a recomendação enfática para que os sistemas
obter aprendizagens e desenvolvimento equiparáveis, de ensino adotem nas suas redes de escolas a organização em
assegurando a todos a igualdade de direito à educação. ciclo dos três primeiros anos do Ensino Fundamental,
Para muitos, a educação é considerada a mola propulsora abrangendo crianças de seis a oito anos de idade, instituindo
das transformações do país. No entanto, o que se constata é um bloco destinado à alfabetização. Mesmo quando o sistema
que problemas econômicos e sociais repercutem na escola e de ensino ou a escola, no uso de sua autonomia, fizerem opção
dificultam o alcance de seus objetivos. pelo regime seriado anual, é necessário considerar os três anos
A garantia do Ensino Fundamental de qualidade para todos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagógico ou
está intimamente relacionada ao caráter inclusivo da escola e um ciclo sequencial não passível de interrupção, voltado para
à redução da pobreza, ao mesmo tempo em que tem um papel ampliar a todos os estudantes as oportunidades de
importante nesse processo. sistematização e aprofundamento das aprendizagens básicas,
As políticas educacionais só surtirão efeito se articuladas a imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos.
outras políticas públicas no campo da saúde, habitação,
emprego, dentre outros, porque essas políticas dependem Proposta Pedagógica e Regimento Escolar
umas das outras, pelo estreito relacionamento que mantêm
entre si. Assim, se para ingressar e transitar no mundo do No ambiente escolar está representada a grande
trabalho a educação se torna cada vez mais necessária, ela diversidade sociocultural da comunidade local. A diversidade
depende, por sua vez, das disponibilidades de emprego, tanto econômica, social e cultural em que cada escola se localiza
para que os pais consigam criar seus filhos com dignidade, exige que a mesma conheça os contextos em que vivem seus
como, também, para que os estudantes vislumbrem na estudantes, pois a compreensão do seu universo cultural é
educação escolar o aumento das possibilidades de inserção imprescindível para que a ação pedagógica seja pertinente e
nesse mundo. Se os cuidados com a saúde dependem da adequada para o acesso de todos os estudantes aos bens
educação, a educação também requer que os estudantes culturais. A Proposta Pedagógica de cada escola deve articular-
tenham a assistência para os problemas de seu bem-estar se a realidade da sua comunidade, de forma a valorizar a
físico, os quais se refletem nas suas condições de cultura local, enquanto condição importante para que os
aprendizagem. estudantes possam se reconhecer como parte dessa cultura e
A educação escolar, comprometida com a igualdade de construir identidades afirmativas o que, também, pode levá-
acesso ao conhecimento a todos e especialmente garantir esse los a atuar sobre a sua realidade e transformá-la com base na
acesso aos grupos da população em desvantagem na maior compreensão que adquirem sobre ela. Ao mesmo
sociedade, será uma educação com qualidade social e tempo, a escola deve propiciar aos estudantes condições para
contribuirá para dirimir as desigualdades historicamente transitarem em outras culturas, para que transcendam seu
produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a permanência e o universo territorial e se tornem aptos a participar de
sucesso de todos na escola, com a consequente redução da diferentes esferas da vida social, econômica e política. As
evasão, da retenção e das distorções de idade/ano, conforme Propostas Pedagógicas das escolas do campo, indígenas e
preconiza o Parecer CNE/CEB no 7/2010 e Resolução quilombolas devem contemplar a diversidade nos seus
CNE/CEB n° 4/2010, que define as Diretrizes Curriculares aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos, estéticos, de
Nacionais Gerais para a Educação Básica. gênero, geração e etnia, respeitando às suas peculiares
condições de vida e pedagogias condizentes com as suas
Organização Curricular formas próprias de produzir conhecimentos.
É atribuição de cada escola, no exercício de sua autonomia,
A organização curricular é a organização dos tempos e elaborar e executar sua proposta pedagógica e definir os
espaços em que a escola desenvolve o currículo, traduzido procedimentos constantes no respectivo Regimento Escolar,
como o desenvolvimento de competências e habilidades, administrando pessoal e recursos materiais e financeiros,
formação de conceitos, bem como a constituição de valores e a assegurando o cumprimento dos dias e horas letivas, zelando
adoção de atitudes no sentido de assegurar ao educando pelo cumprimento do plano de trabalho dos professores,
condições para o pleno exercício da cidadania. provendo meios para a recuperação dos estudantes de menor
O currículo do Ensino Fundamental demanda a aproveitamento, articulando-se com a família e a comunidade
estruturação de uma organização curricular coerente, criando processos de integração da sociedade com a escola e
articulada e integrada, de acordo com os modos de ser e de se informando sistematicamente aos pais e responsáveis sobre a
desenvolver das crianças e dos adolescentes nos diferentes frequência e o aproveitamento dos estudantes. Nesse sentido,
contextos sociais. A organização curricular de uma escola pode o aperfeiçoamento constante dos professores é a garantia de
ser entendida como uma das formas de expressão dos melhoria da qualidade do processo de ensino e da
propósitos educacionais que pode ser compartilhada por aprendizagem. As escolas integrantes do Sistema Municipal de
diferentes escolas. Ciclos, séries anuais ou outras formas de Ensino deverão implementar sua Proposta Pedagógica e
organização a que se refere o Art. 23 da Lei no 9.394/96 serão adequar o respectivo Regimento Escolar, fundamentados no
compreendidos como tempos e espaços interdependentes e presente Parecer e na Resolução anexa, por meio de processos
articulados entre si, ao longo dos nove anos. Ao empenhar-se participativos relacionados à gestão democrática. A
em garantir aos estudantes uma educação de qualidade, todas organização de ambos os documentos, bem como as
as atividades da escola e a sua gestão devem articular-se com orientações correlatas estão disciplinadas em norma própria
esse propósito. O processo de enturmação dos estudantes, a do Órgão Normativo do Sistema Municipal de Ensino, além da
distribuição de turmas por professor, as decisões sobre o observância das diretrizes da Mantenedora.
currículo, a escolha dos livros didáticos, a ocupação do espaço,
a definição dos horários e outras atividades administrativas

Conhecimentos Específicos 92
APOSTILAS OPÇÃO

Currículo Escolar respeito à dignidade da pessoa e de compromisso com a


promoção do bem de todos, contribuindo para combater e
Entende-se por currículo do Ensino Fundamental as eliminar quaisquer manifestações de preconceito e
experiências escolares que se desdobram em torno do discriminação.
conhecimento, permeadas pelas relações sociais e que buscam Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de
articular vivências e saberes dos estudantes com os cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime
conhecimentos historicamente acumulados e que contribuem democrático e dos recursos ambientais; de busca da equidade no
para construir as identidades dos estudantes. acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e
As experiências escolares abrangem todos os aspectos do outros benefícios; de exigência de diversidade de tratamento
ambiente escolar: aqueles que compõem a parte explícita do para assegurar a igualdade de direitos entre os estudantes que
currículo, bem como os que também contribuem, de forma apresentam diferentes necessidades; de redução da pobreza e
implícita, para a aquisição de conhecimentos socialmente das desigualdades sociais e regionais.
relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de Estéticos: de cultivo da sensibilidade com o da
conduta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por racionalidade; de enriquecimento das formas de expressão e do
meio de rotinas, rituais, normas de convívio social, exercício da criatividade; de valorização das diferentes
festividades, pela distribuição do tempo e organização do manifestações culturais, especialmente as da cultura brasileira;
espaço educativo, pelos materiais utilizados na aprendizagem de construção de identidades plurais e solidárias.
e pelo recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas pela
escola. No artigo 32 da LDBEN o Ensino Fundamental tem como
Os conhecimentos escolares são aqueles organizados pelas objetivo a formação básica do cidadão a qual deve estar
diferentes instâncias servindo como fundamento para a voltada para o desenvolvimento da capacidade de aprender,
organização do currículo escolar. O coletivo da escola tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
seleciona e ressignifica os conhecimentos, a fim de que possam escrita e do cálculo. Também que, mediante a compreensão do
ser vivenciados e (re)construídos ao mesmo tempo em que ambiente natural e social, do sistema político, das tecnologias,
servem de elementos para a formação ética, estética e política das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade,
do estudante. desenvolver a capacidade de aprender, fortalecer os vínculos
A escola constitui a principal e, muitas vezes, a única forma de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância,
de acesso ao conhecimento sistematizado para a grande situados no horizonte da igualdade.
maioria da população. Esse dado aumenta a responsabilidade Assim, os objetivos específicos dessa etapa da
do Ensino Fundamental na sua função de assegurar a todos a escolarização devem convergir para os princípios mais amplos
aprendizagem dos conteúdos curriculares capazes de fornecer que norteiam a educação nacional, os quais estão em
os instrumentos básicos para a plena inserção na vida social, conformidade com o definido pela Constituição Federal, no seu
econômica e cultural. Nas sociedades contemporâneas esse artigo 3o, a saber: a construção de uma sociedade livre, justa e
conhecimento é o que permite estabelecer relações mais solidária, que garanta o desenvolvimento nacional; que
abrangentes entre os fenômenos, e é principalmente na escola busque “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
que ele tem condições de ser acessado. desigualdades sociais e regionais”; e que promova “o bem de
O acesso ao conhecimento escolar tem, portanto, dupla todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
função: desenvolver habilidades e criar atitudes e quaisquer outras formas de discriminação”.
comportamentos necessários para a vida em sociedade. O
estudante precisa aprender não apenas os conteúdos A Base Nacional Comum e a Parte Diversificada:
escolares, mas também saber se movimentar na sociedade Complementaridade
pela familiaridade com a cultura É preciso, pois, que a escola
expresse com clareza o que espera dos estudantes, buscando Segundo a LDBEN, no Artigo 26, o currículo do Ensino
coerência entre as concepções idealizadas na Proposta Fundamental deve ter uma Base Nacional Comum
Pedagógica e as ações cotidianas.A escola, no desempenho das complementada por uma Parte Diversificada, em cada Sistema
suas funções de educar e cuidar, deve acolher os estudantes de Ensino e em cada escola formando um todo integrado. A
dos diferentes grupos sociais, buscando construir e utilizar articulação entre a Base Nacional Comum e a Parte
métodos, estratégias e recursos que melhor atendam às suas Diversificada possibilita à sintonia dos interesses mais amplos
características cognitivas e culturais. Acolher significa de formação básica com a realidade local, bem como as
oferecer renovadas oportunidades de se familiarizarem com o necessidades dos estudantes, as características regionais da
modo de entender e intervir na realidade, bem como garantir sociedade, da cultura e da economia, perpassando todo o
as aprendizagens propostas no currículo para que o estudante currículo.
desenvolva sensibilidades e interesses que lhe permitam As propostas curriculares das escolas devem integrar
usufruir dos bens culturais disponíveis no território, e que lhe bases teóricas que favoreçam a organização dos conteúdos do
possibilite, ainda, sentir-se como produtor valorizado desses paradigma curricular da Base Nacional Comum e sua Parte
bens. Diversificada. É na Parte Diversificada que cada escola pode
Também, a escola é, por excelência, o lugar em que é desenvolver atividades e/ou projetos que as interessem
possível vivenciar relações democráticas. É nesse espaço que especificamente. Tudo, visando ser consequente no
os estudantes têm condições de exercitar o respeito mútuo, o planejamento, desenvolvimento e avaliação das práticas
diálogo, a crítica e de aprender a assumir responsabilidades pedagógicas.
em relação ao que é de todos. Os conhecimentos que fazem parte da Base Nacional
Comum a que todos devem ter acesso, independentemente da
Princípios Norteadores região e do lugar em que vivem, são os que buscam divulgar os
valores fundamentais ao interesse social e à preservação da
Os Órgãos Normativo e Executivo do Sistema Municipal de democracia, os quais asseguram a característica unitária das
Ensino e as escolas adotarão como norteadores das políticas orientações curriculares nacionais. Os conteúdos curriculares
educativas e das ações pedagógicas os seguintes princípios, que compõem a Parte Diversificada do currículo são definidos
conforme definem as Diretrizes Curriculares Nacionais da pelos integrantes do Sistema Municipal de Ensino, de modo a
Educação Básica e, específicas, do Ensino Fundamental: complementar e enriquecer o currículo, assegurando a
Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; de contextualização dos conhecimentos escolares diante das

Conhecimentos Específicos 93
APOSTILAS OPÇÃO

diferentes realidades. Ciências Humanas e constitui componente curricular dos


Os conteúdos que compõem a Base Nacional Comum e a horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental,
Parte Diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa do
desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho e na Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo. A
tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e integração do Ensino Religioso na área das Ciências Humanas
corporais, na área da saúde, nos movimentos sociais, e ainda se deve pela proximidade e pelas conexões existentes com as
incorporam saberes como os que advêm das formas diversas especificidades dos demais componentes da área, assumindo
do exercício da cidadania, da experiência docente, do cotidiano a responsabilidade de oportunizar o acesso aos saberes e aos
e dos estudantes. conhecimentos produzidos pelas diferentes culturas,
Os conteúdos sistematizados que fazem parte do currículo cosmovisões e tradições religiosas. O estudo dos
são denominados componentes curriculares, os quais, por sua conhecimentos religiosos na escola laica, a partir de
vez, se articulam às áreas de conhecimento, a saber: pressupostos científicos, estéticos, éticos, culturais e
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências linguísticos, visa à formação de cidadãos e cidadãs capazes de
Humanas. As áreas do conhecimento favorecem a compreender as diferentes vivências, percepções e
comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes elaborações relacionadas ao religioso e ao não religioso, que
componentes curriculares, mas permitem que os referenciais integram e estabelecem interfaces com o substrato cultural da
próprios de cada um sejam preservados. humanidade. Os conhecimentos religiosos fundamentam,
Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino articulam e expressam maneiras próprias de como cada
Fundamental são assim organizados em relação às áreas do pessoa ou grupo capta, interpreta, aprende e elucida os
conhecimento: acontecimentos da vida. Embasam crenças, comportamentos,
I - Linguagens (Língua Portuguesa; Língua materna, para atitudes, valores, símbolos, significados e referenciais
populações indígenas; Língua de Sinais para a comunidade utilizados para realizar escolhas e dar sentido à vida.
surda; Arte em suas diferentes linguagens: artes visuais, O objeto de estudo é o conhecimento religioso e o princípio
dança, música e teatro; Educação Física e Língua Estrangeira metodológico é o diálogo, sendo este o orientador dos
moderna, a partir do 6o ano); processos de observação, de análise, de apropriação e de
II – Matemática; ressignificação dos saberes.
III – Ciências da Natureza; Na Parte Diversificada do currículo, deve ser incluído,
IV – Ciências Humanas (História, Geografia) e obrigatoriamente, a partir do 6o ano, o ensino de, pelo menos,
V - Ensino Religioso (Cf. Resolução CME no 33/2016) uma Língua Estrangeira moderna, cuja escolha fica a cargo da
comunidade escolar e submetida às disponibilidades de
O Ensino Fundamental deve ser ministrado em Língua recursos da Mantenedora.
Portuguesa, sendo que, respectivamente, para as comunidades Também, O § 8o, do Art. 26 da LDBEN, diz que “A exibição
indígenas e comunidades de pessoas surdas é assegurada de filmes de produção nacional constituirá componente
também “a utilização de suas línguas maternas e processos curricular complementar integrado à proposta pedagógica da
próprios de aprendizagem” e “a utilização da Língua Brasileira escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2
de Sinais – Libras”. (Rerratificado em 22/03/2016) (duas) horas mensais”. A contribuição da educação no
O ensino da História do Brasil levará em conta as contexto do cinema é para a formação crítica e criativa dos
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação estudantes, enquanto um público novo e constante do cinema
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, nacional. Para tanto, a produção cinematográfica também se
africana e europeia. Há a obrigatoriedade da temática sentirá no dever de oferecer uma produção de filmes mais
“Educação das Relações Étnico-Raciais e da História e Cultura qualificados, com repertório para educadores e estudantes e,
Afro-Brasileira e Indígena”, nos conteúdos desenvolvidos no em maior número, com uma distribuição mais democrática, ou
âmbito de todo o currículo escolar, em todas as etapas e seja, a quantidade deverá impulsionar a diversidade e a
modalidades da Educação Básica, em especial nos qualidade. Para tanto, o audiovisual da escola deve se
componentes curriculares de Língua Portuguesa/Literatura, organizar com recursos físicos, equipamentos, recursos
Arte, História e Geografia, conforme dispõe a legislação humanos e títulos nacionais originais e adequados a Proposta
específica do Sistema Municipal de Ensino. Essa temática Pedagógica, aos projetos educacionais da escola e ao público
possibilita a ampliação das referências culturais de toda a de estudantes e respectiva faixa etária, podendo envolver
comunidade escolar e contribui para a mudança das todos os segmentos da comunidade escolar, a fim de buscar as
concepções de mundo, transformando os conhecimentos condições para que seja implementada esta ação na escola ou
veiculados pelo currículo e contribuindo para a construção de no seu território.
identidades mais plurais e solidárias. O § 7°, do Art. 26 da LDBEN, trata da inclusão no currículo
A Música constitui conteúdo obrigatório do componente do Ensino Fundamental dos princípios da Proteção e Defesa
curricular Arte, que articulado com as demais dimensões Civil e a Educação Ambiental de forma integrada aos
artísticas e estéticas, oportuniza aos estudantes o conteúdos obrigatórios.
desenvolvimento das diferentes linguagens, o reconhecimento A legislação define a Defesa Civil como o conjunto de ações
de vários gêneros e formas de expressão, a apropriação das preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas
contribuições histórico- culturais dos povos e, principalmente, destinadas a evitar desastres e minimizar seus impactos para
da diversidade cultural do Brasil. a população e restabelecer a normalidade social. A Lei no
A Educação Física, componente obrigatório do currículo do 12.608/2012 instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa
Ensino Fundamental, é facultativa ao estudante apenas nas Civil, com enfoque voltado às questões de proteção ao meio
circunstâncias previstas no § 3o do art. 26 da Lei no 9.394/96 ambiente e ao indivíduo. Defende a integração com as políticas
e na legislação vigente, ou seja, quando cumpre jornada de de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde,
trabalho igual ou superior a seis horas; tenha mais de trinta meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos
anos de idade; esteja prestando serviço militar inicial ou que, hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e
em situação similar, estiver obrigada à prática da Educação tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a
Física; esteja amparado pelo Decreto-Lei no 1.044/69 ou que promoção do desenvolvimento sustentável. (BRASIL, 2012,
tenha prole. art. 3o, § único).
O Ensino Religioso, não confessional, de matrícula A proposta para o campo educacional é a prevenção, a fim
facultativa ao estudante, é parte integrante da área das de minimizar a suscetibilidade de acidentes e, a construção de

Conhecimentos Específicos 94
APOSTILAS OPÇÃO

conceitos técnicos de geologia, geografia e educação formas de arranjos territoriais, visando à construção de uma
ambiental, permitindo que o estudante e a comunidade sociedade ambientalmente justa e sustentável, e também
adquiram a percepção de risco ambiental e da problemática fortalecer a cidadania, a autodeterminação dos povos e a
socioambiental em que podem estar inseridos. Também, solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos.
poderá a escola envolver toda a comunidade em Conforme Parecer CNE/CP no 08/2012, que trata das
compromissos de preservação e de prevenção a desastres, Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos,
visto que uma grande parcela da população muitas vezes não diz que as escolas, tem importante papel na garantia dos
percebe os perigos iminentes. Para tanto, é indispensável que Direitos Humanos, sendo imprescindível, nas diferentes
na formação continuada dos professores sejam também etapas e modalidades de ensino, a criação de espaços e tempos
difundidos conhecimentos técnicos nesta área. promotores da cultura dos Direitos Humanos. No ambiente
A Resolução CNE/CP no 02/2012, que trata das Diretrizes escolar as práticas que promovem os Direitos Humanos
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental ressalta o deverão estar presentes na Proposta Pedagógica, na
disposto na LDBEN, que prevê na formação básica do cidadão, organização curricular, no modelo de gestão e avaliação, na
seja assegurada a compreensão do ambiente natural e social, produção de materiais didático- pedagógicos e na formação
assim como, que o currículo deve abranger o conhecimento do inicial e continuada dos/as profissionais da educação.
mundo físico e natural. Também, as Diretrizes Curriculares A escola não é o único lugar onde esses conhecimentos são
Nacionais para a Educação Básica em todas as suas etapas e construídos, porém reconhece-se que é nela onde eles são
modalidades reconhecem a relevância e a obrigatoriedade da apresentados de modo mais sistemático. Ao desempenhar essa
Educação Ambiental. importante função social, a escola pode ser compreendida, de
A Educação Ambiental, respeitada a autonomia da acordo com o Plano Nacional de Educação em Direitos
dinâmica escolar, deve ser desenvolvida como uma prática Humanos (PNEDH): Um espaço social privilegiado onde se
educativa integrada e interdisciplinar, contínua e permanente definem a ação institucional pedagógica e a prática e vivência
em todas as etapas e modalidades de ensino, de modo a dos direitos humanos. [...] local de estruturação de concepções
contemplar: abordagem curricular que enfatize a natureza de mundo e de consciência social, de circulação e de
como fonte de vida e relacione a dimensão ambiental à justiça consolidação de valores, de promoção da diversidade cultural,
social, aos direitos humanos, à saúde, ao trabalho, ao consumo, da formação para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais
à pluralidade étnica, racial, de gênero, de diversidade sexual, e e de desenvolvimento de práticas pedagógicas. (BRASIL, 2006, p.
à superação do racismo e de todas as formas de discriminação 23).
e injustiça social; aprofundamento do pensamento crítico-
reflexivo mediante estudos científicos, socioeconômicos, Os Direitos Humanos são frutos da luta pelo
políticos e históricos a partir da dimensão socioambiental, reconhecimento, realização e universalização da dignidade
valorizando a participação, a cooperação, o senso de justiça e humana. Histórica e socialmente construídos, dizem respeito a
a responsabilidade da comunidade educacional em um processo em constante elaboração, ampliando o
contraposição às relações de dominação e exploração reconhecimento de direitos face às transformações ocorridas
presentes na realidade atual; incentivo à pesquisa e à nos diferentes contextos sociais, históricos e políticos.
apropriação de instrumentos pedagógicos e metodológicos Um dos principais objetivos da defesa dos Direitos
que aprimorem a prática discente e docente e a cidadania Humanos é a construção de sociedades que valorizem e
ambiental; estímulo à constituição de instituições de ensino desenvolvam condições para a garantia da dignidade humana.
como espaços educadores sustentáveis, integrando proposta Assim, o objetivo da Educação em Direitos Humanos é que a
curricular, gestão democrática, edificações, tornando-as pessoa e/ou grupo social se reconheça como sujeito de
referências de sustentabilidade socioambiental. direitos, assim como seja capaz de exercê-los e promovê-los ao
A Educação Ambiental é uma dimensão da educação sendo, mesmo tempo em que reconheça e respeite os direitos do
portanto, ativi- dade intencional da prática social, que deve outro. Busca também, desenvolver a sensibilidade ética nas
imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em relações interpessoais, em que cada indivíduo seja capaz de
sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, perceber o outro em sua condição humana. Nesse processo, a
visando potencializar essa atividade humana com a finalidade educação vem sendo entendida como uma das mediações
de torná-la plena de prática social e de ética ambiental. Visa à fundamentais tanto para o acesso ao legado histórico dos
construção de conhecimentos, ao desenvolvimento de Direitos Humanos, quanto para a compreensão de que a
habilidades, atitudes e valores sociais, ao cuidado com a vida cultura dos Direitos Humanos é um dos alicerces para a
da comunidade, a justiça e a equidade socioambiental, e a mudança social. Assim sendo, a educação é reconhecida como
proteção do meio ambiente natural e construído. um dos Direitos Humanos e a Educação em Direitos Humanos
A Educação Ambiental é construída com responsabilidade é parte fundamental do conjunto desses direitos, inclusive do
cidadã, na reciprocidade das relações dos seres humanos entre próprio direito à educação.
si e com a natureza. Não é atividade neutra, pois envolve Como a Educação em Direitos Humanos requer a
valores, interesses, visões de mundo e, desse modo, deve construção de concepções e práticas que compõem os Direitos
assumir na prática educativa, de forma articulada e Humanos e seus processos de promoção, proteção, defesa e
interdependente, as suas dimensões política e pedagógica. aplicação na vida cotidiana, ela se destina a formar crianças,
Portanto, deve adotar uma abordagem que considere a jovens e adultos para participar ativamente da vida
interface entre a natureza, a sociocultural, a produção, o democrática e exercitar seus direitos e responsabilidades na
trabalho, o consumo, superando a visão despolitizada, acrítica, sociedade, também respeitando e promovendo os direitos das
ingênua e naturalista. demais pessoas. É uma educação integral que visa o respeito
Entre os objetivos da Educação ambiental, de acordo com mútuo, pelo outro e pelas diferentes culturas e tradições.
as Diretrizes, estão: desenvolver a compreensão integrada do Reconhecer e realizar a educação como direito humano e a
meio ambiente para fomentar novas práticas sociais e de Educação em Direitos Humanos como um dos eixos
produção e consumo; garantir a democratização e acesso às fundamentais do direito à educação, exige posicionamentos
informações referentes à área socioambiental; estimular a claros quanto à promoção de uma cultura de direitos. Essa
mobilização social e política e o fortalecimento da consciência concepção de Educação em Direitos Humanos é refletida na
crítica; incentivar a participação individual e coletiva na própria noção de educação expressa na Constituição Federal,
preservação do equilíbrio do meio ambiente; estimular a na Lei no 9394/96 (LDBEN), no Plano Nacional de Educação
cooperação entre as diversas regiões do País, em diferentes (PNE), nas Diretrizes Gerais para a Educação Básica, que

Conhecimentos Específicos 95
APOSTILAS OPÇÃO

concebem o direito à educação como direito inalienável de segmentos que compõem a comunidade escolar necessita ser
todos os cidadãos e condição primeira para o exercício pleno flexível e aberto, devendo explicitar o quê, como e para que
dos Direitos Humanos. Afirmam que uma escola de qualidade ensinar, planejar e avaliar. Portanto, o currículo é uma
social deve considerar as diversidades, o respeito aos Direitos construção social que envolve os sujeitos, a história, a
Humanos, individuais e coletivos, na sua tarefa de construir sociedade e a cultura.
uma cultura de Direitos Humanos, formando cidadãos plenos.
Também, o Parecer do CNE/CEB no 7/2010, recomenda que o Escolas das Populações do Campo
tema dos Direitos Humanos deve ser abordado ao longo do
desenvolvimento dos componentes curriculares com os quais O currículo escolar das escolas das populações do campo
guardam intensa ou relativa relação temática. Em linhas requer respeito às suas peculiares e a utilização de pedagogias
gerais, o Plano Nacional que trata dos Direitos Humanos condizentes com as suas formas de produzir conhecimentos,
(PNEDH) ressalta os valores de tolerância, respeito, observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
solidariedade, fraternidade, justiça social, inclusão, Educação Básica. Por isso, as decisões sobre currículo devem
pluralidade e sustentabilidade. O Plano define a Educação em envolver a participação ativa das comunidades locais, de
Direitos Humanos como um processo sistemático e forma a:
multidimensional que orienta a formação do sujeito de - ampliar as oportunidades de reconhecimento de seus
direitos, articulando as seguintes dimensões: modos próprios de vida, de suas culturas, das tradições, do seu
a) apreensão de conhecimentos historicamente território e das memórias coletivas, como fundamentais para
construídos sobre direitos humanos e a sua relação com o a constituição da identidade das crianças, adolescentes e
contexto internacional, nacional e local; adultos;
b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que - valorizar os saberes e o papel dessas populações na
expressem a cultura dos direitos humanos em todos os produção de conhecimentos sobre o mundo, seu ambiente
espaços da sociedade; natural e cultural, assim como as práticas ambientalmente
c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer sustentáveis que utilizam;
presente em níveis cognitivo, social, cultural e político; - flexibilizar, se necessário, o calendário escolar, das
d) desenvolvimento de processos metodológicos rotinas e atividades, tendo em conta as diferenças relativas às
participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens atividades econômicas e culturais, mantidas o total de horas
e materiais didáticos contextualizados; anuais obrigatórias no currículo;
e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que - superar as desigualdades sociais e escolares que afetam
gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da as comunidades rurais, tendo por garantia o direito à
proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da educação, por meio da organização e efetivação de projetos
reparação das violações. pedagógicos que contemplem a diversidade nos seus aspectos
Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento sociais, culturais, políticos, econômicos, estéticos e de gênero.
devem articular os seus conteúdos, a partir das possibilidades
abertas pelos seus referenciais, à abordagem de temas Educação Escolar Indígena e Educação Escolar
abrangentes e contemporâneos, que afetam a vida humana em Quilombola
escala global e territorial, bem como na esfera individual.
Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar
social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, Quilombola são, respectivamente, oferecidas em escolas
preservação do meio ambiente, nos termos da política inscritas em suas terras e culturas e para essas populações
nacional de educação ambiental, educação para o consumo, estão assegurados direitos específicos na Constituição Federal,
educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, diversidade que lhes permitem valorizar e preservar suas culturas e
cultural, devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da reafirmar o seu pertencimento étnico.
Base Nacional Comum e da Parte Diversificada do currículo. As Propostas Pedagógicas das escolas que atendem
Outras leis específicas determinam a inclusão de temas estudantes dessas populações devem prever a utilização de
relativos à educação para o trânsito e à condição e direitos dos pedagogias condizentes com as suas formas de produzir
idosos. conhecimentos. Portanto, devem envolver a participação ativa
A transversalidade constitui uma das maneiras de dessas populações nas decisões referente à organização e
trabalhar os componentes curriculares, as áreas de efetivação do currículo escolar.
conhecimento e os temas contemporâneos em uma As escolas indígenas têm ensino intercultural e bilíngue,
perspectiva integrada. Essa abordagem deve ser apoiada por com vistas à afirmação e manutenção da diversidade étnica e
meios adequados. Compete ao Órgão Executivo do Sistema linguística; devem assegurar a participação da comunidade no
Municipal de Ensino a indicação, orientação e disseminação de seu modelo de edificação, organização e gestão; e deverão
materiais subsidiários ao trabalho docente, com o objetivo de contar com materiais didáticos produzidos de acordo com o
contribuir para a eliminação de discriminações, racismos e contexto cultural de cada povo, conforme normas e
preconceitos, e conduzir à adoção de comportamentos ordenamentos jurídicos próprios e as Diretrizes Nacionais
responsáveis e solidários em relação aos outros e ao meio específicas.
ambiente. A Educação Escolar Quilombola deve observar o
Também, a perspectiva multicultural no currículo leva ao detalhamento das Diretrizes Curriculares Nacionais
reconhecimento da riqueza das produções culturais e à específicas.
valorização das realizações de indivíduos e grupos sociais e Estudantes Estrangeiros
possibilita a construção de uma autoimagem positiva a muitos
estudantes que vêm se defrontando constantemente com as As escolas da Rede Municipal de Ensino deverão, com base
condições de fracasso escolar, agravadas pela discriminação na legislação do Sistema Municipal de Ensino que trata do
manifesta ou escamoteada no interior da escola. Além de atendimento de estudantes estrangeiros, proceder à matrícula
evidenciar as relações de interdependência e de poder na destes estudantes somente para os que se encontram na etapa
sociedade e entre as sociedades e culturas, a perspectiva do Ensino Fundamental ou, que atendem aos critérios para
multicultural tem o potencial de conduzir a uma profunda matrícula na modalidade da Educação de Jovens e Adultos,
transformação do currículo. sem qualquer discriminação, observando, no que couber, as
O currículo construído coletivamente por todos os mesmas normas regimentais que disciplinam a matrícula de

Conhecimentos Específicos 96
APOSTILAS OPÇÃO

estudantes brasileiros nas escolas. - assegurar ao estudante itinerante matrícula, com


A escola deverá reclassificar os estudantes, mediante os permanência e conclusão de estudos (se for o caso), na
procedimentos descritos no Regimento Escolar. A realização Educação Básica, respeitando suas necessidades particulares.
da tradução das avaliações para reclassificação e o apoio no Caso a família e/ou responsável pelo estudante não disponha,
atendimento de estudantes estrangeiros que ainda não no ato da matrícula, de histórico escolar da escola de origem
possuem o domínio da Língua Portuguesa são ou do memorial e/ou Parecer Descritivo, a criança,
responsabilidade da Mantenedora. adolescente ou jovem deverá ser inserido no grupamento
Aos estudantes, jovens e adultos, que possuem a conclusão correspondente aos seus pares de idade. Para tal, a escola
do Ensino Fundamental e que buscam a escola para deverá desenvolver estratégias pedagógicas adequadas às
familiarização com a Língua Portuguesa, a escola não poderá suas necessidades de aprendizagem;
efetivar a matrícula, visto não haver amparo legal para esse - proteger o estudante itinerante contra qualquer forma de
atendimento. Por isso, estes estudantes devem ser informados discriminação que coloque em risco a garantia dos seus
da existência de cursos específicos de Língua Portuguesa para direitos fundamentais;
estrangeiros no Município e, na medida do possível, serem - garantir documentação de matrícula e avaliação
encaminhados para as instituições ofertantes. Estas periódica mediante expedição imediata de memorial e/ou
considerações de ordem legal, acrescidas à necessidade de Parecer Descritivo das crianças, adolescentes e jovens em
coibir qualquer tipo de discriminação entre estudantes situação de itinerância.
brasileiros e estrangeiros, assegura o direito à educação,
enquanto direito fundamental previsto na Constituição Educação Especial
Federal.
A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
Estudantes em Situação de Itinerância constitui uma modalidade de ensino que permeia todas as
etapas e modalidades da educação escolar, e realiza o
As Diretrizes para o atendimento de educação escolar de Atendimento Educacional Especializado (AEE), por meio de
crianças, adolescentes e jovens em situação de itinerância, um conjunto de serviços, recursos e estratégias específicas que
exaradas pelo Parecer CNE/CEB no 14/2011 e Resolução favoreçam o processo de escolarização dos seus estudantes
03/2012, consideram em situação de itinerância as crianças e nas turmas comuns do ensino regular.
adolescentes pertencentes a diferentes grupos sociais que, por O atendimento e a organização do currículo para os
motivos culturais, políticos, econômicos, de saúde, dentre estudantes considerados público-alvo da Educação Especial
outros, se encontram nessa condição. Podem ser considerados considerará as situações singulares, os perfis, as
como vivendo em situação de itinerância ciganos, indígenas, características biopsicossociais, as faixas etárias e se pautará
povos nômades, trabalhadores itinerantes, acampados, em princípios éticos, políticos, estéticos e legais dos direitos
artistas, demais trabalhadores em circos, parques de diversão humanos, conforme dispõem as normas específicas do Sistema
e teatro mambembe (grupos teatrais/circenses itinerantes Municipal de Ensino. (Rerratificado em 22/03/2016)
que apresentam espetáculos popularescos sem recursos
tecnológicos), que se autor reconheçam como tal ou sejam Educação de Jovens e Adultos (EJA)
assim declarados pelo seu responsável legal. A consequência
dessa condição tem sido a sujeição à descontinuidade na A modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na
aprendizagem, levando ao insucesso e ao abandono escolares, etapa do Ensino Fundamental, ofertada nas escolas da Rede
impedindo-lhes a garantia do direito à educação. O Municipal de Ensino constitui-se em oferta de educação
fundamento legal para estes casos se dá mediante o preceito regular, destinada àqueles que não tiveram acesso ou
constitucional que define o acesso à educação como direito continuidade de estudos no Ensino Fundamental na idade
fundamental de toda criança e adolescente. Na LDBEN, temos própria, por meio de oportunidades educacionais adequadas
tanto a expressão “domicílio do educando” (art. 77, § 1o), às suas características, interesses, condições de vida e de
quanto “residência” da criança (art. 4o, inciso X), trabalho.
relativamente a oferta de vaga pública próxima a sua Para a organização da oferta e do currículo da EJA a escola
residência. Trata-se de preceito legal que deve ser deve observar as Diretrizes Curriculares Nacionais vigentes e
interpretado em acordo com as normas do Código Civil, as normas específicas do Sistema Municipal de Ensino que
(parágrafo único do art. 72 e o art. 73), que preceitua: “Se a tratam da EJA, atendendo aos princípios da flexibilização, do
pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles processo de aprendizagem centrado nos estudantes e no
constituirá domicílio para as relações que lhe reconhecimento de que a construção do conhecimento ocorre
corresponderem” e “ter-se-á por domicílio da pessoa natural, de maneira diferenciada em cada indivíduo, bem como as
que não tenha residência habitual, o lugar onde for áreas do conhecimento definidas na legislação vigente,
encontrada”. Isto significa que os estudantes itinerantes visando ao domínio das habilidades e competências
encontram-se na situação domiciliar garantida por lei, além da estabelecidas para a Modalidade.
legislação educacional, a qual não estabelece tempo mínimo de Aos jovens situados na faixa de 15 (quinze) aos 17
permanência ou de residência do estudante numa (dezessete) anos, com defasagem idade/ano, o Sistema
determinada localidade. As escolas que recebem esses Municipal de Ensino incentivará as escolas a oferecer
estudantes deverão informar a sua presença aos Conselhos oportunidades educacionais apropriadas, no período diurno e,
Tutelares, os quais devem acompanhar a vida das crianças e para os estudantes trabalhadores diurno e/ou noturno, que
adolescentes em situação de itinerância no que se refere ao considerem as características desses estudantes, seus
respeito, à proteção e à promoção dos seus direitos sociais, interesses, suas potencialidades, necessidades, expectativas
sobretudo ao direito humano à educação. em relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo do trabalho,
Portanto, nesses casos, enquanto escola democrática, esta tal como prevê o artigo 37 da Lei no 9.394/96.
deve estabelecer diálogo com estes coletivos sociais, ouvi-los e Visando clarificar e disciplinar as peculiaridades da oferta
decidir conjuntamente estratégias para o melhor atendimento da Modalidade EJA na etapa do Ensino Fundamental e,
dos seus filhos, tendo em vista que o direito a educação de considerando que tal oferta depende de demanda anual de
estudantes em situação de itinerância deve ser garantido, de número de estudantes suficientes para o Poder Público dispor
forma a: de toda a infraestrutura necessária, torna-se imperiosa à
organização de Regimento Escolar individualizado dessa

Conhecimentos Específicos 97
APOSTILAS OPÇÃO

Modalidade, adotando o Regimento Padrão da Mantenedora aprendizagem, com base:


na implantação da oferta e, após, podendo a escola elaborar o - no trabalho compartilhado e no compromisso individual
Regimento Individualizado próprio. e coletivo dos professores e demais profissionais da escola
com a aprendizagem dos alunos;
Educação Integral em Escola de Tempo Integral - no atendimento às necessidades específicas de
aprendizagem de cada um mediante abordagens apropriadas;
A proposta educativa da educação integral em escola de - na utilização dos recursos disponíveis na escola e nos
tempo integral poderá contribuir significativamente para a espaços sociais e culturais do entorno;
melhoria da qualidade da educação e da aprendizagem escolar, - na contextualização dos conteúdos, assegurando que a
principalmente quando voltada para o atendimento das aprendizagem seja relevante e socialmente significativa;
populações com alto risco e vulnerabilidade social. O tempo - no cultivo do diálogo e de relações de parceria com as
ampliado na escola, para, no mínimo, sete horas diárias, famílias.
poderá dirimir as desigualdades de acesso à educação, ao A escola, por meio das orientações da mantenedora, deve
conhecimento e à cultura e melhorar o convívio social. O prever as condições necessárias aos professores para que
currículo da escola de tempo integral é concebido como um possam avançar com ações pedagógicas na direção de um
projeto educativo integrado, efetivado por meio de atividades trabalho colaborativo, capaz de superar a fragmentação dos
como as de experimentação e pesquisa científica, cultura e componentes curriculares, a fim de desenvolver um currículo
artes, esporte e lazer, tecnologias da comunicação e integrado, o qual poderá ser organizado por meio de eixos
informação, afirmação da cultura dos direitos humanos, articuladores, projetos interdisciplinares com base em temas
preservação do meio ambiente e uso racional dos recursos não geradores formulados a partir de questões da comunidade e
renováveis, acompanhamento e apoio pedagógico, articulados às áreas do conhecimento e aos componentes
aprofundamento da aprendizagem, promoção da saúde, entre curriculares, propostas ordenadas em torno de conceitos-
outras, articuladas aos componentes curriculares e áreas do chave ou conceitos nucleares, que permitam trabalhar as
conhecimento, bem como as vivências e práticas questões cognitivas e as questões culturais numa perspectiva
socioculturais, desenvolvidas dentro do espaço escolar ou fora transversal, ou projetos de trabalho propostos pela escola ou
dele, em espaços distintos da cidade ou do território em que pela comunidade.
está situada a escola, mediante a utilização de equipamentos Aos professores cabe equilibrar a ênfase no
sociais e culturais aí existentes e o estabelecimento de reconhecimento e valorização da experiência do estudante e
parcerias com órgãos ou entidades locais. Ao restituir a da cultura que contribui para construir identidades
condição de ambiente de aprendizagem à comunidade e à afirmativas, bem como a necessidade de lhes fornecer
cidade, a escola contribuirá para a construção de redes sociais instrumentos mais complexos de análise da realidade que
na perspectiva de uma cidade educadora. possibilitem o acesso a níveis universais de explicação dos
A oferta da Educação Integral em Escola de Tempo Integral fenômenos, propiciando-lhes os meios para transitar entre a
na Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul deve atender as sua e outras realidades e culturas e participar de diferentes
normas específicas vigentes, exaradas por este Conselho esferas da vida social, econômica e política.
Municipal de Educação.
Planos de Trabalho dos Professores
Planos de Estudo
Os professores, na organização e planejamento dos Planos
Os Planos de Estudo expressam a organização, integração de Trabalho, necessitam considerar que os estudantes do
e dinamização do currículo escolar e contemplam os direitos e Ensino Fundamental regular são crianças e adolescentes de
objetivos de aprendizagem a serem desenvolvidas com os faixas etárias cujo desenvolvimento está marcado por
estudantes, bem como a indicação da progressão esperada em interesses próprios, relacionado aos aspectos físicos,
cada ano letivo, buscando articular saberes e experiências com emocionais, sociais e cognitivos, em constante interação. As
os conhecimentos formais sistematizados que fazem parte do características de desenvolvimento dos estudantes estão
patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e muito relacionadas com seus modos próprios de vida e suas
tecnológico. Estes são organizados por áreas de conhecimento múltiplas experiências culturais e sociais. Por isso, pode-se
(anos iniciais do EF ou Ensino Fundamental I) e, por áreas de dizer que existem múltiplas infâncias e adolescências.
conhecimento e os respectivos componentes curriculares que Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a criança
as constituem (anos finais do EF ou Ensino Fundamental II). desenvolve a capacidade de representação, indispensável para
Os Planos de Estudo são revisados periodicamente para a a aprendizagem da leitura, dos conceitos matemáticos básicos
realização das devidas adequações segundo a Proposta e para a compreensão da realidade que a cerca. O
Pedagógica, as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino desenvolvimento da linguagem permite a ela reconstruir pela
Fundamental e a Base Nacional Comum, devendo ser memória as suas ações e descrevê-las, bem como planejá-las,
aprovados pela Mantenedora para serem efetivados no ano habilidades também necessárias às aprendizagens previstas
letivo seguinte, com o objetivo de comprometê-la pelo para esse estágio. A aquisição da leitura e da escrita na escola,
fornecimento dos meios – materiais e de pessoal – para levar a fortemente relacionada aos usos sociais da escrita nos seus
termo a promessa de serviço à comunidade, implícita ou ambientes familiares, pode demandar tempos e esforços
explicitamente contida nos mesmos. diferenciados entre os estudantes da mesma faixa etária. A
Cada escola poderá ter múltiplos planos de estudo criança nessa fase tem maior interação nos espaços públicos,
relativamente a cada etapa de ensino ou, na mesma etapa de entre os quais se destaca a escola. Esse é um período em que
ensino em se tratando de tempos diferenciados, bem como se deve intensificar a vivência das normas sociais, com ênfase
para cada modalidade. Os Planos de Estudo servem de base no desenvolvimento de habilidades que propiciem a
para a elaboração do(s) Plano(s) de Trabalho dos professores. convivência cidadã.
A mantenedora e as escolas buscaram adequadas Nos anos finais do Ensino Fundamental os estudantes
condições de trabalho aos professores e o provimento de entram na puberdade e se tornam adolescentes. Eles passam
insumos, de acordo com os padrões mínimos de qualidade por grandes transformações biológicas, psicológicas, sociais e
referidos no inciso IX do art. 4o da Lei no 9.394/96 e em emocionais. Os adolescentes, nesse período da vida, modificam
normas específicas estabelecidas pelo Conselho Nacional de as relações sociais e os laços afetivos, intensificando suas
Educação, com vistas à criação de um ambiente propício à relações com os pares de idade e as aprendizagens referentes

Conhecimentos Específicos 98
APOSTILAS OPÇÃO

à sexualidade e às relações de gênero, acelerando o processo cabe à escola manter-se articulada com o Conselho Tutelar,
de ruptura com a infância na tentativa de construir valores com os serviços da Rede Socioassistencial e com instituições
próprios. Ampliam-se as suas possibilidades intelectuais, o de outras áreas capazes de oferecer cuidados e os serviços de
que resulta na capacidade de realização de raciocínios mais proteção social a que esses estudantes têm direito.
abstratos. Estes se tornam crescentemente capazes de ver as Temos ainda, a violência e a indisciplina que tem
coisas a partir do ponto de vista dos outros, superando, dessa dificultado as aprendizagens e o trabalho dos professores.
maneira, o egocentrismo próprio da infância. Essa capacidade Estes fatores podem ser reflexos não só da violência das
de descentração é importante na construção da autonomia e sociedades contemporâneas, mas também da violência
na aquisição de valores morais e éticos. Os professores, simbólica da cultura da escola que necessita reconstruir
atentos a esse processo de desenvolvimento, buscarão formas valores e conhecimentos tidos como universais, por meio,
de trabalho pedagógico e de diálogo com os estudantes, inclusive, da construção de normas sociais. Pode- se superar,
compatíveis com suas idades, lembrando sempre que esse ainda, essas dificuldades por meio do diálogo com as culturas
processo não é uniforme e nem contínuo. Entre os urbanas, como uma das formas do enfrentamento do fracasso
adolescentes de muitas escolas, é frequente observar forte escolar e da rebeldia.
adesão aos padrões de comportamento dos jovens da mesma Os comportamentos considerados inadequados para a
idade, o que é evidenciado pela forma de se vestir e também convivência social derivam, também, da rápida obsolescência
pela linguagem utilizada por eles. Isso requer dos professores dos conhecimentos provocada pela multiplicação das formas
maior disposição para entender e dialogar com as formas de comunicação e do fato de ter-se popularizado que a
próprias de expressão das culturas juvenis. escolarização não é mais garantia de ascensão e mobilidade
É necessário também considerar que, atualmente, a social, como já foi em períodos anteriores. Daí decorre que os
exposição das crianças e adolescentes à mídia e, em particular, professores, para assegurar a rotina de trabalho, condição
à televisão durante várias horas diárias tem, por sua vez, necessária para a ação pedagógica, devem empreender esforço
contribuído para o desenvolvimento de formas de expressão para manter o diálogo e a comunicação necessária para
entre os estudantes que são mais atreladas ao universo das estabelecer um clima de aprendizagem. Diante dessa
imagens, o que torna mais difícil o trabalho com a linguagem realidade, é necessário um trabalho entre as instituições, as
escrita, de caráter mais argumentativo, no qual se baseia a famílias e toda a sociedade no sentido de valorizar a escola e
cultura da escola. Observa-se, no entanto, que a linguagem os professores, bem como é necessária à articulação da escola
mais universal que a maioria deles compartilha é a da música, com a família e os estudantes no estabelecimento das normas
ainda que, geralmente, a partir de poucos gêneros musicais. de convivência na escola, construídas com a participação ativa
Portanto, este é um dos desafios que se coloca para a escola de toda a comunidade escolar, conforme prevê a legislação
que é a de cumprir um papel importante de inclusão digital dos educacional vigente e o Estatuto da Criança e do Adolescente
estudantes, valendo-se desses recursos e, na medida de suas (Lei no 8.069/90).
possibilidades, submetê-los aos seus propósitos educativos. A Assim, na organização dos planos de trabalho, os
multiplicação dos meios de comunicação e informação nas professores devem selecionar os conteúdos pela sua
sociedades de mercado em que vivemos contribui fortemente importância e/ou relevância para a vida dos estudantes e para
para disseminar entre as crianças, os adolescentes, os jovens e a continuidade de sua trajetória escolar. Devem considerar a
a população em geral o excessivo apelo ao consumo e uma pertinência do que é abordado em face da diversidade dos
visão de mundo fragmentada, que induz à banalização dos estudantes, buscando a contextualização dos conteúdos e o
acontecimentos e à indiferença quanto aos problemas seu tratamento flexível, ou seja, o conhecimento deve ser
humanos e sociais. É importante que a escola contribua para contextualizado, permitindo que os estudantes estabeleçam
transformar os estudantes em consumidores críticos dos relações com suas experiências. Na organização dos
produtos oferecidos por esses meios, ao mesmo tempo em que conteúdos, a Coordenação Pedagógica da escola e os
se vale dos recursos midiáticos como instrumentos relevantes professores, devem buscar a superação do caráter
no processo de aprendizagem, o que também pode favorecer o fragmentário das áreas e integrar o currículo de forma a tornar
diálogo e a comunicação entre professores e estudantes. os conhecimentos abordados mais significativos para os
Desafios se colocam, cotidianamente, para os professores estudantes e favorecer a participação ativa dos mesmos, por
diante do aumento das informações na sociedade meio de suas habilidades, das experiências de vida e dos
contemporânea e da mudança da sua natureza. Mesmo quando interesses.
experiente, o professor muitas vezes terá que se colocar na Os estudantes dos segmentos populares, ao lutarem pelo
situação de aprendiz e buscar junto com os estudantes as direito à escola e à educação, aspiram apossar-se dos
respostas para as questões suscitadas. Para tanto, é preciso conhecimentos que, transcendendo as suas próprias
que os professores disponham de formação adequada e experiências, lhes forneçam instrumentos mais complexos de
permanente, dando atenção especial para o uso das análise da realidade e permitam atingir níveis mais universais
tecnologias da informação e comunicação e que seja de explicação dos fenômenos. São esses conhecimentos que os
assegurada a provisão de recursos midiáticos atualizados e em mecanismos internos de exclusão na escola têm reservado
número suficiente para todos os estudantes de modo a somente às minorias, mas que é preciso assegurar a toda a
contribuir para a emancipação digital. população, consolidando, assim, os princípios da escola
Também, os professores precisam estar atentos aos democrática: acessível a todos, diversa no tratamento e
aspectos que envolvem as crianças e os adolescentes, e que igualitária nos resultados.
tem relação com sua aprendizagem, como: o abuso e à
exploração sexual, a violência doméstica, a formas de trabalho Princípios Metodológicos
não condizentes com a idade, à falta de cuidados essenciais
com a saúde, entre outros aspectos, em relação aos quais a Os princípios metodológicos devem permitir um diálogo
escola é, muitas vezes, o único canal de contato institucional da permanente e autêntico no processo de reconhecimento do
família. Essas questões repercutem na aprendizagem e no mundo e dos sujeitos, pressupondo um constante movimento
desenvolvimento dos estudantes, colocando os professores de ação-reflexão-ação, a partir da realidade do estudante.
diante de situações para as quais as práticas que eles Estes devem estar relacionados de forma clara, permitindo o
conhecem não surtem resultados. O trabalho coletivo na escola movimento do currículo na perspectiva da inter e da
poderá respaldá-los de algum modo. No entanto, ao se tratar transdisciplinar idade, facilitando a significação e a
de questões que extrapolam o âmbito das atividades escolares, ressignificação das aprendizagens e a educação integral dos

Conhecimentos Específicos 99
APOSTILAS OPÇÃO

sujeitos. A opção metodológica da escola deve favorecer a respectivos componentes curriculares independente do
compreensão e articulação dos saberes e dos fenômenos, e o número de horas em cada área ou componente. A escola deve
papel das áreas do conhecimento na compreensão da cuidar para que, no cômputo de horas anual, esteja assegurado
totalidade do conhecimento. o cumprimento de, no mínimo, 800 horas ou do que determina
A proposta metodológica da escola deve permitir e facilitar a sua matriz curricular, caso seja superior a esse número.
a concretização dos objetivos previstos para a etapa da
escolarização e o caráter diagnóstico e processual da Trajetória Escolar
avaliação, bem como avanços na prática pedagógica dos
professores. O percurso escolar normal dos estudantes, sem barreiras,
Os professores levarão em conta a diversidade nas etapas da Educação Básica depende de articulação entre as
sociocultural dos estudantes, as desigualdades de acesso ao três etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses e Médio. Para a superação de algumas barreiras que se
necessidades apresentadas pelos mesmos, desenvolvendo apresentam é preciso que o Ensino Fundamental passe a
metodologias e estratégias variadas que melhor respondam às incorporar tanto algumas práticas que integram
diferenças de aprendizagem entre os estudantes e às suas historicamente a Educação Infantil, assim como traga para o
demandas. seu interior preocupações compartilhadas por grande parte
Quanto à abordagem, é importante a presença do lúdico na dos professores do Ensino Médio, como a necessidade de
vida escolar, não se restringindo sua presença apenas à Arte e sistematizar conhecimentos, de proporcionar oportunidades
à Educação Física. Hoje se sabe que no processo de para a formação de conceitos e o desenvolvimento do
aprendizagem a área cognitiva está inseparavelmente ligada à raciocínio abstrato, dentre outras.
afetiva e à emocional. Pode-se dizer que tanto o prazer como a Na passagem da Pré-Escola para o Ensino Fundamental é
fantasia e o desejo estão imbricados em tudo o que fazemos. preciso considerar os conhecimentos que a criança já adquiriu.
Os estudos sobre a vida diária, sobre o homem comum e suas Igualmente, o processo de alfabetização e letramento, com o
práticas, desenvolvidos em vários campos do conhecimento e, qual ela passa a estar mais sistematicamente envolvida, não
mais recentemente, pelos estudos culturais, introduziram no pode sofrer interrupção ao final do primeiro ano dessa nova
currículo escolar a preocupação de estabelecer conexões entre etapa da escolaridade. Assim como há crianças que depois de
a realidade cotidiana dos estudantes e os conteúdos alguns meses estão alfabetizadas, outras requerem de dois a
curriculares. Portanto, os professores devem propiciar ao três anos para consolidar suas aprendizagens básicas, o que
estudante condições de desenvolver a capacidade de tem a ver, muito frequentemente, com seu convívio em
aprender, conforme a Lei no 9.394/96, em seu artigo 32, mas ambientes em que os usos sociais da leitura e escrita são
com prazer e gosto, tornando suas atividades desafiadoras, intensos ou escassos, assim como com o próprio envolvimento
atraentes e divertidas. da criança com esses usos sociais na família e em outros locais
A criação de um ambiente propício à aprendizagem na fora da escola. Ressalta-se que os anos iniciais do Ensino
escola terá como base o trabalho compartilhado e o Fundamental não se reduzem apenas à alfabetização e ao
compromisso dos professores e dos demais profissionais com letramento. Desde os seis anos de idade, todos os conteúdos
a aprendizagem dos estudantes; o atendimento às que envolvem as áreas do conhecimento devem também ser
necessidades específicas de aprendizagem de cada um trabalhados. São eles que, ao descortinarem às crianças o
mediante formas de abordagem apropriadas; a utilização dos conhecimento do mundo por meio de novos olhares, lhes
recursos disponíveis na escola e nos espaços sociais e culturais oferecem oportunidades de exercitar a leitura e a escrita de
do entorno; a contextualização dos conteúdos, um modo mais significativo.
proporcionando aprendizagem relevante e socialmente Movimentos de renovação pedagógica têm-se esforçado
significativa; e o cultivo do diálogo e de relações de parceria por trabalhar com concepções que buscam a integração das
com as famílias. abordagens do currículo e uma relação mais dialógica entre as
vivências dos estudantes e o conhecimento sistematizado. Os
Calendário Escolar e Carga Horária ciclos assim concebidos concorrem, com outros dispositivos
da escola calcados na sua gestão democrática, para superar a
O calendário escolar como uma das expressões da concepção de docência solitária do professor que se relaciona
organização dos tempos e espaços da escola possibilita a exclusivamente com a sua turma, substituindo-a pela docência
implementação da proposta pedagógica. solidária, que considera o conjunto de professores de um ciclo
O cumprimento pela escola dos mínimos legais no que diz responsável pelos estudantes daquele ciclo, embora não
respeito aos dias letivos e carga horária, está no oferecimento eliminem o professor de referência que mantém um contato
anual, de no mínimo, 800 horas relógio, distribuídas, por um mais prolongado com a turma.
mínimo, de 200 dias letivos, excluído o tempo reservado aos A proposta de organização dos três primeiros anos do
exames finais, quando previstos no calendário escolar. Ensino Fundamental em um único ciclo exige mudanças no
A hora-aula, expressão usada para designar os períodos currículo para melhor trabalhar com a diversidade dos
letivos em que se divide o dia escolar, em geral, a partir do 6o estudantes e permitir que eles progridam na aprendizagem. A
ano, têm como regra, a duração de 50 minutos, no turno diurno promoção dos estudantes deve vincular-se às suas
e, 45 minutos, no noturno. De qualquer forma a escola precisa aprendizagens; não se trata, portanto, de promoção
ter cumprido, ao final de um ano letivo, um mínimo de 800 automática. Para assegurar a aprendizagem, as escolas
horas relógio. deverão implementar estratégias pedagógicas para recuperar
A soma das horas-aula cumpridas ao longo do ano deve os estudantes que apresentarem dificuldades no seu processo
incluir o horário do recreio dos estudantes, considerando que de aprendizagem,
durante este período os mesmos permanecem no ambiente Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso de
escolar, sob a orientação dos professores. sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado anual, é
Cabe a escola administrar a distribuição da carga horária necessário considerar os três anos iniciais do Ensino
semanal, observada a matriz curricular e Planos de Estudo Fundamental, crianças de seis a oito anos de idade, como Bloco
aprovados pela Mantenedora. Ao final do ano letivo, o que a da Alfabetização não passível de interrupção, voltado para
escola precisa resguardar é o cumprimento de dias letivos e da ampliar a todos os estudantes as oportunidades de
carga horária anual, em cada turma de estudantes, que resulta sistematização e aprofundamento das aprendizagens básicas,
da soma das aulas dadas nas áreas do conhecimento ou imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos.

Conhecimentos Específicos 100


APOSTILAS OPÇÃO

Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem pela escola, é redimensionadora da ação pedagógica e deve
assegurar: assumir um caráter processual, formativo e participativo, ser
a) a alfabetização e o letramento; contínua, cumulativa e diagnóstica. A avaliação formativa e
b) o desenvolvimento das diversas formas de expressão, emancipatória, que ocorre durante todo o processo
incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a educacional, busca diagnosticar as potencialidades do
Música e demais artes, a Educação Física, assim como o estudante e detectar problemas de aprendizagem e de ensino.
aprendizado da Matemática, de Ciências, de História e de A avaliação da aprendizagem hoje é tida com o sentido de
Geografia; acompanhamento e verificação de como está o estudante no
c) a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a presente, com oportunidade efetiva de vir a ser, visto que o
complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que diagnóstico do desempenho do mesmo traz ao professor uma
a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um visão clara de como este estudante está, quanto ao alcance ou
todo, e, particularmente, na passagem do primeiro para o não dos objetivos e assim possa tomar as providências que se
segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. façam necessárias, no sentido de imediatamente buscar o
Não menos necessária é uma integração maior entre os atendimento das necessidades que porventura se apresentem.
anos iniciais e os anos finais do Ensino Fundamental. Os A intervenção imediata no sentido de sanar dificuldades que
estudantes, ao mudarem do professor generalista (referência) alguns estudantes evidenciem é uma garantia para o seu
dos anos iniciais para os professores especialistas dos progresso nos estudos.
diferentes componentes curriculares, costumam sentir as A continuidade da avaliação é condição para que, a
mudanças diante do grande número de docentes dos anos qualquer momento, o professor possa verificar os avanços ou
finais. As articulações no interior do Ensino Fundamental, e identificar as dificuldades. Somente assim poderá o estudante
deste com as etapas que o antecedem e o sucedem na Educação ser conduzido a outros mecanismos de aprendizagem
Básica, são, pois, elementos fundamentais para o bom (estudos de progressão ou recuperação, reforço, atendimento
desempenho dos estudantes e a continuidade dos seus especializado, etc) que possam efetivamente cumprir seu
estudos. papel, qual seja, corrigir a tempo as falhas na aprendizagem,
Estudos têm mostrado, há muito tempo, que a reprovação de modo a evitar o fracasso escolar. A avaliação contínua pode
não é o melhor caminho para assegurar que os estudantes assumir várias formas, tais como a observação e o registro das
aprendam. Ao contrário, a reprovação, além de desconsiderar atividades dos estudantes, sobretudo nos anos iniciais do
o que o estudante já aprendeu contribui para baixar a sua Ensino Fundamental, trabalhos individuais, organizados ou
autoestima, ou seja, a repetência, como se sabe, não gera não em portfólios, trabalhos coletivos, exercícios e provas,
qualidade. É preciso enfatizar que o combate à repetência não dentre outros.
pode significar descompromisso com o ensino e a A cumulatividade, por sua vez, significa que a avaliação não
aprendizagem. deve levar em conta, apenas, determinados recortes temporais
Nesse sentido, o Sistema Municipal de Ensino, as escolas e ou temáticos, mas deve acompanhar a aprendizagem do
os professores, com o apoio das famílias e da comunidade, estudante como um todo coerente e significativo.
devem envidar esforços para assegurar o progresso contínuo Para os professores a avaliação pode sinalizar problemas
dos estudantes no que se refere ao seu desenvolvimento pleno com os métodos, as estratégias e as abordagens utilizadas.
e à aquisição de aprendizagens significativas, lançando mão de Diante de um grande número de problemas na aprendizagem
todos os recursos disponíveis e criando renovadas de determinado assunto, o professor deve ser levado a pensar
oportunidades para evitar que a trajetória escolar discente que houve falhas no processo de ensino que precisam ser
seja retardada ou indevidamente interrompida. Devem, reparadas.
portanto, adotar as providências necessárias para que a Para os estudantes a avaliação proporciona oportunidades
operacionalização do princípio da continuidade não seja de melhor se situarem em vista de seus progressos e
traduzida como “promoção automática” de estudantes e para dificuldades, e aos pais, de serem informados sobre o
que o combate à repetência não se transforme em desenvolvimento escolar de seus filhos, representando
descompromisso com o ensino e a aprendizagem. A também uma devolutiva que a escola faz à comunidade que
organização do trabalho pedagógico deve levar em conta a atende ao mesmo tempo em que demonstra a qualidade do
mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares, a trabalho que desenvolve. Esse espaço de diálogo com os
diversidade nos agrupamentos de estudantes, as diversas próprios estudantes e suas famílias, sobre o processo de
linguagens, a diversidade de materiais, os variados suportes aprendizagem e o rendimento escolar que tem consequência
literários, as atividades que mobilizem o raciocínio, a importante na trajetória de estudos de cada um, precisa ser
consciência cidadã, a atitude investigativa, as pesquisas e a cultivado pelos educadores e é muito importante na criação de
articulação entre a escola, a comunidade e o território. um ambiente propício à aprendizagem. Além disso, a
transparência dos processos avaliativos assegura a
Avaliação possibilidade de discussão dos referidos resultados por parte
de pais e estudantes, inclusive junto a instâncias superiores à
Os processos avaliativos são parte integrante do currículo, escola, no sentido de preservar os direitos destes.
conforme os artigos 12, 13 e 24, da LDBEN, que de forma A avaliação está intimamente relacionada às concepções
genérica prescrevem o zelo pela aprendizagem dos do coletivo e reflete muito dos princípios metodológicos e dos
estudantes, a necessidade de prover os meios e as estratégias recortes feitos no currículo a ser desenvolvido. Para tanto, o
para a recuperação daqueles com menor rendimento e grupo deve ter clareza de suas responsabilidades com a
consideram a prevalência dos aspectos qualitativos sobre os comunidade, bem como de manter a unidade de trabalho por
quantitativos, bem como os resultados ao longo do período meio do alinhamento conceitual, procedimental e atitudinal.
sobre os de eventuais provas finais. Na avaliação a mesma unidade deve estar representada, tanto
Os aspectos qualitativos, em correlação com os aspectos em propostas, quanto nos instrumentos e na forma da
quantitativos, devem ser observados tanto nas áreas do expressão dos resultados. Independente da forma da
conhecimento quanto nas habilidades e competências. Na expressão dos resultados adotados pela escola, para os
verdade, trata-se de verificar não só "quanto" o estudante estudantes que não atingiram os indicadores mínimos
aprendeu (aspecto quantitativo), mas "quão bem" ele definidos para o período, a mesma deverá valer-se, também,
aprendeu (aspecto qualitativo). de síntese avaliativa destes estudantes, para apresentar as
A avaliação do estudante, a ser realizada pelo professor e habilidades, os conceitos, os direitos e os objetivos de

Conhecimentos Específicos 101


APOSTILAS OPÇÃO

aprendizagem já consolidados, os que ainda precisam ser para os estudantes que apresentarem necessidades de
introduzidos, aprofundados e/ou consolidados, sempre tendo aprendizagem e baixo rendimento. O plano de estudos de
presente os indicadores e objetivos eleitos como prioritários progressão de habilidades deverá estar embasado nas
para o ano/turma. aprendizagens fundamentais estabelecidas para o ano, a partir
Na síntese avaliativa também são explicitados os dos planos de estudo e nas metas estabelecidas, de modo a
principais objetivos a serem trabalhados no trimestre atender a Proposta Pedagógica da Escola e o Plano Municipal
seguinte, como forma de contribuir com o estudante, com sua de Educação.
família e para fundamentar o plano de trabalho do período O plano de estudos de progressão das habilidades será
subsequente, objetivando a aprendizagem de cada um. organizado no final do ano, a partir das avaliações da escola,
Neste sentido, vale lembrar que um currículo flexibilizado pelo coletivo de professores que atendem o estudante que,
para ter êxito precisa igualmente de instrumentos de avaliação apesar dos estudos de recuperação, ainda apresenta
flexibilizados, atendendo as necessidades e o ritmo dos necessidades de aprendizagem. Neste plano devem constar o
estudantes em suas singularidades, bem como para manter a diagnóstico e a proposta com sugestões de estratégias de
coerência entre os diferentes momentos planejados, os quais intervenção. Para tanto, devem estar explicitadas as
constam da proposta de trabalho do professor. habilidades, competências, conceitos e conhecimentos que o
Com isso, a avaliação não será apenas um mecanismo de estudante ainda apresenta necessidades, considerando o
classificação do estudante, mas estará associada ao modo pelo plano e as metas para o ano.
qual a escola pensa e concretiza o currículo e as metodologias A avaliação do 1o trimestre do ano subsequente, além de
e ao modo como o organiza, observando a flexibilidade que a retratar a situação do estudante no período, deverá mencionar
Lei estabelece, com vistas à progressão escolar com quais avanços e necessidades ainda deverão ser trabalhadas,
aprendizagem. considerando o plano de estudos de progressão. Caso o
Também, os procedimentos de avaliação adotados pelos estudante já tenha consolidado as aprendizagens, deve ser
professores e pela escola serão articulados às avaliações registrado que o mesmo já consolidou as aprendizagens
realizadas em nível nacional ou outras criadas com o objetivo previstas no Plano de Estudos de Progressão (do ano anterior),
de subsidiar os sistemas de ensino e as escolas nos esforços de sendo garantida sua sequência na escolaridade.
melhoria da qualidade da educação e da aprendizagem dos Para os estudantes do 2o ao 9o ano do Ensino Fundamental
estudantes. A análise do rendimento dos estudantes com base são proporcionados estudos de progressão semanal, sendo
nos indicadores produzidos por essas avaliações deve auxiliar que para os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental
os sistemas de ensino e a comunidade escolar a são proporcionados estudos de progressão em, até, dois
redimensionarem as práticas educativas com vistas ao alcance componentes curriculares, além da carga horária mínima
de melhores resultados. anual.
O professor responsável pela avaliação do final do ano
Conselho de Classe letivo do estudante aprovado com estudos de progressão deve
elaborar o plano de trabalho individualizado a ser efetivado no
O conselho de classe, fórum legítimo de discussão das ano letivo seguinte.
dificuldades encontradas no processo de ensino e Para o estudante que, mesmo com todas as estratégias e
aprendizagem e de gestão, visa a tomada de decisões sobre o intervenções apontadas no Plano de estudos de Progressão
progresso dos estudantes e o estabelecimento de estratégias não tenha consolidadas as aprendizagens fundamentais para a
comuns para superá-las e, portanto, deve envolver continuidade da trajetória escolar estas deverão ser apontadas
incondicionalmente, todos os segmentos escolares no plano de estudos de recuperação do 2o semestre, visto que
possibilitando que sejam ouvidos e suas opiniões estes são estudos oferecidos ao longo do ano letivo, ou seja,
consideradas. sempre que o estudante apresentar necessidades de
aprendizagem.
Estudos de Progressão
Estudos de Recuperação
A progressão, concebida, segundo Dicionário da Língua
Portuguesa, como “progresso ou sucessão ininterrupta e Os estudos de recuperação têm como objetivo auxiliar o
constante dos diversos estágios do processo de escolaridade”, estudante a dirimir as dúvidas e atender as necessidades
é o resultado normal esperado dos estudantes na escola. Se a surgidas no decorrer do processo de ensino e de
escola é para todos, ela organiza-se de forma a garantir que aprendizagem, durante todo o ano letivo. Se o fundamental é a
todos realizem as aprendizagens necessárias para superação das lacunas de aprendizagem, verificadas por meio
prosseguirem normalmente na escolaridade. Portanto, os do acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem,
estudos de progressão necessitam do empenho de todos para poderá a escola ainda, oferecer ao estudante, no final do ano
assegurar o progresso contínuo ou a promoção dos estudantes letivo oportunidade de superação destas dificuldades. O tempo
no que se refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de duração destes estudos varia de acordo com o ritmo de
de aprendizagens significativas, lançando mão de todos os aprendizagem de cada estudante, considerando suas
recursos disponíveis e criando renovadas oportunidades para diferenças individuais e a diversidade das causas
evitar que a trajetória escolar discente seja retardada ou determinantes de situações de recuperação. Da totalidade dos
indevidamente interrompida. Assim, entende-se por Estudos estudos de recuperação devem decorrer os respectivos
de Progressão a oferta de estudos ao estudante que progrediu registros nos documentos escolares, que comprovam o
apresentando defasagem de aprendizagens previstas nos compromisso da escola com o processo de ensino e
indicadores mínimos indispensáveis para sequência da aprendizagem dos seus estudantes.
trajetória escolar, necessitando, por isso, de mais
oportunidades de aprendizagens, viabilizadas por meio de Frequência Escolar
procedimentos pedagógicos – intervenções, tempos,
estratégias, metodologias - que lhe permita consolidar A obrigatoriedade de frequência do estudante a um
habilidades, conceitos e indicadores de aprendizagem mínimo de 75% do total de horas letivas se sustenta no
previstos para o ano/turma. reconhecimento de que sem regular a participação nas
Para tanto, é necessário que o coletivo de professores atividades programadas pela escola, em percentual mínimo de
estabeleça um plano de estudos de progressão das habilidades quantidade, não se pode esperar efetiva aprendizagem com

Conhecimentos Específicos 102


APOSTILAS OPÇÃO

qualidade. clareza quanto aos objetivos, critérios e condições adequadas


No entanto, sabe-se que, por motivos vários, a infrequência às necessidades desta turma específica, de forma a garantir-
pode vir a acontecer. Deve-se assegurar tempos e espaços de lhes as condições de acesso, permanência e sucesso escolar.
reposição dos conteúdos curriculares ao longo do ano letivo
aos estudantes com frequência insuficiente, evitando, sempre Avanço Escolar
que possível, a retenção por faltas. Nesse caso e usando da
flexibilidade dada pela LDBEN, devem ser oferecidas, aos Avanço escolar é a forma de propiciar ao estudante a
estudantes que ultrapassarem o limite de 25% de faltas às oportunidade de concluir, em menor tempo, ano, ano/ciclo,
atividades escolares programadas, atividades ciclos, etapas ou outra forma de organização escolar,
complementares compensatórias no decorrer do ano letivo, considerando seu nível de desenvolvimento. O avanço escolar
que terão o objetivo de oportunizar aprendizagens não é, portanto, uma estratégia de progresso individual e contínuo
realizadas pela infrequência. no crescimento de cada estudante. Alguns apresentam
aproveitamento desejado, antes que decorra certo tempo
Classificação previsto. Isto acontece porque apresentam ritmo de
aprendizagens diferentes.
Classificar significa posicionar o estudante em anos A aplicação do avanço escolar se dá durante o processo de
seriados anuais, ciclos ou outras formas de organização ensino e aprendizagem, mediante avaliação e observação do
compatíveis com sua idade, experiências, nível de nível de desenvolvimento do estudante, não sendo portanto,
desempenho ou de conhecimento, segundo o processo de um procedimento pré-definido no ato da matrícula com o
avaliação definido pela escola em seu regimento escolar, objetivo de acomodar ou regularizar a vida escolar do
excetuando-se, neste caso, o primeiro ano do ensino educando.
fundamental.
Poderão ocorrer situações em que o estudante chega à Aproveitamento de Estudos e Adaptação Curricular
escola sem vida escolar pregressa. Neste caso cabe classificá-
lo para poder situá-lo no ano ou etapa adequada. O controle da O aproveitamento de estudos é aplicado nas transferências
frequência passa a ser feito a partir da data da efetiva escolares. A escola verifica como os estudos considerados
matrícula do estudante. equivalentes podem vir a ser aproveitados e/ou
A LDBEN aponta para a aplicação da classificação em três complementados, bem como, outros aparentemente diversos
situações: - a classificação de que trata a alínea “a” - “por possam vir a sê-lo, tendo em vista sua significação e
promoção para alunos que cursaram, com aproveitamento, a importância no conjunto dos componentes curriculares que
série ou fase anterior, na própria escola” aplica- se aos compõem os planos de estudo da escola.
estudantes que cursaram com aproveitamento considerado A adaptação curricular deve ser compreendida como
suficiente, mesmo que diferenciados entre as áreas do recurso para que possa ser oferecido ao estudante um
conhecimento, na fase anterior na própria escola, sendo então currículo capaz de alcançar os objetivos do respectivo nível de
classificados para a continuidade dos estudos na fase ensino, sempre na perspectiva do “projeto cultural” que a
posterior; escola tem em vista e presente na Proposta Pedagógica.
- a classificação citada na alínea “b” - “por transferência, Portanto, não devem ser entendidos como o caminho para
para candidatos procedentes de outras escolas” aplica-se nos resolver um problema administrativo de documentação
casos em que o histórico escolar de transferência do estudante, escolar, este têm a função de auxiliar na transição de um
emitido pela escola de origem apresenta a mesma organização currículo para outro.
curricular da escola de destino, porém o regramento
regimental é diferenciado e, por isso apresenta a necessidade Reclassificação
de posicioná-lo segundo o novo regramento – o da escola de
destino; Segundo a LDBEN, as escolas podem promover a
- a classificação referida na alínea “c” - reclassificação dos estudantes, inclusive quando se tratar de
“independentemente de escolarização anterior, mediante transferências entre estabelecimentos situados no País e no
avaliação feita pela escola, que defina o grau de exterior, tendo como base as normas curriculares gerais (Art.
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua 23, § 1°).
inscrição na série ou etapa adequada conforme O conceito de reclassificação, expresso na legislação
regulamentação do respectivo sistema de ensino" aplica-se ao nacional (LDBEN, Resoluções e Pareceres da CNE/CEB) e
estudante que ao chegar à escola sem vida escolar pregressa, referendado pelos atos normativos do Conselho Municipal de
deve ser submetido à avaliação para poder classificá-lo e situá- Educação, refere-se a aplicação de um procedimento
lo no ano, ciclo ou etapa adequada, excetuando-se o primeiro pedagógico, realizado mediante avaliação, com o objetivo de
ano do Ensino Fundamental. situar o estudante no espaço-tempo adequado ao seu estágio
de desenvolvimento, as suas possibilidades de crescimento e a
Aceleração de Estudos nova organização curricular, tendo em vista, a diversidade de
organização curricular apontada pela LDBEN, que criou a
A aceleração de estudos constitui-se numa alternativa para necessidade de adequar o currículo cursado pelos estudantes,
a superação do problema representado pelos estudantes que, no caso de transferência dos mesmos.
devido à defasagem idade/ano se desajustam por não terem Portanto, a escola pode se valer da reclassificação para
conseguido se beneficiar da escolarização regular, bem como, situar o estudante que a ela chega, visando a integrá-lo no
para estudantes que ingressam tardiamente no sistema espaço-tempo adequado, observadas as normas curriculares
regular de ensino. Assim, a turma de aceleração de estudos gerais da Base Nacional Comum.
terá o objetivo de possibilitar aos estudantes com defasagem Segundo o Parecer CNE/CEB no 20/2007, a palavra
escolar a oportunidade de atingir o nível de adiantamento “inclusive” referida no Art. 23 da LDB indica que podem existir
correspondente a sua idade num tempo menor do que o casos de reclassificação além dos decorrentes de
previsto na organização curricular da escola, de acordo com o transferências entre unidades escolares. De fato, alunos
seu ritmo próprio e construção do conhecimento. podem ser reclassificados no interior de uma mesma escola,
Na oferta de turmas de aceleração de estudos, é importante por exemplo, entre o ensino regular e a modalidade da
que a escola consulte previamente a Mantenedora e tenha educação de jovens e adultos ou, no ensino regular, como

Conhecimentos Específicos 103


APOSTILAS OPÇÃO

resultado de turmas de aceleração da aprendizagem. Assim, a escola, enquanto elemento aglutinador de pessoas envolvidas
reclassificação pode também ser aplicada nos casos em que na elaboração de conhecimentos e práticas que visem
etapas ou modalidades de educação escolar cursadas na contemplar a realidade social numa perspectiva de
própria escola apresentam forma diferenciada de organização transformação. Os princípios necessitam ser sistematicamente
curricular, ou ainda, quando a escola como um todo opta por avaliados e confrontados com a prática e seus pressupostos
outra organização curricular, como por exemplo, escola orientadores.
organizada por séries/anuais opta pela organização curricular
em ciclos ou outra forma, havendo, portanto, a necessidade de Condições e Recursos das Escolas
reclassificação de todos os seus estudantes. Neste caso, intui-
se que a decisão de mudança de organização curricular da A escola é uma das dimensões da vida social de todas as
escola foi por decisão consensual com toda a comunidade populações, sejam urbanas, do campo, indígenas, quilombolas,
escolar e, por isso, com a concordância dos estudantes e seus itinerantes, entre outras e, devem atender suas peculiaridades,
responsáveis para a mudança da organização curricular. com um padrão mínimo de qualidade social, considerando os
Isso significa dizer que ao estudante, após ter sido avaliado insumos mínimos, de acordo com o previsto no inciso IX do
e situado adequadamente no seu estágio de desenvolvimento, Art. 4o, da Lei no 9.394/96 e em normas deste Conselho
na nova organização curricular, seja no ano seriado anual, no Municipal de Educação, com vistas à criação de um ambiente
ano ciclo, na totalidade etc, cabe oferecer todas as propício ao ensino e a aprendizagem.
possibilidades necessárias para que continue construindo Este Conselho entende que a qualidade do ensino é
suas aprendizagens e obter sucesso na sua vida escolar. Assim, diretamente proporcional às condições gerais de recursos
se a reclassificação do estudante indicar a necessidade de humanos e físicos disponíveis na efetivação do ensino. Para
recuperação de aprendizagem, deverá lhe ser assegurada que as escolas possam realizar com eficiência seu propósito,
progressão na organização curricular em séries anuais não podem prescindir de profissionais devidamente
(LDBEN, Art. 23, III), ou um plano de apoio especial. Cabe a habilitados, de prédios em boas condições, equipamentos e
escola, com a mantenedora, oferecer o apoio necessário para materiais próprios suficientes e adequados. Essas condições
os estudantes que apresentarem defasagem no nível de devem ser efetivamente comprovadas na realidade da escola.
aprendizagem, decorrente da reclassificação e da consequente Relativamente ao número de estudantes por turma, tema
progressão. amplamente debatido pelos segmentos educacionais nas
Conferências de Educação, vemos que o Art. 25 da LDBEN, e
Documentos Escolares seu parágrafo único descrevem que:
“é objetivo permanente das autoridades responsáveis
A organização e arquivamento da documentação dos alcançarem relação adequada entre o número de alunos e o
estudantes, devem assegurar a preservação dos documentos, professor, a carga horária e as condições materiais do
a facilidade de localização e de tramitação de dados ou estabelecimento. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista
informações, a verificação da identidade de cada estudante, o das condições disponíveis e das características regionais e locais,
acesso facilitado aos resultados das avaliações e ao percentual estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste
da sua frequência na escola. artigo”.
Assim, a emissão de certificados, de históricos escolares, Nesse sentido, este Colegiado deliberou pela organização
de atestados, de declarações e outros, conforme o caso, devem das turmas com número máximo de estudantes em cada uma,
conter, com clareza, todas as especificações atendendo a diferenciando os anos iniciais dos anos finais do Ensino
legislação pertinente e as orientações da mantenedora, bem Fundamental, bem como das turmas multisseriadas que
como, registro em livro específico no caso dos certificados de deverão observar o número de adiantamentos atendidos por
conclusão. turma. Já as turmas de crianças da Educação Infantil (Pré-
Escola), deverão observar o agrupamento da legislação
Gestão Escolar própria do Sistema Municipal de Ensino.

A gestão escolar visa organizar o funcionamento da escola. Regularização das Escolas que oferecem o Ensino
A gestão democrática exige que se transforme a escola em Fundamental
espaço permanente de experiências e práticas democráticas,
por meio da participação coletiva, ou seja, com a participação A oferta legal de estudos oferecidos por uma escola está
e comprometimento de todos os segmentos nas decisões e condicionada ao Cadastramento e ao Credenciamento com a
encaminhamentos. Autorização de Funcionamento de etapas e/ou modalidade(s)
O aprendizado da democracia deve permear todo o de ensino pretendido(s). Assim, a escola para ser considerada
conjunto de relações que se desenvolvem no seu interior e nas regularizada necessita estar com toda a documentação
relações com a comunidade. A democratização da gestão atualizada junto aos diversos Órgãos Públicos, incluindo o
educacional centra-se na consolidação do papel aglutinador do Sistema Municipal de Ensino. Para tanto, é necessário que a
Conselho Escolar como órgão deliberativo e corresponsável escola possua: O Cadastro e o Parecer de Credenciamento com
pela definição das ações escolares. a Autorização de Funcionamento, emitidos pelo Conselho
Municipal de Educação.
Princípios de Convivência O Cadastro consiste na apresentação de documentos que
comprovem a instituição da mantenedora da escola; da
No objetivo de formar cidadãos é fundamental que a escola indicação de pessoa qualificada, conforme a legislação vigente
estabeleça princípios de convivência, uma vez que cidadania para coordenar uma Escola e, da comprovação de prédio
pressupõe direitos e deveres. Isso significa uma definição de locado ou cedido para a instalação da Escola.
papéis exercidos por todos os segmentos que a compõem o O Credenciamento da escola é parte integrante do
que será possível num ambiente de constante diálogo. É na processo de Autorização para o Funcionamento e consiste na
formulação, explicitação e sustentação coletiva que os comprovação de todos os documentos atualizados junto aos
princípios se tornarão legítimos. Órgãos Públicos, da existência de condições de infraestrutura
Os princípios que decorrem desta construção coletiva física, de materiais e de equipamentos adequados para a oferta
devem ser vistos como mais um dos elementos que de nível(is) e modalidades de ensino por ela indicado(s),
possibilitam a intervenção de todos aqueles que convivem na estando assim habilitada a oferecer esse(s) nível(is), depois de

Conhecimentos Específicos 104


APOSTILAS OPÇÃO

autorizado(s) mediante Parecer específico para cada escola, O empenho do Sistema Municipal de Ensino na
expedido pelo Conselho Municipal de Educação. O implementação destas Diretrizes
Credenciamento de instituição de ensino e a Autorização de
Funcionamento para a oferta de determinada(s) etapa(s) e/ou Diante do desafio de efetivar as Diretrizes aqui
modalidade(s) é pelo prazo de 5 (cinco) anos, a contar da data estabelecidas, os Órgãos Normativo e Executivo do Sistema
de publicação do ato, devendo a mantenedora protocolar a Municipal de Ensino, de forma compartilhada, estarão
solicitação de Recredenciamento da(s) instituição(ões) de empenhados em prover: os recursos necessários à ampliação
ensino por ela mantida(s) junto ao Conselho Municipal de dos tempos e espaços dedicados ao trabalho educativo nas
Educação, até 180 (cento e oitenta) dias antes da data limite. escolas e a distribuição de materiais didáticos e escolares
Importante destacar que a Secretaria Municipal da adequados; a formação continuada dos professores e demais
Educação, como Mantenedora das escolas da Rede Municipal profissionais das escolas, em estreita articulação com as
de Ensino, deve encaminhar, ao Conselho Municipal de instituições responsáveis pela formação inicial; a coordenação
Educação, pedido de Cadastro de novas escolas, com do processo de implementação das Propostas Pedagógicas e
antecedência de, no mínimo, 60 dias antes do início das adequação dos respectivos Regimentos Escolares, bem como
atividades escolares, excluídos os meses de janeiro e fevereiro. na implementação do currículo por meio da adequação dos
O processo para o Credenciamento e a Autorização de Planos de Estudo; o acompanhamento e a avaliação das ações
Funcionamento de escola ou de implantação de anos finais do educativas nas escolas da Rede Municipal de Ensino e o
Ensino Fundamental ou de Turmas de Educação Infantil deve suprimento das necessidades detectadas.
ser encaminhado, ao Conselho Municipal de Educação, até o
dia 30 de novembro do ano anterior ao da oferta. Comissão do Ensino Fundamental e Modalidades: Ana
O Credenciamento e a Autorização de funcionamento para Margarida Gubert Zanrosso André da Silveira
a oferta de determinado(s) nível(is) e/ou modalidade(s) será Maria Elaine Bortolini
pelo prazo de 5 (cinco) anos, a contar da data de publicação do Nilza Duarte Barbosa Elisane da Silva Quilante
ato. Findo o prazo deve a mantenedora protocolar a solicitação Sandra Mariz Negrini Fabiane Berti Granzotto
de Recredenciamento junto ao Conselho Municipal de Silvana Cechinato Cagol Fernanda Magalhães Stalliviere
Educação. O processo solicitando o Recredenciamento de Rosane de Fátima Carneiro Jorge Luis Dutra
Escola Municipal de Ensino Fundamental deve ser Tatiana Vergani Lourdes Bender da Rosa Dias
encaminhado instruído com ofício solicitando o Thais Gomes Duarte Márcia Adriana de Carvalho
recredenciamento; comprovante de propriedade do(s) Vera Smaniotto Maria Inês Chies Benech
imóvel(eis) ou de direito de uso; formulário de dados da escola
e das condições de infraestrutura física, sendo que as Aprovado, por unanimidade, em sessão plenária do dia 08
exigências mínimas relativas às condições de infraestrutura de dezembro de 2015.
física de cada etapa ou modalidade de ensino, são as
estabelecidas nas respectivas normas. Marcia Adriana de Carvalho, Presidente do Conselho
A cessação ou desativação de Escolas ocorrerá em caráter Municipal de Educação.
definitivo nas escolas da zona urbana, sendo que nas escolas
do campo, poderá ser em caráter temporário, por período
máximo de cinco anos. Em ambos os casos, conforme a Lei Resolução CME n.º 35, de 30
Federal no 12.960, de 27 de março de 2014, a cessação ou de maio de 2017 – Dispõe
desativação deve ser precedida de manifestação do Conselho
Municipal de Educação que considerará a justificativa sobre as diretrizes para a
apresentada pela Secretaria Municipal de Educação contendo Educação Especial no Sistema
a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação Municipal de Ensino de Caxias
da comunidade escolar. Caso a manifestação do Conselho
Municipal de Educação seja pela cessação ou desativação da do Sul.
escola, deve a mantenedora encaminhar o pedido de emissão
de ato próprio, até 30 dias após o encerramento das atividades,
contendo as peças previstas no Roteiro V desta Resolução. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PREFEITURA
(Rerratificado em 22/03/2016) MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL CONSELHO MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO CAXIAS DO SUL
Titulação dos Professores RESOLUÇÃO CME Nº 35, de 30 de maio de 2017.

O corpo docente das escolas, conforme os Artigos 62 e 67 Dispõe sobre as Diretrizes para a Educação Especial no
da LDBEN, deve ter formação de nível superior, admitida como Sistema Municipal de Ensino de Caxias do Sul.
formação mínima à obtida em nível médio na modalidade O Conselho Municipal de Educação do Município de Caxias
Normal para o exercício nos anos iniciais do ensino do Sul, com fundamento no inciso III do artigo 11 e nos artigos
fundamental e na educação infantil, devendo haver 58 a 60 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -
aperfeiçoamento constante e programas de formação LDBEN, Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996; artigo 205,
continuada para os profissionais da educação em todos as inciso I, do artigo 206, incisos III e V e, do artigo 208, da
etapas e modalidades. Constituição Federal; nas Leis Federais nºs 12.764/2012 e
Segundo o PNE e o PME, a União, o Estado e o Município, 13.146/2015; nas Resoluções e Pareceres do CNE/CEB, bem
em regime de colaboração, executarão a política nacional de como nas Notas Técnicas SEESP/GAB, em vigência que tratam
formação dos profissionais da educação de que tratam os da Educação Especial; na Declaração Mundial de Educação
incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de para Todos (1990); na Declaração de Salamanca (1994) ; na
dezembro de 1996, de forma a assegurar que todos os Declaração da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
professores da educação básica possuam formação específica Deficiência (2006); no documento do MEC que implantou à
de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
conhecimento em que atuam até o final da vigência dos planos. Educação Inclusiva (2008); nas Leis Municipais nºs
5.747/2001 e 6.403/2005,

Conhecimentos Específicos 105


APOSTILAS OPÇÃO

R E S O L V E: Parágrafo único - A mantenedora disponibilizará equipe


Dispor sobre as Diretrizes para a Modalidade da Educação multiprofissional e interdisciplinar ou responsáveis para
Especial no Sistema Municipal de Ensino de Caxias do Sul. viabilizar e dar sustentação a esse processo.

DA CONCEITUAÇÃO, DOS PRINCÍPIOS E DOS DA CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS/ESTUDANTES


OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Art. 5º Considera-se criança/estudante da Educação
Art. 1º A Educação Especial na Perspectiva da Educação Especial:
Inclusiva, constitui uma modalidade de ensino que permeia I - criança/estudante com deficiência: aqueles que têm
todos os níveis, etapas e modalidades da educação escolar, que impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,
realiza o Atendimento Educacional Especializado (AEE), intelectual ou sensorial que, em interação com diversas
disponibilizando um conjunto de serviços, recursos e barreiras, podem ter restringida sua participação plena e
estratégias específicas que favoreça o processo de efetiva na escola e na sociedade, em igualdade de condições
escolarização das suas crianças/estudantes nas turmas do com as demais pessoas.
ensino regular. II - criança/estudante com transtornos do espectro autista
(TEA): conforme Lei que institui a Política Nacional de
Art. 2º A Educação Especial considera as situações Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
singulares, os perfis, as características biopsicossociais, as Autista, é considerada pessoa com transtorno do espectro
faixas etárias das crianças/estudantes e se pauta em princípios autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na
éticos, políticos, estéticos e legais dos direitos humanos, de forma das seguintes situações:
modo a assegurar: a) deficiência persistente e clinicamente significativa da
I - a educação inclusiva entendida como acesso, comunicação e das interações sociais, manifestada por
permanência com qualidade e participação das deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada
crianças/estudantes na escola, respeitando suas diferenças e para interação social; ausência de reciprocidade social;
atendendo suas necessidades educacionais especiais; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu
II - a dignidade humana e a observância do direito da nível de desenvolvimento; ou
criança/estudante de realizar seus projetos de estudo, de b) padrões restritivos e repetitivos de comportamentos,
trabalho e de inserção na vida social; interesses e atividades, manifestados por comportamentos
III - a busca da identidade própria de cada motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos
criança/estudante, o reconhecimento e a valorização das suas sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões
diferenças e potencialidades, bem como de suas necessidades de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
no processo de ensino e aprendizagem, visando ao III - criança/estudante com altas
desenvolvimento de competências, habilidades, adoção de habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um
atitudes e constituição de valores. potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do
conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual,
DOS MEIOS PARA A OFERTA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL liderança, psicomotora, artes e criatividade.

Art. 3º O Sistema Municipal de Ensino de Caxias do Sul DO ACESSO E DAS FORMAS DE ATENDIMENTO
desenvolve a Educação Especial por meio de:
I - planejamento de ações e estabelecimento de políticas Art. 6º O acesso, a permanência e a continuidade de
conducentes à universalização do atendimento das estudos das crianças/estudantes com deficiência, transtornos
crianças/estudantes com deficiência, transtornos do espectro do espectro autista ou altas habilidades/superdotação devem
autista ou altas habilidades/superdotação; ser garantidos nas escolas da rede regular de ensino para que
II - transversalidade da Educação Especial nas etapas da se beneficiem desse ambiente e aprendam conforme suas
Educação Infantil, do Ensino Fundamental e da modalidade da possibilidades.
Educação de Jovens e Adultos; § 1º - A escola deve assegurar o acesso dessas
III - atendimento educacional especializado (AEE) crianças/estudantes às turmas do ensino regular, entendidas
complementar ou suplementar, não substitutivo à como o ambiente de ensino e de aprendizagem no qual é
escolarização regular; oportunizada a convivência de crianças/estudantes com e sem
IV - formação continuada e/ou capacitação de professores deficiências no desenvolvimento de atividades curriculares
para o AEE e demais profissionais da educação; programadas do ensino regular.
V - participação da família e da comunidade no processo § 2º - Recomenda-se a inclusão de, no máximo, duas
escolar; crianças/estudantes com deficiência ou com transtornos do
VI - acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos espectro autista em cada turma do ensino regular, devendo ter
mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação redução de 30% da capacidade de crianças/estudantes na
e informação, em conformidade com a legislação pertinente; turma ou contar com cuidador educacional, segundo o
VII - recursos didáticos, tecnologia assistiva e de apontamento da avaliação prevista no artigo 7º, da presente
comunicação, além das salas de recursos, salas de recursos Resolução, sendo que a mesma equipe também definirá o
multifuncionais, centro de atendimento educacional número crianças/estudantes por cuidador.
especializado, atendimento domiciliar e hospitalar; § 3º - Para as crianças/estudantes que apresentam altas
VIII - articulação intersetorial na implementação das habilidades/superdotação são oferecidas atividades de
políticas públicas. enriquecimento curricular nas turmas do ensino regular,
sempre que possível em interface com núcleos de atividades
Art. 4º A mantenedora deve assegurar o planejamento, o para altas habilidades/superdotação, com instituições de
acompanhamento e a avaliação dos projetos e dos serviços da ensino superior e com institutos voltados ao desenvolvimento
Educação Especial na oferta da educação inclusiva, bem como da pesquisa, das artes e dos esportes, inclusive para concluir,
os recursos financeiros, técnicos, humanos e materiais, em menor tempo, o ano ou etapa escolar.
provendo as escolas das condições necessárias a esse § 4º - Para as crianças/estudantes, público da Educação
atendimento. Especial, pode a escola realizar a classificação ou a
reclassificação dos mesmos, nos termos da legislação vigente,

Conhecimentos Específicos 106


APOSTILAS OPÇÃO

com base em avaliação do Art. 7º da presente Resolução, a fim estar articuladas com a proposta pedagógica do ensino
de situá-los no ano adequado do Ensino Fundamental ou comum.
Modalidade ou outra forma de organização curricular, § 1º - A Língua Brasileira de Sinais -LIBRAS constituir-se-á
segundo o nível individual de desenvolvimento. no AEE, de acordo com a legislação específica vigente.
§ 2º - As normas técnicas para a produção de material e
Art. 7º A avaliação para a identificação da deficiência, para o ensino do sistema Braille fundamentar-se-ão nos atos e
do(s) transtorno(s) do espectro autista ou altas instrumentos emitidos pelos órgãos competentes.
habilidades/superdotação das crianças/estudantes, bem
como para a indicação quanto ao Atendimento Educacional Art. 10 O AEE deve estar articulado ao processo de
Especializado (AEE) e a forma de registro do processo da escolarização, constituindo-se oferta obrigatória em todos os
avaliação escolar, deve ser realizada e registrada em níveis, etapas e modalidades da educação.
documento próprio pelo(s) professor(es), pela equipe Parágrafo único - A criança/estudante deve estar
pedagógica da escola, pelo profissional responsável pela matriculada na classe comum do ensino regular para ter
educação especial ou equipe multiprofissional e acesso à matrícula no AEE.
interdisciplinar da mantenedora, contando com:
I - a colaboração da família; Art. 11 As escolas pertencentes ao Sistema Municipal de
II - a cooperação dos serviços de Saúde, Assistência Social, Ensino incluirão em sua Proposta Pedagógica estratégias que
Trabalho, Justiça e Esporte e Ministério Público, sempre que favoreçam a inclusão das crianças/estudantes com deficiência,
necessário. transtornos do espectro autista ou altas
§ 1º - A avaliação de identificação da deficiência será habilidades/superdotação, bem como o encaminhamento,
biopsicossocial e considerará: junto à mantenedora, de AEE complementar ou suplementar
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; nos termos do artigo 7º da presente Resolução.
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; Parágrafo único - Cabe à escola institucionalizar em sua
III - a limitação no desempenho de atividades; e Proposta Pedagógica a organização do AEE.
IV - a restrição de participação.
§ 2º - A forma de registro da avaliação das Art. 12 O AEE, na própria escola onde a criança/estudante
crianças/estudantes citados no caput deste artigo poderá ser está matriculada, em outra escola do seu zoneamento ou em
conforme o previsto no Regimento da Escola ou outra forma centro de atendimento educacional especializado da rede
que contemple as especificidades de cada criança/estudante. pública, da iniciativa privada ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO com o Poder Público Municipal, pode ocorrer no espaço
(AEE) escolar ou fora da escola.
I - O AEE na escola envolve professores para os
Art. 8º O Atendimento Educacional Especializado ( AEE) atendimentos nos seguintes espaços e ações pedagógicas:
constitui-se no conjunto de atividades, recursos de a) na sala de recursos: local com equipamentos, materiais
acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, e recursos pedagógicos específicos à natureza das
prestado, respectivamente, de forma complementar ou necessidades educacionais especiais da criança/estudante
suplementar à formação das crianças/estudantes com com deficiência, transtornos do espectro autista ou altas
deficiência, transtornos do espectro autista ou altas habilidades/superdotação, onde se oferece o AEE,
habilidades/superdotação, disponibilizando meios para o complementando o atendimento educacional realizado em
acesso ao currículo, proporcionando a independência para a classe comum do ensino regular.
realização das tarefas e a construção da autonomia na escola e b) na sala de recursos multifuncionais: local da escola no
fora dela. qual se realiza o AEE para a criança/estudante com deficiência,
§ 1º - A função complementar (para a criança/estudante transtornos do espectro autista ou altas
com deficiência e/ou com transtorno do espectro autista) e habilidades/superdotação, por meio do desenvolvimento de
suplementar (para a criança/estudante com altas estratégias de aprendizagem centradas em um fazer
habilidades/superdotação) dá-se por meio de serviços, pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelas
recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as crianças/estudantes, subsidiando-os para que desenvolvam o
barreiras para a plena participação na sociedade e o currículo e participem da vida escolar.
desenvolvimento das aprendizagens. c) serviço de itinerância: trabalho desenvolvido nas
§ 2º - O encaminhamento da criança/estudante para o AEE escolas, por docente especializado que periodicamente
é realizado segundo a avaliação prevista no artigo 7º da trabalha com a criança/estudante com deficiência, transtornos
presente Resolução. do espectro autista ou altas habilidades/superdotação e com o
§ 3º - As atividades desenvolvidas no AEE diferenciam-se professor de classe comum, proporcionando-lhes orientação,
daquelas realizadas em turma comum do ensino regular, não ensinamentos e apoios adequados.
sendo substitutivas à escolarização, devendo ser ministradas d) atendimento temporário: atendimento oferecido fora
por professores especializados, no turno inverso ao da classe do espaço escolar para as crianças/estudantes com
comum, a partir do plano curricular individualizado e deficiência, transtornos do espectro autista ou altas
elaborado conjuntamente entre os professores do AEE e os das habilidades/superdotação, incapacitados temporariamente,
turmas comuns regulares. pelo prazo máximo de 30 dias, de presença às aulas, a escola
Art. 9º São considerados recursos do AEE: Língua organiza, com a participação dos professores que atuam nas
Brasileira de Sinais(LIBRAS); interpretação de LIBRAS; ensino áreas do conhecimento e/ou nos diferentes componentes
da Língua Portuguesa para surdos; código Braille; orientação curriculares obrigatórios, a flexibilização/adaptação
e mobilidade; utilização do soroban; ajudas técnicas, incluindo curricular, por meio de um plano de trabalho individualizado,
informática adaptada; mobilidade e comunicação que considere às efetivas condições da criança/estudante, por
alternativa/aumentativa; tecnologia assistiva; informática meio da colaboração da família e/ou responsável ou, conforme
educativa; educação física adaptada; enriquecimento o caso, o profissional da Assistência Social, os quais devem,
curricular e aprofundamento do repertório de conhecimentos; igualmente, comprometer-se com as estratégias estabelecidas
atividades de vida autônoma e social, entre outras, devendo para a efetiva aprendizagem da criança/estudante.

Conhecimentos Específicos 107


APOSTILAS OPÇÃO

d) estimulação precoce: atendimento de crianças com DO CURRÍCULO


deficiência, defasagem no desenvolvimento e de alto risco, de
zero a três anos e onze meses de idade, no qual são Art. 14 A organização e a operacionalização dos currículos
desenvolvidas atividades terapêuticas (segundo capacitação escolares são de competência e responsabilidade das
dos professores pelos órgãos da saúde) e educacionais, instituições de ensino, devendo constar em sua Proposta
voltadas para o desenvolvimento global, contando Pedagógica e Regimento Escolar as disposições necessárias
fundamentalmente com a participação da família. para o atendimento às necessidades educacionais especiais
e) enriquecimento curricular: voltado para o atendimento das crianças/estudantes com deficiência, transtornos do
das altas habilidades/superdotação para exploração dos espectro autista ou altas habilidades/superdotação
interesses e promoção do desenvolvimento potencial das respeitadas, além das Diretrizes Curriculares Nacionais, as
crianças/estudantes nas áreas intelectual, acadêmica, normas emanadas deste Conselho.
artística, de liderança e de psicomotricidade. § 1º - Conforme a legislação vigente, tanto o currículo
II - O AEE fora da escola envolve professores e como a avaliação para as crianças/estudantes com deficiência
profissionais para os atendimentos nos seguintes espaços: devem ser funcionais, buscando meios úteis e práticos para
a) centro de atendimento educacional especializado favorecer o desenvolvimento das competências sociais, o
(CAEE): espaço de atendimento educacional especializado acesso ao conhecimento, à cultura e às formas de trabalho
atendido por profissionais da educação, da saúde e da valorizadas pela comunidade; e a inclusão da
assistência social, complementar à formação das criança/estudante na sociedade.
crianças/estudantes com deficiência, transtornos do espectro § 2º - As escolas devem garantir a flexibilização curricular
autista e, suplementar, para as crianças/estudantes com altas e o AEE na forma do disposto na presente Resolução.
habilidades/superdotação, dispondo de equipamentos, § 3º - As adaptações nos planos de trabalho são
materiais e recursos pedagógicos específicos à natureza das construídas em consonância com a Proposta Pedagógica,
necessidades educacionais especiais especiais, podendo, Regimento Escolar e Planos de Estudo, envolvendo, além dos
também, oferecer capacitação aos professores, aos demais professores da sala de aula, o professor do AEE e a
profissionais da educação e às pessoas da comunidade. coordenação pedagógica.
b) atendimento pedagógico hospitalar ou domiciliar: § 4º - Para os estudantes com altas
atendimento educacional temporário prestado a habilidades/superdotação (aqueles que apresentam um
criança/estudante com deficiência, transtornos do espectro potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do
autista ou altas habilidades/superdotação, no ambiente conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual,
hospitalar (no leito da enfermaria ou no quarto de isolamento) liderança, psicomotora, arte e criatividade), estes têm direito
ou, em sua casa, em face da impossibilidade temporária de, no ao AEE de forma suplementar, para aprofundar e enriquecer
mínimo 30 dias, de sua frequência à escola, segundo laudo conteúdos acadêmicos, a fim de promover o desenvolvimento
médico e avaliação da equipe multiprofissional e de suas potencialidades, por meio do fornecimento de uma
interdisciplinar descrita no Art. 7º da presente Resolução, bem variedade de experiências de aprendizagem que estimulem o
como de ações conjuntas dos sistemas públicos da educação, potencial dos mesmos.
da saúde e da assistência social.
c) classe hospitalar: ambiente organizado pela instituição DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
hospitalar para possibilitar o atendimento educacional de
grupos de crianças/estudantes com deficiência, transtornos Art. 15 A avaliação do desempenho escolar da
do espectro autista ou altas habilidades/superdotação criança/estudante com deficiência, transtornos do espectro
internados em tratamento hospitalar, minimamente, por meio autista ou altas habilidades/superdotação deve ser embasada
da organização de uma sala para desenvolvimento das no Art. 24, da LDBEN - “avaliação contínua e cumulativa do
atividades pedagógicas com mobiliário adequado e uma desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
bancada com pia, podendo ainda contar com espaço ao ar livre qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
adequado para atividades físicas e ludo-pedagógicas. período sobre os de eventuais provas finais” - realizada como
processo dinâmico, considerando as habilidades
Art. 13 O Sistema Municipal de Ensino de Caxias do Sul, imprescindíveis apontadas nos planos de estudos
buscando ação integrada com o Sistema de Saúde, da individualizados ou adaptados, configurando uma ação
Assistência Social e com a participação da família, organiza a pedagógica processual e formativa que analisa o seu
escolarização e o AEE às crianças/estudantes impossibilitados desempenho em relação ao seu progresso individual.
de frequentar temporariamente às aulas em razão de § 1º - A avaliação do processo de ensino e aprendizagem
tratamento de saúde que implique internação hospitalar, deve contemplar as adequações de instrumentos e
atendimento em clínica ou ambulatorial ou permanência em procedimentos que atendam à diversidade das
domicílio, por meio do assessoramento permanente ao crianças/estudantes.
professor pela equipe de saúde que coordena o tratamento § 2º - o processo de avaliação do desempenho escolar deve
terapêutico individual, devendo ter acesso aos prontuários do envolver, além dos professores da sala de aula, o professor do
usuário sob atendimento pedagógico (ações e serviços de AEE e a coordenação pedagógica da escola, e, quando
saúde), tanto para obter informações quanto para prestá-las necessário a assessoria da mantenedora.
no que se refere as intervenções realizadas e avaliação
educacional. DOS REGISTROS DA AVALIAÇÃO E DA CERTIFICAÇÃO
Parágrafo único - Nos casos previstos no caput do artigo,
os registros pedagógicos e o cômputo da frequência devem ser Art 16 O registro do aproveitamento das
realizados, respectivamente, em documentos referência e no crianças/estudantes da Educação Especial na documentação
caderno de registros pedagógicos do(s) professor(es) que escolar (documento de final de trimestre; Histórico Escolar;
atende(m) a criança/estudante, os quais também servem para Certificado de Conclusão de Etapa de Ensino ou de
uma maior e melhor integração e comunicação entre estas Terminalidade Específica) dar-se-á em conformidade com a
partes. indicação apontada quando da realização da avaliação,
segundo o parágrafo único do artigo 7º desta Resolução.
§ 1º - Deve a escola expedir o Certificado de Conclusão da
Etapa do Ensino Fundamental regular ao estudante com

Conhecimentos Específicos 108


APOSTILAS OPÇÃO

deficiência que atingiu os objetivos preconizados no Art. 32, da concluir, em menor tempo, anos, ciclos ou a etapa do Ensino
LDBEN, devendo orientar a família do estudante com idade Fundamental, considerando o nível individual de
inferior a 18 anos que este deverá ingressar no Ensino Médio, desenvolvimento, conforme a alínea “c”, do inciso V, do Art. 24,
tendo em vista o cumprimento constitucional da da LDBEN.
obrigatoriedade de escolarização dos 4 aos 17 anos, a qual § 1º - A emissão do Certificado de Conclusão do Ensino
deverá apresentar à escola de origem o atestado de vaga ou Fundamental para os estudantes com altas
equivalente para a nova etapa de ensino. habilidades/superdotação será realizada após avaliação por
equipe multiprofissional e multidisciplinar, descrevendo em
Art. 17 A avaliação e os registros das crianças/estudantes documento anexo ao Certificado as especificações cabíveis
com deficiência ou transtornos do espectro autista considera como habilidades e competências, as quais devem estar
o conjunto de habilidades e competências apresentadas, as relacionadas com as características das altas
quais devem estar relacionadas com o nível de habilidades/superdotação, quanto a:
desenvolvimento e aprendizagem alcançado quanto a: a) habilidades específicas de destaque em uma ou várias
a) consciência de si; áreas;
b) cuidados pessoais e de vida diária; b) nível de desenvolvimento em relação a faixa etária do
c) exercício da independência; estudante;
d) aptidões cognitivas, afetivas e psicossociais; c) nível de desempenho qualitativo apresentado,
e) capacidade de estabelecer relações coletivamente e relacionado a criatividade, ao conhecimento, a capacidade
cooperativamente; socioafetiva e as habilidades sensório-motoras;
f) capacidade de compreender a indicação de tarefas e d) qualidade das relações sociais do estudante nas diversas
executá-las; situações.
g) habilidades relacionadas às possibilidades de atividades
produtivas, entre outras. DA TEMPORALIDADE E FLEXIBILIDADE DO ANO
§ 1º - É dever da escola assegurar ao estudante com LETIVO
deficiência ou transtornos do espectro autista a certificação de
Terminalidade Específica para aquele que não atingir o nível Art. 19 A temporalidade flexível do ano letivo, para
exigido para a conclusão da Etapa do Ensino Fundamental, atender as necessidades educacionais especiais das
previsto no Inciso I, do Art. 32, da LDBEN, a qual deve ser crianças/estudantes, deve ser observada:
fundamentada em avaliação pedagõgica - com histórico I - para as crianças/estudantes com transtornos do
escolar que apresente, de forma descritiva, os conhecimentos, espectro autista, deficiência mental ou deficiências múltiplas,
habilidades e competências atingidas pelo estudante com a possibilidade de concluir em tempo maior o currículo
deficiência. previsto para a série/ano ou etapa escolar;
§ 2º - Na expedição do Certificado de Terminalidade II - para as crianças/estudantes com altas
Específica ao estudante com deficiência ou transtornos do habilidades/superdotação oportunidade para concluir, em
espectro autista, prevista no Inciso II, do Art. 59, da LDBEN, menor tempo, a série/ano ou etapa escolar nos termos do
devem ser observados os seguintes critérios: artigo 24, Inciso V, alínea “c” da LDBEN.
a) número mínimo de 9 anos de escolarização do(a) Parágrafo único - Ao final de cada ano letivo, do 1º ao 9º
estudante, podendo considerar o tempo frequentado em ano do Ensino Fundamental, é realizado estudo de caso, em
espaços escolares regulares, tais como classe especial, turmas conjunto escola/mantenedora, com base em registros
multisseriadas ou outros espaços em estabelecimentos pedagógicos, relatórios e documentos correlatos, elaborados
escolares credenciados e autorizados pelo Sistema de Ensino; pelo professor da sala de aula, pelo professor do AEE e pela
b) final do ano letivo e idade de 18 anos completos; coordenação pedagógica, em colaboração com demais
c) tenha o estudante concluído o currículo adaptado, em profissionais especializados, ouvida a família do estudante,
termos de habilidades, conhecimentos e convivência. objetivando decidir, quando for necessário, o prolongamento
§ 3º - Ao expedir a Certificação de Terminalidade do ano letivo e, neste caso, o estudante terá como resultado
Específica/Conclusão do Ensino Fundamental deve a escola: final “P = Permanece”.
a) realizar a avaliação pedagógica conjuntamente por
todos os professores que atuaram com o(a) estudante e a Art. 20 A limitação dos horários de permanência das
assessoria da mantenedora, anexando os laudos da área crianças/estudantes com deficiência ou transtornos do
médica, da assistência social, etc, que o(a) estudante já tenha espectro autista nas turmas do ensino regular ocorre no caso
apresentado na Escola; de possibilidade de risco a si mesmo e/ou aos demais, bem
b) orientar a família que a continuidade da escolarização como em casos extraordinários, mediante avaliação realizada
se dá por meio de matrícula no ensino médio ou suas pela equipe descrita no artigo 7º desta Resolução.
modalidades (EJA e/ou Profissionalizante); § 1º - Nos casos de que trata o caput do artigo, a escola
c) encaminhar o(a) estudante para atividade produtiva observa a organização semanal dos horários da turma da
junto as empresas ou em outros espaços sociais (oficinas, criança/estudante, de forma a reorganizar os horários para
cursos, etc), segundo as condições de cada estudante e em sua frequência, a fim de permitir a participação em todas as
atendimento ao inciso IV, do art. 59, da LDBEN - “educação áreas do conhecimento ou componentes curriculares e
especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na possibilitar a aprendizagem da criança/estudante em todo o
vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que currículo mínimo obrigatório da Educação Infantil ou do
não revelarem capacidade de inserção no trabalho Ensino Fundamental.
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais § 2º - Pode a escola decidir pela adaptação progressiva da
afins”. criança/estudante na rotina escolar, considerando as
d) utilizar o modelo de Certificado de Terminalidade possibilidades adaptativas de cada um(a), sendo que sua
Específica, constante no Anexo I, da presente Resolução. permanência durante o horário integral na escola depende de
avaliação prévia a ser realizada periodicamente pela equipe
Art 18 Na avaliação das crianças/estudantes que descrita no artigo 7º desta Resolução.
apresentam altas habilidades/superdotação poderá ser
aplicada a classificação, nos casos de transferência ou, o
avanço escolar, como forma de propiciar a oportunidade de

Conhecimentos Específicos 109


APOSTILAS OPÇÃO

DA ATUAÇÃO DO PROFESSOR NO ENSINO REGULAR X - promover atividades, criando espaços de participação


da família e interface com os serviços setoriais da Saúde, da
Art. 21 Aos professores que se encontram em efetivo Assistência Social, entre outros.
exercício nas instituições de ensino da rede regular, o Sistema
Municipal de Ensino de Caxias do Sul oportuniza a formação DA ATUAÇÃO DO CUIDADOR EDUCACIONAL
continuada, com conteúdos sobre educação inclusiva,
adequados ao desenvolvimento de competências e Art. 24 O Cuidador Educacional é o Profissional de Apoio
constituição de valores para atendimento às necessidades das Escolar previsto na Lei Federal nº 13.146/2015, que atua no
crianças/estudantes com deficiência, transtornos do espectro apoio às crianças/estudantes com deficiência e/ou
autista e altas habilidades/superdotação, de forma a buscar: transtornos do espectro autista que apresentam alto grau de
I - percepção das necessidades educacionais especiais das dependência no desenvolvimento das atividades escolares,
crianças/estudantes com deficiência, transtornos do espectro auxiliando nas atividades de cuidado, de higiene, de
autista ou altas habilidades/superdotação; alimentação, de locomoção e outras pertinentes ao contexto
II - flexibilização da ação pedagógica nas diferentes áreas escolar.
de conhecimento de modo adequado às necessidades de Parágrafo único - O Cuidador Educacional deve ter
aprendizagem; formação mínima de Ensino Médio e participar de curso de
III - avaliação contínua da eficácia do processo educativo capacitação e de formação continuada, oferecidos pela
para o atendimento de necessidades educacionais especiais; mantenedora ou outra instituição.
IV - atuação em equipe, inclusive com professores
especializados em Educação Especial e Cuidadores Art. 25 O Cuidador Educacional, ao auxiliar nas atividades
Educacionais, quando houver. pertinentes ao contexto escolar, busca estimular a autonomia
e a independência das crianças/estudantes com deficiência
DA ATUACÃO DO PROFESSOR NO ATENDIMENTO e/ou transtornos do espectro autista, tendo sob sua
EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) responsabilidade as seguintes atribuições:
I - seguir as orientações dos professores do AEE e de outros
Art. 22 Para atuar no AEE, o professor deve ter formação profissionais que acompanham estas crianças/estudantes;
inicial que o habilite para o exercício da docência e formação II - apoiar e estimular a autonomia das
específica para a educação especial, devendo comprovar: crianças/estudantes nas atividades escolares;
I - formação em cursos de licenciatura plena em educação III - atuar de forma proativa nas atividades de apoio no
especial ou em uma de suas áreas; contexto escolar;
II – pós-graduação em áreas específicas da educação IV - atuar em equipe com colegas da cuidadoria, bem como
especial, posterior à licenciatura plena nas diferentes áreas do com os demais profissionais da escola;
conhecimento; V - participar dos programas de formação continuada;
III - complementação de estudos em áreas específicas da VI - aplicar e utilizar os materiais e recursos de
educação especial, posterior à licenciatura plena nas comunicação aumentativa alternativa e tecnologia assistiva,
diferentes áreas do conhecimento. orientados pelos profissionais do AEE;
VII - fornecer informações ao professor para a realização
Art. 23 O professor do AEE tem como atribuições: de relatórios e/ou avaliações das crianças/estudantes;
I - participar da elaboração da proposta pedagógica da VIII - estimular, com os demais profissionais da escola, a
escola; interação das crianças/estudantes no contexto escolar em
II- identificar, produzir e organizar estratégias e serviços, todas as atividades curriculares;
recursos pedagógicos, de acessibilidade, considerando as IX - buscar orientações pedagógicas específicas referentes
necessidades específicas das crianças/estudantes em todos os às crianças/estudantes diretamente com os professores do
espaços do AEE; AEE;
III - elaborar e executar o plano do AEE, avaliando a X - registrar periodicamente, conforme necessidade e
funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e solicitação da escola os avanços e as dificuldades das
de acessibilidade; crianças/estudantes atendido(s);
IV - organizar o tipo e o número de atendimentos as XI - encaminhar questões administrativas diretamente à
crianças/estudantes na sala de recursos; chefia imediata – gestor escolar e/ou especialistas da escola;
V - acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos XII - conhecer o histórico das crianças/estudantes,
recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula do buscando informações nos relatórios anteriores, mantendo
ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; sigilo das respectivas informações;
VI - estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na XIII - comunicar aos professores qualquer informação em
elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de relação às crianças/estudantes, recebida pela família;
acessibilidade; XIV - informar a equipe diretiva sobre qualquer alteração
VII - orientar professores, cuidadores educacionais, no comportamento ou estado de saúde das
servidores, funcionários e as famílias sobre os recursos crianças/estudantes.
pedagógicos e de acessibilidade utilizados pela
criança/estudante; DA REGULARIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES QUE
VIII - ensinar e usar recursos de tecnologia assistiva, de OFERTAM O ATENDIMENTO EDUCACIONAL
forma a ampliar habilidades funcionais das ESPECIALIZADO (AEE)
crianças/estudantes, promovendo autonomia e
independência; Art. 26 Deverão requerer, ao Conselho Municipal de
IX - estabelecer articulação com os professores da sala de Educação, o credenciamento, a autorização de funcionamento
aula regular, visando à disponibilização dos serviços, dos e a aprovação de proposta pedagógica, os Centros de
recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que Atendimento Educacional Especializado (CAEE) ou
promovam a participação das crianças/estudantes nas instituições similares públicas ou privadas sem fins lucrativos
atividades escolares; que venham firmar convênio com o Poder Público Municipal
para essa finalidade, ou, instituição pertencente a esse Sistema
Municipal de Ensino.

Conhecimentos Específicos 110


APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - O credenciamento e a autorização de funcionamento políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas
do CAEE ou instituição similar é específico para os serviços no respondessem à diversidade das suas crianças/estudantes.
âmbito pedagógico, não caracterizando credenciamento ou A partir daquela norma, tal Política foi sendo
autorização para a oferta das etapas e/ou modalidades da gradativamente implantada nos anos subsequentes.
educação básica. Atualmente, passados seis anos, é consenso a necessidade de
§ 2º - O credenciamento e a autorização de funcionamento ajustar orientações, encaminhamentos, procedimentos e
do CAEE são concedidos por um período de cinco anos e o registros relativos ao atendimento de crianças/estudantes
reconhecimento por igual período, havendo necessidade de considerados da Educação Especial nas instituições
renovação desses atos antes de sua expiração. educacionais pertencentes a esse Sistema Municipal de Ensino.
Portanto, a partir daquela norma exarada em 2010, foram
Art. 27 O processo para solicitação de credenciamento, incorporadas na presente Resolução as adequações advindas
autorização de funcionamento do CAEE e de aprovação da de consultas das escolas e/ou mantenedora de respectivos
proposta pedagógica seguirá os mesmos trâmites previstos estudos e respostas da Comissão do Ensino Fundamental e
para as demais instituições de ensino, segundo a legislação Modalidades do Conselho Municipal de Educação, as quais,
vigente do Sistema Municipal de Ensino, respeitadas as grande parte, já estão sendo efetivadas nas práticas
especificidades de cada instituição. pedagógicas dos últimos anos junto às crianças/estudantes
considerados da Educação Especial.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS A implantação da Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva resulta do movimento
Art. 28 A política da oferta de Educação Especial na mundial pela educação inclusiva, o qual é uma ação política,
perspectiva da educação inclusiva no Município deve contar cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do
com o compartilhamento das áreas da Saúde, da Assistência direito de todos os estudantes de estarem juntos, aprendendo
Social, do Trabalho, do Esporte e Lazer e outras, conforme e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação
necessidade. inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado
na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
Art. 29 O Sistema Municipal de Ensino deve conhecer a diferença como valores indissociáveis, e que avança em
demanda de crianças/estudantes com deficiência, transtornos relação à idéia de equidade formal ao contextualizar as
do espectro autista ou altas habilidades/superdotação, circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e
mediante a criação de sistema de informações, a fim de fora da escola.
atender a todas as variáveis implícitas à qualidade do processo A partir da visão dos direitos humanos e do conceito de
formativo dos mesmos. cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças e
na participação dos sujeitos, decorre uma identificação dos
Art. 30 Crianças/estudantes com deficiência que mecanismos e processos de hierarquização que operam na
requeiram atenção individualizada nas atividades da vida regulação e produção das desigualdades. Essa
autônoma e social, apoios intensos e contínuos, recursos problematização explicita os processos normativos de
específicos, bem como adaptações curriculares significativas distinção dos estudantes em razão de características
que a escola comum não consiga prover, poderão ter intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, entre
atendimento em instituição educacional especializada já outras, estruturantes do modelo tradicional de educação
existente, complementado, sempre que necessário e de escolar.
maneira articulada, por serviços das áreas da Saúde, Trabalho a) Marcos Legais:
e Assistência Social. A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus
objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem
Art. 31 Ao professor da Rede Municipal de Ensino que atua preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
no AEE ou escola especial e que possui somente a titulação de formas de discriminação” ( Art.3º, inciso IV). Define, no artigo
magistério obtida com o Curso Normal de nível médio, o qual 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno
se encontra em exercício estável na educação especial com desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a
gratificação incorporada, será permitida a continuidade dessa qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I,
atuação, no entanto são impossibilitadas novas inclusões em estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência
tais vagas de profissionais sem a titulação adequada, desde a na escola” como um dos princípios para o ensino e garante
data de 01 de setembro de 2010. como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino
Art. 32 Os casos omissos são resolvidos pelo Conselho (Art. 208).
Municipal de Educação. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº
8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais
Art. 33 A presente Resolução entrará em vigor na data de supracitados ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a
sua publicação, revogando-se as disposições em contrário, obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular
especialmente as Resoluções CME números 19/2010, de ensino”. Também nessa década, documentos como a
24/2013 e 26/2014; Pareceres CME números 61/2006 e Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a
22/2014, sendo que o ano de 2017 será considerado ano de Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a
transição para a aplicação plena dos procedimentos e registros formulação das políticas públicas da educação inclusiva.
constantes nesta Resolução, a contar do ano letivo de 2018. A Conferência Mundial de Educação para Todos,
Jomtien/1990, chama a atenção para os altos índices de
JUSTIFICATIVA crianças, adolescentes e jovens sem escolarização, tendo como
O Conselho Municipal de Educação, em 31 de agosto 2010, objetivo promover transformações nos sistemas de ensino
aprovou normatização da modalidade da Educação Especial para assegurar o acesso e a permanência de todos na escola.
adequando-se à Política Nacional de Educação Especial na Para o alcance das metas de educação para todos, a
Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/2008), que apontou Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais:
a necessidade de construção de sistemas educacionais Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO em 1994 , propõe
inclusivos, na reestruturação da cultura, da prática e das aprofundar a discussão, problematizando as causas da
exclusão escolar. A partir desta reflexão acerca das práticas

Conhecimentos Específicos 111


APOSTILAS OPÇÃO

educacionais que resultam na desigualdade social de diversos discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou
grupos, o documento Declaração de Salamanca e Linha de Ação exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos
sobre Necessidades Educativas Especiais proclama que as humanos e de suas liberdades fundamentais. Este Decreto tem
escolas comuns representam o meio mais eficaz para importante repercussão na educação, exigindo uma
combater as atitudes discriminatórias, ressaltando que: reinterpretação da educação especial, compreendida no
O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as contexto da diferenciação, adotado para promover a
escolas devem acolher todas as crianças, independentemente eliminação das barreiras que impedem o acesso à
de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, escolarização.
linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP
e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que nº 1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais
trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; para a Formação de Professores da Educação Básica, define
crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais e que as instituições de ensino superior devem prever, em sua
crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou organização curricular, formação docente voltada para a
marginalizados. (Brasil, 1997, p. 17 e 18). atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre
Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação as especificidades dos estudantes com deficiência, transtornos
Especial, orientando o processo de “integração instrucional” globais do desenvolvimento ou altas
que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular habilidades/superdotação.
àqueles que “(...) possuem condições de acompanhar e A Lei Federal nº 10.436/2002 reconhece a Língua
desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino Brasileira de Sinais – Libras como meio legal de comunicação
comum, no mesmo ritmo que os estudantes ditos normais” ( e expressão, determinando que sejam garantidas formas
p.19). Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a
padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do
Política não provoca uma reformulação das práticas currículo nos cursos de formação de professores e de
educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes fonoaudiologia.
potenciais de aprendizagem no ensino comum, mas mantendo A Portaria nº 2.678/2002 do MEC aprova diretrizes e
a responsabilidade da educação desses estudantes normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema
exclusivamente no âmbito da educação especial. Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e a
nº 9.394/96, no artigo 59 , preconiza que os sistemas de ensino recomendação para o seu uso em todo o território nacional.
devem assegurar aos estudantes currículo, métodos, recursos Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação
e organização específicos para atender às suas necessidades; Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a
assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram transformação dos sistemas de ensino em sistemas
o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo de
virtude de suas deficiências; e assegura o avanço escolar aos formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros
superdotados para conclusão do programa escolar. Também para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à
define, dentre as normas para a organização da educação oferta do atendimento educacional especializado e à garantia
básica, a oferta de “[...] oportunidades educacionais da acessibilidade.
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus Em 2004, o Ministério Público Federal publica o
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e documento O Acesso de Estudantes com Deficiência às Escolas
exames” ( art. 37). e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de
Em 1999, o Decreto Federal nº 3.298, que regulamenta a disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão,
Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a estudantes com e sem deficiência nas turmas comuns do
educação especial como uma modalidade transversal a todos ensino regular.
os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto
complementar da educação especial ao ensino regular. Federal nº 5.296/2004 regulamentou as Leis nº 10.048/2000
Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes e nº 10.098/2000, estabelecendo normas e critérios para a
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com
Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que: mobilidade reduzida. Nesse contexto, o Programa Brasil
“Os sistemas de ensino devem matricular todos os Acessível, do Ministério das Cidades, é desenvolvido com o
estudantes, cabendo às escolas organizarem-se para o objetivo de promover a acessibilidade urbana e apoiar ações
atendimento aos educandos com necessidades educacionais que garantam o acesso universal aos espaços públicos.
especiais especiais, assegurando as condições necessárias O Decreto Federal nº 5.626/2005, que regulamenta a Lei
para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, nº 10.436/2002, visando ao acesso à escola dos estudantes
2001).” surdos, dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina
O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e
destaca que “o grande avanço que a década da educação tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa
deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que como segunda língua para estudantes surdos e a organização
garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao estabelecer da educação bilíngue no ensino regular.
objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividades de
atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos Altas Habilidades/Superdotação–NAAH/S em todos os
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, estados e no Distrito Federal, são organizados centros de
aponta um déficit referente à oferta de matrículas para referência na área das altas habilidades/superdotação para o
estudantes com deficiência nas classes comuns do ensino atendimento educacional especializado e orientação às
regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao famílias, bem como para a formação continuada dos
atendimento educacional especializado. professores, constituindo a organização da política de
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil educação inclusiva de forma a garantir esse atendimento aos
pelo Decreto nº 3.956/2001 , afirma que as pessoas com estudantes da rede pública de ensino.
deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades
fundamentais que as demais pessoas, definindo como

Conhecimentos Específicos 112


APOSTILAS OPÇÃO

Neste mesmo ano, a Secretaria Especial dos Direitos e preconiza em seu artigo 29, que os sistemas de ensino devem
Humanos, os Ministérios da Educação e da Justiça, com a matricular os estudantes com deficiência, transtornos globais
Organização das Nações Unidas para a Educação, a do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação nas
Ciência e a Cultura – UNESCO, lançam o Plano Nacional de classes comuns do ensino regular e no Atendimento
Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as suas Educacional Especializado - AEE, complementar ou
ações, contemplar, no currículo da educação básica, temáticas suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos
relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de
afirmativas que possibilitem acesso e permanência na instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem
educação superior. fins lucrativos.
Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da O Decreto Federal nº 7084/2010, ao dispor sobre os
Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social, tendo como programas nacionais de materiais didáticos, estabelece no
eixos a formação de professores para a educação especial, a artigo 28, que o MEC adotará mecanismos para promoção da
implantação de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade nos programas de material didático destinado
acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, acesso e a aos estudantes da educação especial e professores das escolas
permanência das pessoas com deficiência na educação de educação básica públicas.
superior e o monitoramento do acesso à escola dos A fim de promover políticas públicas de inclusão social das
favorecidos pelo Beneficio de Prestação Continuada – BPC. pessoas com deficiência, dentre as quais, aquelas que efetivam
No documento do MEC, Plano de Desenvolvimento da um sistema educacional inclusivo, nos termos da Convenção
Educação: razões, princípios e programas é reafirmada a visão sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, instituiu-se, por
que busca superar a oposição entre educação regular e meio do Decreto Federal nº 7612/2011, o Plano Nacional dos
educação especial. Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite.
Para a implementação do PDE é publicado o Decreto A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Federal nº 6.094/2007, que estabelece nas diretrizes do Transtorno do espectro Autista é criada pela Lei nº
Compromisso Todos pela Educação, a garantia do acesso e 12.764/2012. Além de consolidar um conjunto de direitos,
permanência no ensino regular e o atendimento aos esta lei em seu artigo 7º, veda a recusa de matrícula às pessoas
estudantes com deficiência, transtornos globais do com qualquer tipo de deficiência e estabelece punição para o
desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação, gestor escolar ou autoridade competente que pratique esse ato
fortalecendo seu ingresso nas escolas públicas. discriminatório.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Ancorada nas deliberações da Conferência Nacional de
Deficiência, aprovada pela ONU em 2006 e ratificada com força Educação – CONAE/ 2010 , a Lei nº 13.005/2014, que institui
de Emenda Constitucional por meio do Decreto Legislativo nº o Plano Nacional de Educação – PNE, no inciso III, parágrafo
186/2008 e do Decreto Executivo nº 6949/2009, estabelece 1º, do artigo 8º, determina que os Estados e os Municípios
que os Estados-Partes devem assegurar um sistema de garantam o atendimento as necessidades específicas na
educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em educação especial, assegurado o sistema educacional inclusivo
ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e em todos os níveis, etapas e modalidades. Com base neste
social compatível com a meta da plena participação e inclusão, pressuposto, a meta 4 e respectivas estratégias objetivam
adotando medidas para garantir que: universalizar, para as pessoas com deficiência, transtornos
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do globais do desenvolvimento ou altas
sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as habilidades/superdotação, na faixa etária de 04 a 17 anos, o
crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino acesso à educação básica e ao Atendimento Educacional
fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de Especializado/AEE. O AEE é ofertado preferencialmente na
deficiência; rede regular de ensino, podendo ser realizado por meio de
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino convênios com instituições especializadas, sem prejuízo do
fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade sistema educacional inclusivo.
de condições com as demais pessoas na comunidade em que A Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência
vivem (Art.24). (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – Lei nº 13.146/2015, se
O Decreto Federal nº 6571/2008, incorporado pelo constituiu no documento harmonizador dos princípios da
Decreto nº 7611/2011, institui a política pública de Convenção Internacional, atendendo ao novo paradigma da
financiamento no âmbito do Fundo de Manutenção e pessoa com deficiência por meio da mudança significativa do
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos conceito de deficiência, que agora não é mais entendida como
Profissionais da Educação - FUNDEB, estabelecendo o duplo uma condição estática e biológica da pessoa, mas sim como o
cômputo das matrículas dos estudantes com deficiência, resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com
transtornos globais do desenvolvimento ou altas as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial
habilidades/superdotação. Visando ao desenvolvimento do indivíduo.
inclusivo dos sistemas públicos de ensino, este Decreto
também define o atendimento educacional especializado b) Educação Inclusiva:
complementar ou suplementar à escolarização e os demais A educação inclusiva é concebida como processo em que se
serviços da educação especial, além de outras medidas de amplia a participação de todas as crianças/estudantes nos
apoio à inclusão escolar. estabelecimentos de ensino regular. É uma abordagem que
Com a finalidade de orientar a organização dos sistemas percebe a criança/estudante e suas singularidades em
educacionais inclusivos, o Conselho Nacional de Educação – primeiro lugar, tendo como objetivos o crescimento, a
CNE publica a Resolução CNE/CEHB, nº 04/2009, que institui satisfação pessoal e a inserção social de todos, buscando
as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional desenvolver capacidades imprescindíveis à vida humana em
Especializado – AEE na Educação Básica. Este documento qualquer tempo e em qualquer lugar: poder comunicar-se com
determina o público da educação especial, define o caráter os outros, poder assegurar seu alimento e outros bens
complementar ou suplementar do AEE, prevendo sua necessários, identificar riscos mais comuns da vida e
institucionalização no projeto político pedagógico da escola. desempenhar-se em face deles e relacionar-se afetivamente de
O caráter não substitutivo e transversal da educação modo satisfatório. Esta abordagem também pressupõe que
especial é ratificado pela Resolução CNE/CEB nº 04/2010, que todo sujeito é capaz de aprender, considerando tempos, ritmos
institui Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e estratégias diferentes de aprendizagem.

Conhecimentos Específicos 113


APOSTILAS OPÇÃO

O objetivo dessa Política é garantir o acesso, a participação alternativas educacionais que concorram para ampliar as
e a aprendizagem das crianças/estudantes com deficiência, possibilidades de inclusão social e produtiva dessa pessoa.
transtornos do espectro autista ou altas No caso dos estudantes com deficiência, ainda que com os
habilidades/superdotação na escola regular, orientando para apoios e adaptações necessários, não alcançarem os
a transversalidade da Educação Especial, o atendimento resultados de escolarização previstos no Artigo 32, inciso I, da
educacional especializado (AEE), a continuidade da LDBEN (o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
escolarização, a formação de professores, a participação da como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
família e da comunidade, a acessibilidade e a articulação cálculo) e, uma vez esgotadas as possibilidades apontadas nos
intersetorial na implementação das políticas públicas. Artigos 24, 26 e 32 da LDBEN, as escolas devem fornecerlhes
Todas essas ações caminham na direção da legitimação de uma certificação de conclusão de escolaridade, denominada
direitos aos sujeitos que expressam alguma forma de Terminalidade Específica, que consiste numa certificação de
diversidade, com vistas a desenvolver práticas pedagógicas conclusão de escolaridade – fundamentada em avaliação
fundamentadas na equidade, ou seja, numa educação pedagógica – que apresente as habilidades e competências
cooperativa. Entendendo que a educação inclusiva tem como atingidas pelos estudantes da Educação Especial, as quais
prioridade gerar oportunidades de convívio social e acesso aos devem estar relacionadas com o nível de desenvolvimento e
bens públicos, desenvolvendo práticas de aprendizagem e de aprendizagem individualmente alcançados, considerando as
convivência na divergência, sem pretender tornar os desiguais características de cada estudante. No entanto, ressalta-se que
iguais, ampliando o conceito cultural para a diversidade a continuidade de estudos entre as etapas da educação básica
humana. do ensino fundamental para o médio poderá se dar por meio
Nos termos da LDBEN, a Educação Especial deve assegurar da classificação e independente de escolarização anterior,
as crianças/estudantes a formação comum indispensável e mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de
fornecer-lhe os meios de desenvolver atividades produtivas, desenvolvimento e experiência do estudante e permita sua
satisfazendo as condições requeridas por suas características, inscrição na série ou etapa adequada, conforme dispõe a alínea
baseando-se no respeito às diferenças individuais e na “c”, do Inciso II, do Art. 24 da LDBEN.
igualdade de valor entre todas as pessoas. Nesse processo, é Relativamente aos estudantes com altas
fundamental uma estrita relação escolafamília e a articulação habilidades/superdotação (aqueles que apresentam um
entre órgãos oficiais ou instituições com programas especiais potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do
voltados para o trabalho. conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual,
A alínea “a”, Inciso V, Art. 24, da LDBEN, que trata da liderança, psicomotora, arte e criatividade), estes têm direito
Avaliação, diz que: “a avaliação deverá ser contínua e ao Atendimento Educacional Especializado de forma
cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os suplementar, para aprofundar e enriquecer conteúdos
quantitativos”. Essa verificação também inclui as acadêmicos, a fim de promover o desenvolvimento de suas
crianças/estudantes considerados da Educacão Especial. Para potencialidades. O enriquecimento pressupõe o fornecimento
tanto, é importante observar as habilidades imprescindíveis de uma variedade de experiências de aprendizagem que
apontadas nos planos de estudos individualizados ou estimulem o potencial dos estudantes e que normalmente não
adaptados, devendo detectar qualquer progresso no são apresentadas no currículo regular. Nesse sentido, pode a
aproveitamento escolar. É importante considerar também, a Escola aplicar a classificação, nos casos de
utilização de formas alternativas de comunicação para cegos e crianças/estudantes transferidos, ou, o avanço escolar para as
surdos. A estrutura frasal dos surdos não deve interferir na crianças/estudantes da própria escola, mediante verificação
avaliação do conteúdo de suas mensagens escritas, bem como do aprendizado (alínea “c”, do inciso V, do Art. 24, da LDBEN).
a grafia das palavras para os que possuem deficiência visual. Assim, para os estudantes com altas
As crianças/estudantes com deficiência mental ou múltiplas habilidades/superdotação, a emissão do Histórico Escolar e do
são avaliadas em função de seus níveis de desenvolvimento e Certificado de Conclusão do Ensino Fundamental será
aprendizagem em geral e individual, quanto às habilidades realizada após avaliação por equipe multiprofissional e
imprescindíveis, os conhecimentos fundamentais e os níveis interdisciplinar, descrevendo em anexo ao documento as
de competência social por eles alcançados. especificações cabíveis como habilidades e competências, as
Segundo a Resolução da ONU, que trata da Declaração dos quais devem estar relacionadas às características da
direitos das pessoas com deficiência, esta proclama que “as superdotação.
pessoas deficientes, qualquer que seja a origem e gravidade de Recomenda-se às mantenedoras e respectivas escolas para
suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus que assegurem, a cada caso, a aplicabilidade dos
concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de tudo, o procedimentos previstos na legislação vigente, pois visam
direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e plena adequar a oferta de ensino segundo a identidade de cada
quanto possível”. Portanto, na perspectiva da educação criança/estudante, reconhecendo e valorizando as suas
inclusiva e respeitadas as especificidades de cada caso, diferenças e potencialidades no processo de ensino e
entende-se que os conhecimentos, habilidades, competências aprendizagem.
e valores a serem perseguidos pelas crianças/estudantes com A inclusão das crianças/estudantes considerados da
deficiência, devem ser os mesmos propostos para os demais Educação Especial deve ser contínua e sistemática e estar
colegas da escola, variando, todavia, o apoio que cada um(a) associada à formação continuada dos professores, elemento
deve receber em função de suas peculiaridades. Isso também fundamental para a consecução de práticas inclusivas na
implica dizer que a dinâmica do ambiente escolar como um escola e para o bom desempenho dos mesmos.
todo deve apresentar-se integrada, de forma que os As mantenedoras das escolas públicas e privadas devem
indicadores para avaliar habilidades e competências dessas assegurar às crianças/estudantes da Educação Especial a
crianças/estudantes são os estabelecidos para o Ensino eliminação de barreiras arquitetônicas, pedagógicas e
Fundamental, conforme Art. 32 da LDBEN. Assim, o comunicativas que impedem sua plena e efetiva participação
atendimento aos estudantes da Educação Especial não deve na escola em igualdade de condições com os demais colegas.
significar uma escolarização sem horizonte definido, seja em A presente Resolução define as Diretrizes que devem ser
termos de tempo ou em termos de competências e habilidades observadas no atendimento de crianças/estudantes da
desenvolvidas. As escolas devem adotar procedimentos de Educação Especial nas instituições de ensino pertencentes ao
avaliação pedagógica, certificação e encaminhamento para Sistema Municipal de Ensino de Caxias do Sul, trazendo

Conhecimentos Específicos 114


APOSTILAS OPÇÃO

orientações e procedimentos para a operacionalização da conhecimento e aos elementos da cultura imprescindíveis


oferta desta modalidade de ensino. para o seu desenvolvimento pessoal e para a vida em
sociedade, assim como os benefícios de uma formação comum,
Aprovado, por unanimidade, em sessão plenária do dia 30 independentemente da grande diversidade da população
de maio de 2017. escolar e das demandas sociais.
Marcia Adriana de Carvalho, Presidente do Conselho
Municipal de Educação. Art. 5º O direito à educação, entendido como um direito
inalienável do ser humano, constitui o fundamento maior
destas Diretrizes. A educação, ao proporcionar o
Resolução CNE n.º 7, DE 14 desenvolvimento do potencial humano, permite o exercício
de dezembro de 2010 – Fixa dos direitos civis, políticos, sociais e do direito à diferença,
sendo ela mesma também um direito social, e possibilita a
Diretrizes Curriculares formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e culturais.
Nacionais para o Ensino § 1º O Ensino Fundamental deve comprometer-se com
Fundamental de 9 (nove) uma educação com qualidade social, igualmente entendida
como direito humano.
anos. § 2º A educação de qualidade, como um direito
fundamental, é, antes de tudo, relevante, pertinente e
equitativa.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE I -A relevância reporta-se à promoção de aprendizagens
EDUCAÇÃO significativas do ponto de vista das exigências sociais e de
CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA desenvolvimento pessoal.
II - A pertinência refere-se à possibilidade de atender às
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 necessidades e às características dos estudantes de diversos
contextos sociais e culturais e com diferentes capacidades e
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino interesses.
Fundamental de 9 (nove) anos. III - A equidade alude à importância de tratar de forma
diferenciada o que se apresenta como desigual no ponto de
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho partida, com vistas a obter desenvolvimento e aprendizagens
Nacional de Educação, de conformidade com o disposto na equiparáveis, assegurando a todos a igualdade de direito à
alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/61, com a redação educação.
dada pela Lei nº 9.131/95, no art. 32 da Lei nº 9.394/96, na Lei § 3º Na perspectiva de contribuir para a erradicação da
nº 11.274/2006, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº pobreza e das desigualdades, a equidade requer que sejam
11/2010, homologado por Despacho do Senhor Ministro de oferecidos mais recursos e melhores condições às escolas
Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de dezembro de menos providas e aos alunos que deles mais necessitem. Ao
2010, resolve: lado das políticas universais, dirigidas a todos sem requisito de
seleção, é preciso também sustentar políticas reparadoras que
Art. 1º A presente Resolução fixa as Diretrizes Curriculares assegurem maior apoio aos diferentes grupos sociais em
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a desvantagem.
serem observadas na organização curricular dos sistemas de § 4º A educação escolar, comprometida com a igualdade do
ensino e de suas unidades escolares. acesso de todos ao conhecimento e especialmente empenhada
em garantir esse acesso aos grupos da população em
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino desvantagem na sociedade, será uma educação com qualidade
Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes social e contribuirá para dirimir as desigualdades
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer historicamente produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a
CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e permanência e o sucesso na escola, com a consequente
reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos redução da evasão, da retenção e das distorções de
pelo Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas idade/ano/série.
públicas educacionais e a elaboração, implementação e
avaliação das orientações curriculares nacionais, das PRINCÍPIOS
propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios, e dos projetos político-pedagógicos das escolas. Art. 6º Os sistemas de ensino e as escolas adotarão, como
Parágrafo único. Estas Diretrizes Curriculares Nacionais norteadores das políticas educativas e das ações pedagógicas,
aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental os seguintes princípios:
previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
bem como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indígena
I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e
autonomia; de respeito à dignidade da pessoa humana e de
e à Educação Escolar Quilombola.
compromisso com a promoção do bem de todos, contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestações de
FUNDAMENTOS
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Art. 3º O Ensino Fundamental se traduz como um direito
II – Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de
público subjetivo de cada um e como dever do Estado e da
cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do
família na sua oferta a todos.
regime democrático e dos recursos ambientais; da busca da
equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens
Art. 4º É dever do Estado garantir a oferta do Ensino
culturais e outros benefícios; da exigência de diversidade de
Fundamental público, gratuito e de qualidade, sem requisito
tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os
de seleção.
alunos que apresentam diferentes necessidades; da redução
Parágrafo único. As escolas que ministram esse ensino
da pobreza e das desigualdades sociais e regionais.
deverão trabalhar considerando essa etapa da educação como
III – Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente com
aquela capaz de assegurar a cada um e a todos o acesso ao
o da racionalidade; do enriquecimento das formas de

Conhecimentos Específicos 115


APOSTILAS OPÇÃO

expressão e do exercício da criatividade; da valorização das transformam a fim de que possam ser ensinados e aprendidos,
diferentes manifestações culturais, especialmente a da cultura ao mesmo tempo em que servem de elementos para a
brasileira; da construção de identidades plurais e solidárias. formação ética, estética e política do aluno.

Art. 7º De acordo com esses princípios, e em conformidade BASE NACIONAL COMUM E PARTE DIVERSIFICADA:
com o art. 22 e o art. 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB), as propostas COMPLEMENTARIDADE
curriculares do Ensino Fundamental visarão desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental tem uma base
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para nacional comum, complementada em cada sistema de ensino e
progredir no trabalho e em estudos posteriores, mediante os em cada estabelecimento escolar por uma parte diversificada.
objetivos previstos para esta etapa da escolarização, a saber:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo Art. 11 A base nacional comum e a parte diversificada do
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo
cálculo; integrado e não podem ser consideradas como dois blocos
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema distintos.
político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se § 1º A articulação entre a base nacional comum e a parte
fundamenta a sociedade; diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a
III– a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do
formação de atitudes e valores como instrumentos para uma cidadão com a realidade local, as necessidades dos alunos, as
visão crítica do mundo; características regionais da sociedade, da cultura e da
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de economia e perpassa todo o currículo.
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se § 2º Voltados à divulgação de valores fundamentais ao
assenta a vida social. interesse social e à preservação da ordem democrática, os
conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que
MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 (NOVE) todos devem ter acesso, independentemente da região e do
ANOS E CARGA HORÁRIA lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das
orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares
Art. 8º O Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove) dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e dos projetos
anos, abrange a população na faixa etária dos 6 (seis) aos 14 político-pedagógicos das escolas.
(quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que, § 3º Os conteúdos curriculares que compõem a parte
na idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo. diversificada do currículo serão definidos pelos sistemas de
§ 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer
crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até o dia o currículo, assegurando a contextualização dos
31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da conhecimentos escolares em face das diferentes realidades.
Lei e das normas nacionais vigentes.
§ 2º As crianças que completarem 6 (seis) anos após essa Art. 12 Os conteúdos que compõem a base nacional comum
data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (Pré- e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas,
Escola). no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na
§ 3º A carga horária mínima anual do Ensino Fundamental cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades
regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam
em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho saberes como os que advêm das formas diversas de exercício
escolar. da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da
experiência docente, do cotidiano e dos alunos.
CURRÍCULO
Art. 13 Os conteúdos a que se refere o art. 12 são
Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é entendido, constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se
nesta Resolução, como constituído pelas experiências articulam com as áreas de conhecimento, a saber: Linguagens,
escolares que se desdobram em torno do conhecimento, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As
permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências áreas de conhecimento favorecem a comunicação entre
e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente diferentes conhecimentos sistematizados e entre estes e
acumulados e contribuindo para construir as identidades dos outros saberes, mas permitem que os referenciais próprios de
estudantes. cada componente curricular sejam preservados.
§ 1º O foco nas experiências escolares significa que as
orientações e as propostas curriculares que provêm das Art. 14 O currículo da base nacional comum do Ensino
diversas instâncias só terão concretude por meio das ações Fundamental deve abranger, obrigatoriamente, conforme o
educativas que envolvem os alunos. art. 26 da Lei nº 9.394/96, o estudo da Língua Portuguesa e da
§ 2º As experiências escolares abrangem todos os aspectos Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
do ambiente escolar, aqueles que compõem a parte explícita realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem
do currículo, bem como os que também contribuem, de forma como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso.
implícita, para a aquisição de conhecimentos socialmente
relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios do
conduta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às
meio de rotinas, rituais, normas de convívio social, áreas de conhecimento:
festividades, pela distribuição do tempo e organização do I – Linguagens:
espaço educativo, pelos materiais utilizados na aprendizagem a) Língua Portuguesa;
e pelo recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas pela b) Língua Materna, para populações indígenas;
escola. c) Língua Estrangeira moderna;
§ 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as d) Arte; e
diferentes instâncias que produzem orientações sobre o e) Educação Física;
currículo, as escolas e os professores selecionam e

Conhecimentos Específicos 116


APOSTILAS OPÇÃO

II – Matemática; § 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de ensino compete


a produção e a disseminação de materiais subsidiários ao
III – Ciências da Natureza; trabalho docente, que contribuam para a eliminação de
discriminações, racismo, sexismo, homofobia e outros
IV – Ciências Humanas: preconceitos e que conduzam à adoção de comportamentos
a) História; responsáveis e solidários em relação aos outros e ao meio
b) Geografia; ambiente.

V – Ensino Religioso. Art. 17 Na parte diversificada do currículo do Ensino


Fundamental será incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º
§ 1º O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua Estrangeira
portuguesa, assegurada também às comunidades indígenas a moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar.
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras modernas, a
aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da Constituição língua espanhola poderá ser a opção, nos termos da Lei nº
Federal. 11.161/2005.
§ 2º O ensino de História do Brasil levará em conta as
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
africana e europeia. Art. 18 O currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove)
§ 3º A história e as culturas indígena e afro-brasileira, anos de duração exige a estruturação de um projeto educativo
presentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos no coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos de
âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino de ser e de se desenvolver das crianças e adolescentes nos
Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a História da diferentes contextos sociais.
África, deverão assegurar o conhecimento e o reconhecimento
desses povos para a constituição da nação (conforme art. 26-A Art. 19 Ciclos, séries e outras formas de organização a que
da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei nº 11.645/2008). Sua se refere a Lei nº 9.394/96 serão compreendidos como tempos
inclusão possibilita ampliar o leque de referências culturais de e espaços interdependentes e articulados entre si, ao longo dos
toda a população escolar e contribui para a mudança das suas 9 (nove) anos de duração do Ensino Fundamental.
concepções de mundo, transformando os conhecimentos
comuns veiculados pelo currículo e contribuindo para a GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA COMO
construção de identidades mais plurais e solidárias. GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO
§ 4º A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não
exclusivo, do componente curricular Arte, o qual compreende Art. 20 As escolas deverão formular o projeto político-
também as artes visuais, o teatro e a dança, conforme o § 6º do pedagógico e elaborar o regimento escolar de acordo com a
art. 26 da Lei nº 9.394/96. proposta do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, por meio
§ 5º A Educação Física, componente obrigatório do de processos participativos relacionados à gestão
currículo do Ensino Fundamental, integra a proposta político- democrática.
pedagógica da escola e será facultativa ao aluno apenas nas § 1º O projeto político-pedagógico da escola traduz a
circunstâncias previstas no § 3º do art. 26 da Lei nº 9.394/96. proposta educativa construída pela comunidade escolar no
§ 6º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao aluno, exercício de sua autonomia, com base nas características dos
é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui alunos, nos profissionais e recursos disponíveis, tendo como
componente curricular dos horários normais das escolas referência as orientações curriculares nacionais e dos
públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à respectivos sistemas de ensino.
diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer § 2º Será assegurada ampla participação dos profissionais
formas de proselitismo, conforme o art. 33 da Lei nº 9.394/96. da escola, da família, dos alunos e da comunidade local na
definição das orientações imprimidas aos processos
Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas de educativos e nas formas de implementá-las, tendo como apoio
conhecimento devem articular em seus conteúdos, a partir das um processo contínuo de avaliação das ações, a fim de garantir
possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de a distribuição social do conhecimento e contribuir para a
temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida construção de uma sociedade democrática e igualitária.
humana em escala global, regional e local, bem como na esfera § 3º O regimento escolar deve assegurar as condições
individual. Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida institucionais adequadas para a execução do projeto político-
familiar e social, assim como os direitos das crianças e pedagógico e a oferta de uma educação inclusiva e com
adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do qualidade social, igualmente garantida a ampla participação
Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente, da comunidade escolar na sua elaboração.
nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº § 4º O projeto político-pedagógico e o regimento escolar,
9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal, em conformidade com a legislação e as normas vigentes,
trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem conferirão espaço e tempo para que os profissionais da escola
permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional e, em especial, os professores, possam participar de reuniões
comum e da parte diversificada do currículo. de trabalho coletivo, planejar e executar as ações educativas
§ 1º Outras leis específicas que complementam a Lei nº de modo articulado, avaliar os trabalhos dos alunos, tomar
9.394/96 determinam que sejam ainda incluídos temas parte em ações de formação continuada e estabelecer contatos
relativos à condição e aos direitos dos idosos (Lei nº com a comunidade.
10.741/2003) e à educação para o trânsito. § 5º Na implementação de seu projeto político-pedagógico,
§ 2º A transversalidade constitui uma das maneiras de as escolas se articularão com as instituições formadoras com
trabalhar os componentes curriculares, as áreas de vistas a assegurar a formação continuada de seus
conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva profissionais.
integrada, conforme a Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Art. 21 No projeto político-pedagógico do Ensino
Resolução CNE/CEB nº 4/2010). Fundamental e no regimento escolar, o aluno, centro do

Conhecimentos Específicos 117


APOSTILAS OPÇÃO

planejamento curricular, será considerado como sujeito que nº 9.394/96 e em normas específicas estabelecidas pelo
atribui sentidos à natureza e à sociedade nas práticas sociais Conselho Nacional de Educação, com vistas à criação de um
que vivencia, produzindo cultura e construindo sua identidade ambiente propício à aprendizagem, com base:
pessoal e social. I – no trabalho compartilhado e no compromisso
Parágrafo único. Como sujeito de direitos, o aluno tomará individual e coletivo dos professores e demais profissionais da
parte ativa na discussão e na implementação das normas que escola com a aprendizagem dos alunos;
regem as formas de relacionamento na escola, fornecerá II – no atendimento às necessidades específicas de
indicações relevantes a respeito do que deve ser trabalhado no aprendizagem de cada um mediante abordagens apropriadas;
currículo e será incentivado a participar das organizações III – na utilização dos recursos disponíveis na escola e nos
estudantis. espaços sociais e culturais do entorno;
IV – na contextualização dos conteúdos, assegurando que
Art. 22 O trabalho educativo no Ensino Fundamental deve a aprendizagem seja relevante e socialmente significativa;
empenhar-se na promoção de uma cultura escolar acolhedora V – no cultivo do diálogo e de relações de parceria com as
e respeitosa, que reconheça e valorize as experiências dos famílias.
alunos atendendo as suas diferenças e necessidades Parágrafo único. Como protagonistas das ações
específicas, de modo a contribuir para efetivar a inclusão pedagógicas, caberá aos docentes equilibrar a ênfase no
escolar e o direito de todos à educação. reconhecimento e valorização da experiência do aluno e da
cultura local que contribui para construir identidades
Art. 23 Na implementação do projeto político-pedagógico, afirmativas, e a necessidade de lhes fornecer instrumentos
o cuidar e o educar, indissociáveis funções da escola, mais complexos de análise da realidade que possibilitem o
resultarão em ações integradas que buscam articular-se, acesso a níveis universais de explicação dos fenômenos,
pedagogicamente, no interior da própria instituição, e também propiciando-lhes os meios para transitar entre a sua e outras
externamente, com os serviços de apoio aos sistemas realidades e culturas e participar de diferentes esferas da vida
educacionais e com as políticas de outras áreas, para assegurar social, econômica e política.
a aprendizagem, o bem-estar e o desenvolvimento do aluno em Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os professores,
todas as suas dimensões. com o apoio das famílias e da comunidade, envidarão esforços
para assegurar o progresso contínuo dos alunos no que se
RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS, INTEGRAÇÃO E refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de
ABORDAGENS aprendizagens significativas, lançando mão de todos os
recursos disponíveis e criando renovadas oportunidades para
Art. 24 A necessária integração dos conhecimentos evitar que a trajetória escolar discente seja retardada ou
escolares no currículo favorece a sua contextualização e indevidamente interrompida.
aproxima o processo educativo das experiências dos alunos. § 1º Devem, portanto, adotar as providências necessárias
§ 1º A oportunidade de conhecer e analisar experiências para que a operacionalização do princípio da continuidade não
assentadas em diversas concepções de currículo integrado e seja traduzida como “promoção automática” de alunos de um
interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios para ano, série ou ciclo para o seguinte, e para que o combate à
desenvolver propostas pedagógicas que avancem na direção repetência não se transforme em descompromisso com o
de um trabalho colaborativo, capaz de superar a fragmentação ensino e a aprendizagem.
dos componentes curriculares. § 2º A organização do trabalho pedagógico incluirá a
§ 2º Constituem exemplos de possibilidades de integração mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares, a
do currículo, entre outros, as propostas curriculares diversidade nos agrupamentos de alunos, as diversas
ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, projetos linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os variados
interdisciplinares com base em temas geradores formulados a suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio,
partir de questões da comunidade e articulados aos as atitudes investigativas, as abordagens complementares e as
componentes curriculares e às áreas de conhecimento, atividades de reforço, a articulação entre a escola e a
currículos em rede, propostas ordenadas em torno de comunidade, e o acesso aos espaços de expressão cultural.
conceitos-chave ou conceitos nucleares que permitam
trabalhar as questões cognitivas e as questões culturais numa Art. 28 A utilização qualificada das tecnologias e conteúdos
perspectiva transversal, e projetos de trabalho com diversas das mídias como recurso aliado ao desenvolvimento do
acepções. currículo contribui para o importante papel que tem a escola
§ 3º Os projetos propostos pela escola, comunidade, redes como ambiente de inclusão digital e de utilização crítica das
e sistemas de ensino serão articulados ao desenvolvimento tecnologias da informação e comunicação, requerendo o
dos componentes curriculares e às áreas de conhecimento, aporte dos sistemas de ensino no que se refere à:
observadas as disposições contidas nas Diretrizes Curriculares I – provisão de recursos midiáticos atualizados e em
Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução CNE/CEB número suficiente para o atendimento aos alunos;
nº 4/2010, art. 17) e nos termos do Parecer que dá base à II – adequada formação do professor e demais
presente Resolução. profissionais da escola.

Art. 25 Os professores levarão em conta a diversidade ARTICULAÇÕES E CONTINUIDADE DA TRAJETÓRIA


sociocultural da população escolar, as desigualdades de acesso ESCOLAR
ao consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses
e necessidades apresentadas pelos alunos no Art. 29 A necessidade de assegurar aos alunos um percurso
desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas que contínuo de aprendizagens torna imperativa a articulação de
melhor respondam às diferenças de aprendizagem entre os todas as etapas da educação, especialmente do Ensino
estudantes e às suas demandas. Fundamental com a Educação Infantil, dos anos iniciais e dos
anos finais no interior do Ensino Fundamental, bem como do
Art. 26 Os sistemas de ensino e as escolas assegurarão Ensino Fundamental com o Ensino Médio, garantindo a
adequadas condições de trabalho aos seus profissionais e o qualidade da Educação Básica.
provimento de outros insumos, de acordo com os padrões § 1º O reconhecimento do que os alunos já aprenderam
mínimos de qualidade referidos no inciso IX do art. 4º da Lei antes da sua entrada no Ensino Fundamental e a recuperação

Conhecimentos Específicos 118


APOSTILAS OPÇÃO

do caráter lúdico do ensino contribuirão para melhor abordagens de acordo com as necessidades dos alunos, criar
qualificar a ação pedagógica junto às crianças, sobretudo nos condições de intervir de modo imediato e a mais longo prazo
anos iniciais dessa etapa da escolarização. para sanar dificuldades e redirecionar o trabalho docente;
§ 2º Na passagem dos anos iniciais para os anos finais do c) Manter a família informada sobre o desempenho dos
Ensino Fundamental, especial atenção será dada: alunos;
I – pelos sistemas de ensino, ao planejamento da oferta d) Reconhecer o direito do aluno e da família de discutir os
educativa dos alunos transferidos das redes municipais para resultados de avaliação, inclusive em instâncias superiores à
as estaduais; escola, revendo procedimentos sempre que as reivindicações
II – pelas escolas, à coordenação das demandas específicas forem procedentes.
feitas pelos diferentes professores aos alunos, a fim de que os II – utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais
estudantes possam melhor organizar as suas atividades diante como a observação, o registro descritivo e reflexivo, os
das solicitações muito diversas que recebem. trabalhos individuais e coletivos, os portfólios, exercícios,
provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua
Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental adequação à faixa etária e às características de
devem assegurar: desenvolvimento do educando;
I – a alfabetização e o letramento; III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da
II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, aprendizagem do aluno sobre os quantitativos, bem como os
incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
Música e demais artes, a Educação Física, assim como o finais, tal como determina a alínea “a” do inciso V do art. 24 da
aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Lei nº 9.394/96;
Geografia; IV – assegurar tempos e espaços diversos para que os
III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a alunos com menor rendimento tenham condições de ser
complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que devidamente atendidos ao longo do ano letivo;
a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um V – prover, obrigatoriamente, períodos de recuperação, de
todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o preferência paralelos ao período letivo, como determina a Lei
segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. nº 9.394/96;
§ 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso VI – assegurar tempos e espaços de reposição dos
de sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, será conteúdos curriculares, ao longo do ano letivo, aos alunos com
necessário considerar os três anos iniciais do Ensino frequência insuficiente, evitando, sempre que possível, a
Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo retenção por faltas;
sequencial não passível de interrupção, voltado para ampliar a VII – possibilitar a aceleração de estudos para os alunos
todos os alunos as oportunidades de sistematização e com defasagem idade-série.
aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis
para o prosseguimento dos estudos. Art. 33 Os procedimentos de avaliação adotados pelos
§ 2º Considerando as características de desenvolvimento professores e pela escola serão articulados às avaliações
dos alunos, cabe aos professores adotar formas de trabalho realizadas em nível nacional e às congêneres nos diferentes
que proporcionem maior mobilidade das crianças nas salas de Estados e Municípios, criadas com o objetivo de subsidiar os
aula e as levem a explorar mais intensamente as diversas sistemas de ensino e as escolas nos esforços de melhoria da
linguagens artísticas, a começar pela literatura, a utilizar qualidade da educação e da aprendizagem dos alunos.
materiais que ofereçam oportunidades de raciocinar, § 1º A análise do rendimento dos alunos com base nos
manuseando-os e explorando as suas características e indicadores produzidos por essas avaliações deve auxiliar os
propriedades. sistemas de ensino e a comunidade escolar a redimensionarem
as práticas educativas com vistas ao alcance de melhores
Art. 31 Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, os resultados.
componentes curriculares Educação Física e Arte poderão § 2º A avaliação externa do rendimento dos alunos refere-
estar a cargo do professor de referência da turma, aquele com se apenas a uma parcela restrita do que é trabalhado nas
o qual os alunos permanecem a maior parte do período escolas, de sorte que as referências para o currículo devem
escolar, ou de professores licenciados nos respectivos continuar sendo as contidas nas propostas político-
componentes. pedagógicas das escolas, articuladas às orientações e
§ 1º Nas escolas que optarem por incluir Língua propostas curriculares dos sistemas, sem reduzir os seus
Estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga escala.
professor deverá ter licenciatura específica no componente
curricular. Art. 34 Os sistemas, as redes de ensino e os projetos
§ 2º Nos casos em que esses componentes curriculares político-pedagógicos das escolas devem expressar com clareza
sejam desenvolvidos por professores com licenciatura o que é esperado dos alunos em relação à sua aprendizagem.
específica (conforme Parecer CNE/CEB nº 2/2008), deve ser
assegurada a integração com os demais componentes Art. 35 Os resultados de aprendizagem dos alunos devem
trabalhados pelo professor de referência da turma. ser aliados à avaliação das escolas e de seus professores, tendo
AVALIAÇÃO: PARTE INTEGRANTE DO CURRÍCULO em conta os parâmetros de referência dos insumos básicos
necessários à educação de qualidade para todos nesta etapa da
Art. 32 A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos educação e respectivo custo aluno-qualidade inicial (CAQi),
professores e pela escola como parte integrante da proposta consideradas inclusive as suas modalidades e as formas
curricular e da implementação do currículo, é diferenciadas de atendimento como a Educação do Campo, a
redimensionadora da ação pedagógica e deve: Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar Quilombola e
I – assumir um caráter processual, formativo e as escolas de tempo integral.
participativo, ser contínua, cumulativa e diagnóstica, com Parágrafo único. A melhoria dos resultados de
vistas a: aprendizagem dos alunos e da qualidade da educação obriga:
a) Identificar potencialidades e dificuldades de I – os sistemas de ensino a incrementarem os dispositivos
aprendizagem e detectar problemas de ensino; da carreira e de condições de exercício e valorização do
b) Subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias e magistério e dos demais profissionais da educação e a

Conhecimentos Específicos 119


APOSTILAS OPÇÃO

oferecerem os recursos e apoios que demandam as escolas e populações, estão assegurados direitos específicos na
seus profissionais para melhorar a sua atuação; Constituição Federal que lhes permitem valorizar e preservar
II – as escolas a uma apreciação mais ampla das as suas culturas e reafirmar o seu pertencimento étnico.
oportunidades educativas por elas oferecidas aos educandos, § 1º As escolas indígenas, atendendo a normas e
reforçando a sua responsabilidade de propiciar renovadas ordenamentos jurídicos próprios e a Diretrizes Curriculares
oportunidades e incentivos aos que delas mais necessitem. Nacionais específicas, terão ensino intercultural e bilíngue,
com vistas à afirmação e à manutenção da diversidade étnica
A EDUCAÇÃO EM ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL e linguística, assegurarão a participação da comunidade no seu
modelo de edificação, organização e gestão, e deverão contar
Art. 36 Considera-se como de período integral a jornada com materiais didáticos produzidos de acordo com o contexto
escolar que se organiza em 7 (sete) horas diárias, no mínimo, cultural de cada povo (Parecer CNE/CEB nº 14/99 e Resolução
perfazendo uma carga horária anual de, pelo menos, 1.400 (mil CNE/CEB nº 3/99).
e quatrocentas) horas. § 2º O detalhamento da Educação Escolar Quilombola
Parágrafo único. As escolas e, solidariamente, os sistemas deverá ser definido pelo Conselho Nacional de Educação por
de ensino, conjugarão esforços objetivando o progressivo meio de Diretrizes Curriculares Nacionais específicas.
aumento da carga horária mínima diária e, consequentemente,
da carga horária anual, com vistas à maior qualificação do Art. 40 O atendimento escolar às populações do campo,
processo de ensino-aprendizagem, tendo como horizonte o povos indígenas e quilombolas requer respeito às suas
atendimento escolar em período integral. peculiares condições de vida e a utilização de pedagogias
condizentes com as suas formas próprias de produzir
Art. 37 A proposta educacional da escola de tempo integral conhecimentos, observadas as Diretrizes Curriculares
promoverá a ampliação de tempos, espaços e oportunidades Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº
educativas e o compartilhamento da tarefa de educar e cuidar 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010).
entre os profissionais da escola e de outras áreas, as famílias e § 1º As escolas das populações do campo, dos povos
outros atores sociais, sob a coordenação da escola e de seus indígenas e dos quilombolas, ao contar com a participação
professores, visando alcançar a melhoria da qualidade da ativa das comunidades locais nas decisões referentes ao
aprendizagem e da convivência social e diminuir as diferenças currículo, estarão ampliando as oportunidades de:
de acesso ao conhecimento e aos bens culturais, em especial I - reconhecimento de seus modos próprios de vida, suas
entre as populações socialmente mais vulneráveis. culturas, tradições e memórias coletivas, como fundamentais
§ 1º O currículo da escola de tempo integral, concebido para a constituição da identidade das crianças, adolescentes e
como um projeto educativo integrado, implica a ampliação da adultos;
jornada escolar diária mediante o desenvolvimento de II – valorização dos saberes e do papel dessas populações
atividades como o acompanhamento pedagógico, o reforço e o na produção de conhecimentos sobre o mundo, seu ambiente
aprofundamento da aprendizagem, a experimentação e a natural e cultural, assim como as práticas ambientalmente
pesquisa científica, a cultura e as artes, o esporte e o lazer, as sustentáveis que utilizam;
tecnologias da comunicação e informação, a afirmação da III – reafirmação do pertencimento étnico, no caso das
cultura dos direitos humanos, a preservação do meio comunidades quilombolas e dos povos indígenas, e do cultivo
ambiente, a promoção da saúde, entre outras, articuladas aos da língua materna na escola para estes últimos, como
componentes curriculares e às áreas de conhecimento, a elementos importantes de construção da identidade;
vivências e práticas socioculturais. IV – flexibilização, se necessário, do calendário escolar, das
§ 2º As atividades serão desenvolvidas dentro do espaço rotinas e atividades, tendo em conta as diferenças relativas às
escolar conforme a disponibilidade da escola, ou fora dele, em atividades econômicas e culturais, mantido o total de horas
espaços distintos da cidade ou do território em que está anuais obrigatórias no currículo;
situada a unidade escolar, mediante a utilização de V – superação das desigualdades sociais e escolares que
equipamentos sociais e culturais aí existentes e o afetam essas populações, tendo por garantia o direito à
estabelecimento de parcerias com órgãos ou entidades locais, educação;
sempre de acordo com o respectivo projeto político- § 2º Os projetos político-pedagógicos das escolas do
pedagógico. campo, indígenas e quilombolas devem contemplar a
§ 3º Ao restituir a condição de ambiente de aprendizagem diversidade nos seus aspectos sociais, culturais, políticos,
à comunidade e à cidade, a escola estará contribuindo para a econômicos, éticos e estéticos, de gênero, geração e etnia.
construção de redes sociais e de cidades educadoras. § 3º As escolas que atendem a essas populações deverão
§ 4º Os órgãos executivos e normativos da União e dos ser devidamente providas pelos sistemas de ensino de
sistemas estaduais e municipais de educação assegurarão que materiais didáticos e educacionais que subsidiem o trabalho
o atendimento dos alunos na escola de tempo integral possua com a diversidade, bem como de recursos que assegurem aos
infraestrutura adequada e pessoal qualificado, além do que, alunos o acesso a outros bens culturais e lhes permitam
esse atendimento terá caráter obrigatório e será passível de estreitar o contato com outros modos de vida e outras formas
avaliação em cada escola. de conhecimento.
§ 4º A participação das populações locais pode também
EDUCAÇÃO DO CAMPO, EDUCAÇÃO ESCOLAR subsidiar as redes escolares e os sistemas de ensino quanto à
INDÍGENA E EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA produção e à oferta de materiais escolares e no que diz
respeito a transporte e a equipamentos que atendam as
Art. 38 A Educação do Campo, tratada como educação rural características ambientais e socioculturais das comunidades e
na legislação brasileira, incorpora os espaços da floresta, da as necessidades locais e regionais.
pecuária, das minas e da agricultura e se estende, também, aos
espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas, EDUCAÇÃO ESPECIAL
conforme as Diretrizes para a Educação Básica do Campo.
Art. 41 O projeto político-pedagógico da escola e o
Art. 39 A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar regimento escolar, amparados na legislação vigente, deverão
Quilombola são, respectivamente, oferecidas em unidades contemplar a melhoria das condições de acesso e de
educacionais inscritas em suas terras e culturas e, para essas permanência dos alunos com deficiência, transtornos globais

Conhecimentos Específicos 120


APOSTILAS OPÇÃO

do desenvolvimento e altas habilidades nas classes comuns do quando necessário;


ensino regular, intensificando o processo de inclusão nas III – incentivar a oferta de Educação de Jovens e Adultos
escolas públicas e privadas e buscando a universalização do nos períodos diurno e noturno, com avaliação em processo.
atendimento.
Parágrafo único. Os recursos de acessibilidade são aqueles Art. 46 A oferta de cursos de Educação de Jovens e Adultos,
que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental, será presencial e a
com deficiência e mobilidade reduzida, por meio da utilização sua duração ficará a critério de cada sistema de ensino, nos
de materiais didáticos, dos espaços, mobiliários e termos do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, tal como remete o
equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução CNE/CEB nº
transportes e outros serviços. 3/2010. Nos anos finais, ou seja, do 6º ano ao 9º ano, os cursos
poderão ser presenciais ou a distância, devidamente
Art. 42 O atendimento educacional especializado aos credenciados, e terão 1.600 (mil e seiscentas) horas de
alunos da Educação Especial será promovido e expandido com duração.
o apoio dos órgãos competentes. Ele não substitui a Parágrafo único. Tendo em conta as situações, os perfis e
escolarização, mas contribui para ampliar o acesso ao as faixas etárias dos adolescentes, jovens e adultos, o projeto
currículo, ao proporcionar independência aos educandos para político-pedagógico da escola e o regimento escolar
a realização de tarefas e favorecer a sua autonomia. viabilizarão um modelo pedagógico próprio para essa
Parágrafo único. O atendimento educacional especializado modalidade de ensino que permita a apropriação e a
poderá ser oferecido no contra turno, em salas de recursos contextualização das Diretrizes Curriculares Nacionais,
multifuncionais na própria escola, em outra escola ou em assegurando:
centros especializados e será implementado por professores e I – a identificação e o reconhecimento das formas de
profissionais com formação especializada, de acordo com aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a valorização de
plano de atendimento aos alunos que identifique suas seus conhecimentos e experiências;
necessidades educacionais específicas, defina os recursos II – a distribuição dos componentes curriculares de modo
necessários e as atividades a serem desenvolvidas. a proporcionar um patamar igualitário de formação, bem
como a sua disposição adequada nos tempos e espaços
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS educativos, em face das necessidades específicas dos
estudantes.
Art. 43 Os sistemas de ensino assegurarão, gratuitamente,
aos jovens e adultos que não puderam efetuar os estudos na Art. 47 A inserção de Educação de Jovens e Adultos no
idade própria, oportunidades educacionais adequadas às suas Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, incluindo,
características, interesses, condições de vida e de trabalho além da avaliação do rendimento dos alunos, a aferição de
mediante cursos e exames, conforme estabelece o art. 37, § 1º, indicadores institucionais das redes públicas e privadas,
da Lei nº 9.394/96. concorrerá para a universalização e a melhoria da qualidade
do processo educativo.
Art. 44 A Educação de Jovens e Adultos, voltada para a
garantia de formação integral, da alfabetização às diferentes A IMPLEMENTAÇÃO DESTAS DIRETRIZES:
etapas da escolarização ao longo da vida, inclusive àqueles em COMPROMISSO SOLIDÁRIO DOS SISTEMAS E REDES DE
situação de privação de liberdade, é pautada pela inclusão e ENSINO
pela qualidade social e requer:
I – um processo de gestão e financiamento que lhe Art. 48 Tendo em vista a implementação destas Diretrizes,
assegure isonomia em relação ao Ensino Fundamental regular; cabe aos sistemas e às redes de ensino prover:
II – um modelo pedagógico próprio que permita a I – os recursos necessários à ampliação dos tempos e
apropriação e a contextualização das Diretrizes Curriculares espaços dedicados ao trabalho educativo nas escolas e a
Nacionais; distribuição de materiais didáticos e escolares adequados;
III – a implantação de um sistema de monitoramento e II – a formação continuada dos professores e demais
avaliação; profissionais da escola em estreita articulação com as
IV – uma política de formação permanente de seus instituições responsáveis pela formação inicial, dispensando
professores; especiais esforços quanto à formação dos docentes das
V – maior alocação de recursos para que seja ministrada modalidades específicas do Ensino Fundamental e àqueles que
por docentes licenciados. trabalham nas escolas do campo, indígenas e quilombolas;
III – a coordenação do processo de implementação do
Art. 45 A idade mínima para o ingresso nos cursos de currículo, evitando a fragmentação dos projetos educativos no
Educação de Jovens e Adultos e para a realização de exames de interior de uma mesma realidade educacional;
conclusão de EJA será de 15 (quinze) anos completos (Parecer IV – o acompanhamento e a avaliação dos programas e
CNE/CEB nº 6/2010 e Resolução CNE/CEB nº 3/2010). ações educativas nas respectivas redes e escolas e o
Parágrafo único. Considerada a prioridade de atendimento suprimento das necessidades detectadas.
à escolarização obrigatória, para que haja oferta capaz de
contemplar o pleno atendimento dos adolescentes, jovens e Art. 49 O Ministério da Educação, em articulação com os
adultos na faixa dos 15 (quinze) anos ou mais, com defasagem Estados, os Municípios e o Distrito Federal, deverá
idade/série, tanto na sequência do ensino regular, quanto em encaminhar ao Conselho Nacional de Educação, precedida
Educação de Jovens e Adultos, assim como nos cursos de consulta pública nacional, proposta de expectativas de
destinados à formação profissional, torna-se necessário: aprendizagem dos conhecimentos escolares que devem ser
I – fazer a chamada ampliada dos estudantes em todas as atingidas pelos alunos em diferentes estágios do Ensino
modalidades do Ensino Fundamental; Fundamental (art. 9º, § 3º, desta Resolução).
II – apoiar as redes e os sistemas de ensino a estabelecerem
Parágrafo único. Cabe, ainda, ao Ministério da Educação
política própria para o atendimento desses estudantes, que
elaborar orientações e oferecer outros subsídios para a
considere as suas potencialidades, necessidades, expectativas
implementação destas Diretrizes.
em relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo do trabalho,
inclusive com programas de aceleração da aprendizagem,

Conhecimentos Específicos 121


APOSTILAS OPÇÃO

Art. 50 A presente Resolução entrará em vigor na data RESOLUÇÃO CME nº 031, de 08 de dezembro de 2015.
de sua publicação, revogando- se as disposições em
contrário, especialmente a Resolução CNE/CEB nº 2, de 7 Diretrizes Gerais para organização e funcionamento do
de abril de 1998. ENSINO FUNDAMENTAL na Rede Municipal de Ensino de
Francisco Aparecido Cordão Caxias do Sul.
O Conselho Municipal de Educação do Município de Caxias
Questões do Sul, com fundamento no artigo 11, inciso III da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, da Lei 11.114, de 16 de maio de 2005; da
01. (SECC/PE – Professor I – UPENET/IAUPE) O
Lei nº 11.274/2006 e da Lei nº 13.796/2013, dando nova
currículo do Ensino Fundamental tem uma base nacional
redação a Lei 9394/96 , em seu artigo 6º; o Parecer CNE/CEB
comum e uma parte diversificada, constituindo um todo nº 07/2010 e Resolução CNE/CEB nº 04/2010; Parecer CNE
integrado e não podendo ser consideradas como dois nº 11/2010 e Resolução CNE nº 07//2010; Leis Municipais nºs
blocos distintos, conforme indicado na Resolução CNE/CEB 5.747 de 22 de novembro de 2001 e 6403 de 15 de agosto de
nº 7 de 14 de dezembro de 2010. Nesse sentido, quem 2005,
complementa a base nacional comum e quem complementa
a parte diversificada, respectivamente? R E S OL V E:
(A) Cada estabelecimento escolar e cada sistema de
ensino. Art. 1º A presente Resolução fixa Diretrizes Gerais para a
(B) Cada sistema de ensino e cada estabelecimento organização e funcionamento do Ensino Fundamental na Rede
escolar. Municipal de Ensino de Caxias do Sul, a serem observadas
(C) Cada prefeitura e cada estabelecimento escolar. pelas escolas que oferecem essa etapa da Educação Básica.
(D) Cada ministro da educação e cada estabelecimento Parágrafo único - As Diretrizes Gerais são o conjunto de
escolar. definições sobre Fundamentos, Princípios e Procedimentos
(E) Cada presidente da república do Brasil e cada que orientarão as Escolas da Rede Municipal de Ensino, na
sistema de ensino. organização, articulação, desenvolvimento e avaliação dos
processos nas áreas pedagógica e administrativa.
Fundamentos Legais
02. (Prefeitura de Suzano/SP – Diretor de Escola –
VUNESP) Ao fixar as Diretrizes Curriculares Nacionais para
Art. 2º O Ensino Fundamental é direito público subjetivo,
o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, por meio da sendo dever da família e do Estado a sua oferta pública,
Resolução CNE/CEB Nº 7/10, o Conselho Nacional de gratuita, de qualidade e sem requisito de seleção.
Educação deixa claro qual é seu entendimento sobre § 1º - As escolas devem considerar essa etapa da
currículo. Nesse sentido, o CNE afirma que o currículo do educação básica como aquela capaz de assegurar a todos o
Ensino Fundamental é constituído: acesso ao conhecimento e aos elementos da cultura
(A) pelas experiências escolares que se desdobram em imprescindíveis para o seu desenvolvimento pessoal e para a
torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais. vida em sociedade, assim como os benefícios de uma
(B) pelo conjunto das disciplinas e atividades formação comum, independentemente da grande diversidade
organizadas pelas escolas e desenvolvidas pelos da população escolar e das demandas sociais.
professores nos mais diversos anos § 2º - O direito à educação, enquanto um direito inalienável
(C) pelo conhecimento cientificamente elaborado a ser do ser humano deve proporcionar o desenvolvimento do
passado aos alunos na forma de conteúdo potencial humano e permitir o exercício dos direitos civis,
(D) pelo documento que propõe uma direção política e políticos, sociais e do direito à diferença, sendo ela mesma
pedagógica para o trabalho escolar, formulando metas, também um direito social, possibilitando a formação cidadã e
prevendo as ações, instituindo procedimentos e o usufruto dos bens sociais e culturais, ou seja, o Ensino
Fundamental deve comprometer-se com uma educação com
instrumentos de ação.
qualidade social, igualmente entendida como direito humano.
(E) pelo plano de ação da escola, que define o que
pretende realizar, o que pensa fazer, como fazer, quando
Art. 3º A educação de qualidade refere-se aos aspectos: de
fazer, com que e com quem fazer. relevância, em relação à promoção de aprendizagens
significativas do ponto de vista das exigências sociais e de
Respostas desenvolvimento pessoal; de pertinência, quanto à
01. B / 02. A possibilidade de atender às necessidades e às características
dos estudantes de diversos contextos sociais e culturais, com
diferentes capacidades e interesses; e de equidade, quanto à
Resolução CME n.º 31 de 8 importância de tratar de forma diferenciada o que se
de dezembro de 2015 – apresenta como desigual no ponto de partida, com vistas a
obter desenvolvimento e aprendizagens equiparáveis.
Diretrizes Gerais para Parágrafo Único - A equidade requer escolas em boas
Organização e Funcionamento condições para todos e a implementação de políticas
do Ensino Fundamental na reparadoras que assegurem maior apoio aos diferentes grupos
sociais em desvantagem.
Rede Municipal de Ensino de
Caxias do Sul. Art. 4º A educação escolar deve estar comprometida com
a igualdade do acesso de todos ao conhecimento, buscando
assegurar o ingresso, a permanência e o sucesso na escola, com
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL a consequente redução da evasão, da retenção e das distorções
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL de idade/ano, conforme o Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e
CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO Resolução CNE/CEB nº 4/2010.
CAXIAS DO SUL – RS

Conhecimentos Específicos 122


APOSTILAS OPÇÃO

Duração do Ensino Fundamental qualidade social, igualmente garantindo a participação da


comunidade escolar na sua elaboração.
Art. 5º O Ensino Fundamental, na Rede Municipal de § 6º - As etapas e modalidades da Educação Básica
Ensino de Caxias do Sul organiza-se com duração de nove anos, ofertados pela escola compõem-se de currículos e de planos de
abrange a população na faixa etária dos 6 (seis) aos 14 estudos específicos, respeitadas as normas próprias exaradas
(quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que, pelo Sistema Municipal de Ensino.
na idade própria, não tiveram condições de concluí-lo.
§ 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de Currículo do Ensino Fundamental
crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até o dia
31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da Art. 8º O currículo do Ensino Fundamental é constituído
Lei e das normas nacionais vigentes. pelas experiências escolares que se desdobram em torno do
§ 2º As crianças que completarem 6 (seis) anos após essa conhecimento e, permeadas pelas relações sociais, portanto,
data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (Pré- devem buscar a articulação das vivências e saberes dos
Escola). estudantes com os conhecimentos historicamente
acumulados, de forma a contribuir para construir as
Organização Curricular da Escola identidades dos estudantes.
§ 1º - As experiências escolares concretizadas por meio
Art. 6º A escola, com sua comunidade, tem autonomia para das ações educativas que envolvem os estudantes, abrangem
decidir a forma de organização curricular, dentre as previstas todos os aspectos do ambiente escolar, ou seja, tanto aquelas
na LDBEN e deverá organizá-la em Proposta Pedagógica que compõem a parte explícita do currículo, quanto as que
específica que será submetida à apreciação da mantenedora. contribuem, de forma implícita, para a aquisição de
§ 1º - As diferentes formas de organização curricular conhecimentos socialmente relevantes: valores, atitudes,
conforme refere o Art. 23 da Lei nº 9.394/96, são sensibilidade e orientações de conduta, os quais são
compreendidas como tempos e espaços interdependentes e veiculados não só pelos conhecimentos, mas por meio de
articulados entre si, ao longo dos nove anos de duração do rotinas, rituais, normas de convivência, festividades, pela
Ensino Fundamental. distribuição do tempo e organização do espaço educativo,
§ 2º - O Sistema Municipal de Ensino adota a organização pelos materiais utilizados na aprendizagem e pelo recreio,
em ciclo para os três primeiros anos do Ensino Fundamental, enfim, por todas as vivências proporcionadas pela escola.
abrangendo crianças de seis a oito anos de idade como o bloco § 2º - Os conhecimentos escolares são aqueles que as
destinado à alfabetização e ao letramento, não passível de diferentes instâncias que produzem orientações sobre o
interrupção. currículo, às escolas e os professores selecionam e
transformam, a fim de que possam ser ensinados e aprendidos,
Proposta Pedagógica e Regimento Escolar ao mesmo tempo em que servem de elementos para a
formação ética, política e estética do estudante.
Art. 7º As escolas integrantes do Sistema Municipal de § 3º - São norteadores das políticas educativas e das ações
Ensino deverão implementar sua Proposta Pedagógica e pedagógicas da escola os princípios constantes nas Diretrizes
adequar o respectivo Regimento Escolar, fundamentados no Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental:
contido na presente Resolução, por meio de processos I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia;
participativos relacionados à gestão democrática, sendo que de respeito à dignidade da pessoa e de compromisso com a
ambos os documentos devem ser organizados de acordo a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e
norma própria e orientações dos Órgãos Normativo e eliminar quaisquer manifestações de preconceito de origem,
Executivo do Sistema Municipal de Ensino. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
§ 1º - A Proposta Pedagógica da escola traduz a proposta discriminação.
educativa construída pela comunidade escolar no exercício de II – Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de
sua autonomia, com base nas características dos estudantes, cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime
nos profissionais e recursos disponíveis, tendo como democrático e dos recursos ambientais; da busca da equidade no
referência as orientações curriculares nacionais e as normas acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e
vigentes do Sistema Municipal de Ensino. outros benefícios; da exigência de diversidade de tratamento
§ 2º - A Proposta Pedagógica de cada escola deve articular- para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que
se a realidade da sua comunidade, de forma a valorizar a apresentam diferentes necessidades; da redução da pobreza e
cultura local, enquanto condição importante para que os das desigualdades sociais e regionais. III – Estéticos: do cultivo
estudantes possam se reconhecer como parte dessa cultura e da sensibilidade com o da racionalidade; do enriquecimento das
construir identidades afirmativas. formas de expressão e do exercício da criatividade; da
§ 3º - As Propostas Pedagógicas das escolas do campo, valorização das diferentes manifestações culturais,
indígenas e quilombolas devem contemplar a diversidade nos especialmente a da cultura brasileira; da construção de
seus aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos, identidades plurais e solidárias.
estéticos, de gênero, geração e etnia, respeitando às suas § 4º - De acordo com esses princípios e os artigos 22 e 32
peculiares condições de vida e pedagogias condizentes com as da LDBEN, o currículo do Ensino Fundamental visa
suas formas próprias de produzir conhecimentos. desenvolver o estudante, assegurar-lhe a formação comum
§ 4º - Na implementação da Proposta Pedagógica o cuidar indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe os
e o educar, indissociáveis funções da escola, resultarão em meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores,
ações integradas que buscam se articular, pedagogicamente, mediante os objetivos previstos para esta etapa da
no interior da própria escola, e também externamente, com os escolarização, a saber:
serviços de apoio por parte da mantenedora e com as políticas I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
de outras áreas, para assegurar a aprendizagem, o bem-estar e como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
o desenvolvimento do estudante em todas as suas dimensões. cálculo;
§ 5º - O Regimento Escolar deve assegurar as condições II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
institucionais adequadas para a execução da Proposta político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se
Pedagógica e a oferta de uma educação inclusiva e com fundamenta a sociedade;

Conhecimentos Específicos 123


APOSTILAS OPÇÃO

III – a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a sintonia dos interesses mais amplos de formação básica dos
formação de atitudes e valores como instrumentos para uma estudantes com a realidade local e as suas necessidades, as
visão crítica do mundo; características regionais da sociedade, da cultura e da
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de economia, que perpassa todo o currículo.
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se § 5º - Os conteúdos que compõem a Base Nacional Comum
assenta a vida social. e a Parte Diversificada têm origem nas disciplinas científicas,
no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na
§ 5º - Os objetivos da etapa do Ensino Fundamental devem cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades
convergir para os princípios mais amplos que norteiam a desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam
educação nacional, os quais estão em conformidade com o saberes como os que advêm das formas diversas de exercício
definido pela Constituição Federal, no seu artigo 3º, a saber: a da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, que experiência docente, do cotidiano e dos estudantes.
garanta o desenvolvimento nacional; que busque “erradicar a § 6º - Os conteúdos a que se refere o “§ 2º” § 5º são
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se
e regionais”; e que promova “o bem de todos, sem preconceitos articulam com as áreas de conhecimento, as quais favorecem a
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de comunicação entre diferentes conhecimentos sistematizados e
discriminação”. entre os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes
Art. 9º O currículo deve estar organizado de modo a curriculares, mas permitem que os referenciais próprios de
oportunizar aprendizagens significativas, valorizando a cada um sejam preservados. ( alterado pela Res. CME nº
empatia, a solidariedade, a cooperação, a humanização e o 33/2016)
exercício da cidadania e estar alicerçado em pressupostos
filosóficos e éticos, socioantropológicos, epistemológicos e Art. 12 As propostas curriculares do Ensino Fundamental
psicológicos/pedagógicos, considerados, sobretudo os devem contemplar a organização dos componentes
princípios éticos, políticos e estéticos. curriculares da Base Nacional Comum e sua Parte
Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental demanda uma Diversificada, observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais
proposta educativa coerente, articulada e integrada, de acordo para o Ensino Fundamental e o artigo 26 da LDBEN.
com os modos de ser e de se desenvolver das crianças e § 1º - O ensino da História do Brasil levará em conta as
adolescentes nos diferentes contextos sociais. contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
Base Nacional Comum e Parte Diversificada: africana e europeia. Há a obrigatoriedade da temática
Complementaridade “Educação das Relações Étnico-Raciais e da História e Cultura
Afro-Brasileira e Indígena”, nos conteúdos desenvolvidos no
Art. 11 As escolas devem garantir a igualdade de acesso âmbito de todo o currículo escolar, em todas as etapas e
aos estudantes à Base Nacional Comum e sua Parte modalidades da Educação Básica, em especial nos
Diversificada, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade componentes curriculares de Língua Portuguesa/Literatura,
da ação pedagógica na diversidade nacional articulando os Arte, História e Geografia, conforme dispõe a legislação
componentes curriculares obrigatórios do Ensino específica do Sistema Municipal de Ensino.
Fundamental que são assim organizados em relação às áreas § 2º - A Música constitui conteúdo obrigatório do
de conhecimento: componente curricular Arte, que articulado com as demais
I - Linguagens (Língua Portuguesa; Língua materna, para dimensões artísticas e estéticas, oportuniza aos estudantes o
populações indígenas; Língua de Sinais para a comunidade desenvolvimento das diferentes linguagens, o reconhecimento
surda; Arte em suas diferentes linguagens: artes visuais, de vários gêneros e formas de expressão, a apropriação das
dança, música e teatro; Educação Física e Língua Estrangeira contribuições histórico-culturais dos povos e, principalmente,
moderna, a partir do 6º ano); ( alterado pela Res. CME nº da diversidade cultural do Brasil.
33/2016) § 3º - A Educação Física, componente obrigatório do
II – Matemática; currículo do Ensino Fundamental, é facultativa ao estudante
III – Ciências da Natureza; apenas nas circunstâncias previstas no § 3º do art. 26 da
IV – Ciências Humanas (História e Geografia) e LDBEN e na legislação vigente, ou seja, quando cumpre
V - Ensino Religioso ( alterado pela Res. CME nº 33/2016) jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; tenha mais
§ 1º O Ensino Fundamental deve ser ministrado em Língua de trinta anos de idade; esteja prestando serviço militar inicial
Portuguesa, sendo que, respectivamente, para as comunidades ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da
indígenas e comunidade de pessoas surdas é assegurada Educação Física; esteja amparado pelo Decreto-Lei nº
também “a utilização de suas línguas maternas e processos 1.044/69 ou que tenha prole.
próprios de aprendizagem” e “a utilização de Língua Brasileira § 4º - O Ensino Religioso, não confessional, de matrícula
de Sinais – Libras”. ( alterado pela Res. CME nº 33/2016) facultativa ao estudante, é parte integrante da área das
§ 2º - Na Parte Diversificada do currículo, deve ser Ciências Humanas e constitui componente curricular dos
incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º ano, o ensino de, pelo horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental,
menos, uma Língua Estrangeira moderna, cuja escolha fica a assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa do
cargo da comunidade escolar e submetida às disponibilidades Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo. O objeto de
de recursos da Mantenedora. estudo é o conhecimento religioso e o princípio metodológico
§ 3º - Na Parte Diversificada que integra a Base Nacional é o diálogo, sendo este o orientador dos processos de
Comum e no uso de sua autonomia as escolas poderão observação, de análise, de apropriação e de ressignificação dos
organizar as atividades e/ou projetos no limite de percentual saberes. (alterado pela Res.CME nº 33/2016)
da carga horária conforme a legislação vigente, para melhor
concretizar sua proposta pedagógica, devendo submeter à Art. 13 Conforme o artigo 26 da LDBEN os componentes
deliberação da Mantenedora. curriculares e as áreas de conhecimento devem articular em
§ 4º - A Base Nacional Comum e a Parte Diversificada do seus conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos seus
currículo do Ensino Fundamental constituem um todo referenciais, à abordagem de temas abrangentes e
integrado e não podem ser consideradas como dois blocos contemporâneos que afetam a vida humana em escala global,
distintos, de modo que a articulação entre ambas possibilita a regional e local, bem como na esfera individual.

Conhecimentos Específicos 124


APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - A transversalidade constitui uma das maneiras de I - ampliar as oportunidades de reconhecimento de seus


trabalhar os componentes curriculares, as áreas de modos próprios de vida, suas culturas, tradições e memórias
conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva coletivas, como fundamentais para a constituição da
integrada, conforme a Resolução CNE/CEB nº 4/2010. identidade das crianças, adolescentes e adultos;
§ 2º - Os temas como saúde, sexualidade e gênero, vida II - valorizar os saberes e o papel dessas populações na
familiar e social, assim como os direitos das crianças e produção de conhecimentos sobre o mundo, seu ambiente
adolescentes, preservação do meio ambiente, nos termos da natural e cultural, assim como as práticas ambientalmente
política nacional de educação ambiental, educação para o sustentáveis que utilizam;
consumo, ciência e tecnologia, educação fiscal, trabalho e III- flexibilizar, se necessário, o calendário escolar, das
diversidade cultural devem permear o desenvolvimento dos rotinas e atividades, tendo em conta as diferenças relativas às
conteúdos da Base Nacional Comum e da Parte Diversificada atividades econômicas e culturais, mantido o total de horas
do currículo. anuais obrigatórias no currículo;
§ 3º - Os temas relativos à condição e aos direitos dos IV - superar as desigualdades sociais e escolares que
idosos e à educação para o trânsito devem ser incluídos no afetam as comunidades rurais, tendo por garantia o direito à
currículo conforme Leis específicas que determinam e educação, por meio da organização e efetivação de projetos
orientam tal inclusão. pedagógicos que contemplem a diversidade nos seus aspectos
§ 4º - A exibição de filmes de produção nacional integra a sociais, culturais, políticos, econômicos, estéticos e de gênero.
Proposta Pedagógica da escola, sendo obrigatória por, no
mínimo, 2 (duas) horas mensais, conforme § 8º, do Art. 26 da Educação Escolar Indígena e Educação Escolar
LDBEN. Deve a escola se organizar com recursos físicos e Quilombola
humanos, equipamentos, títulos nacionais originais e
adequados a Proposta Pedagógica, aos projetos educacionais Art. 15 A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar
da escola e ao público de estudantes e respectiva faixa etária, Quilombola são, respectivamente, oferecidas em escolas
podendo envolver todos os segmentos da comunidade escolar, inscritas em suas terras e culturas e para essas populações
a fim de buscar as condições para que seja implementada esta estão assegurados direitos específicos na Constituição Federal,
ação na escola ou no seu território. que lhes permitem valorizar e preservar suas culturas e
§ 5º - O § 7º, do Art. 26 da LDBEN, trata da inclusão no reafirmar o seu pertencimento étnico.
currículo do Ensino Fundamental dos princípios da Proteção e § 1º - As Propostas Pedagógicas das escolas que atendem
Defesa Civil e a Educação Ambiental de forma integrada aos estudantes dessas populações devem prever a utilização de
conteúdos obrigatórios. pedagogias condizentes com as suas formas de produzir
§ 6º - A Educação em Direitos Humanos devem ser conhecimentos, envolvendo, para tanto, a participação ativa
abordados ao longo do desenvolvimento dos componentes dessas populações nas decisões referente à organização e
curriculares com os quais guardam intensa ou relativa relação efetivação do currículo escolar.
temática, ressaltando os valores de tolerância, respeito, § 2º - As escolas indígenas tem ensino intercultural e
solidariedade, fraternidade, justiça social, inclusão, bilíngue, com vistas à afirmação e manutenção da diversidade
pluralidade e sustentabilidade, a fim de formar crianças, étnica e linguística.
jovens e adultos para participar ativamente da vida § 3º - A Educação Escolar Quilombola deve observar o
democrática e exercitar seus direitos e responsabilidades na detalhamento das Diretrizes Curriculares Nacionais
sociedade, também respeitando e promovendo os direitos das específicas
demais pessoas. As práticas que promovem os Direitos
Humanos deverão estar presentes na Proposta Pedagógica, na Estudantes Estrangeiros
organização curricular, no modelo de gestão e avaliação, na
produção de materiais didático-pedagógicos e na formação Art. 16 Com base na legislação do Sistema Municipal de
inicial e continuada dos profissionais da educação. Ensino que trata do atendimento de estudantes estrangeiros,
§ 7º - A perspectiva multicultural no currículo leva ao deve a escola proceder à matrícula destes estudantes somente
reconhecimento da riqueza das produções culturais e à para os que se encontram na etapa do Ensino Fundamental ou,
valorização das realizações de indivíduos e grupos sociais e que atendem aos critérios para matrícula na modalidade da
possibilita a construção de uma autoimagem positiva a muitos Educação de Jovens e Adultos, sem qualquer discriminação,
estudantes que vêm se defrontando constantemente com as observando, no que couber, as mesmas normas regimentais
condições de fracasso escolar, Além de evidenciar as relações que disciplinam a matrícula de alunos brasileiros.
de interdependência e de poder na sociedade e entre as Parágrafo Único - A escola deve reclassificar os
sociedades e culturas, a perspectiva multicultural tem o estudantes, mediante os procedimentos descritos no
potencial de conduzir a uma profunda transformação do Regimento Escolar, sendo que a realização da tradução das
currículo. avaliações para reclassificação e o apoio no atendimento de
§ 8º - Ao Órgão Executivo do Sistema Municipal de Ensino estudantes estrangeiros que ainda não possuem o domínio da
compete à indicação, orientação e disseminação de materiais Língua Portuguesa são responsabilidade da Mantenedora.
subsidiários ao trabalho docente, com o objetivo de contribuir
para a eliminação de discriminações, racismos e preconceitos, Estudantes em Situação de Itinerância
e conduzir à adoção de comportamentos responsáveis e
solidários em relação aos outros e ao meio ambiente. Art. 17 O atendimento de crianças, adolescentes e jovens
em situação de itinerância, como os ciganos, indígenas, povos
Escolas do Campo nômades, trabalhadores itinerantes, acampados, artistas,
demais trabalhadores em circos, parques de diversão e teatro
Art. 14 O currículo escolar das escolas do campo requer mambembe ( grupos teatrais/circenses itinerantes que
respeito às suas peculiares e a utilização de pedagogias apresentam espetáculos popularescos sem recursos
condizentes com as suas formas de produzir conhecimentos, tecnológicos), que se autorreconheçam como tal ou sejam
observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a assim declarados pelo seu responsável legal, que, por motivos
Educação Básica. Por isso, as decisões sobre currículo devem culturais, políticos, econômicos, de saúde, dentre outros, se
envolver a participação ativa das comunidades locais, de encontram nessa condição, deve a escola estabelecer diálogo
forma a: com estes coletivos sociais e decidir conjuntamente

Conhecimentos Específicos 125


APOSTILAS OPÇÃO

estratégias para o melhor atendimento dos seus filhos, tendo Educação Integral em Escola de Tempo Integral
em vista que o direito a educação de estudantes em situação
de itinerância deve ser garantido, de forma a: Art. 20 A efetivação do currículo da educação integral em
I - informar a sua presença aos Conselhos Tutelares, os escola de tempo integral, por, no mínimo, 7 horas diárias e
quais devem acompanhar a vida das crianças e adolescentes turno único, é concebido como um projeto educativo
em situação de itinerância no que se refere ao respeito, à integrado, efetivado por meio de atividades como as de
proteção e à promoção dos seus direitos sociais, sobretudo ao experimentação e pesquisa científica, cultura e artes, esporte e
direito humano à educação. lazer, tecnologias da comunicação e informação, afirmação da
II - assegurar ao estudante itinerante matrícula, com cultura dos direitos humanos, preservação do meio ambiente
permanência e conclusão de estudos (se for o caso), na e uso racional dos recursos não renováveis, acompanhamento
Educação Básica, respeitando suas necessidades particulares. e apoio pedagógico, aprofundamento da aprendizagem,
Caso a família e/ou responsável pelo estudante não disponha, promoção da saúde, entre outras, articuladas aos
no ato da matrícula, de histórico escolar da escola de origem componentes curriculares e áreas do conhecimento, bem
ou do memorial e/ou Parecer Descritivo, a criança, como as vivências e práticas socioculturais, desenvolvidas
adolescente ou jovem deverá ser inserido no grupamento dentro do espaço escolar ou fora dele, em espaços distintos da
correspondente aos seus pares de idade. Para tal, a escola cidade ou do território em que está situada a escola, mediante
deverá desenvolver estratégias pedagógicas adequadas às a utilização de equipamentos sociais e culturais aí existentes e
suas necessidades de aprendizagem; o estabelecimento de parcerias com órgãos ou entidades
III - proteger o estudante itinerante contra qualquer forma locais. Ao restituir a condição de ambiente de aprendizagem à
de discriminação que coloque em risco a garantia dos seus comunidade e à cidade, a escola contribuirá para a construção
direitos fundamentais; de redes sociais na perspectiva de uma cidade educadora.
IIV - garantir documentação de matrícula e avaliação Parágrafo Único - A oferta da Educação Integral em Escola
periódica mediante expedição imediata de memorial e/ou de Tempo Integral na Rede Municipal de Ensino de Caxias do
Parecer Descritivo das crianças, adolescentes e jovens em Sul deve atender as normas específicas vigentes, exaradas por
situação de itinerância. este Conselho Municipal de Educação.

Educação Especial Planos de Estudo e Planos de Trabalho dos


Professores
Art. 18 A Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, constitui uma modalidade de ensino que permeia Art. 21 Os Planos de Estudo, documento complementar da
todas as etapas e modalidades da educação escolar, e realiza o Proposta Pedagógica e do Regimento Escolar, expressam a
Atendimento Educacional Especializado (AEE), por meio de organização, integração e dinamização do currículo escolar e
um conjunto de serviços, recursos e estratégias específicas que contemplam os direitos e objetivos de aprendizagem a serem
favoreçam o processo de escolarização dos seus estudantes desenvolvidas com os estudantes, bem como a indicação da
nas turmas comuns do ensino regular. progressão esperada em cada ano letivo, buscando articular
Parágrafo Único - O atendimento e a organização do saberes e experiências com os conhecimentos formais
currículo para os estudantes considerados público da sistematizados que fazem parte dos patrimônios: cultural,
Educação Especial considerará as situações singulares, os artístico, ambiental, científico e tecnológico.
perfis, as características biopsicossociais, as faixas etárias e se § 1º - Os Planos de Estudo são organizados por áreas de
pautará em princípios éticos, políticos, estéticos e legais dos conhecimento nos anos iniciais do Ensino Fundamental e, por
direitos humanos, conforme dispõem as normas específicas do áreas de conhecimento e componentes curriculares que as
Sistema Municipal de Ensino. constituem nos anos finais do Ensino Fundamental, sendo
revisados anualmente para a realização das devidas
Educação de Jovens e Adultos (EJA) adequações segundo a Proposta Pedagógica, as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental e a Base
Art. 19 A modalidade da Educação de Jovens e Adultos Nacional Comum, devendo ser aprovados pela Mantenedora
(EJA) nas escolas da Rede Municipal de Ensino constitui-se em para serem efetivados no ano letivo seguinte.
oferta de educação regular, destinada àqueles que não tiveram § 2º - Cada escola poderá ter múltiplos planos de estudo
acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental na relativamente a cada etapa de ensino ou, na mesma etapa de
idade própria, por meio de oportunidades educacionais ensino em se tratando de tempos diferenciados, bem como
adequadas às suas características, interesses, condições de para cada modalidade.
vida e de trabalho. § 3º - Os Planos de Estudo servem de base para a
§ 1º - Para a organização do currículo da EJA a escola deve elaboração dos Planos de Trabalho dos professores.
observar as Diretrizes Curriculares Nacionais vigentes e as
normas específicas do Sistema Municipal de Ensino que tratam Art. 22 A mantenedora e as escolas buscarão adequadas
dessa modalidade, atendendo aos princípios da flexibilização, condições de trabalho aos professores e o provimento de
do processo de aprendizagem centrado nos estudantes e no insumos, de acordo com os padrões mínimos de qualidade
reconhecimento de que a construção do conhecimento ocorre referidos no inciso IX do art. 4º da Lei nº 9.394/96 e em
de maneira diferenciada em cada indivíduo. normas específicas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
§ 2º - A oferta da EJA na etapa do Ensino Fundamental Educação, com vistas à criação de um ambiente propício à
depende da demanda anual de estudantes em número aprendizagem, com base:
suficiente para o Poder Público dispor de toda a infraestrutura I - no trabalho compartilhado e no compromisso individual
necessária, sendo sua oferta disciplinada em Regimento e coletivo dos professores e demais profissionais da escola
Escolar individualizado, adotando o Regimento Padrão da com a aprendizagem dos alunos;
Mantenedora na implantação da oferta e, após, podendo a II - no atendimento às necessidades específicas de
escola elaborar o Regimento aprendizagem de cada um mediante abordagens apropriadas;
Individualizado próprio. III - na utilização dos recursos disponíveis na escola e nos
espaços sociais e culturais do entorno;
IV - na contextualização dos conteúdos, assegurando que a
maprendizagem seja relevante e socialmente significativa;

Conhecimentos Específicos 126


APOSTILAS OPÇÃO

V - no cultivo do diálogo e de relações de parceria com as Princípios Metodológicos


famílias.
Parágrafo Único - Cabe aos professores equilibrar a Art. 24 Os princípios metodológicos devem permitir um
ênfase no reconhecimento e valorização da experiência do diálogo permanente e autêntico no processo de
estudante e da cultura que contribui para construir reconhecimento do mundo e dos sujeitos, pressupondo um
identidades afirmativas, bem como a necessidade de lhes constante movimento de ação-reflexão-ação, a partir da
fornecer instrumentos mais complexos de análise da realidade realidade do estudante.
que possibilitem o acesso a níveis universais de explicação dos § 1º - Os princípios metodológicos devem estar
fenômenos, propiciando-lhes os meios para transitar entre a relacionados de forma clara, permitindo o movimento do
sua e outras realidades e culturas e participar de diferentes currículo na perspectiva da inter e da transdisciplinaridade,
esferas da vida social, econômica e política. facilitando a significação das aprendizagens e a educação
integral dos sujeitos:
Art. 23 A escola deve organizar um currículo integrado por § 2º - A proposta metodológica da escola deve permitir e
meio de eixos articuladores ou projetos interdisciplinares, facilitar a concretização dos objetivos previstos para a etapa
com base em temas geradores formulados a partir de questões da escolarização e o caráter diagnóstico e processual da
da comunidade e articulados às áreas do conhecimento e aos avaliação, bem como avanços na prática dos professores:
componentes curriculares. § 3º - A opção metodológica da instituição deve facilitar a
§ 1º – Cabe a Mantenedora orientar as escolas e prever as compreensão e articulação dos saberes e dos fenômenos, e o
condições necessárias aos professores para que possam papel das áreas do conhecimento na compreensão da
avançar com ações pedagógicas que permitam trabalhar as totalidade do conhecimento.
questões cognitivas e as questões culturais numa perspectiva § 4º - Os professores levarão em conta a diversidade
transversal, ou projetos de trabalho propostos pela escola ou sociocultural dos estudantes, as desigualdades de acesso ao
pela comunidade. consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses e
§ 2º - Os recursos midiáticos são, também, instrumentos necessidades apresentadas pelos mesmos, desenvolvendo
relevantes no processo de aprendizagem, o que pode favorecer metodologias e estratégias variadas que melhor respondam às
o diálogo e a comunicação entre professores e estudantes. É diferenças de aprendizagem entre os estudantes e às suas
necessário que os professores disponham de formação demandas.
adequada e permanente, dando atenção especial para o uso § 5º - Na abordagem das atividades pedagógicas, é
das tecnologias da informação e comunicação e que seja importante a presença do lúdico, propiciando ao estudante
assegurada a provisão de recursos midiáticos atualizados e em condições de desenvolver a capacidade de aprender, com
número suficiente para todos os estudantes de modo a prazer e gosto, tornando suas atividades desafiadoras e
contribuir para a emancipação digital. atraentes.
§ 3º - Cabe a Coordenação Pedagógica da escola e aos § 6º - A criação de um ambiente propício à aprendizagem
professores a superação do caráter fragmentário das áreas e tem como base o trabalho compartilhado e o compromisso dos
integrar o currículo de forma a tornar os conhecimentos professores e dos demais profissionais com a aprendizagem
abordados mais significativos para os estudantes e favorecer a dos estudantes; o atendimento às necessidades específicas de
participação ativa dos mesmos, por meio de suas habilidades, aprendizagem de cada um mediante formas de abordagem
das experiências de vida e dos interesses. apropriadas; a utilização dos recursos disponíveis na escola e
§ 4º - Na organização dos planos de trabalho, de nos espaços sociais e culturais do entorno; a contextualização
competência dos professores devem considerar a pertinência dos conteúdos, proporcionando aprendizagem relevante e
do que é abordado em face da diversidade dos estudantes, socialmente significativa; e o cultivo do diálogo e de relações
buscando a contextualização dos conteúdos e o seu tratamento de parceria com as famílias.
flexível, ou seja, o conhecimento deve ser contextualizado,
permitindo que os estudantes estabeleçam relações com suas Calendário Escolar e Carga Horária
experiências.
§ 5º - Poderão surgir questões aos professores que Art. 25 O calendário escolar, construído com a
envolvem as crianças e os adolescentes, e que tem relação com participação da comunidade escolar, deve ser submetido à
sua aprendizagem, como: o abuso e à exploração sexual, a aprovação do Conselho Escolar e encaminhado à mantenedora
violência doméstica, a formas de trabalho não condizentes para homologação.
com a idade, à falta de cuidados essenciais com a saúde, a § 1º - A escola deve cumprir, ao final do ano letivo, um
situação de itinerância dos estudantes, entre outros aspectos, mínimo de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas por um
mas que extrapolam o âmbito das atividades escolares que, mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar.
para tanto, deve à escola manter-se articulada com o Conselho § 2º - Nos anos finais do Ensino Fundamental e no ensino
Tutelar, com os serviços da Rede Socioassistencial e com noturno, as horas letivas podem ser organizadas em horas-
instituições de outras áreas capazes de oferecer cuidados e os aula, com duração mínima de 50 minutos, no diurno, e, 45
serviços de proteção social a que esses estudantes têm direito. minutos, no noturno, desde que cumpridas, ao final do ano
§ 6º - Para o estabelecimento de um ambiente favorável ao letivo, um mínimo de 800 horas relógio.
ensino e a aprendizagem, bem como para a boa convivência na § 3º - Durante o ano letivo a escola administra a
escola é necessário um trabalho entre as instituições, as distribuição da carga horária semanal, observada a matriz
famílias e toda a sociedade no sentido de valorizar a escola e curricular e Planos de Estudo aprovados pela Mantenedora,
os professores, bem como é necessária à articulação da escola sendo que ao final do ano letivo, o que a escola precisa
com a família e os estudantes no estabelecimento das normas resguardar é o cumprimento de dias letivos e de carga horária
de convivência na escola, construídas com a participação ativa total anual, em cada turma de estudantes, que resulta da soma
de toda a comunidade escolar, conforme prevê a legislação das aulas dadas nas áreas do conhecimento ou respectivos
educacional vigente e o Estatuto da Criança e do Adolescente componentes curriculares independente do número de horas
(Lei nº 8.069/90). em cada área ou componente, de forma a assegurar o
cumprimento de, no mínimo, 800 horas ou do que determina
a sua matriz curricular, caso seja superior a esse número.

Conhecimentos Específicos 127


APOSTILAS OPÇÃO

Trajetória Escolar dos Estudantes Art. 29 Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os
componentes curriculares ministrados por professores
Art. 26 Os Órgãos Normativo e Executivo do Sistema específicos (Educação Física, Arte, Tecnomídia ou outros) deve
Municipal de Ensino, as escolas e os professores, com o apoio ser assegurada à integração com os demais componentes
das famílias e da comunidade, devem unir esforços, buscando trabalhados pelo professor de referência da turma.
assegurar o progresso contínuo dos estudantes no que se Avaliação e Conselho de Classe
refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de
aprendizagens significativas, lançando mão de todos os Art. 30 A avaliação do desempenho escolar do estudante
recursos disponíveis e criando renovadas oportunidades para deve assumir um caráter processual, formativo e participativo
evitar que a trajetória escolar de cada estudante seja retardada e ser contínua, cumulativa e diagnóstica, com prevalência dos
ou indevidamente interrompida. aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados
§ 1º - As Instituições citadas no caput do artigo devem ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.
adotar as providências necessárias para que a
operacionalização do princípio da continuidade não seja Art. 31 A avaliação dos estudantes, a ser realizada pelos
traduzida como “promoção automática” de estudantes de um professores e pela escola como parte integrante da proposta
ano para o outro, e para que o combate à repetência não se curricular e da implementação do currículo, é
transforme em descompromisso com o ensino e a redimensionadora da ação pedagógica e deve:
aprendizagem. a) identificar potencialidades e dificuldades de
§ 2º - A organização do trabalho pedagógico incluirá a aprendizagem e detectar problemas de ensino;
mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares, a b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias e
diversidade nos agrupamentos de estudantes, as diversas abordagens de acordo com as necessidades dos estudantes,
linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os variados criar condições de intervir de modo imediato e a mais longo
suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio, prazo para sanar dificuldades e redirecionar o trabalho
as atitudes investigativas, as abordagens complementares e as docente;
atividades de reforço, a articulação entre a escola e a c) manter a família informada sobre o desempenho dos
comunidade, e o acesso aos espaços de expressão cultural. estudantes;
d) reconhecer o direito do estudante e da família de
Art. 27 A articulação das etapas da educação básica auxilia discutir os resulta-dos de avaliação, inclusive em instâncias
na promoção de um percurso contínuo de aprendizagens dos superiores à escola, revendo procedimentos sempre que as
estudantes, especialmente do Ensino Fundamental com a reivindicações forem procedentes.
Educação Infantil e no interior do Ensino Fundamental, na § 1º - A escola, com base em sua Proposta Pedagógica e nos
passagem dos anos iniciais para os anos finais, que para tanto objetivos constantes nos Planos de Estudo deve observar os
é necessário: indicadores mínimos em cada ano e formas adequadas e
I - reconhecer que os estudantes já aprenderam antes da significativas para expressar os progressos e necessidades, em
sua entrada no Ensino Fundamental, recuperando o caráter termos de aprendizagem e de desenvolvimento do estudante
lúdico do ensino que contribuirá para melhor qualificar a ação frente ao processo de ensino e aprendizagem, utilizando vários
pedagógica junto às crianças nos anos iniciais; instrumentos e procedimentos, tais como a observação, o
II – coordenar as demandas específicas feitas pelos registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e
diferentes professores aos estudantes que iniciam os anos coletivos, os portfólios, exercícios, provas, questionários,
finais do Ensino Fundamental, a fim de que possam melhor dentre outros, tendo em conta a sua adequação à faixa etária e
organizar as suas atividades diante das solicitações muito às características de desenvolvimento do estudante.
diversas que recebem. § 2º - A avaliação está intimamente relacionada às
concepções do coletivo e reflete os princípios metodológicos e
Art. 28 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental são dos recortes feitos no currículo a ser desenvolvido, o que deve
considerados como um ciclo sequencial não passível de levar o grupo a ter clareza de suas responsabilidades com a
interrupção, voltado para ampliar a todos os estudantes as comunidade, bem como de manter a unidade de trabalho por
oportunidades de sistematização e aprofundamento das meio do alinhamento conceitual, procedimental e atitudinal,
aprendizagens básicas, imprescindíveis para o de forma que esta unidade seja representada, tanto em
prosseguimento dos estudos e, portanto, devem assegurar: propostas, quanto nos instrumentos e na forma da expressão
I - a alfabetização e o letramento; dos resultados.
II - o desenvolvimento das diversas formas de expressão, § 3º - Independente da forma da expressão dos resultados
incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a adotados pela escola, para os estudantes que não atingiram os
Música e demais artes, a Educação Física, assim como o indicadores mínimos definidos para o período, a mesma
aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da deverá valer-se, também, de síntese avaliativa destes
Geografia; estudantes, para apresentar as habilidades, os conceitos, os
III - a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a direitos e os objetivos de aprendizagem já alcançados, os que
complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que ainda precisam ser introduzidos, aprofundados e/ou
a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um consolidados, sempre tendo presente os indicadores e
todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o objetivos eleitos como prioritários para o ano/turma,
segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. portanto, na síntese avaliativa também devem ser explicitados
Parágrafo Único - Considerando as características de os principais objetivos a serem trabalhados no
desenvolvimento dos estudantes, cabe aos professores adotar período/trimestre seguinte, como forma de contribuir com o
formas de trabalho que proporcionem maior mobilidade das estudante, com sua família e para fundamentar o plano de
crianças nas salas de aula e as levem a explorar mais trabalho do período subsequente, objetivando a aprendizagem
intensamente as diversas linguagens artísticas, a começar pela de cada um.
literatura, a utilizar materiais que ofereçam oportunidades de § 4º - Para atender a um currículo flexibilizado deve haver
raciocinar, manuseando-os e explorando as suas igualmente instrumentos de avaliação flexibilizados,
características e propriedades. atendendo as necessidades e o ritmo dos estudantes em suas
singularidades, bem como para manter a coerência entre os
diferentes momentos planejados, os quais constam da

Conhecimentos Específicos 128


APOSTILAS OPÇÃO

proposta de trabalho do professor. A avaliação deve estar trabalho, sem prejuízo de outras estratégias para a garantia da
associada ao modo pelo qual a escola pensa e concretiza o aprendizagem.
currículo e as metodologias e ao modo como o organiza, § 3º - Para os estudantes que aprovam do 5º para o 6º ano
observando a flexibilidade que a Lei estabelece, com vistas à do Ensino Fundamental com estudos de progressão estes são
progressão escolar com aprendizagem. atendidos pelos professores do 6º ano em consonância com o
§ 5º - Os procedimentos de avaliação adotados pelos plano de trabalho dos estudos de progressão do 5 º ano,
professores e pela escola serão articulados às avaliações definido pelo professor.
realizadas em nível nacional ou outras criadas com o objetivo § 4º - Para os estudantes dos anos finais do Ensino
de subsidiar os sistemas de ensino e as escolas nos esforços de Fundamental, do 6º ao 8 º ano, são proporcionados estudos de
melhoria da qualidade da educação e da aprendizagem dos progressão em, até, dois componentes curriculares, ofertados
estudantes. A análise do rendimento dos estudantes com base semanalmente, além da carga horária mínima anual.
nos indicadores produzidos por essas avaliações deve auxiliar § 5º - O professor referência da turma ou do componente
os sistemas de ensino e a comunidade escolar a curricular é responsável pela elaboração do plano de trabalho
redimensionarem as práticas educativas com vistas ao alcance individualizado do estudante indicado para os estudos de
de níveis mais elevados de aprendizagem. progressão, a ser efetivado no ano letivo seguinte, no qual
§ 6º - O conselho de classe participativo, conforme devem constar os indicadores mínimos de aprendizagem não
disciplinado no Regimento Escolar de cada Escola, constitui-se consolidados, contendo as habilidades, competências e
no fórum legítimo de discussão das dificuldades encontradas conceitos considerados fundamentais para a continuidade da
no processo de ensino e aprendizagem e de gestão, visando a trajetória escolar do estudante.
tomada de decisões sobre o progresso dos estudantes e o § 6º - Ao término do período, descrito no caput deste
estabelecimento de estratégias comuns para superá-las e, artigo, destinado aos estudos de progressão caso o estudante
portanto, deve envolver todos os sujeitos do processo de ainda não tenha consolidadas as aprendizagens fundamentais
ensino e aprendizagem, possibilitando que todos sejam para a continuidade da trajetória escolar este terá
ouvidos e suas opiniões consideradas, como forma de intensificado os estudos de recuperação, sendo que, ao final do
democratização e qualificação das ações pedagógicas, que ano, nos casos em que ainda assim os indicadores mínimos de
devem ser assumidas coletivamente. aprendizagem não foram consolidados, serão discutidos em
§ 7º - Todos os segmentos da escola precisam ser conselho de classe, tendo sua situação definida pelo coletivo
avaliados: estudantes, professores, equipe diretiva, serviços de professores.
de apoio e funcionários, com o objetivo de discutir as
dificuldades encontradas na gestão, no processo de ensino e Estudos de Recuperação
aprendizagem e nos serviços, estabelecendo metas e
estratégias para superá-las, atendendo as reais necessidades Art. 33 Para os estudantes que não consolidaram os
dos diferentes segmentos. objetivos de aprendizagem previstos para o ano letivo e em
cada período a escola, obrigatoriamente, deve proporcionar
Estudos de Progressão estudos de recuperação, preferencialmente paralelos ao
período letivo, assegurando tempos e espaços diversos para
Art. 32 Para os estudantes que ao final do ano letivo não que os estudantes aprofundem e consolidem os objetivos e
consolidaram os indicadores mínimos de aprendizagem indicadores de aprendizagens diagnosticadas no processo de
estabelecidos para a sequência curricular a escola ensino-aprendizagem.
proporciona, paralelamente ao primeiro semestre do ano § 1º - Os estudos de recuperação poderão ser realizados de
letivo seguinte, estudos de progressão correspondentes ao ano forma individual ou coletiva, devendo ser planejados para o
anterior. atendimento das reais necessidades dos estudantes e a
§ 1º - Entende-se por Estudos de Progressão a oferta de garantia dos direitos de aprendizagem, sendo que os
estudos ao estudante que progrediu apresentando defasagem progressos devem refletir-se na expressão dos resultados. Da
de aprendizagens previstas nos indicadores mínimos totalidade dos estudos de recuperação devem decorrer os
indispensáveis para sequência da trajetória escolar, respectivos registros nos documentos escolares, que
necessitando, por isso, de mais oportunidades de comprovam o compromisso da escola com o processo de
aprendizagens, viabilizadas por meio de procedimentos ensino e aprendizagem dos seus estudantes.
pedagógicos – intervenções, tempos, estratégias, metodologias § 2º - Ficam revogados, no ano letivo de 2016, os textos
- que lhe permita consolidar habilidades, conceitos e constantes nos Regimentos Escolares que tratam da oferta de
indicadores de aprendizagem previstos para o ano/turma, recuperação entre períodos aos estudantes do 9º ano do
assim organizados: Ensino Fundamental, devendo as escolas considerar tal
I - Os estudos de progressão para os estudantes do 2º ao 5º revogação na efetivação das ações pedagógicas e
ano do Ensino administrativas.
Fundamental referem-se ao plano de intervenção de Controle da Frequência
aprendizagem para aqueles que não consolidaram os objetivos
e indicadores mínimos previstos no ano anterior e, por isso, é Art. 34 O controle da frequência do estudante às
indicado o plano específico de estudos de progressão a ser atividades escolares fica a cargo da escola, sendo exigida a
efetivado no ano letivo seguinte. ( alterado pela Res. CME nº frequência mínima de 75% do total de horas letivas para
33/2016) aprovação.
II - Os estudos de progressão do 6º ao 8º ano do Ensino § 1º - O cômputo da frequência do estudante será feito
Fundamental destinam-se aos estudantes que não considerando o total de horas-aulas do ano letivo,
consolidaram as aprendizagens consideradas fundamentais e considerando todas as áreas de conhecimento e/ou
indispensáveis para o ano cursado, sendo por isso indicado um respectivos componentes curriculares.
plano específico para tais necessidades. § 2º - Quando existe a infrequência do estudante a Escola
§ 2º - Para os estudantes dos anos iniciais do Ensino entra em contato com os responsáveis para procurar saber o
Fundamental, do 2º ao 5 º ano, são proporcionados estudos motivo e, conforme o caso encaminha a Ficha FICAI, conforme
semanais de progressão, dentro da carga horária mínima procedimentos da legislação vigente, especialmente do Termo
anual, pelo professor referência da turma, conforme de Cooperação Estadual, expresso na Recomendação MP nº
orientação dada pela mantenedora e de acordo com plano de 09/2015 e Parecer CME nº 50/2015.

Conhecimentos Específicos 129


APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º - Devem ser assegurados tempos e espaços de aprendizagem dos estudantes está além do esperado para a
reposição dosconteúdos curriculares, ao longo do ano letivo, idade em que estes se encontram.
aos estudantes com frequência insuficiente, evitando, sempre § 1º A verificação do aprendizado que possibilitará o
que possível, a retenção por faltas, sendo repostos de forma avanço deve ser realizada pelo coletivo dos docentes
presencial e registradas em documento específico como envolvidos com a aprendizagem do estudante e estar em
estudos compensatórios de infrequência, com o objetivo de consonância com o desejo do estudante e da família.
proporcionar oportunidades de aprendizagem necessárias § 2º Todos os procedimentos realizados pela escola em
para a continuidade curricular. conjunto com a Mantenedora, em função do avanço escolar,
§ 4º - Para os estudantes que realizaram os estudos devem constar de registros próprios em livro atas e no
compensatórios de infrequência, deve a escola proporcionar a histórico do estudante.
possibilidade de progressão na trajetória escolar.
Aproveitamento de Estudos e Adaptação
Classificação dos Estudantes
Art. 38 A escola realizará o aproveitamento de estudos
Art. 35 Pode a escola realizar a classificação dos concluídos com êxito dos estudantes transferidos, desde que
estudantes em qualquer ano ou etapa, exceto no primeiro ano estejam de acordo com a proposta pedagógica e a organização
do ensino fundamental, nos seguintes casos: curricular da mesma, respeitadas as Diretrizes Curriculares
I) por promoção, para estudantes que cursaram, com Nacionais para a Educação Básica e do Ensino Fundamental.
aproveitamento, o ano fase anterior, na própria escola; § 1º Nas transferências escolares, a escola verificará como
II) por transferência, para candidatos procedentes de os estudos considerados equivalentes podem vir a ser
outras escolas; aproveitados e/ou complementados, bem como, outros
III) independentemente de escolarização anterior, aparentemente diversos possam vir a sê-lo, tendo em vista sua
mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de significação e importância no conjunto dos componentes
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua curriculares que compõem os planos de estudo da escola.
inscrição no ano ou etapa adequada. § 2º Na verificação da transferência escolar caso a escola
de destino detecte a ausência de determinados componentes
Aceleração de Estudos curriculares ou a necessidade de complementação de
conteúdos que compõem os seus planos de estudo, os mesmos
Art. 36 A escola poderá organizar projetos ou turmas de poderão ser cursados ou complementados via adaptação de
Aceleração de Estudos para estudantes com defasagem estudos.
idade/escolaridade de dois anos ou mais, com o objetivo de
beneficiar àqueles estudantes que ingressam tardiamente no Reclassificação
sistema regular de ensino ou que, por diferentes motivos, não
conseguiram atingir o nível de adiantamento correspondente Art. 39 A escola deve reclassificar os estudantes quando
a sua idade. houver mudança de organização curricular na própria escola
§ 1º A organização e implantação de projetos ou turmas de ou nos casos de transferência de estabelecimentos de ensino
Aceleração de Estudos, dependerão de diagnóstico prévio das com o objetivo de situá-los na nova organização curricular.
necessidades específicas e do número de estudantes com Parágrafo único. A aplicação da reclassificação deve ser
defasagem idade/escolaridade da escola proponente, das realizada mediante avaliação definida no regimento da escola
escolas do mesmo zoneamento e de deliberação da e orientação da Mantenedora.
mantenedora.
§ 2º Na oferta da aceleração de estudos, por ocasião da Documentos Escolares
organização da proposta de trabalho a ser desenvolvida, é
importante que a escola registre o planejamento com especial Art. 40 A escola é responsável pela emissão dos
atenção para: documentos escolares com o objetivo de historiar, de forma
I) a organização de grupos de estudantes ao final de um clara e objetiva, a vida escolar de cada estudante, mediante os
ano para iniciar a oferta no início do ano letivo seguinte; registros individuais.
II) os planos de estudos, os princípios e as estratégias que § 1º A emissão de atas de resultados finais, históricos
integram o currículo (conceitos, atitudes e procedimentos), escolares, de atestados, de declarações e outros documentos
que garantam as habilidades e competências que assegurem a escolares, conforme cada caso, devem conter todas as
sequência na trajetória escolar. especificações que atendam a legislação vigente e orientações
III) a avaliação dos estudantes dos projetos ou turmas de da mantenedora.
aceleração deve considerar as habilidades e competências
desenvolvidas pelos estudantes em vista dos planos de Gestão das Escolas
estudos específicos;
IV) a forma e o momento do ano letivo em que esses Art. 41 A gestão das escolas de Ensino Fundamental da
estudantes serão inseridos nas turmas previstas na Rede Municipal de Ensino deve contar com Conselho Escolar,
organização curricular da escola, considerando a idade de cada Equipe Diretiva, Círculo de Pais e Mestres e Grêmio Estudantil.
estudante, a fim de inseri-lo em turmas com idades mais § 1º O Conselho Escolar regido por legislação própria e
próximas, uma vez que o estudante deverá ser promovido. eleito por toda a comunidade escolar, deve consolidar o papel
§ 3º A formação continuada dos docentes que atuarão nos de aglutinador como órgão deliberativo e corresponsável pela
projetos ou turmas de aceleração de estudos é condição definição do planejamento e das ações escolares.
necessária para a qualificação da prática pedagógica voltada às § 2º A Equipe Diretiva, composta por Diretor(a) e Vice-
necessidades específicas destes estudantes, garantindo-lhes as diretor(a) de cada turno, eleita pela comunidade escolar e
condições de progredir na trajetória escolar. regida por legislação específica, deve buscar a efetivação da
gestão por meio de ações democráticas, fundamentadas na
Avanço Proposta Pedagógica e Regimento Escolar.
§ 3º O Círculo de Pais e Mestres (CPM), eleito e regido por
Art. 37 A escola poderá aplicar o avanço quando legislação específica, atua junto à escola discutindo questões
identificar que o processo de desenvolvimento e

Conhecimentos Específicos 130


APOSTILAS OPÇÃO

próprias e buscando alternativas conjuntas com as demais VII - Infraestrutura Física adequada às características
organizações da comunidade. dessa oferta de ensino em consonância com o Regimento
§ 4º O Grêmio Estudantil atua junto à escola, a fim de Escolar.
representar os interesses dos estudantes, o qual é criado e VIII - Áreas Verdes com sombreamento, bancos, praças de
regido por legislação específica. brinquedos, constituindo-se em espaços de convivência
adequada à faixa etária dos estudantes.
Art. 42 A gestão escolar é responsável pela aplicação das IX - Acessibilidade, de acordo com a legislação vigente.
verbas públicas recebidas pela escola, devendo ser discutida e X - Espaços especializados para atividades artístico-
deliberada em conjunto pelos Órgãos que compõem a gestão, culturais, esportivas e recreativas e que sirvam como espaços
divulgada à comunidade por meio da prestação de contas. pedagógicos e de socialização.
XI - Condições de aeração, iluminação e segurança em
Princípios de Convivência todos os espaços conforme a legislação vigente municipal;
§ 3º Para a oferta do Ensino Fundamental, as escolas
Art. 43 Os Princípios de Convivência que nortearão as localizadas na zona urbana devem dispor de:
ações e relações de todos os que fazem parte da comunidade I) salas de aula em número suficiente para atender aos
escolar devem ser construídos coletivamente, fundamentados estudantes, obedecendo à proporção mínima de 1,20m² de
na Proposta Pedagógica e no Regimento Escolar. área por estudante em cada sala, incluindo o docente e, quando
Parágrafo único. Os princípios de convivência devem: for o caso, o cuidador. Na organização das turmas, deve-se
a) ter caráter educativo, tornando a escola prazerosa e levar em conta a proposta pedagógica, as etapas de ensino e as
democrática, onde todos sejam valorizados, oferecendo modalidades que oferece, observando o número de estudantes
oportunidades significativas para os estudantes, contribuindo por turma:
na formação dos sujeitos que primem por condutas a) anos iniciais: até 25 estudantes;
cooperativas, justas e respeitosas. b) anos finais: até 30 estudantes;
b) ser construídos por meio de processo educativo, c) turmas multisseriadas:
reflexivo e comunicativo, levando em conta os direitos e - 5 adiantamentos = até 17 alunos estudantes;
deveres do indivíduo estabelecidos na Constituição do Brasil, - 4 adiantamentos = até 19 alunos estudantes;
na Constituição do Estado do Rio Grande do Sul e no Estatuto - 3 adiantamentos = até 21 alunos estudantes;
da Criança e do Adolescente, reavaliados sempre que - 2 adiantamentos = até 23 alunos estudantes. ( alterado
necessário. pela Res. CME nº 33/2016)
c) ser traduzidos por meio de normas de convivência ou d) turmas da Educação Infantil – Pré-Escola observará o
estratégias. agrupamento da legislação própria do Sistema Municipal de
Ensino, não sendo possível o agrupamento com estudantes do
Condições e Recursos das Escolas Ensino Fundamental, no caso das escolas do campo.
II) salas de aula equipadas com mesas/carteiras e cadeiras
Art. 44 O Poder Público Municipal deve prover às escolas conforme número de estudantes em cada sala, adequadas à
de condições para a oferta do ensino, com profissionais sua faixa etária e/ou às suas necessidades; mesa e cadeira para
devidamente habilitados, prédios em boas condições de uso e o professor, armário e quadro de giz ou similar. As salas devem
funcionamento, equipamentos, mobiliário e materiais ter aeração e iluminação natural direta e proteção nas janelas
próprios suficientes e adequados, com vistas a contribuir com com incidência de sol.
a qualidade da educação. III) Área administrativo-pedagógica, espaços pedagógicos
§ 1º A oferta de ensino na Rede Municipal deve atender ao diversos e equipamentos, observando os seguintes critérios:
estabelecido pelo artigo 4º, inciso IX da LDBEN quanto aos a) A sala dos professores, exclusiva, deve ser um espaço de
“padrões mínimos de qualidade de ensino definidos como trabalho com mesa para reuniões, armários individuais e
variedade e quantidades mínimas, por estudante, de insumos demais móveis necessários para o descanso e trabalho
indispensáveis ao desenvolvimento do processo ensino- coletivo.
aprendizagem”. b) A secretaria, em sala exclusiva, deve estar localizada em
§ 2º A oferta do Ensino Fundamental necessita de: lugar de fácil acesso e contar com a devida privacidade e
I - Proposta Pedagógica construída coletivamente pela segurança. Deve estar equipada para os serviços de
comunidade escolar e respectivo Regimento Escolar. escrituração escolar e contar com arquivo que assegure a
II - Recursos Pedagógicos que possibilitem a concretização integridade da documentação da escola.
da Proposta Pedagógica/Regimento Escolar e dos Planos de c) A cozinha e refeitório em local adequado, devidamente
Estudo. mobiliados e equipados para a guarda, conservação e
III - Profissionais da Educação qualificados para as manipulação dos alimentos.
diferentes áreas educacionais, visando ao provimento de l) Os espaços escolares para qualificar o trabalho
funções necessárias à oferta do Ensino Fundamental. pedagógico, como: laboratórios, salas de convivência para
IV - Corpo Técnico-Administrativo-Pedagógico adequado professores e funcionários e sala(s) multiuso, equipados com
ao número de estudantes da escola, com vistas a crescente móveis adequados a sua utilização, inclusive com
qualificação da educação. equipamentos de informática.
V - Acervo Bibliográfico, devendo contar com livros de m) A biblioteca, em sala exclusiva, com aeração e
literatura nacional e regional, textos científicos, livros técnicos iluminação natural e direta e proteção nas janelas com
e de referência, revistas que ofereçam atualização de incidência de sol; mesas para consulta, cadeiras, estantes. A
informações e todos os materiais necessários para o biblioteca, como espaço de convivência, deverá ser adequada
desenvolvimento da Proposta Pedagógica e do Plano de as etapas de ensino que a escola oferece e contar com um
Trabalho dos professores. O acervo deve estar disponível para profissional capacitado responsável pelo seu funcionamento.
estudantes, professores, funcionários e comunidade, sendo n) A Educação Física e a Recreação com área própria para
organizado e classificado de acordo com as normas técnicas e as atividades práticas, junto à escola, com espaço coberto e ao
localizar-se em local adequado. ar livre.
VI - Recursos Audiovisuais que possibilitem a utilização de d) os espaços com suas respectivas instalações e
tecnologias educacionais e a sua permanente atualização. equipamentos devem observar a legislação específica vigente

Conhecimentos Específicos 131


APOSTILAS OPÇÃO

dos diversos órgãos públicos, como: Vigilância Sanitária, determinado(s) nível(is) e/ou modalidade(s) será pelo prazo
Corpo de Bombeiros, Plano Diretor do Município, entre outros. de 5 (cinco) anos, a contar da data de publicação do ato,
§ 4º Para a oferta do Ensino Fundamental nas escolas devendo a mantenedora protocolar a solicitação de
localizadas no meio rural devem ser considerados os seguintes Recredenciamento da(s) instituição(ões) de ensino por ela
critérios: mantida(s) junto ao Conselho Municipal de Educação, até 180
I) materiais didáticos e educacionais que subsidiem o (cento e oitenta) dias antes da data limite. O processo
trabalho com a diversidade, bem como de recursos que instruindo a referida solicitação deverá conter as peças
assegurem aos estudantes o acesso a outros bens culturais, previstas no Roteiro IV desta Resolução.
podendo, com a participação da comunidade local, subsidiar as § 4º A cessação ou desativação de escolas de Ensino
escolas quanto à produção e à oferta de materiais escolares, de Fundamental, conforme a Lei Federal nº 12.960/2014 e
equipamentos que atendam as características e necessidades Portaria MEC nº 391/2016, ocorrerá em caráter definitivo nas
ambientais e socioculturais da comunidade; escolas da zona urbana e, nas escolas do campo, indígenas e
II) sala para secretaria/coordenação, com privacidade, quilombolas poderá ser em caráter temporário, por período
contando com equipamentos para os serviços de escrituração máximo de cinco anos, estas devem ser precedidas de
escolar, devendo estar equipada para os serviços de manifestação do Conselho Municipal de Educação que
escrituração escolar e contar com arquivo que assegure a considerará a justificativa apresentada pela Secretaria
integridade da documentação da escola; Municipal da Educação contendo a análise do diagnóstico do
III) local para a guarda dos livros, jogos, mapas e outros impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. (
materiais específicos para o desenvolvimento da proposta alterado pela Res. CME nº 33/2016)
pedagógica; I – Segundo o Decreto Federal nº 7.352/2010 que trata da
IV) a escola deve atender aos mínimos de qualidade em educação do campo e do Programa Nacional de Educação na
relação ao prédio, instalações, equipamentos e recursos Reforma Agrária, entende-se por escola do campo, para fins
didáticos. Recomenda-se que os espaços contemplem a sua das normas do Sistema Municipal de Ensino, aquela escola
realidade geográfica: situada em área rural, definida pela Fundação Instituto
a) salas de aula com capacidade para abrigar o alunado na Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ou aquela situada
proporção de em área urbana, desde que atenda predominantemente as
1 ,20m² por estudante; populações do campo. As populações do campo entendidas
b) sala para secretaria/coordenação, com privacidade, como os agrupamentos formados por agricultores familiares,
contando com equipamentos para os serviços de escrituração extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e
escolar e com arquivos, a fim de assegurar a verificação da acampados da reforma agrária, trabalhadores assalariados
identidade de cada estudante e da regularidade de sua vida rurais, quilombolas, caiçaras, povos da floresta, caboclos e
escolar; outros que produzam suas condições materiais de existência a
c) local para a guarda dos livros e outros materiais como partir do trabalho no meio rural. ( incluído pela Res. CME nº
jogos, mapas, materiais específicos para Ciências, Artes e 33/2016)
Educação Física ou outros componentes curriculares; II - Na intenção de cessar o funcionamento de escola do
d) áreas para Educação Física e Recreação junto à escola, campo, indígena ou quilombola, de forma gradativa ou não, a
podendo também ser espaço disponibilizado pela comunidade mantenedora deverá solicitar, com, no mínimo, 90 dias antes
local; da data prevista para o possível encerramento das atividades
e) equipamentos e materiais didáticos suficientes para o letivas do ano corrente, a prévia manifestação do Conselho
desenvolvimento dos componentes curriculares e adequados Municipal de Educação, que emitirá Parecer com base nos
à faixa etária dos estudantes; f) refeitório/cozinha; documentos constantes no Roteiro V – Parte I, da Resolução
g) instalações sanitárias adequadas ao número de CME nº 31/2015. ( incluído pela Res. CME nº 33/2016)
estudantes; III - Caso a manifestação do Conselho Municipal de
h) existência de água potável em condições de higiene Educação seja pela cessação ou desativação da escola, deve a
suficiente para o consumo individual dos estudantes e para as mantenedora encaminhar o pedido de emissão de ato próprio,
necessidades da escola. até 30 dias após o encerramento das atividades, contendo as
Regularização das Escolas peças previstas no Roteiro V – Parte II, da Resolução CME nº
31/2015. ( incluído pela Res. CME nº 33/2016)
Art. 45 As escolas devem ser legalmente criadas por Ato § 5º - Nos documentos escolares expedidos a ex-
do Poder Executivo, cadastradas no Sistema Municipal de estudantes de escola que tiver cessado seu funcionamento,
Ensino, autorizadas a funcionar por meio de Parecer emitido além dos dados e informações necessários à identificação da
pelo Conselho Municipal de Educação e cessadas ou escola, constará referência ao Parecer de cessação de
desativadas temporariamente, mediante consulta a funcionamento da escola e/ou de etapas e/ou de
comunidade e decisão da mantenedora. modalidade(s) de ensino. ( incluído pela Res. CME nº 33/2016)
§ 1º A Secretaria Municipal da Educação deve encaminhar, § 6º - O acervo da escrituração escolar e dos arquivos da
ao Conselho Municipal de Educação, pedido de Cadastro de escola serão recolhidos ao Órgão Executivo do Sistema
novas escolas, com antecedência de, no mínimo, 60 dias antes Municipal de Ensino, porém, se constatada deficiência e/ou
do início das atividades escolares, excluídos os meses de irregularidade na escrituração escolar e/ou no arquivo, a
janeiro e fevereiro, devendo observar o previsto no Roteiro I, Comissão Verificadora do Conselho Municipal de Educação
anexo da presente Resolução. orientará seu saneamento e/ou correção antes do
§ 2º O processo para o Credenciamento para a Autorização recolhimento dos arquivos. ( incluído pela Res. CME nº
de Funcionamento de escola ou de implantação de anos finais 33/2016)
do Ensino § 7º - Havendo cessação de funcionamento de etapa ou
Fundamental ou de Turmas de Educação Infantil deve ser modalidade de ensino, mas continuando a existir a escola, o
encaminhado, ao Conselho Municipal de Educação, até o dia 30 acervo da escrituração e do arquivo permanecerão na própria
de novembro do ano anterior ao da oferta, instruído com as escola. (Incluído pela Res. CME nº 33/2016)
peças, respectivamente, conforme descrição dos Roteiros II e
Roteiro III, anexos da presente Resolução. Art. 46 A presente Resolução entrará em vigor na data de
§ 3º O Credenciamento de instituição de ensino e a sua publicação, revogada a Resolução CME nº 13/2006 e as
Autorização de funcionamento para a oferta de

Conhecimentos Específicos 132


APOSTILAS OPÇÃO

demais disposições em contrário constantes nos Regimentos


Escolares.
Aprovada, por unanimidade, em sessão plenária do dia 08
de dezembro de 2015.

Marcia Adriana de Carvalho,


Presidente do Conselho Municipal de Educação.

Anotações

Conhecimentos Específicos 133


APOSTILAS OPÇÃO

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