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OAB XX Exame Unificado

Processo do Trabalho – Aula 03


Aryanna Linhares
Reclamação Trabalhista - continuação dano e o nexo para que seja devida a indeniza-
ção.
3.1. Exercícios em aula de verbas rescisórias

Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186
3.2. Dano moral, material e estético e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o
3.2.1. Dano moral e assédio moral
dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
A EC 45/2004 ampliou a competência da Jus- normalmente desenvolvida pelo autor do dano
tiça do Trabalho, incluindo as ações de indeni- implicar, por sua natureza, risco para os direitos
zação por danos morais oriundas da relação de de outrem.
trabalho (art. 114, VI, CF).
Atenção! Deve-se verificar se o dano moral pre-
Art. 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho pro- cisa ser postulado, principalmente quando:
cessar e julgar: ● a proposta indicar o abalo emocional do em-
(...) pregado causado pelo empregador;

VI – as ações de indenização por dano moral ou ● o empregador praticar falta grave;


patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; ● o empregado for demitido injustamente por
justa causa.

O dano moral é configurado diante da pre-


sença dos três requisitos da responsabilidade Abaixo temos um trecho da proposta do Exame
civil: culpa, dano e nexo causal, e sua funda- de Ordem 2005.3/PR para identificação do pedi-
mentação jurídica está positivada nos arts. 5°, X, do de indenização por danos morais e gabarito.
da CF e 186 e 927 do CC.
Art. 5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
3º EXAME DA ORDEM 2005/PR:
distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Em razão dos atrasos nos salários, Tomi tornou-
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberda- se inadimplente no pagamento das mensalida-
de, à igualdade, à segurança e à propriedade, des escolares vendo-se obrigado a retirar seu
nos termos seguintes: único filho do colégio particular em que estuda-
va, sendo que esta situação está lhe causando
(...)
profunda humilhação perante seus familiares e
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a colegas, pretendendo, por isto, ser indenizado
honra e a imagem das pessoas, assegurado o em valor a ser fixado pelo juiz.
direito à indenização pelo dano material ou mo-
ral decorrente de sua violação; [...]
CRITÉRIO DE CORREÇÃO: Pagamento de inde-
nização por danos morais, em valor a ser fixado
Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão pelo juiz, com fundamento na responsabilidade
voluntária, negligência ou imprudência, violar civil do empregador (ausência de pagamento de
direito e causar dano a outrem, ainda que exclu- salário – culpa; humilhação por tirar o filho do
sivamente moral, comete ato ilícito. colégio – dano; nexo causal).

Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 Os dois exemplos dispostos a seguir também
e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a ilustram bem os pedidos de indenização por
repará-lo. danos morais:

É desnecessária a demonstração da culpa Exemplo 1:


quando a atividade do empregador for de risco
I – MÉRITO
(art. 927, parágrafo único, da CLT), bastando o
01. DO DANO MORAL

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A Reclamada tentou submeter a Reclamante à sibilidade de pagamento das dívidas que possui,
revista íntima por funcionários do sexo oposto. restando demonstrado o nexo causal.
A Reclamante não aceitou tal constrangimento, Destaca-se, ainda, a violação do art. 5º, X, da CF,
motivo pelo qual foi dispensada por justa causa. que sustenta a inviolabilidade da intimidade, da
(Fato) vida privada, da honra e da imagem das pesso-
Encontram-se presentes todos os requisitos da as, sendo-lhes assegurado o direito à indeniza-
responsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e ção pelo dano material ou moral decorrente de
927 do CC, quais sejam: culpa, dano e nexo. sua violação. (Fundamento)
Observe: Diante do exposto, tendo em vista que a Justiça
A culpa demonstra-se pela tentativa da Recla- do Trabalho é competente para processar e jul-
mada de submeter a Reclamante à revista ínti- gar os pedidos de danos morais e patrimoniais
ma, conduta vedada expressamente pelo art. decorrentes das relações de trabalho (art. 114,
373-A, VI, da CLT. Já o dano está configurado VI, da CF e Súmula nº 392, TST), requer a conde-
pelo constrangimento sofrido pela Reclamante. nação da reclamada ao pagamento de indeniza-
A conduta da Reclamada é a causa do constran- ção por danos morais em valor a ser arbitrado
gimento sofrido pela Reclamante, desta forma, pelo juiz. (Pedido)
resta comprovado também o nexo causal.
Destaca-se, ainda, a violação do art. 5º, X, da CF, Atenção! Quando a conduta do empregador for
que sustenta a inviolabilidade da intimidade, da contínua, restará configurado o assédio moral,
vida privada, da honra e da imagem das pesso- portanto, se a situação humilhante para o em-
as, sendo-lhes assegurado o direito à indeniza- pregado se prolongar no tempo, em virtude de
ção pelo dano material ou moral decorrente de uma conduta reiterada do empregador, estará
sua violação. (Fundamento) caracterizado o assédio moral. O fundamento
Diante do exposto, tendo em vista que a Justiça legal no caso de assédio moral é o mesmo do
do Trabalho é competente para processar e jul- pedido de indenização por danos morais. Nesse
gar os pedidos de danos morais e patrimoniais caso, o examinando deve: a) denominar o tópi-
decorrentes das relações de trabalho (art. 114, co, no mérito, de “assédio/dano moral”; b) con-
VI, da CF e Súmula nº 392, TST), requer a conde- tar os fatos e ao final do parágrafo afirmar que
nação da reclamada ao pagamento de indeniza- tal conduta reiterada caracteriza assédio moral;
ção por danos morais em valor a ser arbitrado c) apontar a mesma fundamentação do pedido
pelo juiz. (Pedido) de indenização por danos morais; e d) por fim,
requerer a condenação da reclamada ao paga-
mento de indenização por danos morais em va-
Exemplo 2: lor a ser arbitrado pelo juiz, considerando que o
II – MÉRITO dano decorreu do assédio.
02. DO DANO MORAL
A reclamada, a partir de janeiro de 2012, passou Segue exemplo:
a descumprir o contrato de trabalho, uma vez
que deixou de efetuar o pagamento do salário do
Reclamante, o qual se obrigou a fazer emprésti- II – MÉRITO
mos a familiares e amigos para pagamento das 01. DO ASSÉDIO MORAL/DANO MORAL
dívidas que adquiriu em razão da ausência dos No último ano do contrato de trabalho, a Recla-
salários, o que está lhe causando profunda hu- mada humilhou a reclamante perante seus cole-
milhação. (Fato) gas de trabalho e clientes da empresa, afirman-
Encontram-se presentes todos os requisitos da do que a Reclamante é a pior e mais incompe-
responsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e tente funcionária da empresa, além de ser “feia,
927 do CC, quais sejam: culpa, dano e nexo. feia de doer”, afirmando constantemente que ela
Perceba: deve pedir demissão. Tal conduta prolongada
A culpa é verificada pela falta de pagamento, caracteriza o ASSÉDIO MORAL. (Fato)
que é obrigação da Reclamada e, quando des- Encontram-se presentes os requisitos da res-
cumprida, constitui falta grave do empregador, ponsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e 927
de acordo com o art. 483, “d”, da CLT. O dano, do CC, quais sejam: culpa, dano e nexo. Note:
por sua vez, está configurado pelo constrangi- A culpa é verificada pela conduta da reclamada,
mento sofrido pelo Reclamante diante da impos- que no último ano do contrato de trabalho humi-

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lhou reiteradamente a Reclamante perante seus
colegas e clientes da empresa, chamando-a de Art. 950, CC. Se da ofensa resultar defeito pelo
incompetente e “feia, feia de doer”, com o pro- qual o ofendido não possa exercer o seu ofício
pósito de fazê-la pedir demissão. O dano, por ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
sua vez, está configurado pelo constrangimento trabalho, a indenização, além das despesas do
sofrido pela Reclamante. A conduta da Recla- tratamento e lucros cessantes até ao fim da
mada é a causa do constrangimento sofrido pela convalescença, incluirá pensão correspondente
Reclamante, dessa forma, está demonstrado o à importância do trabalho para que se inabilitou,
nexo causal. ou da depreciação que ele sofreu.
Destaca-se, ainda, a violação do art. 5º, X, da CF, Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, po-
que sustenta a inviolabilidade da intimidade, derá exigir que a indenização seja arbitrada e
vida privada, honra e imagem das pessoas, sen- paga de uma só vez.
do-lhes assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua viola-
ção. (Fundamento) D) Danos materiais – morte – art. 948, CC
Diante do exposto, tendo em vista que a Justiça
do Trabalho é competente para processar e jul- Art. 948, CC. No caso de homicídio, a indeniza-
gar os pedidos de danos morais e patrimoniais ção consiste, sem excluir outras reparações:
decorrentes das relações de trabalho (art. 114, I – no pagamento das despesas com o tratamen-
VI, da CF e Súmula nº 392, TST), requer a conde- to da vítima, seu funeral e o luto da família;
nação da Reclamada ao pagamento de indeniza- II – na prestação de alimentos às pessoas a
ção por danos morais em valor a ser arbitrado quem o morto os devia, levando-se em conta a
pelo juiz, considerando que o dano decorreu do duração provável da vida da vítima.
assédio. (Pedido)
Obs.: As referências entre parênteses, Fato, 3.2.3. Danos estéticos
Fundamento e Pedido, ao final dos parágrafos,
buscam apenas orientar o leitor, entretanto, não
os
devem ser incluídas na prova. 1 – cumuláveis com danos morais: Súmulas n
37 e 387 do STJ;
2 – fundamentos: arts. 186 e 927, CC.
3.2.2. Dano material

A) Dano material: lucros cessantes e danos 3.3. Reintegração


emergentes: art. 402, CC
PARA LEITURA! EM AULA ANALISAREMOS
Art. 402, CC. Salvo as exceções expressamente OS PEDIDOS.
previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente O empregado que possui estabilidade provisória no
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. emprego somente pode ser despedido por justa cau-
sa. A dispensa sem justa causa enseja-lhe o direito
de postular sua reintegração no emprego e, sucessi-
B) Danos materiais: incapacidade temporária vamente, indenização substitutiva.
– art. 949, CC
Segue análise das principais hipóteses de estabilida-
des provisórias:

Art. 949, CC. No caso de lesão ou outra ofensa à a) Membros da CIPA (Comissão Interna de Preven-
saúde, o ofensor indenizará o ofendido das des- ção de Acidente)
pesas do tratamento e dos lucros cessantes até A CIPA será composta por representantes da empre-
ao fim da convalescença, além de algum outro
sa e dos empregados, sendo os primeiros indicados
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
pelo empregador e os últimos eleitos pelos emprega-
dos. Somente os membros eleitos pelos empregados
C) danos materiais – incapacidade permanen- serão detentores de estabilidade.
te – pensão: art. 950, CC

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Art. 164 da CLT. Cada CIPA será composta de repre- O Tribunal Superior do Trabalho entende que o su-
sentantes da empresa e dos empregados, de acordo plente do empregado eleito para a CIPA também
com os critérios que vierem a ser adotados na regula- goza da estabilidade prevista no art. 10, II, “a”, do
o
mentação de que trata o parágrafo único anterior. § 1 ADCT. Esse Tribunal também se posiciona no senti-
Os representantes dos empregadores, titulares e su- do de que a extinção do estabelecimento torna pos-
o
plentes, serão por ele designados. § 2 Os represen- sível a dispensa dos representantes dos emprega-
tantes dos empregados, titulares e suplentes, serão dos, sem direito à indenização. Atente-se para a Sú-
o
eleitos em escrutínio secreto do qual participem, inde- mula n 339 do TST:
pendentemente de filiação sindical, exclusivamente os
o o
empregados interessados. § 3 O mandato dos mem- Súmula n 339, TST. CIPA. SUPLENTE. GARANTIA
bros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, DE EMPREGO. CF/1988. I – O suplente da CIPA
o
permitida uma reeleição. § 4 O disposto no parágrafo goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, “a”,
anterior não se aplicará ao membro suplente que, do ADCT a partir da promulgação da Constituição
durante o seu mandato, tenha participado de menos Federal de 1988. II – A estabilidade provisória do cipei-
o
da metade do número de reuniões da CIPA. § 5 O ro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para
empregador designará, anualmente, dentre os seus as atividades dos membros da CIPA, que somente
representantes, o Presidente da CIPA e os emprega- tem razão de ser quando em atividade a empresa.
dos elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida
arbitrária, sendo impossível a reintegração é indevida
A estabilidade provisória está assegurada nos arts. a indenização do período estabilitário.
10, II, “a”, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) e 165 da CLT. O art. 10, II, “a”, b) Membros da CCP (Comissão de Conciliação Pré-
do ADCT, estabelece que até a promulgação de lei via)
o
complementar, a que se refere o art. 7 , I, da CF, fica
vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do Assim como na CIPA, o empregador indicará os seus
empregado eleito para o cargo de direção das Co- representantes para compor a Comissão de Concilia-
missões Internas de Prevenção de Acidente (CIPA), ção Prévia, enquanto os empregados elegerão os
desde o registro de sua candidatura até 1 (um) ano seus. A estabilidade provisória atinge apenas os
o
após o final do seu mandato. membros eleitos pelos empregados (art. 625-B, § 1 ,
da CLT), sendo que o período dessa estabilidade é
Art. 10, II, do ADCT. Até que seja promulgada a lei de até 1 ano após o final do seu mandato. Esse be-
o
complementar a que se refere o art. 7 , I, da Constitui- nefício visa a garantir um desempenho adequado dos
ção: (...) II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem representantes dos empregados no exercício de suas
justa causa: a) do empregado eleito para cargo de funções na comissão.
direção de comissões internas de prevenção de aci-
dentes, desde o registro de sua candidatura até um Art. 625-B, CLT. A Comissão instituída no âmbito da
ano após o final de seu mandato; (...) empresa será composta de, no mínimo, dois e, no
máximo, dez membros, e observará as seguintes
Art. 165, CLT. Os titulares da representação dos em-
normas: I – a metade de seus membros será indicada
pregados nas CIPA(s) não poderão sofrer despedida
pelo empregador e a outra metade eleita pelos empre-
arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar
gados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato
em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financei-
da categoria profissional; II – haverá na Comissão
ro.
tantos suplentes quantos forem os representantes
Ressalte-se que apenas os membros da CIPA repre- titulares; III – o mandato dos seus membros, titulares e
sentantes dos empregados são eleitos; os represen- suplentes, é de um ano, permitida uma recondução. §
o
tantes do empregador são simplesmente indicados, 1 É vedada a dispensa dos representantes dos em-
não gozando de estabilidade. pregados membros da Comissão de Conciliação Pré-
via, titulares e suplentes, até um ano após o final do
O empregador designará, anualmente, dentre os
mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos
seus representantes, o presidente da CIPA, enquanto o
da lei. § 2 O representante dos empregados desen-
os empregados elegerão, dentre eles, o vice-
volverá seu trabalho normal na empresa, afastando-se
presidente, de acordo com o art. 164, § 5°, da CLT.
de suas atividades apenas quando convocado para
Portanto, apenas o vice-presidente da CIPA é deten-
atuar como conciliador, sendo computado como tempo
tor de estabilidade provisória no emprego.
de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.

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c) Dirigente sindical cargo de direção ou representação sindical aquele
cujo exercício ou indicação decorre de eleição prevista
O dirigente sindical também é detentor de estabilida- o
em lei. § 5 Para os fins deste artigo, a entidade sindi-
de provisória, a qual vigora a partir do registro de sua
cal comunicará por escrito à empresa, dentro de 24
candidatura até 1 ano após o seu mandato, caso
(vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da
eleito. Ocorrendo o registro da candidatura durante o
candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua
aviso-prévio, o empregado não terá estabilidade no
eleição e posse, fornecendo, outrossim, a este, com-
emprego.
provante no mesmo sentido. O Ministério do Trabalho
Além da estabilidade provisória, o art. 543 da CLT fará no mesmo prazo a comunicação no caso da de-
o
assevera que o empregador não pode transferir o signação referida no final do § 4 . § 6. A empresa que,
dirigente sindical. Inclusive, há previsão expressa na por qualquer modo, procurar impedir que o empregado
CLT para concessão de medida liminar visando a se associe a sindicato, organize associação profissio-
reintegrar dirigente sindical afastado, suspenso ou nal ou sindical ou exerça os direitos inerentes à condi-
dispensado pelo empregador (art. 659, X, da CLT). ção de sindicalizado, fica sujeita à penalidade prevista
o
Nesse sentido, cita-se a OJ n 65 da SDI-2 do TST, na letra a do art. 553, sem prejuízo da reparação a que
segundo a qual não cabe mandado de segurança tiver direito o empregado.
o
contra decisão liminar que ordena a reintegração do Súmula n 369, TST. DIRIGENTE SINDICAL. ESTA-
dirigente sindical, pois tal decisão não fere direito BILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada
líquido e certo, em face da previsão do inciso X do na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012)
art. 659 da CLT, ressalvada a hipótese de falta grave – Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
(art. 494, CLT). 27.09.2012. I – É assegurada a estabilidade provisória
ao empregado dirigente sindical, ainda que a comuni-
A estabilidade provisória do dirigente sindical está
cação do registro da candidatura ou da eleição e da
prevista nos seguintes dispositivos:
posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543,
o
º § 5 , da CLT, desde que a ciência ao empregador, por
Art. 8 , CF. É livre a associação profissional ou sindi-
qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de tra-
cal, observado o seguinte: (...)
balho. II – O art. 522 da CLT foi recepcionado pela
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicaliza- Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a
o
do a partir do registro da candidatura a cargo de dire- estabilidade a que alude o art. 543, § 3 , da CLT a sete
ção ou representação sindical e, se eleito, ainda que dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III –
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente
se cometer falta grave nos termos da lei. sindical só goza de estabilidade se exercer na empre-
sa atividade pertinente à categoria profissional do sin-
Art. 543, CLT. O empregado eleito para cargo de ad-
dicato para o qual foi eleito dirigente. IV – Havendo
ministração sindical ou representação profissional,
extinção da atividade empresarial no âmbito da base
inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não
territorial do sindicato, não há razão para subsistir a
poderá ser impedido do exercício de suas funções,
estabilidade. V – O registro da candidatura do empre-
nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte
gado a cargo de dirigente sindical durante o período
ou torne impossível o desempenho das suas atribui-
o de aviso-prévio, ainda que indenizado, não lhe asse-
ções sindicais. § 1 O empregado perderá o mandato
gura a estabilidade, visto que é inaplicável a regra do §
se a transferência for por ele solicitada ou voluntaria- o
o 3 do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho.
mente aceita. § 2 Considera-se de licença não remu-
nerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula O dirigente sindical só perderá a estabilidade se co-
contratual, o tempo em que o empregado se ausentar meter falta grave, que deverá ser comprovada por
do trabalho no desempenho das funções a que se meio de inquérito judicial para apuração de falta gra-
o os
refere este artigo. § 3 Fica vedada a dispensa do ve (Súmulas n 379 do TST e 197 do STF).
empregado sindicalizado ou associado, a partir do
o
momento do registro de sua candidatura a cargo de Súmula n 197, STF. EMPREGADO COM REPRE-
direção ou representação de entidade sindical ou de SENTAÇÃO SINDICAL. DESPEDIDA. INQUÉRITO
associação profissional, até 1 (um) ano após o final do EM QUE SE APURE FALTA GRAVE. O empregado
seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplen- com representação sindical só pode ser despedido
te, salvo se cometer falta grave devidamente apurada mediante inquérito em que se apure falta grave.
o
nos termos desta Consolidação. § 4 Considera-se
o
Súmula n 379, TST. O dirigente sindical somente

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poderá ser dispensado por falta grave mediante a 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. I
apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. – O desconhecimento do estado gravídico pelo em-
o
494 e 543, § 3 , da CLT. pregador não afasta o direito ao pagamento da indeni-
zação decorrente da estabilidade (art. 10, II, “b” do
ADCT). II – A garantia de emprego à gestante só auto-
Atenção! Não possuem estabilidade provisó- riza a reintegração se esta se der durante o período de
ria no emprego: a) membro do conselho estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos
fiscal do sindicato, pois, conforme o art. 522, salários e demais direitos correspondentes ao período
o
§ 2 , da CLT, o mesmo não possui qualquer de estabilidade. III – A empregada gestante tem direito
cargo de direção, limitando-se a atuar na à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II,
o
gestão financeira do sindicato (OJ n 365 da alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais
o
SDI-1 do TST e art. 522, § 2 , da CLT); e b) Transitórias, mesmo na hipótese de admissão median-
delegados sindicais, cuja função restringe-se te contrato por tempo determinado.
à defesa dos interesses da entidade perante
os poderes públicos e às empresas, exceto Sobre o tema convém mencionar a LC nº 150/2015
nas situações em que, mediante procuração, que revogou a Lei nº 5.859/1972, passando a disci-
os delegados representem a diretoria do plinar o contrato de trabalho doméstico em seu art.
o
sindicato (OJ n 369 da SDI-1 do TST). 25 e parágrafo único, reproduzindo o teor do art. 391-
A da CLT:
Art. 522, CLT. A administração do Sindicato será exer-
cida por uma diretoria constituída, no máximo, de 7 Art. 25, LC nº 150/2015. A empregada doméstica ges-
(sete) e, no mínimo, de 3 (três) membros e de um tante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento
Conselho Fiscal composto de 3 (três) membros, elei- e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário,
o
tos esses órgãos pela Assembleia Geral. § 1 A direto- nos termos da Seção V do Capítulo III do Título III da
ria elegerá, dentre os seus membros, o Presidente do Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada
o o
o
Sindicato. § 2 A competência do Conselho Fiscal é pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943.
limitada à fiscalização da gestão financeira do Sindica- Parágrafo único. A confirmação do estado de gravidez
o
to. § 3 Constituirão atribuição exclusiva da Diretoria durante o curso do contrato de trabalho, ainda que
do Sindicato e dos Delegados Sindicais, a que se durante o prazo do aviso-prévio trabalhado ou indeni-
refere o art. 523, a representação e a defesa dos inte- zado, garante à empregada gestante a estabilidade
resses da entidade perante os poderes públicos e as provisória prevista na alínea “b” do inciso II do art. 10
empresas, salvo mandatário com poderes outorgados do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
por procuração da Diretoria, ou associado investido
Mencionamos ainda a LC nº 146/2014, que quanto
em representação prevista em lei.
ao direito previsto no art. 10, II, “b”, da ADCT, nos
casos em que ocorrer o falecimento da genitora, será
d) Gestante
assegurado a quem detiver a guarda do seu filho.
O art. 10 do ADCT veda a demissão sem justa causa
da empregada gestante desde a confirmação (con- e) Acidente de trabalho
cepção) da gravidez até 5 (cinco) meses após o par-
Esta estabilidade abrange, exclusivamente, os aci-
to.
dentes de trabalho e os acidentes de trabalho por
o
A Súmula n 244, III, do TST assegura à gestante equiparação. Por exemplo, o acidente sofrido no
estabilidade provisória, mesmo na hipótese de ad- percurso do trabalho para casa e vice-versa é consi-
missão mediante contrato por tempo determinado. derado acidente de trabalho por equiparação (art. 21
o
da Lei n 8.213/91).
Art. 10, ADCT. Até que seja promulgada a lei comple-
o
mentar a que se refere o art. 7 , I, da Constituição: (...) O empregado acidentado só gozará dessa estabili-
II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa dade provisória diante do cumprimento de dois requi-
causa: b) da empregada gestante, desde a confirma- sitos legais: a) permanecer mais de 15 dias afastado
ção da gravidez até cinco meses após o parto. do serviço; e b) perceber auxílio-doença acidentário
o do INSS.
Súmula n 244, TST. GESTANTE. ESTABILIDADE
PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão O período de estabilidade do empregado acidentado
do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) – Res. é de, no mínimo, 12 meses após a cessação do auxí-

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lio-doença acidentário, portanto, o prazo começará a tucional o art. 118 da Lei n 8.213/1991 que assegura
fluir somente a partir do retorno ao emprego. o direito à estabilidade provisória por período de 12
meses após a cessação do auxílio-doença ao empre-
o o
Art. 118, Lei n 8.213/91. O segurado que sofreu aci- gado acidentado. (ex-OJ n 105 da SBDI-1 – inserida
dente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de em 01.10.1997) II – São pressupostos para a conces-
doze meses, a manutenção de seu contrato de traba- são da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e
lho na empresa, após a cessação do auxílio-doença a consequente percepção do auxílio-doença acidentá-
acidentário, independentemente de percepção de rio, salvo se constatada, após a despedida, doença
auxílio-acidente. profissional que guarde relação de causalidade com a
o
execução do contrato de emprego (primeira parte –
Art. 21, Lei n 8.213/91. Equiparam-se também ao o
ex-OJ n 230 da SBDI-1 – inserida em 20.06.2001). III
acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I – o aci- – O empregado submetido a contrato de trabalho por
dente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a tempo determinado goza da garantia provisória de
causa única, haja contribuído diretamente para a mor- emprego decorrente de acidente de trabalho prevista
te do segurado, para redução ou perda da sua capaci- o
no art. 118 da Lei n 8.213/91.
dade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação; II – o aciden- Por fim, destaca-se a Súmula nº 32 do TST que con-
te sofrido pelo segurado no local e no horário do traba- cede prazo de 30 (trinta) dias para o empregado re-
lho, em consequência de: a) ato de agressão, sabota- tornar ao emprego após a cessação do auxílio. Isto é,
gem ou terrorismo praticado por terceiro ou compa- a partir do momento em que o empregado estiver
nheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusi- apto para retornar ao trabalho, ele terá o prazo de 30
ve de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao (trinta) dias para retornar ao serviço, sob pena de
trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de perder o direito à estabilidade provisória, pois, neste
imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; caso, estaria caracterizado o abandono de emprego.
d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desaba- o
Súmula n 32, TST. Presume-se o abandono de em-
mento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
prego se o trabalhador não retornar ao serviço no
decorrentes de força maior; III – a doença proveniente
prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício
de contaminação acidental do empregado no exercício
previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer.
de sua atividade; IV – o acidente sofrido pelo segurado
ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na
execução de ordem ou na realização de serviço sob a f) Diretor de sociedade cooperativa
o
autoridade da empresa; b) na prestação espontânea O art. 55 da Lei n 5.764/71 assegura aos diretores
de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo eleitos de sociedades cooperativas estabilidade pro-
ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da visória no emprego, na forma do art. 543 da CLT, isto
empresa, inclusive para estudo quando financiada por é, desde o registro da candidatura e, se eleito, até 1
esta dentro de seus planos para melhor capacitação (um) ano após o término do mandato.
da mão de obra, independentemente do meio de lo-
o
comoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do Art. 55, Lei n 5.764/71. Os empregados de empresas
segurado; d) no percurso da residência para o local de que sejam eleitos diretores de sociedades cooperati-
trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o vas pelos mesmos criadas, gozarão das garantias
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543
o o
do segurado. § 1 Nos períodos destinados a refeição da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n
ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras 5.452, de 1° de maio de 1943).
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou du-
Tal estabilidade não foi assegurada aos membros do
rante este, o empregado é considerado no exercício o
o conselho fiscal e aos suplentes (OJ n 253 da SDI-1
do trabalho. § 2 Não é considerada agravação ou
do TST).
complicação de acidente do trabalho a lesão que,
resultante de acidente de outra origem, se associe ou o
OJ n 253 da SDI-1 do TST. ESTABILIDADE PROVI-
se superponha às consequências do anterior. o
o
SÓRIA. COOPERATIVA. LEI N 5.764/71. CONSE-
Súmula n 378, TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. LHO FISCAL. SUPLENTE. NÃO ASSEGURADA.
o
ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI N Inserida em 13.03.2002.
8.213/1991 (inserido o item III) – Res. 185/2012 –
o
DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. I – É consti- O art. 55 da Lei n 5.764/71 assegura a garantia de

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Processo do Trabalho – Aula 03
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emprego apenas aos empregados eleitos diretores tórias, quais sejam: saldo de salário, aviso-prévio,
de cooperativas, não abrangendo os membros su- décimo terceiro salário proporcional, férias acrescidas
plentes. de 1/3 integral e proporcional e multa de 40% (qua-
renta por cento) do FGTS, bem como guias para
g) Pedido no caso de empregado detentor de estabi- levantamento do FGTS e percepção do seguro-
o
lidade provisória desemprego (Súmula n 389 do TST). Requerer, por
fim, se for o caso, a baixa da CTPS do Reclamante.
APENAS quando o empregado for detentor de ESTA-
BILIDADE PROVISÓRIA no emprego é possível pedir o
Súmula n 396, TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.
a sua reintegração e, sucessivamente, indenização PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO
substitutiva. SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILI-
EM SÍNTESE, na reclamação trabalhista, o Recla- DADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGA-
mante deve narrar os fatos, apresentar os fundamen- MENTO EXTRA PETITA (conversão das Orientações
os
tos que asseguram ao empregado estabilidade provi- Jurisprudenciais n 106 e 116 da SBDI-1) – Res.
sória no emprego e, por fim, PEDIR: 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I – Exaurido o perí-
1) nulidade da dispensa; odo de estabilidade, são devidos ao empregado ape-
nas os salários do período compreendido entre a data
2) reintegração do Reclamante ao emprego com o
da despedida e o final do período de estabilidade, não
pagamento de todos os salários e demais haveres
lhe sendo assegurada a reintegração no emprego (ex-
trabalhistas relativos aos meses que compreendem a o
OJ n 116 da SBDI-1 – inserida em 01.10.1997). II –
data da dispensa e a sua reintegração; e
Não há nulidade por julgamento “extra petita” da deci-
3) sucessivamente, pleitear o pagamento da indeni- são que deferir salário quando o pedido for de reinte-
zação substitutiva, correspondente aos salários e gração, dados os termos do art. 496 da CLT (ex-OJ n
o

demais vantagens relativas ao período da estabilida- 106 da SBDI-1 – inserida em 20.11.1997).


de, e as verbas resilitórias, quais sejam: saldo de
salário, aviso-prévio, décimo terceiro salário propor- Segue exemplo:
cional, férias acrescidas de 1/3 integral e proporcional
e multa de 40% do FGTS, bem como guias para
levantamento do FGTS e percepção do seguro-
o
desemprego (Súmula n 389, TST). Requer, por fim,
a baixa da CTPS do Reclamante.
Caso o Reclamante seja detentor de estabilidade
provisória no emprego, tenha sido despedido sem
justa causa e tenha recebido as verbas rescisórias
deve PEDIR:
1) nulidade da dispensa;
2) reintegração do reclamante ao emprego com o
pagamento de todos os salários e demais haveres
trabalhistas relativamente aos meses que compreen-
dem a data da dispensa e a sua reintegração, dedu-
zidos os valores pagos a título de verbas rescisórias;
e
3) sucessivamente, pleitear o pagamento da indeni-
zação substitutiva, correspondente aos salários e
demais vantagens relativas ao período da estabilida-
de.
Se o período da estabilidade tiver se exaurido, o Re-
clamante deve PEDIR apenas:
1) indenização substitutiva, correspondente aos
salários e demais vantagens relativas ao período da
o
estabilidade (Súmula n 396, TST) e as verbas resili- 3.4. Rescisão indireta

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O empregador, assim como o empregado, possui verbas rescisórias próprias da extinção do contrato
obrigações oriundas do contrato de trabalho. Caso o de trabalho sem justa causa, quais sejam: saldo de
empregador não cumpra com tais deveres ou prati- salário, aviso-prévio, décimo terceiro proporcional,
que qualquer falta grave, o empregado pode requerer férias integrais e proporcionais acrescidas do terço
ao Poder Judiciário a rescisão indireta do contrato, constitucional (1/3) e multa de 40% do FGTS. Reque-
assim como a condenação do empregador ao paga- rer ainda a concessão das guias para levantamento
mento de todas as verbas resilitórias provenientes da do FGTS e percepção do seguro-desemprego, bem
demissão sem justa causa. como, se for o caso, a baixa da CTPS do Reclaman-
te.
O art. 483 da CLT elenca diversas hipóteses de falta
grave por parte do empregador. Verifique: Segue exemplo:

Art. 483, CLT. O empregado poderá considerar res-


cindido o contrato e pleitear a devida indenização
quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças,
defesos por Lei, contrários aos bons costumes ou
alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores
hierárquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contra-
to;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele
ou pessoas de sua família ato lesivo da honra e boa
fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no
fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este
por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários.
º
§ 1 O empregado poderá suspender a prestação dos
serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de de-
sempenhar obrigações legais, incompatíveis com con-
tinuação do serviço. 3.5. Reversão da dispensa por justa causa em
º
§ 2 No caso de morte do empregador constituído em sem justa causa
empresa individual, é facultado ao empregador rescin-
dir o contrato de trabalho. Ensejam a dispensa do empregado por justa causa
º apenas a prática de condutas tipificadas em lei como
§ 3 Nas hipóteses das letras “d” e “g”, poderá o em-
de falta grave.
pregado preitear a rescisão de seu contrato de traba-
lho e o pagamento das respectivas indenizações, Por exemplo, o art. 482 da CLT apresenta diversas
permanecendo ou não no serviço até final decisão do hipóteses de falta grave. Esse rol é exemplificativo,
processo. posto que outras legislações também estabelecem
condutas consideradas como faltas graves.
EM SÍNTESE, na reclamação trabalhista, o Recla-
mante deverá relatar a falta grave cometida pelo EM SÍNTESE, na petição inicial o Reclamante deve-
empregador, na fundamentação apontar o(s) artigo(s) rá:
que classifica(m) tal conduta como falta grave e PE- a) afastar a falta grave que lhe foi imputada. Para
DIR: tanto poderá: negar a conduta (ex.: negar a prática
a) a rescisão indireta do contrato de trabalho; e de ato de improbidade) ou afirmar que tal conduta
não caracteriza falta grave (ex.: recusar-se a se sub-
b) a condenação da reclamada ao pagamento das meter à revista íntima (art. 373-A, VI, da CLT).

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Processo do Trabalho – Aula 03
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PEDIR:
b) se não for detentor de estabilidade provisória
no emprego: a reversão da dispensa por justa causa
em sem justa causa e a condenação da reclamada
ao pagamento das verbas resilitórias próprias da
dispensa sem justa causa, quais sejam: saldo de
salário, aviso-prévio, décimo terceiro salário propor-
cional e férias integrais e proporcionais acrescidas do
terço constitucional (1/3) e multa de 40% do FGTS,
bem como as guias para percepção do seguro-
desemprego e levantamento do FGTS. Requer, ain-
da, a baixa da CTPS. Neste caso, o título do tópico
no mérito será mesmo denominado “reversão da
dispensa por justa causa em sem justa causa”.
c) se for detentor de estabilidade provisória no
emprego: nulidade da dispensa; reintegração do
Reclamante ao emprego com o pagamento de todos
os salários e demais haveres trabalhistas relativos
aos meses que compreendem a data da dispensa e a
sua reintegração; e sucessivamente, pleitear o pa-
gamento da indenização substitutiva, correspondente
aos salários e demais vantagens relativas ao período
da estabilidade e resilitórias próprias da dispensa
sem justa causa, quais sejam: saldo de salário, aviso-
prévio, décimo terceiro salário proporcional e férias
integrais e proporcionais acrescidas do terço consti-
tucional (1/3) e multa de 40% do FGTS, bem como
as guias para a percepção do seguro-desemprego e
levantamento do FGTS. Requer, ainda, a baixa da
CTPS.
Segue exemplo:

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OAB 2ª FASE XX EXAME DE ORDEM
Direito do Trabalho – Aula 04
Aryanna Linhares
PRIMEIRO EXERCÍCIO DE RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA

Síntese da entrevista feita com Bruno Silva, brasileiro, solteiro, CTPS 0010, Identidade 0011, CPF 0012 e PIS
0013, filho de Valmor Silva e Helena Silva, nascido em 20.02.1990, domiciliado na Rua Oliveiras, 150 – Cuiabá –
CEP 20000-000: que foi admitido em 05.07.2011 pela empresa Central de Legumes Ltda., situada na Rua das
Acácias, 58 – Cuiabá – CEP 20000-010, e dispensado sem justa causa em 27.10.2013, quando recebeu correta-
mente as verbas da extinção contratual; que teve a CTPS assinada e exercia a função de empacotador, receben-
do por último o salário de R$ 1.300,00 por mês; que sua tarefa consistia em empacotar congelados de legumes
numa máquina adquirida para tal fim.

Em 30.11.2011 sofreu acidente do trabalho na referida máquina, quando sua mão ficou presa no interior do equi-
pamento, ficando afastado pelo INSS e recebendo auxílio doença acidentário até 20.05.2012, quando retornou ao
serviço. No acidente, sofreu amputação traumática de um dedo da mão esquerda e se submeteu a tratamento
médico e psicológico, gastando com os profissionais R$ 2.500,00 entre honorários profissionais e medicamentos,
tendo levado consigo os recibos.

No retorno, tendo sido comprovada pelos peritos do INSS a perda de 20% da sua capacidade laborativa, foi rea-
daptado a outra função. A CIPA da empresa, convocada quando da ocorrência do acidente, verificou que a má-
quina havia sido alterada pela empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que ela trabalhasse
com maior rapidez e, assim, aumentasse a produtividade. Bruno costumava fazer digitação de trabalhos de con-
clusão de curso para universitários, ganhando em média R$200,00 por mês, mas no período em que esteve afas-
tado pelo INSS não teve condição física de realizar esta atividade, que voltou a fazer tão logo retornou ao empre-
go.

Analisando cuidadosamente o relato feito pelo trabalhador, apresente a peça pertinente à melhor defesa,
em juízo, dos interesses dele, sem criar dados ou fatos não informados.

Obs.: a simples citação legal ou jurisprudencial pertinente não credencia pontuação.

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OAB 2ª FASE – XX EXAME DA ORDEM
Direito do Trabalho – Aula 04
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RESOLUÇÃO DO PRIMEIRO EXERCÍCIO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Síntese da entrevista feita com Bruno Silva, brasileiro, solteiro, CTPS 0010, Identidade 0011, CPF 0012 e PIS
0013, filho de Valmor Silva e Helena Silva, nascido em 20.02.1990, domiciliado na Rua Oliveiras, 150 – Cuiabá –
CEP 20000-000: que foi admitido em 05.07.2011 pela empresa Central de Legumes Ltda., situada na Rua das
Acácias, 58 – Cuiabá – CEP 20000-010, e dispensado sem justa causa em 27.10.2013, quando recebeu correta-
mente as verbas da extinção contratual; que teve a CTPS assinada e exercia a função de empacotador, receben-
do por último o salário de R$ 1.300,00 por mês; que sua tarefa consistia em empacotar congelados de legumes
numa máquina adquirida para tal fim.
Em 30.11.2011 sofreu acidente do trabalho na referida máquina, quando sua mão ficou presa no interior do equi-
pamento, ficando afastado pelo INSS e recebendo auxílio doença acidentário até 20.05.2012, quando retornou ao
serviço. No acidente, sofreu amputação traumática de um dedo da mão esquerda e se submeteu a tratamento
médico e psicológico, gastando com os profissionais R$ 2.500,00 entre honorários profissionais e medicamentos,
tendo levado consigo os recibos.
No retorno, tendo sido comprovada pelos peritos do INSS a perda de 20% da sua capacidade laborativa, foi rea-
daptado a outra função. A CIPA da empresa, convocada quando da ocorrência do acidente, verificou que a má-
quina havia sido alterada pela empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que ela trabalhasse
com maior rapidez e, assim, aumentasse a produtividade. Bruno costumava fazer digitação de trabalhos de con-
clusão de curso para universitários, ganhando em média R$200,00 por mês, mas no período em que esteve afas-
tado pelo INSS não teve condição física de realizar esta atividade, que voltou a fazer tão logo retornou ao empre-
go.
Analisando cuidadosamente o relato feito pelo trabalhador, apresente a peça pertinente à melhor defesa,
em juízo, dos interesses dele, sem criar dados ou fatos não informados.
Obs.: a simples citação legal ou jurisprudencial pertinente não credencia pontuação.
________________________________

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ..... VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ, MATO GROSSO

(10 linhas)

BRUNO SILVA, brasileiro, solteiro, empacotador, RG: Identidade 0011, CPF: 0012, CTPS: 0010, PIS: 0013, filho
de Valmor Silva e Helena Silva, residente e domiciliado na Rua Oliveiras, 150, Cuiabá, CEP 20000-000, vem, res-
peitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração anexa),
com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações ou notificações, com fulcro no artigo
840 da CLT, PROPOR:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA, pelo rito ordinário

em face de CENTRAL DE LEGUMES LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o número ...,
situada na Rua das Acácias, 58, Cuiabá, CEP 20000-010, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - PREMILINAR

01. TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL DO FEITO

Nos termos do art. 9 da Lei 13.146/2015, nos dissídios em figurar pessoa com deficiência o feito deve
tramitar de forma preferencial.
Ressalte-se que o reclamante sofreu a amputação de um dedo, o que reduziu sua capacidade laborativa
em 20%, enquadrando-se, portanto, no conceito de deficiente previsto no art. 2 da referida lei, o qual estabelece:
“... Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”
Diante do exposto, requer a tramitação preferencial do feito.

II – MÉRITO

1. DANO MATERIAL/DANO EMERGENTE

Em 30.11.2011 sofreu acidente do trabalho na máquina de empacotar congelados, quando sua mão ficou
presa no interior do equipamento. No acidente, sofreu amputação traumática de um dedo da mão esquerda e se

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Direito do Trabalho – Aula 04
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submeteu a tratamento médico e psicológico, gastando com os profissionais R$ 2.500,00 entre honorários profis-
sionais e medicamentos, conforme recibos anexos.
Encontram-se presentes os requisitos da responsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e 927 do Código
Civil, quais sejam: culpa, dano e nexo. A culpa verifica-se pelo fato de que a máquina havia sido alterada pela
empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que ela trabalhasse com maior rapidez e, assim,
aumentasse a produtividade. O dano material (emergente) corresponde a R$ 2500,00 entre honorários profissio-
nais e medicamentos, conforme recibos anexos. Por fim, o nexo também se verifica uma vez que o dano decorreu
do ato culposo do empregador.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização pelos danos materi-
ais (danos emergentes) no importe de R$ 2500,00.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 186, CCB. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927, CCB. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

2. DANO MATERIAL - PENSÃO VITALÍCIA

No retorno às atividades ficou comprovada, pelos peritos do INSS, a perda de 20% da capacidade labora-
tiva do reclamante, o qual foi readaptado a outra função.
Uma vez comprovados os requisitos da responsabilidade civil, nos termos do art. 950 do Código Civil Bra-
sileiro, se da ofensa resultar defeito que diminua a capacidade de trabalho do ofendido, a este será devida pensão
correspondente à importância do trabalho para o qual se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Diante do exposto, requer a condenação do reclamado ao pagamento de pensão vitalícia, no importe de
20% do salário do empregado, por conta da redução da capacidade laborativa.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 950, CCB. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou
se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até
ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Obs: O Examinador admitiu também o pedido de pagamento de indenização em cota única, nos termos do
parágrafo único do art. 950 da CLT.

3. DANO MATERIAL - LUCROS CESSANTES

Bruno costumava fazer digitação de trabalhos de conclusão de curso para universitários, ganhando em
média R$200,00 por mês, mas no período em que esteve afastado pelo INSS não teve condição física de realizar
esta atividade, voltando a realiza-la tão logo retornou ao emprego.
Uma vez comprovados os requisitos da responsabilidade civil, nos termos do art. 402, 949 e 950 do Códi-
go Civil Brasileiro, o ofensor deve indenizar o ofendido naquilo que razoavelmente deixou de lucrar.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento de R$ 200,00 por mês, relativos ao
período em que o reclamante esteve afastado pelo INSS.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 402, CCB. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abran-
gem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Art. 950, CCB. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou
se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até

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Direito do Trabalho – Aula 04
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ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

4. DANO MORAL

Como já referido, o reclamante sofre amputação traumática de um dedo da mão esquerda em acidente
ocorrido na empresa.
Encontram-se presentes os requisitos da responsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e 927 do Código
Civil, quais sejam: culpa, dano e nexo. A culpa verifica-se pelo fato de que a máquina havia sido alterada pela
empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que ela trabalhasse com maior rapidez e, assim,
aumentasse a produtividade. O dano moral caracteriza-se pelo sofrimento injusto a que se submeteu o trabalha-
dor. Por fim, o nexo também se verifica uma vez que o dano decorreu do ato culposo do empregador.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais
em valor a ser arbitrado pelo juiz.

5. DANO ESTÉTICO

Como já referido, o reclamante sofre amputação traumática de um dedo da mão esquerda em acidente
ocorrido na empresa.
Encontram-se presentes os requisitos da responsabilidade civil, autorizadores de indenização por dano
estético, previstos nos arts. 186 e 927 do Código Civil, quais sejam: culpa, dano e nexo. A culpa verifica-se pelo
fato de que a máquina havia sido alterada pela empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que
ela trabalhasse com maior rapidez e, assim, aumentasse a produtividade. O dano estético caracteriza-se pela
deformidade física, atingindo o lado psicológico do indivíduo diminuído na integridade corporal e estética de sua
imagem externa. Por fim, o nexo também se verifica uma vez que o dano decorreu do ato culposo do empregador.
Ressalte-se que nos termos das súmulas 37 e 387 do STJ é possível a cumulação dos danos morais com
os danos estéticos oriundos do mesmo fato.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos estéticos
em valor a ser arbitrado pelo juiz.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Súmula nº 387, STJ - Licitude - Cumulação - Indenizações de Dano Estético e Dano Moral
É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

Súmula nº 37, STJ - Indenizações - Danos - Material e Moral - Mesmo Fato - Cumulação
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.

6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Tendo em vista que o jus postulandi foi revogado pelo art. 133 da CF, requer a condenação da reclamada ao pa-
gamento de honorários advocatícios em razão da mera sucumbência, no importe de 20%, nos termos do art. 85, §
2º, do CPC.

II - PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

a) condenação do reclamado ao pagamento de indenização por danos emergentes no importe de R$ 2500,00.


b) condenação do reclamado ao pagamento de lucros cessantes, no valor de R$ 200,00 por mês durante o perío-
do em que o empregado esteve afastado pelo INSS.
c) condenação do reclamado ao pagamento de pensão vitalícia, no importe de 20% do salário do empregado, por
conta da redução da capacidade laborativa.
d) condenação do reclamado ao pagamento de danos morais e estéticos em valor a ser arbitrado pelo juiz.
e) condenação do reclamado no pagamento de honorários advocatícios.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

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Diante do exposto, requer: a) notificação da Reclamada para oferecer resposta à Reclamatória Trabalhis-
ta, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato e b) a produção de todos os meios de prova em direi-
to admitidos, em especial a prova documental, o depoimento pessoal e a oitiva de testemunhas. Por fim, a proce-
dência dos pedidos com a condenação da reclamada ao pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros e
correção monetária.

Atribui-se a causa valor acima de 40 salários mínimos.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e Data
OAB nº

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
1. Formato de petição inicial, com endereçamento ao juiz do trabalho 0,00 / 0,20 /
de Cuiabá (0,20) e nome e qualificação do reclamante (0,20) e nome e 0,40 / 0,60
qualificação do reclamado (0,20).
2. Dano Material (Dano Emergente): reparação pelo dano material 0,00 / 0,70
(dano emergente), no valor de R$ 2.500,00 (0,70).
3. Dano Material (Lucro Cessante): reparação pelo dano material (lu- 0,00/ 0,50/
cro cessante), no valor de R$ 200,00 mensais (0,50), no período de 0,70
afastamento ou 30.11.2011 (ou 15.12.2011) a 19.05.2012 (0,20)
4. Fundamento (culpa ou risco da atividade) (0,20) e indicação dos 0,00/ 0,20/
artigos para o dano material: Art. 186 OU 402 OU 927 OU 949 CCB 0,40
(0,20).
5. Dano Moral: reparação do dano moral (0,40) pelo sofrimento injusto 0,00 / 0,40 /
ou dor íntima (0,20) 0,60
6. Dano Estético: reparação do dano estético (0,40) devido a defeito 0,00 / 0,40 /
aparente ou amputação de um dedo ou lesão corporal (0,20). 0,60
7. Pensão Vitalícia: pagamento de pensão vitalícia (de 20% do seu 0,00 / 0,40 /
salário) por conta da redução da capacidade laborativa (0,40). Indica- 0,60
ção do Art. 950 CCB (0,20). OU Pagamento de indenização em cota
única ou de uma só vez (0.40). Indicação do Art. 950, parágrafo único,
CCB (0,20).
8. Pedidos: Indenização por dano emergente (0,10), lucro cessante 0,00/ 0,10/
(0,10), dano moral (0,10), dano estético (0,10) e pensão (0,10) 0,20/ 0,30/
0,40/ 0,50
9. Encerramento requerendo a citação/notificação (0,10), e indicando 0,00/ 0,10/
valor da causa (0,10). 0,20
10. Fechamento da Peça: (0,10) Data, Local, Advogado, OAB ... nº... 0,00/ 0,10
NOTA FINAL

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SEGUNDO EXERCÍCIO DE RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA - EXAME DE ORDEM XIV

Síntese da entrevista realizada com Heitor Samuel Santos, brasileiro, solteiro, desempregado, filho de Isaura San-
tos, portador da identidade 559, CPF 202, residente e domiciliado na Rua Sete de Setembro, casa 18 – Manaus –
Amazonas – CEP 999:

 trabalhou na fábrica de componentes eletrônicos Nimbus S.A. situada na Rua Leonardo Malcher, 7.070 – Ma-
naus – Amazonas – CEP 210), de 10.10.2012 a 02.07.2014, oportunidade na qual foi dispensado sem justa causa
e recebeu, corretamente, sua indenização;
 a empresa possui 220 empregados;
 é portador de deficiência e soube que, após a sua dispensa, não houve contratação de um substituto em condi-
ção semelhante;
 seu e-mail pessoal era monitorado pela empresa porque, na admissão, estava ocorrendo um problema na plata-
forma institucional, daí porque a ex-empregadora acordou com os empregados que o conteúdo de trabalho seria
enviado ao e-mail particular de cada um, desde que pudesse fazer o monitoramento; que, em razão disso, o em-
pregador teve acesso a diversos escritos e fotos particulares do depoente, inclusive conteúdo que ele não deseja-
va expor a terceiros;
 durante o contrato sofreu descontos a título de contribuição sindical e confederativa, mesmo não sendo sindicali-
zado;
 teve a CTPS assinada como assistente de estoque, mas, em parte do horário de trabalho, também realizava as
tarefas de um analista de compras, pois seu chefe determinava que ele fizesse pesquisa de preços e comparasse
a sua evolução ao longo do tempo, atividades estranhas ao seu mister de assistente de estoque;
 trabalhava de 2ª a 6ª feira das 8:00 às 16:45 h, com intervalo de 45 minutos para refeição, e aos sábados das
8:00 às 12:00 h, sem intervalo.
Você, contratado como advogado, deve apresentar a medida processual adequada à defesa dos interesses de
Heitor, sem criar dados ou fatos não informados. (Valor: 5,00)

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RESOLUÇÃO DO SEGUNDO EXERCÍCIO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - EXAME DE ORDEM XIV

Síntese da entrevista realizada com Heitor Samuel Santos, brasileiro, solteiro, desempregado, filho de Isaura San-
tos, portador da identidade 559, CPF 202, residente e domiciliado na Rua Sete de Setembro, casa 18 – Manaus –
Amazonas – CEP 999:

 trabalhou na fábrica de componentes eletrônicos Nimbus S.A. situada na Rua Leonardo Malcher, 7.070 – Ma-
naus – Amazonas – CEP 210), de 10.10.2012 a 02.07.2014, oportunidade na qual foi dispensado sem justa causa
e recebeu, corretamente, sua indenização;
 a empresa possui 220 empregados;
 é portador de deficiência e soube que, após a sua dispensa, não houve contratação de um substituto em condi-
ção semelhante;
 seu e-mail pessoal era monitorado pela empresa porque, na admissão, estava ocorrendo um problema na plata-
forma institucional, daí porque a ex-empregadora acordou com os empregados que o conteúdo de trabalho seria
enviado ao e-mail particular de cada um, desde que pudesse fazer o monitoramento; que, em razão disso, o em-
pregador teve acesso a diversos escritos e fotos particulares do depoente, inclusive conteúdo que ele não deseja-
va expor a terceiros;
 durante o contrato sofreu descontos a título de contribuição sindical e confederativa, mesmo não sendo sindicali-
zado;
 teve a CTPS assinada como assistente de estoque, mas, em parte do horário de trabalho, também realizava as
tarefas de um analista de compras, pois seu chefe determinava que ele fizesse pesquisa de preços e comparasse
a sua evolução ao longo do tempo, atividades estranhas ao seu mister de assistente de estoque;
 trabalhava de 2ª a 6ª feira das 8:00 às 16:45 h, com intervalo de 45 minutos para refeição, e aos sábados das
8:00 às 12:00 h, sem intervalo.
Você, contratado como advogado, deve apresentar a medida processual adequada à defesa dos interesses de
Heitor, sem criar dados ou fatos não informados. (Valor: 5,00)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ..... VARA DO TRABALHO DE MANAUS, AMAZONAS


(10 linhas)
HEITOR SAMUEL SANTOS, brasileiro, solteiro, desempregado, filho de Isaura Santos, portador da identidade
559, CPF 202, CTPS .., PIS ..., residente e domiciliado na Rua Sete de Setembro, casa 18 – Manaus – Amazo-
nas – CEP 999 vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assi-
nado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações ou notifica-
ções, com fulcro no artigo 840 da CLT, PROPOR:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA, pelo rito ordinário

em face de FÁBRICA DE COMPONENTES ELETRÔNICOS NIMBUS S.A, pessoa jurídica de direito privado, ins-
crita no CNPJ sob o número ..., situada na Rua Leonardo Malcher, 7.070 – Manaus – Amazonas – CEP 210, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.

I - PRELIMINARES

01. TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL DO FEITO

O reclamante é portador de deficiência e, nos termos do art. 9 da Lei 13.146/2015, nos dissídios em figu-
rar pessoa com deficiência o feito deve tramitar de forma preferencial.
Diante do exposto, requer a tramitação preferencial do feito.

02 - GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O reclamante encontra-se desempregado, de modo que nos termos do art. 790, § 3º, da CLT faz jus aos
benefícios da gratuidade da justiça, previstos no art. 98, § 1º, do CPC.

II – MÉRITO

01. REINTEGRAÇÃO
O Reclamante, portador de deficiência, foi dispensado sem justa causa em 01.07.2014. Muito embora a empresa
tenha 200 empregados, após a sua dispensa, não houve contratação de um substituto em condição semelhante.

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Nos termos do art. art. 93, § 1º, Lei 8.213/91, quando a empresa tiver mais de 100 empregados, a dispensa imoti-
vada de trabalhador reabilitado ou de deficiente contratado por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a
contratação de substituto de condição semelhante.
Diante do exposto requer a reintegração do empregado.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Art. 93, Lei 8213/91. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por
cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiên-
cia, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados...........................................................................................2%;
II - de 201 a 500......................................................................................................3%;
III - de 501 a 1.000..................................................................................................4%;
IV - de 1.001 em diante. .........................................................................................5%.
§ 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determi-
nado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a
contratação de substituto de condição semelhante.
§ 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados
e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindica-
tos ou entidades representativas dos empregados.

02. DANO MORAL


O Reclamante tinha seu e-mail pessoal monitorado pela empresa porque, na admissão, estava ocorrendo
um problema na plataforma institucional, daí porque a ex-empregadora acordou com os empregados que o conte-
údo de trabalho seria enviado ao e-mail particular de cada um, desde que pudesse fazer o monitoramento. Em
razão disso, o empregador teve acesso a diversos escritos e fotos particulares do reclamante, inclusive conteúdo
que ele não desejava expor a terceiros.
Encontram-se presentes os requisitos da responsabilidade civil, previstos nos arts. 186 e 927 do Código
Civil, quais sejam: culpa, dano e nexo. Observe-se:
A culpa verifica-se pela conduta da reclamada de monitorar os e-mails pessoais do reclamante. O dano
caracteriza-se pela violação de sua privacidade, na medida em que o empregador tinha acesso a diversos escritos
e fotos particulares, que este não desejava expor a terceiros. Por fim, como o dano decorreu da conduta culposa
do empregador, torna-se evidente também a presença do nexo causal.
Nos termos do art. 5º, X, da CF são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pes-
soas, sendo assegurado o direito a indenização por danos morais decorrente de sua violação.
Diante do exposto, tendo em vista que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar os
pedidos de danos morais decorrentes das relações de trabalho (art. 114, VI, da CF e súmula 392 do TST), requer
a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado pelo juiz.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Art. 186, CCB. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927, CCB. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Art. 5º, X, CF. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

03. DEVOLUÇÃO DO DESCONTO DA CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA


Durante o contrato o reclamante sofreu descontos a título de contribuição confederativa, mesmo não sen-
do sindicalizado.
Nos termos da súmula vinculante 40 do STF, da súmula 666 do STF, PN 119 do TST e OJ 17 da SDC ,
do TST, a contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindi-
cato respectivo.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento dos valores descontados do recla-
mante a título de contribuição confederativa no curso do contrato de trabalho.

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Súmula vinculante 40, STF. A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Fede-
ral, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo".

Súmula 666, STF. A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados
ao sindicato respectivo.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em
folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contri-
buição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
PN 119, TST. CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS – (manti-
do) - DEJT divulgado em 25.08.2014
"A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização.
É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença norma-
tiva estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederati-
vo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores
não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução
os valores irregularmente descontados."
OJ 17, SDC, TST. CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EX-
TENSÃO A NÃO ASSOCIADOS. (mantida) - DEJT divulgado em 25.08.2014
As cláusulas coletivas que estabe-
leçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados,
são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas,
sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.
Obs: O Examinador descontou 0,3 do candidato que requereu também a devolução da contribuição sindical, posto
que o empregador poderia descontá-la do salário do empregado.
Contribuição sindical - previsão legal: art. 578 a 591, CLT.
Art. 578, CLT. As contribuições devidas aos Sindicatos pelos que participem das categorias econômicas ou profis-
sionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação do "imposto
sindical", pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo.
Art. 579, CLT. A contribuição sindical é devida por todos aquêles que participarem de uma determinada categoria
econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria
ou profissão ou, inexistindo êste, na conformidade do disposto no art. 591.
Art. 580, CLT. A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente, e consistirá: (Redação dada
pela Lei nº 6.386, de 9.12.1976) (Vide Lei nº 11.648, de 2008)
I - Na importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, para os empregados, qualquer que seja
a forma da referida remuneração;
(...)

4. ACÚMULO DE FUNÇÃO
O reclamante teve sua CTPS assinada como assistente de estoque, mas, em parte do horário de trabalho,
também realizava as tarefas de um analista de compras, pois seu chefe determinava que ele fizesse pesquisa de
preços e comparasse a sua evolução ao longo do tempo, atividades estranhas as funções de assistente de esto-
que.
Nos termos do arts. 13 da Lei 6.615/78 e art 8º da Lei 3207/57, que se aplicam analogicamente ao caso
em tela, é devido um acréscimo salarial em razão do acúmulo de função, posto que demandem maior grau de
qualificação ou maior responsabilidade, compatíveis com função melhor remunerada.
Diante do exposto, requer um plus salarial pelo acúmulo de função em parte do horário de trabalho.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 13, Lei 6.615/78 (Regulamenta a profissão de Radialista Na hipótese de exercício de funções acumuladas
dentro de um mesmo setor em que se desdobram as atividades mencionadas no art. 4º, será assegurado ao Ra-
dialista um adicional mínimo de:
I - 40% (quarenta por cento), pela função acumulada, tomando-se por base a função melhor remunerada, nas
emissoras de potência igual ou superior a 10 (dez) quilowatts e, nas empresas equiparadas segundo o parágrafo
único do art. 3º;
II - 20% (vinte por cento), pela função acumulada, tomando-se por base a função melhor remunerada, nas emisso-
ras de potência inferior a 10 (dez) quilowatts e, superior a 1 (um) quilowatt;

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III - 10% (dez por cento), pela função acumulada, tomando-se por base a função melhor remunerada, nas emisso-
ras de potência igual ou inferior a 1 (um) quilowatt.

Art. 8º, Lei 3.207/57 (Regulamenta as atividades dos empregados vendedores, viajantes ou pracistas). Quando for
prestado serviço de inspeção e fiscalização pelo empregado vendedor, ficará a emprêsa vendedora obrigada ao
pagamento adicional de 1/10 (um décimo) da remuneração atribuída ao mesmo.

ACÚMULO DE FUNÇÕES. ACRÉSCIMO SALARIAL. O direito ao acréscimo salarial por acúmulo de funções tem
origem em alteração contratual lesiva ao empregado de quem se passa a exigir, em meio ao contrato, o desem-
penho de atividades distintas das que integram o conteúdo ocupacional da função contratada, que demandem
maior grau de qualificação ou maior responsabilidade, compatíveis com função melhor remunerada. Caso em que
essa situação não restou configurada. Recurso da reclamante não provido.
(TRT-4 - RO: 00003402820125040020 RS 0000340-28.2012.5.04.0020, Relator: MANUEL CID JARDON, Data de
Julgamento: 14/05/2014, 20ª Vara do Trabalho de Porto Alegre)

5. INTERVALO INTRAJORNADA
O Reclamante trabalhava de 2ª a 6ª feira das 8:00 às 16:45 h, com intervalo de 45 minutos para refeição.
Nos termos do art. 71 da CLT, o empregado que trabalha mais de 6 horas faz jus a um intervalo de no mínimo 1
hora, o qual não foi observado.
Diante do exposto, requer a condenação da reclamada ao pagamento de uma hora extra, em razão da conces-
são parcial do intervalo intrajornada, acrescida no adicional de 50%, como determinam o art. 71, § 4º, da CLT e a
súmula 437, I, do TST. Requer ainda, reflexos, uma vez que o intervalo tem natureza salarial (súmula 437, III, do
TST) em verbas contratuais e resilitórias em DSR, aviso prévio, décimo terceiro salário integral e proporcional,
férias acrescidas de 1/3 integrais e proporcionais e FGTS (depósito e multa de 40%).

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 71, CLT. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de
um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou
contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador,
este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por
cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Súmula 437, TST.


I - Após a edição da Lei no 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo,
para repouso e alimentação, a empregados urba- nos e rurais, implica o pagamento total do período correspon-
dente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da
hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de re-
muneração.
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4o, da CLT, com redação introduzida pela Lei no
8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajorna-
da para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.

Obs: a Banca descontou 0,30 caso o candidato postulasse hora extra pelo excesso de jornada.

6. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Tendo em vista que o jus postulandi não foi recepcionado pelo art. 133 da CF, requer a condenação da recla-
mada ao pagamento de honorários advocatícios em razão da mera sucumbência, no importe de 20%, nos termos
do art. 85, § 2º, do CPC.

II - PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer:
a) a reintegração do empregado;
b) a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado pelo juiz,
em virtude do monitoramento indevido do e-mail pessoal do trabalhador, ferindo a sua intimidade;
c) a devolução dos descontos de contribuições confederativas realizadas no curso do contrato de trabalho.
d) a condenação da reclamada o pagamento de um plus salarial pelo acúmulo de função em parte do horário de
trabalho;
e) a condenação da reclamada ao pagamento de 1 hora extra, com adicional de 50% pela pausa alimentar parci-
almente concedida.

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f) a condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer: a) notificação da Reclamada para oferecer resposta à Reclamatória Trabalhis-
ta, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato e b) a produção de todos os meios de prova em direi-
to admitidos, em especial a prova documental, o depoimento pessoal e a oitiva de testemunhas. Por fim, a proce-
dência dos pedidos com a condenação da reclamada ao pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros e
correção monetária.

Atribui-se a causa valor acima de 40 salários mínimos.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e Data
OAB nº

EXAME DE ORDEM XIV - ESPELHO DE CORREÇÃO

Faixa de
Quesitos Avaliados
Valores
Petição inicial, com endereçamento ao juízo de Manaus, AM 0,00/ 0,10
Identificação de autor (0,20) e ré. (0,20) 0,00/ 0,20/
0,40
Reintegração porque a dispensa do portador de deficiência não
foi acompanhada da contratação de outro em condição seme- 0,00/ 0,60/
lhante. (0,60) Indicação do art. 93, § 1º, Lei 8.213/91 OU art. 36, 0,80
§ 1º, do Dec. 3.398/99. (0,20)
Indenização por dano moral em virtude do monitoramento inde-
vido do e-mail pessoal do trabalhador, ferindo a intimidade 0,00/ 0,60/
(0,60). Indicação do Art. 5º, X, CF/88 OU arts. 21, 186 ou 927 0,80
CCB (0,20)
Devolução do desconto de contribuição confederativa porque o
trabalhador não era sindicalizado (0,60). Indicação da Súmula 0,00/ 0,30/
666 STF OU PN 119 TST OU OJ 17 SDC TST. (0,20) 0,50/ 0,60/
Obs.: haverá redutor de 0,30 caso seja requerida a devolução 0,80
da contribuição sindical.
Plus salarial pelo acúmulo de função em parte do horário de
0,00/ 0,60/
trabalho (0,60). Indicação do art. 456 § único CLT OU art. 13 Lei
0,80
6.615/78 OU Art. 8 Lei 3207/57. (0,20)
1 hora extra, com adicional de 50% pela pausa alimentar parci-
almente concedida. (0,60) Indicação da Súmula 437, I, TST OU 0,00/ 0,30/
art. 71, § 4º, CLT. (0,20) 0,50/ 0,60/
Obs.: haverá redutor de 0,30 caso haja pedido de hora extra 0,80
pelo excesso de jornada.
Requerimento de citação/notificação do réu para contestação 0,00/ 0,10/
(0,10), procedência dos pedidos (0,20) e indicação de valor 0,20/ 0,30/
dado à causa (0,10). 0,40
Fechamento da Peça. (0,10)
0,00/ 0,10
Data, Local, Advogado, OAB ...nº...

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Respostas do Reclamado

2.1. MODALIDADES DE RESPOSTAS DO RÉU


São respostas do réu:
• CONTESTAÇÃO;
• EXCEÇÃO;

2.2. CONTESTAÇÃO
O endereçamento e a qualificação sempre serão os primeiros passos de qualquer petição, sendo o conteúdo da
contestação composto por preliminares, prejudiciais de mérito, mérito e requerimentos finais.

2.2.1. Estrutura completa da contestação


Segue modelo da contestação:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABA-


LHO DE ________.

Processo n°

NOME DO RECLAMADO, qualificação e endereço completos, vem, res-


peitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço
completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 847 da
CLT, OFERECER:

CONTESTAÇÃO
à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE, já
qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

I – PRELIMINAR

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
a) Prescrição Bienal;
b) Prescrição Quinquenal.

III – MÉRITO (os tópicos são exemplificativos, já que o mérito depende da


proposta).

1. PEDIDO FORMULADO PELO AUTOR

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§ 1o Fato. O Reclamante postulou...

§ 2o Fundamento. Não assiste razão ao Reclamante, pois...

§ 3o Pedido. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do


Reclamante.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Requer a produção de todos os meios de provas em direito admitidas, em


especial o depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão.

Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito para ___ sucessi-


vamente, o acolhimento da prejudicial de mérito para ___ e, sucessivamen-
te, no mérito, a improcedência dos pedidos formulados pelo autor, conde-
nando-o no pagamento de custas processuais.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB no

Segue análise detalhada dos tópicos da contestação

2.2.2. Endereçamento
Na contestação, o endereçamento da peça deve ser feito ao juízo em que está tramitando a ação, como no
exemplo abaixo:

EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE


___

2.2.3. Qualificação
Apesar de o Reclamado já estar qualificado na inicial, a contestação é a sua primeira manifestação nos autos,
de modo que deve trazer sua qualificação. Caso o problema não forneça os dados, não invente. Coloque entre vírgu-
las, “qualificação e endereço completos”. Na hipótese de o problema fornecer os dados apenas de forma parcial,

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indique os fornecidos pela prova e acrescente “qualificação e endereço completos”.
Dispensa-se a qualificação completa do Reclamante, a qual será substituída pela expressão “já qualificado nos
autos em epígrafe”.
Ainda, na qualificação, deverá ser inserido o fundamento legal da peça processual. A contestação, no Processo
do Trabalho, está positivada no artigo 847 da CLT, in verbis:

Art. 847 da CLT. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Exemplo:

NOME DO RECLAMADO, qualificação e endereço completos, vem, res-


peitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço
completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 847 da
CLT, OFERECER

CONTESTAÇÃO

à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE, já


qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas.

Ou

NOME DA RECLAMADA (completo, sem abreviações e em caixa alta),


pessoa jurídica de direito privado (pessoa física; fundação pública ou privada
etc.), inscrita no CNPJ sob o no, estabelecida no endereço completo, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço
completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 847 da
CLT, OFERECER

CONTESTAÇÃO

à Reclamatória Trabalhista que lhe move NOME DO RECLAMANTE, já


qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e pelos fundamentos
de direito a seguir expostos.

2.2.4. Preliminares
A preliminar da contestação versa sobre os aspectos processuais, trata-se de defesa processual.
Assim, segue procedimento de pensamento:
Arts. 337 do
Problema no Preliminares
CPC e
processo de mérito
852-B da CLT

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Art. 337 do CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas neste artigo.
§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica
aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 852-B da CLT. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:


I – o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;
II – não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado;
III – a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo
constar de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Jul-
gamento.
§ 1o O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da
reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa.
§ 2o As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, re-
putando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência de comunicação.

Encontrada a hipótese no artigo 337 do CPC ou no artigo 852-B da CLT, incisos I e II, da CLT, é certo que have-
rá preliminar, resta, portanto, saber o que pedir.
As preliminares de mérito classificam-se em dilatórias e peremptórias. Enquanto as dilatórias não visam à extin-
ção do processo; as peremptórias possuem esse objetivo. Aquelas são a maioria.
Tratam de exceções dilatórias a conexão e continência (art. 337, VIII, do CPC) e a incapacidade de
parte ou irregularidade de representação (art. 337, IX, CPC). O artigo 337, VIII do CPC refere-se apenas à
conexão, entretanto, esta compreende também a continência. Reputam -se conexas duas ou mais ações, quan-
do lhes for comum o objeto ou a causa de pedir (art. 55, do CPC). Dá-se a continência entre duas ou mais
ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais am-
plo, abrange o das outras (art. 56, CPC). Nesses casos, demanda-se a reunião de ações propostas em separa-
do, a fim de que sejam decididas simultaneamente.

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As preliminares de mérito levam à extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485 do
CPC :

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo
de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III,
o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de ju-
risdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requeri-
mento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se.

Atente-se para o fato de que o pedido de extinção pode se referir ao processo como um todo, ou apenas
a um ou alguns pedidos, ou ainda um ou alguns réus, como veremos nos exemplos a seguir.
Para o estudo das preliminares é importante destacar os pressupostos processuais:

Existência Validade

• Petição Inicial; • Apta;


• Jurisdição; • Juiz imparcial e competente;
• Citação; • Válida;
• Capacidade de ser parte (pessoa • Capacidade processual.
ou ente despersonalizado).

Os pressupostos de existência e de validade são denominados pressupostos de constituição (existência) e de


desenvolvimento válido e regular do processo (validade e específicos). A ausência de qualquer deles implica a extin-
ção do processo sem resolução do mérito, com fundamento no artigo 485, IV, do CPC.

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2.2.4.1. Nulidade de citação
Para a validade do processo é indispensável a citação do réu (art. 239, do CPC).
A citação no Processo do Trabalho chama-se notificação e é realizada, em regra, via postal com aviso de rece-
bimento. Se o réu criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado far-se-á a notificação por edital, inserto
em jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede do Juízo.
Entre a data do recebimento da notificação e a data da audiência deve decorrer o prazo mínimo 5 dias para ela-
boração da defesa. Caso inobservado, a citação, embora existente, será declarada nula.
Na prova, caso o problema indique que não foi observado o prazo mínimo de 5 dias para elaboração da defesa,
o candidato deverá abrir uma preliminar de nulidade de citação e requerer que seja decretada a nulidade da notifica-
ção e redesignada a data da audiência, com a observância do prazo mínimo de 5 dias para a elaboração da defesa,
à luz do artigo 234, § 1°, do CPC.
Para melhor identificação dos fundamentos é preciso analisar os seguintes artigos:

Art. 337 do NCPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas neste artigo.

§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,


implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 841 da CLT. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito)
horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para
comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
§ 1o A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento
ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente fo-
rense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2o O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.

Art. 239, CPC. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as
hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
§ 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a par-
tir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução.
§ 2º Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de:
I - conhecimento, o réu será considerado revel;
II - execução, o feito terá seguimento.

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:

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I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo
de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III,
o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de ju-
risdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requeri-
mento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias
para retratar-se.

Art. 330 do CPC. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1º Considera-se INEPTA a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de
alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações con-
tratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Segue exemplo:

I – PRELIMINAR

1. Nulidade de citação

A notificação citatória foi recebida pelo Reclamado em 25.08.2010, infor-


mando-o da audiência designada para o dia 28.08.2010, logo, entre a data do
recebimento da notificação e data da audiência decorreram-se tão somente 3
(três) dias. (Fato)

Segundo estabelece o artigo 841 da CLT, o Reclamado será notificado pa-


ra comparecer à audiência “… que será a primeira desimpedida depois de 5
(cinco) dias”, ou seja, entre a data do recebimento da notificação e a data da
audiência deve decorrer um prazo mínimo de 5 (cinco) dias para elaboração da

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defesa, o qual não foi observado. Feriu-se, portanto, o direito de defesa do réu,
consubstanciado no artigo 5°, LV, da CF.

Esclarece-se que a nulidade de citação é matéria que deve ser tratada em


preliminar de contestação nos moldes do artigo 337, I, do CPC. (Fundamen-
to)

Diante do apresentado, requer a extinção do processo sem resolução do


mérito, com base no artigo 485, IV do CPC e, sucessivamente, que seja de-
clarada a nulidade da notificação e redesignada a audiência, observando-se o
prazo mínimo de 5 (cinco) dias para a elaboração da defesa, fundamentado no
artigo 239, § 1º, CPC.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.2.4.2. Inépcia da petição inicial


A petição inicial será inepta nas hipóteses descritas no artigo 330, § 1º, do CPC. Confira:

Art. 330, §1º, CPC. Considera-se INÉPTA a petição inicial quando:


I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

Em preliminar de contestação deve-se arguir a inépcia da petição inicial (art. 337, IV, do CPC) e postular-se a
extinção do processo sem resolução do mérito por indeferimento da petição inicial, uma vez que a inépcia é uma das
causas de indeferimento, nos termos dos artigos artigos 485, I e 330, I, do CPC. Com esse pedido, estamos reque-
rendo ao juiz que indefira a petição desde logo. Caso, entretanto, ele não o faça já no início do processo, adiante
devemos requerer que o processo seja extinto sem resolução do mérito por falta de um dos pressupostos de consti-
tuição e de desenvolvimento válido e regular do processo, à luz do artigo 485, IV, do CPC.
Para melhor identificação dos fundamentos é preciso analisar os seguintes artigos:

Art. 337 do CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;

III - incorreção do valor da causa;

IV - inépcia da petição inicial;

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V - perempção;

VI - litispendência;

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.

§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.

§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.

§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,


implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 330 do CPC. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

II - a parte for manifestamente ilegítima;

III - o autor carecer de interesse processual;

IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

§ 1o Considera-se INEPTA a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

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Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do proces-


so;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.

§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inci-
so III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de reque-
rimento do réu.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.

Segue exemplo:

I – PRELIMINAR

1. Inépcia da petição inicial

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Na petição inicial da reclamatória trabalhista consta o pedido de condena-


ção do reclamando ao pagamento de indenização por danos morais, sem a
indicação de qualquer causa de pedir. (Fato)

Segundo estabelece o artigo 330, § 1º, do CPC, a petição inicial será


inepta quando lhe faltar o pedido ou causa de pedir. Quanto ao pedido de in-
denização por danos morais a petição inicial apresenta apenas o pedido, es-
tando ausente a causa de pedir, sendo, portanto inepta neste particular.

Esclarece-se que a inépcia da petição inicial é matéria que deve ser tratada
em preliminar de contestação nos moldes do artigo 337, IV, do CPC (Funda-
mento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


com base nos 485, I e 330, I, do CPC) (indeferimento da petição inicial) e,
sucessivamente, nos termos do art. 485, IV, do CPC (ausência de pressupos-
tos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo), quanto
ao pedido de indenização por danos morais.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.2.4.3. Perempção
Trata-se de impedimento temporário de ajuizar reclamação trabalhista com a mesma causa de pedir e pedidos
da(s) ajuizada(s) anteriormente, pelo prazo de 6 meses. As hipóteses de perempção no Processo do Trabalho são
diferentes das do Processo Civil e estão previstas nos artigos 731 e 732 da CLT. Veja:

Art. 731 da CLT. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo
estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de
perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
Art. 732 da CLT. Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der
causa ao arquivamento de que trata o art. 844.

A perempção deve ser tratada em preliminar de contestação (art. 337, VI, do CPC) e postulada a extinção do
processo sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, V, do CPC.
Para melhor identificação dos fundamentos é preciso analisar os seguintes artigos:

Art. 337 do CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;

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IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,
implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do proces-
so;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inci-
so III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de reque-
rimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.
Segue exemplo:

I – PRELIMINAR

1. Perempção

João ajuizou reclamação trabalhista em face de seu antigo empregador


Joaquim, tendo sido designada audiência para o dia 21.09.2009. Em razão do

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não comparecimento do autor, o processo foi extinto sem resolução do mérito.


Cinco dias depois, o autor ajuizou novamente a mesma reclamatória trabalhis-
ta, que foi distribuída para a mesma Vara do Trabalho, que designou nova
audiência para o dia 15.01.2010. Apesar de regularmente notificado, mais uma
vez o autor faltou injustificadamente em audiência, sendo novamente extinta a
reclamatória. Trinta dias depois da extinção, o autor ajuizou pela terceira vez a
mesma reclamação trabalhista, a qual se contesta. (Fato)

Segundo estabelecem os artigos 732 e 844 da CLT, incorrerá na pena de


perda do direito de ajuizar nova reclamação trabalhista pelo prazo de 6 (seis)
meses aquele que, por duas vezes seguidas, der causa ao arquivamento da
reclamatória trabalhista por não comparecer em audiência, sendo, no Processo
do Trabalho, esta uma das hipóteses de perempção. Esse é exatamente o
caso do autor, pois o mesmo não compareceu nas audiências designadas para
os dias 21.09.2009 e 15.01.2010. Apesar de não poder ajuizar nova reclama-
ção trabalhista pelo período de 6 (seis) meses, depois de decorridos apenas 30
(trinta) dias ajuizou a presente reclamatória trabalhista.

Esclarece-se que a perempção é matéria que deve ser tratada em prelimi-


nar de contestação à luz do artigo 337, V, do CPC. (Fundamento)

Diante disso, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos


moldes do artigo 485, V, do CPC.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

Quanto à perempção destaca-se a questão no 2 do V Exame de Ordem – OAB/FGV 2011.2.

(OAB/FGV – V EXAME DE ORDEM – QUESTÃO 2) Reginaldo ingressou com ação contra seu antigo
empregador, e, por não comparecer em audiência, o feito foi arquivado. Trinta dias após, ajuizou nova
ação com os mesmos pedidos, mas dela desistiu porque não mais nutria confiança em seu advogado,
o que foi homologado pelo magistrado. Contratou um novo profissional e, 60 (sessenta) dias depois,
demandou novamente, mas, por não ter cumprido exigência determinada pelo juiz para emendar a pe-
tição inicial, o feito foi extinto sem resolução do mérito. Com base no relatado, responda aos itens a
seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
Para propor uma nova ação, Reginaldo deverá aguardar algum período? Em caso afirmativo, qual se-
ria? (Valor: 0,65) Quais são as hipóteses que ensejam a perempção no Processo do Trabalho? (Valor:
0,60).

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Espelho de correção

Valores
Quesitos avaliados Nota
possíveis

a) Não, pois não ocorreram 2 arquivamentos, o que


afasta a perda do prazo de 6 meses do direito de
reclamar perante a JT OU porque não ocorreram 2
arquivamentos decorrentes de ausência do
reclamante à audiência (CLT, art. 732), OU porque 0,00 / 0,40 /
só ocorreu 1 arquivamento, tendo as outras 0,65
extinções derivado de outros motivos (0,40),
conforme art. 732, CLT (0,25) Não há pontuação
para a mera indicação da base legal ou
jurisprudencial.

b) Quando o reclamante dá causa a 2


arquivamentos por ausência à audiência inaugural
(0,25), com base no art. 732 da CLT (0,05) e
0,00 / 0,25
quando distribui reclamação verbal, mas não
/0,30 / 0,50
comparece à Secretaria da Vara, em 5 dias, sem
/0,55 / 0,60
justificativa, para reduzi-la a termo (0,25), conforme
art. 731 da CLT (0,05). Não há pontuação para a
mera indicação da base legal ou jurisprudencial

2.2.4.4. Ilegitimidade e Falta de Interesse Processual


A legitimidade da parte, em regra, ocorre quando o autor da ação é o titular do direito material postulado. Veri-
fica-se in abstracto, a partir das afirmações do autor. Assim, se o autor alegar que foi contratado por um empreiteiro,
o qual foi contratado pelo dono da obra (pessoa física), alegando que aquele – empreiteiro – não lhe pagou as ver-
bas rescisórias e venha a postulá-las em juízo, o dono da obra será parte ilegítima a figurar no polo passivo da refe-
rida reclamatória. Isso porque se considerarmos verdadeiro o que disse o autor, o dono da obra é pessoa física e
quem inadimpliu as verbas rescisórias foi o empreiteiro. Então, fundamentado na OJ no 191 da SDI-1 do TST, o dono
da obra não responde nem de forma solidária, nem de forma subsidiária pelas obrigações contraídas pelo empreitei-
ro, salvo quando este for construtora ou incorporadora. Fundamentado nas alegações do Reclamante, o dono da
obra jamais responderia pelas obrigações assumidas pelo empreiteiro, razão pela qual é parte ilegítima a figurar no
polo passivo da demanda.
Situação diversa é aquela em que o autor alega que o dono da obra é uma construtora e postula a condenação
do empreiteiro e do dono da obra ao pagamento das verbas rescisórias. Nesse caso, o dono da obra é parte legíti-
ma, pois se considerarmos verdadeiro o que disse o autor, este pode ser responsabilizado. É no mérito que devemos
argumentar que, na verdade, trata-se de uma pessoa física, requerendo que o pedido seja julgado improcedente em
relação a ele.
Ressalte-se que a OJ no 191 da SDI-1 do TST foi alterada em maio de 2011, passando a ter a seguinte redação:

OJ no 191 da SDI-1 do TST. CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL.


RESPONSABILIDADE (nova redação) – Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. Diante da ine-
xistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o
empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo em-
preiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

A legitimidade pode ser ordinária ou extraordinária. É ordinária quando o autor postula em nome próprio direito
próprio, e, extraordinária quando alguém, autorizado por lei, postula em nome próprio direito alheio.

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Art. 18, CPC. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordena-
mento jurídico.
Quanto à legitimação extraordinária, destaca-se a autorização conferida pelo artigo 8°, III, da CF, para o sindica-
to defender, judicial e administrativamente, os direitos e interesses individuais e coletivos da categoria.
O Supremo Tribunal Federal vem defendo a ampla legitimidade ativa ad causam dos sindicatos, como substitu-
tos processuais das categorias que representam a defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais de seus
representantes.
Oportuno destacar a ilegitimidade do empregador para responder pelo pagamento da indenização quando a ex-
tinção da empresa decorrer de “FATO DO PRÍNCIPE”, pois conforme estabelece o artigo 486 da CLT, em ocorrendo
paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou
pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da
indenização, que ficará a cargo do governo responsável.
Na hipótese de ilegitimidade de parte, o juiz pode indeferir desde logo a petição inicial (art. 330, II, do CPC) ou
reconhecê-la apenas ao proferir a sentença. Em todos os casos, o processo será extinto sem resolução do mérito.
No primeiro deles, com fundamento nos artigos 485, I, e 330, II, do CPC (indeferimento da petição inicial), no se-
gundo, com fundamento no artigo 485, VI, do CPC (por ilegitimidade de parte). Verifique os artigos referidos:

Art. 337, CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;

III - incorreção do valor da causa;

IV - inépcia da petição inicial;

V - perempção;

VI - litispendência;

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.

§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.

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§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.

§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,


implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do proces-


so;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.

§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inci-
so III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de reque-
rimento do réu.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.

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Art. 330 do CPC. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

II - a parte for manifestamente ilegítima;

III - o autor carecer de interesse processual;

IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

§ 1o Considera-se INEPTA a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento
ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obri-
gações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.

§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.

Segue exemplo:

I – PRELIMINAR

1. Ilegitimidade da parte

O autor alega que foi contrato pelo empreiteiro, sr. João, que havia sido
contratado pelo dono da obra, pessoa física, sr. Joaquim, para construção de
seu imóvel residencial. Alega, também, que não recebeu do empreiteiro diver-
sas verbas trabalhistas e assim ajuizou a presente reclamação trabalhista con-
tra o empreiteiro e contra o dono da obra, ora contestante. (Fato)

A legitimidade de partes verifica-se a partir das alegações do autor que,


embora alegue que tenha sido contratado pelo empreiteiro e que este não te-
nha quitado suas verbas trabalhistas, ajuíza a reclamação trabalhista também
contra o dono da obra.

Segundo a OJ no 191 da SDI-1 do TST, o dono da obra, na construção ci-


vil, não responde nem de forma solidária, nem de forma subsidiária, pelas obri-
gações contraídas pelo empreiteiro, salvo se for construtora ou incorporadora,

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o que não é o caso, como menciona o próprio autor.

Esclarece-se que a ilegitimidade de parte deve ser tratada em preliminar de


contestação nos termos do artigo 337, XI, do CPC. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


à luz dos artigos 485, I, e 330, II, do CPC e (indeferimento da petição inicial) e
sucessivamente, com fulcro no artigo 485, VI, do CPC, em relação ao sr. Joa-
quim (dono da obra).

Posteriormente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

O interesse processual caracteriza-se pelo trinômio: necessidade-utilidade-adequação. O processo deve ser


necessário para que o autor obtenha o bem da vida vindicado; deve ser útil para que o Reclamante alcance o bem
pretendido, visto que o exercício do direito de ação somente pode ser exercido quando houver lesão ou perigo de
lesão e, por fim, o meio processual escolhido deve ser o adequado a proporcionar a pretensão do autor.
O professor Carlos Henrique Bezerra Leite1 cita como exemplo de falta de interesse processual, o empregador
que ajuíza a ação de inquérito para apuração de falta grave de empregado não portador de estabilidade. Ora, o
empregado não estável pode ser despedido por justa causa sem necessidade de autorização judicial (sentença
constitutiva negativa) para pôr termo à relação empregatícia. Disso resulta que não há interesse processual do autor
para invocar a máquina judiciária a fim de obter algo que ele poderia conseguir diretamente, isto é, sem a necessi-
dade da prestação jurisdicional do Estado.
Outro exemplo de falta de interesse processual seria o do servidor celetista que, em vez de ajuizar ação traba-
lhista em face do empregador, pessoa jurídica de direito público interno, visando a sustar um desconto que reputa
ilegal no seu salário, impetra mandado de segurança contra o ato da autoridade administrativa. Ora, a ação esco-
lhida pelo autor é inadequada ao fim colimado, resultando na caracterização da ausência de interesse processual.
Podemos dizer ainda que nos dissídios coletivos de natureza econômica, a ausência da tentativa de negocia-
ção coletiva antes o seu ajuizamento implica falta de interesse processual do sindicato suscitante, nos moldes do
artigo 114, § 2°, da CF combinado com o artigo 485, VI, do CPC. Isso porque, enquanto não esgotada a possibilida-
de de negociação coletiva, o sindicato não terá necessidade de invocar a tutela jurisdicional para resolver o conflito.
Por ausência de interesse processual o juiz pode indeferir desde logo a petição inicial (art. 330, III, do CPC) ou
reconhecê-la apenas ao proferir a sentença. Em ambos os casos, o processo será extinto sem resolução do mérito.
No primeiro deles, com fundamento nos artigos 485, I e 330, III, do CPC (indeferimento da petição inicial) e no se-
gundo, com fulcro no artigo 485, VI, do CPC (por falta de interesse processual)
Confira os artigos referidos:

1
BEZERRA LEITE, Carlos Henrique, op. cit., 8. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 307.

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Art. 337, CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;


II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,
implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;


II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do proces-
so;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inci-
so III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de reque-
rimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.

Art. 330 do CPC. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1o Considera-se INEPTA a petição inicial quando:

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I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento
ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obri-
gações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Segue exemplo:

I – PRELIMINAR

1. Falta de interesse processual

Afirmando não ter recebido todas as verbas rescisórias, ex-empregado aju-


íza ação de consignação em pagamento, visando a que as verbas rescisórias
sejam imediatamente depositadas em juízo. (Fato)

Tendo em vista que a ação de consignação em pagamento é uma ação de


procedimento especial, cabível para o devedor ou terceiro requerer, com efeito
de pagamento, o depósito da quantia ou da coisa devida (art. 890 do CPC), o
autor não elegeu o meio adequado para a obtenção das verbas postuladas. O
meio processual correto nesse caso seria uma reclamação trabalhista.

Esclarece-se que o interesse processual é matéria que deve ser tratada em


preliminar de contestação com base no artigo 337, XI, do CPC. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


nos termos dos artigos 485, I, CPC e 330, III, do CPC (indeferimento da petição
inicial) e, com fulcro no artigo 485, VI, do CPC (falta de interesse processual).
Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a análi-
se dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.2.4.5. Incompetência absoluta


A incompetência será absoluta quando se tratar de incompetência em razão da matéria, pessoa ou funcional.
A competência material da justiça do Trabalho está praticamente definida no artigo 114 da CF, muito embora em
seu inciso IX conste que a lei poderá atribuir à Justiça do Trabalho competência para julgar outras controvérsias
decorrentes das relações de trabalho. A competência funcional diz respeito à distribuição das atribuições acometi-
das aos diferentes órgãos da Justiça do Trabalho. A inobservância das regras que estabelecem tal distribuição (a
Constituição, as leis processuais e os regimentos internos dos Tribunais Trabalhistas) leva a incompetência funcio-
nal, que é absoluta e, portanto, deve ser arguida em preliminar de contestação.

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Ressalte-se que na ADI 3.395, o STF suspendeu toda e qualquer interpretação dada ao artigo 114, I, da CF,
que inclua na competência da Justiça do Trabalho as ações que sejam instauradas entre o poder público e seus
servidores estatutários ou que possuam com ele regime jurídico administrativo (temporário – art. 37, IX, da CF). Con-
sequentemente, a Justiça do Trabalho não é competente para julgar as demandas entre estatutários e os
temporários e o poder público.
Os servidores celetistas da administração direta e indireta demandam na Justiça do Trabalho. Já os demais ser-
vidores (estatutários ou temporários), se federais, demandarão na Justiça Federal; se estaduais ou municipais, na
Justiça Estadual.
A Justiça do Trabalho também é incompetente para julgar as ações penais (ADI 3.684) e as ações de execução
de cobrança de honorários de profissionais liberais (Súmula no 363 do STJ). Veja a súmula:

Súmula no 363 do STJ. Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissi-
onal liberal contra cliente.

Saliente-se que, à luz do item I da Súmula no 368 do TST, a Justiça do Trabalho é incompetente para execução
de contribuições sociais incidentes sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido.
A Constituição no artigo 114, em seu inciso VIII, estabelece que compete à Justiça do Trabalho executar de ofí-
cio as contribuições sociais previstas no artigo 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças
que proferir.

Art. 114, VII, da CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) VIII – a execução, de ofício, das con-
tribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que pro-
ferir; (...)

Em consonância com a Constituição, a CLT, em seu artigo 876, parágrafo único, estabelece que compete à Jus-
tiça do Trabalho executar de ofício as contribuições sociais incidentes sobre a condenação ou homologação de
acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido.

Art. 876 da CLT. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensi-
vo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do
Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada pela
forma estabelecida neste Capítulo.
Parágrafo único. Serão executadas ex officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão pro-
ferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive so-
bre os salários pagos durante o período contratual reconhecido.

O Tribunal Superior do Trabalho, acompanhando o posicionamento do STF, entretanto, entende que compete à
Justiça do Trabalho executar apenas as contribuições sociais incidentes sobre as sentenças condenatórias em pe-
cúnia e sentenças homologatórias de acordo, portanto, não é competente para a execução das contribuições sociais
incidentes sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido (Súmula no 368, I, do TST). Logo, à
Justiça do Trabalho não compete a execução das contribuições decorrentes de sentenças que apenas reconhecem
o vínculo de emprego ou, ainda, julgar o pedido de contribuição referente aos salários pagos durante o período con-
tratual reconhecido.
Atente-se para o teor da Súmula no 368 do TST:

Súmula no 368 do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDA-


DE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO (redação do item II alterada na sessão do Tribunal Pleno reali-
zada em 16.04.2012) – Res. 181/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012. I – A Justiça do Trabalho é
competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que pro-
ferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição.

A incompetência absoluta deve ser arguida em preliminar de contestação (art. 337, II, do CPC) e o pedido deve

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ser de extinção do processo sem resolução do mérito, nos moldes do artigo 485, IV, do CPC e remessa dos autos
para o juízo competente. Observe o artigo:

Art. 337, CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.
§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,
implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do proces-
so;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inci-
so III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de reque-
rimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.

A incompetência da Justiça do Trabalho para a execução das contribuições incidentes sobre os salários pagos
durante o período contratual foi cobrada na contestação do Exame de Ordem Unificado 2011.3 (VII Exame de
Ordem Unificado).

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Na proposta constou: “… Por fim, disse que o reclamado não efetuou o reconhecimento dos depósitos do FGTS
e das contribuições previdenciárias relativas a todo o perigo do contrato de trabalho (...). Diante do acima exposto,
postula: (…) g) o recolhimento das contribuições previdenciárias referentes a todo período contratual.”

Notas
Quesitos avaliados Nota
possíveis

Preliminar de incompetência absoluta da Justiça do 0,00 /


Trabalho – Incompetência absoluta do pedido de 0,25 /
recolhimento das contribuições previdenciárias de todo 0,50
o período contratual (0,25). Indicação do art. 114, VII,
da CF OU da Súmula no 368, I, do TST (0,25).

Seguem exemplos:

I – PRELIMINAR

1. Incompetência absoluta da Justiça do Trabalho

A Reclamante postulou a condenação do Reclamado ao pagamento de


contribuições previdenciárias relativas a todo o período do contrato de trabalho.
(Fato)

A Justiça do Trabalho é incompetente para a execução das contribuições


previdenciárias incidentes sobre os salários pagos durante o período contratu-
al. Com base no artigo 114, VIII, da CF, compete à Justiça do Trabalho a exe-
cução das contribuições sociais previstas no artigo 195, I, “a”, e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. Assim, conforme
estabelece a Súmula no 368, I, do TST, a competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homo-
logado, que integrem o salário de contribuição.

Esclarece-se que a incompetência absoluta é matéria que deve ser tratada


em preliminar de contestação nos termos do artigo 337, II, do CPC. (Funda-
mento)

Diante do apresentado, requer a extinção do processo sem resolução do


mérito à luz do artigo 485, IV, do CPC, quanto ao pedido de recolhimento das
contribuições previdenciárias relativas ao período contratual reconhecido. (Pe-
dido)

Segue outro exemplo:

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I – PRELIMINAR
1. Incompetência absoluta da Justiça do Trabalho

O autor, servidor estatutário da União, ajuíza reclamação trabalhista contra


esta, postulando verbas de natureza estatutária. (Fato)

Por força da ADI 3.395, que suspendeu qualquer interpretação dada ao ar-
tigo 114, I, da CF, que inclua na competência da Justiça do Trabalho as ações
que sejam instauradas entre o poder público e seus servidores estatutários, a
Justiça do Trabalho é incompetente para julgar tal demanda.

Esclarece-se que a incompetência absoluta é matéria que deve ser tratada


em preliminar de contestação nos moldes do artigo 337, II, do CPC (Funda-
mento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


com base no artigo 485, IV, do CPC, e a remessa dos autos à Justiça Federal,
tendo em vista que o autor é servidor público federal.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.2.4.6. Capacidade de ser parte e processual


Todos os sujeitos de direito possuem capacidade de ser parte, mas apenas os que possuem capacidade civil
apresentam também capacidade processual. A capacidade processual de estar em juízo é adquirida, em regra, pelo
empregado aos 18 anos. Os que não possuem capacidade civil, ou seja, os incapazes, serão representados ou as-
sistidos por seus pais, tutores ou curadores. A ausência de regularidade de representação deve ser arguida em pre-
liminar de contestação, devendo o réu postular que o juiz assinale prazo para que a parte sane a omissão, sobe
pena de extinção do processo sem resolução do mérito (art. 76, caput e §1º, I do CPC, bem como o art. 485, VI do
CPC).

Art. 76 do NCPC. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o


juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.

§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:

I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; (...)

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2.2.4.7. Litispendência e coisa julgada
Quanto à litispendência e à coisa julgada, os §§ 3º e 4º, do artigo 337 do CPC as distingue da seguinte ma-
neira: “Há litispendência, quando se repete ação que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já
foi decidida por decisão transitada em julgado”. Essas duas hipóteses devem ser arguidas em preliminar de contes-
tação e em ambas deve ser requerida a extinção do processo com fundamento no artigo 485, V, do CPC. Verifique
os artigos:

Art. 337 do NCPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;

III - incorreção do valor da causa;

IV - inépcia da petição inicial;

V - perempção;

VI - litispendência;

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.

§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.

§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.

§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo,


implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Art. 485 do NCPC. O juiz não resolverá o mérito quando:

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I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do proces-


so;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no
prazo de 5 (cinco) dias.

§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inci-
so III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de reque-
rimento do réu.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.

I – PRELIMINAR

1. Coisa julgada

O Reclamante ajuizou reclamação trabalhista em 01.02.2011, postulando


horas extras e adicional de periculosidade em face deste Reclamado. Os pedi-
dos foram julgados totalmente improcedentes, ocorrendo o trânsito em julgado
da decisão. Em fevereiro de 2012, o Reclamante ajuizou a mesma reclamação
trabalhista, com a mesma causa de pedir e pedidos, contra o mesmo ex-
empregador. (Fato)

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Nos termos do artigo 337, § 1º e 4o, do CPC, há coisa julgada, quando se


repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso, como
no caso dos autos.

Esclarece-se que a violação da coisa julgada é matéria que deve ser trata-
da em preliminar de contestação, à luz do artigo 337, VII, do CPC. (Funda-
mento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


nos moldes do artigo 485, V, do CPC. (Fundamento)

Adiante, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a análise


dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

2.2.4.8. Conexão e continência


O artigo 55 do CPC refere-se à conexão. Segundo ele, “reputam-se conexas duas ou mais ações, quan-
do lhes for comum o objeto ou a causa de pedir”. Já a continência ocorre quando entre duas ou mais ações
houver identidade de partes e de causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser ma is amplo, abrange o da
outra (art. 56 do CPC). A continência é uma espécie de conexão, por isso o artigo 337 do CPC refere -se ape-
nas à conexão. Assim, ambas devem ser alegadas em preliminar de contestação, sendo que o pedido deve
ser, em regra, o de reunião de ações, com base no artigo 57 do CPC.
Confira os artigos:

Art. 337 do NCPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;

III - incorreção do valor da causa;

IV - inépcia da petição inicial;

V - perempção;

VI - litispendência;

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

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XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo
pedido.

§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso.

§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das ma-
térias enumeradas neste artigo.

Art. 57 do NCPC. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações
serão necessariamente reunidas.

2.2.4.9. Falta de caução e convenção de arbitragem


A falta de caução (art. 337, XII, do CPC) e a convenção de arbitragem (inciso X, do art. 337, do CPC) não se
aplicam, em regra, ao Processo do Trabalho.
Segundo o professor Carlos Henrique Bezerra Leite:2 “A arbitragem, embora prevista expressamente no artigo
114, §§ 1o e 2o, da CF, é raramente utilizada para solução dos conflitos coletivos trabalhistas, sendo certo que o arti-
go 1o da Lei no 9.307/96, vaticina que a arbitragem só resolve conflitos em que estejam envolvidos direitos pa-
trimoniais disponíveis, o que, em linha de princípio, inviabiliza a sua ampliação como método de solução dos con-
flitos individuais trabalhistas. Uma exceção seria a indicação, por consenso entre trabalhadores e empregadores, de
um árbitro para fixar o valor de um prêmio instituído pelo empregador”.

2.2.4.10. Preliminar específica do procedimento sumaríssimo


A petição inicial no procedimento sumaríssimo apresenta requisitos próprios, exigido pelo artigo 852-B, I e II, da
CLT:

Art. 852-B da CLT. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:


I – o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;
II – não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e endereço do reclamado.
§ 1o O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste artigo importará no arquivamento da
reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa. (...)

As exigências do artigo 852-B da CLT são pressupostos processuais de constituição e desenvolvimento válido e
regular do processo. Assim, diante do não atendimento de qualquer um desses requisitos, o fato deve ser arguido
em Preliminar de Mérito, requerendo o arquivamento da reclamação (extinção do processo sem resolução do mérito
nos termos do art. 485, IV, do CPC, bem como a condenação do Reclamante ao pagamento das custas processuais
sobre o valor da causa, conforme os artigos 852-B, § 1o, da CLT e 485, IV, do CPC.
Seguem os artigos:

2 Idem, op. cit., 7. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 475.

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Art. 485, CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua
competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no pra-
zo de 5 (cinco) dias.

§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso
III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.

§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de
jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requeri-
mento do réu.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco)
dias para retratar-se.

I – PRELIMINAR

1. Inobservância dos requisitos do procedimento sumaríssimo

O Reclamante ajuizou reclamação trabalhista em 01.11.2011, cujo valor da


causa era de R$ 10.000,00 sem, entretanto, liquidar os pedidos. (Fato)

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À luz do artigo 852-A, as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário-mínimo vigente na data do ajuizamento da ação sujeitam-se ao proce-
dimento sumaríssimo, sendo este o caso dos autos. Segundo o artigo 852-B, I,
da CLT, no procedimento sumaríssimo o pedido deve ser certo, determinado e
líquido, ou seja, o Reclamante deve indicar o valor correspondente a cada pe-
dido, o que não ocorreu. (Fundamento)

Diante do exposto, requer o arquivamento do processo, ou seja, a extinção


do processo sem resolução do mérito, nos moldes dos artigos 852-B, § 1o, da
CLT e 485, IV, do CPC, e condenação do Reclamante ao pagamento de custas
processuais. (Fundamento)

Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.3. PREJUDICIAIS DE MÉRITO


São prejudiciais de mérito:
• Prescrição;
• Decadência.
A prescrição e a decadência devem ser tratadas na contestação, no tópico das Prejudiciais de Mérito, devendo o
Reclamado postular SEMPRE a extinção do processo COM resolução do mérito, de acordo com o artigo 487, II, do
CPC.

Art. 487 do NCPC. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reco-
nhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

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2.3.1. Decadência no Processo do Trabalho
Principais prazos decadenciais no Processo do Trabalho:
• Mandado de Segurança: o prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da ciência do ato
ilegal praticado pela autoridade pública coatora (art. 23 da Lei no 12.016/2009).

Art. 23 da Lei no 12.016/2009. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento
e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

• Ação Rescisória: prazo decadencial de 2 (dois) anos para o seu ajuizamento, contados do dia imediatamen-
te subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não (art. 975
do CPC; e Súmula no 100, I, do TST).

Art. 975 do CPC. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da úl-
tima decisão proferida no processo.

§ 1o Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando
expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense.

§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da pro-
va nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão
proferida no processo.

§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro preju-
dicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência
da simulação ou da colusão.

Súmula no 100 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA: I – O prazo de decadência, na ação rescisória,
conta-se do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de
mérito ou não. (...)

• Inquérito para apuração de falta grave: prazo decadencial (Súmula no 403 do STF) de 30 (trinta) dias para
a sua propositura, quando o empregador optar pela suspensão do empregado estável, contados a partir da
data de suspensão (art. 853 da CLT), salvo na circunstância prevista pela Súmula no 62 do TST.

Súmula 403 do STF. É de decadência o prazo de trinta dias para instauração do inquérito judicial, a contar da
suspensão, por falta grave, de empregado estável.

Art. 853 da CLT. Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com
estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 (trinta)
dias, contados da data da suspensão do empregado.

Súmula no 62 do TST. O prazo de decadência do direito do empregador de ajuizar inquérito contra o empregado
que incorre em abandono de emprego é contado a partir do momento em que o empregado pretendeu seu retor-
no ao serviço.

O empregado que incorre em abandono de emprego não é suspenso, portanto, o prazo decadencial não teria
uma data inicial para a sua contagem. Nessa hipótese, o TST estabeleceu que o início do prazo decadencial se dará
com a tentativa de retorno ao serviço do empregado.

2.3.2. Prescrição no Processo do Trabalho


Ao elaborar a contestação é preciso buscar, inicialmente, as seguintes prescrições: 1) bienal e 2) quinquenal.

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2.3.2.1. Prescrição bienal (arts. 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT)
A prescrição bienal está prevista no artigo 7o, XXIX, da CF, bem como no artigo 11, I, da CLT. Em suma, esses
dispositivos estabelecem que o empregado tem o prazo de 2 anos, contados a partir da extinção do contrato de tra-
balho, para pleitear qualquer verba resultante dessa relação jurídica.

Art. 7o, XXIX, da CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
(...) XXIX – ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (...)
Art. 11 da CLT. O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve:
I – em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;
II – em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural.
§ 1o O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à
Previdência Social.
Súmula no 308 do TST. I – Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação traba-
lhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da re-
clamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. II – A norma constitucional que
ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pre-
tensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988.
Art. 487 do CPC. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Logo, qualquer reclamatória trabalhista proposta dois anos após a extinção do contrato de trabalho estará pres-
crita. Essa prescrição atinge todo o processo.
Com a EC no 28/2000, passou a fixar para o trabalhador rural a mesma prescrição dos trabalhadores urbanos.
Segue exemplo:

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

1. Prescrição bienal

O Reclamante postulou o pagamento das verbas rescisórias oriundas do


contrato de trabalho extinto no dia 02.09.2008 em reclamatória ajuizada no dia
02.02.2011. (Fato)

Segundo os artigos 7o, XXIX, da CF, 11, I, da CLT e a Súmula no 308, I, do


TST, opera-se a prescrição bienal, o ajuizamento de reclamatória trabalhista,
após o prazo de 2 (dois) anos contados do término do contrato de trabalho. A
ação in casu ultrapassou o limite legal, estando, portanto, prescrita (Funda-

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mento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo com resolução do mérito,


com base no artigo 487, II, do CPC.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a prejudicial de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)
Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-
nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.3.2.2. Prescrição quinquenal (arts. 7º, XXIX, da CF, e 11, I, da CLT e Súmula no 308, I, do TST)
O prazo de prescrição das verbas trabalhistas é de 5 anos (arts. 7o, XXIX, da CF e 11, I, da CLT), contados da
data do ajuizamento da ação (Súmula no 308, I, do TST).

Art. 7o da CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua con-
dição social:
(...) XXIX – ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (...)
Art. 11, I, da CLT. O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve:
(...) I – em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; (...)
Súmula no 308 do TST. I – Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação traba-
lhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da re-
clamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. II – A norma constitucional que
ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pre-
tensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988.

II – Prejudicial de Mérito

1. Prescrição quinquenal

O Reclamante ajuizou a reclamatória trabalhista em 07.08.2009 postulando


verbas que retroagem ao início do contrato de trabalho, em 07.08.2001. (Fato)

Segundo os artigos 7o, XXIX, da CF e 11, I, da CLT, as verbas trabalhistas


prescrevem em 5 anos, contados da data do ajuizamento da ação, nos termos
da Súmula no 308, I, do TST. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo com resolução de méri-


to, à luz do artigo 487, II, do CPC, quanto às verbas postuladas anteriores aos
últimos cinco anos contados da data do ajuizamento da ação, ou seja, anterio-
res a 07.08.2004.

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Sucessivamente, caso não seja acolhida a prejudicial de mérito, requer a


análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

2.3.2.3. Prescrição do FGTS


O Plenário do Supremo Tribunal Federal (recurso extraordinário com agravo (ARE) 709212, com repercussão
geral reconhecida) declarou a inconstitucionalidade das normas que previam prazo prescricional de 30 anos para
ações relativas a valores não depositados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O entendimento é o
de que o FGTS está expressamente definido na Constituição da República (art. 7o, XXIX) como direito dos trabalha-
dores urbanos e rurais e, portanto, deve se sujeitar à prescrição trabalhista, de cinco anos. Assim, se a Constituição
regula a matéria, a lei ordinária não poderia tratar o tema de outra forma. De acordo com o ministro relator Gilmar
Mendes, o prazo prescricional de 30 anos do artigo 23 da Lei no 8.036/1990 e do artigo 55 do Decreto no
99.684/1990, que regulamentam o FGTS, está “em descompasso com a literalidade do texto constitucional e atenta
contra a necessidade de certeza e estabilidade nas relações jurídicas”. O STF modulou os efeitos da decisão para
determinar que nos casos cujo termo inicial da prescrição – ou seja, a ausência de depósito no FGTS – ocorra após
a data do julgamento do referido recurso extraordinário, aplica-se, desde logo, o prazo de cinco anos. Para aqueles
em que o prazo prescricional já esteja em curso, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos, contados do termo inicial,
ou cinco anos, a partir do julgamento.
Dessa forma, a Súmula no 362 do TST foi modificada passando à seguinte redação:

Súmula n. 362, TST – FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 198/2015, republicada em razão de erro ma-
terial – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015
I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é quinquenal a prescrição do direito
de reclamar contra o não recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o
término do contrato;
II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricio-
nal que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-
ARE-709212/DF).

Como as verbas trabalhistas prescrevem em cinco anos contados da data do ajuizamento da ação, as horas ex-
tras postuladas, por exemplo, anteriores aos últimos cinco anos contados da data do ajuizamento da ação, encon-
tram-se prescritas e, como o acessório segue a sorte do principal, o FGTS incidente sobre essas horas extras, que
não foram pagas durante a relação contratual e encontram-se prescritas, também está prescrito.
Nesse sentido, confira a Súmula no 206 do TST:

Súmula no 206 do TST. FGTS. INCIDÊNCIA SOBRE PARCELAS PRESCRITAS (nova redação) – Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o res-
pectivo recolhimento da contribuição para o FGTS.

2.3.2.4. Interrupção e suspensão da prescrição


No Processo do Trabalho é o ajuizamento da ação que interrompe a prescrição. Nesse sentido dispõe a Súmu-
la no 268 do TST, que também estabelece que a reclamatória trabalhista, quando proposta, interromperá a prescri-
ção somente em relação aos pedidos realizados, mesmo que a ação seja arquivada. Nesse caso, o prazo prescrici-
onal recomeça a fluir a partir da data do arquivamento da ação, quando a parte volta a ficar inerte. Atente-se para o
teor da súmula:

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Súmula no 268 do TST. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação
aos pedidos idênticos. Ressalte-se que o ajuizamento da ação interrompe a prescrição apenas uma vez, confor-
me estabelece o art. 202 do Código Civil. Observe:
Art. 202 do CC. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e
na forma da lei processual;
II – por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III – por protesto cambial;
IV – pela apresentação do Título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último
ato do processo para a interromper.

As causas de SUSPENSÃO, por sua vez, cessam temporariamente a contagem do prazo prescrito, que retorna
a fluir pelo que lhe resta, a partir do momento que cessa a causa suspensiva.
A passagem pela Comissão de Conciliação Prévia (facultativa, segundo o entendimento do STF consubstancia-
do nas ADIs 2.139 e 2.160) suspende os prazos de prescrição bienal e quinquenal até a data da sessão ou até 10
(dez) dias, o que ocorrer antes (art. 625-G da CLT).

Art. 625-F da CLT. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a realização da sessão de
tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado.
Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a decla-
ração a que se refere o § 2o do art. 625-D.
Art. 625-G da CLT. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação
Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento
do prazo previsto no art. 625-F.

O artigo 200 do CC contempla a hipótese de suspensão da prescrição até a sentença definitiva, na hipótese em
que a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal. Verifique:

Art. 200 do CC. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescri-
ção antes da respectiva sentença definitiva.

Essa hipótese de suspensão foi cobrada pela FGV:

(OAB/FGV – III Exame – 2010.3) Marcos José, administrador, foi contratado pela empresa Mão de
Obra em 05.03.2001. Em 12.12.2003, foi dispensado por justa causa, sob a alegação de ter praticado
ato de improbidade. Naquela ocasião, Marcos foi acusado pelo seu empregador de ter furtado um no-
tebook da empresa, pois o levou para casa no dia 10.03.2003 e, apesar de sucessivos pedidos de de-
volução, até aquele momento não o havia feito. Ocorre que, além de dispensar o empregado por justa
causa, no mesmo dia o empregador foi à delegacia e efetuou um boletim de ocorrência. Três meses
depois, em 12.03.2004, foi aberto inquérito policial, cujo resultado foi encaminhado ao Ministério
Público estadual. Em 15.05.2004, o promotor de justiça apresentou denúncia em face de Marcos, re-
querendo a sua condenação. O processo criminal se desenvolveu ao longo de quase cinco anos, ten-
do sido proferida a sentença judicial definitiva em 12.04.2009, absolvendo Marcos José da acusação
por falta de provas. Em vista dessa decisão, Marcos resolveu ajuizar ação trabalhista em face do seu
antigo empregador, o que foi feito em 14.02.2010. Na petição inicial, Marcos requereu a reversão da
sua dispensa para sem justa causa, bem como o pagamento de aviso-prévio, férias proporcionais e
indenização de 40% sobre o FGTS.
Com base na situação concreta, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

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a) As pretensões formuladas por Marcos estão prescritas? (Valor: 0,50)
b) O resultado do processo criminal vinculará juridicamente o resultado do processo do trabalho? (Va-
lor: 0,50)

Espelho de correção

Notas
Quesitos avaliados Nota
possíveis

a) Opção 1: Não há prescrição porque o fato devia 0,00 / 0,65


ser apurado pelo Juízo Criminal (I) aplicando-se o
art. 200 do CC (II).
Opção 2: Estão prescritas as pretensões deduzidas
mais de dois anos após o rompimento do contrato
OU conforme o art. 7o, XXIX, da CF (OU art. 11 da
CLT) (I). A ação criminal não é empecilho para o
exercício de reclamação trabalhista (II). 0,40 = item I
/ 0,50 = com o item II

b) Não, porque o processo do trabalho é 0,00 / 0,60


independente do processo penal; OU porque as
jurisdições são autônomas; OU porque as
competências são distintas. OU não, porque a
sentença proferida pelo Juízo Criminal foi absolutória
por falta de provas.

Legislação e doutrina
Seguem algumas súmulas do TST a respeito da matéria:
Prescrição contra o menor: art. 440 da CLT. Contra os menores de dezoito anos não corre nenhum prazo de
prescrição.
Prescrição Trabalhista – Instância Ordinária: Súmula no 153 do TST. Não se conhece de prescrição não ar-
guida na instância ordinária.
Contratos de trabalho sucessivo: Súmula no 156 do TST. Da extinção do último contrato é que começa a fluir
o prazo prescricional do direito de ação objetivando a soma de períodos descontínuos de trabalho.
Mudança de regime jurídico de celetista para estatutário: Súmula n o 382 do TST. Mudança de Regime Ce-
letista para Estatutário – Extinção do Contrato. Prescrição Bienal. A transferência do regime jurídico de celetista para
estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de re-
gime.
Prescrição Intercorrente: Súmula no 114 do TST. Justiça do Trabalho – Prescrição Intercorrente. É inaplicável
na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente. Súmula no 327 do STF. Direito Trabalhista – Admissibilidade –
Prescrição Intercorrente. O direito trabalhista admite a prescrição intercorrente.
Prescrição de Ofício: Segundo o TST, a prescrição não pode ser determinada de ofício na Justiça do Trabalho,
por ser incompatível com o Processo do Trabalho.

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Prescrição não pode ser determinada de ofício na Justiça do Trabalho

O § 5o do artigo 219 do CPC/73 (art. 487, II, CPC) , que permite ao juiz de-
terminar de ofício a prescrição, por não ter havido provocação de uma das
partes do processo, não se aplica na Justiça do Trabalho. Com esse entendi-
mento, a Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho não acatou o recurso
do Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas – DME –, que
pretendia a prescrição do período inicial de admissão de um ex-empregado. Na
ação trabalhista, o juiz de primeiro grau determinou ao DME o pagamento, em
favor do trabalhador, de horas extras correspondentes a 30 (trinta) minutos
diários, acrescidas de 50% (cinquenta por cento), desde o início do contrato de
emprego com ele, em abril de 1998. O Departamento, insatisfeito, recorreu ao
Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região (MG), sob a alegação de
que o período anterior a 2000 estaria prescrito (art. 7o, XXIX, da CF).

No entanto, o TRT entendeu que o Departamento “deveria ter defendido


seus direitos na época própria, quando deixou transitar em julgado a sentença”.
Acrescentou, ainda, que a possibilidade de o juiz determinar a prescrição
de ofício, de acordo com o § 5o do artigo 219 do CPC/73 (art. 487, II, CPC),
não se aplica na Justiça do Trabalho, “dada a incompatibilidade do dis-
positivo com os princípios informadores do Direito do Trabalho”. Irresig-
nado, o DME recorreu, sem sucesso, com um agravo de instrumento no Tribu-
nal Superior do Trabalho.

Ao julgar o agravo, o ministro Maurício Godinho Delgado, relator da Sexta


Turma do TST, confirmou o entendimento do TRT, sob a tese de que o disposi-
tivo legal que permite a prescrição de ofício estaria em “choque com vários
princípios constitucionais, como da valorização do trabalho e do emprego, da
norma mais favorável e da submissão da propriedade à sua função socioambi-
ental, além do próprio princípio da proteção”.

O ministro argumentou também que, no processo, deve ser respeitada a


“coisa julgada, já que a prescrição não foi decretada na fase de conhecimento”.
Por isso, a Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo de
instrumento do Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas
(RR-141941-31.2005.5.03.0073).

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do TST

2.4. MÉRITO
Ultrapassadas as questões preliminares e prejudiciais, é o momento de elaborar o mérito da contestação.

O mérito da contestação deve atacar todos os pedidos invocados na exordial. O Reclamado deve abordar toda
a matéria de defesa, impugnando um a um todos os fatos apresentados pelo autor, conforme o disposto nos artigos
336 e 341 do CPC, em respeito aos princípios da eventualidade e da impugnação especificada, respectivamente.

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Art. 336 do NCPC . Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fa-
to e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Art. 341 do NCPC. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes
da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado
dativo e ao curador especial.

Os itens do mérito dependerão da proposta, uma vez que serão contestados os pedidos formulados pelo Re-
clamante. Seguem alguns exemplos:

III – MÉRITO

1. Das horas extras

O Reclamante postulou o pagamento de horas extras, acrescidas do adici-


onal de 50% (cinquenta por cento), bem como os seus reflexos. (Fato)

Não assiste razão ao Reclamante, pois as horas extras pleiteadas foram


devidamente compensadas em seguida, conforme o prévio acordo individual
escrito firmado entre as partes. Destaca-se que, nos moldes da Súmula no 85,
I, do TST, a compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo
individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva, sendo assim, as ho-
ras extras postuladas são indevidas. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do Reclamante, bem


como os seus reflexos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova

III – MÉRITO

1. Da alteração de jornada

O Reclamante postulou o pagamento de adicional noturno e reflexos a par-

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tir de janeiro de 2009, tendo em vista que foi transferido do período noturno
para o diurno e o empregador retirou-lhe o adicional. (Fatos)

Não assiste razão ao Reclamante, pois a Súmula 265 do TST autoriza a


transferência do empregado para o período diurno com a perda do respectivo
adicional. O Tribunal sustenta que tal alteração é mais benéfica para a saúde
do empregado. (Fundamentos)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do Reclamante, bem


como os seus reflexos. (Pedido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

III – MÉRITO

1. Do adicional de insalubridade

O Reclamante postulou o pagamento do adicional de insalubridade, afir-


mando que havia muitos ruídos no ambiente de trabalho, o que tornava o local
insalubre. (Fatos)

Não assiste razão ao Reclamante, pois só laborava com Equipamento de


Proteção Individual – EPI, que eliminava os ruídos. O adicional não é devido,
visto que a eliminação da insalubridade, mediante fornecimento de aparelhos
protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, exclui a per-
cepção do adicional respectivo, de acordo com a Súmula no 80 do TST. (Fun-
damentos)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do Reclamante. (Pe-


dido)

Obs.: As referências entre parênteses, Fato, Fundamento e Pedido, ao fi-


nal dos parágrafos, buscam apenas orientar o leitor; entretanto, não devem ser
incluídas na prova.

III – MÉRITO

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1. Dos honorários advocatícios

O Reclamante postulou honorários advocatícios, na razão de 20% (vinte


por cento), muito embora estivesse assistido por advogado particular. (Fatos)

Não assiste razão ao Reclamante, pois com base no artigo 14, da Lei no
5.584/70, das Súmulas nos 219 e 329,, no Processo do Trabalho e nas relações
de emprego, os honorários assistenciais serão devidos apenas se a parte esti-
ver assistida por advogado do sindicato da categoria profissional e se compro-
var a percepção de salário inferior ao dobro do salário-mínimo ou caso se en-
contre em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do
próprio sustento ou de sua família, o que não se verifica no presente caso.
(Fundamentos)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do Reclamante. (Pe-


dido)

2.5. DA DEDUÇÃO/ABATIMENTO
Veja que a dedução/abatimento é instituto diverso da compensação. Trata-se de forma de extinção das obriga-
ções.
A compensação é uma forma de extinção das obrigações. Trata-se de matéria de defesa e deve ser arguida na
contestação, sob pena de preclusão da matéria (Súmula no 48 do TST). Nesse regime, duas pessoas reúnem reci-
procamente as qualidades de credor e devedor. Assim, sempre que o Reclamado entender que é credor do Recla-
mante poderá requerer ao juiz que a dívida do empregado possa ser compensada com os eventuais créditos deste.
A compensação, todavia, restringe-se à dívida de natureza trabalhista (Súmula no 18 do TST), como adiantamentos
salariais, aviso-prévio, danos causados pelo empregado. Não se admite a compensação de dívida de natureza civil
ou comercial.3
Art. 767 da CLT. A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como matéria de defesa.
Súmula no 18 do TST. A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza trabalhista.
Súmula no 48 do TST. A compensação só poderá ser arguida com a contestação.

2.6. RECONVENÇÃO
A reconvenção consiste na pretensão do réu contra o autor, proposta no mesmo feito em que está sendo de-
mandado.
A lei impõe alguns requisitos para que seja admissível a reconvenção:
– o juízo da causa principal seja competente para apreciar a demanda reconvencional;
– haja compatibilidade entre os procedimentos aplicáveis à causa principal e à reconvenção;
– ter legitimidade ativa para a ação reconvencional apenas o réu da ação principal e legitimidade passiva ape-
nas o autor da ação principal.
– haja conexão entre reconvenção e a ação principal ou com o fundamento da defesa (art. 343, caput, do
CPC).

3 Idem, ibidem, 2009, p. 108 e 109.

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A reconvenção está prevista no artigo 343 do CPC, aplicado, subsidiariamente, ao Processo do Trabalho, por
força do artigo 769 da CLT.

Art. 343 do NCPC. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria,
conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta
no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta
ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituí-
do, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual.
§ 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.

O artigo 343, § 2º, do CPC expõe uma característica importante da reconvenção: a autonomia. A desistência da
ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do pro-
cesso quanto à reconvenção.
A reconvenção deve ser proposta na reconvenção (art. 343, caput, CPC), observada a seguinte estrutura:

1 – Preliminares: para destacar o cabimento da reconvenção (competência, legitimidade, procedimento e co-


nexão);
2 - Fato, fundamento e pedido.

3 – Valor à causa.

2.7. REQUERIMENTOS FINAIS

Se houver preliminar, o acolhimento das preliminares de


mérito para sucessivamente.
Se houver prejudiciais, o acolhimento das prejudiciais
Produção
+ de mérito para e, sucessivamente.
de provas
No mérito, a improcedência dos pedidos formulados
pelo autor e a condenação do reclame no pagamento das
causas processuais.

Segue exemplo:

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer a produção de todos os meios de PROVA em di-


reito admitidos, inclusive o depoimento pessoal do Reclamante, sob a conse-
quência de confissão.

Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito para … posteri-


ormente, o acolhimento da prejudicial de mérito para … e, adiante, no méri-
to, a improcedência dos pedidos formulados pelo autor.

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Direito do Trabalho – Aulas 05 e 06
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2.8. FINALIZAÇÃO DA PEÇA


Uma vez que a peça processual esteja concluída, basta finalizá-la da seguinte maneira:

Nesses termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB n°

2.9. EXCEÇÕES
São três exceções admitidas em nosso ordenamento jurídico, de incompetência, suspeição e impedimento.

2.9.1. Exceção de incompetência


O artigo 651 da CLT regulamenta a competência territorial no Processo do Trabalho estabelecendo, em seu ca-
put e § 3o, que, em regra, a reclamação trabalhista deve ser ajuizada no local da prestação do serviço ou da contra-
tação. Caso o ajuizamento se dê perante juízo territorialmente incompetente, tal incompetência será relativa, poden-
do ser arguida pelo réu, por meio de exceção de incompetência territorial.
Ademais, cumpre salientar que a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício (Súmula no 33 do
STJ). Portanto, “se o reclamado não invocar a incompetência em razão do lugar no prazo de sua defesa, que na
Justiça do Trabalho é apresentada em audiência, será materializado o fenômeno da prorrogação da competência,
tornando-se o juízo competente em face da inércia do promovido, operando-se a preclusão temporal.4”
No Processo do Trabalho, o oferecimento da exceção de incompetência gerará a suspensão do feito (art. 799
da CLT). O exceto terá um prazo improrrogável de 24 horas para se manifestar e na primeira audiência ou sessão
que se seguir, será proferida a decisão (art. 800 da CLT).

Art. 799 da CLT. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão
do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.

Art. 800 da CLT. Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e
quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir.

Confira o processamento da exceção de incompetência:


1) Apresentação em audiência;
2) O juiz recebe a exceção;
3) Suspende o feito (art. 799, caput, da CLT);
4) Abre vista, por 24 (vinte e quatro) horas, à parte contrária (exceto);
5) Profere a decisão interlocutória;

4
SARAIVA, Renato. Exame de ordem, 2a fase: trabalho. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 2009. p. 156.

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6) Caso o juiz acolha a exceção, os autos serão remetidos para o juízo declinado como competente.
Esta decisão, que julga a exceção de incompetência, é interlocutória e, portanto, irrecorrível de imediato (art.
893, § 1o, da CLT), salvo quando terminativa do feito, à luz da Súmula no 214, “c”, do TST.

Súmula no 214 do TST. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1o, da CLT, as decisões interlocutórias
não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à
Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante
recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos pa-
ra Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, §
2o, da CLT.

Caso o juiz acolha a exceção de incompetência, remetendo os autos para juiz que esteja subordinado ao TRT
distinto daquele que anteriormente seria competente para julgar eventual recurso do processo, a decisão será termi-
nativa do feito. Nesse caso, é cabível a interposição de RO em face da decisão interlocutória. Esse recurso será
julgado pelo TRT a que está subordinado o juiz que acolheu a exceção de incompetência, de acordo com a alínea “c”
da Súmula no 214 do TST.

2.9.2. Exceção de suspeição/impedimento

“A imparcialidade do juiz, um dos sustentáculos do Princípio do Juiz Natural, consiste na inexistência de impedi-
mento ou suspeição para julgamento da demanda pelo magistrado, apresenta-se como pressuposto de desen-
volvimento válido e regular do processo. Nos domínios do processo do trabalho, a oportunidade para opor a ex-
ceção de suspeição ou impedimento é a primeira vez em que o excipiente terá de falar nos autos ou em audiên-
cia (art. 795 da CLT), após a ciência pela parte do fundamento legal ensejador da suspeição ou impedimento.”.5

O artigo 801 da CLT e os artigos 144 e 145 do CPC expõem diversas circunstâncias em que o juiz deve consi-
derar-se suspeito ou impedido.

Art. 801 da CLT. O juiz, presidente ou juiz classista, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser recusada, por
algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes: a) inimizade pessoal; b) amizade íntima; c) pa-
rentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil; d) interesse particular na causa.
Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do juiz, não
mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admiti-
da, se do processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia, ou que, de-
pois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que ela se origi-
nou.

Art. 144, CPC. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que inter-
veio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou
depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu côn-
juge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de con-
trato de prestação de serviços;

5
Idem, ibidem, 2009, p. 157.

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VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, con-
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advoga-
do de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro
do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritó-
rio de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista,
mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Art. 145, CPC. Há suspeição do juiz:


I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo,
que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despe-
sas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes
destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.

Atenção! Nas exceções de suspeição e impedimento, os sujeitos passivos são juízes, promotores, peritos judiciais,
intérpretes e os próprios serventuários da justiça (art. 148 do CPC). Opostas exceções de suspeição e impedimento
contra o juiz, haverá a suspensão da marcha processual. No entanto, quando for oposta em relação a qualquer outro
dos sujeitos passivos, não haverá a suspensão do processo (art. 148, §§ 1º e 2º, do CPC).

O processamento da exceção de suspeição/impedimento, previsto pelo artigo 802 da CLT, foi estabelecido pa-
ra um órgão colegiado: a Junta de Conciliação e Julgamento. A partir da EC n o 24/99, com extinção das juntas de
conciliação e julgamento, a jurisdição na 1a instância passou a ser exercida pelo juiz titular ou substituto de forma
singular (art. 116 da CF).

Art. 802 da CLT. Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará audiência dentro de 48
(quarenta e oito) horas, para instrução e julgamento da exceção. § 1o. Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e
nos Tribunais Regionais, julgada procedente a exceção de suspeição, será logo convocado para a mesma audi-
ência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até
decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira quando algum dos membros se declarar suspeito. § 2o. Se tratar
de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na forma da organização judiciária local.

Art. 116 da CF. Nas Varas do Trabalho a jurisdição será exercida por juiz singular. (Caput com redação determi-
nada pela EC no 24/99)

As alterações determinadas pela EC no 24/99 são incompatíveis com o disposto no § 1o do artigo 802 da CLT,na
medida em que não faz sentido o próprio juiz peitado (ou impedido) instruir e julgar a exceção de suspeição contra si
oposta. O julgamento deveria ser feito por um órgão colegiado, dele não participando o juiz ‘interessado’. Na medida
em que a Vara do Trabalho passa a funcionar apenas com juiz singular, pensamos que o julgamento de exceção de
suspeição e impedimento deveria ser de competência do juízo ad quem, aplicando-se, neste caso, as regras do art.
146 do CPC, segundo o qual, no prazo de 15 dias, o juiz deve reunir suas razões, rol de testemunhas e documentos
e determinar a remessa ao TRT,

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Art. 146 do NCPC. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impe-
dimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da
recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remes-
sa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo
de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se hou-
ver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:

I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;

II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.

(...)

Mais de uma exceção pode ser arguida ao mesmo tempo, entretanto, deverão ser julgadas na seguinte ordem:
exceção de impedimento, de suspeição e de incompetência.

2.9.3. EXERCÍCIOS DE EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA, SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO

EXERCÍCIO 1
Murilo foi contratado em Curitiba pela empresa Alfa Ltda. O contrato de trabalho celebrado entre as partes pre-
via a cidade de Curitiba para prestação dos serviços. Murilo foi dispensado imotivadamente no dia 07.10.2009. Em
janeiro de 2010, Murilo ingressou com uma reclamação trabalhista perante a 1a Vara do Trabalho de Foz do Iguaçu
postulando seus consectários legais, posto que lá passou a residir. Na qualidade de advogado da empresa Alfa
Ltda., sabendo que esta não possui filial, tampouco qualquer atividade comercial na cidade de Foz do Iguaçu, propo-
nha a medida legal cabível.

EXERCÍCIO 1 – RESOLUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1a VARA DO TRABALHO


DE FOZ DO IGUAÇU/PR

Excipiente: Empresa Alfa Ltda.

Exceto: Murilo

Processo no

EMPRESA ALFA LTDA., qualificação e endereço completos, vem, respei-


tosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço comple-
to, onde recebe notificações e intimações, com fulcro nos artigos 799 e 800 da
CLT, OFERECER:

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

na Reclamatória Trabalhista que lhe move Murilo, já qualificado nos autos

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em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

A Excipiente esclarece que o reclamante exceto foi contratado em Curiti-


ba/PR. Tais serviços sempre foram prestados em Curitiba/PR, localidade acor-
dada entre as partes desde o início do contrato de trabalho. No dia 07 de outu-
bro de 2009, a Excipiente o dispensou imotivadamente.

II – MÉRITO

O artigo 651 da CLT disciplina a competência relativa na Justiça do Traba-


lho, asseverando que a competência territorial é determinada pela localidade
onde o empregado prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido con-
tratado noutro local.

Ante o dispositivo, é evidente a incompetência territorial do Juízo para pro-


cessar e julgar à Reclamatória Trabalhista em questão, pois o reclaman-
te/exceto jamais laborou em Foz do Iguaçu. Ademais, é oportuno esclarecer
que a excipiente não possui filial, tampouco desenvolveu qualquer atividade
nesta cidade.

Diante da exposição supra, requer que os autos sejam remetidos para a


Vara do Trabalho de Curitiba/PR, local da prestação dos serviços do reclaman-
te exceto.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, requer o excipiente que este Juízo receba a exceção,
suspenda o feito (art. 799 da CLT), abra vista dos autos ao exceto, por 24 ho-
ras improrrogáveis, nos moldes do art. 800 da CLT.

Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial a prova testemunhal e documental.

Ouvido o exceto, protesta pelo reconhecimento da incompetência deste Ju-


ízo para julgar a demanda na primeira audiência ou sessão que se seguir. E,
por conseguinte, que os autos sejam remetidos à Vara do Trabalho de Curitiba,
juízo competente para processar e julgar a demanda, conforme os ditames do
art. 651 da CLT.

Nesses termos,

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Pede deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB n°

EXERCÍCIO 2
Patrícia ajuizou reclamatória trabalhista em face da empresa Alfa Ltda. pleiteando verbas rescisórias provenien-
tes de um contrato de trabalho que perdurou durante quatro anos. A ação foi distribuída para a 1 a Vara do Trabalho
de Curitiba, cujo juiz titular, Dr. Murilo Fulano, é amigo íntimo da reclamante, sendo o magistrado padrinho do filho da
autora. Na qualidade de advogado da empresa Alfa Ltda., elabore a medida legal cabível.

EXERCÍCIO 2 – RESOLUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1a VARA DO TRABA-


LHO DE CURITIBA/PR

Processo no

EMPRESA ALFA LTDA., qualificação e endereço completos, vem, respei-


tosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço comple-
to, onde recebe notificações e intimações, com fulcro nos artigos 799 e 802 da
CLT e art. 146 do CPC c/c art. 769 do CLT, OFERECER:

EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO

na Reclamatória Trabalhista que lhe move PATRÍCIA, já qualificada nos


autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

A autora ajuizou reclamatória trabalhista em face da excipiente pleiteando


verbas rescisórias provenientes de um contrato de trabalho que perdurou du-
rante quatro anos. A ação foi distribuída para a 1a Vara do Trabalho de Curiti-
ba, cujo juiz titular, Dr. Murilo Fulano, é amigo íntimo da reclamante, sendo o
magistrado padrinho do filho da autora.

II – MÉRITO

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O artigo 801, “b”, da CLT afirma que o juiz é obrigado a dar-se por suspeito
quando tiver amizade íntima com qualquer uma das partes. Neste mesmo sen-
tido, assevera o art. 145, I, do CPC, segundo o qual se reputa fundada a sus-
peição de parcialidade do juiz, quando for amigo íntimo de qualquer das partes.

Pelo exposto, não há que se negar a amizade íntima entre o magistrado e


a autora, motivo pelo qual requer que este Juízo, de plano, dê-se por suspeito
para julgar a demanda.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, requer o excipiente que este Juízo dê-se por suspeito
para julgar a demanda, remetendo os autos ao juiz substituto para que o mes-
mo processe e julgue o feito, ou, sucessivamente, que designe audiência nos
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, nos termos do art. 802 da CLT, para ins-
trução e julgamento da exceção.

Sucessivamente, caso esse D. Juízo entenda ter se tornada omissa a CLT


desde a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento com a EC no 24/99,
requer que reúna suas razões, documentos em que se fundar a alegação e rol
de testemunhas e encaminhe-nas ao TRT, no prazo de 15 dias, à luz do art.
146 do CPC.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos,


em especial a prova testemunhal e documental.

Por fim, requer que seja julgada procedente a presente exceção de suspei-
ção, determinando-se a remessa dos autos a outro juiz.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB no

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EXERCÍCIO 3
Patrícia Maria ajuizou reclamatória trabalhista em face da empresa Beta Ltda. com pedido de rescisão indireta,
sob o argumento de que não percebia o seu salário há 3 (três) meses. A reclamatória foi autuada e distribuída para a
3a Vara do Trabalho de Curitiba, cujo juiz titular, Dr. Murilo Fulano, é marido da reclamante. Na qualidade de advo-
gado da empresa Beta Ltda., elabore a medida legal cabível.

EXERCÍCIO 3 – RESOLUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 3a VARA DO TRABA-


LHO DE CURITIBA/PR

Processo no

EMPRESA BETA LTDA., qualificação e endereço completos, vem, respei-


tosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço comple-
to, onde recebe notificações/intimações com fulcro nos artigos 799 e 802 da
CLT e art. 146 do CPC c/c art. 769 do CLT, OFERECER:

EXCEÇÃO DE IMPEDIMENTO
na Reclamatória Trabalhista que lhe move MARIA, já qualificada nos autos
em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

A autora ajuizou reclamatória trabalhista em face da empresa Beta Ltda.


com pedido de rescisão indireta, sob o argumento de que não percebia o seu
salário há 3 meses. A reclamatória foi autuada e distribuída para a 3a Vara do
Trabalho de Curitiba/PR, cujo juiz titular, Dr. Murilo Fulano, é marido da recla-
mante.

II – MÉRITO

O artigo 144, IV, do CPC assevera que é defeso ao juiz exercer as suas
funções no processo contencioso ou voluntário, quando for cônjuge de alguma
das partes.

Pelo exposto, não há que se negar o impedimento do respeitável Juízo pa-


ra processar e julgar a demanda, motivo pelo qual requer que este Juízo, de
plano, dê-se por impedido para continuar no feito.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Por todo o exposto, requer o excipiente que este Juízo dê-se por impedido
para julgar a demanda, remetendo os autos ao juiz substituto para que o mes-

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Direito do Trabalho – Aulas 05 e 06
Aryanna Linhares

mo processe e julgue o feito, ou, sucessivamente, que designe audiência nos


prazo de 48 (quarenta e oito) horas, nos moldes do art. 802 da CLT, para ins-
trução e julgamento da exceção.
Sucessivamente, caso esse D. Juízo entenda ter se tornada omissa a CLT
desde a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento com a EC no 24/99,
requer que reúna suas razões e encaminhe-as ao TRT, documentos em que se
fundar a alegação e rol de testemunhas e encaminhe-nas ao TRT, no prazo de
15 dias, à luz do art. 146 do CPC.

Protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos,


em especial a prova testemunhal e documental.
Por fim, requer que seja julgada procedente a presente exceção de impe-
dimento.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

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Direito do Trabalho – Aula 07
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PRIMEIRO EXERCÍCIO DE CONTESTAÇÃO - EXAME DE ORDEM IV

Anderson Silva, assistido por advogado não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou reclamação trabalhista,
pelo rito ordinário, em face da empresa Comércio Atacadista de Alimentos Ltda. (RT no 0055.2010.5.01.0085), em
10.01.2011, afirmando que foi admitido em 03.03.2002, na função de divulgador de produtos, para exercício de
trabalho externo, com registro na CTPS dessa condição, e salário mensal fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais). Ale-
gou que prestava serviços de segunda-feira a sábado, das 9h às 20h, com intervalo para alimentação de 01 (uma)
hora diária, não sendo submetido a controle de jornada de trabalho, e que foi dispensado sem justa causa em
18.10.2010, na vigência da garantia provisória de emprego prevista no art. 55 da Lei no 5.764/71, já que ocupava o
cargo de diretor suplente de cooperativa criada pelos empregados da ré.

Afirmou que não lhe foi pago o décimo terceiro salário do ano de 2009 e que não gozou as férias referentes
ao período aquisitivo 2007/2008, admitindo, porém, que se afastou, nesse mesmo período, por 07 (sete) meses, com
percepção de auxílio-doença. Aduziu, ainda, que foi contratado pela ré, em razão da morte do Sr. Wanderley Cardo-
so, para exercício de função idêntica, na mesma localidade, mas com salário inferior em R$ 1.000,00 (um mil reais)
ao que era percebido pelo paradigma, em ofensa ao art. 461, caput, da CLT.
Por fim, ressaltou que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho, e vice-versa, era realizado em
transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido vale-transporte durante todo o período do contrato de traba-
lho.
Diante do acima exposto, POSTULOU: a) a sua reintegração no emprego, ou pagamento de indenização substi-
tutiva, em face da estabilidade provisória prevista no art. 55 da Lei no 5.674/71; b) o pagamento de 02 (duas) horas
extraordinárias diárias, com adicional de 50% (cinquenta por cento), e dos reflexos no aviso-prévio, férias integrais e
proporcionais, décimos terceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (qua-
renta por cento); c) o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de 2007/2008, acrescidas do
terço constitucional, nos moldes art. 137 da CLT; d) o pagamento das diferenças salariais decorrentes da equipara-
ção salarial com o paradigma apontado e dos reflexos no aviso-prévio, férias integrais e proporcionais, décimos ter-
ceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); e) o pa-
gamento dos valores correspondentes aos vales-transportes não fornecidos durante todo o período contratual; e f) o
pagamento do décimo terceiro salário do ano de 2008.
Considerando que a reclamação trabalhista foi distribuída à 85a Vara do Trabalho do Rio de Janeiro – RJ –, redi-
ja, na condição de advogado contratado pela empresa, a peça processual adequada, a fim de atender aos interesses
de seu cliente. (Valor: 5,0)

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OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM
Direito do Trabalho – Aula 07
Aryanna Linhares
RESOLUÇÃO DO PRIMEIRO EXERCÍCIO DE CONTESTAÇÃO - EXAME DE ORDEM IV

Anderson Silva, assistido por advogado não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou reclamação trabalhista,
pelo rito ordinário, em face da empresa Comércio Atacadista de Alimentos Ltda. (RT no 0055.2010.5.01.0085), em
10.01.2011, afirmando que foi admitido em 03.03.2002, na função de divulgador de produtos, para exercício de
trabalho externo, com registro na CTPS dessa condição, e salário mensal fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais). Ale-
gou que prestava serviços de segunda-feira a sábado, das 9h às 20h, com intervalo para alimentação de 01 (uma)
hora diária, não sendo submetido a controle de jornada de trabalho, e que foi dispensado sem justa causa em
18.10.2010, na vigência da garantia provisória de emprego prevista no art. 55 da Lei no 5.764/71, já que ocupava o
cargo de diretor suplente de cooperativa criada pelos empregados da ré.
Afirmou que não lhe foi pago o décimo terceiro salário do ano de 2009 e que não gozou as férias referentes
ao período aquisitivo 2007/2008, admitindo, porém, que se afastou, nesse mesmo período, por 07 (sete) meses, com
percepção de auxílio-doença. Aduziu, ainda, que foi contratado pela ré, em razão da morte do Sr. Wanderley Cardo-
so, para exercício de função idêntica, na mesma localidade, mas com salário inferior em R$ 1.000,00 (um mil reais)
ao que era percebido pelo paradigma, em ofensa ao art. 461, caput, da CLT.
Por fim, ressaltou que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho, e vice-versa, era realizado em
transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido vale-transporte durante todo o período do contrato de traba-
lho.
Diante do acima exposto, POSTULOU: a) a sua reintegração no emprego, ou pagamento de indenização substi-
tutiva, em face da estabilidade provisória prevista no art. 55 da Lei no 5.674/71; b) o pagamento de 02 (duas) horas
extraordinárias diárias, com adicional de 50% (cinquenta por cento), e dos reflexos no aviso-prévio, férias integrais e
proporcionais, décimos terceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (qua-
renta por cento); c) o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de 2007/2008, acrescidas do
terço constitucional, nos moldes art. 137 da CLT; d) o pagamento das diferenças salariais decorrentes da equipara-
ção salarial com o paradigma apontado e dos reflexos no aviso-prévio, férias integrais e proporcionais, décimos ter-
ceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); e) o pa-
gamento dos valores correspondentes aos vales-transportes não fornecidos durante todo o período contratual; e f) o
pagamento do décimo terceiro salário do ano de 2008.
Considerando que a reclamação trabalhista foi distribuída à 85a Vara do Trabalho do Rio de Janeiro – RJ –, redi-
ja, na condição de advogado contratado pela empresa, a peça processual adequada, a fim de atender aos interesses
de seu cliente. (Valor: 5,0)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 85a VARA DO TRABA-


LHO DO RIO DE JANEIRO-RJ

Processo no 0055.2010.5.01.0.085

COMÉRCIO ATACADISTA DE ALIMENTOS LTDA., qualificação e endereço


completos, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissi-
onal no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro
no art. 847 da CLT, OFERECER:

CONTESTAÇÃO

à Reclamatória Trabalhista que lhe move ANDERSON SILVA, já qualificado


nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I – PRELIMINAR DE MÉRITO

1. Inépcia da petição inicial – ausência de causa de pedir

O reclamante, na petição inicial, afirma que não recebeu os valores refe-


rentes ao 13o salário de 2009, porém, postula o pagamento do 13o salário de
2008.

De acordo com o determinado no art. 330, § 1º, I, do CPC, a petição inicial


é inepta quando lhe faltar pedido ou causa de pedir. No presente caso, a peti-
ção inicial é inepta quanto ao pedido de pagamento do 13o salário de 2008,
pois o autor não apontou causa de pedir, uma vez que afirmou que não rece-

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Direito do Trabalho – Aula 07
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beu apenas o 13o salário do ano de 2009.

Esclarece-se que a inépcia da inicial deve ser analisada em preliminar de


contestação, à luz do art. 337, IV, do CPC.

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


nos termos dos arts. 485, I e 330, I, do CPC (indeferimento da petição inicial) e,
sucessivamente, art. 485, IV, do CPC (ausência de pressuposto de desenvol-
vimento válido e regular do processo), em relação ao pedido de pagamento do
13o salário de 2008.

2. Inépcia da petição inicial – ausência de pedido

O reclamante, na petição inicial, afirma que não recebeu os valores refe-


rentes ao 13o salário de 2009, todavia, postula o pagamento do 13o salário de
2008.

Conforme dispõe o art. 330, § 1º, I, do CPC, a petição inicial é inepta quan-
do lhe faltar pedido ou causa de pedir. No presente caso, a petição inicial é
inepta quanto 13o salário do ano de 2009, uma vez que apenas afirmou que o
mesmo não foi pago sem formular qualquer pedido.

Esclarece-se que a inépcia da inicial deve ser analisada em preliminar de


contestação, nos moldes do art. 337, IV, do CPC.

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


com base nos arts. 485, I e 330, I, do CPC (indeferimento da petição inicial) e,
sucessivamente, art. 485, IV, do CPC (ausência de pressuposto de desenvol-
vimento válido e regular do processo), em relação ao 13o salário do ano de
2009.

Sucessivamente, caso não sejam acolhidas as preliminares, requer a aná-


lise dos demais itens a seguir expostos.

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

1. Prescrição quinquenal

O Reclamante postulou em sua reclamatória trabalhista ajuizada em


10.01.2011, parcelas que retroagem à data de sua admissão, que ocorreu em
03.03.2002.

Nos termos do art. 7o, XXIX, da CF e art. 11, I, da CLT, o direito de ação
quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco
anos contados da data do ajuizamento da ação (Súmula no 308, II, do TST).

Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do méri-


to, à luz do art. 487, II, do CPC, quanto às parcelas postuladas anteriores aos
últimos cinco anos contados do ajuizamento da ação, ou seja, anteriores a
10.01.2006.

III – Mérito

1. Reintegração

O Reclamante postulou a reintegração ao emprego, ou a equivalente inde-


nização substitutiva, tendo em vista a suposta estabilidade que possuía na
ocasião da dispensa, por ter sido nomeado para exercer o cargo de diretor
suplente de cooperativa criada pelos empregados da ré.

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Direito do Trabalho – Aula 07
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Não assiste razão ao Reclamante, pois, consoante determina a OJ no 253


da SDI-I do TST, o diretor suplente de cooperativa não é beneficiário da estabi-
lidade provisória prevista no art. 55 da Lei no 5.764/71, a qual é dirigida, exclu-
sivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção das cooperati-
vas, não se estendendo tal garantia aos suplentes. Assim, o reclamante não
possui direito à estabilidade provisória, nem à sua indenização substitutiva, por
exercer cargo de suplente de cooperativa criada pelos empregados.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de reintegração, bem


como de indenização substitutiva.

2. Horas extras

O Reclamante postulou a condenação do reclamado ao pagamento de 02


horas extraordinárias diárias, acrescidas do adicional de 50% por laborar de
segunda a sábado das 9h às 20h e reflexos.

Não assiste razão ao Reclamante, pois, de acordo com o instituído pelo art.
62, I, da CLT, não faz jus à percepção de horas extraordinárias os empregados
que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de traba-
lho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência
Social e no registro de empregados, requisitos que se verificam no presente
caso em que o trabalho externo foi registrado na CTPS do reclamante e ele
mesmo afirma que não estava submetido a controle de jornada de trabalho.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de 2 horas extras di-


árias, bem como dos reflexos postulados.

3. Férias em dobro

O Reclamante postulou o pagamento em dobro das férias referentes ao pe-


ríodo aquisitivo de 2007/2008, acrescidas de 1/3 pela não concessão a tempo
e modo, nos moldes do art. 137 da CLT.

Não assiste razão ao Reclamante, pois, conforme estabelece o art. 133, IV,
da CLT, não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisi-
tivo, permanecer em gozo de licença, com percepção de prestações de aciden-
te de trabalho ou auxílio-doença da Previdência Social, por mais de 6 meses.
Assim, o Reclamante não tem direito às férias pleiteadas, pois afirma ter rece-
bido auxílio-doença por 07 (sete) meses durante o período aquisitivo.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de férias.

4. Diferenças salariais

O Reclamante postulou equiparação salarial, alegando que foi contratado


em razão da morte do Sr. Wanderley Cardoso, com salário inferior em R$
1.000,00 (um mil reais) ao que era percebido pelo paradigma, para exercer
função idêntica e reflexos.

Não assiste razão ao Reclamante, pois, consoante determinado pela Sú-


mula no 159, II, do TST, não são devidas diferenças salariais, pois o Reclaman-
te ocupou o cargo que se tornou anteriormente vago em definitivo com o fale-
cimento do paradigma apontado. Ainda, não há que se falar em equiparação
salarial, pois não houve simultaneidade/concomitância na prestação dos servi-
ços, o que é requisito indispensável à equiparação fundamentado no art. 461
da CLT e Súmula no 6, IV, do TST. Dessa forma, o Reclamante não faz jus à
equiparação do Sr. Wanderley Cardoso.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de equiparação sala-


rial, bem como de seus reflexos.

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5. Vale-transporte

O Reclamante postulou o pagamento dos valores correspondentes aos va-


les-transportes não fornecidos durante todo o período contratual. Ressaltou, no
entanto, que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho e vice-
versa era realizado em transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido
vale-transporte durante todo o período do contrato de trabalho.

Não assiste razão ao Reclamante, tendo em vista que o vale-transporte é


concedido para uso no deslocamento residência-trabalho e vice-versa, em
transporte coletivo público (art. 1o da Lei no 7.418/85), o que não ocorreu no
caso em tela, considerando que o empregador fornecia transporte coletivo
fretado por ele, estando, portanto, nos termos do art. 4o do Decreto no
95.247/87, desonerado da obrigação de fornecer vale-transporte.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de vale-transporte.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer a produção de todos os meios de prova em direi-


to admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, sob a conse-
quência de confissão.

Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito para que seja deter-
minada a extinção do processo, sem resolução do mérito, nos termos do art.
485 I e 330, I, CPC (indeferimento da petição inicial) e, sucessivamente, art.
485, inciso IV do CPC (ausência de pressuposto de desenvolvimento válido e
regular do processo), em relação ao 13º salário do ano de 2008 e 2009. Su-
cessivamente, o acolhimento da prejudicial de mérito para que seja determina-
da a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II,
do CPC, quanto às parcelas anteriores aos últimos cinco anos contados do
ajuizamento da ação, e, sucessivamente, no mérito, requer a improcedência de
todos os pedidos do Reclamante, condenando-o ao pagamento de custas
processuais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB no

VALORES
QUESITOS AVALIADOS
POSSÍVEIS

ESTRUTURA INICIAL – encaminhamento adequado (0,25) e 0,00 / 0,25 /


correta identificação das partes e do processo (0,25). 0,50

ARGUIÇÃO DE INÉPCIA OU DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO


– pedido de décimo terceiro salário. Indicação do art. 485, I,
do CPC. Indicação do art. 330, I, do CPC. Indicação do art.
0,00 / 0,25
2330, § 1º, I, do CPC OU Impugnação do pedido de
pagamento do décimo terceiro salário do ano de 2008
(defesa de mérito).

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VALORES
QUESITOS AVALIADOS
POSSÍVEIS

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – prescrição das parcelas


anteriores a 10.01.2006 OU cinco anos anteriores ao 0,00 / 0,25 /
ajuizamento da ação (0,25). Indicação do art. 7o, XXIX, da 0,50
CF/88 OU art. 11, I, da CLT (0,25).

ESTABILIDADE E REINTEGRAÇÃO – não abrangem os


0,00 / 0,25 /
membros suplentes (0,5). Indicação da OJ no 253 da SDI-1
0,50 / 0,75
do TST (0,25).

HORAS EXTRAS E REFLEXOS – atividade externa


0,00 / 0,35 /
incompatível com controle (0,35). Indicação do art. 62, I, da
0,70
CLT (0,35).

FÉRIAS DO PERÍODO 2007/2008 – perda do direito em face


0,00 / 0,35 /
do afastamento previdenciário (0,35). Indicação do art. 133,
0,70
IV, da CLT (0,35).

EQUIPARAÇÃO SALARIAL – ausência de


contemporaneidade com o paradigma OU substituição de 0,00 / 0,20 /
cargo vago (0,40). Indicação da Súmula no 6, IV, TST OU 0,40 / 0,60
Súmula no 159, II, TST (0,20).

VALES-TRANSPORTES – exoneração da obrigação pela


0,00 / 0,25 /
concessão de transporte (0,25). Indicação do art. 4o do
0,50
Decreto no 95.247/87 (0,25).

REQUERIMENTOS – acolhimento da prescrição (0,25). 0,00 / 0,10 /


Improcedência dos pedidos (0,15). Protesto pelos meios de 0,15 / 0,25 /
prova (0,10). 0,35 / 0,40 /
0,50

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SEGUNDO EXERCÍCIO DE CONTESTAÇÃO - EXAME DE ORDEM II (2010.2)

Kelly Amaral, assistida por advogado particular não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou reclamação
trabalhista, pelo rito ordinário, em face do Banco Finanças S/A (RT no 1234/2010), em 13.09.2010. A reclamante
afirma que foi admitida em 04.08.2002 para exercer a função de gerente de agência, e que prestava serviços diaria-
mente de segunda a sexta, das 9h às 20h, com intervalo para repouso e alimentação de 30 minutos diários, apesar
de não se submeter a controle de ponto. Seu contrato extinguiu-se em 15.07.2009, em razão de dispensa imotivada,
quando recebia salário no valor de R$ 5.000,00, acrescido de 45% a título de gratificação de função.
Aduziu, ainda, que desde a sua admissão, e sempre por força de normas coletivas, vinha percebendo o paga-
mento de auxílio educação, de natureza indenizatória, para custear as despesas com a instrução de seus dependen-
tes. O pagamento desta vantagem perdurou até o termo final de vigência da convenção coletiva de trabalho de
2006/2007, sendo expressamente revogado no instrumento normativo posterior aplicável à categoria profissional dos
bancários, não tendo sido renovado o direito à percepção do referido auxílio nos instrumentos normativos subse-
quentes. Em face do princípio da inalterabilidade contratual, sustentou a incorporação do direito ao recebimento des-
ta vantagem ao seu contrato de trabalho, configurando direito adquirido, o qual não poderia ter sido suprimido pelo
empregador.
Em janeiro de 2009, a reclamante foi nomeada para exercer o cargo de delegada sindical de representação
obreira, no setor de cultura e desporto da entidade. Inobstante, tal estabilidade foi dispensada imotivadamente, por
iniciativa de seu empregador. Inobstante não prestar atividades adstritas ao caixa bancário, por isonomia, requer o
recebimento da parcela quebra de caixa, com a devida integração e reflexos legais.
Alegou, também, fazer jus à isonomia salarial com o sr. Osvaldo Maleta, readaptado funcionalmente por causa
previdenciária, e por tal, desde janeiro/2008 exerce a função de GERENTE GERAL DE AGÊNCIA, ou seja, com
idêntica função ao autor da demanda, na mesma localidade e para o mesmo empregador e cujo salário fixo supera-
va R$ 8.000,00, acrescidos da devida gratificação funcional de 45%. Alega também a não fruição e recebimento das
férias do período 2007/2008, inobstante admitir ter se retirado em licença remunerada por 32 dias durante aquele
período aquisitivo.
Diante do exposto, POSTULOU a reintegração ao emprego em face da estabilidade acima perpetrada, ou inde-
nização substitutiva, e a condenação do banco empregador ao pagamento de 02 horas extraordinárias diárias, com
adicional de 50%, de uma hora extra diária, pela supressão do intervalo mínimo de uma hora e dos reflexos em avi-
so-prévio, férias integrais e proporcionais, décimo terceiro salário integral e proporcional, FGTS e indenização com-
pensatória de 40%, assim como dos valores mensais correspondentes ao auxílio educação, desde a data de sua
supressão até o advento do término de seu contrato, do recebimento da parcela denominada quebra de caixa, bem
como sua integração e reflexos nos termos da lei, diferenças salariais e reflexos em aviso-prévio, férias integrais e
proporcionais, décimo terceiro salário integral e proporcional, FGTS + 40%, em face de pleito equiparação e férias
integrais 2007/2008, de forma simples e acrescidos de 1/3 pela não concessão a tempo e modo. Pleiteou, por fim, a
condenação do reclamado ao pagamento de indenização por danos morais e de honorários advocatícios sucumben-
ciais.
Considerando que a reclamação trabalhista foi ajuizada perante a 1a Vara do Trabalho de Boa Esperança/MG,
redija, na condição de advogado contratado pelo banco empregador, a peça processual adequada, a fim de aten-
der aos interesses de seu cliente.

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Direito do Trabalho – Aula 07
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RESOLUÇÃO DO SEGUNDO EXERCÍCIO DE CONTESTAÇÃO - EXAME DE ORDEM II (2010.2)

Kelly Amaral, assistida por advogado particular não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou re-
clamação trabalhista, pelo rito ordinário, em face do Banco Finanças S/A (RT no 1234/2010), em
13.09.2010. A reclamante afirma que foi admitida em 04.08.2002 para exercer a função de gerente de
agência, e que prestava serviços diariamente de segunda a sexta, das 9h às 20h, com intervalo para re-
pouso e alimentação de 30 minutos diários, apesar de não se submeter a controle de ponto. Seu contrato
extinguiu-se em 15.07.2009, em razão de dispensa imotivada, quando recebia salário no valor de R$
5.000,00, acrescido de 45% a título de gratificação de função.
Aduziu, ainda, que desde a sua admissão, e sempre por força de normas coletivas, vinha percebendo
o pagamento de auxílio educação, de natureza indenizatória, para custear as despesas com a instrução
de seus dependentes. O pagamento desta vantagem perdurou até o termo final de vigência da convenção
coletiva de trabalho de 2006/2007, sendo expressamente revogado no instrumento normativo posterior
aplicável à categoria profissional dos bancários, não tendo sido renovado o direito à percepção do referido
auxílio nos instrumentos normativos subsequentes. Em face do princípio da inalterabilidade contratual,
sustentou a incorporação do direito ao recebimento desta vantagem ao seu contrato de trabalho, configu-
rando direito adquirido, o qual não poderia ter sido suprimido pelo empregador.
Em janeiro de 2009, a reclamante foi nomeada para exercer o cargo de delegada sindical de repre-
sentação obreira, no setor de cultura e desporto da entidade. Inobstante, tal estabilidade foi dispensada
imotivadamente, por iniciativa de seu empregador. Inobstante não prestar atividades adstritas ao caixa
bancário, por isonomia, requer o recebimento da parcela quebra de caixa, com a devida integração e re-
flexos legais.
Alegou, também, fazer jus à isonomia salarial com o sr. Osvaldo Maleta, readaptado funcionalmente
por causa previdenciária, e por tal, desde janeiro/2008 exerce a função de GERENTE GERAL DE
AGÊNCIA, ou seja, com idêntica função ao autor da demanda, na mesma localidade e para o mesmo
empregador e cujo salário fixo superava R$ 8.000,00, acrescidos da devida gratificação funcional de 45%.
Alega também a não fruição e recebimento das férias do período 2007/2008, inobstante admitir ter se reti-
rado em licença remunerada por 32 dias durante aquele período aquisitivo.
Diante do exposto, POSTULOU a reintegração ao emprego em face da estabilidade acima perpetra-
da, ou indenização substitutiva, e a condenação do banco empregador ao pagamento de 02 horas extra-
ordinárias diárias, com adicional de 50%, de uma hora extra diária, pela supressão do intervalo mínimo de
uma hora e dos reflexos em aviso-prévio, férias integrais e proporcionais, décimo terceiro salário integral e
proporcional, FGTS e indenização compensatória de 40%, assim como dos valores mensais correspon-
dentes ao auxílio educação, desde a data de sua supressão até o advento do término de seu contrato, do
recebimento da parcela denominada quebra de caixa, bem como sua integração e reflexos nos termos da
lei, diferenças salariais e reflexos em aviso-prévio, férias integrais e proporcionais, décimo terceiro salário
integral e proporcional, FGTS + 40%, em face de pleito equiparação e férias integrais 2007/2008, de for-
ma simples e acrescidos de 1/3 pela não concessão a tempo e modo. Pleiteou, por fim, a condenação do
reclamado ao pagamento de indenização por danos morais e de honorários advocatícios sucumbenciais.
Considerando que a reclamação trabalhista foi ajuizada perante a 1a Vara do Trabalho de Boa Espe-
rança/MG, redija, na condição de advogado contratado pelo banco empregador, a peça processual
adequada, a fim de atender aos interesses de seu cliente.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1a VARA DO TRA-


BALHO DE BOA ESPERANÇA – MG

Processo no 1234/2010

O BANCO FINANÇAS, qualificação e endereço completos, vem, respei-


tosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no ende-
reço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art.
847 da CLT, OFERECER:

CONTESTAÇÃO

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à Reclamatória Trabalhista que lhe move KELLY AMARAL, já qualifica-


da nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expos-
tas.

I – PRELIMINAR DE MÉRITO

1. Inépcia da petição inicial

A reclamante, na petição inicial, postula o pagamento de indenização


por danos morais, sem, contudo, articular os fundamentos de fato e de
direito que amparam sua pretensão.

Segundo estabelece o art. 330, § 1º, I, do CPC, a petição inicial é inepta,


dentre outras hipóteses, quando lhe faltar pedido ou causa de pedir, sendo
o que aconteceu com o pedido de indenização por danos morais, em que a
Reclamante não apresentou a causa de pedir quanto ao mesmo.

Esclarece-se que à luz do art. 337, IV, do CPC, a inépcia da inicial deve
ser analisada em preliminar de contestação.

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do


mérito, nos moldes dos arts. 485, I, e 330, I, do CPC (indeferimento da
petição inicial) e, sucessivamente, com fulcro no art. 485, IV, do CPC (au-
sência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e re-
gular do processo), em relação ao pedido de indenização por danos mo-
rais, por ser tratar de pedido inepto.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar, requer a análise


dos demais itens a seguir expostos.

A Reclamante postulou em sua reclamatória trabalhista, ajuizada em


13.09.2010, parcelas que retroagem à data de sua admissão, que ocorreu
em 04.08.2002.

Com base no art. 7o, XXIX, da CF e art. 11, I, da CLT, o direito de ação
quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco
anos, contados da data do ajuizamento da ação (Súmula 308, I, TST).

Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do


mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC, quanto às parcelas postuladas
anteriores aos últimos 5 (cinco) anos contados do ajuizamento da ação, ou
seja, anteriores a 13.09.2005.
Sucessivamente, caso não seja acolhida a prescrição, requer a análise
dos demais itens a seguir expostos.

1. Reintegração

A Reclamante postulou a reintegração ao emprego, ou a equivalente


indenização substitutiva, tendo em vista a suposta estabilidade adquirida
em janeiro de 2009 por ter sido nomeada para exercer o cargo de delegada
sindical de representação obreira.

Não assiste razão à Reclamante, pois, conforme estabelece a OJ no


369 da SDI-I do TST, o delegado sindical não é beneficiário da estabilidade
provisória prevista no art. 8o, VIII, da CF/1988, a qual é dirigida, exclusiva-
mente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção nos sindicatos,
submetidos a processo eletivo.

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Direito do Trabalho – Aula 07
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Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de reintegração,


bem como de indenização substitutiva.

2. Horas extras e intervalo

A Reclamante postulou a condenação do Reclamado ao pagamento de


02 (duas) horas extraordinárias com adicional de 50% por laborar de se-
gunda a sexta-feira das 9h às 20h, bem como o pagamento de mais uma
hora extra pela supressão do intervalo intrajornada mínimo de 01 (uma)
hora e seus reflexos.

Não assiste razão à Reclamante, pois, consoante dispõe a Súmula no


287 do TST, para o gerente geral de agência bancária presume-se o exer-
cício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62, II, da CLT. Tal artigo
estabelece que não são abrangidos pelo regime do capítulo da duração da
jornada de trabalho os gerentes, assim considerados os exercentes de
cargo de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste
artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial, que recebem gratifi-
cação de função superior a 40%. Assim sendo, a Reclamante, por ser ge-
rente geral de agência e perceber gratificação de função de 45%, não se
submete ao controle de jornada de trabalho, não fazendo jus às horas ex-
tras pleiteadas.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de 2 horas extras


diárias e do intervalo intrajornada, bem como de seus reflexos.

3. Parcela quebra de caixa

A Reclamante postulou o recebimento da parcela quebra de caixa, com


a devida integração e seus reflexos legais, alegando isonomia ao cargo de
caixa bancário.

Não assiste razão à Reclamante, pois tal parcela é devida somente ao


caixa bancário, uma vez que suas atividades demandam uma maior res-
ponsabilidade ao lidar diretamente com dinheiro. Logo, é incabível a per-
cepção da parcela quebra de caixa pela Reclamante, que exerce função de
gerente geral de agência.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de recebimento


da parcela quebra de caixa, bem como de seus reflexos.

4. Auxílio-educação

O Reclamante postulou os valores mensais correspondentes ao auxílio-


educação, desde a data de sua supressão até o advento do término de seu
contrato.

Não assiste razão ao reclamante, pois à luz da Súmula no 277 do TST


“as cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas
integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modi-
ficadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho”, e, no
presente caso, a vantagem perdurou até o termo final de vigência da con-
venção coletiva de trabalho de 2006/2007, sendo expressamente revogada
no instrumento normativo posterior, tornando indevido ao auxílio-educação
a partir de então.

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Direito do Trabalho – Aula 07
Aryanna Linhares

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido do reclamante.

5. Equiparação salarial

A Reclamante postulou equiparação salarial ao Sr. Osvaldo Maleta, re-


adaptado funcionalmente por causa previdenciária, afirmando estarem
presentes os requisitos da Súmula no 6 do TST e art. 461 da CLT, pleitean-
do isonomia salarial e seus reflexos.

Não assiste razão à Reclamante, pois, de acordo com o determinado


pelo art. 461, § 4o, da CLT, o trabalhador readaptado em nova função por
motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da
Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação sala-
rial.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de equiparação


salarial, bem como de seus reflexos.

6. Férias 2007/2008
A Reclamante postulou o pagamento de férias integrais do período
aquisitivo de 2007/2008 de forma simples e acrescidas de 1/3 pela não
concessão a tempo e modo. Entretanto, afirmou ter se retirado em licença
remunerada por 32 (trinta e dois) dias durante aquele período aquisitivo.

Não assiste razão à Reclamante, pois, conforme institui o art. 133, II, da
CLT, não terá direito a férias o empregado que no curso do período aquisi-
tivo permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais
de 30 (trinta) dias.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de férias.

7. Honorários advocatícios

A Reclamante postulou o pagamento de honorários advocatícios su-


cumbenciais.

Não assiste razão à Reclamante, pois, consoante preveem as Súmulas


nos 219, I, e 329 do TST e o art. 14, caput e § 1o, da Lei no 5.584/70, nas
relações de emprego, os honorários são devidos apenas quando a recla-
mante preencher os requisitos para ser beneficiário da justiça gratuita e o
advogado estiver vinculado ao sindicato. Assim sendo, não há qualquer
amparo legal à pretensão da Reclamante, posto que no presente caso, a
Reclamante está assistida por advogado particular, não fazendo jus, por-
tanto, aos benefícios aos honorários advocatícios.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de honorários.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer a produção de todos os meios de prova em


direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, sob a
consequência de confissão.
Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito para que seja de-
terminada a extinção do processo, sem resolução do mérito, nos moldes dos
arts. 485, I, e 330, I, e, sucessivamente, 485, IV, todos do CPC, em relação
ao pedido de indenização por danos morais.

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Requer, sucessivamente, o acolhimento da prejudicial de mérito para


que seja determinada a extinção do processo, com resolução do mérito,
com base no art. 487, II, do CPC, quanto às parcelas anteriores aos últimos
cinco anos contados do ajuizamento da ação. E, por fim, gradativamente,
ainda, no mérito, requer a improcedência de todos os pedidos do Recla-
mante, condenando-a ao pagamento de custas processuais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB n°

Faixa de
Quesitos Avaliados Nota
Valores

ENCAMINHAMENTO ADEQUADO – juiz do trabalho da 1a 0,00 a 0,25


vara do trabalho de Boa Esperança/MG

Indicação das partes envolvidas – Banco Finanças S/A e 0,00 a 0,25


Kelly Amaral (contestação – art. 847 da CLT).

PRELIMINAR – inépcia; danos morais; ausência de causa de 0,00 a 0,30


pedir.

Indicação das normas – arts. 485, I, e 330, I e § 1º, ambos 0,0 a 0,2
do CPC.

PREJUDICIAL – Arguição da prescrição quinquenal 0,0 a 0,3

Indicação da norma – art. 7o, XXIX, da CF. 0,0 a 0,2

HORAS EXTRAS, INTERVALOS E REFLEXOS – gerente 0,0 a 0,3


geral de agência sem controle de horário – não tem horas
extras nem supressão de intervalo – improcedência.

Indicação das normas – art. 62, II, da CLT; Súmula no 287 0,0 a 0,2
do TST.

ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA E INTEGRAÇÃO 0,0 a 0,3


AUXÍLIO-EDUCAÇÃO – validade temporal da CCT –
improcedência.

Norma aplicável – Súmula no 277, I, do TST. 0,0 a 0,1

Alteração não afronta o art. 468 da CLT. 0,0 a 0,1

ESTABILIDADE – reintegração ou indenização – Delegado 0,0 a 0,3


sindical não tem estabilidade – falta de representação eletiva
– improcedência.

Indicação da norma – OJ no 369 da SDI-1 do TST. 0,0 a 0,2

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Faixa de
Quesitos Avaliados Nota
Valores

QUEBRA DE CAIXA – pagamento e integração: atividade 0 / 0,1 / 0,2


exercida não enseja percepção da parcela – improcedência. / 0,3 / 0,4 /
0,5

EQUIPARAÇÃO SALARIAL – impossibilidade: paradigma 0,0 a 0,3


em readaptação impede pleito equiparatório –
improcedência.

Indicação da norma – art. 461, § 4o, da CLT. 0,0 a 0,2

FÉRIAS VENCIDAS E NÃO USUFRUÍDAS: licença 0,0 a 0,3


remunerada superior a 30 dias dentro do período aquisitivo –
improcedência.

Indicação da norma – art. 133, II, da CLT. 0,0 a 0,2

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – não preenchimento dos 0,0 a 0,15


requisitos – improcedência.

Indicação das normas – Lei no 5.584/70 e (0,05) Súmulas nos 0,0 a 0,1
219, I, e 329 do TST (0,05).

REQUERIMENTOS – acolhimento da preliminar de inépcia 0,0 a 0,25


(0,05) e prescrição quinquenal (0,05), e, no mérito,
improcedência dos pedidos (0,10) e protesto pelos meios de
prova admitidos em Direito (0,05).

NOTA FINAL

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Direito do Trabalho – Aula 08
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QUESTÕES 1 a 15

1. (OAB/FGV – XI Exame) Roberto interpôs Recurso Ordinário ao ter ciência de que foi julgado improce-
dente o seu pedido de reconhecimento de vínculo empregatício em face da empresa NOVATEC LÍNEA
COMPUTADORES LTDA. Ele não juntou declaração de miserabilidade na petição inicial e no recurso, mas
requereu, em pedido expresso no apelo, o benefício da gratuidade de justiça, afirmando não ter recursos
para recolher o valor das custas sem prejuízo do seu sustento e de sua família. O pedido de gratuidade da
justiça foi formulado por advogado com poderes específicos para assinar a declaração de hipossuficiên-
cia do reclamante. O juiz prolator da sentença negou seguimento ao recurso, considerando-o deserto.
Diante deste panorama, responda justificadamente: A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não pontua.

a) Considerando que Roberto não juntou a declaração de miserabilidade, analise se é possível o deferimento da
gratuidade de justiça na hipótese retratada. (Valor: 0,65)
b) Analise se, tecnicamente, a decisão que negou seguimento ao recurso está correta. (Valor: 0,60)

2. (OAB/FGV – XI Exame) Em reclamação trabalhista movida por uma empregada contra o ex-empregador,
o pedido de indenização por dano moral foi julgado improcedente na sentença. Inconformada, a emprega-
da recorreu e o TRT deferiu parcialmente este pedido. Irresignada com o valor deferido, que entendia insu-
ficiente, a empregada ainda manejou recurso de revista, sendo mantida pelo TST a quantia já fixada. Ad-
veio em seguida o trânsito em julgado. Diante dessa situação, responda aos seguintes itens. A simples
menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

a) A partir de quando será computada a correção monetária do pedido de dano moral? Justifique sua resposta.
(Valor: 0,65)
b) Se os juros não fossem requeridos na petição inicial, analise se haveria julgamento extra petita se o juiz os
deferisse. Justifique sua resposta. (Valor: 0,60)

3. (OAB/FGV – XI Exame) Numa reclamação trabalhista o autor formulou pedido de verbas resilitórias e
horas extras. Na 1ª audiência, ocorrida 40 dias após o desligamento, a empresa reconheceu que não pa-
gou as verbas devidas pela saída, e requereu o seu adiamento, face à ausência de suas testemunhas, o
que foi deferido. Na 2ª audiência, agora com a presença das testemunhas, ofereceu, no início da sessão, o
pagamento das verbas resilitórias incontroversas adicionadas da multa do Art. 477, § 8º, da CLT. Diante
dessa situação, responda: A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

a) Comente se a empresa, nesta situação, fica sujeita a algum pagamento adicional em relação às verbas da rup-
tura. Justifique sua resposta. (Valor: 0,65)
b) Analise, na mesma situação, caso o empregador do autor fosse um Município, se haveria algum pagamento
adicional. Justifique sua resposta. (Valor: 0,60)

4. (OAB/FGV – XII Exame) Um ex-empregado ajuíza reclamação trabalhista contra a ex-empregadora (a


empresa “A”) e outra que, segundo alega, integra o mesmo grupo econômico (a empresa “B”). Em defesa
a empresa “A” afirma que pagou tudo ao reclamante, nada mais lhe devendo, enquanto a empresa “B”
sustenta sua ilegitimidade passiva, negando a existência de grupo econômico.
Considerando que: 1) as reclamadas possuem advogados diferentes; 2) que o pedido foi julgado proce-
dente, condenando-se solidariamente as rés; e 3) que a empresa “A” recorreu efetuando o recolhimento
das custas e depósito recursal, responda às indagações a seguir.

a) O prazo para recurso das empresas é diferenciado, haja vista terem procuradores diferentes? (Valor: 0,65)
b) A empresa “B” deverá efetuar depósito recursal para viabilizar o recurso, no qual insistirá na sua absolvição por
não integrar com a litisconsorte um grupo econômico? (Valor: 0,60)

5. (OAB/FGV – XII Exame) Serafim Almeida ajuizou reclamação trabalhista contra o ex-empregador postu-
lando o pagamento de horas extras e verbas resilitórias. Em audiência, entabulou acordo com o reclama-
do, que foi homologado judicialmente, no qual conferiu quitação geral quanto ao extinto contrato de traba-
lho. Tempos depois contratou novo advogado e ajuizou nova demanda contra a mesma empresa, desta
feita pedindo apenas diferença em razão de equiparação salarial – verba não perseguida na 1ª ação.
Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.

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a) Analise a validade, ou não, de um acordo judicial no qual a parte concede quitação sobre objeto que não foi
postulado na petição inicial, justificando em qualquer hipótese. (Valor: 0,85)

b) Informe o fenômeno jurídico que inviabiliza o prosseguimento da 2ª ação ajuizada, apresentando o fundamento
legal respectivo. (Valor: 0,40)

6. (OAB/FGV – XII Exame) O juiz deferiu o pagamento de férias vencidas + 1/3 em reclamação trabalhista,
sob o fundamento de inexistência de comprovação de fruição ou pagamento destas, já que a empresa ré
não produziu qualquer prova da alegação de que o empregado gozara ou recebera as férias. Transitada em
julgado a decisão, a ré ajuizou ação rescisória juntando recibo da época da rescisão do contrato de traba-
lho do autor, no qual estava comprovado o pagamento do período de férias objeto da condenação. Alegou
tratar-se de documento novo, mas que não foi juntado por esquecimento do advogado.

a) Qual o entendimento do TST acerca de documento novo para efeitos de ajuizamento de Ação Rescisória? Fun-
damente. (Valor: 0,65)
b) Qual deverá ser a decisão sobre o cabimento ou não da Ação Rescisória nesta hipótese? Fundamente. (Valor:
0,60)

7. (OAB/FGV – XIII Exame) Aproveitando a oportunidade conferida por seu empregador, Renan aderiu ao
Programa de Demissão Voluntária ofertado pela empresa e recebeu 10 salários adicionais de indenização
(um salário por cada ano trabalhado), além das verbas típicas da dispensa sem justa causa. No mesmo
período, Renan dispensou sua empregada doméstica.
Diante da situação, responda aos itens a seguir.

a) Haverá recolhimento de FGTS sobre a indenização de 10 salários adicionais? Justifique em qualquer hipótese.
(Valor: 0,65)
b) Analise se, em eventual reclamação trabalhista movida pela empregada doméstica de Renan, poderia haver
penhora da conta do FGTS do empregador para que os valores lá depositados sirvam para pagamento da domés-
tica na fase executória. Justifique. (Valor: 0,60)

8. (OAB/FGV – XIII Exame) Extraída carta de sentença nos autos da reclamação


trabalhista movida por Jubert Machado contra a Sapataria Monte Belo Ltda., foram homologados os cálcu-
los e citado o devedor para pagamento que, no prazo legal, ofereceu um bem como garantia, comprovan-
do documentalmente a propriedade do referido bem. O juiz conferiu vista à parte contrária, que não acei-
tou o bem ofertado, desejando a penhora em dinheiro, com base nos artigos 882 da CLT e 835, I, do CPC.
Feita a conclusão, o juiz determinou que a penhora recaísse sobre dinheiro, tendo o valor sido bloqueado
das contas do executado.
A partir do caso apresentado, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) À luz da jurisprudência consolidada do TST, analise se a decisão do juiz está correta. (Valor: 0,65)
b) Se a empresa discorda da decisão judicial de apreensão de dinheiro, indique de qual medida ela poderia valer-
se para tentar a reversão e em que prazo. (Valor: 0,60)

9. (OAB/FGV – XIII Exame) Jocimar é auxiliar de laboratório, ganha R$ 2.300,00 mensais e ajuizou reclama-
ção trabalhista contra a empresa Recuperação Fármacos Ltda., sua empregadora, requerendo o pagamen-
to dos adicionais de insalubridade e periculosidade. Designada perícia pelo juiz, foi constatado pelo expert
que no local de trabalho o frio era excessivo, sem a entrega de equipamento de proteção individual ade-
quado, além de perigoso, pois Jocimar trabalhava ao lado de um tanque da empresa onde havia grande
quantidade de combustível armazenado. Contudo, a empresa impugnou expressamente o laudo pericial,
afirmando que o perito designado era um engenheiro de segurança do Trabalho, e não um médico do tra-
balho, como deveria ser.
Diante do caso, responda:

a) Analise, de acordo com a CLT, a possibilidade de condenação da empresa nos dois adicionais desejados, justi-
ficando. (Valor: 0,65)
b) Caso Jocimar postulasse o adicional de insalubridade, alegando que o ruído era excessivo, analise se seria
possível o deferimento do adicional se a perícia constatou que o único elemento insalubre presente no local era o
frio. Justifique. (Valor: 0,60)

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10. (OAB – FGV – XIV Exame) Dia 28/04 é feriado municipal em Tribobó do Oeste. Em ação ajuizada por
Paulo, cuja sentença foi de improcedência, o último dia do prazo recursal recaiu em 28/04. Assim, o advo-
gado de Paulo interpôs o recurso em 29/04, juntando cópia autenticada do diário oficial dispondo sobre o
feriado local. O juiz substituto em exercício negou seguimento ao recurso em razão de intempestividade.
Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir.

a) Qual o recurso cabível desta decisão denegatória de seguimento ao recurso interposto por Paulo? Fundamen-
te. (Valor: 0,60)
b) O que deverá ser alegado por Paulo em seu recurso? Fundamente. (Valor: 0,65)

11. (OAB – FGV – XIV Exame) Sérgio Alcântara moveu ação contra a empresa Delta Promoções e Imagens,
da qual foi empregado, pleiteando o pagamento de indenização por dano moral de R$ 10.000,00 e horas
extras. Na sentença foi deferido o pagamento de indenização por dano moral de R$ 5.000,00 e as horas
extras no quantitativo desejado na petição inicial. Somente a empresa interpôs recurso ordinário, e o TRT
da Região manteve a sentença em todos os seus aspectos. Então, o reclamante interpôs recurso de revis-
ta pretendendo a majoração da indenização por dano moral para R$ 10.000,00, tal qual desejado na exordi-
al.
Diante da situação, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Analise a possibilidade de Sérgio interpor recurso de revista no caso apresentado, justificando. (Valor: 0,65)
b) Caso a empresa opusesse embargos declaratórios contra o acórdão proferido pelo TRT, informe em que situa-
ção, à luz da jurisprudência consolidada, o autor teria de ser intimado para se manifestar. (Valor: 0,60)

12 - (OAB/FGV – 2010.2 - I Exame de Ordem) Em reclamação trabalhista ajuizada em face da empresa “Y”,
José postula assinatura da CTPS, horas extras e diferenças salariais com fundamento em equiparação
salarial e pagamento de adicional de periculosidade.
Na defesa oferecida, a empresa nega ter o empregado direito à assinatura da CTPS, dizendo ter o obreiro
trabalhado como autônomo; quanto às horas extras, nega o horário alegado, se reportando aos controles
de frequência, que demonstram, segundo alega, que o reclamante não as realizava; e, quanto às diferen-
ças salariais, sustenta que o reclamante era mais veloz e perfeito na execução do serviço do que o para-
digma apontado.
Considerando as normas processuais sobre a distribuição do ônus da prova, estabeleça, através de fun-
damentos jurídicos, a quem cabe o ônus da prova em relação a cada uma das alegações contidas na defe-
sa apresentada pelo reclamado?

13. (OAB/FGV – 2010.2 – I Exame da Ordem – questão 5)


Vindo de sua cidade natal, Aracaju, José foi contratado na cidade do Rio de Janeiro, para trabalhar como
pedreiro, em Santiago do Chile, para empregador de nacionalidade uruguaia. Naquela cidade lhe prestou
serviços por dois anos, ao término dos quais foi ali dispensado.
Retornando ao Brasil, o trabalhador ajuizou reclamação trabalhista, mas o Juiz, em atendimento a reque-
rimento do reclamado, extinguiu o processo, sob o fundamento de que a competência para apreciar a
questão é da justiça uruguaia, correspondente à nacionalidade do ex- empregador.
Considere que entre Brasil, Chile e Uruguai não existe tratado definindo a questão da competência para a
hipótese narrada.

a) O Juiz agiu acertadamente em sua decisão? Justifique.


b) Informe se cabe recurso da decisão proferida?

14. (OAB/FGV 2011.3 - VI EXAME DE ORDEM UNIFICADO)


Tício ajuizou ação trabalhista em face da empresa Hora Certa Ltda., na qual pretendia receber horas extras
e reflexos. Na própria petição inicial já havia impugnado os controles de ponto aduzindo que não havia
variação de horário. Na audiência, a ré trouxe os documentos, juntando-os com a contestação e declarou
que pretendia produzir prova testemunhal acerca do pedido do autor. O juiz, após examinar a documenta-
ção, indeferiu a prova testemunhal da ré. Na sentença, o juiz julgou procedente o pedido do autor. Consi-
derando as regras de distribuição do ônus da prova, o juiz agiu corretamente? Fundamente. (Valor: 1,25)

QUESTÃO 15

Lucas Perdulário ajuizou reclamação trabalhista postulando horas extras e reflexos, sob a alegação de
que trabalhava 60 horas semanais. O juiz proferiu a sentença julgando procedente o pedido do autor, con-

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denando a reclamada ao pagamento de R$ 35.000,00. Nenhuma das partes interpôs recurso ordinário no
prazo de 8 dias, transitando em julgado a reclamação. Antes de iniciada a fase de liquidação, a reclamada
propôs ao reclamante a realização de acordo no valor de R$ 6000,00. Lucas vislumbrado com a possibili-
dade de receber de imediato o dinheiro para comprar roupas novas, aceita prontamente o valor oferecido.
As partes, então, celebraram acordo no valor de R$ 6000,00, o qual foi homologado pelo juiz. Diante do
exposto, responda fundamente as seguintes indagações.

a) O juiz era obrigado a homologar o acordo celebrado entre as partes? Caso se recusasse caberia a impetração
de mandado de segurança?
b) Sobre qual valor incidem as contribuições previdenciárias?

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QUESTÕES 1 a 15

1. (OAB/FGV – XI Exame) Roberto interpôs Recurso Ordinário ao ter ciência de que foi julgado improce-
dente o seu pedido de reconhecimento de vínculo empregatício em face da empresa NOVATEC LÍNEA
COMPUTADORES LTDA. Ele não juntou declaração de miserabilidade na petição inicial e no recurso, mas
requereu, em pedido expresso no apelo, o benefício da gratuidade de justiça, afirmando não ter recursos
para recolher o valor das custas sem prejuízo do seu sustento e de sua família. O pedido de gratuidade da
justiça foi formulado por advogado com poderes específicos para assinar a declaração de hipossuficiên-
cia do reclamante. O juiz prolator da sentença negou seguimento ao recurso, considerando-o deserto.
Diante deste panorama, responda justificadamente: A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não pontua.

a) Considerando que Roberto não juntou a declaração de miserabilidade, analise se é possível o deferimento da
gratuidade de justiça na hipótese retratada. (Valor: 0,65)
A gratuidade de justiça está regulamentada no Art. 790, § 3º, da CLT e no art. 98 do CPC. A jurisprudência do
TST admite que tal benefício seja requerido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase recur-
sal, o seja no prazo alusivo ao recurso, nos termos da OJ nº 269 da SDI-I do TST e do art. 99 do CPC, por advo-
gado ao qual tenham sido conferidos poderes especiais para assinar declaração de hipossuficiência econômica,
nos termos do art. 105 do CPC.

Legislação específica
Art. 790, CLT. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a
forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Su-
perior do Trabalho; § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qual-
quer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e
instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as
penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de
sua família.
OJ 269 DA SDI-1 DO TST - JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DE ISENÇÃO DE DESPESAS PRO-
CESSUAIS. MOMENTO OPORTUNO - O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo
ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o requerimento formulado no prazo alusivo ao recur-
so.
Art. 105, CPC. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela
parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhe-
cer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar
quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de
cláusula específica.
Art. 99, CPC. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na
petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

b) Analise se, tecnicamente, a decisão que negou seguimento ao recurso está correta. (Valor: 0,60)
RESPOSTA: A jurisprudência consolidada preconiza que basta a simples afirmação do declarante ou de seu ad-
vogado com poderes especais quanto ao seu estado de miserabilidade para que se configure a situação econômi-
ca que justifique a concessão de tal benefício. Sendo assim, tecnicamente, está incorreta a decisão que denegou
seguimento ao recurso porque, comprovado o preenchimento dos requisitos para sua concessão, poderia o Juiz
de origem conceder a gratuidade, ou, ao menos, deixar o recurso ter seguimento para que o julgador de 2º grau
decidisse sobre a concessão do benefício requerido em sede recursal.

Notas
Quesitos Nota
possíveis

A. É possível, pois o requerimento foi feito no prazo alusivo ao


recurso (0,45). Indicação da OJ 269 do TST (0,20) OU É possível
o deferimento de ofício da gratuidade (0,45).
0,0 / 0,45
Indicação do Art. 790, § 3º, da CLT (0,20). OBS.: É necessária a
/ 0,65
indicação precisa do fundamento legal.
A mera indicação do fundamento legal ou jurisprudencial não
credencia pontuação.

B. Incorreta, pois basta a afirmação do declarante ou de seu 0,00 /

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advogado acerca do estado de miserabilidade (0,60). 0,40 /


OBS.: É necessária a indicação precisa do fundamento legal. A 0,60
mera indicação do fundamento legal ou jurisprudencial não cre-
dencia pontuação.

2. (OAB/FGV – XI Exame) Em reclamação trabalhista movida por uma empregada contra o ex-empregador,
o pedido de indenização por dano moral foi julgado improcedente na sentença. Inconformada, a emprega-
da recorreu e o TRT deferiu parcialmente este pedido. Irresignada com o valor deferido, que entendia insu-
ficiente, a empregada ainda manejou recurso de revista, sendo mantida pelo TST a quantia já fixada. Ad-
veio em seguida o trânsito em julgado. Diante dessa situação, responda aos seguintes itens. A simples
menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

a) A partir de quando será computada a correção monetária do pedido de dano moral? Justifique sua resposta.
(Valor: 0,65)
A partir do acórdão proferido pelo TRT, que foi a 1ª que a arbitrou, nos termos da súmula n. 439 do TST.

Legislação específica
Súmula 439, TST. DANOS MORAIS. JUROS DE MORA E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL - Res.
185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 Nas condenações por dano moral, a atualização monetária é
devida a partir da data da decisão de arbitramento ou de alteração do valor. Os juros incidem desde o ajuizamento
da ação, nos termos do art. 883 da CLT.
Art. 883, CLT. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos
quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes,
em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.

b) Se os juros não fossem requeridos na petição inicial, analise se haveria julgamento extra petita se o juiz os
deferisse. Justifique sua resposta. (Valor: 0,60)
Não haveria julgamento extra petita, pois os juros incluem-se na liquidação na forma da súmula 211 do TST e art.
322, § 1º, do CPC. São considerados pedidos implícitos.
Legislação específica
Súmula 211, TST. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL
E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Os juros de mora
e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a c ondenação.

Art. 322, CPC. O pedido deve ser certo.


§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, in-
clusive os honorários advocatícios

Notas
Quesitos Nota
possíveis

A. A partir da decisão do TRT (0,45). Indicação da Súmula


0,0 / 0,45
439 do TST OU 362 STJ
/ 0,65
(0,20).

B. Não, por tratar-se de pedido implícito (0,40). Indicação da 0,00 /


Súmula 211 do TST OU CPC, Art. 322, § 1º, CPC OU Súmula 0,40 /
254 do STF (0,20). 0,60

3. (OAB/FGV – XI Exame) Numa reclamação trabalhista o autor formulou pedido de verbas resilitórias e horas
extras. Na 1ª audiência, ocorrida 40 dias após o desligamento, a empresa reconheceu que não pagou as verbas
devidas pela saída, e requereu o seu adiamento, face à ausência de suas testemunhas, o que foi deferido. Na 2ª
audiência, agora com a presença das testemunhas, ofereceu, no início da sessão, o pagamento das verbas resili-
tórias incontroversas adicionadas da multa do Art. 477, § 8º, da CLT. Diante dessa situação, responda: A simples
menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

a) Comente se a empresa, nesta situação, fica sujeita a algum pagamento adicional em relação às verbas da rup-
tura. Justifique sua resposta. (Valor: 0,65)

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Não tendo quitado os direitos devidos na 1ª audiência, ficará sujeita ao pagamento de 50% das verbas resilitórias,
conforme Art. 467, caput, da CLT.
Legislação específica
Art. 467, CLT. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas
rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a
parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento".

b) Analise, na mesma situação, caso o empregador do autor fosse um Município, se haveria algum pagamento
adicional. Justifique sua resposta. (Valor: 0,60)
Atenção! Modificamos a resposta da Banca para deixá-la em consonância com a atual legislação.
Caso o empregador fosse um Município, da mesma forma, seria aplicável, o artigo 467 da CLT, sendo devida a
multa de 50% das verbas rescisórias incontroversas não pagas em primeira audiência.
Ressalte-se que a Lei 10.272/2001 modificou o art. 467 da CLT, excluindo o parágrafo único, que estabelecia que
a multa prevista no caput não se aplicava a União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e suas res-
pectivas autarquias e fundações públicas. Dessa forma, tem-se que tal multa é devida também por estes entes.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 467, CLT. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas
rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a
parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento"Parágrafo único. O
disposto no caput não se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e as suas autarquias e
fundações públicas. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

LEI Nº 10.272, DE 5 DE SETEMBRO DE 2001.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O art. 467 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943,
passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias,
o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontrover-
sa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento". (NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 5 de setembro de 2001; 180o da Independência e 113o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Francisco Dornelles
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 6.9.2001

Notas pos-
Quesitos Nota
síveis

a) Se sujeitará ao pagamento de multa de 50% das verbas


0,0 / 0,45 /
resilitórias (0,45). Indicação do artigo 467 da CLT OU Lei –
0,65
10.272/01 (0,20).

0,00 / 0,40
b) Sim. (0,40). Indicação do Art. 467 da CLT (0,20). –
/ 0,60

4. (OAB/FGV – XII Exame) Um ex-empregado ajuíza reclamação trabalhista contra a ex-empregadora (a empresa
“A”) e outra que, segundo alega, integra o mesmo grupo econômico (a empresa “B”). Em defesa a empresa “A”
afirma que pagou tudo ao reclamante, nada mais lhe devendo, enquanto a empresa “B” sustenta sua ilegitimidade
passiva, negando a existência de grupo econômico.
Considerando que: 1) as reclamadas possuem advogados diferentes; 2) que o pedido foi julgado proce-
dente, condenando-se solidariamente as rés; e 3) que a empresa “A” recorreu efetuando o recolhimento
das custas e depósito recursal, responda às indagações a seguir.

a) O prazo para recurso das empresas é diferenciado, haja vista terem procuradores diferentes? (Valor: 0,65)

Mesmo possuindo procuradores diferentes, o prazo não será diferenciado porque o TST entende que o disposto
no art. 229 do CPC é inaplicável ao Processo do Trabalho, conforme OJ 310 da SDI-1 do TST.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

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OJ 310, SDI-1, TST. LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. art. 229, caput e §§ 1º
e 2º, do CPC de 2015. ART. 191 DO CPC de 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO (atualizada em
decorrência do CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016. Inaplicável ao processo do
trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de in-
compatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.

b) A empresa “B” deverá efetuar depósito recursal para viabilizar o recurso, no qual insistirá na sua absolvição por
não integrar com a litisconsorte um grupo econômico? (Valor: 0,60)

Será desnecessário o depósito recursal pela empresa “B”, pois havendo condenação solidária e já havendo reco-
lhimento pela empresa “A”, que não requereu sua exclusão da lide, o depósito por ela feito poderá ser aproveitado
pela empresa “B”, na forma da Súmula n. 128, III, do TST.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Súmula 128, III, TST. Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recur- sal efetuado por
uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex -OJ no
190 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. O prazo não será diferenciado (0,45). Indicação da OJ 310 SDI-1 0,00/ 0,45/
do TST (0,20). Obs.: É necessária a indicação precisa do fundamento 0,65
legal. A mera indicação do fundamento legal ou jurisprudencial não
pontua
B. Desnecessário o depósito recursal pela empresa “B”, pois a empre- 0,00/ 0,40/
sa “A” já o fez e não requereu sua exclusão da lide, podendo ser 0,60
aproveitado pela litisconsorte (0,40). Indicação da Súmula n. 128, III,
do TST (0,20). Obs.: É necessária a indicação precisa do fundamento
legal. A mera indicação do fundamento legal ou jurisprudencial não
pontua.
NOTA FINAL

5. (OAB/FGV – XII Exame) Serafim Almeida ajuizou reclamação trabalhista contra o ex-empregador postu-
lando o pagamento de horas extras e verbas resilitórias. Em audiência, entabulou acordo com o reclama-
do, que foi homologado judicialmente, no qual conferiu quitação geral quanto ao extinto contrato de traba-
lho. Tempos depois contratou novo advogado e ajuizou nova demanda contra a mesma empresa, desta
feita pedindo apenas diferença em razão de equiparação salarial – verba não perseguida na 1ª ação.
Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.

a) Analise a validade, ou não, de um acordo judicial no qual a parte concede quitação sobre objeto que não foi
postulado na petição inicial, justificando em qualquer hipótese. (Valor: 0,85)

É válido conferir quitação mesmo de verba não postulada, conforme OJ 132 da SDI-2, do TST.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
OJ 132, SDI- 2, TST. AÇÃO RESCISÓRIA. ACORDO HOMOLOGADO. ALCAN- CE. OFENSA À COISA JULGADA (DJ
04.05.2004)
Acordo celebrado - homologado judicialmente - em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer ressalva,
alcança não só o objeto da inicial, como também todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato de trabalho,
vio- lando a coisa julgada, a propositura de nova reclamação trabalhista.
b) Informe o fenômeno jurídico que inviabiliza o prosseguimento da 2ª ação ajuizada, apresentando o fundamento
legal respectivo. (Valor: 0,40)

Ocorrerá o fenômeno da coisa julgada, uma vez que se reproduz ação anteriormente ajuizada, já decidida por sentença,
de que não cabe recurso, nos termos do art. 337, §§ 1º e 4º do CPC e art. 467 do CPC.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar::
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado.

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Art. 467, CPC. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não
mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. É válido conferir quitação mesmo de verba não postulada (0,65). 0,00/ 0,65/
Indicação da OJ 132 da SDI-2, TST (0,20). Obs.: é necessária a indi- 0,85
cação precisa do fundamento legal. A mera indicação do fundamento
legal ou jurisprudencial não pontua.
B. Ocorrerá a coisa julgada (0,30). Indicação do Art. 337, § 1º, OU Art. 0,00/ 0,30/
337, § 4º OU Art. 502, todos do CPC (0,10). Obs.: é necessária a indi- 0,40
cação precisa do fundamento legal. A mera indicação do fundamento
legal ou jurisprudencial não pontua.
NOTA FINAL

6. (OAB/FGV – XII Exame) O juiz deferiu o pagamento de férias vencidas + 1/3 em reclamação trabalhista,
sob o fundamento de inexistência de comprovação de fruição ou pagamento destas, já que a empresa ré
não produziu qualquer prova da alegação de que o empregado gozara ou recebera as férias. Transitada em
julgado a decisão, a ré ajuizou ação rescisória juntando recibo da época da rescisão do contrato de traba-
lho do autor, no qual estava comprovado o pagamento do período de férias objeto da condenação. Alegou
tratar-se de documento novo, mas que não foi juntado por esquecimento do advogado.

a) Qual o entendimento do TST acerca de documento novo para efeitos de ajuizamento de Ação Rescisória? Fun-
damente. (Valor: 0,65)

Documento novo é aquele que já existia ao tempo da ação ou da sentença que se quer rescindir, mas não era do
conhecimento da parte ou era impossível a sua utilização, nos termos da súmula 402 do TST.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Súmula 402, TST. AÇÃO RESCISÓRIA. DOCUMENTO NOVO. DISSÍDIO COLETIVO. SENTENÇA NORMATIVA (con-
versão da Orientação Jurisprudencial no 20 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
Documento novo é o cronologicamente velho, já existente ao tempo da decisão rescindenda, mas ignorado pelo interes-
sado ou de impossível utilização, à época, no processo. Não é documento novo apto a viabilizar a desconstituição de
julga- do:
a) sentença normativa proferida ou transitada em julgado posteriormente à sen- tença rescindenda;
b) sentença normativa preexistente à sentença rescindenda, mas não exibida no processo principal, em virtude de negli-
gência da parte, quando podia e deveria louvar-se de documento já existente e não ignorado quando emitida a decisão
rescindenda.
b) Qual deverá ser a decisão sobre o cabimento ou não da Ação Rescisória nesta hipótese? Fundamente. (Valor:
0,60)

O pedido da ação rescisória deve ser julgado improcedente, pois a hipótese não se refere a documento novo, nos
termos da Súmula 402 do TST.

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. Documento novo é aquele que já existia ao tempo da 0,00/ 0,45
ação ou da sentença que se quer rescindir, mas não era 0,65
do conhecimento da parte ou era impossível a sua utiliza-
ção (0,45), nos termos da Súmula 402 do TST (0,20).
Obs.: é necessária a indicação precisa do fundamento
legal. A mera indicação do fundamento legal ou jurispru-
dencial não pontua.
B. O pedido da ação rescisória deve ser julgado improce- 0,00/ 0,40/
dente, pois a hipótese não se refere a documento novo 0,60
(0,40), nos termos da Súmula 402 do TST (0,20). Obs.: é
necessária a indicação precisa do fundamento legal. A
mera indicação do fundamento legal ou jurisprudencial
não pontua.

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7. (OAB/FGV – XIII Exame) Aproveitando a oportunidade conferida por seu empregador, Renan aderiu ao
Programa de Demissão Voluntária ofertado pela empresa e recebeu 10 salários adicionais de indenização
(um salário por cada ano trabalhado), além das verbas típicas da dispensa sem justa causa. No mesmo
período, Renan dispensou sua empregada doméstica.
Diante da situação, responda aos itens a seguir.

a) Haverá recolhimento de FGTS sobre a indenização de 10 salários adicionais? Justifique em qualquer hipótese.
(Valor: 0,65)

Não haverá recolhimento de FGTS haja vista a natureza indenizatória da verba, não se constituindo em fato gera-
dor do FGTS, conforme artigo 15 da Lei nº 8.036/90 e art. 27 do Decreto 99.684/90.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 15, Lei 8036/90. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o
dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da re-
muneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que
tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962,
com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.

Art. 27, Decreto 99.684/90. empregador, ainda que entidade filantrópica, é obrigado a depositar, até o dia 7 de
cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a oito por cento de remuneração paga ou
devida no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a
gratificação de Natal a que se refere a Lei n° 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei n° 4.749,
de 12 de agosto de 1965.

b) Analise se, em eventual reclamação trabalhista movida pela empregada doméstica de Renan, poderia haver
penhora da conta do FGTS do empregador para que os valores lá depositados sirvam para pagamento da domés-
tica na fase executória. Justifique. (Valor: 0,60)

Não será possível, pois as contas do FGTS são absolutamente impenhoráveis, na forma do artigo 2º, §2º, da Lei
nº 8.036/90.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 2º, § 2º, Lei 8036/90. As contas vinculadas em nome dos trabalhadores são absolutamente impenhoráveis.
Art. 17, Decreto 99.684/90. As importâncias creditadas nas contas vinculadas em nome dos trabalhadores são
impenhoráveis.

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. Não haverá, haja vista a natureza indenizatória da 0,00/ 0,45
verba ou natureza não salarial (0,45). Indicação do artigo 0,65
15, §6º da Lei nº 8.036/90 OU art. 9°, X da IN 99/2012
MTE (0,20).
B. Impossível porque as contas do FGTS são absoluta- 0,00/ 0,40/
mente impenhoráveis (0,40). Indicação do artigo 2º, § 2º, 0,60
da Lei nº 8.036/90 OU art. 17 Decreto 99.684/90
(0,20).

8. (OAB/FGV – XIII Exame) Extraída carta de sentença nos autos da reclamação


trabalhista movida por Jubert Machado contra a Sapataria Monte Belo Ltda., foram homologados os cálcu-
los e citado o devedor para pagamento que, no prazo legal, ofereceu um bem como garantia, comprovan-
do documentalmente a propriedade do referido bem. O juiz conferiu vista à parte contrária, que não acei-
tou o bem ofertado, desejando a penhora em dinheiro, com base nos artigos 882 da CLT e 835, I, do CPC.
Feita a conclusão, o juiz determinou que a penhora recaísse sobre dinheiro, tendo o valor sido bloqueado
das contas do executado.
A partir do caso apresentado, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) À luz da jurisprudência consolidada do TST, analise se a decisão do juiz está correta. (Valor: 0,65)

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O decisão do juiz não foi acertada. Tendo sido extraída a carta de sentença, a execução era provisória e nesta,
nos termos da súmula 417, III, do TST, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em
dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe
da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC/73 (art. 805, NCPC).

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Súmula 417, III, TST. Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação
de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se
processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC/73. (art. 805, NCPC).

b) Se a empresa discorda da decisão judicial de apreensão de dinheiro, indique de qual medida ela poderia valer-
se para tentar a reversão e em que prazo. (Valor: 0,60)

Mandado de segurança, no prazo de 120 dias (Súmula nº 417, III, do TST)

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. Errada. Tratando-se de execução provisória, o bem o 0,00/ 0,45/
fertado deveria ser aceito (0,45). Indicação da Súmula 0,65
417, III, do TST (0,20) OU Errada. Tratando-se de execu-
ção provisória, ela deve ser feita da maneira menos gra-
vosa para o devedor (0,45). Indicação do artigo 805, do
CPC. (0,20)

B. Mandado de segurança (0,40) no prazo de 120 dias 0,00/ 0,40/


(0,20) 0,60

9. (OAB/FGV – XIII Exame) Jocimar é auxiliar de laboratório, ganha R$ 2.300,00 mensais e ajuizou reclama-
ção trabalhista contra a empresa Recuperação Fármacos Ltda., sua empregadora, requerendo o pagamen-
to dos adicionais de insalubridade e periculosidade. Designada perícia pelo juiz, foi constatado pelo expert
que no local de trabalho o frio era excessivo, sem a entrega de equipamento de proteção individual ade-
quado, além de perigoso, pois Jocimar trabalhava ao lado de um tanque da empresa onde havia grande
quantidade de combustível armazenado. Contudo, a empresa impugnou expressamente o laudo pericial,
afirmando que o perito designado era um engenheiro de segurança do Trabalho, e não um médico do tra-
balho, como deveria ser.
Diante do caso, responda:

a) Analise, de acordo com a CLT, a possibilidade de condenação da empresa nos dois adicionais desejados, justi-
ficando. (Valor: 0,65)

Na forma da do art. 193, § 2º, da CLT é impossível o deferimento de ambos os adicionais cumulativamente. O
empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade ou periculosidade que porventura lhe seja devido.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 193, § 2º, CLT. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido.

b) Caso Jocimar postulasse o adicional de insalubridade, alegando que o ruído era excessivo, analise se seria
possível o deferimento do adicional se a perícia constatou que o único elemento insalubre presente no local era o
frio. Justifique. (Valor: 0,60)

Seria possível, pois o juiz não fica adstrito ao agente agressor indicado pela parte, na forma da Súmula 293, do
TST.

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores

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A. Impossível o deferimento de ambos os adicionais cumu- 0,00/ 0,45/
lativamente (0,45). 0,65
Indicação do artigo 193, § 2º, da CLT OU NR 15, item 15.3
do MTE (0,20).

B. Seria possível, pois o juiz não fica adstrito ao agente 0,00/ 0,40/
agressor indicado pela parte (0,40). Indicação da Súmula 0,60
nº 293, do TST (0,20).

10. (OAB – FGV – XIV Exame) Dia 28/04 é feriado municipal em Tribobó do Oeste. Em ação ajuizada por
Paulo, cuja sentença foi de improcedência, o último dia do prazo recursal recaiu em 28/04. Assim, o advo-
gado de Paulo interpôs o recurso em 29/04, juntando cópia autenticada do diário oficial dispondo sobre o
feriado local. O juiz substituto em exercício negou seguimento ao recurso em razão de intempestividade.
Com base no caso apresentado, responda aos itens a seguir.

a) Qual o recurso cabível desta decisão denegatória de seguimento ao recurso interposto por Paulo? Fundamen-
te. (Valor: 0,60)

É cabível o agravo de instrumento nos termos do art. 897, b, da CLT.

b) O que deverá ser alegado por Paulo em seu recurso? Fundamente. (Valor: 0,65)

Paulo deverá alegar que comprovou o feriado local no ato da interposição do recurso e, sendo feriado, o prazo
estaria prorrogado para o primeiro dia útil seguinte (art. 775, §, único, CLT), na forma da súmula 385, I, do TST.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 775, Parágrafo único, CLT. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro
dia útil seguinte.
Súmula 385, TST. FERIADO LOCAL. AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE FORENSE. PRAZO RECURSAL. PRORRO-
GAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. ATO ADMINISTRATIVO DO JUÍZO “A QUO” (redação alterada na ses-
são do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012 – DEJT di- vulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I – Incumbe à parte o ônus de provar, quando da interposição do recurso, a existência de feriado local que autorize a
prorrogação do prazo recursal.
II – Na hipótese de feriado forense, incumbirá à autoridade que proferir a decisão de admissibilidade certificar o expedi-
ente nos autos.
III – Na hipótese do inciso II, admite-se a reconsideração da análise da tempestividade do recurso, mediante prova do-
cumental superveniente, em Agravo Re- gimental, Agravo de Instrumento ou Embargos de Declaração.

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. Agravo de Instrumento (0,40). Indicação art. 897, b, 0,00/ 0,40/
CLT (0,20) OU Embargos de Declaração (0,40). Indicação 0,65
art. 897-A, CLT (0,20).
B. Que comprovou o feriado local no ato da interposição 0,00/ 0,45/
do recurso e, assim, o prazo estaria prorrogado para o dia 0,60
seguinte (0,45). Indicação Súmula 385, I ou III, TST OU
art. 775, § único, CLT(0,20).

11. (OAB – FGV – XIV Exame) Sérgio Alcântara moveu ação contra a empresa Delta Promoções e Imagens,
da qual foi empregado, pleiteando o pagamento de indenização por dano moral de R$ 10.000,00 e horas
extras. Na sentença foi deferido o pagamento de indenização por dano moral de R$ 5.000,00 e as horas
extras no quantitativo desejado na petição inicial. Somente a empresa interpôs recurso ordinário, e o TRT
da Região manteve a sentença em todos os seus aspectos. Então, o reclamante interpôs recurso de revis-
ta pretendendo a majoração da indenização por dano moral para R$ 10.000,00, tal qual desejado na exordi-
al.
Diante da situação, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

a) Analise a possibilidade de Sérgio interpor recurso de revista no caso apresentado, justificando. (Valor: 0,65)

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Não é cabível o recurso de revista por parte do reclamante, uma vez que houve aceitação tácita em relação à
sentença, na forma do artigo 1.000 do CPC, quando não interpôs o recurso ordinário.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 1.000, CPC. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

b) Caso a empresa opusesse embargos declaratórios contra o acórdão proferido pelo TRT, informe em que situa-
ção, à luz da jurisprudência consolidada, o autor teria de ser intimado para se manifestar. (Valor: 0,60)

Caso nos embargos de declaração houvesse pedido de efeito modificativo, conforme OJ 142, I, do TST e art. 897-
A, § 2º, da CLT.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Art. 897-A, § 2º, CLT. Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtu-
de da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias.

OJ 142, SDI-1, TST. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITO MODIFICATIVO. VISTA À PARTE CONTRÁRIA
(inserido o item II à redação ) - Res. 178/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012
I - É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efei- to modificativo sem que seja
concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária.

Faixa de Nota
Quesitos Avaliados
Valores
A. Não seria possível porque a decisão transitou em julga- 0,00/ 0,40/
do em relação à Sérgio (0,45), ocorrendo preclusão ou de 0,65
acordo com o Art. 507 CPC (0,20) OU Não seria possível
porque houve aceitação tácita em relação à sentença
(0,45). Indicação do art. 1.000, CPC. (0,20)
B. Caso houvesse pedido de efeito infringente OU efeito 0,00/ 0,45/
modificativo (0,40). Indicação OJ 142, I, TST (0,20). 0,60

12 - (OAB/FGV – 2010.2 - I Exame de Ordem) Em reclamação trabalhista ajuizada em face da empresa “Y”,
José postula assinatura da CTPS, horas extras e diferenças salariais com fundamento em equiparação
salarial e pagamento de adicional de periculosidade.
Na defesa oferecida, a empresa nega ter o empregado direito à assinatura da CTPS, dizendo ter o obreiro
trabalhado como autônomo; quanto às horas extras, nega o horário alegado, se reportando aos controles
de frequência, que demonstram, segundo alega, que o reclamante não as realizava; e, quanto às diferen-
ças salariais, sustenta que o reclamante era mais veloz e perfeito na execução do serviço do que o para-
digma apontado.
Considerando as normas processuais sobre a distribuição do ônus da prova, estabeleça, através de fun-
damentos jurídicos, a quem cabe o ônus da prova em relação a cada uma das alegações contidas na defe-
sa apresentada pelo reclamado?

RESPOSTA: Quanto às horas extras, em sua defesa, o reclamado apenas nega o horário de trabalho alegado
pelo autor, razão pela qual permanece com o reclamante o ônus da prova de suas alegações, uma vez que o tra-
balho além da 8ª e/ou 44ª semanais é fato constitutivo do direito do autor às horas extras. Nos termos do art. 818
da CLT cabe a cada uma das partes comprovar as suas alegações. Dada a simplicidade do dispositivo citado
aplica-se concomitantemente o art. 373, I, do CPC, segundo o qual é do autor o ônus da prova dos fatos constitu-
tivos de seu direito.
Já em relação ao pedido de anotação da CTPS, a reclamada afirma que é indevida, pois o reclamante era autô-
nomo. Ao admitir a prestação de serviços, alegando, entretanto, a autonomia, opôs fato que impede o reconheci-
mento do vínculo de emprego, atraindo para si o ônus da prova. Nos termos do art. 818 da CLT cabe a cada uma
das partes comprovar as suas alegações. Como já mencionado a simplicidade do dispositivo citado permite a
aplicação concomitantemente do art. 373, II, do CPC, segundo o qual é do autor o ônus da prova dos fatos impe-
ditivos, modificativos e extintivos do direito do autor.
Por fim, quanto ao pedido de diferenças salariais decorrentes da equiparação salarial, a reclamada confessa que
o próprio reclamante era mais veloz e mais perfeito que o paradigma, sem opor qualquer fato impeditivo, modifica-
tivo ou extintivo do direito do autor. Nos termos do art. 389 do CPC há confissão, quando a parte admite a verdade
de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao adversário.

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Diante da confissão, não existe mais qualquer prova a ser produzida, razão pela qual não há que se falar em ônus
da prova (art. 374, II, CPC).

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 389, CPC. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu
interesse e favorável ao do adversário.
Art. 374, CPC. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos no processo como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Quesitos avaliados Notas Possíveis Nota


HORAS EXTRAS
Ônus da prova do emprega- 0/ 0,10/ 0,30/ 0,40
do, uma vez que reclamante
apenas negou as horas ex-
tras (0,30); - Indicação das
normas: arts. 818 da CLT c/c
373, I, do CPC (0,1)
AUTONOMIA
- Autonomia: ônus da prova 0/ 0,10/ 0,30/ 0,40
do empregador que admitiu
prestação de serviços - fato
impeditivo (0,3)
- Indicação das normas: art.
818, CLT c/c 373, II, CPC
(0,1)
EQUIPARAÇÃO
- Equiparação salarial: não há 0/ 0,05/ 0,45
que se falar em ônus da pro-
va – não há prova a produzir
– confissão do empregador
(0,4)
- – Indicação das normas:
arts. 374, II/CPC e
Art.389/CPC (0,05)

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 818 da CLT, acrescentar o art. 373 do CPC.

13. (OAB/FGV – 2010.2 – I Exame da Ordem – questão 5)


Vindo de sua cidade natal, Aracaju, José foi contratado na cidade do Rio de Janeiro, para trabalhar como
pedreiro, em Santiago do Chile, para empregador de nacionalidade uruguaia. Naquela cidade lhe prestou
serviços por dois anos, ao término dos quais foi ali dispensado.
Retornando ao Brasil, o trabalhador ajuizou reclamação trabalhista, mas o Juiz, em atendimento a reque-
rimento do reclamado, extinguiu o processo, sob o fundamento de que a competência para apreciar a
questão é da justiça uruguaia, correspondente à nacionalidade do ex- empregador.
Considere que entre Brasil, Chile e Uruguai não existe tratado definindo a questão da competência para a
hipótese narrada.

a) O Juiz agiu acertadamente em sua decisão? Justifique.


RESPOSTA: O juiz não agiu acertadamente em sua decisão, uma vez que nos termos do art. 651, § 2º, CLT, em-
pregado brasileiro contratado para trabalhar no estrangeiro pode ajuizar sua reclamação no Brasil desde que não
haja tratado internacional prevendo o contrário e no presente caso este não existe.
b) Informe se cabe recurso da decisão proferida?
Apesar do caráter interlocutório da decisão em apreço, trata-se de decisão terminativa do feito, cabendo recurso
de imediato, nos termos do Art. 799, § 2º, da CLT. O recurso cabível neste caso é o recurso ordinário, cujo prazo é
de 8 dias, nos termos do art. 895, I, CLT.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

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Art. 651, CLT - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o
empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro
local ou no estrangeiro.
§ 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios
ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção inter-
nacional dispondo em contrário.
Art. 799, CLT - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do
feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito,
não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.
Art. 895, CLT - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias;

Quesitos avaliados Notas possíveis Nota


Item A
Afirmar que a decisão do juiz 0 / 0,30/ 0,60
era incorreta (0,30); Indicar o
art. 651, § 2º, CLT (0,30).
Item B
Afirmar que apesar da decisão 0 / 0,05/ 0,2/ 0,25/ 0,40/ 0,45
ter caráter interlocutório é ter- /0,6 /0,65
minativa do feito (0,20);
Indicar o art. 799, § 2º, CLT
(0,20);
Afirmar que o recurso cabível é
o RO (0,20), segundo o art.
895, I, CLT (0,05).

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 651 destacar a palavra estrangeiro e incluir os arts. 2º e 3º, Lei 7064/82; no
art. 799, § 2º, incluir a súmula 214, c, do TST e o art. 895, I, CLT. No art. 799, § 2º, da CLT marcar a expressão
“terminativas do feito”.

14. (OAB/FGV 2011.3 - VI EXAME DE ORDEM UNIFICADO)


Tício ajuizou ação trabalhista em face da empresa Hora Certa Ltda., na qual pretendia receber horas extras
e reflexos. Na própria petição inicial já havia impugnado os controles de ponto aduzindo que não havia
variação de horário. Na audiência, a ré trouxe os documentos, juntando-os com a contestação e declarou
que pretendia produzir prova testemunhal acerca do pedido do autor. O juiz, após examinar a documenta-
ção, indeferiu a prova testemunhal da ré. Na sentença, o juiz julgou procedente o pedido do autor. Consi-
derando as regras de distribuição do ônus da prova, o juiz agiu corretamente? Fundamente. (Valor: 1,25)

RESPOSTA: Considerando que os controles de ponto não revelavam variação de horário, nos termos da súmula
338, III, do TST, presume-se verdadeira a jornada da inicial, porém, com a possibilidade da empresa elidir
a presunção por prova em contrário, dada a inversão do ônus da prova. O juiz, portanto, não agiu corretamen-
te ao indeferir a produção da prova testemunhal do reclamado, cerceando seu direito de defesa.

Quesitos avaliados Notas possíveis Nota


Não. Embora os controles fossem invariáveis, a veracidade do 0/ 0,9/ 1,25
horário alegado na inicial é apenas presumida e o empregador
podia elidir a presunção mediante prova em contrário (0,90).
Indicação da Súmula 338, III, do TST (0,35). Obs: A mera res-
posta “não” e a mera indicação do fundamento legal ou
jurisprudencial não pontuam; a indicação deve ser precisa.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 74, CLT. O horário do trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do
Trabalho, Indústria e Comercio, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro será discriminativo no caso de não
ser o horário único para todos os empregados de uma mesma seção ou turma.

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§ 1º - O horário de trabalho será anotado em registro de empregados com a indicação de acordos ou contratos
coletivos porventura celebrados.
§ 2º - Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e
de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do
Trabalho, devendo haver pré-assinalação do período de repouso

Súmula 338, TST. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as Orientações Ju-
risprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma
do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de
veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada
pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser
elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de pro-
va, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jor-
nada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 74, § 2º, da CLT destacar a expressão “estabelecimentos de mais de dez
trabalhadores” e acrescentar a súmula 338 do TST.

QUESTÃO 15
Lucas Perdulário ajuizou reclamação trabalhista postulando horas extras e reflexos, sob a alegação de
que trabalhava 60 horas semanais. O juiz proferiu a sentença julgando procedente o pedido do autor, con-
denando a reclamada ao pagamento de R$ 35.000,00. Nenhuma das partes interpôs recurso ordinário no
prazo de 8 dias, transitando em julgado a reclamação. Antes de iniciada a fase de liquidação, a reclamada
propôs ao reclamante a realização de acordo no valor de R$ 6000,00. Lucas vislumbrado com a possibili-
dade de receber de imediato o dinheiro para comprar roupas novas, aceita prontamente o valor oferecido.
As partes, então, celebraram acordo no valor de R$ 6000,00, o qual foi homologado pelo juiz. Diante do
exposto, responda fundamente as seguintes indagações.

a) O juiz era obrigado a homologar o acordo celebrado entre as partes? Caso se recusasse caberia a impetração
de mandado de segurança?
RESPOSTA: Não, é faculdade do juiz a homologação do acordo, assim a recusa não implicaria violação a direito
líquido e certo das partes, razão pela qual é incabível mandado de segurança nesta hipótese.

b) Sobre qual valor incidem as contribuições previdenciárias?


RESPOSTA: As contribuições previdenciárias incidem sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o
trânsito em julgado, R$ 6.000,00, nos termos do art. 43, § 5º, da Lei 8212/9, o qual inclusive revogou o art. 832, §
6º, da CLT, que determinava que mesmo que celebrado acordo após o trânsito em julgado da sentença, resguar-
dava-se as contribuições devidas à União, calculadas sobre o valor deferido. No mesmo sentido do art. 43, § 5º,
da Lei 8212/91.

Quesitos avaliados Notas possíveis Nota


Letra a: Não. É faculdade do juiz a homologação de acordo 0/ 0,25 / 0,50 /
(0,25). Fundamentação: súmula 418, TST (0,25) 0,75 / 1,00 / 1,25
Letra b: As contribuições incidem sobre o valor do acordo - R$
6000,00 (0,25). Fundamentação: art. 43, § 5º, Lei 8212/91 (0,50)

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

LETRA A)

Súmula 418, TST. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO


DE ACORDO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 120 e 141 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23
e 24.08.2005
A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e
certo tutelável pela via do mandado de segurança. (ex-Ojs da SBDI-2 nºs 120 - DJ 11.08.2003 - e 141 - DJ
04.05.2004)

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LETRA B)

Art. 43, Lei 8212/91. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à incidência de con-
tribuição previdenciária, o juiz, sob pena de responsabilidade, determinará o imediato recolhimento das importân-
cias devidas à Seguridade Social.
§ 5o Na hipótese de acordo celebrado após ter sido proferida decisão de mérito, a contribuição será calculada com
base no valor do acordo.
Art. 832, § 6º, CLT. O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração dos cálcu-
los de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da União.
OJ 376, SDI-1, TST. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO APÓS O
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR HOMOLOGADO
(DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010)
É devida a contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o trânsito em julga-
do de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre as parcelas de natureza salarial e indeniza-
tória deferidas na decisão condenatória e as parcelas objeto do acordo.

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 832, § 6º, da CLT acrescentar o art. 43, § 5º, da Lei 8212/91, a OJ 376 da
SDI-1, do TST e a súmula 418 do TST.

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Inquérito Judicial para Apuração
de Falta Grave
1.1. HIPÓTESES DE CABIMENTO
O inquérito judicial é uma ação cujo fim é rescindir um contrato de trabalho, por isso, alguns doutrinadores a de-
nominam de “ação constitutiva (negativa) necessária para apuração de falta grave que autoriza a resolução do con-
trato de trabalho do empregado estável por iniciativa do empregador”.1
Não são todas as hipóteses de estabilidade provisória do empregado no emprego que exigem do empregador a
propositura do inquérito judicial para apuração de falta grave a fim de rescindir um contrato de trabalho por justa
causa. Há grande divergência quanto a tais hipóteses, entretanto, a maioria entende cabível as seguintes:

• dirigente sindical: estabilidade prevista nos arts. 8o, VIII, da CF e 543, § 3o, da CLT e inquérito estabelecido
nas Súmulas nos 197 do STF e 379 do TST;
• empregados membros do Conselho Nacional da Previdência Social (art. 3o, § 7o, da Lei no 8.213/91);
• empregados eleitos diretores de sociedade cooperativa (art. 55 da Lei no 5.764/71).
• estável decenal (art. 492 da CLT).

Quanto aos estáveis decenais, cumpre destacar que a CF/88 pôs fim à sua estabilidade. Entretanto, os empre-
gados que já à época da Constituição tinham completado 10 anos de trabalho na empresa, e não haviam optado
pelo FGTS, só podem ser dispensados através da instauração de inquérito.
O empregador tem a faculdade de suspender o empregado estável que cometer falta grave (art. 494 da CLT),
devendo ajuizar o inquérito no prazo decadencial de 30 dias (art. 853 da CLT).
A propositura do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade deve ser
apresentada por escrito à vara do trabalho (art. 853 da CLT).
Caso fique comprovada a falta grave do empregado, a sentença autorizará a rescisão do contrato de trabalho.
Caso o trabalhador tenha sido suspenso, o contrato de trabalho será considerado rescindido desde a data da sus-
pensão do empregado.
Nos termos do artigo 821 da CLT, no inquérito admite-se até 6 testemunhas para cada uma das partes.

Art. 821 da CLT. Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar
de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis).
O inquérito é uma ação de caráter dúplice, de modo que uma vez reconhecida a inexistência de falta grave pra-
ticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a reintegrá-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria
direito no período da suspensão.

Art. 495 da CLT. Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador obri-
gado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período da suspensão.

1.2. ESTRUTURA DO INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA DO TRA-


BALHO DE _____

NOME DO EMPREGADOR, qualificação e endereço completos, vem, res-


peitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço
completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro nos artigos 494 e
853, ambos da CLT, INSTAURAR:

INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

em face de NOME DO EMPREGADO, qualificação e endereço completos,


pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – FATOS

1
Idem, ibidem, 2009, p. 954.

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Relatar o caso.

II – REQUISITOS ESPECÍFICOS

1. Do prazo

Esclarecer que a ação está sendo proposta dentro do prazo decadencial de


30 dias, contados da suspensão do empregado estável (art. 853 da CLT).

2. Do cabimento do inquérito

Indicar o dispositivo legal ou jurisprudencial (súmulas e OJs) que indicam


que o empregado estável somente pode ser dispensado por justa causa medi-
ante inquérito judicial para apuração de falta grave.

III – MÉRITO

O Examinando deve:

a) mencionar a estabilidade e a falta grave;

b) indicar o artigo em que a falta está capitulada como grave;

c) pedir a declaração de extinção do contrato por justa causa do emprega-


do, com data retroativa à suspensão contratual.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante o exposto, requer:

A notificação do requerido para que ofereça resposta em audiência a ser


designada por este juízo.

A produção de provas de todos os meios de prova em direito admitidos,


em especial, a prova documental e testemunhal.

Por fim, requer o julgamento procedente dos pedidos e, consequente-


mente, que seja o contrato de trabalho rescindido por justa causa do requerido,
retroativamente à data de sua suspensão.

Dá-se à causa o valor de R$ _____.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB no

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EXERCÍCIO E RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO DE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Murilo das Luzes foi admitido em 02.03.2009 pela empresa Emiko Metalurgia Ltda., situada em Recife/PE,
para exercer a função de ferramenteiro, percebendo o salário mensal no valor de R$ 3.000,00. A jornada de trabalho
contratada foi de 08 (oito) horas diárias de segunda a sexta-feira e de 04 (quatro) horas no sábado. Durante o contra-
to de trabalho, devidamente registrado em sua CTPS, recebeu regularmente seu salário, teve recolhido seu FGTS e
contribuição previdenciária, recebeu diárias para viagem que nunca excederam de 50% de seu salário mensal, dé-
cimo terceiro salário nos anos de 2009 e 2010, bem como cesta básica nos meses em que não teve nenhuma falta
injustificada, por força da Convenção Coletiva da Categoria, e as horas extras que eventualmente realizou.
No dia 19.08.2011, Murilo sofreu um “ataque do coração” na sede da empresa, durante seu horário de trabalho,
vindo a falecer em razão do ocorrido, lá mesmo. Todos da empresa tinham conhecimento da doença de Murilo e
ficaram bastante chateados com o fato.
Diante do falecimento de Murilo, a empresa Emiko Ltda. entrou em contato com seu escritório no mesmo dia,
solicitando seus serviços advocatícios, informando que gostaria de efetuar o regular pagamento dos direitos do em-
pregado, assim como a entrega de eventuais guias que sejam necessárias, embora não saiba qual o procedimento
deve ser adotado. A empresa lhe forneceu procuração e informou, ainda, que o empregado em questão nunca go-
zou de férias na empresa, bem como que o mesmo era casado com Patrícia das Luzes (inventariante) e não tinha
filhos, estando seus pais já falecidos.
Assim, elabore a peça processual cabível ao caso concreto, que você, como advogado(a) da reclamada, propo-
ria em juízo. Discrimine todas as parcelas, justificando as mesmas, bem como o motivo da elaboração e protocolo da
peça em questão, com seus fundamentos jurídicos.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRA-


BALHO DE RECIFE/PE

Processo no

EMIKO METALÚRGICA LTDA., qualificação e endereço completos, vem,


respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço
completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro nos artigos 539 a
549 do CPC, PROPOR:

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

em face do ESPÓLIO DE MURILO DAS LUZES, representado pela inventa-


riante PATRÍCIA DAS LUZES, qualificação e endereço completos, pelas razões
de fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

Murilo das Luzes foi admitido pela Consignante em 02.03.2009, sendo en-
cerrado seu contrato em 19.08.2011 em razão do seu falecimento. Murilo so-
freu um “ataque do coração” na sede da empresa, durante seu horário de tra-
balho, vindo a falecer em razão do ocorrido, lá mesmo. Com a extinção do
contrato, cabe à reclamada efetuar o pagamento das verbas rescisórias, entre-
tanto, tem dúvida sobre quem deve receber as verbas rescisórias.

II – MÉRITO

A extinção do vínculo de emprego por morte do empregado provoca, ne-


cessariamente, o fim do contrato de trabalho em virtude da pessoalidade que
lhe é inerente. Considerando que o último salário do empregado era de R$
3.000,00 é devido pela Consignante verbas rescisórias no importe de R$
17.900,00, as quais correspondem:

Saldo de salário (19 dias).......................................................R$ 1.900,00

13o salário proporcional – 2011 (8/12)...................................R$ 2.000,00

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Férias vencidas em dobro – 2009/2010 + 1/3........................R$ 8.000,00

Férias vencidas + 1/3 (2010/2011).........................................R$ 4.000,00

Férias proporcionais (6/12) + 1/3...........................................R$ 2.000,00

Total devido..........................................................................R$ 17.900,00

Objetiva a Consignante também a entrega das guias para levantamento do


FGTS, em anexo.

Com o objetivo de extinguir a obrigação e evitar a incidência da multa pre-


vista no art. 477, § 8o, da CLT por atraso no pagamento das verbas rescisórias,
propõe-se a presente ação.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

a) deferimento do depósito da quantia de R$ 17.900,00, no prazo de 5 dias


(art. 542, I, do CPC), e da guia para percepção e levantamento do FGTS;

b) notificação do Consignatário para comparecer em audiência e levantar o


depósito com efeito de quitação ou oferecer resposta, sob pena de revelia e
declaração da extinção da obrigação (arts. 542, II, CPC);

c) produção de todos os meios de provas em direito admitidas, em especial


a prova documental;

d) caso o valor não seja levantado em audiência requer, por fim, a proce-
dência do pedido com a declaração de extinção da obrigação e condenação do
reclamado de custas e honorários advocatícios no importante de 20%, nos
termos do art. 85, § 2º, do CPC (art. 546, CPC).

Atribui-se à causa o valor de R$ 17.900,00.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

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Direito do Trabalho – Aula 09
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EXERCÍCIO E RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO DE INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA
GRAVE

Murilo Agostinho é empregado da empresa Pastelaria Beiçola Ltda. desde 01.02.2008, exercendo, no Muni-
cípio de Pindamonhangaba/SP, a função de administrador. Em 21.05.2010 foi eleito dirigente sindical. Ocorre que
em 21.04.2011 descobriu-se que o empregado havia depositado cheque de pagamento feito por cliente à empresa
em sua conta bancária. A revelação do ocorrido deu-se porque um cliente havia emitido um cheque sem fundos em
favor da empresa e ligou propondo ir à mesma levar o dinheiro e resgatar o cheque. O contato foi feito com Lineu,
supervisor de Murilo, que não conseguiu localizar o depósito. Por conta disso, requereu ao cliente que solicitasse ao
seu banco uma microfilmagem do cheque, foi quando, para sua surpresa, descobriu que havia sido depositado na
conta do administrador. No mesmo dia, Lineu suspendeu Murilo e registrou a ocorrência na delegacia de polícia, com
a instauração de inquérito policial.
Em 25.04.2011, a Pastelaria Beiçola Ltda. pretende dispensar o empregado. Para tanto, elabore a medida judi-
cial cabível.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA DO TRA-


BALHO DE PINDAMONHANGABA/SP
Processo no

PASTELARIA BEIÇOLA LTDA., qualificação e endereço completos, vem,


respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado
adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço
completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro nos artigos 494 e
853 da CLT, INSTAURAR:

INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

em face de MURILO AGOSTINHO, qualificação e endereço completos, pe-


las razões de fato e de direito a seguir expostas.
I – DOS FATOS

Murilo Agostinho é empregado da Pastelaria Beiçola Ltda. desde


01.02.2008, exercendo, no Município de Pindamonhangaba/SP, a função de
administrador. Em 21.05.2010 foi eleito dirigente sindical. Ocorre que em
21.04.2011 descobriu-se que o empregado havia depositado cheque de paga-
mento feito por cliente à empresa em sua conta bancária. A revelação do ocor-
rido deu-se porque um cliente havia emitido um cheque sem fundos em favor
da empresa e ligou propondo ir à mesma levar o dinheiro e resgatar o cheque.
O contato foi feito com Lineu, supervisor de Murilo, que não conseguiu localizar
o depósito. Por conta disso, requereu ao cliente que solicitasse ao seu banco
uma microfilmagem do cheque, foi quando, para sua surpresa, descobriu que
havia sido depositado na conta do administrador. No mesmo dia, Lineu sus-
pendeu Murilo e registrou a ocorrência na delegacia de polícia, com a instaura-
ção de inquérito policial.

II – REQUISITOS ESPECÍFICOS

1. Do prazo

Esclarece-se que o inquérito está sendo proposto dentro do prazo deca-


dencial de 30 dias, contados da suspensão do empregado estável (arts. 494 e
853 da CLT), a qual ocorreu em 21.04.2011.

2. Do cabimento do inquérito

O dirigente sindical possui estabilidade provisória no emprego desde o re-


gistro da candidatura e, se eleito, até um ano após o término do mandato, nos
termos dos art. 8o, VIII, da CF e 543, § 3o, da CLT.

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Nos moldes das Súmulas nos 197 do STF e 379 do TST, o dirigente sindical
somente pode ser dispensado por justa causa mediante inquérito judicial para
apuração de falta grave, sendo esta, portanto, a medida cabível com este pro-
pósito.

II – MÉRITO

Evidencia-se que o reclamante praticou ato de improbidade ao depositar o


cheque emitido pelo cliente em favor da empresa em sua conta bancária. Tal
conduta caracteriza falta grave à luz do art. 482, “a”, da CLT, justificando a
suspensão do dirigente-empregado (art. 494 da CLT) e a extinção de seu con-
trato de trabalho por justa causa.

Diante do exposto, requer o reconhecimento da prática de falta grave pelo


empregado e a extinção do contrato de trabalho por justa causa do requerido
com data retroativa à suspensão.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Isto posto, requer:

a) a notificação do requerido para que ofereça resposta em audiência a ser


designada por este juízo;

b) a produção de provas de todos os meios de prova em direito admitidos,


em especial, a prova documental e testemunhal; e

c) por fim, requer o julgamento procedente do pedido e, consequentemen-


te, que seja o contrato de trabalho rescindido por justa causa do requerido
retroativamente à data de sua suspensão.

Dá-se à causa o valor de R$ ....

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

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Recurso Ordinário
1.1. HIPÓTESES DE CABIMENTO

São duas as hipóteses de cabimento do recurso ordinário e encontram-se previstas no artigo 895 da CLT, em seus
incisos I e II.

• Primeira hipótese de RO (inciso I)


Art. 895 da CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I – das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
O recurso é composto por folha de rosto, dirigida ao juiz que proferiu a decisão, e pelas folhas de razões, endereça-
das ao TRT.

• Segunda hipótese de RO (inciso II)


Art. 895 da CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior:
II – das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no
prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
Neste caso, a folha de rosto é dirigida ao presidente do TRT e a folha de razões para o TST.

São ações de competência originária do TRT aquelas em que a lei estabelece que:
• devem ser ajuizadas perante o TRT;
• o TRT funcionará como órgão de 1a instância.

A ação rescisória e o mandado de segurança são exemplos de ações de competência originária de Tribunais.

a) Ação rescisória
A legislação vigente estabelece que se a decisão a ser desconstituída trata-se de uma sentença proferida pelo juiz
do trabalho, a ação rescisória deverá ser dirigida ao Tribunal Regional do Trabalho. Caso a decisão a ser rescindida
seja proferida pelo TRT, a competência será do próprio Tribunal de onde se originou o acórdão. Por fim, se o acór-
dão a ser desconstituído foi proferido pelo TST, a competência para processar e julgar a ação rescisória é do próprio
Tribunal Superior do Trabalho.
A Súmula no 158 do TST estabelece que cabe RO da decisão do TRT em ação rescisória:

Súmula no 158 do TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, cabível é o recurso ordinário
para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista.

EM SÍNTESE:

COMPETÊNCIA –
AÇÃO RESCISÓRIA

Decisão a ser Juízo


desconstituída competente

Sentença TRT

TRT TRT

TST TST

b) Mandado de segurança
Segundo Mauro Schiavi,1
em razão do aumento da competência da Justiça do Trabalho, os Mandados de Segurança passaram a ser cabíveis
contra atos de outras autoridades, além das judiciárias, como nas hipóteses dos incisos III e IV do art. 114, da CF, em
face dos Auditores Fiscais e Delegados do Trabalho, Oficiais de Cartório que recusam o registro de entidade sindical, e
até mesmo atos dos membros do Ministério Público do Trabalho em Inquéritos Civis Públicos, uma vez que o inciso IV
do art. 114 diz ser da competência da justiça trabalhista o mandamus quando o ato questionado envolver matéria sujei-
ta à sua jurisdição.

1 SCHIAV, Mauro., op. cit., 2010. p. 1.178.

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Atente-se para o disposto no artigo 114 da Constituição da República:

Art. 114 da CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) III – as ações sobre representação sindical,
entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV – os mandados de segurança,
habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (...)
A depender de quem seja a autoridade coatora, a lei estabelece o juízo competente para processar e julgar o man-
dado de segurança, conforme exposto no quadro a seguir:

COMPETÊNCIA – MANDADO DE SEGURANÇA

Autoridade coatora Juízo competente

Auditor fiscal do trabalho;


Superintendente regional do trabalho;
Oficial de cartório (quando recusar-se a registrar a
entidade sindical); JUIZ
Membro do Ministério Público do Trabalho (inquéritos
civis).

JUIZ TRT

TRT TRT

TST TST

A Súmula no 201 do TST estabelece que das decisões dos TRTs em mandado de segurança cabe RO para o TST.
Observe:

Súmula no 201 do TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordiná-
rio, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e
interessados apresentarem razões de contrariedade.

VALE RELEMBRAR: Há decisões interlocutórias que são impugnáveis de imediato, por meio de recurso
ordinário. Seguem algumas hipóteses:
• Cabe recurso ordinário da decisão interlocutória do juiz do trabalho que acolhe a exceção de incompetência
territorial e remete os autos para juízo subordinado a outro TRT, por ser terminativa do feito, à luz do artigo 799, § 2o,
da CLT e da Súmula no 214, “c”, do TST. Comprove:

Art. 799 do CLT. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do
feito, as exceções de suspeição ou incompetência. § 1o As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§ 2o Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não
caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.

Súmula no 214 do TST. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE. Na Justiça do Trabalho, nos termos
do art. 893, § 1o, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: c)
que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2o, da CLT.

1.2. FOLHA DE ROSTO DO RECURSO ORDINÁRIO


O recurso ordinário é formado pela folha de rosto e pela folha de razões. A folha de rosto é dirigida para o juízo a
quo, para que seja realizado o primeiro exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso (legitimidade, capa-
cidade, interesse processual, tempestividade, depósito, custas e regularidade de representação, entre outros). Pre-
enchidos os pressupostos, o juízo a quo recebe o recurso, abre vista à outra parte para apresentar as contrarra-
zões no prazo de 8 (oito) dias, conforme estabelece o artigo 900 da CLT e, em seguida, remete os autos para o
Tribunal ad quem, que analisará o mérito e julgará o recurso.
Como a folha de rosto é endereçada ao juízo que proferiu a decisão recorrida, que analisará os pressupostos de
admissibilidade, sugerimos que nessa folha sejam apresentados os pressupostos de admissibilidade do recurso,
bem como o requerimento de intimação da outra parte para que ofereça contrarrazões e, por fim, a remessa dos

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autos ao juízo ad quem.

Veja o exemplo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABA-


LHO DE ____.
NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que con-
tende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem, respeitosamen-
te, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assina-
do, com fulcro no artigo 893, II e 895, I, da CLT, interpor

RECURSO ORDINÁRIO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____ Região.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso,


dentre os quais se destacam a legitimidade, a capacidade, o interesse proces-
sual, a tempestividade e a regularidade de representação. Além destes, ressal-
tam-se também:

a) Depósito recursal: recolhido, no valor de R$ ____, no prazo do recurso, por


meio da guia GFIP.

b) Custas Processuais: recolhidas no valor de R$ ____, correspondentes a


2% do valor da condenação, no prazo do recurso, por meio da guia GRU ane-
xa.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da


outra parte para apresentar as contrarrazões ao recurso ordinário no prazo de
8 dias, nos termos do artigo 900 da CLT e a posterior remessa ao Egrégio Tri-
bunal Regional do Trabalho da ____ Região.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB n°

Segue a análise individualizada de cada um dos itens da folha de rosto: endereçamento, qualificação, pressupostos
de admissibilidade e requerimentos.

a) Endereçamento
A folha de rosto deve ser endereçada ao Juízo que proferiu a decisão. Portanto, se a proposta apresentar um caso
em que tenha sido proferida uma sentença (art. 895, I, da CLT), a folha de rosto deve ser dirigida ao juiz do trabalho.
Exemplos:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABA-


LHO DE ______________.

Caso o RO seja de uma decisão do TRT em uma ação de sua competência


originária, o recurso deve ser dirigido ao presidente do TRT.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL


PRESIDENTE DO EGÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA
____ REGIÃO.

b) Qualificação
A qualificação do recurso ordinário é simples, visto que, em regra, tanto o recorrente quanto o recorrido já se mani-
festaram nos autos, de modo que se dispensa a qualificação completa das partes, a qual será substituída pela ex-
pressão “já qualificado nos autos em epígrafe” para o recorrente e “também qualificado” para o recorrido.
Exemplo:

NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que con-


tende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem, respeitosa-
mente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado, com fulcro nos artigos 893, II e 895, I, da CLT, INTERPOR:
RECURSO ORDINÁRIO
para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ___ Região

c) Pressupostos de admissibilidade
Sugerimos que os seguintes pressupostos de admissibilidade sejam mencionados na folha de rosto do recurso ordi-
nário: legitimidade, capacidade, interesse processual, tempestividade, regularidade de representação, depósito re-
cursal e custas processuais.
Quanto à legitimidade, capacidade, interesse processual, tempestividade e regularidade de representação basta
afirmar que estão presentes. Já em relação ao depósito recursal e custas processuais, quando necessário para a
interposição do recurso, sugerimos que sejam detalhados da seguinte maneira:
Em relação ao depósito recursal três informações são necessárias: valor do depósito, prazo do recolhimento do
depósito e guia de recolhimento.

DEPÓSITO No valor de R$ ______;


RECURSA No prazo de ________;
L Por meio da guia GFIP.

Súmula no 245 do TST. O depósito recursal deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição
antecipada deste não prejudica a dilação legal.

Súmula no 426 do TST. DEPÓSITO RECURSAL. UTILIZAÇÃO DA GUIA GFIP. OBRIGA-TORIEDADE (editada em
decorrência do julgamento do processo TST-IUJEEDRR 91700-09.2006.5.18.0006) – Res. 174/2011, DEJT divulgado
em 27, 30 e 31.05.2011. Nos dissídios individuais o depósito recursal será efetivado mediante a utilização da Guia de
Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP –, nos termos dos §§ 4o e 5o do art. 899 da CLT,
admitido o depósito judicial, realizado na sede do juízo e à disposição deste, na hipótese de relação de trabalho não
submetida ao regime do FGTS.
Vale relembrar as hipóteses em que não será realizado o depósito. Nestas, o Reclamado deixa de mencionar o de-
pósito recursal na prova. Verifique:

Condenação
Parte Recorrente Depósito Fundamento
em pecúnia

Art. 899, § 4o, da


Reclamante – Não
CLT
Súmula no 161 do
Reclamado Não Não
TST
Reclamado Sim Sim Art. 899 da CLT

Reclamado: Massa Súmula no 86 do


Sim Não
falida TST

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Reclamado: Empresa
Súmula no 86 do
em liquidação Sim Sim
TST
extrajudicial

Art. 1°, IV, do DL


Fazenda Sim Não
no 779/69

Por fim, as custas processuais, assim como o depósito recursal, podem variar em razão da parte recorrente e da
fase processual.
As custas processuais SEMPRE serão pagas pela parte vencida na fase de conhecimento. O recolhimento é efetua-
do por meio de GUIA GRU dentro do prazo de interposição de recurso, no importe de 2% (dois por cento) sobre o
valor da condenação ou do acordo, e se não houver, sobre o valor da causa.
Confira os exemplos a seguir:

Exemplo 1: Sentença de total improcedência – Recurso do Reclamante (vencido).

As custas processuais foram recolhidas no valor de R$ _____, correspondente


a 2% (dois por cento) do valor da causa, no prazo do recurso, por meio de
guia GRU anexa.

Exemplo 2: Sentença parcialmente procedente – Sucumbência recíproca, Reclamado é a parte vencida – RO inter-
posto pelo Reclamado (empregador).
As custas processuais foram recolhidas no valor de R$ _____, correspondente
a 2% (dois por cento) do valor da condenação, no prazo do recurso, por meio
da guia GRU anexa.

Exemplo 3: Sentença parcialmente procedente – Reclamado é a parte vencida – RO interposto pelo Recla-
mante (empregado): como o Reclamado é o vencido o recorrente (Reclamante) não precisa recolher custas,
não precisando tratar das mesmas na folha de rosto do RO.

Exemplo 4: Recorrente, vencido, é beneficiário da justiça gratuita: neste caso o recorrente não precisa recolher cus-
tas, porém convém justificar o não recolhimento na folha de rosto do RO, já que a ele cabia o recolhimento.
As custas processuais não foram recolhidas, tendo em vista que o Recorrente
é beneficiário da justiça gratuita, nos termos do artigo 790, § 3o, da CLT e, por-
tanto, isento do referido recolhimento.

d) Requerimentos finais
Exemplo:
Diante do exposto, requer-se o recebimento do presente recurso, a intimação
da outra parte para apresentar as contrarrazões ao recurso ordinário, no prazo
de 8 dias, conforme estabelece artigo 900 da CLT e, a posteriormente, a re-
messa para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da _____ Região.

1.3. FOLHA DE RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO


A folha de razões, por sua vez, é o recurso propriamente dito. Pode ser composta pelos seguintes tópicos:
I) Preliminares de Mérito;
II) Prejudiciais de Mérito;
III) Mérito;
IV) Requerimentos Finais.

Segue o exemplo:

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.

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RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a sua
reforma.

I – PRELIMINAR DE MÉRITO

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

III – MÉRITO

O juiz julgou procedente (improcedente) o pedido ____. (Fatos)

A sentença não merece ser mantida, pois ____. (Fundamentos)

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para ____. (Pedido)

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, bem como o


acolhimento da preliminar de mérito para ____ sucessivamente, o acolhimento
da prejudicial de mérito para ____ e, sucessivamente, ainda, no mérito, o seu
provimento, para fins de reforma da sentença para ____.

Nestes termos,

Pede deferimento,

Local e data

Advogado

OAB n°

Segue a análise individualizada de cada um dos itens da folha de razões: endereçamento, preliminares, prejudiciais,
mérito e requerimentos finais.

a) Endereçamento
A folha de razões do recurso ordinário deve ser endereçada ao TRT, na circunstância do artigo 895, I, da CLT (deci-
são proferida por um juiz do trabalho – sentença) ou para o TST, na hipótese do artigo 895, II, da CLT (decisão pro-
ferida pelo TRT em ações de sua competência originária), à luz dos exemplos a seguir.

Exemplo 1: Artigo 895, I, da CLT:


EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a sua
reforma.

Exemplo 2: Artigo 895, II, da CLT:


COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
O respeitável acórdão não merece ser mantido, razão pela qual requer a sua
reforma.

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b) Preliminares de mérito
Carlos Henrique Bezerra Leite2 entende que: “O recurso ordinário pode ser manejado tanto para a correção dos erro-
res in judicando quanto dos errores in procedendo, logo, sua finalidade pode ser a de reformar (função rescisória do
recurso), corrigindo as injustiças ou reexaminando as provas, ou a de anular (função rescindente) a sentença, res-
pectivamente”.

Error in Preliminar de
procedendo mérito
SENTENÇ
A
Error in Mérito do RO
judicando

As preliminares de mérito do recurso ordinário estão relacionadas com as nulidades processuais, em outras pala-
vras, com os vícios do processo, que ensejam a nulidade da decisão proferida (error in procedendo). Logo, as alega-
ções do recorrente em preliminar de mérito versam sobre matéria processual, nesse momento não se discute o méri-
to.
No tópico da preliminar de mérito requer-se:
• a nulidade da sentença; e
• o retorno dos autos ao juízo a quo;
Os exemplos mais comuns no exame de ordem são:
• nulidade de citação;
• cerceamento de defesa (exemplos: Súmula no 357 do TST e ausência de prova pericial quando há pedido de
adicional de periculosidade ou insalubridade).

Exemplo:

I – PRELIMINAR

1. Cerceamento de defesa

O Reclamante postulou adicional de horas extras e para comprová-las levou


duas testemunhas em audiência. O juiz indeferiu a sua oitiva por estarem liti-
gando contra o Reclamado, sob protestos daquele. (Fatos)

Segundo a Súmula no 357 do TST, não torna suspeita a testemunha o simples


fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador. Tal inde-
ferimento da prova implica o cerceamento de defesa e, portanto, a violação ao
artigo 5°, LV da CF. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno dos autos para o


juízo a quo, a fim de que seja reaberta a instrução processual e ouvida a tes-
temunha.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a Preliminar, requer a análise dos


demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Também devem se tratadas em preliminar de recurso ordinário as matérias de ordem pública arguidas pela
primeira vez no processo, como é o caso, por exemplo, da incompetência absoluta, da litispendência e da
coisa julgada. Nesses casos, o pedido é de extinção da ação.
Ressalte-se, entretanto, que se a matéria de ordem pública já tiver sido abordada na sentença, o pedido de reforma
de sua decisão deve ser feito no mérito do recurso ordinário, e não em preliminar. Quando o magistrado julga mal
determinada matéria, ainda que ela se relacione com questões processuais, incorre em error in judicando, devendo
ser tratada no mérito do recurso.

EM SÍNTESE

2 BEZERRA LEITE, Carlos Henrique, op. cit., 7. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 671.

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Matérias de ordem pública arguidas pela primeira vez no processo em sede de RO, sobre as quais o juiz não se
pronunciou em sentença, devem ser alegadas em preliminar de recurso. O pedido será de extinção do processo ou de
determinado pedido, ou, ainda, em relação a alguma(s) parte(s).

Matérias de ordem pública decididas em sentença: com o objetivo de pedir a reforma da decisão quanto a elas,
devemos abordá-las no mérito do RO, ainda que a reforma implique a extinção do processo.
Segue exemplo de matéria de ordem pública arguida em preliminar de recurso ordinário.

I – PRELIMINAR

1. Coisa Julgada

O Reclamante propôs esta mesma reclamação trabalhista em maio de 2008, a


qual foi julgada totalmente improcedente, tendo a decisão transitado em julga-
do em outubro de 2010, conforme se observa pela certidão em anexo. Nesta
ação, entretanto, a sentença deferiu parcialmente os pedidos do autor. (Fato)

A propositura da presente reclamação viola a coisa julgada (art. 5o, XXXVI, da


CF), que segundo estabelece o artigo 337, §§ 1º e 4o, do CPC, verifica-se
quando se repete a ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba
recurso. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito,


nos moldes do artigo 485, V, do CPC.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a Preliminar, requer a análise dos


demais itens a seguir expostos. (Pedido)

Na finalização do tópico das preliminares de mérito, bem como das prejudiciais de mérito, deve-se requerer, sucessi-
vamente, que em não sendo acolhidas, o juízo passe à análise dos demais itens a seguir expostos.

c) Prejudiciais de mérito
As prejudiciais de mérito englobam os assuntos relacionados à prescrição e à decadência, matéria que, se acolhida,
obsta a análise do direito material, pois enseja a extinção do processo COM resolução do mérito.
Tanto o Reclamado quanto o Reclamante poderão tratar da prescrição na prejudicial de mérito. Certamente, o
Reclamante não arguirá pela primeira vez a prescrição em sede de recurso ordinário, mas poderá postular a
reforma da sentença que acolher mal a prescrição. Como exemplo, podemos citar a sentença em que o juiz
acolhe a prescrição bienal, extinguindo o processo com resolução do mérito. Em prejudicial de mérito, no RO, o
Reclamante poderá arguir que não decorreu mais de 2 anos entre a extinção do contrato de trabalho e o ajui-
zamento da ação, com o objetivo de afastar o acolhimento da prescrição e a consequente extinção do processo.
Por outro lado, da sentença que não acolhe a prescrição bienal, poderá ser interposto RO pelo Reclamado, reque-
rendo o seu acolhimento.
O Reclamado poderá, ainda, arguir a prescrição pela primeira vez em sede de RO, conforme autoriza a Súmula n o
153 do TST, que dispõe:

Súmula no 153 do TST. Não se conhece de prescrição não arguida na instância ordinária.
Na Justiça do Trabalho, a instância ordinária compreende o Juízo de 1o grau, bem como os Tribunais Regionais do
Trabalho.

EM SÍNTESE:
Tratou da Poderão recorrer
PRESCRIÇÃ prescrição
O na sentença Reclamante e Reclamado: se o juiz julgou
SE O JUIZ mal.
PEDIR: reforma da sentença;

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Não tratou Reclamado


da Deverá lembrar a Súmula no 153 do TST, ou
prescrição seja, que o Reclamado poderá arguir a
prescrição pela primeira vez em sede de RO.
Buscar: prescrição bienal, quinquenal e total.
PEDIR: extinção do processo com resolução
do mérito (art. 487, II do CPC).

Seguem exemplos:
Exemplo 1: RO interposto pelo Reclamante em face de sentença que acolheu a prescrição bienal.

II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
1.Prescrição bienal
O juiz acolheu a prescrição bienal muito embora a reclamatória trabalhista
tenha sido ajuizada antes de decorridos dois anos do término do contrato de
trabalho. (Fatos)

A sentença não merece ser mantida, pois consoante os artigos 7o, XXIX, da
CF e 11, I, da CLT e a Súmula no 308, I, do TST, a ação, quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho, prescreve dois anos após a extinção do
contrato de trabalho. Ocorre que é de apenas 1 ano o lapso temporal entre a
extinção do contrato de trabalho e a propositura da reclamatória trabalhista.
(Fundamento)

Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de que seja afas-


tada a prescrição bienal. Sucessivamente, requer também a análise do mé-
rito. (Pedido)

Exemplo 2: RO interposto pelo Reclamado arguindo, pela primeira vez, a prescrição bienal.

O juízo a quo condenou o Reclamado ao pagamento das verbas rescisórias


oriundas do contrato de trabalho extinto no dia 10 de fevereiro de 2007, inobs-
tante o ajuizamento da ação tenha ocorrido apenas em maio de 2011. (Fatos)

Segundo os artigos 7o, XXIX, da CF e 11, I, da CLT e a Súmula no 308, I, do


TST, opera-se a prescrição bienal quando o ajuizamento de reclamatória traba-
lhista ocorrer após o prazo de dois anos contados do término do contrato de
trabalho. A ação in casu já ultrapassou o limite legal, tendo em vista que a re-
clamatória foi proposta em abril de 2011. Ademais, cumpre ressaltar que a
Súmula no 153 do TST, admite o conhecimento da prejudicial ora arguida
por se tratar de instância ordinária. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do mérito,


com base no artigo 487, II, do CPC e, sucessivamente, caso não seja acolhida
a prejudicial de mérito, a análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

d) Mérito
As alegações do recurso ordinário devem atacar a sentença, tendo em vista que o recurso é interposto em face des-
sa decisão e visa a sua reforma. Portanto, o mérito do RO deve demonstrar os fatos e fundamentos que dão ensejo
à reforma da decisão recorrida.
É aconselhável que cada argumento seja desenvolvido em um tópico específico, cujo título evidencie a ma-
téria alegada, pois isso garantirá clareza e objetividade à prova prático -profissional. Na finalização de cada
tópico do mérito deve-se requerer a reforma da sentença.
Exemplo: RO do Reclamante.

III – MÉRITO

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1. Horas extras

O juízo a quo julgou improcedente o pedido de condenação do Reclamado


ao pagamento de horas extras, bem como os seus reflexos, em DSR, aviso-
prévio, 13o salário, férias acrescidas do terço constitucional (1/3), FGTS (depó-
sitos e multa de 40%). (Fatos)

A sentença não merece ser mantida, pois restou comprovada a jornada ex-
traordinária, por meio da confissão do preposto do Recorrido, o qual afirmou
que a jornada de trabalho do Recorrente somava 50 horas semanais. Clara-
mente houve violação aos artigos 7o, XIII, da CF e 58 da CLT, os quais deter-
minam que é um direito do trabalhador a duração máxima do trabalho de oito
horas diárias e 44 horas semanais. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para incluir na condenação o


pagamento das horas extraordinárias, assim consideradas todas as horas ex-
cedentes da 8a diária e 44a semanal, acrescidas do adicional de 50%, nos ter-
mos do artigo 7o, XVI, da CF, bem como os seus reflexos. (Pedido)

e) Requerimentos finais
Nos requerimentos finais do recurso ordinário deve-se protestar pelo:
• conhecimento do recurso;
• acolhimento das preliminares para ____ (se houver);
• sucessivamente, o acolhimento das prejudiciais para ____ (se houver); e
• sucessivamente, no mérito, provimento do recurso para fins de reforma da sentença para ____.

Segue exemplo:

Diante do exposto, requer o conhecimento do recurso, bem como o acolhi-


mento da preliminar de mérito para ____, sucessivamente, o acolhimento da
prejudicial de mérito para ____. Sucessivamente, no mérito, requer o seu
provimento, para fins de reforma da sentença para ____.

FINALIZE A SUA PEÇA!

Após a conclusão de todos os tópicos é preciso finalizar a peça da seguinte


maneira:

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB n°

Recurso Adesivo
1.1. HIPÓTESES DE CABIMENTO
O recurso adesivo não é um novo recurso, mas sim uma forma de interposição. A interposição de um recurso na sua
forma adesiva exige, basicamente, dois requisitos: sucumbência recíproca e a interposição do recurso por uma das
partes.
Diante da ausência de previsão legal na CLT sobre o recurso adesivo, as normas do CPC são aplicadas subsidiari-
amente.
Na Justiça do Trabalho, a forma adesiva de interposição é compatível com o recurso ordinário, o recurso de revis-
ta, os embargos ao TST e o agravo de petição (Súmula no 283 do TST).
Súmula no 283 do TST. O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias,

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nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desneces-
sário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.
A partir da interposição de um recurso, o Juízo que proferiu a decisão recorrida analisará a presença dos pressupos-
tos de admissibilidade. Se preenchidos tais pressupostos, abre-se vista à parte para que apresente as contrarrazões
no prazo de 8 (oito) dias, momento em que, se quiser, deverá interpor o recurso adesivo (art. 997, § 2 o, I, do CPC).
Em outras palavras, o prazo para a interposição do recurso adesivo é aquele concedido para a parte contrarrazoar o
recurso principal, portanto, deve ser interposto, em petição separada, mas no mesmo momento da apresentação das
contrarrazões.
Assim como o recurso principal, o recurso adesivo enfrentará a análise dos pressupostos de admissibilidade e, pos-
teriormente, abrir-se-á vista à outra parte para que ofereça as contrarrazões. Note que o processamento do recurso
adesivo é o mesmo do recurso principal. Inclusive, o recurso adesivo é dependente do recurso principal, de forma
que se o recurso principal não for conhecido, o adesivo estará prejudicado, ou se a parte desistir do recurso principal,
o adesivo também não será analisado (art. 997, § 2o, III, do CPC).

Art. 997 do CPC. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências
legais.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quan-
to aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o se-
guinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para
responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível.

A interposição na forma adesiva não dispensa a parte do preparo (depósito e custas) quando lhe caiba fazê-lo (art.
997, § 2º, CPC).

O recurso adesivo não será recebido nas seguintes circunstâncias:


a) quando não recebido o recurso principal;
b) quando não recebido o próprio recurso adesivo;
c) caso haja desistência do recurso principal. Ressalte-se que é prescindível a concordância da parte ex-
adversa para desistência do recurso.

Após finalizar o estudo do recurso adesivo e ter aprendido detalhadamente como identificá-lo e estruturá-lo, agora é
hora de colocar os conhecimentos adquiridos em prática; segue um exemplo desta peça prático-profissional para
que você possa analisá-la e elaborar a medida processual cabível para a defesa dos direitos dos seus virtuais clien-
tes, a partir dos dados apresentados pela Banca Examinadora.

Proposta: O empregador, ao comparecer pessoalmente, sem advogado, à audiência de uma ação em que é cobra-
do o pagamento de horas extras e do adicional de periculosidade calculado sobre a remuneração paga ao emprega-
do, aduz simplesmente nada dever ao empregado. Encerrada a instrução, sem produção de outras provas, sob a
alegação de falta de contestação específica dos fatos, é proferida sentença de acolhimento do pedido, com conde-
nação do empregador apenas no pagamento do adicional de periculosidade, calculado sobre a remuneração do
empregado. O empregador, intimado da sentença e embora com ela não concorde, não a impugna. O empregado,
por sua vez, oferece recurso ordinário, postulando o pagamento das horas extraordinárias. Como advogado contra-
tado pelo empregador, no momento em que recebida a intimação para oferecer sua resposta, tomar a providência
processual cabível com a intenção de afastar a sucumbência do Reclamado.

GABARITO OFICIAL
A peça processual a ser apresentada corresponde ao recurso ordinário, interposto sob forma adesiva, com alegação
de nulidade da sentença, em decorrência de não realização de perícia para apuração de periculosidade, obrigatória,
diante do disposto no art. 195, § 2o, da CLT.
Comentário
Além de arguir a preliminar de mérito, é fundamental mencionar, no mérito do recurso, a violação à Súmula no 191 do
TST e ao artigo 193, § 1°, da CLT.

Verifique a estrutura do recurso ordinário adesivo:

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ____ VARA DO TRABA-


LHO DE ____

NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que con-


tende com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem, respeitosamen-
te, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assina-
do, com fulcro nos artigos 893, II, e 895, I, da CLT, na Súmula no 283 do
TST, no artigo 997 do CPC e 769 da CLT, INTERPOR:

RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____ Região.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso,


dentre os quais se destacam a legitimidade, a capacidade, o interesse proces-
sual e a regularidade de representação. Além desses, ressaltam-se também:

a) Tempestividade: as razões ora apresentadas respeitaram o prazo legal de


8 dias, prazo disposto para a parte responder ao recurso principal, consoante a
Súmula no 283 do TST e o artigo 997, §2º, I do CPC.

b) Depósito recursal: recolhido, no valor de R$ ____, no prazo do recurso, por


meio da guia GFIP, anexa..

c) Custas processuais: recolhidas no valor de R$ ____, correspondentes a


2% do valor da condenação, no prazo do recurso, por meio da guia GRU ane-
xa.

d) Interposição de recurso principal e sucumbência recíproca.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da


outra parte para apresentar as contrarrazões ao recurso ordinário adesivo no
prazo de 8 dias, nos moldes do artigo 900 da CLT e a posterior remessa ao
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ___ Região.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB n°

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO

A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a sua
reforma.

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Direito do Trabalho – Aula 10
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I – PRELIMINAR DE MÉRITO

1. Do cerceamento de defesa

O Juízo a quo julgou procedente o pedido de adicional de periculosidade do


Recorrido, sem, no entanto, produzir a prova pericial. A decisão fundamentou-
se somente na falta de contestação específica dos fatos. (Fatos)

Com base no artigo 195, § 2o, da CLT, se requerido o adicional de periculosi-


dade, o juiz designará a produção da prova pericial. A ausência de tal prova
implica o cerceamento de defesa e, portanto, a violação ao artigo 5o, LV, da
CF/1988. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a nulidade da sentença e a remessa dos autos para


o juízo que proferiu a decisão, a fim de que seja produzida a prova pericial.

Sucessivamente, caso não seja acolhida a Preliminar, requer a análise do méri-


to. (Pedido)

II – MÉRITO

1. Do adicional de periculosidade

A sentença julgou procedente o pedido do ora Recorrido ao condenar a em-


presa ao pagamento do adicional de periculosidade calculado sobre a remune-
ração do empregado. (Fatos)

A sentença não merece ser mantida, pois fundamentado no artigo 193, § 1°, da
CLT e na Súmula no 191 do TST, o adicional de periculosidade incide apenas
sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais. (Fun-
damentos)

Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de excluir da condena-


ção o pagamento do adicional calculado sobre a remuneração do empregado,
de modo a ser calculado exclusivamente sobre o salário básico do Reclaman-
te. (Pedido)

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, bem como o


acolhimento da preliminar de mérito para que seja determinada a nulidade da
sentença e o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, afim de que seja
reaberta a instrução e, sucessivamente, no mérito, o seu provimento, para fins
de reforma da sentença, para que seja afastada da condenação a base de
cálculo do adicional de periculosidade sobre a remuneração do reclamante.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB n°

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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Apostila
Aryanna Linhares
Ação de Consignação em Pagamento

1.1. HIPÓTESES DE CABIMENTO


A consignação da quantia ou coisa devida pode ocorrer de duas maneiras: judicial ou extrajudicial (art. 539 a 549
do CPC). Interessa-nos a ação de consignação de pagamento, portanto, a via judicial.
A consignação judicial visa ao reconhecimento, por sentença, do adimplemento da obrigação. Trata-se de pagamen-
to por consignação.
As hipóteses mais comuns no âmbito trabalhista são:
a) Recusa por parte do empregado em receber as verbas rescisórias ou qualquer outra parcela trabalhista. A
ação objetiva desonerar o empregador da obrigação de pagar as verbas rescisórias e a multa por atraso no paga-
mento das mesmas.
b) Dúvida sobre quem deva receber as verbas trabalhistas. Destaca-se a hipótese de morte do empregado.
1
O professor Carlos Henrique Bezerra Leite aponta exemplo de ação de consignação em pagamento proposta pelo
empregador. Cita a hipótese em que este pretende devolver ferramentas de trabalho à empresa e não consegue
fazê-lo. Isso pode ocorrer, por exemplo, porque a empresa está desativa ou recusa-se a recebê-las.
A competência para propositura da ação de consignação em pagamento é fixada à luz do artigo 651 da CLT, ou
seja, o juízo competente para o processamento e julgamento da ação é o do local da prestação dos serviços.
Deve figurar no polo passivo o credor ou potenciais credores. Nos moldes do artigo 75, VII, do CPC o espólio é
representando pelo inventariante.

Art. 75 do NCPC. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


(...)
VII - o espólio, pelo inventariante;
(...)
O autor, na petição inicial, deve formular os seguintes pedidos:
a) deferimento do depósito da quantia ou coisa devida, no prazo de 5 dias (art. 542, do CPC);
b) citação do réu para comparecer em audiência e levantar o depósito com efeito de quitação ou oferecer resposta
(art. 542 do CPC);
c) declaração de extinção da obrigação; e
d) condenação do réu nas custas e honorários advocatícios.

Atente-se para o teor do artigo 542 do CPC:

Art. 542 do CPC. Na petição inicial, o autor requererá:


I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressal-
vada a hipótese do art. 539, § 3o;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito.

A ação de consignação em pagamento tem rito próprio, razão pela qual não observa os procedimentos sumário,
sumaríssimo e ordinário.
O valor da causa será aquele a ser consignado.
Deferido o depósito, este será realizado e designada a audiência, sendo o consignatário notificado para levantar o
valor ou oferecer defesa.
Caso concorde com o valor depositado, os valores serão liberados a seu favor, sendo considerada extinta a obriga-
ção do consignante.
Na contestação o réu poderá alegar que: a) não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; b) foi
justa a recusa; c) o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento e d) o depósito não é integral, caso
em que deverá apontar o montante que entende devido (art. 544, do CPC), podendo o autor complementá-lo em 10
dias (art. 545, caput, do CPC).
o
A ação de consignação em pagamento tem caráter dúplice (art. 545, § 1 , do CPC), assim, se o réu alegar que o
depósito foi realizado a menor, poderá levantar a quantia depositada, liberando parcialmente o autor, prosseguindo
o processo quanto à parte controvertida. Isso significa que, na hipótese de valor controverso, o autor da ação de
consignação poderá ser condenado a pagar as diferenças independentemente de nova ação ou reconvenção.
Justamente em razão de seu caráter dúplice há divergência acerca da admissibilidade da reconvenção na ação de

1
Idem, ibidem, 2009, p. 1.060.

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Processo do Trabalho – Apostila
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consignação. Os que entendem pelo seu cabimento defendem que a pretensão deve ser mais ampla do que a discu-
tida nos autos de consignatória. Assim, além de não concordar com o valor depositado, o réu deve postular, por
exemplo, indenização por danos morais em razão da dispensa discriminatória.
Caso o réu não conteste a ação será declarado revel e o juiz declarará extinta a obrigação e o condenará ao paga-
mento de custas e honorários advocatícios (art. 546, do CPC).
Art. 546 do CPC. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamen-
to de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.

1.2. ESTRUTURA DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA DO TRABA-


LHO DE _____

NOME DO CONSIGNANTE, qualificação e endereço completos, vem, respei-


tosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço comple-
to, onde recebe intimações e notificações, com fulcro nos artigos 539 a 549 do
CPC, PROPOR:

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

em face de NOME DO CONSIGNATÁRIO, qualificação e endereço completos,


pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – FATOS

O consignante deverá narrar os fatos, relatando, por exemplo:

a) a recusa por parte do empregado em receber as verbas rescisórias;

b) a recusa por parte do empregado em receber outras verbas trabalhistas,


como, por exemplo, comissões que o empregador entende que lhe são devi-
das;

c) a dúvida sobre quem deva receber as verbas trabalhistas em caso, por


exemplo, de morte do empregado;

d) a recusa por parte do empregador em receber as ferramentas de trabalho.

II – MÉRITO

O consignante deverá afirmar qual a obrigação cujo valor pretende depositar


com efeito de quitação e especificar, de forma líquida e certa, cada parcela
consignada.

O autor pode, por exemplo, afirmar que diante da morte do empregado deve
pagar aos seus sucessores as verbas rescisórias, entretanto tem dúvida quan-
to à pessoa que deve receber os valores, por isso pugna pelo depósito da
quantia com efeito de quitação da obrigação.

Deve esclarecer a que corresponde o valor total e indicar os valores de cada


uma das parcelas.

III – PEDIDO E REQUERIMENTOS FINAIS

Diante o exposto, requer:

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Processo do Trabalho – Apostila
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a) deferimento do depósito da quantia de R$ _____ no prazo de 5 dias (art.


542, I, do CPC) e, se for o caso, a entrega das guias para percepção do segu-
ro-desemprego e levantamento do FGTS;

b) notificação do Consignatário para comparecer em audiência e levantar o


depósito com efeito de quitação ou oferecer resposta, sob pena de revelia e
declaração da extinção da obrigação (arts. 542, II, CPC);

c) a produção de todos os meios de provas em direito admitidas, em especial a


prova documental;

d) caso o valor não seja levantado em audiência requer, por fim, a procedência
do pedido com a declaração de extinção da obrigação e condenação do Re-
clamado em custas e honorários advocatícios no importante de 20%, nos ter-
mos do art. 85, § 2º, CPC (art. 546 do CPC).

Atribui-se à causa o valor de R$ ______.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado

o
OAB n

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Direito do Trabalho – Aula 11
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PRIMEIRO EXERCÍCIO DE RECURSO
ORDINÁRIO

Tramita perante a 89ª Vara do Trabalho de Curitiba a RT nº 000153-80.2012.5.09.0089, ajuizada em 06.05.2012


por Sérgio Camargo de Oliveira, assistido por advogado particular, contra o supermercado Onofre Ltda. Nela foi
proferida sentença que, em síntese, assim julgou os pedidos formulados a seguir.

(i) Foi reconhecida a ilicitude da confessada supressão das comissões que eram pagas desde a admissão, ocorri-
da em 13.10.2005, mas abruptamente ceifadas pelo empregador em 25.12.2006. Entendeu o magistrado que a
prescrição, na hipótese, era parcial, alcançando os últimos 5 anos, e não total como advogado na peça de blo-
queio, já que se tratava de rubrica assegurada por preceito de lei, além de se tratar de alteração prejudicial ao
empregado, vedada pelo art. 468, caput, da CLT.
(ii) Foi deferido o pagamento de duas cotas mensais de salário-família para os filhos capazes do reclamante, que
na admissão do obreiro, contavam com 15 e 17 anos, respectivamente. Enfatizou o magistrado que não foi solici-
tada a documentação pertinente quando do ingresso de demandante, gerando prejuízo financeiro para o trabalha-
dor.
(iii) Foi concedida indenização por dano moral pela humilhação sofrida pelo reclamante na saída. É que, por de-
terminação do empregador, ele foi comunicado de sua dispensa por intermédio de um colega de trabalho que
exercia a mesma função, que o chamou em particular em uma sala, para lhe dar a fatídica notícia. Encampou o
magistrado o entendimento do reclamante, no sentido de que somente um superior hierárquico pode informar
acerca da ruptura contratual e que a forma eleita pela ré seria indigna e vexatória.

Uma vez que o autor foi contratado em substituição ao Sr. Paulo, dispensado em 05.10.2005, foi deferida a dife-
rença salarial, porque o antecessor auferia salário 20% superior ao do reclamante, o que, segundo a decisão,
violaria os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da pessoa humana.
Foi deferida a reintegração ao emprego porque na dispensa, ocorrida em 06.04.2012, o autor não foi submetido a
exame demissional, conforme previsto no art. 168, II, da CLT, gerando então, na ótica do reclamante e do magis-
trado, garantia de emprego. Contudo, a tutela antecipada foi indeferida, pois foi constatado por perícia judicial que
o autor encontrava-se em perfeito estado de saúde.
Foi concedida verba honorária na razão de 15% sobre a condenação.
A sentença foi proferida de forma líquida, com valor de R$ 60.000,00 e custas de R$ 1.200,00.
Considerando que todos os fatos apontados são verdadeiros, e não cabendo Embargos de Declaração, visto que
a decisão foi clara em todos os aspectos, apresente a peça pertinente aos interesses da empresa, sem criar da-
dos ou fatos não informados (Valor: 5,00).
Foi concedida verba honorária na razão de 15% sobre a condenação.
A sentença foi proferida de forma líquida, com valor de R$ 60.000,00 e custas de R$ 1.200,00.

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Direito do Trabalho – Aula 11
Aryanna Linhares
RESOLUÇÃO DO PRIMEIRO EXERCÍCIO DE RECURSO ORDINÁRIO

Tramita perante a 89ª Vara do Trabalho de Curitiba a RT nº 000153-80.2012.5.09.0089, ajuizada em 06.05.2012


por Sérgio Camargo de Oliveira, assistido por advogado particular, contra o supermercado Onofre Ltda. Nela foi
proferida sentença que, em síntese, assim julgou os pedidos formulados a seguir.

(i) Foi reconhecida a ilicitude da confessada supressão das comissões que eram pagas desde a admissão, ocorri-
da em 13.10.2005, mas abruptamente ceifadas pelo empregador em 25.12.2006. Entendeu o magistrado que a
prescrição, na hipótese, era parcial, alcançando os últimos 5 anos, e não total como advogado na peça de blo-
queio, já que se tratava de rubrica assegurada por preceito de lei, além de se tratar de alteração prejudicial ao
empregado, vedada pelo art. 468, caput, da CLT.
(ii) Foi deferido o pagamento de duas cotas mensais de salário-família para os filhos capazes do reclamante, que
na admissão do obreiro, contavam com 15 e 17 anos, respectivamente. Enfatizou o magistrado que não foi solici-
tada a documentação pertinente quando do ingresso de demandante, gerando prejuízo financeiro para o trabalha-
dor.
(iii) Foi concedida indenização por dano moral pela humilhação sofrida pelo reclamante na saída. É que, por de-
terminação do empregador, ele foi comunicado de sua dispensa por intermédio de um colega de trabalho que
exercia a mesma função, que o chamou em particular em uma sala, para lhe dar a fatídica notícia. Encampou o
magistrado o entendimento do reclamante, no sentido de que somente um superior hierárquico pode informar
acerca da ruptura contratual e que a forma eleita pela ré seria indigna e vexatória.

Uma vez que o autor foi contratado em substituição ao Sr. Paulo, dispensado em 05.10.2005, foi deferida a dife-
rença salarial, porque o antecessor auferia salário 20% superior ao do reclamante, o que, segundo a decisão,
violaria os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da pessoa humana.
Foi deferida a reintegração ao emprego porque na dispensa, ocorrida em 06.04.2012, o autor não foi submetido a
exame demissional, conforme previsto no art. 168, II, da CLT, gerando então, na ótica do reclamante e do magis-
trado, garantia de emprego. Contudo, a tutela antecipada foi indeferida, pois foi constatado por perícia judicial que
o autor encontrava-se em perfeito estado de saúde.
Foi concedida verba honorária na razão de 15% sobre a condenação.
A sentença foi proferida de forma líquida, com valor de R$ 60.000,00 e custas de R$ 1.200,00.
Considerando que todos os fatos apontados são verdadeiros, e não cabendo Embargos de Declaração, visto que
a decisão foi clara em todos os aspectos, apresente a peça pertinente aos interesses da empresa, sem criar da-
dos ou fatos não informados (Valor: 5,00).
Foi concedida verba honorária na razão de 15% sobre a condenação.
A sentença foi proferida de forma líquida, com valor de R$ 60.000,00 e custas de R$ 1.200,00.

RESOLUÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 89ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA, PARANÁ.

Processo n° 000153-80.2012.5.09.0089

SUPERMERCADO ONOFRE LTDA., já qualificado nos autos em epígrafe, em que contende com Sérgio Camar-
go de Oliveira, também qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu ad-
vogado adiante assinado, com fulcro nos arts. 893, II e 895, I, da CLT, INTERPOR:

RECURSO ORDINÁRIO

Para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso, dentre os quais se destacam a


legitimidade, capacidade, interesse processual, tempestividade e regularidade de representação. Além desses,
destacam-se ainda:
a) depósito recursal: recolhido no valor de R$ 8.183, 06, no prazo do recurso, por meio da guia GFIP anexa.
b) custas: no valor de R$ 1.200,00, correspondente a 2% sobre o valor da condenação, no prazo do recurso, por
meio da guia GRU anexa.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte para apresentar contrar-
razões ao recurso ordinário, no prazo de 8 dias, de acordo com o determinado pelo art. 900 da CLT, e a posterior
remessa ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 9ª Região.

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Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB n°

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO


RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

A respeitável sentença não merece ser mantida razão pela qual requer a sua reforma.

I – PREJUDICIAL DE MÉRITO

1. Prescrição total – comissões

O juízo “a quo” acolheu a prescrição parcial quanto às comissões que eram pagas ao recorrido e foram
suprimidas pelo recorrente em 25.12.2006.
A sentença não merece ser mantida, pois a supressão de prestação sucessiva, não prevista em lei, enseja
a prescrição total, e não parcial, à luz da Súmula nº 294 do TST e da OJ nº 175 da SDI-1 do TST.
Dessa forma, o prazo prescricional de 5 anos de verbas trabalhistas, previsto nos arts. 7º, XXIX, da CF e
11, I, da CLT, conta-se da data da supressão da parcela, ou seja, de 25.12.2006, logo, terminou em 25.12.2011.
Como a reclamação trabalhista foi ajuizada após esta data, em 06.05.2012, ocorreu a prescrição total.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja acolhida a prescrição total e determinada
a extinção do processo com resolução do mérito, nos moldes do art. 487, II, do CPC, quanto às comissões postu-
ladas.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA - Prescrição Total


OJ 175, SDI-1, TST. Comissões. Alteração ou Supressão. Prescrição total (nova redação em decorrência da incorporação d
Orientação Jurisprudencial nº 248 da SBDI-1) - DJ 22.11.2005
A supressão das comissões, ou a alteração quanto à forma ou ao percentual, em prejuízo do empregado, é susce-
tível de operar a prescrição total da ação, nos termos da Súmula nº 294 do TST, em virtude de cuidar-se de parce-
la não assegurada por preceito de lei.
Súmula 294, TST. PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 1
20 e 21.11.2003
Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a pres-
crição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.

II – MÉRITO

• Salário-família
O juízo “a quo” deferiu o pagamento de duas cotas do salário-família para os filhos capazes do recorrido,
muito embora na data de admissão do obreiro, contassem com 15 e 17 anos, respectivamente.
A sentença não merece ser mantida, pois, à luz do art. 2º da Lei nº 4.266/63, do art. 66 da Lei 8.213/91 e do art.
83 do Decreto nº 3.048/99, a idade máxima dos filhos capazes, para fins de recebimento desse benefício previ-
denciário, é de 14 anos.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para excluir da condenação o salário-família.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA - Salário-família

Art. 2º, Lei nº 4.266/63 - O salário-família será pago sob a forma de uma quota percentual, calculada sobre o va-
lor do salário-mínimo local, arredondado esta para o múltiplo de mil seguinte, por filho menor de qualquer condi-
ção, até 14 anos de idade.
Art. 66, Lei nº 8.213/91 O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14
(quatorze) anos de idade ou inválido de qualquer idade é de:
I - Cr$ 1.360,00 (um mil trezentos e sessenta cruzeiros) , para o segurado com remuneração mensal não superior
a Cr$ 51.000,00 (cinqüenta e um mil cruzeiros);
II - Cr$ 170,00 (cento e setenta cruzeiros), para o segurado com remuneração mensal superior a Cr$ 51.000,00
(cinqüenta e um mil cruzeiros).

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Art. 83, Decreto nº 3.048/99 A partir de 1o de maio de 2004, o valor da cota do salário-família por filho ou equipa-
rado de qualquer condição, até quatorze anos de idade ou inválido, é de:
I - R$ 20,00 (vinte reais), para o segurado com remuneração mensal não superior a R$ 390,00 (trezentos e no-
venta reais); e
II - R$ 14,09 (quatorze reais e nove centavos), para o segurado com remuneração mensal superior a R$ 390,00
(trezentos e noventa reais) e igual ou inferior a R$ 586,19 (quinhentos e oitenta e seis reais e dezenove centavos).

2. Dano moral

O juízo “a quo” condenou o recorrente ao pagamento de indenização por dano moral por entender que o
recorrido sofreu humilhação na saída, uma vez que sua dispensa foi comunicada por intermédio de colega de
trabalho que exercia a mesma função, que o chamou em particular numa sala para dar-lhe a fatídica notícia.
A sentença não merece ser mantida, pois não se encontram presentes os requisitos da responsabilidade
civil (culpa, dano e nexo), previstos nos arts. 186 e 927 do CC, autorizadores da reparação, uma vez nenhum
direito da personalidade, como a vida privada, a honra ou a imagem do recorrido (art. 5º, X, da CF), foi lesado,
uma vez que não existe lei que obrigue a informação da ruptura por um superior e o comunicado da dispensa deu-
se em local reservado. Não há, portanto, ato ilícito ou dano no presente caso.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar da condenação a indenização deferida.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA – Dano Moral

Art. 186, CC/02. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927, CC/02. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
Art. 5º, CF/88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza-
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

3. Equiparação salarial

O juízo “a quo” deferiu diferenças salariais ao recorrido, uma vez que este foi contratado em substituição
ao Sr. Paulo, dispensado em 05.10.2005, que auferia salário 20% superior ao seu.
A sentença não merece ser mantida, pois, nos moldes da Súmula 159, II, do TST, quando vago o cargo
em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao do antecessor. Ressalte-se
que o Sr. Paulo foi dispensado em 05.10.2005 e o recorrido contratado em 13.10.2005, justamente para substituí-
lo.
Outrossim, um dos requisitos da equiparação salarial é a simultaneidade na prestação dos serviços (Sú-
mula nº 6, IV, do TST), a qual não se verifica no presente caso.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para excluir da condenação as diferenças salariais defe-
ridas.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA – Equiparação Salarial


Súmula nº 159 do TST - SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E VACÂNCIA DO CARGO –
I-Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado
substituto fará jus ao salário contratual do substituído.
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao do anteces-
sor.

Súmula nº 6 do TST- EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT - IV - É desnecessário que, ao tempo da
reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que
o pedido se relacione com situação pretérita.

4. Reintegração

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O juízo “a quo” deferiu a reintegração do recorrido ao emprego porque na dispensa o autor não foi subme-
tido ao exame demissional. O juiz julgou procedente o pedido mesmo tendo indeferido a tutela antecipada, pois foi
constatada pela perícia judicial que o autor encontrava-se em perfeito estado de saúde.
A sentença não merece ser mantida, pois a ausência de exame demissional não é causa de garantia no
emprego ou estabilidade, especialmente porque o laudo comprovou que o empregado estava apto, de modo que
não há base legal para a reintegração deferida. Trata-se apenas de irregularidade administrativa que não pode ter
o condão de gerar a reintegração.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar a reintegração deferida.

5. Honorários advocatícios

O juízo “a quo” deferiu ao autor verba honorária na razão de 15% sobre a condenação, muito embora o
recorrido estivesse assistido por advogado particular.

A sentença não merece ser mantida, pois, com base nas Súmulas n os 219, I, e 329 do TST, no art. 14 da
Lei nº 5.584/70, a assistência por advogado de sindicato é um dos requisitos para o cabimento dos honorários
advocatícios, e este não se verifica no caso em tela.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar da condenação os honorários deferidos.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, o acolhimento da prejudicial de mérito


para reforma da sentença para acolher a prescrição quinquenal quanto às comissões e, no mérito, o seu provi-
mento para fins de reforma da sentença para julgar improcedentes aos postulações do recorrido.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
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SEGUNDO EXERCÍCIO DE RECURSO ORDINÁRIO

O pedido formulado numa reclamação trabalhista foi julgado procedente em parte. O juiz condenou a autora a 6
meses de detenção por crime contra a organização do trabalho, pois comprovadamente ela estava recebendo
seguro desemprego nos dois primeiros meses do contrato de trabalho e por isso pediu para a empresa não assi-
nar a sua CTPS nesse período; o magistrado reconheceu que a autora excedia a jornada em 3 horas diárias mas
limitou o pagamento da sobrejornada a duas horas por dia com adicional de 50%, em razão do Art. 59 da CLT;
reconheceu que a acionante trabalhou 10 horas em regime de prontidão no último mês trabalhado e deferiu o
pagamento de 1/3 dessas horas; reconheceu que o local de trabalho da autora era de difícil acesso e que no des-
locamento ela gastava 2 horas diárias mas, por existir acordo coletivo fixando a média de 1:30 h, com transporte
concedido pelo empregador, deferiu, com base no § 3º do Art. 58, da CLT, 1:30 h por dia como hora in itinere;
deferiu o requerimento da empresa e, com sustentáculo no Art. 940 do CCB, determinou a devolução em dobro
do 13º salário do ano de 2012 porque a autora o postulou integralmente, sem qualquer ressalva, quando a 1ª
parcela já havia sido quitada pela empresa.
As custas foram arbitradas em R$ 300,00 sobre o valor arbitrado à condenação de R$ 15.000,00.
Autora: Verônica Silva; Ré: Indústria Metalúrgica Ribeiro S.A., que possui 1.600 empregados; Processo 1111-
55.2012.5.03.0100, em trâmite na 100ª VT/MG.Analisando a narrativa e considerando que a trabalhadora não se
conformou com a sentença, apresente a peça pertinente à reversão da decisão, no que couber, sem criar dados
ou fatos não informados. (IX EXAME DE ORDEM)

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RESOLUÇÃO DO SEGUNDO EXERCÍCIO DE RECURSO ORDINÁRIO

O pedido formulado numa reclamação trabalhista foi julgado procedente em parte. O juiz condenou a autora a 6
meses de detenção por crime contra a organização do trabalho, pois comprovadamente ela estava recebendo
seguro desemprego nos dois primeiros meses do contrato de trabalho e por isso pediu para a empresa não assi-
nar a sua CTPS nesse período; o magistrado reconheceu que a autora excedia a jornada em 3 horas diárias mas
limitou o pagamento da sobrejornada a duas horas por dia com adicional de 50%, em razão do Art. 59 da CLT;
reconheceu que a acionante trabalhou 10 horas em regime de prontidão no último mês trabalhado e deferiu o
pagamento de 1/3 dessas horas; reconheceu que o local de trabalho da autora era de difícil acesso e que no des-
locamento ela gastava 2 horas diárias mas, por existir acordo coletivo fixando a média de 1:30 h, com transporte
concedido pelo empregador, deferiu, com base no § 3º do Art. 58, da CLT, 1:30 h por dia como hora in itinere;
deferiu o requerimento da empresa e, com sustentáculo no Art. 940 do CCB, determinou a devolução em dobro
do 13º salário do ano de 2012 porque a autora o postulou integralmente, sem qualquer ressalva, quando a 1ª
parcela já havia sido quitada pela empresa.
As custas foram arbitradas em R$ 300,00 sobre o valor arbitrado à condenação de R$ 15.000,00.
Autora: Verônica Silva; Ré: Indústria Metalúrgica Ribeiro S.A., que possui 1.600 empregados; Processo 1111-
55.2012.5.03.0100, em trâmite na 100ª VT/MG.Analisando a narrativa e considerando que a trabalhadora não se
conformou com a sentença, apresente a peça pertinente à reversão da decisão, no que couber, sem criar dados
ou fatos não informados. (IX EXAME DE ORDEM)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 100ª VARA DO TRABALHO DO ...../MG


Processo nº. 1111-55.2012.5.03.0100

VERÔNICA SILVA, já qualificada nos autos em epígrafe, em que contende com Indústria METALÚRGICA RI-
BEIRO S.A., também qualificada, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advoga-
do adiante assinado, com fulcro nos artigos 893, II e 895, I, da CLT, interpor:
RECURSO ORDINÁRIO
Para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso, dentre os quais se desta-
cam a legitimidade, a capacidade, o interesse processual, a tempestividade e a regularidade de representação.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte para apresentar
contrarrazões ao recurso ordinário, no prazo de 8 dias, conforme estabelece o art. 900 da CLT, e a posterior re-
messa ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 3ª Região.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e Data.
Advogado
OAB n°.

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RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a sua reforma.

I - MÉRITO

1. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA

O juízo a quo condenou a autora a 6 meses de detenção por crime contra a organização do trabalho.

A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos da ADI 3684, a Justiça do Trabalho é incompetente
para processar e julgar crimes. Ademais, a competência para julgar crimes contra a organização do trabalho é da
Justiça Comum Federal, nos termos do art. 109, VI, da CF. A apreciação de prática criminosa pelo juiz do trabalho
implica violação ao devido processo legal e, assim, ao art. 5º, LIV, da CF.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar a condenação da parte autora.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Art. 109, CF. Aos juízes federais compete processar e julgar:


VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira;

2. HORAS EXTRAS

O Juízo a quo reconheceu que a autora excedia a jornada em 3 horas diárias, mas limitou o pagamento da
sobrejornada a duas horas por dia com adicional de 50%, em razão do art. 59 da CLT.
A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos da súmula 376, I, do TST, a limitação legal da jor-
nada suplementar a duas horas diárias, prevista no art. 59 da CLT, não exime o empregador de pagar todas as
horas trabalhadas em regime de sobrejornada, em observância ao princípio da primazia da realidade, sob pena de
enriquecimento ilícito do empregador.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para condenar a reclamada ao pagamento de 3 horas
extras diárias, acrescidas de 50%.

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Súmula 376, TST. HORAS EXTRAS. LIMITAÇÃO. ART. 59 DA CLT. REFLEXOS (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 89 e 117 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador de pagar todas as ho-
ras trabalhadas. (ex-OJ nº 117 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997)

Art. 59, CLT. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não exce-
dente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de tra-
balho.

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 59 da CLT, acrescentar a súmula 376 do TST.

3. PRONTIDÃO

O juízo a quo reconheceu que a acionante laborou 10 horas em regime de prontidão, no último mês tra-
balhado e deferiu o pagamento de 1/3 dessas horas.

A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos do art. 244, § 3º, da CLT, as horas de prontidão de-
vem ser pagas na razão de 2/3 da hora normal.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para condenar a reclamada ao pagamento 2/3 da hora
normal, em decorrência das horas de prontidão.

Legislação Específica

Art. 244, CLT. As estradas de ferro poderão ter empregados extranumerários, de sobre-aviso e de prontidão, para
executarem serviços imprevistos ou para substituições de outros empregados que faltem à escala organizada.
§ 3º Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando ordens. A
escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas
à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal

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SUGESTÃO DE REMISSÃO: não há.

4. HORAS IN ITINERE

O juízo a quo reconheceu que o local de trabalho da autora era de difícil acesso e que, no deslocamento,
ela gastava 2 horas diárias, mas, por existir acordo coletivo fixando a média de 1:30 h, com transporte concedido
pelo empregador, deferiu, com base no § 3º do art. 58, da CLT, 1:30 h por dia como hora in itinere.
A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos do art. 58, § 3º, da CLT, somente as microempre-
sas e empresas de pequeno porte poderão, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de transporte
fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, fixar o tempo médio
despendido pelo empregado no deslocamento. A norma coletiva, portanto, não se aplica a empresas de grande
porte, como é o caso da ré, que é uma sociedade anônima. Ressalte-se que, nos artigos 3º, caput, e 30, § 3º, I, da
LC 123/06, as sociedades anônimas não podem ser consideradas microempresas ou empresas de pequeno porte.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para condenar a reclamada a pagar 2 horas extras diá-
rias pelo tempo de deslocamento.

Legislação Específica

Art. 58, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de
8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
§ 3o Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou conven-
ção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por
transporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração.

Art. 3º, LC 123/2006. Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de
pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e
o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, des-
de que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (tre-
zentos e sessenta mil reais); e
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
Art. 30, LC 123/2006. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das em-
presas de pequeno porte, dar-se-á:
§ 3o A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equiva-
lerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses:
I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, Sociedade Empresária em Comandita por Ações, So-
ciedade em Conta de Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estrangeira;
SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 58, § 3º, da CLT incluir o art. 3º e 30, § 3º, I, da LC 123/2006.

5. DEVOLUÇÃO DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

O juízo a quo, com sustentáculo no art. 940, do CCB, determinou a devolução em dobro do 13º salário do
ano de 2012 porque a autora o postulou integralmente, sem qualquer ressalva, quando a 1ª parcela já havia sido
quitada pela empresa.

A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da CLT, o direito comum
será fonte subsidiária do direito do trabalho naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais
deste e o art. 940, do CCB, é incompatível com o princípio da proteção inerente ao direito do trabalho.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja afastada a determinação de devolução em
dobro do 13º salário do ano de 2012.

Legislação Específica

Art. 8º, CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais,
decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de

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direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado,
mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatí-
vel com os princípios fundamentais deste.

Art. 940, CCB. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebi-
das ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver
cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 8º, da CLT, acrescentar o art. 940 CC.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, e, no mérito, o seu provimento, para fins de reco-
nhecer a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para julgar crimes contra organização do trabalho e a
reforma da sentença para julgar procedentes as postulações do reclamante.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local e Data.
Advogado.
OAB n.

_______________________________________________________________

ESPELHO DE CORREÇÃO

Espelho de correção
Item Pontuação Nota

ANÁLISE ESTRUTURAL
- indicação do recurso ordinário da autora com base
no Art. 895, I da CLT.
- direcionamento do recurso ao juiz de 1º grau e 0 / 0,2 /
destinação das razões recursais ao TRT. (0,40) 0,4
Obs.: A falta de qualquer elemento estrutural ou a
indicação de juntada de comprovante de custas e/ou
depósito recursal ocasionará a perda de 0,20 pon-
tos.

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA – a Justiça do Tra-


balho não tem competência criminal OU houve
afronta ao princípio do devido processo legal, pois o
magistrado não poderia apreciar eventual
0,00/0,50/
prática de conduta criminosa OU a competência é
0,70
da Justiça Federal Comum (0,50).
Indicação do
Art. 5º, LIV ou 114 ou 109, I ou IV ou VI da CF/88
OU Súmula 115 TFR OU ADI 3684-0 (0,20).

HORA EXTRAS – não devem ficar limitadas às duas


horas, sob pena de enriquecimento ilícito do empre-
gador OU deve ser observado o princípio da prima- 0,00/0,50/
zia da realidade OU todas as horas extras prestadas 0,70
devem ser pagas (0,50). Indicação da Súmula 376,
I, do TST (0,20).

HORAS PRONTIDÃO – devem ser pagas na razão


0,00/0,50/
de 2/3 da hora normal (0,50).
1,00
Indicação do Art. 244, § 3º, da CLT (0,50).

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Item Pontuação Nota

HORA IN ITINERE – a norma coletiva não se aplica


a empresas de grande porte, como é o caso da ré, 0,00/0,50/
uma S.A. (0,50). Indicação do Art. 58, § 3º, da CLT 1,00
OU Art. 3º, caput ou 30 § 3º, I da LC 123/06. (0,50).

ART. 940 do CCB – inaplicável ao processo do tra-


balho em razão de incompatibilidade com o princípio 0,00/0,50/
da proteção OU viola princípios trabalhistas (0,50). 0,8
Indicação do Art. 8º, § único, da CLT (0,30).

REQUERIMENTOS FINAIS
0,00/0,10/
Encerramento reiterando a incompetência absoluta
0,20/0,30/
(0,10), além do conhecimento (0,10) e provimento
0,40
do recurso (0,20).

TOTAL 5,0

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AULA 12 - EXECUÇÃO
I - LINHA DO TEMPO (ANOTAR CONFORME A AULA)

Seguem algumas explicações:

1.1. LEGISLAÇÃO SUBSIDIÁRIA


Na execução do Processo do Trabalho aplicam-se os artigos 876 e seguintes da CLT. Subsidiariamente, aplica-se a
Lei de Execução Fiscal (Lei no 6.830/80) e, posteriormente, o CPC. Assim, ordena o artigo 889 da CLT.
Art. 889 da CLT. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem
ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da
Fazenda Pública Federal.
1.2. EXECUÇÃO PROVISÓRIA E EXECUÇÃO DEFINITIVA
A execução é provisória quando há um recurso pendente de julgamento, portanto, a sentença não transitou em
julgado.
Considerando que os recursos no Processo do Trabalho possuem efeito meramente devolutivo, é possível a execu-
ção provisória que segue apenas até a penhora (art. 899 da CLT).
A execução provisória SEMPRE será requerida pela parte interessada, não podendo ser determinada ex officio.
Art. 899 da CLT. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as ex-
ceções previstas neste Titulo, permitida a execução provisória até a penhora.
A execução é definitiva quando a sentença ou acórdão tiver transitado em julgado, caso em que seu início poderá
ser determinado de ofício pelo juiz ou a requerimento do interessado (art. 878 da CLT).
Art. 878 da CLT. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presi-
dente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.
Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procu-
radoria da Justiça do Trabalho.
Trânsito • Execução
Não há
Sentença em definitiva
recurso
julgado • Ação rescisória

IMPORTANTE MEMORIZAR!

Execução provisória Execução definitiva

Transcorre até a penhora. Não se limita à penhora.

Só são praticados atos de São praticados atos de


constrição. constrição e expropriação do
bem.

Pressupõe: recurso pendente. Pressupõe: trânsito em julgado.

1.3. TRÂMITE DA LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO


Sempre que a sentença for ilíquida, far-se-á necessária a sua liquidação, que poderá ocorrer em três modalidades:
cálculos, arbitramento e pelo procedimento comum (art. 879 da CLT):
a) Cálculos: a liquidação mediante cálculos depende apenas de simples operações aritméticas, pois a sentença
oferece todos os elementos necessários para determinar o valor condenatório.
b) Arbitramento: consiste em exame pericial, de pessoas ou coisas, com a finalidade de apurar o quantum relativo à
obrigação pecuniária que deverá ser adimplida pelo devedor, ou, em determinados casos, de individualizar, com
precisão, o objeto da condenação. Ressalte-se desde já que, nessa hipótese, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo
para a entrega do laudo pericial, conforme estabelece o artigo 510 do CPC. Constate:

Art. 510 do CPC. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou docu-
mentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que
couber, o procedimento da prova pericial.
c) Procedimento comum: A liquidação por artigos mencionada no art. 879 da CLT teve seu nome trocado para
liquidação pelo procedimento comum com o novo Código de Processo Civil, sendo a nova nomenclatura adotada no

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Processo do Trabalho também. Impõe-se a liquidação pelo procedimento comum quando há necessidade de alegar
e provar fatos novos, para quantificar ou individualizar o objeto da condenação (art. 509, II, CPC). Após a apresenta-
ção dos cálculos pelo requerente, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da
sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze)
dias (art. 511, CPC). Observe:

Art. 511 do CPC. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de
seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no pra-
zo de 15 (quinze) dias observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial desse Código.

Na liquidação não será possível modificar ou inovar a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa
principal (art. 879, § 1º, da CLT).
Em se tratando de liquidação por cálculos, o cálculo de liquidação, inclusive quanto às contribuições previdenciárias,
poderão ser apresentados pelas partes ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, a critério do juiz (art. 879,
§ 3°, da CLT), que, preferencialmente, deverá intimar as partes para apresentá-lo (art. 879, § 1°-B, da CLT).
Após a apresentação dos cálculos, o juiz poderá permitir a manifestação das partes, caso em que elas poderão
manifestar-se quanto aos cálculos no prazo sucessivo de 10 dias, sob pena de preclusão (art. 879, § 2o, da CLT).
• Manifestação
Liquidaçã Apresentaç das partes (10
Sentença o da ão do Juiz dias)
sentença cálculo • Sem
manifestação

Em seguida, nos moldes do § 3o do artigo 879 da CLT, a União será intimada para se manifestar, no prazo de 10
dias, em relação às contribuições previdenciárias, sob pena de preclusão.
Contribuiçõe
Sentença
s Apreciação
União Juiz de
previdenciári dos cálculos
liquidação
as

Após o retorno, os autos serão conclusos para apreciação dos cálculos pelo juiz, que em seguida proferirá a senten-
ça de liquidação.
Proferida a sentença de liquidação, é expedido mandado de citação e penhora, a ser cumprido por oficial de justiça
(art. 880, § 2o, da CLT), para que o executado pague ou garanta o juízo, no prazo de 48 horas. Para garantia do
juízo, o executado poderá depositar o valor da execução ou nomear bens à penhora.

• Embargos à execu-
Sentença Pagament
Mandad ção (prazo de 5 dias).
de o
o de
Liquidaç
citação
ão • Garantia • Impugnação à sen-
do juízo tença de liquidação

Caso o executado não pague ou garanta o juízo, o juiz mandará penhorar tantos bens quantos bastem para a
garantia do juízo, observada a ordem de penhora prevista no artigo 635 do CPC.
Art. 882 da CLT. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito
da mesma, atualizada e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem pre-
ferencial estabelecida no art. 655 do Código Processual Civil (corresponde ao art. 835, CPC/2015).
Art. 883 da CLT. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos
quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes,
em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.
Ressalte-se que a execução dos bens passíveis de penhora, no Processo do Trabalho, segue a ordem de preferên-
cia do artigo 635 do CPC e não da Lei dos Executivos Fiscais. Atente-se para o teor do artigo abaixo:

Art. 835 do CPC. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

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IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.
§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de
acordo com as circunstâncias do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde
que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa perten-
cer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora.

ATENÇÃO! São impenhoráveis os bens descritos no artigo 833 do CPC, o bem de família previsto na Lei
no 8.009/90 (bem de família) e as contas do FGTS dos trabalhadores são absolutamente impenhoráveis (art.
2º, § 2º, Lei 8.036/90).
Acerca da penhora on-line cumpre ressaltar:
• Na execução definitiva, o juiz sempre pode realizar a penhora on-line, inclusive afastando outro bem já no-
meado à penhora pelo executado.
• Na execução provisória, o juiz só não pode realizar penhora on-line quando o executado nomear outros
bens à penhora mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determina-
dos (art. 805, § único, CPC). Nesse caso, se há garantia do juízo, não é possível bloquear dinheiro, pois a exe-
cução tem de ocorrer da forma menos gravosa possível para o executado (Súmula n o 417 do TST).

Súmula no 417 do TST. I – Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em di-
nheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exequendo, uma vez que obedece à gradação pre-
vista no art. 655 do CPC. II – Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito
líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos
requisitos do art. 666, I, do CPC. III – Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a
determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a
execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC (corresponde ao art. 805
do CPC/2015).
A referida Súmula, no inciso III, esclarece que em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo
do executado, o ato do juiz que afastar o bem mais eficaz e menos oneroso que dinheiro que este tenha nomeado à
penhora e efetuar penhora on-line. Nesse caso, se o valor bloqueado for suficiente para garantir o juízo e não houver
transcorrido o prazo de 5 dias para a apresentação de embargos à execução, não há que se falar em mandado de
segurança, apesar de ferir direito líquido e certo, pois, nesse caso, há meio próprio para impugnar a decisão, os em-
bargos à execução, sendo esta, portanto, a medida processual adequada para impugnar o ato do juiz. Entretanto, se
incabíveis os embargos, seja por não garantir o juízo, seja porque já ultrapassou o prazo para os embargos à execu-
ção, então, a medida processual cabível para impugnar o ato do juiz será o mandado de segurança.

Ressalte-se que o bloqueio de dinheiro e sua conversão em penhora deve observar o procedimento previsto no art.
854 da CLT:

Art. 854 do CPC. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimen-
to do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sis-
tema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos finan-
ceiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução.
§ 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de even-
tual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo.
§ 2º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não
o tendo, pessoalmente.
§ 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.
§ 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz determinará o cancelamento de eventual indispo-

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nibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem
necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que, no
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução.
§ 6º Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediatamente, por sistema eletrônico gerido
pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até 24
(vinte e quatro) horas, cancele a indisponibilidade.
§ 7º As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de determinação de penhora previstas
neste artigo far-se-ão por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional.
§ 8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em decorrência da indisponibili-
dade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não can-
celamento da indisponibilidade no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz.
§ 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determinará às institui-
ções financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem
indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que
tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos pratica-
dos, na forma da lei.

Em síntese:
• A penhora online não é uma penhora, mas sim um bloqueio de valores que depois será convolado em pen-
hora, observado o seguinte procedimento:
• a) de ofício (só no processo do trabalho de ofício - art . 878, CLT) ou a requerimento, sem a necessidade de
ciência prévia do executado o juiz pode determinar as instituições financeiras a INDISPONIBILIDADE de valores em
nome do executado.
• b) em 24 poderá determinar o cancelando do excesso, a contar da resposta da instituição financeira.
• c) terá a instituição financeira também 24 horas para promover o cancelamento.
• d) o executado será intimado do bloqueio para se manifestar em 5 dias. A intimação será na pessoa de seu
advogado ou pessoalmente, se não houver.
• e) a manifestação só poderá ser em 2 sentidos: excesso de bloqueio ou impenhorabilidade.
• f) a não manifestação em 5 dias implica em preclusão.
• g) não apresentada a manifestação ou se rejeitada a manifestação o bloqueio será convertido em penhora e
determinada a transferência do dinheiro.
• h) só se o juiz acolher a manifestação caberá agravo de petição.

Garantido o juízo, o executado terá 5 dias para apresentar embargos à execução e o exequente, o mesmo prazo
para apresentar impugnação à sentença de liquidação, sendo ambas as petições endereçadas ao juiz da execu-
ção.
Após a manifestação das partes por meio de embargos à execução e impugnação à sentença de liquidação, o juiz
proferirá decisão definitiva na execução (art. 884, § 4o, da CLT), na qual serão julgados, concomitantemente, os em-
bargos e a impugnação. A sentença na execução poderá ser impugnada por meio de agravo de petição (art. 897,
“a”, da CLT).

O acórdão proferido pelo TRT em agravo de petição poderá ser impugnado por meio do recurso de revista para o
TST, desde que haja ofensa à Constituição no julgado (art. 896, § 2o, da CLT). Ressalte-se, entretanto, que cabe
recurso de revista por violação a lei federal, por divergência jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas
execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhis-
tas (art. 896, § 10, CLT).

II - PEÇAS PROCESSUAIS NA EXECUÇÃO

1. EMBARGOS À EXECUÇÃO
Os embargos à execução representam a manifestação do executado.
Segundo o § 1° do artigo 884 da CLT, poderão ser arguidas nos embargos à execução as seguintes matérias: cum-
primento da decisão, quitação ou prescrição da dívida (art. 884, § 1o, da CLT).
Art. 884, § 1o, da CLT. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quita-
ção ou prescrição da dívida.
Ressalte-se que, nos embargos, o executado poderá arguir a inexigibilidade do título quando a sentença executada
tiver por fundamento lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF ou estiver fundamentada em aplica-
ção ou interpretação tidas por incompatíveis com a constituição. Verifique o teor do artigo 884, § 5o, da CLT:
Art. 884, § 5o, da CLT. Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstituci-

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onais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Fe-
deral.
Sua interposição é dependente da garantia do juízo, eis que seu prazo de 5 dias se inicia somente após o cumpri-
mento desse requisito. Os embargos à execução, no Processo do Trabalho, tramitam nos mesmos autos da execu-
ção.
Confira a estrutura dos embargos à execução:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _________ VARA DO


TRABALHO DE ______________.
Processo no

NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que con-


tende com NOME DO EMBARGADO, também qualificado, vem, respeitosa-
mente, perante Vossa Excelência, através de seu advogado adiante assinado,
com fulcro no artigo 884 da CLT, APRESENTAR:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

pelas razões de fato e de direito a seguir expostos:


I – FATOS

Proferida sentença condenatória transitada em julgado, foi iniciada a fase de


liquidação. O perito calculista foi intimado à elaborar a conta, a qual foi homo-
logada pelo juiz. Expedido mandado de citação, o executado nomeou bens à
penhora, garantindo o juízo. No prazo legal apresenta os presentes embargos
com o objetivo de impugnar os cálculos homologados.

II – REQUISITOS ESPECÍFICOS
Destaca-se o atendimento dos seguintes requisitos dos embargos à execução:

a) Garantia integral do juízo: o embargante garantiu integralmente o juízo


através _____, com base no artigo 880 da CLT.

b) Tempestividade: os embargos são apresentados no prazo de 5 dias conta-


dos da garantia no dia, observado o disposto no artigo 884 da CLT.

c) Custas: o valor de R$ 44,26, correspondente às custas dos embargos à


execução, de acordo com o artigo 789-A, V da CLT, serão recolhidas ao final,
conforme autoriza o caput do artigo referido.

III – MÉRITO

Muito embora o Reclamado, em sentença transitada em julgado, tenha sido


condenado a pagar tão somente 2 horas extras diárias, acrescidas de 50%,
bem com reflexos em DSR, aviso-prévio, 13o salário, férias acrescidas de 1/3 e
FGTS (depósitos e multa de 40%), ao elaborar os cálculos, o perito computou 4
horas extras diárias e o juiz os homologou nestes termos.

Segundo o artigo 879, § 1o, da CLT não se poderá modificar ou inovar a sen-
tença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal. A homolo-
gação dos cálculos contrariando os limites impostos pelo título executivo judici-
al implica violação à coisa julgada e, portanto, ao art. 5o, XXXVI, da CF.

Diante do exposto, requer a correção dos cálculos apresentados pelo perito, a


fim de excluir, da conta de liquidação, 2 horas extras diárias.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

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Diante do exposto, requer o recebimento dos embargos, a notificação do em-


bargado para manifestar-se no prazo de 5 dias e a procedência dos pedidos
formulados.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB no

2. IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO


A impugnação à sentença de liquidação está prevista no artigo 884, §§ 3o e 4o, da CLT. Nos termos desse artigo, o
exequente, a partir da garantia do juízo, poderá impugnar a sentença de liquidação no prazo de 5 dias.
Art. 884, §§ 3o e 4o, da CLT. (...) § 3o. Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de
liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo. § 4o. Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos
e a impugnação à liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA DO TRABA-


LHO DE _____.

Processo no

NOME DO IMPUGNANTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que con-


tende com NOME DO IMPUGNADO, também qualificado, vem, respeitosa-
mente, perante Vossa Excelência, através de seu advogado adiante assinado,
com fulcro no artigo 884, § 3o, da CLT, APRESENTAR:

IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO


pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

I – FATOS

II – REQUISITOS ESPECÍFICOS

A – TEMPESTIVIDADE

A presente medida é tempestiva, posto que observou o prazo legal de 5 dias,


contados a partir da ciência da garantia do juízo, previsto no artigo 884, caput,
da CLT.

B – CUSTAS
As custas processuais fixadas no valor de R$ 55,35, de acordo com o artigo
789-A, VII, da CLT, serão recolhidas ao final pelo executado, conforme autoriza
o caput do artigo referido.

III – MÉRITO

1. Base de cálculo do adicional de periculosidade

Muito embora ao Reclamante tenha sido assegurado, em sentença transitada


em julgado, adicional de periculosidade de 30% calculado sobre seu conjunto
de parcelas de natureza salarial, o perito adotou como base de cálculo de tal
parcela seu salário-base e os cálculos foram homologados nestes termos.

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De acordo com o artigo 879, § 1o, da CLT, não se poderá modifica ou inovar a
sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal. A homo-
logação dos cálculos contrariando os limites impostos pelo título executivo
judicial implica a violação à coisa julgada e, portanto, ao artigo 5o, XXXVI, da
CF.

Diante do exposto, requer a correção dos cálculos apresentados pelo perito, a


fim de que o adicional de periculosidade seja calculado sobre o salário-base do
Reclamante.

IV – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer o recebimento da impugnação à sentença de liqui-


dação, a notificação do executado para manifestar-se no prazo de 5 dias e a
procedência dos pedidos formulados.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB no

3. EMBARGOS DE TERCEIRO
A CLT é omissa sobre os embargos de terceiro, motivo pelo qual são aplicados, subsidiariamente, os artigos 674 a
681 do CPC.
À luz do artigo 674 do CPC, os embargos de terceiro são a medida cabível para aquele que, não sendo parte no
processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito in-
compatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de
terceiro:
Art. 674, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o dispos-
to no art. 843;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em
fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo
incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não
tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
Os embargos de terceiro possuem natureza jurídica de ação incidental conexa ao processo de conhecimento ou de
execução, conforme o caso. No processo de conhecimento, os embargos de terceiro tem lugar enquanto não transi-
tar em julgado a sentença ou acórdão. Já na execução a ação pode ser ajuizada até 5 dias adjudicação, da aliena-
ção por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta (art. 675 do
CPC).
Art. 675, CPC. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não
transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias
depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará
intimá-lo pessoalmente.

Os embargos de terceiro tramitam em autos apartados, devendo ser distribuídos “por dependência” aos autos

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que originaram a constrição dos bens de parte alheia ao processo (art. 676, CPC).
Além das exigências previstas pelo artigo 319 do CPC (,a petição inicial dos embargos de terceiro deve atender aos
seguintes requisitos específicos (art. 677, caput, do CPC):
a) prova sumária da posse do bem em questão;
b) a qualidade ou condição de terceiro legítimo;
c) prova da constrição judicial ou da sua iminência.

Art. 677, CPC. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade
de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§ 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio.
§ 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal.
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no pro-
cesso principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.

Nos moldes do artigo 679 do CPC, o prazo para contestar os embargos de terceiro é de 15 (quinze) dias, contados a
partir da citação do embargado.
Art. 679, CPC. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o proce-
dimento comum.
É possível o acolhimento liminar dos embargos de terceiro, desde que o juiz julgue suficientemente provada a posse
do embargante. Nessa circunstância, será expedido um mandado de manutenção ou de restituição em favor do em-
bargante. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de
caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.

Art. 678 do CPC. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspen-
são das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegra-
ção provisória da posse, se o embargante a houver requerido.
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à pres-
tação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
Caso seja necessário, o juiz realizará a instrução dos embargos de terceiro e, a partir desta, proferirá uma sentença.
Visto que esta seja proferida na fase de execução, desafiará agravo de petição.
Veja a estrutura da petição de embargos de terceiro:
• Fatos;
• Requisitos Específicos;
• Mérito;
• Liminar; e
• Requerimentos Finais.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA DO TRABA-


LHO DE _____.

Distribuição por dependência


Autos no
NOME DO EMBARGANTE, qualificação e endereço completos, vem, respeito-
samente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço comple-
to, com fulcro nos artigos 674 a 681 do CPC c/c o artigo 769 da CLT, PRO-
POR:
EMBARGOS DE TERCEIRO

em face de NOME DO EXEQUENTE, qualificação e endereço completos; e


NOME DO EXECUTADO, qualificação e endereço completos, pelas razões de
fato e de direito a seguir expostas.

I – FATOS
(relatar os fatos).
II – REQUISITOS ESPECÍFICOS

1. Da distribuição por dependência

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Com base no artigo 676 do CPC, a presente medida deve tramitar por depen-
dência perante este juízo que ordenou a apreensão do bem em questão, apen-
so aos autos nº .......

2. Legitimidade
Nos termos do artigo 674 do CPC, o embargante é parte legítima para propor o
feito, pois não é parte no processo, no entanto seu bem foi apreendido e no-
meado à penhora.

3. Tempestividade

A presente ação é tempestiva, já que foi proposta antes do término do prazo


legal de 5 dias contados a partir adjudicação, arrematação ou remição, de
acordo com o artigo 675 do CPC.

4. Prova sumária da posse e da constrição judicial (art. 677do CPC)


A prova sumária da posse do bem em questão se faz pela nota fiscal em ane-
xo. A prova da constrição judicial faz-se pelo autor de penhora e avaliação de
fls.

III – MÉRITO

O primeiro embargado ajuizou reclamatória trabalhista, que tramita nesta Vara


do Trabalho, em face da Empresa X, pleiteando verbas oriundas de um contra-
to de trabalho que vigorou desde janeiro de 2004 até outubro de 2009. Transi-
tada em julgado a decisão deste litígio, foi expedido o mandado de citação e
penhora. A executada não efetuou o pagamento, tampouco nomeou bens à
penhora para garantir o juízo. Tal fato ensejou a penhora de bens dos sócios
da empresa, com base em contrato social desatualizado.

É oportuno destacar que o embargante não é sócio da empresa reclamada desde


fevereiro de 2000, conforme comprovam os documentos anexos. Logo, o embar-
gado foi admitido na empresa executada 4 anos após o embargante ter se retira-
do da sociedade.
Ressalte-se que nos termos dos arts. 1.003 e 1.032 do Código Civil, o ex-sócio
não tem qualquer responsabilidade pelo pagamento das verbas trabalhistas
dois anos após averbada a sua retirada da sociedade. Observe:
Art. 1.032, CC. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus
herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois
anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos,
pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.
Art. 1.003, CC. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente
modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não
terá eficácia quanto a estes e à sociedade.

Neste contexto é que foi realizada a penhora do veículo do embargante marca,


cor, ano/modelo, placa, cujo valor corresponde a R$_____, suficiente para
garantir integralmente o juízo.

Ante a exposição, requer a restituição na posse do bem e, por conseguinte, a


desconstituição da penhora realizada em seu veículo.

IV – LIMINAR

À luz do artigo 678 do CPC, requer o deferimento liminar dos embargos, orde-
nando a expedição de mandado de manutenção/reintegração provisória em
favor do embargante, tendo em vista que foram atendidos os requisitos do
artigo 677 do CPC, quais sejam: a comprovação sumária da posse, bem como
a constrição judicial.

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V – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer:

a) A distribuição por dependência da presente ação para este douto juízo,


apenso aos autos sob n o. .... .
b) o deferimento liminar dos embargos, conforme o artigo 678 do CPC, expe-
dindo o mandado de reintegração (manutenção do bem, se fosse o caso) do
bem em favor do embargante;

c) a citação dos embargados para contestar a presente ação no prazo de 15


dias, consoante estabelece o artigo 679 do CPC.

d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial a


prova documental e testemunhal.

Por fim, requer a procedência do pedido, confirmando a liminar concedida,


determinando que a constrição judicial indevida seja cancelada, determinando
a reintegração (ou a manutenção, se fosse o caso) definitiva do bem, nos ter-
mos do art. 681 do CPC, bem como a condenação dos embargados ao paga-
mento das custas processuais.

Atribui-se à causa o valor de R$ ______.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local e data.

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