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UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

Nome do Estudante: Naira Valércia Dinis Sebastião

Nº:19278 Turma: A

Professor(a): Domingos Feca

Área: Jurídico Pública

PROJECTO DE MONOGRAFIA JURÍDICA

Tema de Monografia: A Responsabilidade Criminal Dos Agentes Por


Crimes De Violência Doméstica No Contexto Conjugal Em Angola: Uma
Abordagem Tocante À Responsabilização Nos Casos De Violência
Física.

Introdução:

O presente trabalho tem como escopo a abordagem da responsabilidade


criminal atribuída ao indivíduos que cometem crimes de violência doméstica,
mas ao invés de falarmos desta em todos os contextos que a abrangem, a
trataremos apenas no contexto conjugal, pois acreditamos ser o contexto
mais polêmico da mesma.

A violência doméstica traduz-se no padrão de comportamentos abusivos


exercidos por uma pessoa sobre outra que habite no mesmo agregado
doméstico privado, podendo ser exercida, no nosso país, de forma física,
sexual, psicológica, patrimonial, verbal ou por abandono familiar.

A forma física é uma das manifestações mais comuns, por isso foi escolhida
para ser abordada no que toca a responsabilidade dada aos seus autores.
Neste sentido, ao abordarmos a responsabilidade criminal dos agentes por
crimes de violência doméstica no contexto conjugal em Angola, fá-lo-emos
na perspectiva da sua manifestação física.
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A violência física, enquanto manifestação da violência doméstica, traduz-se


na prática de uma conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal do
indivíduo que habite com o agressor.

Achamos de grande importância esta abordagem, pois traremos reflexões


relativas a responsabilidade criminal atribuída aos autores destes actos e
assim esclarecer todas as dúvidas sobre o assunto.

Pretendemos com esta abordagem contribuir para a sensibilização e


consciencialização social sobre fenómeno, pois é um problema presente em
todas as sociedade, fazendo com que o mundo globalizado conteste-se
constantemente sobre soluções justas e efectivas.

Objectivo do Trabalho:

Geral:

 Estudar a responsabilidade criminal dos agentes por crimes de


violência doméstica no contexto conjugal em Angola.

Específicos:

 Abordar a violência física enquanto manifestação da violência


doméstica no contexto conjugal em Angola.
 Analisar as consequências que possam advir da ocorrência deste acto
no contexto conjugal em Angola.
 Perceber a aplicabilidade prática da Lei N.º 25/11, de 14 de Julho,
vulgo Lei Contra a Violência Doméstica, nos casos de violência física
no contexto conjugal.

Justificativa:

Em consequência dos casos de violência ocorridos dentro dos lares,


maioritariamente entre cônjuges e das dúvidas levantadas pela sociedade
em relação a responsabilização destes actos, achamos por bem desenvolver
este tema, com o intuíto de elucidar a comunidade jurídica e a sociedade em
geral sobre o assunto para que, além de percebemos o porquê da ocorrência
destes actos, possamos entender a dinâmica da aplicabilidade da lei para o
efeito, a Lei contra a Violência Doméstica.

É do conhecimento de todos nós que a violência doméstica é um problema


de saúde pública, pois é um assunto que tem assumido, a nível mundial
proporções elevadas. A cada dia que passa os índices só têm aumentado e
programas televisivos, em especial o Fala Angola, têm relatado
constantemente casos dessa natureza, em especial a violência exercida
contra as mulheres, o que faz-nos levantar diversas perguntas em relação a
este fenómeno, tido como grande problemática que assola as sociedades
nos dias de hoje.
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A responsabilização destes casos é ainda mais questionável, logo, por que


não falar disso! Fazemo-lo no sentido de complementar os diversos estudos
já existentes sobre o assunto, e claro, esclarecer a população sobre o
mesmo, pois acreditamos ser o principal destinatário desta abordagem.

E por que referenciarmo-nos apenas à violência física?


Fazemo-lo por se tratar da manifestação mais comum da violência
doméstica, e com o intuíto de descobrir o seu enraizamento para que assim
possamos entendê-la e consequentemente minorá-la.

É costume associarmos a violência doméstica, especialmente no contexto


conjugal, à violência contra a mulher, pois é neste contexto que a
desigualdade entre homem e mulher é mais acentuada, transformando esta
última no elemento mais fraco e vulnerável no seio do casal, mas é
importante realçar que, embora raramente, os homens também são vítimas
de violência, mas atendendo ao estigma social, dificilmente são divulgados.

A violência doméstica exercida neste contexto não tem os seus efeitos


repercutidos somente nos cônjuges, os familiares também os sentem, pois é
um facto que não os afecta isoladamente, a afectação é estendida aos
familiares e principalmente aos filhos, se existirem.

O crime de violência doméstica, nas suas variadas manifestações, é tutelado


pela Lei Contra A Violência Doméstica, e subsidiariamente pelo Código
Penal.

Problema:

Assim, ao iniciarmos as investigações em torno do tema levantamos a


seguinte questão:

 Será a Lei N.º 25/11, de 14 de Julho, no contexto actual,


mecanismo suficiente para a tutela dos casos de violência
doméstica física no contexto conjugal em Angola?

Formulação de Hipótese:

Para responder à questão foram necessárias pesquisas bibliográficas


profundas que fizeram-nos formular a seguinte hipótese:

 A lei em questão data desde 2011, e desde então os índices de


violência doméstica, especialmente a física, maioritariamente contra
as mulheres, só têm aumentado, causando a percepção de que a Lei
Contra a Violência Doméstica não tem alcançado os efeitos
pretendidos, por isso consideramo-la insuficiente para a tutela dos
casos de violência conjugal no contexto em que nos encontramos
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actualmente.
É necessário que se faça uma reflexão em torno de alguns aspectos
tidos como pontuais na lei para que sejam adequados à realidade
actual, e também entendemos que o agravamento das penas aos
infractores seja uma questão que deve ser levada em conta para a
redução dos casos violentos registados nos últimos tempos.
Achamos que a revisão e consequente alteração da Lei Contra a
Violência Doméstica são urgentes.

Fundamentação Teórica:

A palavra violência deriva do latim violentia que remete a vis e significa


carácter violento ou bravio, força, vigor, potência, emprego de força física.
Significa também quantidade, abundância, essência e força em acção. Para
Michaud (1998), a etmologia do termo evidencia a ideia de uma força não
qualificada que se torna violência apenas quando passa da medida, quando
perturba uma ordem, quando rompe acordos e regras que ordenam relações.

A violência foi definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002)


como o uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou
efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que
ocasiona ou tem grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano
psíquico, alterações do desenvolvimento ou privações.

A violência doméstica é um padrão de comportamento que envolve violência


ou outro tipo de abuso por parte de uma pessoa contra outra num contexto
doméstico, como no caso de um casamento ou união de facto, ou contra
crianças ou idosos.

Autores há que a definem como qualquer forma de violência praticada dentro


do contexto familiar, seja ela física, sexual, psicológica, moral ou patrimonial.

O art.3.º da Lei Contra a Violência Doméstica define-a como toda a acção ou


omissão que cause lesão ou deformação física e dano psicológico temporário
ou permanente que atente contra a pessoa humana âmbito das relações
prevista no art.2.º da mesma lei.

Quando é perpetrada por um cônjuge ou parceiro íntimo numa relação de


intimidade, ainda é denominada violência doméstica, mas em outros
contextos sociais é conhecida como violência conjugal.

Esta última é definida, pela Organização Mundia da Saúde como a violência


praticada entre parceiros íntimos ou ex-parceiros, podendo englobar abusos
psicológicos ou emocionais, abusos físicos, abusos sexuais e perseguição ou
comportamento controlador.

A violência doméstica pode assumir diversos tipos, incluindo abusos físicos,


verbais, emocionais, económicos, religiosos, reprodutivos e sexuais. Estes
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abusos podem assumir desde formas subtis e coercivas até violação


conjugal e abusos físicos violentos como sufocação, espancamento,
mutilação genital feminina e ataques com ácido que provoquem desfiguração
ou morte. Os homicídios domésticos incluem o apedrejamento, imolação de
noivas, morte por dote e crimes de honra.

Para alguns autores, esta traduz-se no comportamento resultante,


geralmente, do desejo do marido em ter relações sexuais com a esposa
contra a sua vontade, usando para isso a violência para realizar o seu
intento. Este comportamento é mais vulgar do que se pensa, podendo até
atingir números mais elevados do que os casos em que a mulher é violada
por estranhos ou conhecidos.

Apesar de homens e mulheres poderem ser responsáveis por actos


violentos, as evidências estatísticas apontam para o facto de existir uma
maior incidência de violência sobre as mulheres, sendo a maioria dos
agressores homens e a maioria das vítimas mulheres, as quais possuem um
maior risco de vitimação no seio do casal.

A violência física traduz-se na conduta que ofenda a conduta ou saúde


corporal de um indivíduo. Traduz-se na manifestação mais comum de
violência doméstica.

A palavra Responsabilidade deriva do latim respondere, que significa


responder ou prometer em troca. É definida como o dever jurídico de
responder pela acção delituosa que recai sobre o agente imputável.

Autores há que a definem como a obrigação de uma pessoa singular se


sujeitar à pena, que decorrer expressamente da respectiva condenação
judicial, pela prática de um crime que se encontre consagrado na Lei Criminal
ou Penal.

O Código Penal Angolano estatui no art.27.º que esta consiste na obrigação


de reparar o dano causado na ordem moral da sociedade, cumprindo a pena
estabelecida na lei e aplicada por tribunal competente.

A Culpabilidade, segundo o Prof. Douglas Vargas, é o juízo de reprovação


dos actos do agente . avalia-se portanto, se de acordo com as circunstâncias
que envolveram os factos , a conduta do agente é ou não reprovável. Esta
compõe o conceito analítico de crime, também é objecto de inúmeros
estudos e teorias.

O Professor Orlando Rodrigues atribui-lhe um conceito normativo dizendo


que esta atende a formação da vontade do agente e se interroga sobre a
possibilidade da sua censura, a única que coloca a relação facto-agente num
plano onde já é possível valorar (normativamente) a atitude pessoal daquele.
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CRONOGRAMA:

Ano 2019/2020
Nov Fev
Mês Set. Out. Dez. Jan.
. .
Preparação da pesquisa X
Planeamento

Escolha do tema X
Formulação do
X
problema e objectivos
Determinação da
X
metodologia
de dados
Recolha

Pesquisa bibliográfica X X X X
Ficheiros bibliográficos e
X X X X
de leitura
Elaboração do plano
Análise

X X
definitivo
Revisão geral da
X
documentação
Redacção provisória X

Bibliografia:

ALVES, Cláudia, Violência Doméstica Coimbra, 2015.

CARVALHO José Eduardo. Metodologia do Trabalho Científico,


Saber-fazer da investigação para dissertação e teses. 2ªedição
Escolar Editora. Lisboa. 2009.

CAPARICA, Charneca, Violência Conjugal, Universidade Autónoma


de Lisboa, Departamento de Direito, Lisboa, 2013.

Dicionário Verbo. Língua Portuguesa. Editora Verbo. 2006.

FIGUEIREDO Dias, Jorge de, Direito Penal, parte geral, Tomo I,


Coimbra editora, 2007.

LOURENÇO, Nelson e Lisboa Manuel Violência contra as Mulheres


Lisboa 1997.

MACHADO, Carla et ali Violência e Vitimas de Crimes Coimbra


Quarteto 2003.

PEREIRA, Maria Margarida Silva, “Direito Penal II. Os homicídios


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AAFDL, Lisboa, 2008

SARMENTO, Manuela, Guia prático sobre metodologia científica, 3ª


Edição, Universidade Lusíada Editora, Lisboa 2013

World Health Organization,Umderstending and adressing violence


against woman,2012.

Legislações Consultadas

Constituição da República de Angola, de 2010

Código Penal Angolano

Lei n.º 25/11, de 14 de Julho – Lei Contra a Violência Doméstica.

Luanda, aos 07 de Janeiro de 2019

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Assinatura do Estudante

Projecto Aprovado.

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Assinatura do Professor Orientador(a)
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UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA


FACULDADE DE DIREITO

CONVITE PARA ORIENTAÇÃO


E
TERMO DE COMPROMISSO DE ORIENTAÇÃO

Convite para Orientação

Por meio deste documento o estudante nº. 19278 de nome Naira Valércia Dinis Sebastião

Convida o Professor Domingos Feca,


Para orientar a sua monografia com o tema: A Responsabilidade Criminal dos agentes por
crimes de violência doméstica no âmbito conjugal em Angola.
Luanda, aos 07 de Janeiro de 2020

Luanda, aos 07 de Janeiro de 2020

A Estudante

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Termo de Compromisso de Orientação

Confirmo e aceito o convite com o compromisso de ORIENTAR o referido estudante na


realização do seu trabalho de Fim de Curso e de cumprir com as normas estabelecidas no
regulamento para Elaboração do Trabalho de Fim de Curso.

Luanda, aos07 de Dezembro de 2020

O (A) Professor (a) Orientador (a)

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