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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE SÃO CAETANO/PE.

Autos nº: (...)

Luiz Augusto (...), já qualificado devidamente nos autos em epígrafe, por meio de
seu advogado subscrito em anexo, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência apresentar, com fulcro no art.1022, inciso II e seguintes do NCPC/15,
propor:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Em virtude da sentença das fls. (...), referente à ação movida contra o prefeito de
São Caetano/PE por motivos que serão apresentados a seguir.

1- SINTESES DOS FATOS

Trata-se de ação popular interposta pelo embargante, em face do


prefeito do município de São Caetano.

Ocorre que o embargante, ficou inconformado com uma decisão do


prefeito de sua cidade, o qual, por meio de um decreto (Decreto Municipal nº
01/2019), o Prefeito Jacinto Jacaré transferiu a cobrança do serviço de
estacionamento em locais públicos, denominado “Zona Azul”, para uma associação
de comerciantes locais (ACSC-PE), cujo presidente, Senhor Sombra, é seu amigo e
principal colaborador de sua campanha eleitoral.

O prefeito Jacinto, transferiu o serviço sem que fosse realizada a


devida licitação, modalidade imposta aos entes públicos para realizar a denominada
concessão de serviços públicos.

O embargante pleiteou a devida Ação popular, com a finalidade de


anular a transferência indevida do serviço público para essa associação, em razão
do descumprimento de mandamentos constitucionais que exigem a realização de
licitação para a concessão de serviços públicos e da imoralidade da medida de
beneficiar os seus conhecidos.

A Ação Popular foi julgada improcedente pelo juiz de primeiro grau.


Em razão disso, foi interposto o Recurso de Apelação ao Tribunal de Justiça de
Pernambuco. O recurso foi conhecido e provido, contudo, o Tribunal anulou o
Decreto nº 01/2019 como foi requerido, porém, nada decidiu sobre a devolução de
todo o dinheiro recebido durante o período em que ele esteve vigente, nem mesmo
enfrentando a questão no corpo do Acordão.

2- DAS RAZÕES DO RECURSO

Conforme o art. 1022, II do código de processo civil, caberá


embargos de declaração contra decisão proferida pelo juiz, o objetivo é de sanar a
Omissão existente em tal demanda judicial.

Pois compete ao julgador determinar uma decisão, e quando esta


fica Omissa caberá tal ação, para que seja preenchida a lacuna em questão.

3- DA TEMPESTIVIDADE
O prazo para apresentar os Embargos é de 5 (cinco) dias conforme
o art. 1023 do NCPC/15, onde diz: os embargos serão opostos, no prazo de 5
(cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade,
contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.

Os embargantes foram intimados, de forma que esta propondo os


embargos em tempo oportuno.

4- DO DIREITO

Como é cediço em Direito, para alcançar o fim a que se destina, é


necessário que a tutela jurisdicional seja prestada de forma clara e completa, sem
obscuridade, omissão ou contradição, através do artigo 489 do Código de Processo
Civil:

“Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


(...)
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e
de direito;
(...)
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

O dispositivo retromencionado configura-se de tamanho apreço pelo


sistema jurídico que é, no novo Código Processual Civil, embasamento para o
chamado “Princípio da Motivação das Decisões”. Segundo Neves (2017), na
“exteriorização das razões de seu decidir, com a demonstração concreta do
raciocínio fático e jurídico que desenvolveu para chegar às conclusões contidas na
decisão”.

Ainda, o próprio CPC reforça a magnânima importância do presente


princípio ao dispor expressamente que o juiz deve se ater à expressão da
fundamentação judicial de forma clara e precisa.

“Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-


la estável, íntegra e coerente.
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e
no art. 489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste artigo”.

A jurisprudência cível já teve a oportunidade do confronto das


questões de sentenças sem fundamentação, posicionando-se majoritariamente no
sentido de que a sentença nesse âmbito deve ser modificada.

Neste sentido, temos decisão recente do Superior Tribunal de


Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM


AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. ACOLHIMENTO.
1. A existência de omissão no acórdão embargado conduz ao
acolhimento da pretensão.
2. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes.
(STJ - EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp: 875139 MG
2016/0053672-0, Relatora: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de
Julgamento: 19/10/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 31/10/2017)

Desta forma, por meio desta exposição, demonstra-se que, ainda


tendo uma sentença favorável para a parte autora, devido à falta de um dos
elementos essenciais durante a sua prolação, o direito da mesma encontra-se em
risco.

Para sanar o referido vício, a doutrina aduz que cabe embargos


declaratórios em caso de sentença omissa. Segundo o diploma processual civil:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
decisão judicial para: (…)
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.
Portanto, estando clara a omissão, com fulcro no art. 1.022, II, do
Código de Processo Civil, os embargos declaratórios configuram-se
como meio eficaz e necessário para a garantia do direito líquido e
certo da parte autora.

5- DOS PEDIDOS

Diante das narrativas requer:

a) Que o embargo de declaração seja acolhido e que a Omissão da


sentença da fls. (...) seja sanada em relação à devolução de todo o dinheiro recebido
durante o período em que ele esteve vigente.

b) Que seja julgada procedente esta ação, conforme o art. 1024 do


NCPC/15, onde o juiz julgara o Embargo em 05 (cinco) dias.

c) Que seja intimado o Embargado, conforme o § 2º do art.


1023,caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.

Nestes Termos, pede deferimento.

São Caetano/PE, (...), (...), (...).

ADVOGADO

OAB (...)

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