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SISTEMAS DE PRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Os aspectos de sistemas de manufactura, ou sistemas de produção, são mais importantes


actualmente do jamais foram. A palavra “manufactura” tem a sua origem em duas
palavras latinas, manus ( mão ) e factus (fazer ), e a combinação de ambas significa “
fazer com as mãos”. Era assim que se realizava a produção quando a palavra surgiu na
língua inglesa por volta de 1567: os produtos comerciais dessa época eram produzidos
com as mãos. Os métodos era artesenais, realizados em pequenas lojas, e os produtos
eram relativamente simples se comparados com os padrões actuais. Com o passar do
tempo, fábrixas foram criadas, com muitos trabalhadores em um só local, e as técnicas
artesenais de trabalho deram lugar às máquinas. Os produtos tornaram-se mais
complexos, assim como os processos. Os trabalhadores precisaram se especializar em
suas tarefas e, em vez de supervisionar a produção completa, eles passaram a ser
responsáveis somente por parte do trabalho. Um planejamento mais apurado e uma maior
coordenação eram necessários para que se pudesse controlar o progresso nas fábricas. Os
sistemas de produção, que contam com diversas tarefas separadas, embora relacionadas,
estavam em fase de evolução.

Hoje, os sistemas de produção são indispensáveis. Os modernos empreendimentos de


manufactura que os gerenciam devem considerar as realidades económicas do mundo
moderno. Tais realidades incluem:

Globalização. os países subdesenvolvidos como a China, a Índia e o México- estão se


tornando peças importantes no jogo da produção devido ao alto índice populacional e à
mão de obra barata que possuem. Outras regiões do mundo com mão de obra barata
incluem a América Latina, o Leste Europeu e o Sudeste Asiático, regiões que s tornaram
importantes fornecedores de produtos manufacturados;

Expectativas de qualidade. Tanto os consumidores como os clientes corporativos,


exigem que os produtos adquiridos sejam de alta qualidade. A expectativa é que a
qualidade seja perfeita;

Necessidade de eficiência operacional. Para se ser bem-sucedidos, os produtores devem


ser eficientes em suas operações de modo a superar a vantagem em relação aos custos de
produção;
Os produtores podem competir de forma bem-sucedida, recorrendo à abordagens e
tecnologias que incluem:

Automação. O uso de equipamentos automatizados compensa a desvantagem com os


custos da mão de obra. A automação reduz a quantidade de ciclos de produção e aumenta
a qualidade e a consistência do produto;

Tecnologia de manuseio dos materiais. A produção normalmente envolve uma sequência


de actividades realizadas em diferentes locais da fábrica. O objecto a ser trabalho deve ser
transportado, armazenado e rastreado à medida que se movimenta pela fábrica;

Sistemas de produção. Envolvem a integração e a coordenação de múltiplas estações de


trabalho automatizadas por meio do uso de tecnologias de gerenciamento de materiais
que visam alcançar um efeito colaborativo se comparado à operação independente das
estações de trabalho individaduais. Os exemplos incluem linhas de produção, células de
manufactura e sistemas automatizadas de montagem;

Manufactura flexível. A maior parte da terceirização para os concorrentes internacionais


como a China e o México, tem envolvido a produção de um alto volume de produtos de
consumo. A flexibilidade na produção permite que os produtores possam competir de
forma efectiva na categoria baixo volume/alta diversidade de produtos;

Programas de qualidade. Os produtores devem empregar técnicas como o controle


estatístico da qualidade e Seis Sgma de forma a alcançar os altos níveis de qualidade
esperados pelos consumidores;

Manufactura itegrada por computador ( computer integrated Manufacturing). As


tecnologias incluem o projecto auxiliado por computador ( computer-aided design -
CAD ) , a manufactura auxiliada por computador (computer-aided manufacturing - CAM
) e redes de computadores para integrar as operações de produção e logística;

Produção enxuta. Realizar um número maior de trabalho com um número menor de


recursos é o objectivo geral da produção enxuta, que envolve técnicas de aumento da
produtividade no trabalho e da eficiência operancional.

1.1. SISTEMAS DE PRODUÇÃO


Um sistema de produção é um conjunto de pessosas, equipamentos e procedimentos
organizados para realizar as operações de produção de uma empresa ( ou outra
organização). Os sistemas de produção podem ser divididos em duas categorias ou níveis,
conforme indicado na Fig.1.1.

1. Instalações. As instalações do sistema de produção incluem a fábrica, os equipametos


instalados e a forma como estão organizados;
2. Sistemas de apoio à produção. É o conjunto de procedimentos utilizados pela
empresa no gerenciamento da produção e na soluç-ao de problemas técnicos e
logísticos encontrados na encomenda de materiais, na movimentação de trabalho pela
fábrica e na garantia de que os produtos atenderão aos requisitos de qualidade. O
projecto de produtos e determinadas funções de negócios estão incluídos nos sistemas
de apoio à produção.

Figura 1.1- Composição do sistema de produção

1.1.1. Instalações

Nos sistemas de produção, as instalações representam as fábricas, as máquinas e as


ferramentas, o equipamento para o tratamento de materiais, os equipamentos de inspeção
e os sistemas computerizados que controlam as operações de produção. As intalações
incluem também o layout da fábrica, que se refere à organização física dos
equipamentos.Os equipamentos estão organizados em grupos lógicos e esse arranjo e aos
trabalhadores que trabalham nesse arranjo é referido como sistema de produção na
fábrica. Os sistemas de produção podem ser células individuais de trabalho, compostas
por uma única máquina de produção e um único operário responsável. É mais comum
que se pense em um sistema de produção como grupos de máquinas e trabalhadores, por
exemplo, uma linha de produção. Os sistemas de produção entram em contacto físico
directo com as peças e/ou montagens sendo feitas. Eles “tocam” o produto. Em termos da
participação humana no processo executado pelos sistemas de produção, três categorias
básicas podem ser listadas, conforme mostra a Fig.1.2: (a )- sistemas de trabalho manual;
(b ) – Sistemas de trabalhador-máquina; ( c ) – Sistemas automatizados

Figura1.2- Categorias de sistemas de produção: (a)-sistema de trabalho manual; (b)-


sistema trabalhador-máquina; (c)- Sistemas automatizados

Sistemas de trabalho manual. São formados por um ou mais trabalhadores que


executam uma ou mais tarefas sem ajuda de ferramentas motorizadas. Tarefas que
envolvem o trabalho manualcom materiais são actividades comuns nesses sistemas. As
tarefas de produção costumam demandar o uso de ferramentas manuais, que são
pequenas ferramentas operadas manualmente por meio da força e da destreza de um ser
humano. Quando são utilizadas, normalmente recorre-se à um mandril para segurar a
parte manuseada e posicioná-la de maneira segura durante o seu processamento.
Exemplos de actividades de produção que envolvem o trabalho com ferramentas manuais
incluem:

 Um mecânico utilizando uma lixa para arredondar as pontas de uma peça


rectangular que acabou de ser polida;
 Um inspectror de qualidade utilizando um micrômetro para medir o diâmetro de
um eixo;
 Um trabalhador responsável por manusear um carrinho que movimenta caixas em
um depósito;
 Uma equipe de montadores trabalhando em uma peça de máquina e utilizando
ferramentas manuais.

Sistemas trabalhador-máquina.Nesses tipos de sistemas, um trabalhador humano


opera um equipamento motorizado, tal como uma máquina-ferramenta ou outra
máquina de produção. Esse é um dos sistemas de produção mais utilizados, e inclui
combinações de um ou mais tarbalhadores e um ou mais equipamentos. Trabalhadores
e máquinas se combinam de modo a tirar vantagem de seus pontos fortes e de seus
atributos, listados na Tabela 1.1. Exemplos de sistemas trabalhador-máquina incluem:

 Um trabalhador operando um torno mecânico numa oficina para produzir parte


de um produto encomendado;
 Um montador e um robot industrial trabalhando juntos em uma célula de
trabalho de soldadura por arco eléctrico;
 Uma equipe de trabalhadores operando um laminador que converte placas
quentes de alumínio em discos planos;
 Uma linha de produçãona qual as unidades de trabalho são movidas por um
transportador mecânico e os trabalhadores de certas estações utilizam
ferramentas mecânicas para realizar suas tarefas de montagem;

Sistemas automatizados. São aqueles nos quais um processo é executado por uma
máquina sem participação sem participação directa de um trabalhador humano. A
automação é implementada por meio de um programa de instruções combinado a um
programa de controle que executa as instruções. É preciso energia para conduzir o
processo e operar o programa e o sistema de controle. Nem sempre existe distinção
clara entre os sistemas trabalhador-máquina ee os sistemas trabalhador-máquina e os
sistemas automatizados, pois muitos sistemas ntrabalhador-máquina operam com
certo grau de automação.

Tabela1- Pontos fortes e atributos relativos de humanos e máquinas

Pontos fortes relativos aos humanos Pontos fortes relativos ás máquinas


Percebem stímulos inesperados Executam tarefas repetetivas de forma
consiste
Desenvolvem novas soluções para Armazenam grandes volumes de dados
problemas
Lidam com problemas abstractos Recuperam dados da memóriade forma
confiável
Adaptam-se às mudanças Executam diversas tarefas simultaneamente
Generalizam a partir de observações Aplicam muita força e potência
Aprendem com experiência Executam cálculos simples com rapidez
Tomam decisões difíceis com base em Tomam decisões rotineiras rapidamente
dados incompletos

Deve distinguir-se dois níveis de automatização: semi-automatização e


automatização total. Uma máquina semi-automatizada executa parte do cíclo de
trabalho sob algum tipo controle de programa, e um trabalhador humano opera a
máquina durante a restante parte do cíclo, carregando-a e descarregando-a ou
executndo algum outro tipo de tarefa a cada ciclo. Uma máquina totalmente
automatizada difere da anterior por sua capacidade de operar por períodos mais
longos sem atenção humana. Períodos mais longos significam mais de um ciclo de
trabalho. Não é necessário que um trabalhador esteja presente em cada ciclo. Em vez
disso, pode ser que ele precise de ir até a máquina a cada dez ou cem ciclos. Um
exemplo desse tipo de operação é encontrado em muitas fábricas de moldagem por
injeção, nas quais as injectoras funcionam em ciclos automáticos, mas que precisam
que as peças fabricadas sejam periodicamente colectadas por um trabalhador.

Em determinados processos totalmente automatizados, um ou mais trabalhadores


devem estar presentes para monitorar continuamente a operação e certificar-se de que
a máquina opera conforme as especificaçoes. Exemplos desses tipos de processos
automatizados incluem complexos processos químicos, refinarias de petróleo e usinas
nucleares.Os trabalhadores não participam activamente no processo, excepto para
fazer ajustes ocasionais nas configurações dos equipamentos, executar manutenções
períodicas e entrar em acção quando algo dá errado

Figura 1.3- Ciclo de processamento da informação em uma empresa de produção


típica

1.1.2. Sistemas de apoio à produção

Para operar de forma eficiente as instalações de produção, a empresa deve se organizar


para projectar os processos e os equipamentos, planejar e controlar as encomendas a ser
produzidas e atender aos requisitos de qualidade do produto. Essas funções são
alcançadas com sistemas de apoio à produção- pessoas e procedimentos através dos quais
uma empresa gerencia suas operações de produção.

A maior parte desses sistemas de apoio não entra em contacto com o produto, mas planeja
e controla seu progresso pela fábrica.
O apoio à produção envolve um ciclo de actividades de processamento de informação,
conforme ilustra a Fig.1.3. As intalações do sistema de produção supra citadas estão no
centro da figura. O ciclo de processamento da informação pode ser descrito por quatro
funções: (1) funções de negócio; (2) projecto do produto; (3) planejamento da produção;
(4) controle da produção

Funções de negócio. Essas funções são o principal meio de comunicação com o cliente.
Representam, portanto, o início e o fim do ciclo de processamento de informações;
incluído nessa categoria estão vendas e marketing, previsão de vendas, registo do pedido,
contabilidade de custos e cobrança ao cliente.

O pedido para a produção de um produto costuma partir de um cliente e seguir para a


empresa por meio do departamento de vendas e marketing. A ordem de produção será
apresentada em uma das seguintes formas: (1) um pedido para a produção de um item
segundo especificações do cliente; (2) um pedido do cliente para comprar um ou mais
produtos propriedade do fabricante; (3) uma ordem de compra interna da empresa com
base numa previsão de demanda futura por um produto.

Projecto do produto. Se o produto precisar de ser fabricado segundo o projecto do


cliente, o planejamento será fornecido pelo cliente e o departamento de projectos do
fornecedor não estará envolvido. Se o produto tiver de ser produzido segundo as
epecificações do cliente, o departamento de projectos do fabricante pode ser contractado
para realizar a tarefa de planejamento do produto e sua posterior produção. Se o produto
for propriedade do fabricante, a empresa produtora é responsável pelo seu
desenvolvimento e projecto. O ciclo de eventos que inicia o projecto de um novo produto
sempre começa no departamento de vendas e marketing, e a informação flui conforme
indicado na Fig.1.3. Os departamentosda empresa organizados de forma a executar o
projecto do produto podem envolver pesquisa e desenvolvimento, engenharia de
projectose, talvez, uma oficina de protótipos.

Planejamento da produção. A documentação e as informações que compõem o projecto


do produto seguem para a função de planejamento da produção. As informações de
processamnto da informação dessa fase incluem o planejamento do processo, do plano-
mestre, dos requisitos do projecto e do planejamento da capacidade.
O planejamento do processo consiste na determinação da sequência individual e das
operações de montagem necessárias à produção de cada peça. Os departamentos de
engenharia de produção e de engenharia industrial são responsáveis pelo planejamento
dos processos e dos detalhes técnicos relacionados. O planejamento da manufactura inclui
questões de logística, comumente conhecidas como planejamento da produção. A
autorização para produzir o produto deve estar relacionada com o plano-mestre de
produção ( master production schedule- MPS), que é uma lista de produtos a ser
produzidos, as datas nas quais devem ser entregues e as quantidades de cada produto.
Nesse cronograma, normalmente meses são utilizados na representação das entregas . É
com base nesse cronograma que devem ser planeados os componentes individuais e a
montagem dos sub-conjuntos que compõe cada produto. As matérias primas devem ser
adquiridas e armazenadas, as peças e sub-conjuntos devem ser pedidos aos fornecedores e
todos esses itens devem ser planificados de modo a estarem disponíveis quando
necessários. Toda essa tarefa é denominada planificação das necessidades em materiais.
Fora isso, o plano-mestre não deve listar quantidades d produtos mais altas do que a
capacidade de produção da fábrica a cada mês, segundo o número de máquinas e sua
força de trabalho.Uma função denominada planificação da capacidade preocupa-se com
a planificação da força de trabalho e dos recursos de máquinas da empresa.

Controle da produção. Essa fase preocupa-se com o geranciamento e o controle das


operações físicas realizadas na fábrica com vistas à execução do plano de produção. O
fluxo de informações vai do planejamento para o controle como ilustra a Fig.1.3. A
informação também flui entre o controle da produção e as operações da fábrica nos dois
sentidos. Incluídos na função de controle da produção estão o controle da produção do
chão da fábrica e o controle de stocks e da qualidade.

O controle do chão da fábrica lida com o problema do monitoramento do progresso do


produto sendo processado, montado, movimentado e inspecionado na fábrica. Esse
controle preocupa-se com o stock no sentido de que os materiais sendo processados na
fábrica representam o stock de materiais em processo. Assim sendo, o chão da fábrica e o
controle de stock de certa forma se sobrepõem.

O controle de stock tenta manter um balanço adequado entre o risco de um stock muito
baixo ( com possibilidade de rotura de material ) e os custos de manutenção de um stock
muito alto. Esse controle lida com questões como a decisão sobre a quantidade certa de
materiais a ser pedidos e quando solicitar novamente um determinadoitem com stock
baixo.

A função de controle de qualidade serve para garantir que a qualidade do produto e seus
componentes atendamaos padrões especificados pelo projetista do produto. Para cumprir
a sua missão, o controle de qualidade depende das actividades de inspecção realizadas na
fábrica em diversos momentos da produção do produto. Além disso, matériais primas e
componentes fornecidos por terceiros podem, algumas vezes, ser inspeccionados quando
recebidos, e a inspecção e o teste finais do produto acabado são realizados de modo a
garantir a qualidade funcional e a aparência.

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