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30/11/2018 - 10:59
Atualizado:
03/07/2019 - 11:00
Temos vindo a assistir a uma sucessão de artigos na imprensa, de grupos
em redes sociais e de discussões em canais de televisão sobre a dieta paleo,
a sua implicação na saúde e no bem-estar das pessoas. Neste artigo saiba
tudo sobre este modo de vida.
Robb Wolf, um dos maiores seguidores da dieta Paleolítica, relembra que, considerando o
tempo total da existência humana, 99,5% desse tempo equivale aos anos em que
adotámos uma alimentação paleolítica, enquanto que o tempo que vivemos depois da
revolução industrial constitui apenas 0,5%.
Isto quer dizer que o corpo humano está muito bem-adaptado à alimentação do
paleolítico, não tendo tido ainda tempo para se adaptar à revolução agrícola, que é muito
recente em termos evolutivos.
A agricultura pode ter mudado a nossa dieta e estilo de vida, mas ainda não mudou a
nossa genética.
De facto, o Homem das Cavernas que viveu há mais de 300 gerações era geneticamente
muito semelhante ao Homem atual. O ADN de ambos é praticamente igual e as enzimas
digestivas são as mesmas.
Para muitos cientistas, o alto rácio sódio/potássio existente nos alimentos processados,
enlatados, pão, charcutaria e alimentos industrializados é o responsável pela incidência de
numerosas doenças.
Inflamação crónica
Múltiplos cancros
Doenças autoimunes
Doenças cardiovasculares
Nunca a medicina evoluiu tanto como no séc. XX, em consequência do estado de doença
cada vez mais generalizado do género humano, mas a atual abordagem na doença
cronica não está a reduzir a incidência e mortalidade. Os nossos hospitais não têm cada
vez mais doentes. Será que o caminho deve ser o mesmo seguido nos últimos anos, cujo
objetivo é reduzir os sinais e sintomas? Não deveríamos focar na prevenção, identificação
e eliminação da causa das doenças crónicas? Porque continua a aumentar a fatura do
Serviço Nacional de Saúde?
A dieta Paleo é a solução correta para alterar esta situação, já que permite reduzir a
incidência de doenças crónicas e outras que aparecem de forma avassaladora nas
sociedades modernas. Permite um emagrecimento rápido e saudável, a redução de
glicemia e níveis de insulina, e a redução de riscos de doenças cardíacas e doenças
crónicas. Cada vez mais, a dieta Paleo se assume como uma dieta com um enorme
poder curativo.
Mas esta dieta não é, nem pode ser, igual para todos. Cada pessoa tem necessidades
orgânicas próprias e muito específicas e, por isso, deve adaptar a sua alimentação à sua
fisiologia.
Devem ser implementadas medidas que visem a redução do stress crónico, aumento da
exposição solar e exercício físico, melhorar a qualidade e quantidade de sono.
Suplemente-se, uma vez que os alimentos dos dias de hoje não contêm a mesma
concentração de nutrientes. Omega 3, probióticos, minerais e vitaminas do grupo B e
vitamina D são suplementos absolutamente essenciais.
Ph – Deve ser respeitado o equilíbrio ácido / base das refeições. Aos alimentos
acidificantes como a carne e peixe devemos adicionar uma generosa quantidade de
legumes e vegetais frescos, de preferência Bio, e crus ou cozidos a vapor.
Jejum - Respeitar algumas horas de jejum ou, em alternativa, jejuar 1 dia na semana.
Os seguidores da dieta Paleo devem, por isso, eliminar o consumo de sal e utilizar apenas
flor de sal, que é rico em todos os minerais e respeita o rácio K/ Na. Estudos mostram que
a alteração neste rácio pode estar na origem das doenças mais comuns da atualidade,
como:
Lácteos - O ser humano é o único mamífero que consome leite em adulto e com a
agravante de consumir leite de outra espécie. O homem só começou a beber leite há
10 mil anos, fenómeno recente considerando a historia da Humanidade. O início deste
consumo coincidiu com a alteração da vida nómada para sedentária, ou seja, quando
deixou de ser recolector e iniciou a atividade de agricultor. No entanto, o genoma humano
não mudou. Essa é uma mutação que demora milhares de anos. As profundas alterações
ambientais que ocorreram nos últimos 10 mil anos e que se iniciaram com a agricultura
são demasiado recentes, numa escala evolutiva, para que o genoma humano se tenha
adaptado. O consumo de leite tem sido, nos últimos anos, associado a doenças
cardiovasculares, síndrome metabólico, diabetes e osteoporose. Recentemente, os
cientistas identificaram o mecanismo pelo qual o leite de vaca pode estar também
relacionado com a inicialização e promoção de alguns tipos de cancro, como o da próstata.
É possível que o mesmo mecanismo esteja na base de outros cancros que dependam de
recetores hormonais.
Leguminosas – As leguminosas são alimentos que não fazem parte da lista defendida pela
maioria dos seguidores da dieta Paleo. No entanto, aparecem agora alguns estudos
contraditórios que mostram que, de acordo com a análise à placa dentária Neandertal,
estes homens primitivos comiam variedades selvagens de favas e ervilhas, o que põe em
causa a exclusão das leguminosas da lista dos alimentos permitidos. Recentemente,
alguns investigadores como Stephan Guyenet, defendem que o homem do Paleolítico se
alimentava também de leguminosas selvagens.
As leguminosas possuem substâncias consideradas anti alimentos, como a lectinas e o
ácido fítico (também conhecido como fitato), o que as torna potencialmente nocivas.
As lectinas são substâncias que não digerimos e que se acumulam nos intestinos,
podendo contribuir para a sua inflamação, eventual alteração da permeabilidade (Leaky
Gut) e alteração das respostas imunitárias relacionadas com a placa de Peyer, que
funciona como sensor do sistema imunitário no intestino.
No entanto, para a maioria das pessoas, a forma como são cozinhadas as leguminosas
pode neutralizar o seu efeito irritativo.
Estas lectinas existem também em algumas frutas, legumes, especiarias e outras plantas
comumente consumidas, incluindo cenouras, courgette, melão, uvas, cerejas, framboesas,
amoras, alho e cogumelos.
Por estas razões, sou adepta da introdução de leguminosas na dieta Paleo, com as
seguintes restrições: