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APOSTILA DO CURSO DE FORMAÇÃO

DE
PRIMEIROS SOCORROS AVANÇADO

SÃO PAULO
2020
19.687.051/000161
Centro de Treinamento Portal Bombeiro
Rua Adamastor, 46, Tatuapé – CEP: 03316-090 – São Paulo/ SP.
www.portalbombeiro.com.br
Apostila do Curso de Formação de Bombeiro Profissional Civil - Centro de Treinamento Portal Bombeiro

“Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é


um ato, mas um hábito.”
Aristóteles.
Apostila do Curso de Formação de Bombeiro Profissional Civil - Centro de Treinamento Portal Bombeiro
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SUMÁRIO

Avaliação Secundária; Emergências Clínicas. ........................................................................10


PCR; RCP; DEA. ........................................................................................................................23
Hemorragias; Choque; Colocação de Colar Cervical I. ..........................................................30
Traumas; Fraturas; Pessoas com Mobilidade Reduzida. .......................................................38
Movimentação, Remoção e Transporte de Vítimas. ...............................................................51
Triagem – Método START; Psicologia em Emergências. ......................................................58

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ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH)

DEFINIÇÃO:
Define-se por Atendimento Pré-Hospitalar (APH) como o atendimento emergencial
prestado em ambiente fora do hospital. De acordo com a legislação brasileira existem dois
tipos de Atendimento Pré Hospitalar, o Fixo e o Móvel.
O atendimento fixo é dividido em Unidades de Urgência e Emergência e Atenção
Primária à Saúde da Família e Unidades não Hospitalares de Atendimento às Urgências e
Emergências. A primeira modalidade de atendimento fixo acolhe ocorrências de baixa
gravidade e devem ser desempenhadas por todos om municípios brasileiros independente
de serem qualificadas ou não para a atenção básica ou atenção básica ampliada. Já a
segunda modalidade corresponde a unidades que funcionam 24 horas por dia e devem
estar habilitadas para receber ocorrências de baixa até alta complexidade, cada município
deve obrigatoriamente dispor de pelo menos uma unidade neste grau de atendimento
oferecendo suporte de emergência 24 horas.
O atendimento móvel também possui duas modalidades de atendimento. O
Atendimento Pré-Hospitalar Móvel Primário e o Atendimento Pré-Hospitalar Móvel
Secundário. A primeira modalidade é voltada para o atendimento de socorro solicitado por
um cidadão comum. E a segunda modalidade volta-se para as solicitações a partir de um
serviço de saúde, no qual o paciente já tenha recebido os primeiros atendimentos
necessários para a estabilização do quadro de urgência prestado, mas necessita de um
serviço que ofereça suporte em casos com maior complexidade para a continuidade do
tratamento.

BASE LEGAL EM APH:


O APH possui uma base legal ampla de definições, conceitos e diretrizes voltadas
para cada grupo de profissionais atuantes nesta área. Vejamos a seguir as fundamentações
legais principais voltadas ao atendimento pré-hospitalar:

CCB-008/600/14; Lei Estadual nº 15.180/13; NBR 14.608/ 07: todas são voltadas
diretamente aos Bombeiros Profissionais Civis, citam em seu conteúdo normas,
regulamentações e pré-requisitos de aprendizagem necessária para a atuação do Bombeiro
em casos de urgência e emergência pré-hospitalar.

American Heart Association (AHA): a Sociedade Americana do Coração é uma


organização universal sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos que estuda os
procedimentos adotados em atendimentos que envolvam problemas cardíacos no sentido
de reduzir as lesões e mortes ocasionadas por problemas cardiovasculares e Acidente
Vascular Cerebral (AVC). É a AHA quem publica normas e diretrizes aceitas mundialmente
para a providência de suporte básico e suporte avançado de vida, incluindo normas para a
correta execução de reanimação cardiopulmonar. Sua ultima publicação se deu em outubro
de 2015, anteriormente as atualizações de suas diretrizes eram realizadas a cada 5 anos,
contudo a ultima publicação alterou este prazo que se compromete a realizar atualizações
de acordo com as descobertas médico-científicas e de acordo com os avanços tecnológicos
voltados para o trato das doenças cardiovasculares e AVC.

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Portaria GM/MS n.º 2048/02: conforme o parágrafo primeiro do artigo de número 1; “O


Regulamento ora aprovado estabelece os princípios e diretrizes dos Sistemas Estaduais de
Urgência e Emergência, as normas e critérios de funcionamento, classificação e
cadastramento de serviços e envolve temas como a elaboração dos Planos Estaduais de
Atendimento às Urgências e Emergências, Regulação Médica das Urgências e
Emergências, atendimento pré-hospitalar, atendimento pré-hospitalar móvel, atendimento
hospitalar, transporte inter-hospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em
Urgências e proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos da
área;”. Fora outras providências voltadas diretamente ao APH.

NR – 32: é uma Norma Regulamentadora que estabelece as diretrizes básicas para a


implantação de medidas de proteção à segurança e à saúde de todos os trabalhadores que
lidam diretamente com serviços voltados à saúde e todas as ações de promoção,
recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade.
A norma recomenda para cada situação de risco a adoção de medidas preventivas e a
capacitação dos trabalhadores para o trabalho seguro.

Constituição Federal: Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - Art. 5º: “Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Da Saúde - Art. 196. A
saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”.

CÓDIGO PENAL: Art. 135: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único -
pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.”

IMPORTANTE:O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa


não possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já
descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro.

DIREITOS DA PESSOA ATENDIDA:


O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui o direito de recusar o
atendimento. No caso de adultos, esse direito é válido quando estiverem conscientes e com
clareza de pensamento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, como crenças religiosas ou
falta de confiança no prestador de socorro que for realizar o atendimento, por exemplo.
Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo
assim certificar-se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a
vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo.
Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trauma na
boca, por exemplo, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo

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uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-se


proceder da seguinte maneira:
 Não discuta com a vítima;
 Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças
religiosas;
 Não toque na vítima, isso poderá ser considerado como violação dos seus direitos;
 Converse com a vítima. Informe a ela que você possui treinamento em primeiros
socorros e que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está
pronto para auxiliá-la no que for necessário;
 Para caso de atendimento em crianças, a recusa do atendimento pode vir do pai, da
mãe ou do responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da
chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá se possível, alistar
testemunhas que comprovem o fato.
O atendimento á vítima só pode se concretizar em duas condições, sendo:
 Por consentimento formal: quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o
atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e informando a
vítima sobre suas qualificações para o atendimento;
 Por situação implícita: quando a vítima está inconsciente, confusa ou gravemente
ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento.

TERMOS USUAIS BÁSICOS E DEFINIÇÕES PROFISSIONAIS:

Primeiros Socorros:São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa, fora de ambiente


hospitalar, cujo estado físico, psíquico e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua
saúde, com o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de suas
condições, até que receba assistência médica especializada.
Prestador de socorro:Pessoa leiga, mas com o mínimo de conhecimento capaz de prestar
atendimento a uma vítima até a chegada do socorro especializado.
Socorrista:Titulação utilizada dentro de algumas instituições, sendo de caráter funcional ou
operacional, tais como: Corpo de Bombeiros, Cruz Vermelha Brasileira, Brigadas de
Incêndio, etc.
Manutenção da Vida:Ações desenvolvidas com o objetivo de garantir a vida da vítima,
sobrepondo à "qualidade de vida".
Qualidade de Vida:Ações desenvolvidas para reduzir as sequelas que possam surgir
durante e após o atendimento.
Urgência: Condição que indica gravidade, mas geralmente não perigosa. Estado que
necessita de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a
vítima é encontrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
Emergência: Condição potencialmente ameaçadora a vida ou à ação normal de um órgão
em estado grave, que necessita atendimento médico imediato com a mais alta prioridade.
Acidente: Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de
atendimento.
Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas
que pode oferecer risco futuro.
Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima.
Sintoma: É informação obtida a partir de um relato da vítima.

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OBSERVAÇÃO: constam no final desta apostila um glossário de abreviaturas e um


glossário de termos utilizados em emergências médicas.

AVALIAÇÃO DA CENA: SEGURANÇA NO LOCAL E BIOSSEGURANÇA

A avaliação da cena e o reconhecimento da situação são primordiais no APH, e


devem ser realizados pelo socorrista no momento de chegada ao local da emergência. O
reconhecimento é necessário para que o socorrista possa avaliar a situação inicial, decidir o
que fazer e como fazer. E a avaliação da cena é necessária para o reconhecimento de
possíveis riscos ao socorrista e a vítima.

AVALIAÇÃO DO LOCAL:
O socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os
seguintes aspectos:
 A situação;
 Potencial de risco;
 As medidas a serem adotadas;
 Adoção de medidas de proteção individual (EPI).

GERENCIAMENTO DOS RISCOS:


Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos presentes na cena e
acionar o serviço de emergência. O gerenciamento dos riscos consiste na avaliação
minuciosa por parte do socorrista em toda a cena de emergência, possibilitando eliminar ou
minimizar as situações de risco existentes.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI):


Durante o serviço de resgate o bombeiro civil está exposto a riscos de contato com
sangue ou secreção contaminada, de inalação de partículas de risco biológico e de
exposição a doenças transmitidas por contato. Durante o resgate o risco biológico maior é o
de contato com sangue, e durante o transporte de pacientes estáveis entre hospitais o risco
maior e o de contrair doenças por inalação ou por contato.
Os EPIs são equipamentos destinados à integridade física do socorrista durante a
realização de atividades onde possam existir riscos biológicos potenciais à sua pessoa. Para
o atendimento pré-hospitalar os EPIs obrigatórios são: óculos de proteção, máscara
cirúrgica, luvas de procedimento e avental.

SERVIÇOS DE ACIONAMENTO DE PRESTAÇÃO DE SOCORRO DE URGÊNCIA


E EMERGÊNCIA

Independente da ocorrência de urgência ou emergência, e dos conhecimentos


específicos do bombeiro civil para a prestação de socorro pré-hospitalar, é imprescindível
acionar os serviços de prestação de socorros de urgência e emergência, tendo em vista que
nem sempre o socorrista terá condições materiais para melhor atender as vítimas em
questão, ou até mesmo conhecimento suficiente dependendo da ocorrência em percurso.
É primordial que o bombeiro civil reconheça seu papel como socorrista e entenda
que não tem conhecimento médico para atuar em determinadas situações, por isso o
acionamento de socorro se faz tão importante.
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Para acionar os serviços de prestação de socorro de urgência e emergência o


bombeiro deve confirmar alguns dados principais ao atendente do serviço, são eles:
 Identificar-se;
 Identificar o local do acidente com ponto de referência;
 Especificar a natureza da ocorrência;
 Especificar o número de vítimas e idade aproximada;
 Especificar o grau de gravidade das vítimas;
 Indicar as ações já empregadas.

Os telefones úteis dos serviços de prestação de urgência e emergência são:

CORPO DE BOMBEIROS – 193:


As consequências da maioria dos acidentes domésticos ou na rua podem ser
amenizadas com o socorro imediato do Corpo de Bombeiros. O Disque Bombeiros atende a
incêndios, acidentes com animais, vazamentos de gás, produtos químicos e causas naturais
como alagamento e queimadas.

SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA – SAMU – 192:


O SAMU é o serviço médico brasileiro utilizado em caso de emergências
médicas. Para utilizá-lo, basta ligar para 192 e explicar o tipo de emergência para
acionar o serviço.

DEFESA CIVIL – 199:


A Defesa Civil é responsável em precaver, socorrer, assistir e ajudar na recuperação
da população em caso de desastres seja chuvas ou outras situações de risco. Para
denúncias e pedidos de auxílio, ligue 199.

AVALIAÇÃO INICIAL

A avaliação inicial consiste na abordagem da vítima e na cinemática da cena,


incluindo a observação do número de vítimas com necessidade de atendimento. O bombeiro
civil deve ser um bom observador na cena do acidente, deve extrair o máximo de
informações que a cena demonstra e deve complementar com a parte subjetiva de
perguntas aos que presenciaram a ocorrência desde o início. Podemos definir claramente
dois tipos de atendimento, sendo eles, o atendimento de vítimas de emergência clínicas e o
atendimento de vítimas de trauma, cada modalidade será estudada com maiores detalhes
mais adiante. A princípio vejamos o conjunto de ações a serem realizadas para a avaliação
inicial.
A avaliação inicial é a pedra fundamental para o melhor atendimento a vítima. A
primeira meta é determinar a situação atual da vítima. Desenvolve-se então uma impressão
geral, estabelecem-se valores básicos para os estados respiratórios, circulatório e
neurológico. Em seguida, são rapidamente encontradas e tratadas as condições que
ameaçam a vida. Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito
de minimizar o tempo gasto na cena. Não é possível permitir que vítimas graves
permaneçam no local do trauma para outro cuidado que não o de estabilização para o
transporte enquanto se aguarda pelo serviço de urgência e emergência.
O processo de avaliação inicial resume-se basicamente em:
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 Avaliação da cena;
 Eliminação de riscos;
 Mecanismos de lesão;
 Contagem de vítimas;
 Avaliação geral da vítima – presença de respiração e pulso;
 Solicitação de ajuda;
 Solicitação dos serviços de urgência e emergência;
 Avaliação primária da vítima;
 Avaliação secundária da vítima;
 Monitoramento e reavaliação.
Seguindo esses passos o bombeiro socorrista já terá suporte para iniciar seu
trabalho de atendimento pré-hospitalar.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA EM VÍTIMAS DE EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

A Avaliação Primária visa identificar e checar os sinais vitais da vítima, e tratar as


condições que o colocam em risco iminente de morte. Podemos conceituá-la como sendo
um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato, problemas que ameacem a
vida em curto prazo. Para a execução da avaliação primária em casos clínicos adotamos o
método mnemônico C-A-B. Vejamos:

C (circulation/ compressions): circulação/ compressões;


A (airway): vias aéreas;
B (breathing): respiração.

Passo 1 - SEGURANÇA DO LOCAL E AVALIAÇÃO DA RESPONSIVIDADE DA VÍTIMA:


 Verificar se o local encontra-se seguro, eliminando os riscos existentes ou tomando as
medidas de proteção contra os riscos que não podem ser imediatamente eliminados;
 Utilizar EPI adequado à situação;
 Chame a vítima estimulando-a com toque nos seus ombros (senhor ou senhora, você
está me ouvindo? você está bem?) ou se possível chame-a pelo nome.

Passo 2 - (C.A.B.) CIRCULAÇÃO / VIAS AÉREAS /RESPIRAÇÃO:


 Se a vítima estiver inconsciente e não respira, deve-se solicitar imediatamente um
Desfibrilador Esterno Automático (DEA), caso seja possível, imediatamente iniciar as
compressões torácicas e após a primeira sequência de compressões realize a
checagem do pulso carotídeo (no adulto) ou (braquial) nacriança.
 Se o pulso estiver ausente, deve-se retornar com a massagem cardíaca, até a
chegada do DEA, comunicando esta situação para a Central de Operações e
solicitando SUPORTEAVANÇADO;
 Se a vítima está inconsciente, não respira, mas tem pulso, trate como Parada
Respiratória com Pulso. Observe os movimentos do tórax, a vítima deve estar
respirando de forma normal como se estivessedormindo.
 Nos casos de respiração agônica (Gasping) tratar como ParadaCardiorrespiratória.
 Se a vítima está inconsciente e respira, mantenha a abertura das vias aéreas através
da extensão cervical e se possível aplique ventilação com vias aéreas avançada

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aplicando cânulaorofaríngea. Ministre oxigênio com fluxo de 10mg/l por minuto através
de máscara com reservatório para vítima com saturação de oxigênio desconhecida ou
se for menor que 94% e acione SUPORTEAVANÇADO;
 Inspecione visualmente a cavidade oral e em caso de objeto estranho e visível, retire-o
sem realizar busca cega. No caso de pacientes com prótese dentária, apenas retirar
as mesmas se estiverem soltas ou quebradas no interior daboca.
 Fazer aspiração caso haja secreções (vômito, sangue, fluídos corpóreos ou líquidos)
nas viasaéreas;

CONSIDERAÇÕES:
IDENTIFICAÇÃO E CHECAGEM DE PULSO: É a
identificação da presença de pulso e verificação da
quantidade dos batimentos cardíacos, por intermédio
da onda produzida nas artérias (dilatação e
contração das paredes) com a passagem de sangue.
Para a verificação do pulso, nas avaliações de
atendimento rápido, recomenda-se sempre a
verificação das artérias palpáveis mais calibrosas e
próximas ao coração, neste caso para uma
verificação rápida e com maior segurança cheque o
pulso carotídeo. O número considerado normal de
pulsações em um adulto varia de 60 a 80 batimentos
por minuto. O socorrista não deve levar mais do que
10 segundos para a identificação de pulso na vítima.

IDENTIFICAÇÃO DE RESPIRAÇÃO:É a verificação de presença respiratória. Respiração é


o ato de inspiração e expiração, promovendo a troca de gasosa entre o ambiente e o nosso
organismo. Para a observação da frequência respiratória fique atento ao tórax da vítima e
seus movimentos respiratórios. A frequência respiratória considerada normal em um adulto
varia entre 16 e 20 respirações por minuto.

DEFINIÇÃO DE VIAS AÉREAS: São estruturas


responsáveis pelo transporte do ar aos pulmões no
organismo humano. Essas estruturas são anatomicamente
separadas em dois grupos, Vias Aéreas Superiores (VAS)
e Vias Aéreas Inferiores (VAI). Compreende nas VAS:
Cavidade nasal (nariz); Cavidade oral (boca); Faringe. Já
as VAI são compostas por: Laringe; Traquéia;
Brônquios/bronquíolos; Pulmões/alvéolos pulmonares.

VERIFICAÇÃO E ABERTURA DAS VIAS AÉREAS:


Consiste no processo de verificação de obstrução das vias
aéreas superiores e no processo permeabilização das VAS. Há dois
métodos principais de permeabilização de VAS, a manobra de elevação da cabeça e
inclinação do queixo e a manobra de tração da mandíbula. A manobra de elevação da
cabeça e inclinação do queixo consiste em apoiar a palma de uma das mãos sobre a testa
da vítima, fazendo pressão para trás, enquanto os dedos da outra se apoiam no queixo,

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elevando a mandíbula. Devido à necessidade movimentação da cabeça e pescoço, esta


manobra não é recomendada em casos de suspeita de lesão cervical.
A manobra de tração da mandíbula tem como vantagem o fato de não movimentar a
coluna cervical, visto que promove a desobstrução das vias aéreas por projetar a mandíbula
anteriormente, deslocando também a língua. Em contrapartida, a dificuldade de execução
desta manobra é um pouco maior em relação à manobra de elevação da cabeça e
inclinação do queixo e exige uma técnica precisa e adequada para sua real
efetividade.Deve-se executar a manobra de tração da mandíbula da seguinte forma:
1) Posicionar-se atrás da cabeça da vítima;
2) Colocar as mãos espalmadas lateralmente a sua cabeça, com os dedos voltados para
frente, mantendo-a na posição neutra;
3) Posicionar os dedos indicadores e médios das mãos, em ambos os lados da cabeça
da vítima, no ângulo da mandíbula;
4) Posicionar os dois dedos polegares sobre o mento (queixo) da vítima;
5) Simultaneamente, fixar a cabeça da vítima com as mãos, elevar a mandíbula com os
indicadores e médios, abrindo a boca com os polegares.

Manobra de Elevação da Cabeça e Inclinação do Queixo Manobra de Tração da Mandíbula

HORA DE PRATICAR!

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Avaliação Secundária; Emergências Clínicas.

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA EM VÍTIMAS DE EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

A Avaliação Secundária é o processo realizado imediatamente após a estabilização


dos sinais vitais da vítima. Consiste em uma avaliação minuciosa, a qual se inicia na cabeça
e vai até os pés, na parte anterior (frente) e posterior (costas), identificando lesões que
apesar de sua gravidade não colocam a vítima em risco iminente de morte. Vejamos então
os passos a serem seguidos na avaliação secundária de vítimas de emergências clínicas:

1) Avaliar a queixa da vítima e se houver dor torácica, dificuldade respiratória ou déficit


motor, ministre oxigênio caso a saturação de oxigênio seja desconhecida ou menor
que 94%.
2) Mantenha a vítima em posição confortável e esteja preparado para o agravamento do
quadro da vítima.
3) Cheque os sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial),
a saturação de oxigênio e o status neurológico, aplicando a escala de Glasgow
(conforme a tabela apresentada). Se a vítima estiver inconsciente ou se a pontuação
obtida estiver igual ou abaixo de 12, informar a Central de Informações que
determinará a ida do Suporte avançado ao local ou autorizará o Transporte Imediato.
4) Verifique os padrões relativos à pele com o processo mnemônico TUC: Temperatura
(Normal, Quente ou Fria), Umidade (Normal, Úmida ou Seca) e Coloração (Normal,
Pálida, Ruborizada Ou Cianótica);
5) Procure sinais de choque ou dificuldade respiratória, informando a Central de
Informações que determinará a ida do suporte avançado ao local ou autorizará o
Transporte Imediato.
6) Procure alterações pelo corpo da vítima (manchas, inchaço, cianose etc.);
7) Avalie as pupilas da vítima de acordo com a reatividade (reativa ou não reativa) e o
diâmetro (conforme a tabela apresentada);
8) Avaliar déficit motor nos membros superiores e inferiores de forma simétrica e a
presença de paralisia facial (desvio da comissura labial) aplique a Escala de Cincinatti
(conforme a tabela apresentada)
9) Colher dados com a própria vítima, familiares e testemunhas, que possam ajudar no
atendimento.
10) Checar constantemente a anacrônica AMPLA: Alergia, Medicamentos, Passado
Médico, Líquidos ou Alimentos Ingeridos, Ambiente no transcorrer da avaliação.

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ESCALA DE COMA DE GLASGOW

AVALIAÇÃO DO DIÂMETRO DAS PUPILAS

ESCALA DE CINCINNATI

COMO TESTAR TESTE NORMAL ANORMAL

Pedir para o atendido Um lado da face não


Igualdade em ambos
sorrir ou mostrar os se move em
QUEDA FACIAL os lados da face.
dentes. conformidade.

Pedir para o atendido Um dos braços não se


Ambos os brações
DEBILIDADE DOS fechar os olhos e move ou cai para baixo
movem-se igualmente.
BRAÇOS erguer os braços. em relação ao outro.

Pedir para o atendido Pronuncia as palavras


Pronuncia as palavras
dizer: “O rato roeu a inteligíveis é incapaz
FALA ANORMAL de forma clara.
roupa do rei de Roma”. de falar.

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CONSIDERAÇÕES:

PRESSÃO ARTERIAL (PA): A pressão que o sangue exerce sobre as paredes das artérias,
dependendo da força da contração do coração, da quantidade de sangue e da resistência
das paredes dos vasos é chamada Pressão Arterial. O ponto mais alto da pressão nas
artérias é chamado de pressão sistólica e o ponto mais baixo, ou a pressão que está sempre
presente sobre as paredes arteriais, é chamado de pressão diastólica. O instrumento
utilizado para aferir a pressão arterial é o esfigmomanômetro. O estetoscópio é o
instrumento que amplifica os sons arteriais e os transmite até os ouvidos do operador. A
série de sons que o operador ouve, ao verificar a pressão sanguínea, é chamada de sons de
Korotkoff. O primeiro som claro, quando o sangue flui, através da artéria comprimida é a
pressão sistólica. A pressão diastólica ocorre no ponto em que o som muda ou desaparece.
Procedimentos para aferir a pressão arterial:
1) Localizar o manômetro de modo a visualizar claramente os valores da medida;
2) Selecionar o tamanho da braçadeira para adultos ou crianças. A largura do manguito
deve corresponder a 40% da circunferência braquial e seu comprimento a 80%;
3) Localizar a artéria braquial ao longo da face interna superior do braço palpando-a;
4) Envolver a braçadeira, suave e confortavelmente, em torno do braço, centralizando o
manguito sobre a artéria braquial;
5) Posicionar o estetoscópio sobre a artéria braquial palpada abaixo do manguito na
fossa antecubital. Deve ser aplicado com leve pressão assegurando o contato com a
pele em todos os pontos. As olivas devem estar voltadas para frente;
6) Fechar a válvula da pera e insuflar o manguito rapidamente até 30 mmHg acima da
pressão sistólica registrada;
7) Desinflar o manguito de modo que a pressão caia de 2 a 3 mmHg por segundo;
8) Identificar a Pressão Sistólica (máxima) em mmHg, observando no manômetro o
ponto correspondente ao primeiro batimento regular audível (sons de Korotkoff);
9) Identificar a Pressão Diastólica (mínima) em mmHg, observando no manômetro o
ponto correspondente ao último batimento regular audível.
10) Desinflar totalmente o aparelho com atenção voltada ao completo desaparecimento
dos batimentos;
11) Esperar de 1 a 2 minutos para permitir a liberação do sangue. Repetir a medida no
mesmo braço se necessário e anotar os valores observados;

SATURAÇÃO DE OXIGÊNIO: O oxigênio é transportado no organismo ligado a uma


proteína que contém ferro chamada hemoglobina (Hb), contida nas hemácias. Após a
inspiração de oxigênio para os pulmões, ele se combina à hemoglobina à medida que as
hemácias percorrem os capilares pulmonares. O coração bombeia sangue continuamente
através do organismo para entregar oxigênio aos tecidos. Hemácias contêm hemoglobina.
Cada molécula de hemoglobina pode carregar até quatro moléculas de oxigênio, situação na
qual é descrita como “saturada” de oxigênio. Se todos os sítios de ligação na molécula de
hemoglobina estão carregando oxigênio, a saturação é 100%. A maior parte da hemoglobina
se liga ao oxigênio na medida em que passa pelos pulmões. Um indivíduo saudável, com
pulmões saudáveis, respirando ar ambiente, terá uma saturação arterial de oxigênio de 95 a
100%. A oximetria de pulso é uma técnica de monitorização não invasiva utilizada para
estimar a medida da saturação arterial de oxigênio (SpO2) da hemoglobina. A leitura, obtida

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através de oximetria de pulso, utiliza um sensor de luz que contém duas fontes de luz
(vermelha e infravermelha) que são absorvidas pela hemoglobina e transmitidas através dos
tecidos a um fotodetector. A quantidade de luz transmitida através do tecido é então
convertida para um valor digital que representa a percentagem de hemoglobina saturada
com oxigênio.
Procedimentos para aferir a saturação de oxigênio:
1) Plugue o oxímetro em uma tomada elétrica caso não seja do tipo portátil. Caso seja
do tipo portátil verifique se está carregado suficientemente antes de usá-lo.
2) Lave as mãos. Isso irá reduzir a transmissão de microrganismos e secreções do
corpo. Caso não seja possível faça a higienização do local com gaze umedecida.
3) Coloque o aparelho no seu dedo ou no lóbulo da orelha e ligue o oxímetro. É
necessária força de pulso arterial para obter uma medição precisa de SpO2.
4) Verifique o resultado e faça a anotação dos valores indicados.

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NIVEIS DE NORMALIDADE DOS SINAIS VITAIS:


Pulso: Adulto: 60-100 batimentos por minuto (bpm); Criança: 80-140 bpm; Lactentes: 85-
190 bpm.
Respiração: Adulto: 12-20 ventilações por minuto (vpm);Criança: 20-40 vpm; Lactentes: 40-
60 vpm.
Temperatura: 36,5 a 37,0 ºC - independente da faixa etária.
Pressão arterial (PA): Adultos, idosos e adolescentes: 120 mmHg e pressão diastólica
menor que 80 mmHg;
Saturação de oxigênio (SpO2): Todas as idades devem ter SpO2 maior ou igual a 95%.
Frequência cardíaca: Adulto: 50 ‒ 100; Criança com mais de 10 anos: 50 ‒ 100; Criança de
2 anos a 10 anos: 60 ‒ 140; Criança de 3 meses a 2 anos: 100 ‒ 180; Lactentes: 85 ‒ 200.

OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO - OVACE

Durante a avaliação do paciente, ao iniciar a manobra de


ventilação, o socorrista pode se deparar com uma resistência ao
tentar insuflar. Isso significa que, por qualquer problema, o ar
insuflado não está conseguindo chegar aos pulmões da vítima.
Caso isso aconteça, não adianta prosseguir na avaliação
primária, sem antes corrigir e eliminar a obstrução.
A OVACE pode ser classificada em dois níveis, obstrução
parcial das vias aéreas ou obstrução total das vias aéreas. Na
obstrução parcial a vítima ainda é capaz de falar e até mesmo
tossir, mesmo que com dificuldade, pois ocorre a passagem de ar

Sinal Universal de Engasgamento 13


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de forma parcial. Neste caso, o socorrista não deve interferir diretamente, mas sim estimular
a vítima a expelir o corpo estranho por meio da tosse. Somente se deve interferir caso a
vítima vier a demonstrar sinais de obstrução total, percebida com o aumento na dificuldade
de respirar, tosse tornar-se silenciosa ou perda da consciência.
IMPORTANTE: Se a vitima for um bebê tente não chacoalhá-lo (isso também vale para
crianças maiores), bater em suas costas ou virá-lo de cabeça para baixo. Se o objeto estiver
visível e sua remoção for simples, retire-o com a mão. Caso contrário, não tente retirar.
Na obstrução total das vias aéreas, o auxílio do socorrista é de grande importância,
pois a vítima por si só provavelmente não será capaz de expelir o corpo estranho somente
com seu reflexo de tosse. Nessa situação, o corpo estranho posiciona-se de tal forma que
bloqueia completamente a passagem de ar, tornando a vítima incapaz de falar, tossir e,
principalmente, respirar. O socorrista pode se utilizar de algumas manobras na tentativa de
auxiliar a vitima enquanto o socorro especializado não chega, são elas:

MANOBRA DE HEIMLICH: É utilizada para adultos e crianças maiores. Não é


recomendada para bebês e grávidas, pois pode causar lesões. Para constatar a obstrução o
socorrista deverá perguntar a vítima: "Você está engasgado?". Se a vítima confirmar através
de movimento afirmativo (balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista deverá avisar-lhe
que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra seguindo os passos:
1) Com a vítima em pé, se posicione atrás da vítima e envolva a região abdominal desta
com os braços;
2) Posicione o punho cerrado de uma das mãos cerca de dois dedos acima do umbigo.
3) Use a outra mão para envolver a primeira;
4) Mantenha seu corpo bem próximo do corpo da vitima e inicie as compressões;
5) As compressões devem ser fortes e feitas com movimentos rápidos, para dentro e
para cima (em formato de J);
6) A sequência deve ser repetida até que o corpo estranho seja expelido.

O socorrista deve posicionar uma de suas pernas entre as pernas da vítima e a outra
afastada posteriormente, de modo a amparar a vítima caso perca a consciência. Em caso de
perda da consciência, ampare a vítima até o chão, posicionando-a em decúbito dorsal
(barriga para cima), em seguida aplicando as manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar.
Não é mais recomendado que se aplique a compressão abdominal, devido ao maior risco de
broncoaspiração.

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A manobra de Heimlich também pode ser administrada se a vítima estiver deitada ou


sentada, em casos de esgotamento da vítima ou caso o socorrista não tenha forças para
mantê-la em pé, veja:

ATENÇÃO:Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois as


compressões torácicas expelirão o corpo estranho e irão manter a circulação
sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda presente no ar dos pulmões.

A manobra de Heimlich é aplicada em crianças da mesma forma que nos adultos.


Contudo, nesse caso, o mais adequado é que o socorrista ajoelhe-se, de modo ficar
aproximadamente na altura da criança. Se o socorrista aplicar a manobra de pé na criança,
a força contra o diafragma não será ideal, alterando a eficácia do procedimento.
No caso de bebês utiliza-se a manobra de Heimlich por Tapotagem, esta manobra
deve ser realizada em lactentes e crianças pequenas seguindo as instruções:
1) Apoie a cabeça do bebê com sua mão e deite-a com o rosto voltado para baixo sobre
seu antebraço e coxa. Essa posição cria um desnível que permite o auxílio da
gravidade.
2) Formando uma concha com uma das mãos, o socorrista aplica cinco “palmadas” nas
costas da criança, no meio e na metade superior das costas.
3) Após essa manobra, vire a criança para você, mantendo a inclinação original e
observe a presença do corpo estranho na cavidade oral da mesma.
4) Caso não haja nada que possa ser retirado, aplique cinco compressões torácicas
abaixo do ponto da compressão cardíaca (abaixo da linha imaginária traçada entre os
mamilos).

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Continue com os procedimentos até que o objeto motivo da obstrução seja expelido
pela criança. Caso a criança continue engasgada e pare completamente de respirar inicie
imediatamente a massagem cardíaca.

A seguir vejamos um Panorama geral do atendimento de desobstrução das vias


aéreas:

MANUTENÇÃO ARTIFICIAL DAS VIAS AÉREAS: Utiliza-se quando as técnicas manuais


para desobstrução das vias aéreas falham ou quando se faz necessária a manutenção
contínua das mesmas. O método mais utilizado em primeiros socorros na manutenção
artificial das vias aéreas é a aplicação de cânula orofaríngea ou cânula de Guedel. Esta
cânula facilita a permeabilidade das vias aéreas superiores e é disponibilizada em vários
tamanhos. Para medir o tamanho adequado para cada pessoa é necessário medir do lóbulo
da orelha até a ponta do nariz que compreende exatamente no tamanho da cavidade oral. É
indicada para vítimas incapazes de manter as vias aéreas permeáveis.

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EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

Define-se por emergência clínica a ocorrência ou situação perigosa, de aparecimento


súbito e imprevisto, necessitando de imediata solução. É importante compreender que
emergência não é a mesma coisa que urgência, uma vez que, urgência define-se por uma
ocorrência ou situação perigosa, de aparecimento rápido, mas não necessariamente
imprevisto e súbito, necessitando de solução em curto prazo. Emergências clínicas são
comumente atendidas pelos Bombeiros Civis e profissionais da área de socorrismo.
Independente da emergência clinica em questão, os principais sinais e sintomas
apresentados são: palidez, perda de consciência ou atordoamento, respiração difícil,
contraturas musculares, entre outras. Vejamos agora as situações mais comuns de
emergências clínicas e como proceder basicamente em cada situação.

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO:


Condição em que ocorre necrose (morte) de parte do miocárdio como resultado da
falta de oxigênio. Isso acontece por estreitamento ou oclusão da artéria coronária que supre
de sangue a região. O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a causa mais frequente de morte
súbita (50% das mortes ocorrem nas primeiras horas); muitas dessas vítimas poderiam ser
salvas com medidas prontas e relativamente fáceis (manobras de RCP). Daí a importância
de identificar precocemente o infarto agudo do miocárdio.A causa principal do IAM é a
aterosclerose das coronárias, que pode ser desencadeada por esforço físico, situação de
estresse, fadiga, mas também no repouso.
A principal complicação do IAM é a alteração do ritmo cardíaco. Drogas como a
cocaína, podem provocar IAM por espasmo do vaso.

Sinais e Sintomas:
 Dor torácica de forte intensidade, prolongada (30 minutos a várias horas), que
localiza atrás do esterno e irradia-se para o membro superior, ombro, pescoço,
mandíbula, etc. Geralmente o repouso não alivia a dor;
 Falta de ar;
 Náusea, vômitos, sudorese fria;
 Vítima ansiosa, inquieta, com sensação de morte iminente;
 Alteração do ritmo cardíaco – bradicardia, taquicardia, assistolia, fibrilação
ventricular;
 Na evolução, a vítima perde a consciência e desenvolve choque cardiogênico.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:
 Assegurar vias aéreas;
 Tranquilizar a vítima – abordagem calma e segura (objetiva diminuir o trabalho do
coração);
 Mantê-la confortável, em repouso absoluto. Não permitir seu deslocamento;
 Administrar oxigênio;
 Examinar sinais vitais com freqüência;
 Monitorização cardíaca;
 Saturação de oxigênio (oxímetro de pulso);
 Conservar o calor corporal;
 Se o médico não estiver presente, reporte ao médico coordenador a história com os
dados vitais da vítima e aguarde instruções;
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 Transporte imediatamente, de forma cuidadosa, calma, sem sirene, com o objetivo


de não aumentar sua ansiedade, para hospital equipado com serviço coronariano
previamente avisado da chegada da vítima;
 Em vítima inconsciente por parada cardiopulmonar, iniciar manobras de RCP e
comunicar imediatamente o médico coordenador. Se desenvolver choque
(hipotensão), aplicar os cuidados de emergência para choque cardiogênico.

DISPINEIA:
O termo dispneia significa respiração difícil. Não é uma doença primária, mas surge como
consequência de condições ambientais, trauma e doenças clínicas, como, por exemplo,
obstrução das vias aéreas por corpo estranho, doenças pulmonares (bronquite crônica e
enfisema), condições cardíacas, reações alérgicas, pneumotórax, asma brônquica, etc. Em
qualquer das situações em que algo impeça o fluxo de ar pelas vias aéreas, o paciente
aumenta a frequência e a profundidade da respiração. A dificuldade em suprir de oxigênio a
circulação pulmonar desencadeia hipóxia. Logo, o paciente pode estar cianótico, forçando
os músculos de pescoço, tórax e abdome (em criança observa-se batimento da asa do
nariz). Conforme haja agravamento do quadro, o paciente desenvolve parada respiratória ou
apneia, inconsciência e parada cardíaca.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:
Quando não se trata de trauma, pode ser difícil para o socorrista identificar a causa exata do
problema. Informe-se junto ao paciente, à família e observe o ambiente ao redor.
Medicamentos utilizados são bons indícios para definir a causa. Repassar de imediato as
informações ao médico.
 Mantenha a abertura das vias aéreas;
 Administre oxigênio com autorização médica, obedecendo à concentração indicada
(oxigênio em alta concentração é prejudicial em doenças pulmonares crônicas);
 Transporte o paciente em posição confortável (preferencialmente cabeceira elevada
45º) ao hospital.

DESMAIO OU SÍNCOPE:Caracteriza-se por qualquer tipo de perda de consciência de curta


duração que não necessite manobras específicas para a recuperação. O termo lipotimia tem
sido utilizado para designar episódio de perda incompleta de consciência. A causa
fundamental da síncope é a diminuição da atividade cerebral, podendo ser classificada em:
Síncope Vasogênica:
Mais frequente, acontece devido à queda súbita da PA, por causa emocional, dor súbita,
esforço físico, ambiente lotado, cena de sangue, calor excessivo, etc.
 O episódio sincopal surge geralmente quando a vítima está em pé.
 O paciente pode apresentar-se pálido, frio, com respiração suspirosa; após alguns
minutos, ocorre tontura, visão embaraçada e súbita perda de consciência.
Síncope Metabólica:
Quando a causa é por alteração metabólica, como diabete ou hipoglicemia.
Síncope Neurogênica:
Agressão direta ao encéfalo, como em trauma, intoxicações exógenas, hipertensão
intracraniana, etc.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:

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 Mantê-lo deitado, preferencialmente com a cabeça abaixo do corpo; se estiver


deitado, elevar-lhe os membros inferiores mais ou menos 20 cm; mantê-lo deitado
por alguns minutos após recuperar-se.
 Se estiver em local mal ventilado ou ambientes lotados, providenciar a remoção para
outro mais apropriado.
 Liberar vestimentas apertadas;
 Não dar nada para o paciente comer ou beber.
 Informar-se sobre a história da vítima (doenças, medicamentos utilizados, etc.),
reporta-la ao médico e aguardar instruções.

COMA: As alterações do nível de consciência variam de uma confusão mental até coma
profundo. Na prática, é útil classificar em subcategorias pacientes com alteração do nível de
consciência de acordo com o estágio em que ele se encontre, sendo importante registrar as
respostas do paciente aos vários estímulos realizados. As subcategorias de alteração do
nível de consciência são:
 Confusão – incapacidade de manter uma linha de pensamento ou ação coerente
com desorientação no tempo e no espaço.
 Sonolência – dificuldade de se manter em alerta.
 Estupor – dificuldade de despertar, resposta incompleta aos estímulos dolorosos e
verbais. Com respostas motoras adequadas.
 Coma superficial – respostas motoras desorganizadas aos estímulos dolorosos, não
apresenta resposta de despertar.
 Coma profundo – completa falta de resposta a qualquer estímulo.

As principais causas de alteração de consciência são divididas em:

Primárias do cérebro:
 Trauma;
 Doença cerebrovascular – AVC;
 Infecções (meningites, encefalites, etc.);
 Neoplasias;
 Convulsões.
Sistêmicas ou secundárias:
 Metabólicas (hipoglicemia, cetoacidose diabética, distúrbio do cálcio, etc.);
 Encefalopatias hipóxicas (insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar
obstrutiva, etc.);
 Intoxicações (drogas, álcool, monóxido de carbono, etc.);
 Causas físicas (insolação, hipotermia);
 Estados carenciais.
No atendimento a uma vítima inconsciente o socorrista deve proceder de forma
ordenadae sistemática monitorando os sinais vitais no sentido de impedir a progressão
dalesão neurológica.
 Colher uma história rápida – doenças prévias, medicações, alcoolismo, usode
drogas, trauma, etc.
 Realizar exame físico com atenção especial aos seguintes aspectos:

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 Sinais vitais: pele – sinais de trauma, de picadas de agulha, insuficiência vascular;


cabeça – sinais de trauma craniano, rigidez de nuca; hálito – alcoólico, diabético, etc.
 Exame neurológico – avaliar nível de consciência, pupilas, escala de comade
Glasgow.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:
 Manter vias aéreas pérvias – cânula de guedel;
Mantê-la confortável, em repouso absoluto;
 Conservar o calor corporal;
 Se o médico não estiver presente, reporte ao médico coordenador a história com os
dados vitais da vítima e aguarde instruções;
 Transporte imediatamente, de forma cuidadosa, ao hospital previamente avisado da
chegada da vítima. Se não houver evidência de trauma, transportar a vítima em
decúbito lateral.

ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS (AVC):AVC é uma desordem do sistema


cardiovascular, causada por oclusão ou ruptura de um dos vasos que suprem o cérebro de
sangue. Embora ocorram predominantementenas pessoas mais idosas, frequentemente
surpreendem jovens, comprometendo sua capacidadelaborativa.
Acidente Vascular Isquêmico:
O vaso pode ser obstruído por trombo ou êmbolo, ou sua luz comprimida por
tumorou trauma. Como resultado, a função de parte do cérebro que depende do sangue
oxigenadoserá afetada. A causa mais frequente é a aterosclerose cerebral.
Acidente Vascular Hemorrágico:
Ruptura da parede de um vaso sanguíneo provocando hemorragia cerebral. Partedo
cérebro ficará comprometida pela falta de oxigênio e poderá haver aumento da
pressãointracraniana. Essa situação tem maior gravidade pelo risco de compressão de
áreascerebrais responsáveis pelas funções vitais.
Sinais e Sintomas:
Dependem do vaso lesado e da importância funcional da área cerebral envolvida.
Podem surgir:
 Cefaleia, tontura, confusão mental;
 Perda de função ou paralisia de extremidades (geralmente de um lado do corpo);
 Paralisia facial (perda de expressão, geralmente de um lado da face, com defeito na
fala);
 Anisocoria, pulso rápido, respiração difícil, convulsão, coma.
 Utilizar a escala de Cincinatti.
Os casos podem ser súbitos e fugazes (recuperação espontânea) ou mais graves,
confirmando a extensão do comprometimento cerebral.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:
 Assegurar abertura e manutenção de vias aéreas;
 Tranquilizar o paciente e mantê-lo em repouso;
 Monitorar sinais vitais;
 Reavaliar nível de consciência e escala de Glasgow;
 Não administrar nada via oral;
 Mantê-lo aquecido;
 Administrar O2;

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 Aguardar orientações médicas;


 Transportar ao hospital.

CRISE CONVULSIVA:A convulsão é uma desordem cerebral. Durante breve período de


tempo, o cérebro deixa de funcionar normalmente e passa a enviar estímulos desordenados
ao resto do corpo, iniciando as crises convulsivas, também conhecidas por ataques.
A convulsão é um sintoma comum em uma população em geral e em países em
desenvolvimento pode chegar a 50 casos a cada 1.000 habitantes. Ela é mais comum na
infância, quando é maior a vulnerabilidade a infecções do sistema nervoso central
(meningite), acidentes (traumatismos do crânio) e doenças como sarampo, varicela e
caxumba, cujas complicações podem causar crises epiléticas.
Traumatismo cranioencefálico, infecções, parasitoses (principalmente
neurocisticercose), más formações e tumores cerebrais e abuso de drogas e álcool são as
causas mais comuns de convulsão em adultos.
Quando a vítima apresenta crises convulsivas repetidas ao longo de sua vida
caracteriza-se então uma doença denominada epilepsia, que não é contagiosa. Às vezes, a
pessoa com epilepsia perde a consciência, mas outras experimentam apenas pequenos
movimentos corporais ou sentimentos estranhos. Se as alterações epiléticas ficam restritas
a uma parte do cérebro, a crise chama-se parcial; se o cérebro inteiro está envolvido,
chama-se generalizada.
Manifestações Clínicas:
Existem várias formas de manifestações clínicas das crises convulsivas e a mais
importante no aspecto de atendimento de emergência são as crises generalizadas
tônicoclônicas.
A convulsão pode ou não ser precedida de algum sintoma que avisa que ela está se
iniciando. Logo a seguir, a crise se inicia com um grito que precede a perda súbita de
consciência e enrijecimento (fase tônica) do corpo seguido por movimentos tipo abalos (fase
crônica) das quatro extremidades, face e cabeça. Durante a crise a vítima pode apresentar
queda e se ferir, morder a língua e urinar-se. A convulsão demora em média três a cinco
minutos e é seguida por um período de inconsciência. A consciência é recuperada aos
poucos e o paciente pode apresentar dor de cabeça, vômitos e confusão mental.
Outro tipo comum de epilepsia é o “pequeno mal” ou “crise de ausência”, quando a
pessoa fica com o olhar fixo por alguns instantes, sem se lembrar daquele desligamento.
Existem vários outros tipos de crise, mas sem importância no atendimento pré-
hospitalar.Se as crises duram muito tempo (crises prolongadas, ou crises seguidas sem
recuperaçãode consciência) com duração igual ou superior a 30 minutos, se
caracterizamuma emergência clínica podendo nesse caso haver risco de morte e a vítima
deverá serencaminhada ao hospital, pois poderão ocorrer danos cerebrais; são as
chamadas crisessubentrantes ou estado de mal epiléptico. Porém, a maioria das crises não
provoca danoalgum, pois são de curta duração e autolimitadas.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:
 Manter-se calmo e procurar acalmar os demais;
 Colocar algo macio sob a cabeça da vítima protegendo-a;
 Remover da área objetos que possam causar-lhe ferimento;
 Afrouxar gravata ou colarinho de camisa, deixando o pescoço livre de qualquer coisa
que o incomode;

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 Girar-lhe a cabeça para o lado. Visando a que a saliva não dificulte sua respiração –
desde que não haja qualquer suspeita de trauma raquimedular;
 Não introduzir nada pela boca, não prender sua língua com colher ou outro objeto
(não existe perigo algum de o paciente engolir a própria língua);
 Não tentar fazê-lo voltar a si, lhe lançando água ou obrigando-o a tomá-la;
 Não o agarre na tentativa de mantê-lo quieto. Não se oponha aos seus movimentos
apenas o proteja de traumatismos.
 Ficar ao seu lado até que a respiração volte ao normal ele se levante;
 Se a pessoa for diabética, estiver grávida, se machucar ou estiver doente durante o
ataque, transporte ao hospital.

ABDOME AGUDO:Doença de elevada incidência que, às vezes, acarreta problemas e


dificuldades sérios com relação ao diagnóstico e ao tratamento, pondo em risco a vida do
doente. Isso ocorre porque as causas são múltiplas, muitas até graves. Entre elas,
apendicite, obstrução intestinal, hérnia estrangulada, úlcera perfurada, gravidez ectópica,
inflamação da membrana da cavidade abdominal (peritonite). Pode ser acompanhada de
náuseas, vômitos, diarreia, pulso rápido, febre, distensão abdominal, rigidez à palpação do
abdome, sinais de choque, etc.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar:
 Colha informações sobre as características da dor (tipo, intensidade, localização,
tempo de início) e dos sintomas associados (febre, vômito, diarreia, etc.),
repassando ao médico;
 Mantenha a abertura das vias aéreas e esteja alerta para vômitos;
 Administre oxigênio;
 Se necessário, aplique medidas preventivas de choque;
 Não administre nada via oral;
 Transporte ao hospital conforme orientação médica.

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PCR; RCP; DEA.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é uma intercorrência grave que exige


atendimento imediato, rápido e preciso. De acordo com estudos mundialmente realizados,
em 90% dos casos de atendimento de PCR, apenas 30% são bem executados por cidadãos
leigos e profissionais da área da saúde e apenas 10% das vítimas sobrevivem sem sequelas
após o episódio, por isso a importância do estudo das técnicas de reversão da PCR e
interação dos bombeiros profissionais civis se fazem extremamente necessárias.

DEFINIÇÃO: Consiste em parada cardiorrespiratória (PCR) uma intercorrência inesperada


causada pela cessação súbita da circulação sistêmica de atividades ventricular útil e
ventilatória em um indivíduo com expectativa de restauração da função cardiopulmonar e
cerebral diagnosticada por sinais como inconsciência, respiração agônica ou apneia e
ausência de pulso central.

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS: Os principais sinais e sintomas que antecedem a


parada cardiorrespiratória são variáveis, contudo, há relatos de vítimas que apresentam dor
torácica, sudorese, tontura, náuseas, escurecimento visual, hipoventilação, dispneia,
taquicardia e sonolência até oito horas antes da PCR. Além de apresentar também sintomas
mais evidentes como alterações neurológicas, sinais de baixo débito cardíaco e parada de
sangramento prévio.

RECONHECIMENTO DA PCR: O reconhecimento da PCR deve ser rápido e exige ações


imediatas. Estima-se que o tempo máximo para um atendimento eficaz em vítimas da PCR
seja de 5 minutos, após este período os órgãos alvo passam a sofrer as consequências
gerando sequelas graves ou até mesmo levando a vítima a óbito. Os primeiros sinais de
reconhecimento de uma possível PCR é a inconsciência, ausência de movimentos
respiratórios e ausência de pulso, no entanto a vítima pode apresentar pulso fraco ou
desordenado, indicando fibrilação cardíaca.

AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA): Como já vimos anteriormente, a AHA é um


órgão internacional dedicado amplamente aos estudos de parada cardiorrespiratória e
métodos de reversão eficazes que possibilitem maior sobrevida as vitimas acometidas pela
PCR. Protocolos de atendimento pré-hospitalar em todo o mundo baseiam-se, na maior
parte, nos Destaques da AHA e nas Atualizações das Diretrizes de Ressuscitação
Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE). A última
publicação das atualizações das diretrizes da AHA se deu em outubro de 2015, e é com
base nela que estudaremos os procedimentos de RCP em vítimas em estado de PCR.

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

Denomina-se por reanimação ou ressuscitação cardiopulmonar (RCP) o


procedimento emergencial padrão para assistência de pacientes em estado de parada
cardiorrespiratória. Este procedimento envolve uma série de manobras e medidas realizadas
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com o princípio de promover a circulação do sangue oxigenado ao coração, cérebro e para


os demais órgãos vitais. Atualmente os procedimentos de RCP são baseados em diretrizes
organizadas pela American Heart Association, que norteiam e padronizam os procedimentos
empregados em ambiente pré-hospitalar e intra-hospitalar. Tais diretrizes buscam direcionar
as ações de forma sistematizada e promover a qualidade assistencial nos casos de parada
cardiorrespiratória. Uma vez identificada a PCR na vítima iniciar imediatamente os
procedimentos de RCP conforme a sequencia apresentada.

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DE PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EXTRA-


HOSPITALAR:

Uma das novidades das novas Diretrizes da AHA é a divisão da sequencia de


atendimento a PCR extra-hospitalar e intra-hospitalar, a fim de facilitar as etapas do
atendimento às vítimas seja para o cidadão leigo, seja para profissionais da saúde.

O QUE FAZER E NÃO FAZER DURANTE O ATENDIMENTO DE PCR PARA UM RCP DE


ALTA QUALIDADE NO ADULTO:

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RESUMO DOS COMPONENTESDE UM RCP DE ALTA QUALIDADE PARA


PROFISSIONAIS OU PESSOA TREINADA:

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TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DA RCP:

Posicionamento das Mãos: O posicionamento correto das mãos sobre o tórax da vítima é
essencial para se evitar a ocorrência de lesões internas decorrentes das compressões
torácicas e para a perfeita efetividade da manobra. Suas mãos devem ficar sobre a
extremidade inferior do esterno. Devem ser posicionadas 2 dedos acima do processo
xifoide, que fica, aproximadamente, na linha intermamilar. Trace uma linha imaginária entre
os mamilos, o ponto médio localiza-se no exato local que sua mão deverá posicionar-se
para as compressões torácicas. Nesse ponto, o esterno é flexível e é possível comprimi-lo
sem fraturá-lo. Coloque o “calcanhar da mão” (loja tênar e hipotênar) no esterno com a outra
mão por cima, com os dedos de ambas as mãos apontando na direção oposta à sua.
Entrelace os dedos ou estenda-os, mantendo-os afastados do tórax da vítima. Somente a
loja tênar e hipotênar da mão devem estar encostados no esterno, assim a força de seu
corpo será aplicada sobre uma área menor gerando maior a pressão.

Realização das compressões em adultos e adolescentes: Para a realização eficaz das


compressões, é necessário que a vítima encontre-se deitada em uma superfície rígida, o
socorrista deve posicionar-se ao lado da vítima ajoelhando-se caso a mesma esteja deitada
no chão, ou deve posicionar-se de pé ao lado da vítima se ela estiver em uma maca.
Os braços do socorrista devem estar estendidos à frente do tronco, ficando perpendiculares
a ele. Deve posicionar suas mãos uma sobre a outra, tendo por cima a mão dominante.
Nessa posição, deve-se posicionar a loja tênar e hipotênar sobre a metade inferior do osso
esterno, ou na linha intermamilar da vítima, como já foi explicado. Os cotovelos em
momento algum devem dobrar, os braços devem permanecer sempre retos. A força deve
ser gerada na coluna lombar e somente transmitida aos braços. Os ombros do socorrista
devem estar na linha do nariz da vítima, em um ângulo de aproximadamente 90 graus com o
chão.

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Realização das compressões em crianças até um ano e lactentes: O ponto de


referência para compressão em crianças e lactentes é imediatamente abaixo da linha dos
mamilos. Duas técnicas podem ser utilizadas, a técnica dos dois polegares ou a técnica dos
dois dedos no centro do tórax. Em lactentes, o socorrista poderá realizar a RCP sentado
com o bebê em seu braço, apoiado em uma das pernas.

Oxigenoterapia: A oxigenoterapia consiste na administração terapêutica de oxigênio acima


da concentração normal ambiental (21%), com objetivo de manter a oxigenação tecidual
adequada e consequente correção de distúrbios hipoxêmicos, promovendo uma diminuição
da carga de trabalho no sistema cardiopulmonar.
Procedimentos para a administração de Oxigenoterapia:
1) Verificar a responsividade da vítima, estabilizar a coluna cervical manualmente em
caso de trauma e verificar permeabilidade das vias aéreas,
2) Ministrar, como primeira escolha, oxigênio por máscara com reservatório ao fluxo de
10 L/min, caso a saturação de oxigênio seja inferior a 94% ou desconhecida.
3) Nos casos de vítimas abaixo de 08 anos, ministrar oxigênio por máscara infantil com
fluxo de 10 L/min, deixando a máscara afastada cerca de 5 cm da face, para evitar
agitação da criança. Se for possível e seguro, permitir que os pais segurem a
máscara infantil;
4) Nos casos clínicos, permitir que a vítima assuma a posição mais confortável;
5) Nos casos de trauma, manter a vítima em decúbito dorsal com a coluna cervical
imobilizada e com a liberação das vias aéreas;
6) Ministrar oxigênio por cateter nasal (fluxo de 3 L/min), quando a máscara não for
tolerada, mas não utilizar cateter nasal em vítimas com idade abaixo de 8 anos;
7) Estar atento para a necessidade de realizar ventilações de resgate com
ressuscitador manual em casos de parada respiratória.
8) Conforme o tipo de equipamento a ser empregado, é indicado o fluxo de oxigênio do
quadro abaixo:

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DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA)

O desfibrilador externo automático (DEA) é um dispositivo médico computadorizado.


Um DEA pode examinar o ritmo cardíaco de uma pessoa, pode reconhecer um ritmo que
necessite de um choque e pode avisar ao socorrista quando um choque é necessário. O
DEA usa mensagens sonoras, luzes e mensagens de texto para indicar ao socorrista os
passos a tomar. Até se você colocar as pás de choque de forma incorreta, o DEA irá lhe
avisar. É um sistema inteligente.

A IMPORTÂNCIA DO DEA: O DEA é um aparelho de fundamental importância no


tratamento imediato das vítimas de parada cardiorrespiratória. A partir do início da PCR, a
cada minuto perdido, a chance de sobrevida das vítimas diminui em 10%, se a parada
provocar arritmia ou fibrilação ventricular, elas só serão salvas através do procedimento de
desfibrilação, sendo assim, o DEA é peça fundamental para o tratamento rápido e eficaz da
PCR.

A OBRIGATORIEDADE DO DEA EM AMBIENTES COM ALTA CONCENTRAÇÃO DE


PESOAS: É imprescindível a presença do DEA em locais de grande circulação de pessoas,
como aeroportos, rodoviárias, estádios de futebol, shopping centers, ginásios esportivos e
hotéis. Experiências nos EUA e na Europa confirmam que a utilização do DEA em
ambientes com grande concentração de pessoas, aumentou a sobrevida das vítimas de
PCR de 2% para 56%. Em São Paulo, por exemplo, a lei prevê e obriga locais públicos com
circulação de mais de 1500 pessoas por dia a manter o desfibrilador externo automático
(DEA) em local acessível e equipe preparada para seu manuseio. Sem sombra de dúvidas
essa lei é um grande avanço para o atendimento de casos de mal súbito decorrentes de
arritmias e casos onde ocorre a PCR.

CUIDADOS COM O USO DO DEA:


1) Exposição da região para a colocação dos eletrodos (roupas);
2) Tricotomia (se necessário);
3) Limpar pele (retirar areia, lama e secar pele);
4) Posicionar os eletrodos;
5) Conectar o cabo (último passo);
6) O DEA não dispara automaticamente; é preciso apertar o botão!
7) Afastar todos para analisar o ritmo elétrico do coração;
8) Afastar todos para dar o choque.

QUANDO NÃO UTILIZAR O DEA:


1) Em ambientes molhados (líquidos na superfície);
2) Em ambientes com risco de explosão.

PASSOS DE UTILIZAÇÃO DO DEA:


1) Confirme a ocorrência da parada cardíaca, verificando se a vítima é incapaz de
responder e se não há respiração quando você desobstrui a via aérea da mesma
(inclinando a cabeça para trás e levantando o queixo, por exemplo);
2) Ligue o DEA;
3) Aplique as pás no peito nu da vítima;
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Apostila do Curso de Formação de Bombeiro Profissional Civil - Centro de Treinamento Portal Bombeiro

4) Se necessário, ligue o cabo conector das pás ao DEA (geralmente ao lado de uma
luz piscando);
5) Permita que o DEA analise o ritmo cardíaco da vítima;
6) Se o DEA indicar a necessidade de choque, aperte o botão de choque quando o
aparelho o solicitar;
7) Caso o choque seja recomendado pelo DEA (às vezes não o é) certifique-se de que
todos mantenham uma distância segura e não toquem no paciente;
8) Se o paciente continuar sem respirar, reinicie a RCP;

HORA DE PRATICAR!

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Hemorragias; Choque; Colocação de Colar Cervical I.

HEMORRAGIAS

DEFINIÇÃO: Hemorragia é o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos através de


ruptura nas suas paredes.

CLASSIFICAÇÃO: Hemorragia externa – visível porque extravasa para o meio ambiente.


Exemplos: ferimentos em geral, hemorragia das fraturas expostas, epistaxe (hemorragia
nasal). Hemorragia interna – o sangue extravasa para o interior do próprio corpo, dentro dos
tecidos ou cavidades naturais. Exemplos: trauma contuso, ruptura ou laceração de órgãos
de tórax e abdômen, hemorragia de músculo ao redor de partes moles.

TIPOLOGIA: Arterial - Ocorre quando há perda de sangue de uma artéria. O sangue tem
coloração viva, vermelho claro, derramado em jato, conforme o batimento cardíaco,
geralmente rápido e de difícil controle. Venosa - Ocorre quando há perda de sangue por
uma veia. Sangramento de coloração vermelho escuro, em fluxo contínuo, sob baixa
pressão. Pode ser considerada grave se a veia comprometida for de grosso calibre. Capilar
Ocorre quando há sangramento por um leito capilar. Flui de diminutos vasos da ferida.
Possui coloração avermelhada, menos viva que a arterial, e facilmente controlada.

FATORES DETERMINANTES DE GRAVIDADE:


1) Volume de sangue perdido - A perda de pequeno volume em geral não produz
efeitos evidentes, já a perda de 1,5 litros em adulto ou 200 ml em criança pode ser
extremamente grave, inclusive colocando a vida em risco.
2) Calibre do vaso rompido - O rompimento de vasos principais do pescoço, tórax,
abdômen e coxa provocam hemorragias severas, e a morte pode sobrevir em 1 a 3
minutos.
3) Tipo do vaso lesado - O sangramento arterial é considerado de maior gravidade. As
veias geralmente estão mais próximas da superfície do corpo do que as artérias,
sendo de fácil acesso. O sangramento capilar é lento e coagula espontaneamente
em 6 a 8 minutos. O processo de coagulação desencadeado em boa parte dos
pequenos e médios sangramentos pode ser suficiente para controlar a hemorragia, e
o coágulo formado age como uma rolha, impedindo a saída de sangue.
4) Velocidade da perda de sangue - A perda rápida de 1 litro de sangue pode colocar o
indivíduo em risco de morte. Quando a perda de sangue é lenta, o organismo
desenvolve mecanismos de compensação, suportando melhor a situação.

SINAIS E SINTOMAS:
A hemorragia externa, por ser visualizada, é facilmente reconhecida. A hemorragia interna
pode desencadear choque hipovolêmico, sem que o socorrista identifique o local da perda
de sangue. As evidências mais comuns de sangramento interno são áreas extensas de
contusão na superfície corpórea. Vítimas com fratura de fêmur perdem facilmente até um
litro de sangue, que se confina nos tecidos moles da coxa, ao redor da fratura. Outros sinais
que sugerem hemorragia severa são:
1) Pulso fraco e rápido;
2) Pele fria e úmida (pegajosa);
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Apostila do Curso de Formação de Bombeiro Profissional Civil - Centro de Treinamento Portal Bombeiro

3) Pupilas dilatadas com reação lenta à luz;


4) Queda da pressão arterial;
5) Paciente ansioso, inquieto e com sede;
6) Náusea e vômito;
7) Respiração rápida e profunda;
8) Perda de consciência e parada respiratória;
9) Choque.

MÉTODOS DE CONTROLE DA HEMORRAGIA EXTERNA:


Compressão Direta: Quase todos os casos de hemorragia externa são controlados pela
aplicação de pressão direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e
favorece a formação de coágulo. Preferencialmente, utilizar uma compressa estéril,
pressionando-a firmemente; a seguir, promover a fixação da compressa com bandagem. Em
sangramento profuso, não perder tempo em localizar a compressa (pressionar diretamente
com a própria mão enluvada). Após controlar um sangramento de extremidade, certifique-se
de que existe pulso distal; em caso negativo, reajuste a pressão da bandagem para
restabelecer a circulação. Pressão direta é o método mais rápido e eficiente para o controle
da hemorragia externa.
Elevação da área afetada: Quando uma extremidade é elevada, de forma que a área
lesionada fique acima do nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue.
Aplicar este método simultaneamente ao da pressão direta. Não o utilizar, porém, em casos
de fraturas, luxações ou de objetos empalados na extremidade.
Pressão distal sobre o ponto de pulso: Utilizar a pressão sobre pulso de artéria quando
os dois métodos anteriores falharem ou não tiver acesso ao local do sangramento
(esmagamento, extremidades presas em ferragens). É a pressão aplicada com os dedos
sobre os pontos de pulso de uma artéria contra uma superfície óssea. É necessária
habilidade do socorrista e conhecimento dos pontos exatos de pressão das artérias.
Principais pontos: - artéria braquial - para sangramento de membros superiores - artéria
femoral - para sangramento de membros inferiores - artéria temporal- para sangramento de
couro cabeludo - artéria radial - sangramento da mão (observe as imagens a seguir).

Torniquete: Deve ser considerado como o último recurso (praticamente em desuso), o


torniquete só será utilizado se todos os outros métodos falharem, devendo ser considerado
apenas nos casos de destruição completa ou amputação de extremidades, com

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sangramento severo. Consiste numa bandagem constritora colocada em torno de uma


extremidade até que o fluxo sanguíneo pare por completo. Podem ser utilizados tubos de
borracha, gravatas, etc. Apertado demais pode lesar tecidos, músculos, nervos e vasos.
Deve ser colocado entre a ferida e o coração, observado explicitamente o horário de
aplicação. O membro abaixo do torniquete deve tornar-se pálido, e o pulso arterial, abaixo
do torniquete, desaparecer. Caso não esteja apertado o suficiente pode interromper o fluxo
venoso sem interromper o fluxo arterial, dando como resultado maior sangramento pela
ferida.

MÉTODOS DE CONTROLE DA HEMORRAGIA INTERNA:


Para suspeitar que a vítima esteja com hemorragia interna, é fundamental conhecer
o mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de hemorragias
internas (acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões). Alguns sinais de alerta para
suspeitar de hemorragia interna: fratura da pelve ou ossos longos (braços ou coxa), rigidez
abdominal, área de equimose em tórax e abdômen, ferida penetrante em crânio, tórax ou
abdômen. O tratamento de hemorragia interna é cirúrgico. O atendimento pré-hospitalar
consiste em garantir a respiração da vítima e transportá-la a um centro médico. Administrar
oxigênio em altas concentrações durante o transporte. Para detectar hemorragia interna,
conhecer o mecanismo de lesão, observar lesões que possam provocar sangramento
interno e estar permanentemente atento aos sinais e sintomas que a vítima apresentar.

CHOQUE

Choque é a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter sangue


suficiente circulando para todos os órgãos do corpo. Trata-se de uma condição de extrema
gravidade, cuja identificação e atendimento fazem parte da avaliação primária da vítima.
Uma vez que o estado de choque atinja certo nível de severidade, o paciente não será
salvo. Todo esforço deverá ser feito pela equipe de socorro para identificar o choque,
tomando as medidas necessárias e transportando a vítima rapidamente ao tratamento
definitivo no hospital. As vítimas de trauma que recebem o tratamento definitivo no hospital
até uma hora após sofrer a lesão tem maior chance de sobrevida.

MECANISMO DO CHOQUE: O aparelho cardiovascular é responsável por transportar


oxigênio e nutrientes para todos os tecidos do corpo e eliminar gás carbônico e resíduos
resultantes do processo de nutrição celular. Para realizar adequadamente esse processo, o
sistema circulatório retira oxigênio dos pulmões, nutrientes do intestino e fígado e leva-os
para todas as células do organismo. Depois disso, retira o gás carbônico e detritos celulares
da intimidade dos tecidos, levando-os para os órgãos responsáveis pela excreção (pulmões,
rins, fígado etc.). A esse processo, que ocorre em nível de capilares, dá-se o nome de
perfusão tecidual. Para que esse sistema funcione de forma eficiente e adequada, é
necessário que o coração se mantenha bombeando o sangue, que o volume de sangue
circulante seja suficiente para encher os vasos e que o calibre dos vasos se ajuste às
condições normais. Uma falha em qualquer desses fatores irá provocar falha na perfusão
tecidual, levando a vítima a desenvolver o estado de choque.

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TIPOS DE CHOQUE:
Choque hipovolêmico: Tipo mais comum de choque que o socorrista vai encontrar no
atendimento pré-hospitalar. Sua característica básica é a diminuição acentuada do volume
de sangue. Pode ser causado pelos seguintes fatores:
1) Perda direta de sangue: hemorragia interna e externa;
2) Perda de plasma: em caso de queimaduras, contusões e lesões traumáticas;
3) Perda de líquido pelo trato gastrointestinal: provoca desidratação (vômito ou
diarreia).
A redução no volume de sangue circulante causa diminuição no débito cardíaco e reduz
toda a circulação (perfusão tecidual comprometida). O reconhecimento precoce e o cuidado
efetivo no atendimento do choque hipovolêmico podem salvar a vida do paciente. O
tratamento definitivo do choque hipovolêmico é a reposição de líquidos (soluções salinas ou
sangue).
Sinais e sintomas do choque hipovolêmico:
1) Ansiedade e inquietação;
2) Náusea e vômito;
3) Sede, secura na boca, língua e lábios;
4) Fraqueza, tontura e frio;
5) Queda acentuada de pressão arterial (PA menor que 90mm/Hg);
6) Respiração rápida e profunda - no agravamento do quadro, a respiração torna-se
superficial e irregular;
7) Pulso rápido e fraco em casos graves; quando há grande perda de sangue, pulso
fraco ou ausente;
8) Enchimento capilar acima de 2 segundos;
9) Inconsciência parcial ou total;
10) Pele fria e úmida (pegajosa);
11) Palidez ou cianose (pele e mucosas acinzentadas);
12) Olhos vitrificados, sem brilho, e pupilas dilatadas (sugerindo apreensão e medo).
Cuidados de emergência no choque hipovolêmico:
1) Interromper sangramento quando acessível (usar o método da pressão direta,
elevação do membro);
2) Assegurar via aérea permeável e manutenção da respiração;
3) Administrar oxigênio em alta concentração (12 litros por minuto sob máscara facial
perfeitamente ajustada);
4) Imobilizar e alinhar fraturas - diminui a dor e o sangramento;
5) Confortar o paciente - quanto mais calmo e colaborativo, melhores chances de
sobrevida;
6) Colocar a vítima em posição de choque: a melhor é em decúbito dorsal, com as
pernas elevadas mais ou menos 25 cm. O objetivo é concentrar o volume sanguíneo
na cabeça, no tórax e na parte alta do abdômen. Caso essa posição não seja
possível, isto é, se causar dor ou desconforto ao paciente, mantenha-o no plano. Se
estiver vomitando e não houver qualquer contraindicação, transporte-o em decúbito
lateral;
7) Não oferecer nenhum líquido ou alimento;
8) Monitorar o paciente durante o transporte; conferir os sinais vitais a cada 5 minutos e
comunicar qualquer alteração;

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9) Manter o paciente aquecido; certificar-se de que esteja coberto sob e sobre o corpo,
remover a roupa úmida, considerando a temperatura do meio ambiente para não
provocar sudorese.
Choque cardiogênico: Decorre de uma incapacidade do coração bombear o sangue de
forma efetiva. Este enfraquecimento do músculo cardíaco pode ser consequência de infarto
agudo do miocárdio, situação frequente onde a vítima normalmente apresenta dor torácica
antes de entrar em choque. Os sinais e sintomas são semelhantes aos do choque
hipovolêmico e o pulso pode estar irregular. Já com relação aos cuidados de emergência, a
vítima não necessita de reposição de líquidos ou elevação de membros inferiores;
frequentemente respira melhor sentada. Administrar oxigênio e, se necessário, manobras de
reanimação.
Choque neurogênico: Causado por falha no sistema nervoso na tentativa de controlar o
diâmetro dos vasos, em consequência de lesão na medula espinhal, interrompendo a
comunicação entre o cérebro e os vasos sanguíneos. O resultado é a perda da resistência
periférica e a dilatação da rede vascular. Se o leito vascular estiver dilatado, não existirá
sangue suficiente para preencher a circulação, havendo perfusão inadequada de órgãos.
Com exceção do pulso, os sinais e sintomas do choque neurogênico são os mesmos do
choque hipovolêmico. O paciente apresenta bradicardia (pulso lento).
Choque psicogênico: Apresenta mecanismo semelhante ao choque neurogênico, surge
em condições de dor intensa, desencadeado por estímulo do nervo vago e tem como
característica principal braquicardia inicial seguida de taquicardia na fase de recuperação. O
paciente se recupera espontaneamente se colocado em decúbito dorsal.
Choque anafilático: Resulta de uma reação de sensibilidade a algo a que o paciente é
extremamente alérgico, como picada de inseto (abelhas, vespas), medicação, alimentos,
inalantes ambientais, etc. A reação anafilática ocorre em questão de segundos ou minutos
após o contato com a substância a que o paciente é alérgico.
Sinais e sintomas do choque anafilático:
1) Pele avermelhada, com coceira ou queimação;
2) Edema de face e língua;
3) Respiração ruidosa e difícil devido ao edema de cordas vocais;
4) Queda da pressão arterial, pulso fraco, tontura, palidez e cianose; - coma.
Cuidados de emergência no choque anafilático:
O paciente em choque anafilático necessita de medicação de urgência para combater a
reação, administrada por médico. Ao socorrista cabe:
1) Dar suporte básico de vida à vítima (manter vias aéreas e oxigenação);
2) Providenciar o transporte imediato e rápido ao hospital que deverá ser comunicado
antecipadamente.
Choque séptico: Ocasionado por infecção severa, comumente ocorre em vítimas
hospitalizadas, sendo excepcionalmente atendida pelo socorrista no APH.

PRÁTICA DE INTEGRAÇÃO – COLOCAÇÃO DE COLAR CERVICAL

Colar cervical é um equipamento de saúde destinado à imobilização das articulações


da região cervical, mantendo-as em posição anatômica e neutra. Em situações de resgate,
o colar cervical utilizado é fabricado em poliestireno de alta densidade e polietileno injetado
proporcionando alta imobilização da região cervical (neste fim, deve-se sempre ser utilizado
acompanhado de Imobilizador de Cabeça), é um equipamento imprescindível nos

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atendimentos Pré-Hospitalar e Intra-hospitalar os quais seja necessária a imobilização e


contenção desta região.É fundamental que o socorrista saiba colocar corretamente o colar
cervical, principalmente em casos de Atendimento Pré-hospitalar, a fim de evitar maiores
lesões à vítima em atendimento e possível agravamento do quadro clínico.Pensando na
qualidade de atendimento, veremos as técnicas de colocação do colar cervical em diversos
momentos de atividades dentro dos módulos de aprendizagem.

HORA DE PRATICAR!

Queimaduras; Colocação de CID I; Colocação de Colar Cervical II.

QUEIMADURAS

Caracteriza-se por queimadura, toda lesão do tecido de revestimento do corpo,


causada por agentes térmicos, químicos, radioativos ou elétricos, podendo destruir total ou
parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais profundas (músculos, tendões
e ossos).

ANATOMIA BÁSICA DA PELE:

A pele é o maior órgão do corpo


humano, representando cerca de 15% do peso
de nosso corpo. É formada por duas camadas:
Epiderme, Derme. Mais abaixose localiza a
Hipoderme, responsável pela vascularização
da pele. Cadacamada possui, uma ou mais
funções específicas, muitas com papel vital
para a manutenção da saúde.

CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS:


As queimaduras classificam-se quanto à profundidade; quanto à extensão; quanto à
superfície corporal queimada e quanto à gravidade.
Classificação quanto à profundidade:

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QUEIMADURA DE 1º GRAU: Atinge somente a epiderme; apresenta dor e vermelhidão


local.

QUEIMADURA DE 2º GRAU: Atinge a epiderme e a derme; apresenta dor e vermelhidão


local mais intensa; há formação de bolhas de água.

QUEIMADURA DE 3º GRAU: Atinge todas as camadas da pele: epiderme, derme e


hipoderme. Podendo atingir até o tecido muscular e/ou tecido ósseo; reflete pouca ou
nenhuma dor em seu centro; apresenta áreas escurecidas ou esbranquiçadas no local
atingido.
Classificação quanto à extensão: São consideradas pequenas queimaduras quando
atinge menos de 10% da área do corpo; médias queimaduras quando atingem de 10 a 30%
da área do corpo; grandes queimaduras quando atinge mais de 30% da área do corpo. Para
determinarmos a porcentagem do corpo atingido normalmente adotamos uma regra prática
denominada “REGRA DOS NOVE”, que consiste em dividir o corpo humano em áreas
correspondentes a 9% da área corporal ou múltiplos de nove, conforme a imagem:

Classificação quanto à gravidade:


Para determinarmos a gravidade de uma queimadura devemos sempre considerar os
seguintes aspectos: a) Profundidade da queimadura; b) Extensão corporal queimada; c)
Localização da queimadura; d) Idade da vítima; e) Presença de outras enfermidades
anteriores; f) Tipo da queimadura (elétrica química ou térmica); g) Queimadura em toda a
circunferência de algum membro ou pescoço.
A vítima deve ser classificada grave ou grande queimado quando possuir: a) Queimadura de
3º grau presente em mais de 10% da superfície corporal seja no adulto e na criança; b)
Queimadura de 2º grau presente em mais de 25% da superfície corporal no adulto; c)

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Queimadura de 2º grau presente em mais de 20% da superfície corporal na criança. São


consideradas também queimaduras graves aquelas que acometem a região genital, os pés
e as mãos, a face e as articulações.

ORIGEM DAS QUEIMADURAS:


As queimaduras podem ter origem térmica, elétrica, química ou por radiação. As
queimaduras térmicas são causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos,
gases e pelo calor de chamas. As elétricas são produzidas pelo contato com eletricidade de
alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é ocasionado pela produção de calor que
ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido. São difíceis de avaliar e, mesmo
as lesões que parecem superficiais, podem ter danos profundos a músculos, nervos e
vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e lesão do
sistema nervoso. Queimaduras químicas são provocadas pelo contato com substâncias
corrosivas, liquidas ou sólidas, com a pele. E, as queimaduras provocadas por radiação são
as resultantes da exposição à luz solar, fontes nucleares ou qualquer outra fonte de energia
emitida em forma de ondas ou partículas.

PROCEDIMENTOS EM QUEIMADURAS TÉRMICAS:


1) Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou cobrindo-a com um
cobertor (em direção aos pés);
2) Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência (especial atenção para
VAS em queimaduras na face);
3) Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas ao local, recortar
em volta;
4) Retirar pulseiras, anéis, relógios etc.;
5) Estabelecer extensão e profundidade das áreas queimadas;
6) Quando de 1º grau banhar o local com bastante água fria ou soro fisiológico;
7) Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecção;
8) Cobrir as regiões queimadas com curativo úmido, frouxo, estéril ou limpo, para aliviar
a dor e diminuir os riscos de contaminação;
9) Transporte o paciente para um hospital, se necessário.

PROCEDIMENTOS EM QUEIMADURAS QUÍMICAS:


1) Afaste o produto da vítima ou a vítima do produto;
2) Verificar VAS, respiração, circulação, nível de consciência e evitar choque;
3) Retirar as roupas da vítima;
4) Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção;
5) Identificar o agente químico: ácido lavar por 05 minutos; alcalinos lavar por 10
minutos; Na dúvida lavar por 15 minutos;
6) Se alcalinos secos, não lave retire manualmente (exemplo: soda cáustica);
7) Cubra a região com um curativo limpo e seco e previna o choque.

PROCEDIMENTOS EM QUEIMADURA NOS OLHOS:


1) Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com soro fisiológico por no
mínimo 15 minutos;
2) Encaminhar a vítima para um pronto socorro o mais rápido possível.

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PROCEDIMENTOS EM QUEIMADURAS ELÉTRICAS:


1) Desligar a fonte ou afastar a vítima da fonte elétrica;
2) Verificar sinais vitais da vítima;
3) Avaliar a queimadura (ponto de entrada e de saída);
4) Aplicar curativo seco;
5) Prevenir o choque.

PRÁTICA DE INTEGRAÇÃO –
COLOCAÇÃO DE CID (Colete Imobilizador Dorsal)

O CID é um dispositivo imobilizador de toda a coluna dorsal. É um colete aplicado ao


dorso de vítimas com suspeita de lesão cervical e dorsal graves. Possui duas abas laterais
para a estabilização da cabeça e do tronco. O tronco da vítima e é fixado ao dispositivo
através de cintos coloridos e a cabeça e o pescoço são fixados através de uma tira
mentoniana e uma tira frontal.
Bem como a colocação do colar cervical, é fundamental que o socorrista saiba
colocar corretamente o CID, a fim de diminuir o agravamento das lesões e evitar o
surgimento de novas lesões.
Na prática de integração de hoje veremos como colocar corretamente o CID
associado à colocação do colar cervical.

HORA DE PRATICAR!

Traumas; Fraturas; Pessoas com Mobilidade Reduzida.

TRAUMA FÍSICO E FRATURAS

TRAUMA FÍSICO: Consiste na agressão aos tecidos que formam o corpo humano,
proveniente da ação de uma força deformatória que atua sobre eles. O trauma depende da
intensidade e duração da força que o provoca. Quanto à graduação do trauma podemos
considerar as forças que os provocam. Os traumas ortopédicos, por exemplo, podem atuar
sobre a pele, articulações, músculos e ossos e sobre todos esses tecidos de uma só vez,
dependendo da duração e da intensidade de atuação sobre os mesmos. Quanto à
classificação podemos considerar:
Trauma sobre a pele:
Ferimento: é a abertura da pele e/ou de demais tecidos. Pode ser perfurante, cortante,
perfuro-cortante ou abrasivo.
Contusão: é o trauma nos tecidos em que não há solução de continuidade da pele.
Trauma sobre as articulações:
Entorse: é uma lesão nas estruturas ligamentares em torno de uma articulação provocada
por uma torção ou tração, ocasionando distensão dos tecidos sem causar ruptura no
mesmo.
Lesão ligamentar: é uma lesão nas estruturas ligamentares, em torno de uma articulação,
provocadas por uma tração ou torção, ocasionando uma ruptura ligamentar.

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Luxação: é uma lesão articular cujas superfícies que as compõem perderam o contato
anatômico. Encontra-se em três tipos: luxações traumáticas; luxações congênitas; luxações
espontâneas.
Trauma sobre os músculos:
Espasmo muscular: ocorre uma contratura permanente do músculo após o trauma.
Distensão muscular: ocorre um estiramento da fibra muscular sem rompê-la.
Ruptura muscular: ocorre a ruptura da fibra muscular.
Trauma sobre os ossos:
Fraturas: é a interrupção da continuidade óssea, sendo definida de acordo com o tipo e a
extensão. Pode ser: incompleta; fechada; aberta ou exposta.

FRATURAS: Como vimos, classifica-se por fratura a quebra da continuidade óssea, ou seja,
a ruptura completa ou incompleta da continuidade de um osso.

SINAIS CLÍNICOS DE FRATURAS: Dor que aumenta com a palpação e a movimentação;


deformidade anatômica no local; mobilidade anormal no foco de fratura; aumento do volume
local (derrame do conteúdo medular, hematoma fractuário); Crepitação óssea; Impotência
funcional parcial ou total.

CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS DE ACORDO COM APLICAÇÃO DAS FORÇAS


TRAUMATIZANTES:
Fratura direta: pancada no local com objeto, veículo, projétil.
Fratura indireta: consequente à queda, flexão ou torção, ou seja, a força traumatizante não
se aplicou no local da fratura.
Fratura patológica: quando já há debilidade óssea anterior por deformidade e sem qualquer
violência ocorre a fratura (osteoporose, tumor).

CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS DE ACORDO COM A CONDIÇÃO DA PELE:


Fechada: quando não existe comunicação da zona de fratura com a superfície do corpo.
Aberta: quando existe comunicação do foco com o meio exterior. É uma fratura que pode
levar a uma contaminação por germes do exterior e ser passível de um perigo iminente de
infecção.

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ANATOMIA ÓSSEA BÁSICA:

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AVALIAÇÃO PRIMÁRIA EM VÍTIMAS DE TRAUMA

A avaliação primária em vítimas de trauma consiste em um processo ordenado que


visa a identificação e correção imediata de problemas que ameacem a vida do atendido em
curto prazo. Bem como na avaliação de vítimas de casos clínicos, a avaliação em vítimas de
trauma se aplica através de uma ordem mnemônica de atendimento e socorro a vítima,
denominada método DR. ABCDE. Vejamos:
D - Segurança do local e biossegurança.
R – Responsividade (nível de consciência).
A – Estabilização da coluna cervical manualmente e permeabilidade das VAS.
B - Respiração.
C - Circulação.
D - Disfunção Neurológica.
E - Exposição e ambiente.

OBSERVAÇÃO: Caso a vítima esteja sem pulso circulatório, inicie RCP.

D - Segurança do local e biossegurança:


 Utilizar EPI adequado;
 Verifique a cinemática do trauma e acione suporte avançado, se
necessário;
 Verificar o número de vítimas e, se necessário, solicitar apoio e
realizar triagem;
R – Responsividade (nível de consciência):
 Estabilizar manualmente a cabeça da vítima e chamá-la por pelo
menos três vezes (Sr./Sr.ª, você está me ouvindo? Sr./Sr.ª, você está
bem? Ou chame-a pelo nome, se souber), sem movimentá-la;
 Se a vítima estiver inconsciente: solicite Suporte Avançado e
comunique a situação para a Central de Operações;
A – Estabilização da coluna cervical manualmente e permeabilidade das VAS:
Se a vítima estiver inconsciente:
 Apoiar manualmente a cabeça da vítima para evitar movimentação até
a colocação do colar cervical e do imobilizador lateral de cabeça.
 Fazer abertura das vias aéreas através da manobra de elevação da
mandíbula;
 Inspecionar visualmente a cavidade oral e em caso de objeto
estranho, retirá-lo (somente retirar próteses dentárias se as mesmas
estiverem soltas ou quebradas no interior da boca);
 Fazer aspiração, caso haja secreções (vômito, sangue, fluído
corpóreo ou líquido);
 Colocar cânula orofaríngea em vítimas que não apresentem reflexo de
vômito;
Se a vítima estiver consciente:
 Apoiar manualmente a cabeça da vítima para evitar movimentação até
a colocação do colar cervical e do imobilizador lateral de cabeça e
apresentando-se para a vítima como socorrista, questionar sobre o
ocorrido e avaliar a queixa principal;
41
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 Verificar se as vias aéreas estão pérvias, analisando a presença de


secreções ou vômitos, dificuldade respiratória ocasionada por trauma
visível no pescoço, edema de vias aéreas por inalação de substâncias
tóxicas ou gases aquecidos, lesões orais e ruídos indicativos de
obstrução parcial de vias aéreas;
 Nos casos de obstrução de vias aéreas, grandes sangramentos da
cavidade oral e vômitos persistentes, acionar Suporte Avançado;
B – Respiração:
 Verifique se há respiração pelo tempo de 7 a 10 segundos: se
presente, verifique a frequência respiratória (FR) anote este valor,
lembre-se que frequência respiratória é dadaem ventilações por
minuto. Se ausente, inicie imediatamente a RCP e acione o Suporte
Avançado;
 Se possível, instale oxímetro de pulso e avalie a saturação de
oxigênio no sangue e, se for menor que 94%, ministre oxigênio a 10
L/min tendo como meta 96%.;

ATENÇÃO: Nos casos de dificuldade ou parada cardiorrespiratória, acionar SUPORTE


AVANÇADO.

C – Circulação:
Se a vítima estiver inconsciente:
 Palpar pulso carotídeo nas vítimas com idade acima de 1 ano pelo
tempo mínimo de 5 segundos e tempo máximo de 10 segundos;
 Nos casos de vítimas com idade abaixo de 1 ano, utilizar a artéria
braquial;
 Na ausência de pulso central, realizar manobras de ressuscitação.
 Não sendo possível constatar o pulso central em até 10 segundos,
considerar como pulso ausente e iniciar RCP;
Se a vítima estiver consciente:
 Checar presença e a frequência de pulso radial;
 Checar Pressão Arterial (P.A. Sistólica > ou = 80mHg);
 Checar perfusão periférica;
 Realizar TUC (Temperatura, Umidade, Coloração cutânea);
 A ausência de pulso radial, taquicardia, agitação e confusão mental,
taquipnéia, palidez cutânea e sudorese são sinais sugestivos de
choque. Acione o Suporte Avançado;
 Verifique a presença de hemorragias que impliquem em necessidade
de controle imediato e providencie as técnicas correspondentes de
hemostasia;
D - Disfunção Neurológica:
 Avaliação do diâmetro das pupilas;
 Avaliar o nível de consciência (Glasgow)

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E - Exposição e ambiente:
Exponha com todo o cuidado possível, regiões do corpo da vítima em busca de
lesões, avaliando rapidamente a região cervical, aplicando o colar cervical, procurando por
lesões graves e prevenindo a hipotermia;
 Informar antecipadamente à vítima e/ou responsável sobre o
procedimento que será efetuado;
 Executar a exposição do corpo da vítima somente quando
indispensável para identificar sinais de lesões ou de emergências
clínicas;
 Evitar tempo demasiado de exposição, prevenindo a hipotermia;
 Cobrir com manta aluminizada ou cobertor ou lençóis limpos;
 Garantir privacidade da vítima, evitando expor desnecessariamente as
partes íntimas de seu corpo;
 Respeitar as objeções da vítima, por motivos pessoais, incluindo
religiosos, desde que isso não implique em prejuízo para o
atendimento com consequente risco de morte;
 Evitar danos desnecessários ao remover vestes e/ou calçados:
 Quando necessário cortar vestes da vítima, utilizar tesoura de ponta
romba, evitando meios de fortuna que possam contaminar ou agravar
ferimentos.

AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA EM VÍTIMAS DE TRAUMA

A avaliação secundária em vítimas de trauma deve seguir os mesmos passos da


avaliação secundária de vítimas de casos clínicos. Entretanto, na avaliação de vitimas com
trauma os cuidados e as observações devem ser redobrados, principalmente em casos com
lesão na coluna cervical, e nos casos de vítima inconsciente. A checagem da sequência
AMPLA deve ser constante, a fim de certificar que todas as informações foram devidamente
observadas. Toda vítima que for encontrada inconsciente deve ser tratada como vítima com
lesão na coluna cervical, a menos que haja informação testemunhal contrária. É
imprescindível manter a estabilidade da coluna cervical em vítimas de trauma, seja em
posição neutra manualmente ou com colar cervical e imobilizador da cabeça.
A vítima não deve ser submetida a nenhum tipo de movimento antes que seja
imobilizada adequadamente, ou seja, não se deve mover a vítima da posição em que se
encontra antes de imobilizá-la, exceto quando:
1) Estiver num local de risco iminente (fazer retirada rápida);
2) Sua posição estiver obstruindo as vias aéreas;
3) Sua posição impedir procedimentos essenciais da Análise Primária;
4) Se for absolutamente necessário para garantir acesso à vítima mais grave.

EXAME FÍSICO EM VÍTIMAS DE TRAUMA:


Exame Céfalo-Caudal: Atentar-se a qualquer tipo de sinais, tudo que é observado como:
sangramentos, edemas, hematomas, escoriações, perda de tecidos, lesões aparentes,
cortes entre outros. Deve-se ainda atentar-se para sintomas relatados pela vítima quando
esta mantém consciência. É primordial observar alterações de comportamento ou
consciência. Outro fator de importância significativa é a monitoração contínua da vítima, pois
mesmo apresentando um quadro “estável” pode evoluir rapidamente para óbito. Observam-
43
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se ainda sinais de alteração da pigmentação da pele como cianose e palidez, além de


procurar por anormalidades como afundamento da calota craniana. Falta de resposta
motora pode significar comprometimento ou lesão da medula.
Exame Cervical: Verificar pontos dolorosos; anormalidades visíveis ou palpáveis.
Exame Torácico: Deve-se procurar por lesões, cortes e ferimentos penetrantes. Atentar
para lesões, hematomas, alterações dos movimentos respiratórios, sensibilidade à
apalpação. Examinar região dorsal da vítima. NÃO remover objetos penetrantes!
Exame de Pélvis e Membros: Procura-se por deformidades e sensibilidade à dor. Nos
genitais da vítima atentar para: Sangramentos; Homens – Priapismo (indica lesão de base
de crânio). Observação de Membros: Alinhamento e Deformidades; Sensibilidade;
Coloração.
Após esta avaliação se necessário execute a imobilização ou curativo do local afetado, a fim
de estabilizar este problema.
Agora execute a manobra correta de transposição de vítima do solo para prancha longa de
acordo com a necessidade da vítima.

TÉCNICAS PARA O TRATO DE FERIDAS

FERIMENTOS SUPERFICIAIS ABERTOS:


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) As condutas no atendimento a ferimentos iniciarão a partir da letra “E” da Avaliação
Primária;
4) Adotar a conduta de hemostasia adequada, se necessário;
5) Expor a ferida e limpar ao redor, retirando detritos e objetos soltos com irrigação de
soro fisiológico;
6) Não remover coágulos sanguíneos;
7) Fazer curativo compressivo com ataduras, gases e/ou bandagem triangular;
8) Prevenir e/ou tratar o estado de choque;
9) Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte.

FERIMENTOS NOS OLHOS:


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Retirar corpo estranho apenas na conjuntiva e esclerótica se não estiverem
transfixados;
4) Lavar com soro fisiológico ou água em abundância nos casos que não haja
transfixação;
5) Aplicar atadura oclusiva em ambos os olhos;
6) Não retirar objetos transfixados;
7) Caso o globo ocular esteja profuso, protege-lo com atadura de gases embebidos em
soro fisiológico e ocluir ambos os olhos;
8) Em caso de extrusão completa do globo ocular não tentar recoloca-lo, proceder à
oclusão bilateral com gaze umedecida;
9) Remoção de lente de contato somente em vítimas inconscientes com tempo de
transporte prolongado;
10) Prevenir e/ou tratar o estado de choque;

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11) Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte;


12) Transportar ao hospital de referência oftalmológica.

FERIMENTOS SUPERFICIAIS NA CABEÇA:


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Ver também a técnica para vítimas de traumatismo crânio-encefálico;
4) Não aplicar compressão excessiva;
5) Efetue tamponamento se não observar fragmentos de ossos, afundamento ou
exposição de tecido cerebral;
6) Empregue para tamponamento ataduras, gases e/ou bandagem triangular;
7) Não conter hemorragias ou saída de líquido claro pelos ouvidos ou nariz;
8) Prevenir e/ou tratar o estado de choque;
9) Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte, para o hospital de
referência.

AMPUTACAO OU AVULSÃO COMPLETA:


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Proteja o local ferido;
4) Caso haja hemorragia utilize a técnica de hemostasia adequada;
5) Limpar cuidadosamente o segmento amputado com soro fisiológico;
6) Envolva o segmento amputado em gazes ou atadura umedecida em soro fisiológico;
7) Coloque o membro se possível em um saco plástico com cuidado de NÃO manter ar
dentro dos sacos. Não congelar o segmento amputado, colocando-o diretamente no
gelo ou acrescentando outro agente de resfriamento, como gelo seco, por exemplo;
8) Logo após, coloque o membro em recipiente com gelo, ou água gelada, sem que o
membro tenha contato direto com estes líquidos:
9) Prevenir e/ou tratar estado de choque;
10) Informar o centro de operações para que a equipe cirúrgica seja preparada no
hospital de referência;
11) Solicite apoio do Suporte Avançado, continuando com os procedimentos ou o
transporte para o hospital de referência.

OBJETOS TRANSFIXADOS (EMPALAMENTOS):


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Não tente remover o objeto do local;
4) Imobilizar e proteger o objeto de movimentações;
5) Prevenir e/ou tratar estado de choque;
6) Solicite apoio do Suporte Avançado, continuando com os procedimentos ou o
transporte para o hospital de referência.

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EVISCERAÇÕES TRAUMATICAS:
1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Nunca tentar recolocar as vísceras no interior do abdome;
4) Cobrir as vísceras expostas com bandagem, gazes ou ataduras embebidas em soro
fisiológico (se for possível/disponível com compressas esterilizadas);
5) Flexionar as pernas da vítima;
6) Prevenir e/ou tratar estado de choque;
7) Solicite apoio do Suporte Avançado. Transportar o mais rápido possível.

TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO DE FRATURAS

ATENÇÃO: Na dúvida, se há ou não fratura, sempre imobilizar. Não se distrair das


prioridades. Manter o controle emocional e procurar não se impressionar tanto com a
gravidade da cena é imprescindível para um bom desempenho neste tipo de
atendimento, principalmente frente a uma fratura que cause uma deformidade
impressionante.

CONDUTAS EM LUXAÇÃO EENTORSE:


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Aplicação de frio (gelo ou compressas úmidas e frias);
4) Imobilização da articulação com talas ou material rígido;
5) Transporte em prancha longa;
6) Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte.

CONDUTAS EM FRATURAS EXPOSTAS:


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Estanque a hemorragia, conforme o descrito anteriormente;
4) Não recoloque o osso exposto no interior da ferida;
5) Não limpe ou passe qualquer produto na ponta exposta do osso;
6) Prevenir e/ou tratar estado de choque;
7) Avaliar a necessidade de transportar ao Suporte Avançado.

TÉCNICAS E CONDUTAS EM FRATURAS DOS MEMBROS SUPERIORES


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Sempre imobilize uma articulação proximal e uma distal;
4) Cheque pulso periférico do membro afetado e a perfusão distal;
5) Cheque a motricidade e sensibilidade;
6) Use talas, bandagens e ataduras;
7) Após a imobilização continue checando sensibilidade, pulso periférico e perfusão
capilar;
8) Conter as hemorragias;
9) Prevenir e/ou tratar estado de choque;
10) Avaliar a necessidade de transportar ao Suporte Avançado.
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Imobilização de clavícula, escápula e ombro:


1) Imobilizar o membro proporcionando sustentação para o braço;
2) Utilizar bandagem triangular e confeccionar uma tipoia: se o membro estiver afastado
do corpo, colocar um apoio entre o braço e o corpo para manter o membro na
posição encontrada.
Imobilização de luxação de ombro:
1) Utilizar bandagem triangular e confeccionar uma tipoia: se o membro estiver afastado
do corpo, colocar um apoio entre o braço e o corpo para manter o membro na
posição encontrada;
2) Envolver a articulação do ombro e do cotovelo.
Imobilização de úmero:
1) Para fratura proximal (próximo ao ombro), utilizar 2 bandagens triangulares,
imobilizando o membro fletido;
2) Para fratura medial ou distal, utilizar preferencialmente tala rígida e imobilizar
atingindo articulação acima e abaixo, fixando com ataduras ou bandagens.
Imobilização de rádio e ulna:
1) Envolver a articulação do cotovelo e do punho;
2) Utilizar a tala rígida ou moldável para imobilização de fraturas.
Imobilização de mão e dedos:
1) Imobilizar a mão com os dedos semi-fletidos, deixando-os apoiados sobre um rolo de
atadura de crepe ou chumaço de gaze.
2) Utilizar tala rígida ou moldável.
3) Para os dedos, proceder da mesma forma. Caso seja apenas um dedo e o
comprometimento é da falange distal, utilizar duas espátulas de madeira.

TÉCNICA DE COLOCAÇÃO DO COLAR CERVICAL


Aplicação do colar em vítima sentada:
1) Retirar qualquer vestimenta e outros adornos da área do pescoço da vítima.
2) Examinar pescoço da vítima antes de aplicar o colar cervical.
Socorrista 1:
1) Faz o alinhamento lentamente da cabeça e a mantém firme com uma leve tração
para cima;
2) Na vítima inconsciente, mantém as vias aéreas permeáveis, usando a manobra de
elevação da mandíbula;
3) Na vítima consciente, realizar o apoio lateral de cabeça.
Socorrista 2:
1) Escolhe o colar cervical de tamanho apropriado;
2) Coloca o colar cervical iniciando pela parte do queixo, deslizando o colar sobre o
tórax da vítima até que seu queixo esteja apoiado firmemente sobre o colar (parte
anterior);
3) Passa a parte posterior do colar por trás do pescoço da vítima até se encontrar com
a parte anterior;
4) Ajusta o colar e prende o velcro observando uma discreta folga (1 dedo) entre o colar
e o pescoço da vítima.
Socorrista 1:
Mantém a imobilização lateral da cabeça.

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Aplicação do colar em vítima deitada:


1) Retirar qualquer vestimenta e outros adornos da área do pescoço da vítima.
2) Examinar pescoço da vítima antes de aplicar o colar cervical.
Socorrista 1:
1) Faz o alinhamento lentamente da cabeça e a mantém firme com uma leve tração
para cima; na vítima inconsciente, mantém as vias aéreas permeáveis, usando a
manobra de elevação da mandíbula;
2) Na vítima consciente, realizar manualmente o apoio lateral de cabeça.
Socorrista 2:
1) Escolhe o colar cervical de tamanho apropriado;
2) Passa a parte posterior do colar por trás do pescoço da vítima;
3) Coloca a parte anterior do colar cervical, encaixando no queixo da vítima de forma
que esteja apoiado firmemente;
4) Ajusta o colar e prende o velcro observando uma discreta folga (1 dedo) entre o colar
e o pescoço da vítima.
Socorrista 1:
Mantém a imobilização lateral da cabeça até que se coloque um recurso material para tal
(cobertor, imobilizador lateral).
Aplicação do colar regulável – adulto:
1) Retirar qualquer vestimenta e outros adornos da área do pescoço da vítima.
2) Examinar pescoço da vítima antes de aplicar o colar cervical.
Socorrista 1:
1) Faz o alinhamento lentamente da cabeça e a mantém firme com uma leve tração
para cima;
2) Na vítima inconsciente, mantém as vias aéreas permeáveis, usando a manobra de
elevação da mandíbula;
3) Na vítima consciente, realizar manualmente o apoio lateral de cabeça;
Socorrista 2:
1) Girar o apoio da região mentoniana 270 graus;
2) Puxar os dois pinos redondos azuis da trava do colar na região anterior;
3) Travar lateralmente as duas setas azuis localizadas na região anterior passa a parte
posterior do colar por trás do pescoço da vítima;
4) Coloca a parte anterior do colar cervical, encaixando no queixo da vítima de forma
que esteja apoiado firmemente;
5) Ajusta o colar e prende o velcro observando uma discreta folga (1 dedo) entre o colar
e o pescoço da vítima.
6) Com os indicadores na parte anterior da abertura frontal e os polegares na parte
superior, ajustar a largura do colar até as laterais apoiarem por completo a região do
músculo trapézio;
7) Pressionar os dois pinos azuis a fim de travar o colar cervical.
Socorrista 1:
1) Mantém a imobilização lateral da cabeça até que se coloque um recurso material
para tal (cobertor, imobilizador lateral).
2) Iniciar a Análise Secundária somente depois de estabilizados os problemas
encontrados na análise primária.

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TÉCNICA DE COLOCAÇÃO DE COLETE IMOBILIZADOR DORSAL


Verificar se a vítima está sentada e se o A B C D estão estáveis.
Socorrista 1: Realiza estabilização da coluna cervical, liberando as vias aéreas.
Socorrista 2: Realiza a colocação do colar cervical e prepara o colete imobilizador.
Socorrista 3: Estabiliza o tronco da vítima colocando as duas mãos espalmadas no
tórax da vítima, uma na parte posterior e outra na anterior.
Socorristas 1 e 3: Em movimento monobloco, posicionam o corpo da vítima à frente
para permitir a colocação do colete imobilizador.
Socorrista 2: Passa a mão nas costas da vítima até a região lombar para procurar
ferimentos, fragmentos de vidro, pedaços de lataria ou possível armamento, em seguida,
coloca o colete imobilizador entre a vítima e o encosto, centralizando-o.
Socorristas 2 e 3: Ajustam as abas laterais sob as axilas;
1) Passam os tirantes do colete, na seguinte ordem: Tirante abdominal (do meio);
Tirante pélvico (inferior); Tirante torácico (superior), sem ajustá-lo demasiadamente;
Tirantes dos membros inferiores dão a volta na coxa da vítima (próximo à virilha) e
são fixados sem ajustá-los demasiadamente;
2) Em seguida, se necessário, coloca a almofada entre a cabeça e o colete corrigindo a
distância existente entre eles;
3) Fixa a cabeça com os tirantes do queixo e da testa;
4) Coloque duas talas flexíveis para ocupar o espaço anatômico entre os membros
inferiores, fixando-as com bandagens;
5) Restringir os punhos da vítima com bandagem triangular, antes de removê-la;
6) Revisar os tirantes;
7) Ajustar o tirante torácico.
8) Efetuar a movimentação da vítima com cautela.

ATENÇÃO: Todos os tirantes devem estar bem fixos e deve-se evitar que fiquem com
as pontas soltas, pois podem enroscar e dificultar a movimentação da vítima. Uma vez
colocado o colete não deve ser retirado, somente aliviar os tirantes quando a vítima
estiver na prancha. Antes de realizar o giro da vítima, verificar se os tirantes do colete
imobilizador estão ajustados. Em algumas situações não é possível fazer o giro de
forma a deixar as costas da vítima para fora; nesses casos, o giro pode ser feito ao
contrário, tomando-se o cuidado de inverter a prancha longa. O colete imobilizador
não é feito para carregar a vítima sentada e sim para apoiar e imobilizar a sua coluna,
por isso, após imobilizá-la fazer o giro e deita-la sobre a prancha longa.

TÉCNICA DE REMOÇÃO DE CAPACETE DE MOTOCICLISTA


A retirada do capacete deve ser feita o mais precocemente possível. Permite-se a
retirada do capacete com a vítima em outra posição que não em decúbito dorsal se ela
estiver presa em algum lugar impedindo o rolamento. Não retirar o capacete se houver
objeto transfixando o mesmo ou se a vítima queixar-se de dor em coluna cervical. Neste
caso transportá-la com o capacete fixo a prancha.
Procedimento de retirada do capacete:
Socorrista 1: Faz uma leve tração no pescoço da vítima, utilizando as mãos, uma de cada
lado do capacete;
Socorrista 2:
1) Solta ou corta o tirante do capacete, enquanto o Socorrista 1 mantém a tração;

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2) Coloca o polegar e o indicador de uma das mãos segurando a mandíbula e com a


outra na parte posterior do pescoço, na altura da região occipital, fixando a coluna
cervical;
Reposicionar a vítima, se necessário, da seguinte maneira:
Socorrista 1: mantém a coluna cervical estabilizada;
Socorristas 2 e 3: efetuam a manobra de rolamento em monobloco.
Socorrista 1: Remove o capacete da cabeça da vítima, atentando para os seguintes itens:
1) Capacete oval: é necessário alarga-lo com as próprias mãos, mantendo-o dessa
forma durante todo o processo de retirada, para que ele não traumatize as orelhas
da vítima e seja mais fácil a retirada.
2) Capacete que cobre toda a face da vítima: remova primeiro o visor e erga a parte da
frente do capacete ao tirá-lo, para que não traumatize o nariz.
Socorrista 2: Mantém a coluna cervical estável, enquanto o Socorrista 1 remove o capacete;
Socorrista 1: Depois de retirar o capacete, assume posição para realizar a manobra de
elevação da mandíbula (vítima inconsciente), considerando que a vítima esteja deitada.
Socorrista 2: Após a realização da análise primária, fazer a imobilização da coluna cervical
com colar cervical.

MOBILIDADE REDUZIDA

Segundo a legislação brasileira, a pessoa com mobilidade reduzida é aquela que,


temporária ou permanente, tem limitada a sua capacidade de se relacionar com o meio e de
utilizá-lo. (NBR 9050:2004)
Muitas vezes as pessoas associam deficiência com incapacidade, mas nem toda
deficiência provoca limitação de capacidade e problemas de desempenho. Ela pode
comprometer apenas uma função específica e preservar as outras. Por exemplo, um
deficiente visual não está impedido de ter uma vida independente, trabalhar e praticar atos
da vida civil, já que sua compreensão e vontade permanecem inalteradas. Portanto, não é
porque a pessoa tem uma deficiência que deve ser rotulada de incapaz.
De acordo com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, o conceito de
deficiência deve ser compreendido como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade ou capacidade parcial
da pessoa desempenhar atividades dentro do padrão considerado normal do ser humano.
Mas essa incapacidade é restrita a determinada atividade, como andar, ver, ouvir, falar ou
ao desempenho intelectual, e não significa incapacidade genérica.
É isso também o que consta no art. 5º, parágrafo 1º, I, do Decreto nº. 5.296/2004,
que define a pessoa portadora de deficiência como a que possui limitação ou incapacidade
para o desempenho de atividade e se enquadra nas categorias de deficiências física,
auditiva, visual, mental e múltipla (associação de duas ou mais deficiências). É com base
nas definições de deficiência dadas por essa norma que são concedidos os benefícios para
pessoas com deficiência, tais como o benefício assistencial, reserva de vagas em concursos
públicos, passe livre, entre outros.
A pessoa com mobilidade reduzida não é portadora de deficiência, mas tem
dificuldade de movimentar-se, de flexibilidade, coordenação motora e percepção. Essa
dificuldade pode ser permanente ou temporária. Também podem ser incluídas nessa
definição as pessoas com mais de sessenta anos, gestantes, lactantes (mulheres que
amamentam) e pessoas com criança de colo.

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Sendo assim, podemos considerar que a deficiência física é a alteração completa ou


parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física. Já a pessoa com mobilidade reduzida é aquela que, não se enquadrando no
conceito de pessoa com deficiência, tem dificuldade de movimentar-se, permanente ou
temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora
e percepção.
É importante para o socorrista saber diferenciar um portador de necessidades
especiais de uma pessoa em situação de mobilidade reduzida a fim de priorizar serviços de
socorro de urgências e emergências de vítimas em tais situações e principalmente em casos
de evacuação da cena de socorro.

HORA DE PRATICAR!

Movimentação, Remoção e Transporte de Vítimas.

TÉCNICAS E CONDUTAS EM FRATURAS DOS MEMBROS INFERIORES

1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Sempre imobilize uma articulação proximal e distal;
4) Cheque pulso pedioso ou tibial posterior do lado afetado;
5) Cheque a motricidade e sensibilidade;
6) Use talas, bandagens e ataduras.
7) Prevenir e/ou tratar estado de choque;
8) Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte;
9) Avaliar a necessidade de transportar ao Suporte Avançado.
Imobilização de Pelve:
1) Imobilizar com auxílio da tala rígida e bandagem triangular;
2) Imobilizar envolvendo a articulação do joelho e impedindo a flexão do quadril;
3) O espaço entre os membros inferiores poderá ser completado com talas moldáveis
para estabilizar o conjunto da imobilização;
4) Poderá ser utilizado o colete imobilizador dorsal na posição invertida como
alternativa de imobilização da pelve;
5) Transportar a vítima em prancha longa.
Imobilização de luxação de articulaçãocoxofemoral:
1) Fazer imobilização de forma a sustentar o membro na posição encontrada, utilizar
tala moldável e cobertores enrolados.
2) Utilizar a prancha longa.
Imobilização de fêmur:
Utilizar a tala rígida ou moldável e imobilizar de forma a impedir movimentação do quadril e
do joelho.
Imobilização de joelho:
Utilizar tala rígida ou moldável e imobilizar envolvendo o fêmur, a tíbia e a fíbula.
Imobilização de tíbia e fíbula:
Utilizar tala rígida ou moldável e imobilizar envolvendo a articulação do joelho e tornozelo.

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Imobilização de pés:
Utilizar tala moldável.

ATENÇÃO: Nunca realinhar um membro fraturado, optando-se pela imobilização na


posição encontrada, exceto se o posicionamento inviabilizar o transporte da vítima.
Na evidência de alteração de perfusão e ausência de pulso distal à fratura, informar à
Central de Operações e que enviará SAV ou autorizará o transporte imediato. Estar
atento para a possibilidade de choque nas vítimas com fratura de pelve e/ou fêmur
pela grande quantidade de sangue no foco da fratura.

TÉCNICAS DE TRANSFERÊNCIA DE VÍTIMA COM COLETE IMOBILIZADOR


DORSAL PARA PRANCHA LONGA

1) Colocar o colete imobilizador.


2) Preparar a prancha longa, com no mínimo 03 tirantes, sendo um na altura da axila,
outro das cristas ilíacas e outro dos joelhos.
3) Apoiar a extremidade dos pés da prancha longa sobre o estribo ou banco do carro,
enquanto a outra extremidade é apoiada pelo Socorrista 3.
Socorristas 1 e 2: Efetuam o giro da vítima, posicionando a vítima com suas costas
voltadas para a prancha longa.
Socorrista 2: Estabiliza a vítima, enquanto o socorrista 1 posiciona-se do lado oposto
à prancha longa, do lado de fora do veículo.
Socorristas 1 e 2:
1) Seguram o colete imobilizador, respectivamente, na alça lateral ou vão superior e
deitam a vítima sobre a prancha longa;
2) Durante a passagem para a prancha, com a outra mão posicionada sob os joelhos
da vítima, elevam simultaneamente os membros inferiores;
3) Ajustam a vítima na prancha longa.
4) Soltar os tirantes dos membros inferiores do colete imobilizador e estender as pernas
da vítima suavemente sobre a prancha longa.
5) Após a vítima estar posicionada na prancha longa, afrouxar os tirantes do colete para
reavaliar a vítima.
Socorrista 3: Mantém a imobilização da coluna cervical até reajuste dos tirantes da
cabeça ou colocação do imobilizador lateral de cabeça.
Fixar a vítima à prancha longa com os tirantes.

ATENÇÃO: Todos os tirantes devem estar bem fixos e deve-se evitar que fiquem com
as pontas soltas, pois podem enroscar e dificultar a movimentação da vítima. Uma vez
colocado o colete não deve ser retirado, somente aliviar os tirantes quando a vítima
estiver na prancha. Antes de realizar o giro da vítima, verificar se os tirantes do colete
imobilizador estão ajustados. Em algumas situações não é possível fazer o giro de
forma a deixar as costas da vítima para fora; nesses casos, o giro pode ser feito ao
contrário, tomando-se o cuidado de inverter a prancha longa. O colete imobilizador
não é feito para carregar a vítima sentada e sim para apoiar e imobilizar a sua coluna,
por isso, após imobilizá-la fazer o giro e deita-la sobre a prancha longa.

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MOVIMENTAÇÃO, REMOÇÃO E TRANSPORTE DE VÍTIMAS

A remoção ou movimentação de um acidentado deve ser feita com um máximo de


cuidado, a fim de não agravar as lesões existentes. Antes da remoção da vítima, devem-se
tomar as seguintes providências:
1) Se houver suspeita de fraturas no pescoço e nas costas, evite mover a pessoa.
2) Para puxá-la para um local seguro, mova-a de costas, no sentido do comprimento
com o auxílio de um casaco ou cobertor;
3) Para erguê-la, você e mais duas pessoas devem apoiar todo o corpo e colocá-la
numa tábua ou maca, lembrando que a maca é o melhor jeito de se transportar uma
vítima. Se precisar improvisar uma maca, use pedaços de madeira, amarrando
cobertores ou paletós;
4) Apoie sempre a cabeça, impedindo-a de cair para trás;
5) Na presença de hemorragia abundante, a movimentação da vítima pode levar
rapidamente ao estado de choque;
6) Se houver parada cardiorrespiratória, inicie imediatamente as compressões de RCP;
7) Imobilize todos os pontos suspeitos de fratura;
8) Se houver suspeita de fraturas, amarre os pés do acidentado e o erga em posição
horizontal, como um só bloco, levando até a sua maca;
9) No caso de vítima inconsciente, mas sem evidência de fraturas, duas pessoas
bastam para o levantamento e o transporte;
10) Lembre-se sempre de não fazer movimentos bruscos.

ATENÇÃO:
1) Movimente o acidentado o menos possível.
2) Evite arrancadas bruscas ou paradas súbitas durante o transporte.
3) O transporte deve ser feito sempre em baixa velocidade, por ser mais seguro e mais
cômodo para a vítima.
4) Não interrompa, sob nenhum pretexto, a respiração artificial ou a massagem
cardíaca, se estas forem necessárias. Nem mesmo durante o transporte.

TÉCNICAS DE TRANSFERÊNCIA PARA PRANCHA LONGA

Rolamento em monobloco 90º (vítimas em decúbito dorsal):


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Os socorristas devem utilizar três ou quatro pontos de apoio;

Socorrista 1: Estabilizar a cervical. Segurando no capacete utilizando os antebraços


e a curvatura da mão. Com os dedos segure a mandíbula da vítima para que a cabeça não
oscile muito durante a movimentação e neutralização. Procurar manter os cotovelos
apoiados na coxa ou no chão;
Socorrista 2 : Colocar o colar cervical. Abrir o colar com os dedos médio e as duas
partes do colar se encaixa de forma única. Se preferir, coloque a parte posterior primeiro em
vítimas deitadas ou sentadas;
Socorrista 3 : Posicionar a prancha na lateral oposta da vítima a ser rolada. O lado
de rolamento será decidido pelo de menor comprometimento as lesões da vítima;

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Socorristas 2 e 3:
1) Posicionam na lateral da vítima ajoelhados.
2) O socorrista 2 segura nas cinturas pélvica e escapular.
3) O socorrista 3 segura na cintura pélvica e nos membros inferiores.
4) Os braços que seguram a cintura pélvica devem estar cruzados;
Socorrista 1 :
1) Dá o comando “movimento de 90º à minha (direita ou esquerda, o que for o caso) no
3, 1...2...3”. Este movimento tem que ser sincronizado e deve ser exaustivamente
treinado pela equipe de resgate;
2) Quando a vítima se encontrar na posição lateral, o socorrista 2 solta a mão da
cintura pélvica da vítima e apalpa o dorso da vítima para uma avaliação mais
criteriosa. Após a avaliação o mesmo puxa a prancha para o mais próximo possível
da vítima e a inclina 45º;
Socorrista 1 : Dá o comando: “movimento de 90º à minha (direita ou esquerda, o que
for o caso) no 3, 1...2...3”;
Se for necessário centralize a vítima na prancha, faça o movimento sincronizado
para não prejudicar a vítima;
Lembrando que o socorrista 1 é quem dá a ordem para qualquer movimento, pois ele
é quem está estabilizando a cabeça e a coluna cervical, e assim a vítima é centralizada;
Colocar o encosto lateral de cabeça;
Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte ou aguarde o Suporte
Avançado.

Técnica de rolamento de 180º(vítimas em decúbito ventral):


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
3) Os socorristas devem utilizar três ou quatro pontos de apoio.
Socorrista 1 : Estabilizar a cervical. Com as duas mãos segurar na parte lateral da
cabeça, na região das orelhas. Não levantar a cabeça para passar a mão que está
em baixo;
O dorso da vítima é avaliado pelo socorrista 2;
Os socorristas 2 e 3:Posicionam na lateral da vítima ajoelhados em cima da prancha.
O socorrista 2 segura nas cinturas pélvicas e escapular. O socorrista 3 segura na cintura
pélvica e nos membros inferiores. Os braços que seguram a cintura pélvica devem estar
cruzados;

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Socorrista 1 : Da o comando “movimento de 90º à minha (direita ou esquerda,


conforme a posição do osso occipital) no 3, 1...2...3”. Este movimento tem que ser
sincronizado e tem que ser exaustivamente treinado pela equipe de resgate;
Os socorristas 2 e 3:
posicionam atrás da prancha sem perder o contato com a vítima;
Socorrista 1 : Da o comando: “movimento de 90º à minha (direita ou esquerda, o que
for o caso) no 3, 1...2...3”;
Socorrista 2 : Colocar o colar cervical. Se necessário centralizar a vítima na prancha.
Colocar o encosto lateral de cabeça. Continuar com o atendimento e avaliação durante o
transporte ou aguarde o Suporte Avançado.

Elevação em monobloco (4 socorristas):


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
Socorrista 1 : Estabilizar a cervical;
Socorrista 2 : Colocar o colar cervical;
A prancha deverá ser posicionada em contato com a vítima em sua lateral.
Socorrista 2 : Em pé, posiciona-se sobre a vítima colocando uma perna de cada lado
da vítima e segura-a pelas áxilas;
Socorrista 3 : Em pé, posiciona-se sobre a vítima colocando uma perna de cada lado
da vítima na altura da cintura pélvica;
Socorrista 4 : Posiciona-se nos membros inferiores e os segura na altura dos
tornozelos;
Socorrista 1 : Após certificar-se que todos os socorristas estão na posição correta, dá
o comando: “elevação da vítima no 3, 1...2...3” e levantam a vítima em monobloco
colocando-a sobre a prancha longa;
Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte ou aguarde o Suporte
Avançado.

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Imobilização de vítima em pé (dois socorristas):


1) Priorizar a segurança;
2) Realizar o ABCDE observando a cinemática do trauma;
Socorrista 1 : Abordar a vítima pela frente e estabilizar a coluna cervical explicando o
procedimento que será efetuado;
Socorrista 2 : Colocar o colar cervical e posicionar a prancha atrás da vítima;
Socorristas 1 e 2 :
1) Posicionam-se lateralmente a prancha longa, de frente para a vítima; com uma das
mãos eles seguram a cabeça da vítima e com a outra mão seguram a prancha
passando o braço debaixo das áxilas da vítima;
2) Mantem-se com um pé paralelo a parte inferior da prancha longa e o outro pé a um
passo atrás;
3) Sob contagem de um dos socorristas, deslocam-se lentamente dois passos à frente,
flexionando no segundo passo o joelho mais próximo a prancha longa, segurando-a
até que esta apoie no solo;
Socorrista 1 e 2 :
Mantem a estabilização da coluna cervical durante a descida da prancha longa;
Socorristas 1 e 2 : Ajustam, se necessário, a vítima a prancha longa;
Continuar com o atendimento e avaliação durante o transporte ou aguarde o Suporte
Avançado.

TÉCNICAS DE LEVANTAMENTO

As técnicas de levantamento são utilizadas no transporte emergencial de vítimas. Em


situações de risco iminente no local da emergência é necessário remover uma vítima
rapidamente. O transporte de emergência é empregado em incêndios, desabamentos,
tiroteios, atividades de campo e outras situações que fujam da normalidade. A manobra a
ser utilizada depende do peso da vítima, tipo de terreno, equipamentos e número de
Socorristas. Estes transportes são empregados somente em situação de emergência porque
podem gerar uma lesão secundária, principalmente na coluna vertebral. Vejamos a seguir
algumas ilustrações demonstrando as principais técnicas de levantamento utilizadas:

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HORA DE PRATICAR!

Triagem – Método START; Psicologia em Emergências.

TRIAGEM – MÉTODO START

A Triagem é o processo utilizado em situações onde o número de vítimas ultrapassa


a capacidade de resposta da equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e
hierarquizar vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o
atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas.

MÉTODO START (SIMPLE TRIAGE AND RAPID TREATMENT): traduzindo para o


português, Triagem Simples e Tratamento Rápido, é um método vantajoso para o
atendimento de múltiplas vítimas, pois permite retirar as vítimas do local em menos de um
minuto e utiliza diferentes cores para determinar a prioridade de atendimento e transporte
das mesmas de acordo com a gravidade do quadro em que se encontram.

Significado das cores:


Vermelha: Significa primeira prioridade. Estas vítimas estão em estado grave e necessitam
tratamento e transporte imediato.
Amarela: Significa segunda prioridade. Estas vítimas necessitam tratamento, mas podem
aguardar.
Verde: Significa terceira prioridade. Estas vítimas não requerem atenção imediata.
Preta ou Cinza: Significa sem prioridade. Estas vítimas possuem lesões obviamente
mortais.

Critérios utilizados no Método START:


Este método baseia-se em três diferentes critérios para classificar as vítimas em
diferentes prioridades, a saber:
Respiração:
NÃO - Se a vítima não respira mesmo após a abertura das vias aéreas, é considerada
vítima sem prioridade (cor preta).
SIM - Se após abertura de vias aéreas a vítima voltar a respirar é considerada vítima de
primeira prioridade (cor vermelha). Se a respiração apresenta-se de forma espontânea e
acima de 30 vpm é também considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Até 30
vpm, avalie a perfusão.
Perfusão:
A perfusão é avaliada através do enchimento capilar. Se for superior a 2 segundos,
significa uma perfusão inadequada (em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá
avaliar o pulso radial. Um pulso radial ausente indica uma PA sistólica abaixo de 80mmHg).
Controle hemorragias se houver e considere a vítima em primeira prioridade (cor vermelha).
Se o enchimento capilar for de até 2 segundos, avalie o status neurológico.

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Status neurológico:
Avaliar se a vítima é capaz de cumprir ordens verbais simples.
NÃO - Não cumpre ordens simples, considerar vítima de primeira prioridade (cor vermelha).
SIM - Cumpre ordens simples, considerar como vítima de segunda prioridade (cor amarela).

AÇÃO DOS PRIMEIROS SOCORRISTAS NA CENA COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS:

Primeiro passo:
Dimensionar e assumir a situação de emergência, solicitar recurso adicional e iniciar
a triagem, método START, das vítimas. Determinar a um socorrista de sua equipe que dirija
todas as vítimas que possam caminhar para uma área de concentração previamente
delimitada (poderá ser utilizado um megafone para isso). Estas vítimas receberão uma
identificação verde de forma individual.

Segundo passo:
Determinar para que outro socorrista de sua equipe inicie a avaliação das vítimas
que permaneceram na cena de emergência e que não apresentam condições de caminhar.
Deverá ser avaliada a respiração. A respiração está normal, rápida ou ausente?
 Se está ausente: abra imediatamente as VA para determinar se as respirações
iniciam espontaneamente. Se a vítima continua sem respirar, recebe a fita de cor
preta (não perca tempo tentando reanimar a vítima). Se voltar a respirar e necessitar
de ajuda para manter as VA abertas receberá a fita de cor vermelha (nesses casos,
tente conseguir voluntários para manter abertas as VA da vítima).
 Se está presente: avalie a sua frequência respiratória, se superior a 30 vpm,
receberá uma fita de cor vermelha. Caso a respiração esteja normal (até 30 vpm), vá
ao passo seguinte.

Terceiro passo:
O socorrista deverá verificar a perfusão através da prova do enchimento capilar ou
através da palpação do pulso radial.
 Se o enchimento capilar: for superior a 2 segundos ou se o pulso radial está ausente,
a vítima deverá receber a fita de cor vermelha.
 Se o enchimento capilar: for de até 2 segundos ou se o pulso radial está presente, vá
ao passo seguinte. Qualquer hemorragia grave que ameace a vida deverá ser
contida neste momento. Caso não haja suspeita de traumatismo raquimedular,
posicione a vítima com as pernas elevadas para prevenir o choque (novamente tente
conseguir voluntários para fazer pressão direta sobre o local do sangramento).
Em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial.

Quarto passo:
O socorrista deverá verificar o status neurológico da vítima. Se a vítima não
consegue executar ordens simples emanadas pelo socorrista, deverá receber a identificação
de cor vermelha. Se a vítima executa corretamente as ordens simples recebidas, receberá a
fita de cor amarela.

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FLUXOGRAMA DO MÉTODO START

PSICOLOGIA EM EMERGÊNCIAS

Para o socorrista, é importante compreender que em situações que envolvem


múltiplas vítimas, não é suficiente ter experiência em salvamento de vidas e nas medidas de
proteção à saúde; é preciso oferecer também sua ajuda em todos os períodos (tanto de
guerra como de paz), a fim de garantir que toda a população compreenda e apoie o direito
de as pessoas serem protegidas e receberem cuidados, e a necessidade de respeitar os
emblemas distintivos envolvidos, de forma que a ajuda humanitária seja distribuída com
mais eficiência, para o benefício de todos.
Além do socorro em prosseguimento, é importante que o socorrista reforce a sua
postura e a sua imagem como bombeiro civil, que está na cena para auxiliar os demais
profissionais em atendimento e promover a segurança de todos os indivíduos que dele
necessitem. Execute com segurança a sua capacidade técnica e demonstre suas aptidões

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pessoais, afim de que o socorrido e os profissionais atuantes no conjunto da cena sintam-se


seguros com sua eficiência e disposição das atuações em andamento.
A resistência pessoal, a ética pessoal e profissional, as habilidades de comunicação
e participação na equipe de trabalho são fundamentais para o bom desempenho do
bombeiro civil e sua atuação como membro participativo em prol da segurança e
sobrevivência dos atendidos em cena. Prepare-se contra o estresse, antes durante e após
as ações de socorro e jamais deixe de utilizar os equipamentos de proteção necessários,
não seja incoerente e não se torne a próxima vítima!
Lidando com o estresse:
O estresse é uma reação natural a um desafio. O estresse acumulado é discernível
principalmente por meio de mudanças no comportamento que podem ser observadas por
você ou por pessoas de sua equipe, tais como:
 Ao fazer alguma coisa sem sentido;
 Ao sair do seu caráter;
 Ao se comportar de forma não habitual.
Você pode tomar várias medidas a fim de se preparar para lidar com o estresse. Em termos
de preparação:
 Esteja em boas condições físicas e mentais.
 Adote um estilo de vida saudável (alimentação saudável, hábitos saudáveis em
relação a bebidas alcoólicas e ao sono, etc.) e higiene adequada.
 Administre o seu tempo de trabalho; se conceda pausas regulares do trabalho e
tenha tempo para relaxar.
 Aprenda a se dar uma pausa “psicológica” e a parar antes de se engajar em
qualquer coisa (uma oportunidade muito importante para tomar ar).
 Construa uma forte capacidade psicológica para enfrentar situações difíceis (grande
violência e sofrimento humano; ameaças políticas e físicas; falta de respeito pelos
emblemas distintivos; críticas em relação ao profissional bombeiro civil; etc.).
 Esteja preparado para pedir, ou aceitar, mudanças nadesignação de suas tarefas de
trabalho.
Antes de entrar em ação:
 Reconheça e aceite a situação: “É normal e OK se sentirassim.”.
 Pense sobre toda a sua experiência e como você estábem preparado: “Estou bem
preparado. Posso dar contadisso.”.
 Imagine como deve ser a situação: várias vítimas,ambiente de risco, gritos e berros,
etc:“Vou ficar calmoe começar a observar a cena, avaliando a segurança
erecolhendo informações.”.
Enquanto você está agindo:
 Mostre a si mesmo que você é calmo e confiante.
 Supere seus impulsos (isto é, correr em relação às vítimasno terreno antes de fazer
qualquer avaliação da situação)e os sentimentos estranhos (fatalismo, premonição
demorte, euforia, sensação de invulnerabilidade, etc.).
 Mantenha linhas de comunicação abertas com olíder de sua equipe de forma a ser
capaz de expressarseus sentimentos a qualquer hora (incluindo suaspreocupações
sobre os outros membros da equipe).

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Depois de agir:
 Converse com alguém com quem você se sinta à vontade sobre suas dúvidas,
medos, frustrações, pesadelos, etc.
 Mantenha um estilo de vida saudável e a higiene pessoal.
 Certifique-se de que está suficientemente confortável e que tem uma adequada
privacidade.
 Faça as coisas que você gosta (com moderação).

Se você se sentir exausto:


 Peça ao líder de sua equipe para suspender ou mudar o seu envio, ou aceite uma
mudança quando isto lhe for oferecido.
 Solicite apoio psicológico caso seja necessário.

FLUXOGRAMA DE ABORDAGEM DO SOCORRISTA EM SITUAÇÕES DE SOCORRO

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CONTROLE DA SITUAÇÃO:
1. Avalie com rapidez quaisquer condições perigosas: pense na segurança do local.
2. Avalie a situação da vítima: pense em uma vítima ou vítimas em massa.
3. Decida em termos de como se comportar de forma segura e estar de posse dos
equipamentos de proteção necessários.
4. Aja visando à segurança: proteja-se e proteja as vítimas.

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5. Aja visando à assistência: emita um alerta e busque ajuda, se necessário.

CONTROLE DE VÍTIMAS:
Sempre:
 Comporte-se de forma segura e esteja equipado com os equipamentos de proteção
necessários;
 Estabeleça prioridades para as medidas a serem tomadas.
1. Conduza a avaliação inicial (sequência ABCDE*): pense nas condições que podem
ameaçar a vida.
2. Aja visando a reanimação de emergência (assistência imediata): realize as medidas
imediatas de salvamento.
3. Conduza a avaliação secundária (da cabeça aos pés): pense nos ferimentos,
traumas em ossos ou articulações, queimaduras e danos causados pelos elementos
da natureza (temperaturas extremas, sol, chuva, vento, etc.).
4. Estabilize a vítima (assistência complementar): curativos, imobilizações, etc.
5. Avalie a situação e tome as providências necessárias para a remoção da vítima:
determinar sua condição e prepará-la para remoção.
Ao mesmo tempo:
 Cuidado com as infecções que você pode contrair ou transmitir para a vítima;
 Forneça apoio psicológico;
 Proteja a vítima contra os elementos da natureza;
 Reidrate a vítima se necessário;
 Monitore a condição da vítima e a eficácia das medidas tomadas.

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AUTOCONTROLE:
1. Avalie seu desempenho: pense em suas conquistas e sentimentos.
2. Avalie sua condição: considere se precisa do apoio de alguma pessoa.
3. Decida: recupere-se para, por exemplo, “recarregar suas baterias”.
4. Aja: reúna-se com sua equipe e líder e tire as conclusões das lições aprendidas.
5. Aja: relaxe e prepare-se para a próxima missão.

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