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Relações Família X Creche
Relações Família X Creche
democrático
Das famílias, surgem demandas que, muitas vezes, refletem a expectativa de que as
crianças sejam atendidas quase que de forma particular, reeditando os cuidados
domésticos e, certamente, diferentes em relação aos cuidados coletivos.
Descompassos como esses são bastante notórios nas questões relacionadas à saúde
e revertem focos de tensão e conflito na relação das famílias com os profissionais que
atendem as crianças (Maranhão e Sarti).
De certa forma, muitos desses conflitos acabam sendo mobilizados por uma ideia de
que a família ou a escola podem “substituir” a atuação de um desses contextos da vida
de bebês e crianças, o que alimenta uma certa “competição” sobre quem educa ou
cuida melhor.
Aqui, então, retomo o nosso provérbio para afirmar a expectativa de que na relação
entre as instituições de Educação Infantil e as famílias possamos superar verbos como
“substituir” ou “delegar” funções e avançar, cada vez mais, no fortalecimento de ações
pautadas por verbos como “compartilhar”, “complementar”, “parceirar” a educação e o
cuidado de bebês e crianças, construindo, de uma vez por todas, uma rede de apoio
em torno de processos educativos de boa qualidade nas creches, pré-escolas e
comunidades.
Cada bebê que entra em uma creche e cada criança que chega à pré-escola
configuram um espaço de intercessão no encontro de sua família com a escola. Em
cada um desses encontros, esses contextos se reorganizam; colocam em jogo suas
ideias; compartilham concepções sobre cuidado, educação, maternidade, paternidade,
docência de bebês e crianças pequenas; e tencionam entendimentos e práticas de
educação e cuidado. No final das contas, todos aprendem e se desenvolvem, tanto
crianças quanto adultos (pais e professoras/es).
O projeto "Dê Asas à Sua Imaginação: Mara Calvis" nos ajuda a pensar o quanto é
possível constituir um solo comum, que fortaleça a partilha de um projeto educativo
que se enriquece para a criança, a partir da conexão com a sua comunidade.
Certamente, ao ler sobre este assunto, o da relação entre as famílias e as escolas, fica
uma grande inquietação. Será que é possível? Sim, parece que é. Boas experiências
de Educação Infantil têm mostrado o quanto os projetos pedagógicos são fortalecidos
– e, nesse sentido, também as experiências de bebês e crianças na Educação Infantil
– quando toda a “aldeia”, ou seja, a comunidade, participa e dialoga, com vistas à
qualidade dessa educação.