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Resolução caso prático 8

Pode definir – se a declaração de vontade negocial como o comportamento que,


exteriormente observado, cria a aparência de exteriorização de um certo conteúdo de
vontade negocial, com a intenção de realizar certos efeitos práticos.

A declaração pretende ser o instrumento de exteriorização da vontade psicológica do


declarante, é essa a sua função.

Podem encontrar-se dois elementos normais da declaração negocial:

 A declaração propriamente dita (elemento externo) – o comportamento


declarativo

 A vontade (elemento interno) – consiste no querer, na realidade volitiva.

Normalmente estes dois elementos da declaração são coincidentes entre si, mas pode
ocorrer uma divergência entre a vontade e a declaração.

O elemento interno – a vontade real, pode decompor – se em três subelementos:

 A vontade de ação – consiste na voluntariedade (consciência e intenção) do


comportamento declarativo;
 A vontade da declaração – Consiste em o declarante atribuir ao comportamento
querido o significado de uma declaração negocial;
 A vontade negocial – consiste na vontade de celebrar um negócio jurídico de
conteúdo coincidente com o significado exterior de declaração.

Assim poderá existir vicio na formulação da vontade; isto é elemento interno da


declaração negocial (a vontade) pode divergir do seu elemento externo (a declaração
propriamente dita).

A divergência pode ser intencional (o declarante emite, consciente e livremente, uma


declaração em sentido diverso da sua vontade real, é o caso da simulação, reserva
mental e declarações não sérias ) e não intencional (a divergência é involuntária, o
declarante não se apercebe da divergência ou porque é forçado irresistivelmente a emitir
uma declaração divergente da sua real intenção, é o caso do erro-obstáculo ou na
declaração, a falta de consciência na declaração e na coação física ou violência
absoluta.)

NO caso estamos perante uma simulação art.º 240º CC.

Os elementos integradores desse conceito definido no art. 240º, nº 1 são os seguintes:

1. intencionalidade da divergência entre vontade e declaração;


2. acordo entre declarante e declaratário;
3. intuito de enganar 3º
As partes fingem celebrar um negócio para prejudicar os credores, mas na realidade não
querem realizar nenhum negócio, mas apenas dar a sua aparência.

É o caso da simulação absoluta, que tem como exemplo a venda fantástica

A simulação relativa art. 241º CC consiste em as partes fingem celebrar um negócio e


na realidade querem celebrar um outro de tipo contratual diverso. (pex. Celebram uma
compra e venda porque a lei proíbe naquele caso de celebrar uma doação (art. 2194º cc
por remissão do 953º cc)). É igualmente o caso da interposição de pessoa num negócio
igualmente para contornar proibição.

Os efeitos da simulação absoluta é a nulidade do negócio, estipulado no art. 240º, nº 2


do CC), não existindo mais nenhum problema a ser tido em conta.

Pode qualquer interessado arguir a nulidade e o tribunal pode declara – la oficiosamente


(art. 286º CC, para o qual remete para o art. 242º CC)

No caso em concreto estamos perante uma simulação absoluta e fraudulenta, pois


Arnaldo simulou a venda do carro a Beltrão afim de evitar uma penhora dos por parte
dos seus credores.

O negócio por simulação de acordo com o art. 240º, nº 2 é nulo, podendo ser arguido
por qualquer pessoa, mesmo pelos próprios simuladores entre si.

No entanto no caso em concreto existe Carlos, a quem foi vendido o carro, por parte de
Beltrão, que desconhecia o negócio simulado anteriormente efectuado.
O art. 243º define a Inoponibilidade da simulação da boa fé, a inoponibilidade de boa
fé consiste na ignorância da simulação ao tempo em que foram contituidos os
respectivos direitos (art. 243º nº 2), sendo que a nulidade da simulação não pode ser
arguida pelo simulador contra o terceiro de boa – fé (art. 243º nº 1).

Assim, Carlos que desconhecia a simulação, enquadrado – se este na definição de


terceiro de boa fé, não verá o seu negócio destruído.

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