Aula 5 Bens e NJ

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AULA 5 BENS E NJ

profa Tânia Afonso

ERRO, DOLO, COAÇÃO


VÍCIOS DE CONSENTIMENTO
CONTEUDO PROGRAMÁTICO

1. BENS: Bens considerados em si mesmos; Bens reciprocamente considerados; Bens principais e acessórios
2. ATOS JURÍDICOS: Fatos jurídicos; Fatos naturais: ordinários e extraordinários ; Fatos humanos: ilícitos e lícitos. Ato Jurídico em sentido estrito e
amplo. Ato-fato jurídico. Negócio jurídico.
3. NEGÓCIO JURÍDICO: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO Classificar os negócios; Manifestação de vontade; Vantagens patrimoniais; Efeitos; Formalidades;
Independência ;Momento do aperfeiçoamento ; Extensão dos efeitos
4. ESCADA PONTEANA: PLANO DA EXISTÊNCIA - Escada Ponteana: Plano da existência: agente, objeto, forma, vontade. Consequências pela
inexistência
5. PLANO DA VALIDADE: Planos da validade: Agente capaz; Objeto lícito; Possível, determinado ou determinável, Forma prescrita ou não defeso em
lei. Vontade sem vícios
6. PLANO DA VALIDADE: Erro: modalidades e consequências; Dolo: modalidades e consequências
7. PLANO DA VALIDADE: Coação: modalidades e consequências. Temor reverencial. Estado de Perigo: elementos e consequências. Diferenciação com
estado de necessidade. Lesão: elementos e consequências. Princípio da conservação dos negócios jurídicos.
8. PLANO DE VALIDADE: Fraude contra credores . Diferença de vício de vontade e vício de consentimento. Simulação: modalidades e consequências
9. PLANO DA VALIDADE: NEGÓCIO JURÍDICO NULO ANULÁVEL. Consequências da invalidade dos negócios jurídicos. Hipóteses de nulidade dos
negócios jurídicos. Hipóteses de anulabilidade dos negócios jurídicos
10. PLANO DA VALIDADE: PRAZO DE DECADENCIAL/PRESCRICIONAL : Examinar as hipóteses e prazos de decadência. Convalidação e confirmação dos
negócios jurídicos anuláveis. Identificar as hipóteses e prazos de prescrição (aquisitiva e extintiva). Direitos imprescritíveis . Formas de
impedimento, suspensão e interrupção da prescrição.
11. PLANO DA EFICÁCIA: Termo. Condição. Encargo
12. INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO: Interpretação e provas do negócio jurídico. Análise sobre a boa-fé objetiva.
13. PROVAS: Provas do negócio jurídico . Testemunhas. Presunção e perícia
ANALISANDO A
CLASSIFICAÇÃO
DESSES NJ
NG DE FIANÇA – QUAL A CLASSIFICAÇÃO???
• a) unilateral – porque gera obrigação somente para o fiador;
• b) gratuito – porque cria vantagem para uma só das partes, nenhum
benefício auferindo o fiador;
• c) intuito personae – porque ajustado em função da confiança de que
desfruta
• d)Comutativo ou aleatório? Uma vez celebrado o contrato de fiança,
impõe-se obrigação apenas para uma das partes, no caso, o fiador. Por isso,
não podem ser classificados como contratos comutativos ou aleatórios.
• E) Gratuito -O contrato de fiança é, por sua natureza, gratuito, pois é
negócio jurídico benéfico
LIVRE E CONSCIENTE
A vontade é a mola propulsora dos atos e dos
negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifestada
de forma idônea para que o ato tenha vida normal na
atividade jurídica e no universo negocial. Se essa
vontade não corresponder ao desejo do agente, o
negócio jurídico torna-se suscetível de nulidade ou
anulação

Vontade da outra parte


Por reserva mental entende-se a hipótese em que a
vontade declarada destoa da vontade real, tendo o
agente o objetivo de enganar a contraparte do
negócio jurídico, ainda que não gere prejuízos ao
enganado.

O Código Civil de 2002, em regra inovadora,


disciplinou o tema em seu art. 110, estabelecendo
ser irrelevante a reserva mental, salvo se a outra
parte dela tinha conhecimento. Assim, caso aquele
que emite a declaração de vontade faça a reserva
Art. 110. A manifestação de vontade mental, vale a vontade declarada, sendo inoponível
subsiste ainda que o seu autor haja feito a a reserva ao suposto enganado. Por outro lado, se
reserva mental de não querer o que ambas as partes conheciam a reserva, estar-se-ia
manifestou, salvo se dela o destinatário
tinha conhecimento.
diante de simulação ou vício semelhante (a ser
estudada adiante).
38ª Questão: OAB 2012
Mauro, entristecido com a fuga das cadelinhas Lila e Gopi de sua residência, às quais
dedicava grande carinho e afeição, promete uma vultosa recompensa para quem
eventualmente viesse a encontrá‐las. Ocorre que, no mesmo dia em que coloca os avisos
públicos da recompensa, ao conversar privadamente com seu vizinho João, afirma que
não irá, na realidade, dar a recompensa anunciada, embora assim o tenha prometido.
Por coincidência, no dia seguinte, João encontra as cadelinhas passeando
tranquilamente em seu quintal e as devolve imediatamente a Mauro. Neste caso, é
correto afirmar que
a) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a João
ainda que Mauro tenha feito a reserva mental de não querer o que manifestou
originariamente.
b) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não subsiste em relação a João,
pois este tomou conhecimento da alteração da vontade original de Mauro.
c) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não mais terá validade em
relação a qualquer pessoa, pois ela foi alterada a partir do momento em que foi feita a
reserva mental por parte de Mauro.
d) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a toda e
qualquer pessoa, pois a reserva mental não tem o condão de modificar a vontade
originalmente tornada pública.
Quando a vontade nem ao
menos se manifesta, quando é
totalmente tolhida, não se pode
falar nem mesmo em existência art. 171 do atual Código
de negócio jurídico. O negócio é expressa que além dos casos
inexistente ou nulo por lhe faltar expressamente declarados
requisito fundamental. por lei, é anulável o negócio
Quando, porém, a vontade é jurídico: "I - por
manifestada, mas com vício ou incapacidade relativa do
defeito que a torna mal dirigida, agente;
mal externada, estamos, na II - por vício resultante de
maioria das vezes, no campo do erro, dolo, coação, estado de
ato ou negócio jurídico anulável, perigo, lesão ou fraude
que veremos am aulas contra credores".
subsequentes.
CASO GERADOR

Marianinha ajuizou ação declaratória


É NECESSÁRIA A MANIFESTAÇÃO DA
de existência de união estável em VONTADE PARA O CASAMENTO E PARA A
face das filhas (herdeiras) de Tissius, UNIÃO ESTÁVEL?
alegando que conviveu com o mesmo POR QUE?
entre 1997 a 2004 NO CASO É NULO ou ANULÁVEL?

Boletim de Inspeção Médica, emitido


no dia 09 de outubro de 1997,
concluiu pela necessidade de
aposentar o falecido por invalidez por
alienação mental. Essa AÇÃO
DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL
QUE AMRIANINHA QUER É VÁLIDA?

11
O primeiro vício de consentimento é o
No exame do art. 112 erro, com as mesmas consequências da
vimos que se parte da
declaração para atingir ignorância. Trata-se de manifestação de
a real intenção do vontade em desacordo com a realidade,
agente. quer porque o declarante a desconhece
(ignorância), quer porque tem
representação errônea dessa realidade
(erro).

Quando esse desacordo com a


realidade é provocado maliciosamente
por outrem, estamos perante o dolo.
Meu erro foi....
• Você diz não saber
• O que houve de errado
• E o meu erro foi crer
• Que estar ao seu lado bastaria
• Ah meu Deus era tudo que eu queria
• Eu dizia o seu nome
• Não me abandone
• Mesmo querendo
• Eu não vou me enganar
• Eu conheço seus passos
• Eu vejo seus erros
Erro ou Ignorância

• O Código assemelhou e
equiparou os efeitos do erro à
ignorância. O erro manifesta-se
mediante compreensão psíquica
errônea da realidade, ou seja, a
incorreta interpretação de um
fato. A ignorância é um "nada" a
respeito de um fato, é o total
desconhecimento.
• ERRO É CAUSA DE INVALIDADE DO
NEGÓCIO JURÍDICO (ANULABILIDADE),
DEVENDO TER, SEGUNDO A
DO ERRO (ou IGNORÂNCIA) DOUTRINA CLÁSSICA, DOIS
(atenção...a doutrina faz um REQUISITOS:
diferencial entre esses dois...o • O ERRO DEVE SER:
erro FALSA NOÇÃO DA • ESSENCIAL OU SUBSTANCIAL
REALIDADE e a IGNORÂNCIA é •+
um estado negativo de • ESCUSÁVEL (PERDOÁVEL)
desconhecimento
• PARA OS AUTORES CLASSICOS SÓ Art. 138. São anuláveis os negócios
INVALIDA SE HOUVER ESSES DOIS jurídicos, quando as declarações de
ELEMENTOS. vontade emanarem de erro substancial
Para dizer que é substancial é fácil o que poderia ser percebido por pessoa
problema é dizer se é escusável... É muito de diligência normal, em face das
subjetivo! circunstâncias do negócio.
Por isso os autores modernos
desconsideram ser escusável (é muito
abstrato analisar esse aspecto)
• Enunciado nº. 12, do I Jornada de Direito
Civil realizada no Superior Tribunal de
Justiça afirma que o “Art. 138: na
sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou
não escusável o erro, porque o dispositivo
adota o princípio da confiança.”
EXEMPLO: VOU ATÉ UMA LOJA DE
ARTESANTO E DIGO QUE QUERO COMPRAR
UMA PEÇA EM MARFIM, ELA MANDA EU
PEGAR NA PRATELEIRA, E U PEGO UMA
ESCULTURA QUE NA VERDADE É SINTÉTICA E
PAGO 1500 REAIS, mesmo porque o
vendedor sequer olhou.
Quando cheguei em casa percebo o ERRO...
Ele é essencial?
Ataca a substancia do negócio?
Qualquer pessoa como você cometeria esse
mesmo erro?
O QUE É UM ERRO SUBSTANCIAL?
O erro essencial ou
substancial é aquele que
Art. 139. O erro é substancial quando:
incide sobre a essência
(causa) do negócio que se I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal
da declaração, ou a alguma das qualidades a ele
prática, sem o qual este não essenciais;
teria se realizado.
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da
pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde
É o caso do colecionados que, que tenha influído nesta de modo relevante;
pretendo adquirir uma
III - sendo de direito e não implicando recusa à
estátua de marfim, compra, aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
por engano, uma peça feita negócio jurídico
de material sintético.
A LUZ DO ARTIGO 139
DO CC, TEMOS TRÊS
ESPÉCIES BASICAS DE
ERRO:

a)O ERRO SOBRE O


NEGÓCIO
b) O ERRO SOBRE O
OBJETO
c) O ERRO SOBRE
PESSOA
Leia o artigo 138
é irrelevante ser escusável a luz do
principio da confiança, assim para
invalidar não é necessário provar a
escusabilidade. Os tribunais, STJ,
julgando o RESP 744311 de Mato
Grosso, adotou a corrente clássica
(tradicional) exigindo a conjugação dos
dois requisitos.Qual das teorias
vigora??? Não se sabe..

RESPONDA:

PARA CONFIGURAÇÃO DO ERRO É


NECESSÁRIO QUE A OUTRA PARTE
TENHA CONHECIMENTO DELE?
“PRESSUPOSTO SUBJETIVO
DO ERRO. Para que haja a
anulabilidade por erro, é
preciso que, se o
manifestante da vontade
houvesse conhecido a
realidade tal qual e não tal
qual a representara, não
teria manifestado o que
manifestou, porque, assim,
não teria havido divergência
entre o que ele entendia e o
que o destinatário
entendeu. O pressuposto
subjetivo dá a medida
suficiente da importância,
para o manifestante, da
identidade, ou da qualidade
da pessoa ou da coisa.”
ERRO SOBRE NEGÓCIO É AQUELE QUE
INCIDE SOBRE A NATUREZA DO ATO QUE SE
REALIZA

EXEMPLO: imagine o cidadão que


acabou de casar e não tem onde
morar e pede morar na casa do
sogro. O sogro tem muitos
imóveis... Você tem um para me
arranjar? O sogro arranja um
imóvel, no segundo mês de
moradia o telefone toca... Não
sogro...aluguel??? EU IMAGINEI
QUE O SENHOR TINHA ME
EMPRESTADO e não ALUGADO.
Erro SOBRE OBJETO É AQUELE QUE
INCIDE NAS CARACTERISTICAS DO
OBJETO DO NEGÓCIO...

IR LÁ E COMPRAR UM PERFUME
MARCA FLEUR DE ROCAILLE
(FRANCES – DA EMPRESA CARON)
E ACABA COMPRANDO UM
PERFUME FALSIFICADO
O CHEIRO A FIXAÇÃO NÃO SERÃOS
OS MESMOS!
• Compra
passagem de
navio para ir a
Salvador e o navio
dirigindo-se para
a Europa não faz
escala na Bahia.

Erro sobre a finalidade do negócio


ERRO SOBRE PESSOA, é aquele que incide nos
elementos de identificação da outra parte do
negócio jurídico.
Tenho uma agencia de modelos e quero
celebrar um contrato de uso de imagem com
o modelo PEDRO SILVA, e meu agente faz um
contrato com irmão gêmeo dele.
O erro está na características e não no
negócio e nem no objeto...
Mulher namora gêmeo e fica grávida do
irmão. Faltou luz... E no dia ela se
equivocou... Ele estavam discutindo a
anulação do registro de nascimento.
Aliás TAMBÉM EM DIREITO DE FAMÍLIA será
estudada a importante aplicação do erro
como causa de invalidade do casamento.
• O erro pode ser sobre a natureza do própria negócio (está prometendo
doar quando quer vender,...), sobre as qualidades da coisa (pensa que o
objeto é de outro quando é de bronze), sobre a pessoa do outro
contratante (pensa tratar-se de pintor célebre quando é apenas pessoa do
mesmo nome), sobre a quantidade (compra determinado terreno
confundindo alqueires paulistas com alqueires mineiros)
Erro de DIREITO - INCISO III DO 139

Ninguém é dada alegar a ignorância da lei para não


fazer... Alugar gato de energia... Por exemplo. Há
uma presunção que a publicidade torna conhecida
é mentira. Essa ideia se fundamenta mais no
VALOR DE SEGURANÇA JURÍDICA... Esse princípio
continua vigorando, o que o erro de DIREITO
PONDERA, é que ninguém conhece todas as leis,
existe quando uma pessoa de boa fé incorre no
âmbito interpretativo da norma...

A aplicação do ERRO DE DIREITO, não significa


recusa INTENCIONAL ao império da LEI, mas sim,
uma modalidade possível de ERRO, incidente no
âmbito de atuação permissiva da norma.

Ou seja, um ERRO INTERPRETATIVO sobre a ilicitude


do fato, cometido por pessoa de BOA FÉ.
Uma empresa importadora de
produto, um produto fica
proibido de entrar no país... Se
ele faz o contrato?

Fulano com lança perfume no


baile de carnaval é pego é
diz...eu estava perfumando o
ambiente e não sabia que era
proibido....
A previsão legal deles está nos artigos
138 a 144 do Código Civil

na presença do
vendedor, com a
ganhei um dinheiro, e quero planta sobre a
aplicá-lo. Vou comprar um mesa, aponto
apartamento que está para um deles e
construindo. Quero comprar digo “quero este
um apartamento nascente aqui.

Depois que realizo aquela aquisição, vem a


surpresa: o apartamento que comprei é
• Mesmo que o corretor
poente! Então, se eu conseguir
ofereça para mostrar
provar que a vontade externa outros, eu fico
seguia numa direção e a interna irredutível e compro o
seguia para outra, o negócio imóvel de qualquer
poderá ser anulado jeito...
Como saber se eu errei
porque sou bobo demais
ou se preciso ser expert
no assunto... Como nosso
Código Civil vai mensurar?
O CÓDIGO CIVIL vai mensurar pela inteligência do
homem mediano. Ou seja, não trabalharemos com
pessoas hiper inteligentes nem com o padrão de um
analfabeto, que não tenha traquejo nas relações
sociais. O que se espera de um agente envolvido num
negócio? Que eles tenham conhecimento médio da
nossa realidade...
VEJA ESSE
CASO
• dependendo das circunstâncias, um negócio feito no
interior de Minas Gerais, com uma senhora de 82 anos,
que é analfabeta, viúva do marido fazendeiro, que
sempre ficou no fogão e tanque, e nunca lidou com os
negócios do marido, é diferente de estarmos lidando com
uma grande diretora de uma empresa que fica em São
Paulo com acesso a Internet e muitos meios logísticos. O
estado de erro da senhora pode ser muito maior do que o
estado de erro da bem-sucedida diretora. Então as
circunstâncias são altamente relativas; dependerão dos
elementos envolvidos.
• art. 138, fala em erro substancial. I - ESCUSÁVEL:
Distingue-se, portanto, de início, o erro QUE JUSTIFICA O
substancial do erro acidental.
ERRO
• requisitos do erro: se um vendedor de carros está trabalhando na
• "I - ser escusável; venda de um automóvel para uma pessoa de
diligencia normal, que diz que deseja um carro
• II - ser real, isto é, recair sobre o objeto do preto, mas lhe dá um amarelo, não haverá a
contrato e não simplesmente sobre o nome mínima condição de se anular o negócio. É até
ou sobre qualificações; questão de bom-senso. Mas, numa outra
situação, se alguém pega um dinheiro pensando
• III - referir-se ao próprio negócio e não a
que foi doado, mas na verdade foi emprestado,
motivos não essenciais; e aí sim talvez dê para anular esse negócio.
• IV - ser relevante."
• um sujeito com determinada fortuna é
salvo de um incêndio por uma bela e jovem
Soldado do Corpo de Bombeiros. Anos se
passam, e o velho prepara-se para o
descanso vindouro. Ele elabora seu
testamento, em que dedica parte de sua
fortuna àquela jovem que lhe salvara anos
antes. Entretanto ele erra o nome da moça,
colocando o de outra, mas expressa,
adjacente ao nome da herdeira
testamentária, que a razão de estar fazendo
isso é esta tê-lo salvado daquele perigo, o
que o possibilitou a continuar seus
empreendimentos e ganhar dinheiro. O
velho então morre, e o testamento é
aberto. O dinheiro é repassado à mulher
errada. Sendo o testamento um negócio
jurídico, ele poderá ser anulado? Sim, desta
vez houve manifesto erro. Então, a
verdadeira heroína terá todos os motivos
para buscar a invalidade desse negócio
• INCISO I – ARTIGO 139 Segunda
característica: o erro precisa ser
essencial, ou seja, tem de estar ligado à
razão de ser do negócio jurídico. A
melhor maneira de entendermos isso é:
diante de um vício negocial, paramos e
nos perguntamos: “se eu tivesse
conhecimento de todos os elementos,
eu ainda assim faria esse negócio?” Imagine que você
compra essa Ferrari e
pensa que ela em 2
segundo atinge a
ERRO não velocidade de 100 km,
ESSENCIAL
mas ela chega a 100k
depois de 5 segundos.
ERRO
VOCE COMPRARIA
ACIDENTAL sim ASSIM MESMO?
INCISO II- concerne à identidade ou à
qualidade essencial da pessoa a quem se
refira a declaração de vontade, desde que
tenha influído nesta de modo

relevante

Casar com alguém achando que é outra pessoa é erro. Acredito que o sujeito é uma “pessoa
normal”, com predileções sexuais de uma pessoa mediana. Se, entretanto, a mulher do casal
é surpreendida, nos meses seguintes, com a novidade de que seu novo marido tem
predileções bizarras quanto a relação sexual, o casamento poderá ser anulado. Ela deve se
perguntar “eu me casaria com esse sujeito se eu soubesse de suas taras?” Se a resposta for
“não”, então o casamento poderá ser anulado
Jovens empresários do ramo farmacêutico. Eles podem
eventualmente comprar um lote de determinada
substância da Europa, e desenvolvem, aqui, um novo INCISO III - sendo de direito e não
medicamento. Gastam milhões com o lote. Um mês implicando recusa à aplicação da
depois em que o remédio está no mercado, a ANVISA
baixa uma portaria atualizando a lista de substâncias lei, for o motivo único ou principal
proibidas, incluindo a que eles adquiriram. O que do negócio jurídico.
aconteceu?

Vejam bem: os farmacêuticos compraram a droga


num determinado estado de espírito? Sim, qual
seja, o de boa-fé, com condições de alegar
ignorância sobre a ilicitude de tal substância. O
mesmo se eles tivessem adquirido a droga pouco
depois de a lista ter sido atualizada; neste caso, o
erro também poderia ser considerado escusável?
VIDE Lei de Introdução
art.3º.
• A doou uma casa a B imaginando
O art. 140 que B tinha prestado um favor a
fala sobre o um filho seu. Posteriormente
falso motivo vem saber que a pessoa que
prestou tal favor foi C. Poderá
anular essa doação?

Temos elementos que podem comprometer a lisura


e integralidade da declaração das vontades. Como
negócio celebrado por fax, que cortou parte da
página, parte esta que continha dados essenciais,
ou e-mail virulento, ou mesmo o negócio feito por
telefone, um celular que fica sem sinal na hora do
acerto de detalhes
• tenho 5 filhos, sendo quatro
homens e uma mulher.
Art. 142. O erro de Coloco, em meu testamento,
indicação da pessoa ou da “e deixo meu haras para
coisa, a que se referir a minha filha Marina...” quando,
declaração de vontade, não na verdade, o nome dela é
viciará o negócio quando, Mariana. Houve um erro. Mas,
por seu contexto e pelas evidentemente, como só
circunstâncias, se puder tenho uma filha, pode-se
identificar a coisa ou facilmente identificar a pessoa
pessoa cogitada cogitada, e o negócio não
ficará viciado.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para
executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.”
QUANDO UMA
• DOLO
PARTE INDUZ AO
• Causa de invalidade dos NJ ANULABILIDADE
OUTRO AO ERRO... caracteriza-se quando uma das partes é
ESSA CARNE É DE maliciosamente induzida ao ERRO
VACA... É ALCATRA
(alcatra pode ser
de outro animal) • OLHA A DIFERENÇAAAAAAAAAAAAAAAAA
induziu ao ERRO.
É um VICÍO CARREGADO DE
dolo MÁ FÉ
O DOLO É CARREGADO DE
MÁ FÉ
O DIREITO ROMANO PARA CARACTERIZAR ESSE VÍCIO UTILIZAVA A
EXPRESSÃO DOLUS MALUS QUE NÃO SE CONFUNDIRIA COM DOLUS
BONUS
Não há conceituação sobre dolo constante do Código Civil. O Código inicia o
tratamento da matéria no art. 145, elencando o dolo entre as causas de anulabilidade
do negócio jurídico. O dolo é a o estratagema, o artifício utilizado no intento de viciar a
vontade daquele a quem se destina. São manobras efetuadas com o propósito de
obter uma declaração de vontade que não ocorreria caso o declarante não fosse
ludibriado. A definição de Clovis Bevilaqua se mostra bem elucidativa:
“Dolo é o artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática
de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a terceiro.”

Vontade da outra parte


A distinção entre dolo e erro se assenta no fato de que o primeiro há uma
causação intencional do vício da vontade. No dolo há provocação. O erro,
como já examinado, tem origem na própria vítima, da sua íntima
convicção, sendo uma falsa representação da realidade espontaneamente
provocada pela mesma.

Qual a diferença do erro para o dolo civil?

Dolo é o meio empregado para enganar alguém.


Ocorre dolo quando o sujeito é induzido por outra
pessoa a erro. Erro ou ignorância: neste ninguém
induz o sujeito a erro, é ele quem tem na realidade
uma noção falsa sobre determinado objeto
Então, mais uma vez, vemos no art. 145 a norma de que é anulável o negócio
jurídico desde que o dolo seja sua causa. Isso nos dá a ideia de
“essencialidade”: é a razão de ser do negócio, portanto, é anulável

A ideia que circunda o dolo é o de levar uma determinada pessoa, o declarante


da vontade, a agir de modo diverso do que pretenderia, caso não houvesse
esse estratagema viciador da vontade. A doutrina, no entanto, diverge acerca
da necessidade de haver prejuízo efetivo à parte
- Dolo principal – somente esse, como causa que determina a declaração de vontade, traz
o óbice de viciar o negócio jurídico. Obtempera GONÇALVES (ibid., p. 564): “configura-se
quando o negócio é realizado somente porque houve induzimento malicioso de uma das
partes. Não fosse o convencimento astucioso e a manobra insidiosa, a avença não se teria
concretizado”.
DOLO ACIDENTAL
O dolo acidental, por outro lado, é diferente do
principal (não é a razão determinante para a
celebração do negócio jurídico). O Código Civil não
fala em anular o negócio jurídico quando certo
episódio se trata de dolo acidental. Logo, se ele não
fala sobre essa possibilidade, partimos da ideia de
que caso ocorra dolo ACIDENTAL exclusivamente, não
se pode falar em anulação.
O acidental decorre de uma situação em que, por
exemplo, você deseja comprar uma máquina que
escreve tantos caracteres por minuto e,
posteriormente à compra, descobre que ela faz
abaixo do que anunciado. Apesar de ela não ter a
capacidade que foi apregoada, ela te atende (e você a
compraria mesmo assim). Assim, temos o caso de
dolo acidental. Por mais que não seja passível de
anulação do negócio jurídico, o vendedor está
suscetível a efetuar o pagamento referente a perdas e
danos (indenização).
DOLO PRINCIPAL: artigo 145, os negócios
serão anuláveis

COMPROU UMA
CASA COM
INFILTRAÇÃO

DOLO ACIDENTAL: não


vicia o negócio só
obriga a satisfação de
perdas e danos
O dolo acidental, justamente por incidir em elementos acessórios da declaração de
vontade, não enseja a invalidade do ato, mas somente a reparação por perdas e
danos. Ele nada mais é do que a prática de um ato ilícito.

• O dolo essencial (ou


principal) é uma das
causas de anulabilidade
do negócio jurídico

ERRO DO ANO DE
FABRICAÇÃO
• O dolus bonus é o dolo com intensidade menor e tolerado pelo
ordenamento jurídico. Um exemplo pode ser retirado do fato do
comerciante que elogia demasiadamente o produto que intenta
vender, minorando além da conta as imperfeições e desvantagens. A
idéia que marca do dolus bonus é que ele já é esperado, é natural e
normal a certos negócios. Há uma presunção de que o homem que age
de forma proba e diligente, seria apto a não se envolver nessa conduta
dolosa.

• O dolo negativo ou omissivo, por sua vez, é a omissão que


visa a fazer com que o declarante manifeste sua vontade de
forma viciada. Ocorre quando o agente falta com o seu dever
de informar, dever que decorre do princípio da boa-fé
objetiva.
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de
uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja
ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o
negócio não se teria celebrado.

Quero comprar um apartamento no 9º andar de um prédio, que fica


exatamente sob a cobertura particular do morador do 10º, onde tem uma
piscina. O dono do apartamento do 9º andar, que pretende me vender o
imóvel, sabe que existe um vazamento e sabe que é uma questão de tempo
até a sala de estar ser infiltrada pela água da piscina que fica bem acima
dela. Se ele não fala sobre isso, me vende o apartamento, passa pouco
tempo e a goteira começa, poderei provar a má-fé no sentido de que houve
omissão dolosa do sujeito que me vendera o apartamento. Ele poderia me
alertar sobre o problema mas, por conveniência, resolveu se calar. Então,
devemos olhar a parte final do artigo. Se essa infiltração fosse um motivo
pelo qual eu não celebraria o negócio, então estaremos diante de um caso
de anulabilidade; entretanto, se ainda assim eu quisesse adquirir o imóvel
apesar de insatisfeito por esse problema, então não, pois só será um caso
acidental, que só ensejará, como diz o artigo anterior, perdas e danos. A
prova, na prática, é difícil de ser feita. Inclusive já devemos ficar atentos
para não cair na necessidade de dizer “é minha palavra contra a dele”.
Dolo de Terceiro
Pode ocorrer que um terceiro, mesmo a quem os efeitos do negócio não
aproveitem de nenhuma forma, perpetre um comportamento doloso. Nesse
sentido, o art. 148 do Código Civil destaca que:
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro,
se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em
caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá
por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
O ato é anulável se o beneficiário tivesse conhecimento do dolo, ou ainda
que estivesse obrigada a ter esse conhecimento.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo
de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse
ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o
negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e
danos da parte a quem ludibriou.
O dolo de terceiro pode se apresentar em três situações:
i) dolo de terceiro contando com a cumplicidade (participação efetiva) da
parte do negócio;

ii) dolo de terceiro com mero conhecimento da parte beneficiária; e

iii) dolo exclusivo de terceiro, sem conhecimento do favorecido.


Caso gerador Cada um responde aqui no nearpod!

No dia 23 de abril de 2004, Bruno e Elizabeth, um casal de namorados que residia no apartamento 303,
do prédio de nº 45, na Rua Manoel Gonçalves, no bairro de Laranjeiras, tiveram uma discussão
acalorada. Não se sabe ao certo o motivo da discussão, mas o fato é que o casal foi encontrado morto,
no dia seguinte, pelo porteiro do prédio. O caso ainda hoje é um mistério para as autoridades policiais.
Todos os jornais de circulação na cidade divulgaram por alguns dias a notícia da tragédia e as suas
eventuais repercussões.
O fatídico apartamento 303 era alugado. O locador, Antônio Mathias, tomou o cuidado de reformar
todo o apartamento depois da tragédia. “Foi uma medida mais espiritual do que estética” – chegou a
declarar para os amigos. Depois de concluída a reforma, nada mais naquele apartamento lembrava a
existência do casal.
Mas Antônio estava resolvido a vender o imóvel. Passado algum tempo, conseguiu comprar uma outro
imóvel e para lá se mudou, colocando o apartamento 303 para ser vendido através dos classificados de
um grande jornal.
Dois dias depois, Francisco e Carolina, um casal de namorados, foi visitar o apartamento. Eles logo se
encantaram com a vista e com as condições para a compra do imóvel. Depois de providenciada toda a
documentação, foi devidamente lavrada a escritura de compra e venda do imóvel, que agora passava a
ser de legítima propriedade de Francisco.
.
Numa manhã de domingo, ao retornar de uma caminhada na praia, Carolina encontra no
elevador com uma moradora do prédio. A senhora, sem muita cerimônia, ao perceber
que Carolina nada sabia sobre a tragédia do 303, trata de prontamente relatar todo o
evento à nova moradora.
Atordoada com a noticia, a jovem corre para contar ao namorado sobre os eventos
transcorridos em seu apartamento há menos de dois anos atrás. Francisco, indignado com
a má-fé de Antônio, imediatamente contata o seu advogado. Na segunda-feira, após
reunião com seu advogado, Francisco está certo de que o negócio será anulado através de
decisão judicial e pretende ingressar com a medida na mesma semana.
Se você fosse o juiz desse caso, como seria a sua decisão? A venda do apartamento 303
pode ser anulada com fundamento na tragédia ocorrida com Bruno e Elizabeth? Justifique
FIM

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