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FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

Teorias Contemporâneas I
3o Ano/Pós-Laboral

Resumo do artigo sobre a Etnometodologia: um estudo introdutório de Ireno António Barticelli

Docente: Dr. Adriano Maurício

Discente:

Irene Mucumbe

Maputo, Junho de 2021

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Garfinkel foi o principal inspirador da etnometodologia, que surgiu com base na crítica das
teorias funcionalistas. Neste sentido, Garfinkel foi influenciado pela fenomenologia de Husserl e
Schutz, que se dedicava em estudar os procedimentos que os indivíduos poem em prática em sua
vida quotidiana para dar um sentido as suas acções e as dos outros, bem como do
interaccionismo simbólico de Park, Burgess e Thomas, onde conheceu as suas divisões em dois
grupos: i) o dos analistas de conversação que tentam descobrir em nossas conversas as
reconstruções contextuais que permite-lhes dar um sentido e dar-lhes continuidade e; ii) os dos
sociólogos para os quais as fronteiras reconhecidas de sua disciplina se acham circunstâncias aos
objectos mais tradicionais que a sociologia estuda, como a educação, justiça, as organizações, as
administrações e a ciência.

A etnometodologia é o estudo do raciocínio prático quotidiano enquanto fundamento de toda


actividade humana. Assim, no raciocínio prático entende-se que os indivíduos utilizam a
linguagem quotidiana para descrever o estudo empírico de suas experiencias e de suas
actividades. Para Garfinkel, a etnometodologia se interessa pelas estruturas sociais objectivas e
peremptórias que são construídas por actividades sociais estruturantes que se denominam
práticas, métodos, modos de proceder, ou seja, a etnometodologia estuda as actividades
estruturantes que aglutinam as estruturas sociais.

Para a etnometodologia, deve-se considerar os factos sociais como realizações práticas, ou seja, a
realidade objectiva dos factos sociais enquanto realização contínua das actividades combinadas
da vida quotidiana dos membros que utilizam processos ordinários engenhosos para esta
realização.

Garfinkel, traz aqui a definição do conceito de etnométodos como sendo os procedimentos


apoiados num estoque de conhecimento que os membros utilizam em suas actividades
quotidianas, raciocínios sociológicos práticos. Desta forma, o ponto central do autor são
actividades praticas e o raciocínio pratico quer seja profissional ou não.

A etnometodologia deve ser vista como uma pesquisa empírica dos métodos que os indivíduos
utilizam para dar sentido e ao mesmo tempo realizar as suas acções de todos os dias: comunicar-
se, tomar decisões raciocinar. De uma forma geral, a etnometodologia tem como finalidade a
análise das praticas, observadas no quadro quotidiano e em seu contexto de acção. O trabalho do

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Garfinkel, apresenta os seguintes conceitos: indexicalidade, reflexividade, membro, práticas
sociais, a disponibilidade-disposição.

 Prática, realização

A preocupação central da etnometodologia é buscar abordar as actividades práticas, as


circunstâncias práticas e o raciocínio sociológico prático desenvolvido pelos atores no curso de
suas actividades quotidianas, sejam estas actividades ordinárias ou extraordinárias. Considera
que a realidade social é construída na prática do dia-a-dia pelos atores sociais em interacção; não
é um dado pré-existente (Coulon, 1995).

 A indicialidade

O mundo social é constituído de acções interacionais entre os agentes, que são desenvolvidas
pelo uso da linguagem. As intenções, acções, pedidos, ordenamentos, ensinamentos, trocas de
auxílio, etc. São comunicadas através da linguagem estabelecida entre os atores, uma linguagem
que não é ordenada e radicalmente fixa, mas que é flexível e adaptável, conforme o grupo de
agentes que a desenvolve (idem).

 A reflexividade

Segundo Coulon (1995), a reflexividade designa as práticas que ao mesmo tempo descrevem e
constituem o quadro social. A reflexividade designa a equivalência entre descrever e produzir
uma interacção, entre a compreensão e a expressão dessa compreensão, ou seja, na medida que
desenvolvemos nossas acções práticas, estamos envolvendo uma série de actividades racionais
motivadas tanto pelos reflexos dos sinais que recebemos do exterior como daqueles produzidos
em nosso próprio interior (idem).

 A relatabilidade (ou accountability)

O termo accountability, que designa para Garfinkel a propriedade de relatabilidade, ou seja, de


descrição, é uma característica que permite aos atores sociais comunicarem e tornarem as
actividades práticas racionais compartilháveis. A relatabilidade está intimamente ligada ao
processo de reflexividade. A relatabilidade são as descrições que os atores fazem de seus
processos reflexivos, procurando mostrar sem cessar a constituição da realidade que produziram
e experienciaram. Em outras palavras, a relatabilidade não é a descrição pura e simplesmente da

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realidade enquanto pré-constituída, mas enquanto essa descrição em se realizando, fabricando o
mundo, construindo-o (idem).

 A noção de membro

Para os etnometodólogos, um membro não é apenas um ente que pertence a um determinado


grupo, mas ao contrário, é um ente que compartilha a construção social daquele determinado
grupo. Em outras palavras, é membro o indivíduo que domina a linguagem comum do grupo, que
interagem com os demais a partir de redes designadamente estabelecidas nos processos
interacionais, que compreende o mundo social em que está inserido sem grandes esforços
racionais, mas apenas pela pertença natural de sua socialização (idem).

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