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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Ensino a Distancia

Tema do Trabalho:

Paz e a justiça como compromisso social

Nome do estudante: Andrieta Crespim Bero

Código do Estudante: 708208693

Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Turma: A

Disciplina: Fundamento de Teologia Católica

2º Ano de Frequência

Tipo de trabalho: 1º trabalho de pesquisa de campo

Tutor, dr:Victor Makola

Beira, Maio 2021

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Ensino a Distancia

Tema do Trabalho: Paz e a justiça como compromisso social

Nome do estudante: Andrieta Crespim Bero

Código do Estudante: 708208693

Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa

Disciplina: Fundamento de Teologia Católica

2º Ano de Frequência

Beira, Maio 2021

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Índice

Introdução………………………………………………………………………………4

Objectivo geral...............................................................................................................4

Objectivo especifico.......................................................................................................4

‘ʻA PAZ E A JUSTIÇA COMO COMPROMISSO SOCIAL’’

Justiça social.................................................................................................................5

O Conceito de Justiça Social.................................................................5


A Justiça e o Estado de bem-estar social................................................5
A Justiça e os valores de uma sociedade................................................6
Justiça social versus Justiça Civil............................................................7
Acções que buscam estabelecerem a Justiça Social......................7,8,9,10
Conclusão……………………………………………………………………………...11

Bibliografia ……………………………………………………………………………12

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Introdução

A paz não pode ser entendida unicamente como apenas a abolição de guerras, mas sim,
um valor e um dever universal e encontra o seu fundamento na ordem racional e moral
da sociedade que tem as suas raízes no próprio Deus.

E importante realçar que este trabalho objectiva aprofundar a questão da necessidade de


fundamentação da Paz e Justiça como compromisso social.

Pretende se examinar em primeiro lugar o conceito da justiça social como compromisso.


Elucidarei ainda em função das acções que buscam estabelecer a justiça social na
sociedade e finalmente falarei citarei as contribuições de John Rawls tendo em sua
autoria diversos artigos e livros que trabalham a ideia de justiça na sociedade, na
constituição da resposta justa diante da paz.

Objectivo geral:

 Compreender a paz e Justiça como compromisso da sociedade;

Objectivos específicos:

 Conceituar a justiça social;


 Identificar as acções que busca estabelecer a justiça social;
 Debruçar sobre a justiça e os valores de uma sociedade.

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‘ʻA PAZ E A JUSTIÇA COMO COMPROMISSO SOCIAL’’

Justiça social

O conceito de justiça social está relacionado com as desigualdades sociais e


as acções voltadas para a resolução desse problema.
A justiça social representa um verdadeiro desenvolvimento da justiça geral,
reguladora das relações sociais com base no critério de observância a lei.
Ela diz respeito a aspectos sociais, políticos e económicos, sobretudo a
dimensão estrutural dos problemas e das respectivas soluções.

O Conceito de Justiça Social


Mesmo sendo um assunto amplamente discutido, existe ainda certa
confusão sobre o conceito de justiça social. Como conceito, a justiça social
parte do princípio de que todos os indivíduos de uma sociedade têm
direitos e deveres iguais em todos os aspectos da vida social. Isso quer
dizer que todos os direitos básicos, como a saúde, educação, justiça,
trabalho e manifestação cultural, devem ser garantidos a todos.

A Justiça e o Estado de bem-estar social


Essa ideia parte do princípio de que não é possível falar em
desenvolvimento de uma sociedade considerando apenas o crescimento
económico. Nesse sentido, a noção de justiça social está atrelada à
construção do que é chamado de Estado de Bem-Estar Social, isto é, um
tipo de organização política que prevê que o Estado de uma nação deve
prover meios de garantir seguridade social a todos os indivíduos sob a sua
tutela, o que significa que o acesso a direitos básicos e as acções de
seguridade social devem ser estendidos a todos

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A Justiça e os valores de uma sociedade
De um ponto de vista legalista e institucional, a justiça segue o caminho
das leis, uma vez que são elas que delimitam o alcance de nossas acções na
sociedade civil. Todavia, como bem sabemos, as leis consideradas “justas”
podem tornar-se “injustas” diante das constantes mudanças históricas de
cada sociedade. Os infames casos de “legítima defesa da honra”, em que
maridos que assassinaram suas esposas alegaram que o fizeram em defesa
de sua própria honra e tiveram suas penas reduzidas ou foram
completamente irresponsabilizados, como os casos que são retratados no
artigo 'Legítima Defesa da Honra', Ilegítima impunidade de assassinos,
Um estudo crítico da legislação e jurisprudência da América Latina”, das
autoras Silvia Pimentel, Valéria Pandjiarjian e Juliana Belloque, são provas
de que mesmo as leis podem ser injustas.
Portanto, ao tratarmos do conceito de justiça, devemos tomar o cuidado de
observar que esse é um conceito normativo, ou seja, refere-se às normas e
regras instituídas. Hans Kelsen (1881-1973), filósofo jurista austríaco,
apresenta a ideia de justiça como algo além da apreensão cognitiva, isto é,
algo além de nossas capacidades sensoriais, pois se trata de um julgamento
de valor completamente dependente de nossa constituição moral. Isso quer
dizer que o conceito de justiça depende da moral e dos valores existentes
em uma sociedade, diferentemente de noções como “igualdade” ou
“liberdade”, que, embora sejam objectos abstractos e conceitos teóricos,
podem ser verificados de forma empírica dentro de um dado contexto.
Portanto, a justiça não é um objecto concreto, mas sim uma construção pela
qual todos nós somos responsáveis.

Justiça social versus Justiça Civil

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A justiça social, entretanto, diferencia-se da ideia da justiça civil, isto é, a
justiça dos tribunais e da imagem da estátua vendada. Enquanto a justiça
civil busca a imparcialidade em seu julgamento, sempre partindo dos
aparatos legais para justificar suas acções, a justiça social busca a
remediação de desigualdades por meio da verificação das dificuldades
particulares de cada grupo e da implementação de acções que venham
remediar a situação.

Acções que buscam estabelecerem a Justiça Social


A justiça social parte do preceito de que, para que se alcance um ponto em
que a convivência social torne-se “justa”, é necessário que se estabeleça
certa compensação para aqueles que começaram a vida social em
desvantagem. É desse princípio que partem acções como a instituição de
um salário-mínimo, o seguro-desemprego, cotas raciais e as demais acções
de seguridade social.

As cotas raciais, por exemplo, estão entre as acções mais recentes que
buscam a justiça social. A acção fundamenta-se na constatação de que a
grande maioria da população carente e em situação de pobreza é composta
por negros e pardos. Em contrapartida, as escalas mais elevadas na
hierarquia socioeconómica são maioritariamente compostas por pessoas
que se identificam como brancas. Os dados do IBGE de 2010 mostraram
que a taxa de analfabetismo entre as pessoas que se identificavam como
brancas era de 5,9%, enquanto, entre a população de pessoas que se
identificavam como negras, era de 14,4% e, entre os que se identificavam
como pardos, de 13%.

As acções que buscam facilitar a inserção da população em situação mais


carente ou que possui o acesso à educação prejudicado são necessárias em

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virtude da desigualdade educacional e económica que vitimiza o sujeito
também em sua posição social, facto que torna cada vez mais rígida a
escala social em que vivemos.

A desigualdade social é o principal problema que as acções de justiça


social buscam solucionar. É facto que, embora nossa sociedade seja
constituída, em sua maioria, por pessoas que se declarem negras ou pardas,
assim como demonstrado pelo Censo do IBGE de 2010, as médias salariais
são menores entre as populações auto declaradas como negras em
comparação à população auto declarada como branca.

Muito embora o problema do racismo ainda persista, é preciso perceber que


existem avanços, ainda que tímidos, em aspectos importantes do problema.
A criminalização do racismo e os programas de inclusão social para
pessoas de baixa renda, por exemplo, são todas acções de justiça social que
nos ajudam a crescer como sociedade justa e democrática.

Por exemplo:

O professor e filósofo John Rawls apresenta contribuições importantíssimas na área


da filosofia política, tendo em sua autoria diversos artigos e livros que trabalham a ideia
de justiça na sociedade, sendo os principais: ‘’A Theory of Justice’’ (1971), ‘’Political
Liberalism’’ (1993), ‘’The Law Off Peoples’’ (1999), e ‘’Justice as Fairness: A
Restatement’’ (2001).

Em seu primeiro livro há um conjunto de oito capítulos que sistematizam os seus


conceitos. A teoria da justiça de Rawls apresenta os princípios do que é justiça
delimitando-a a partir da ideia de uma estrutura de democracia constitucional.

Para ilustrar e dar base a sua ideia de justiça equitativa, Rawls apresenta a ideia de
‘’posição inicial’’, indo ao encontro do conceito de estado de natureza usado pelos
contratualistas.

"Afirmei que a posição original é o status quo inicial apropriado para assegurar que os
consensos básicos nele estabelecidos sejam equitativos. (...) Entendida dessa forma a
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questão da justificativa se resolve com a solução de um problema de deliberação:
precisamos definir quais princípios seriam racionalmente adorados dada a situação
contratual." (RAWLS, 1997, p. 17).[7]

A justiça equitativa de Rawls surge da busca por um ideal de justiça que de certa forma
neutralize o modo de ser, social e biológico (no que diz respeito as habilidades naturais
que dão vantagens aos indivíduos) que de algum modo pode ser arbitrário. Rawls utiliza
do contracto social como método para estabelecer ``os dois princípios da justiça``,
sendo eles: liberdade e igualdade.

"Primeiro: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de
liberdades básicas iguais que sejam compatíveis com um sistema de liberdade para as
outras.  Segundo: as desigualdades sociais e económicas devem ser ordenadas de tal
modo que sejam ao mesmo tempo:
a) Consideradas como vantajosas para todos dentro dos limites do razoável (princípio da
diferença), e
b) Vinculadas a posições e cargos acessíveis a todos (princípio da igualdade de
oportunidades)." (RAWLS, 1997, p.64).[7]

A teoria da justiça como equidade centra-se no individuo (muito por conta do víeis


liberal do autor), porem esse não e o fundamento principal de sua ideia.

“O ponto essencial é que, apesar das características individualistas da teoria da justiça


como equidade, os dois princípios da justiça não dependem de forma contingente dos
desejos existentes ou das condições sociais presentes. Todos possuem um sentido da
justiça semelhante e, sob este aspecto, uma sociedade bem ordenada é homogénea”
(MENDES, 1998, p. 8).[8]

O centro da justiça como equidade esta em aceitar a justiça política, independente das
variedades da moralidade existente entre elas.

“Na justiça como equidade, a unidade social e a lealdade dos cidadãos com respeito a
suas instituições comuns não estão calcadas na ideia de que todas as pessoas sustentam
a mesma concepção do bem, mas em que aceitam publicamente uma concepção política
de justiça para regular a estrutura básica da sociedade.” (MENDES, 1998, p. 19).[8]

Por fim, pode-se concluir que a obra de John Rawls fundamenta o conceito de justiça,
atentando para as liberdades e direitos fundamentais, mas também buscando um bem
comum, seja ele político, social ou económico, assim como aponta o juiz federal e

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professor Ricardo Perligeno Mendes da Silva: "O sistema social deve ser concebido por
forma a que o resultado seja justo, aconteça o que acontecer. Para atingir este objectivo,
é necessário que o processo económico e social seja enquadrado por instituições
políticas e jurídicas adequadas". (1998, p.8).[8]

A plena verdade sobre o Homem permite superar a visão contratualista da justiça, que é
a visão limitada, e abrir também, para a justiça o horizonte da solidariedade e do amor.

A justiça sozinha não basta, e pode mesmo chegar se a negar se a si própria, se não se
abrir aquela forca mais profunda que e o amor. Ao valor da justiça a doutrina social da
Igreja acosta o da solidariedade, enquanto via privilegiada pela paz.

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Conclusão

A desigualdade social é o principal problema que as acções de justiça


social buscam solucionar. Muito embora o problema do racismo ainda
persista, é preciso perceber que existem avanços, ainda que tímidos, em
aspectos importantes do problema. A criminalização do racismo e os
programas de inclusão social para pessoas de baixa renda, por exemplo, são
todas acções de justiça social que nos ajudam a crescer como sociedade
justa e democrática.

Por fim, pode-se concluir que a obra de John Rawls fundamenta o conceito de justiça,
atentando para as liberdades e direitos fundamentais, mas também buscando um bem
comum, seja ele político, social ou económico, assim como aponta o juiz federal e
professor Ricardo Perligeno Mendes da Silva: "O sistema social deve ser concebido por
forma a que o resultado seja justo, aconteça o que acontecer. Para atingir este objectivo,
é necessário que o processo económico e social seja enquadrado por instituições
políticas e jurídicas adequadas". 

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Referencias Bibliográfica
Manual de Fundamentos de Teologia Católica-2º Ano
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Justiça social";  Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/justica-social.htm.

1. ↑ MACEDO, Ubiratan (1995). «Liberalismo e justiça social».  Estudos


Avançados. 83  páginas
2. ↑ Ir para: a b RAWLS, John (1997).   Uma teoria da justiça. USA: Harvard
University Press
3. ↑ Ir para: a b c MENDES, Ricardo Perlingero (1998).  «Teoria da Justiça de
John Rawls»  (PDF). Revista de Informação Legislativa

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