Você está na página 1de 29

Prof.

José Aroldo Filho


TERAPIA NUTRICIONAL NAS NEUROPATIAS goncalvesfilho@nutmed.com.br

CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA NEUROLÓGICA paciente, já que não conseguem se alimentar sem o risco de
aspiração de líquidos e alimentos para os pulmões;
Doenças neurológicas podem ser classificadas em 2 tipos:  Medula – Afeta centro respiratório e cardíaco, causam
sinais do neurônio motor ao nível da massa e sinais motores
1-Doença neurológica que surge de deficiência ou superiores abaixo da massa.
excesso nutricional  Hipófise e hipotálamo – Manifestações sistêmicas
As doenças de etiologia nutricional são atribuídas: (anormalidades eletrolíticas e metabólicas secundárias à
• Alcoolismo (causa mais freqüente); desregulação de hormônio adrenocortical, tireóideo e
• Desnutrição antidiurético), déficits binoculares e síndrome da secreção
• Má absorção inapropriada de hormônio antidiurético.
 Hipotálamo – Anorexia ou excesso de alimentação;
2-Doença neurológica com etiologia não nutricional  Nervos periféricos e junção neuromuscular – prejuízo no
ato de alimentar-se.
A terapia nutricional nesses casos é adjuvante ao controle
médico. TERAPIA NUTRICIONAL
LESÕES, TRAUMAS E SINAIS DE LOCALIZAÇÃO O tratamento do pacientes neurológico é complexo.
Esses pacientes estão em risco de desnutrição pelo
O cérebro é composto pela substância cinzenta (córtex comprometimento de obter, preparar e levar os alimentos à
cerebral), substância branca e pelos gânglios da base. O boca, da capacidade cognitiva e pela presença da disfagia.
córtex cerebral possui diversas áreas com uma função
determinada, que pode ser perdida na ocorrência de uma A avaliação nutricional tem como objetivo melhorar os
lesão nesta área. resultados e a qualidade de vida do paciente. A avaliação
nutricional deve conter:
 História dietética – avaliar mastigação, deglutição;
 História de perda ou ganho de peso – Perda 10% -
risco nutricional;
 Anemia não deve ser observada, pois o ferro é
necessário para síntese de dopamina e serotonina.

Alterações decorrentes da doença neurológica:


 Declínio na função e capacidade de cuidar-se;
 É necessário ajuda para realizar necessidades básicas,
como a busca pelo alimento;
 Nas lesões agudas (Trauma, AVC) – Pode ser
necessário o suporte nutricional enteral;

Em situações onde o preparo dos alimentos torna-se uma


difícil tarefa:
 Utilizar alimentos de conveniência;
 Utilizar alimentos prontos, pré-embalados em porções
individuais.

Questões alimentares

O paciente com doença neurológica pode apresentar


algumas incapacidades de acordo com a região do SNC que
for lesada, incapacitando-o de alimentar-se.
Fig.1 – Anatomia
 Fraqueza dos membros, paralisia do lado
dominante – O ato de comer torna-se desagradável
As lesões, traumas ou massas localizadas, acarretam uma
e aumenta o risco de aspiração (sentar o paciente
série de conseqüências dependendo do local afetado, como:
ereto);
 Saciedade precoce – Refeições pequenas e
 Lobo frontal – Manifestações psiquiátricas (depressão,
freqüentes podem ajudar;
mania, alteração de personalidade);
 Hemianopsia e negligência – Pode prejudicar o
 Lobo frontal próximo a base do crânio – Pode perder
paciente, pois apresenta apenas a visão de uma
olfato e ter alterações visuais;
lado e ignora a parte afetada do corpo;
 Porção central – Apraxia motora
 Confusão e demência – Paciente não lembra de
 Lobos temporais – Afeta memória, funções da fala e
alimentar-se, não consegue preparar a alimentação
pode ter convulsões;
com segurança – É NECESSÁRIO SUPERVISÃO
 Lobo parietal direito – incapacidade de focalizar atenção,
E ASSISTÊNCIA.
ignora o lado esquerdo do corpo;
 Junção dos lobos temporal, parietal e frontal – problemas
Processo oral
na fala;
Durante este estágio da alimentação alguns problemas
 Lobos occipitais – cegueira cortical;
são encontrados, como:
 Cerebelo e tronco cerebral – Hidrocefalia;
 Tronco cerebral - Pode afetar qualquer nervo craniano Aspiração de
 Tosse alimentos para os
que inerva a face e cabeça, prejudicando a nutrição do
 Alimentação prolongada pulmões
 Disfagia
1
A utilização de modificadores de consistência, além de
A disfagia é um problema comum nesses pacientes e favorecer a deglutição, aumenta o aporte calórico e diminui o
tem sintomas associados como: babar, sufocar ou tossir risco de aspiração.
após ou durante as refeições, incapacidade de sugar, reflexo ATENÇÃO: Condutas da KRAUSE para líquidos e textura
de vômito ausente, infecções respiratórias crônicas, perda para pacientes com dificuldades de deglutição.
de peso e anorexia.
Líquidos
Deglutição • São facilmente aspirados para os pulmões - Pneumonia
• Engrossamento de líquidos (leite em pó magro, maisena,
O processo de deglutição pode ser dividido em 3 fases: suplementos modulares de CHO ou engrossadores
1- Fase oral = O alimento combinado com a saliva é contendo maisena modificada);
mastigado (se necessário) e um bolo é formado pela língua • Preferir líquidos com alto percentual de água;
que empurra o alimento para trás da cavidade oral • Picolés, gelo e frutas frescas – Fonte adicional de água;
espremendo-o contra o palato mole e duro. • Estimular fontes não cafeinadas – Cafeína tem efeito
diurético;
Na Pressão Intracraniana aumentada ou lesão do nervo • Leite – Associado a sintomas de produção excessiva de
craniano ocorre enfraquecimento dos movimentos linguais e muco (Não tem comprovação) – Não retirar da alimentação!
do músculo labial, levando a dificuldade de formar o bolo e  Encorajar o uso com espessantes;
movê-lo. • Bexiga neurogênica –– Distribuir líquidos uniformemente;
OBS: Para diminuir a freqüência da ITU – Aumentar a
2- Fase Faríngea = Esta fase ocorre em 4 eventos ingestão de suco de uva do monte.
consecutivos:
 Palato mole eleva-se fechando a nasofaringe; Textura
 Hióide e a laringe se elevam e as cordas vocais • Progressão da doença - disfagia e eliminação de grupos
protegem a via aérea; alimentares inteiros.
 Faringe se contrai e o esfíncter cricofaríngeo relaxa • Suplementação vitamínica pode ser necessária;
permitindo a passagem do alimento para o esôfago; • Alterar a consistência para mole ou purê;
 Reinicia-se a respiração. • Incentivar refeições pequenas e freqüentes;
• A deglutição pode ser melhorada acentuando o paladar,
Os sintomas de incoordenação nesta fase incluem textura e temperatura dos alimentos;
vômito, asfixia e regurgitação nasofaríngea. • Substituir água por sucos;
• Temperatura fria é melhor tolerada;
3- Fase esofágica = O bolo prossegue pelo esôfago até o • Carbonação – Pode ser bem tolerada pela modificação da
estômago. Esta fase é completamente involuntária. textura;
• Molhos e condimentos – Facilitam a deglutição;
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL • Massas úmidas, ensopados e ovos – Bem tolerados

Primeiro passo obrigatório. Deve incluir avaliação global I.DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE ETIOLOGIA
e histórico do peso. O reconhecimento de sinais precoces e NUTRICIONAL
sintomas de disfunção é imprescindível para a rápida
implementação do plano de cuidado apropriado. As As enfermidades sistêmicas como alcoolismo,
variáveis-chaves que afetam a ingestão nutricional devem incapacidade de ingestão de alimentos, síndromes de má-
ser avaliadas cuidadosamente (obtenção, preparo e ingestão absorção, síndromes paraneoplásicas, hipotireoidismo,
do alimento). insuficiência renal, SIDA, gastrectomia, cirurgia bariátrica,
dentre outras, podem causar DEP e/ou desnutrição
DISFAGIA (FICAR ATENTO AO GRAU DE DISGAFIA vitamínica.
SEGUNDO DAN WAITZBERG)
O alcoolismo é a causa mais comum relaciona às
O grau de disfagia deverá ser avaliado e, desta forma, polineuropatias por deficiências nutricionais.
traçada a conduta, objetivando a alimentação por via oral
segura ou alteração da consistência, do método de 1.AMBIOPIA NUTRICIONAL  causada por deficiência de
administração ou ambos. B12, tiamina, riboflavina e piridoxina.
De acordo com o Dan, a textura é modificada de acordo
2.DEGENERAÇÃO CEREBELAR  relacionada ao
com o grau de disfagia, como:
alcoolismo, mas também pode estar relacionada a outras
Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 causas de desnutrição (CA TGI ou anorexia nervosa).
Normal
Grau de Grau de Grau de Qualquer 3.PELAGRA  a deficiência de niacina também pode afetar
purê: purê, alteração maciez: Sólidos alimento o SNC.
preparações mecânica: macios de
homogêneas coesividade de Requer textura
4.DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12  resulta em mielopatia
e pudins Semi-sólidos, habilidade para sólida
requer a mastigação combinada subaguda, degeneração de nervos ópticos e dos
habilidade de Fácil de cortar - nervos periféricos, além de substância branca encefálica.
mastigação carnes, frutas e
frutas e vegetais Krause: ANEMIA PERNICIOSA (B12)
vegetais Excluir A tríade clássica: anemia, déficits neurológicos e atrofia
Excluir alimentos duros epitelial da língua.
produtos secos e muito secos
(crackers) Etiologia e fisiopatologia:

2
• As lesões ocorrem inicialmente nas bainhas mielínicas dos • Em casos de encefalopatia – verificar a necessidade de
nervos ópticos, substância branca e nervos periféricos. restrição de proteínas.
• A inserção de ácidos graxos irregulares nas bainhas
mielínicas. 7.TOXICIDADE POR VITAMINA A  A hipervitaminose A
acentua a permeabilidade dos plexos coróides, causando
Achados clínicos e tratamento: aumento de líquido céfalo-raquidiano e hipertensão
• Anemia macrocítica;
intracraniana.
• Fraqueza geral e parestesias;
• Não tratado: disgeusia, marcha deficiente, espasticidade,
8.TOXICIDADE POR VITAMINA B6  pode desencadear
contraturas, irritabilidade, apatia, sonolência, instabilidade
emocional, confusão acentuada, depressão e def. visual; neuropatia sensorial.

Diagnóstico: 9.DOENÇA DE WILSON  resultado de acúmulo de cobre


• Determinação da B12 sérica – Níveis < 150mg/ml. Teste por deficiência de ceruloplasmina.
mais definitivo: Teste Schilling (FI)
10.ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (KRAUSE)  É
Considerações Nutricionais definido como um início agudo de déficit neurológico focal ou
• KRAUSE: Recomendado dieta com proteínas de alto valor global com duração > 24h, e atribuível a doenças da
biológico, suplementação com ferro, vitamina C e outras
neurovasculatura intra ou extracraniana.
vitaminas do complexo B (inclusive ácido fólico).

Tratamento: Fatores de risco:


- Inicialmente – Doses diárias de 1000mcg de B12 IM - Idade avançada (+ significativo);
(semanas); - Modificáveis: hipertensão e o fumo;
- Após, doses semanais de 100mcg de B12 IM (meses); - Outros fatores: doença cardíaca, FA, DM e uso de
- Manutenção – Doses mensais de 100mcg administradas contraceptivos orais.
por toda vida se houver ausência de FI.
Tratamento Nutricional:
5.DEFICIÊNCIA DE VITAMINA E  pode causar neuropatia • Após AVC: redução de colesterol, gordura e sal – é
questionável;
sensitivo-motora, oftalmoplegia, degeneração retiniana e
• Importante manter o EN adequado;
miopatia. Pode ocorrer em distúrbios de absorção de • Disfagia – freqüente contribui para as complicações e mau
gorduras, como na fibrose cística. prognóstico - associada a:
Risco aumentando de desnutrição;
6.DEFICIÊNCIA DE TIAMINA  resulta em acúmulo de Risco aumentando de Infecções pulmonares;
ácido lático e em redução da absorção de oxigênio tecidual. Incapacidade;
A deficiência está associada ao beribéri, síndrome de Internação hospitalar
Wernicke-Korsakoff, degeneração cerebelar cortical e
Fig. 2: Fatores relacionados à nutrição e risco de AVC
síndrome de Stracham.
(KRAUSE)
O beribéri caracteriza-se como neuropatia periférica e
parestesias dolorosas que progridem dos segmentos distais
para proximais, déficit muscular distal e simétrico, amiotrofia,
cãibras, atrofia tegumentar além de insuficiência cardíaca.

A síndrome de Wernicke-Korsakoff é gerada pela


deficiência vitamínica B1 e desencadeada pela
administração de glicose, infecção e traumatismo.

Krause - SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF


• Resulta da deficiência crônica de Tiamina (B1);
• Ocorre com maior freqüência nos alcoólatras.

Etiologia e fisiopatologia
• A deficiência de B1 é a causa e sua depleção ocorre em 7
a 8 sem;

Achados clínicos e tratamento


• Encefalopatia, Nistagmo, Ataxia da marcha (Wernicke). II. DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE ETIOLOGIA
NÃO NUTRICIONAL
Tratamento:
• Dose: 50 a 100 mg/B1 via parenteral por vários dias. 1.ADRENOMIELOLEUCODISTROFIA  É uma deficiência
• Nunca administrar glicose antes da B1; congênita de enzimas que afeta o metabolismo dos ácidos
• Hepatopatas- resposta pode ser demorada. graxos de cadeia muito longa, acarretando seu acúmulo no
cérebro e glândulas supra-renais.
Considerações Nutricionais
• Suplementação de B1; Achados clínicos e tratamento:
•Ingerir alimentos: grãos integrais, pães e cereais • Mielopatia, neuropatia periférica e desmielinização cerebral
enriquecidos; • Manifestações- 4 e 8 anos – Insuficiência adrenal;
• Eliminar o uso do álcool. • Disartria e disfagia – Prejuízo na alimentação

3
Considerações Nutricionais: Além do uso de vitaminas e fitoquímicos, o uso de
• Exclusão dos ác. graxos de cadeia muito longa (VLCFA) minerais antioxidantes também tem sido estudado, como
não comprovada; selênio e zinco.
•Óleo de lorenzo – diminui VLCFA – Evolução clínica não é
alterada. O selênio oferece proteção contra doenças crônicas
associadas ao envelhecimento. Está presente em brócolis,
2.DOENÇA DE ALZHEIMER (DA)  É a causa mais couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete. Deficiência de
comum de demência em idosos. selênio causa concentração reduzida de glutationa
peroxidase, presente no SNC.
Os fatores de risco são: ordem de nascimento, lesão
O zinco atua como antioxidante via proteínas
cefálica, baixo nível educacional e presença de Síndrome de
antioxidantes como as metalotioneínas e a superóxido
Down, além do componente genético.
dismutase, que ajudam a manter a integridade e a
instabilidade genômica.
Dentre os eventos fisiopatológicos mais importantes
estão a ocorrência de deposição extracelular de peptídeos
Embora exista defesa AO enzimática endógena é
beta-amilóides com plaquetas senis e formação errática de
plausível o uso de AO exógenos.
neurofibrilas intracelulares.

A nutrição parece ser um dos fatores que podem ANTIOXIDANTE ALIMENTO


desempenhar papel terapêutico na DA. Ácido elágico Uva
Antioxidantes, homocisteína, folato, vitamina B6 e B12 Antocianidina Mirtilo
são fatores extensamente avaliados, mas ainda não Beta-caroteno Mamão, cenoura
consolidados como relacionados à fisiopatologia da DA.
Catequina Chá
Achados clínicos:
Clorofila Espinafre
A homocisteína é ativa no tecido encefálico e Curcumina Curry
possivelmente contribui para a DA via mecanismos
vasculares ou atuando como neurotoxina. Flavinóides Batata, repolho branco
Brócolis, salsa, berinjela,
Ingestões elevadas de folato relacionam-se ao baixo Flavonóides
morango
risco de acidente vascular encefálico, presumivelmente por Licopeno
reduzir as concentrações de homocisteína. Tomate
(carotenóide)
Polifenóis Noz
A deficiência de B12, folato e B6 pode causar acúmulo
de homocisteína. Quercetina Vinho

Orientações: Taninos Repolho


• Desligar rádios e televisões durante as refeições; Vitamina C Laranja, morango
• Oferecer um alimento por vez em pratos pequenos;
• Supervisionar as refeições
• Utilizar pratos e tigela de cores diferentes dos alimentos FATORES DE RISCO
oferecidos;
• Estágio final – Disfagia. A idade, a predisposição genética e o traumatismo
craniano consistem um forte grupo de fatores relacionados
Para diminuir a perda de peso: com a doença de Alzheimer (DA). Outros incluem exposição
Oferecer lanches frequentes; a metais pesados (alumínio), em conjunto com a
Alimentos com alto teor de nutrientes; predisposição genética.
Suplementos alimentares;
As alterações da proteína precursora de amiloide (APP)
USO DE ALIMENTOS COM PROPRIEDADES são identificadas em situações de traumatismo craniano
ANTIOXIDANTES agudo, que podem evoluir para uma disfunção
neurodegenerativa.
Muitos estudos sugerem que o estresse oxidativo e o
acúmulo de radicais livres associam-se à fisiopatologia da A dieta também é considerada um fator de risco, devido a
neurodegeneração que ocorre na DA. uma demonstração de forte correlação positiva entre a
ingestão de gorduras e de calorias totais, com a prevalência
Os agentes antioxidantes (AO) podem ser classificados de doença de Alzheimer. A ingestão adequada de vitaminas
em não-enzimáticos ou enzimáticos. C, E, B6, B12 e folato, bem como ácidos graxos insaturados,
diminui o risco de Alzheimer.
AO não enzimáticos: vitamina E, betacaroteno, vitamina C,
flavonóides, proteínas do plasma, selênio, glutationa, QUADRO CLÍNICO
clorofilina, L-cisteína e curcumina.
A doença de Alzheimer associa-se a uma redução dos
AO enzimático: superóxido dismutase, catalase, NADPH- níveis corticais de acetilcolina, colina-acetiltransferase e
quinona oxidoredutase, glutationa peroxidase, enzimas de norepinefrina, ressaltando-se a diminuição de acetilcolina e
reparo. degeneração neuronal.

O processo neurodegenerativo é atribuído à


hiperfosforilação da proteína tau, com consequente

4
formação dos emaranhados neurofibrilares e dos distúrbios • Pacientes começam a ter dificuldades com a alimentação;
metabólicos da proteína beta-amilóide que forma as placas • Tosse e tempo de refeição longo;
neuríticas. • Modificação da consistência, evitar líquidos finos e usar
alimentos de fácil mastigação e deglutição;
TERAPIA NUTRICIONAL
3 - Alteração da consistência dietética (Escala 6-5)
O paciente portador torna-se incapaz de alimentar-se por • Com a evolução dos sintomas o transporte oral do alimento
consequência das limitações cognitivas e físicas. Além torna-se dificultado
disso, devem-se considerar a perda de peso e a caquexia • Alterar a consistência para mole ou purê;
que são achados clínicos frequentes relacionados com um • Evitar líquidos finos e vegetais e carnes crus;
elevado risco de infecções, úlceras da derme e queda de • Espessamento de líquidos;
temperatura, com consequente redução da qualidade de • Preferir líquidos com alto percentual de água para manter a
vida. hidratação;
• Picolés, gelo e frutas frescas – Fonte adicional de água;
Alguns fatores podem contribuir para a redução do peso • Incentivar refeições pequenas e freqüentes;
corporal, como a atrofia do córtex temporal, a diminuição do • Substituir água por sucos;
NPY, o aumento da TMB e o processo de envelhecimento. • Temperatura fria é melhor tolerada;
Mesmo diante dessas alterações não existem • A carbonação também é benéfica;
recomendações específicas para a avaliação nutricional dos • Pacientes na posição ereta
pacientes com DA, sendo seguidas as diretrizes de • Disfagia: Suplementação vitamínica e mineral pode ser
avaliação de pacientes idosos. necessárias;
• Fibras - constipação.
Para a DA ainda não existem recomendações
específicas, uma vez que as DRIs foram desenhadas para 4 – Alimentação por sonda (Escala 5-4)
indivíduos saudáveis. A prática da alimentação saudável a • Desidratação aguda;
partir de princípios nutricionais ameniza as alterações • Perda de peso – indicativos de suporte nutricional;
fisiológicas do envelhecimento e as metabólicas • TNE preferida a NPT - objetivo melhorar a qualidade de
desenvolvidas na DA, proporcionando melhor qualidade de vida;
vida. • EN adequado – Mantém a saúde por mais tempo.

3.ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA)  Atrofia 5 – (Escala 2-1)


progressiva dos nervos motores e fraqueza muscular • Não consegue alimentar-se por VO (nível final da disfagia)
• Ausência de deglutição – Ventilação mecânica
Fisiopatologia: • Alimentação por sonda é permanente
• Neurodegeneração na substância cinzenta da medula
espinhal e córtex cerebral; 4. EPILEPSIA  Distúrbio intermitente do sistema nervoso
• Mutações na superóxido dismutase cobre-zinco; decorrente de descarga repentina, excessiva, desordenada
• Estresse oxidativo - proposta para a perda de neurônios; de neurônios.
• Defeito no transporte do glutamato.
Achados clínicos e tratamento:
Achados clínicos e tratamento: • Convulsões generalizadas – Envolve todo o córtex
• Diagnóstico é clínico – 95% casos; cerebral;
• Fraqueza muscular – Pernas, mãos, braços e orofaringe; • Convulsões parciais – Envolve um foco isolado.
• Perda dos neurônios motores – Perda da mobilidade;
• Perda de neurônios corticais – Disartria e disfagia
(insidiosa); As Medicações utilizadas podem alterar o estado nutricional:
• Perda de função dos músculos bulbares e respiratórios,
disfagia oral e faríngea – Pode ser necessário suporte - Fenobarbital, fenitoína e primidona: Interfere na absorção
nutricional; intestinal de Ca – Osteomalácia/ raquitismo – Recomenda-
• Não existe terapia – Medidas de suporte se suplementação de vitamina D, suplementação de ácido
fólico interfere no metabolismo da fenitoína;
Terapia Nutricional - As alterações nutricionais e
metabólicas: - Fenobarbital, fenitoína: Redução de albumina - aumento da
concentração da droga livre e possível toxicidade.

- Fenitoína: TNE contínua diminui sua absorção, o álcool


diminui o efeito desta droga e sua abs. é diminuída pela
presença de alimentos.

Recomendação: Alimentação por sonda antes e após a dose


A intervenção é dividida em 5 estágios: de fenitoína varia de 1 a 4 h. O mais comum é um intervalo
de 2 h antes e após a dose de fenitoína.
1 – Hábitos alimentares normais (Escala 10-9):
• Iniciar a educação do paciente; TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Monitorar a hidratação e estado nutricional;
• Líquidos – 2l/dia – Fontes não cafeinadas (cafeína é Dieta cetogênica:
diurética); • Último recurso para o tratamento;
• Perda de peso ≥10% - risco nutricional. • Tratamento não convencional, mínimos efeitos colaterais e
não dispendioso;
2 – Problemas alimentares precoces (Escala 8-7) – KRAUSE • Controlará completamente 1/3 das crianças;

5
A dieta cria e mantém um estado de cetose, seu • Suporte nutricional por sonda - ajudar a restabelecer um
mecanismo de ação não está claro, mas seu benefício pode equilíbrio positivo de nitrogênio e atenuar o consumo
ser devido a alteração no metabolismo neuronal, onde o muscular.
corpo cetônico comporta-se como um inibidor dos Energia: 40 a 45kcal/kg não protéicas;
neurotransmissores, produzindo um efeito anticonvulsivante. Proteínas: 2 a 2,5g/kg

• 2 formas de dieta cetogênica; 6. ENXAQUECA  Patologia do sistema neurológico


• Criança faz jejum de 24 a 72h até produzir um cetonúria caracterizada por dor, fotofobia, náuseas e vômitos. Tem-se
4+; liberação de substância P e neurotransmissores
• Drogas devem ser suspensas. inflamatórios em resposta ao estresse que afetam o fluxo
sanguíneo cerebral. A síndrome é definida como uma
Tradicional: cefaléia intensa, episódica, latejante, geralmente em um lado
• Ingestão calórica 4:1 de gordura/proteína e carboidratos; da cabeça.
• Energia: 75% das recomendações para peso e altura ideal
como lipídeo; Fisiopatologia:
• Proteína: 1g/kg/dia;
• CHO : fornecem o restante de calorias protéica e de CH; Os vasos sanguíneos durais estão dilatados e o fluxo de
• Fluidos: 65ml/kg/dia sem ultrapassar 2L/dia; sangue pulsátil através desses vasos faz com que ele
• Suplementação de vitaminas e cálcio. distenda e irrite a dura-máter sensível a dor.

Dieta cetogênica com base em TCM: Pacientes com enxaqueca apresentam


• Substitui as gorduras de cadeia longa pelo TCM; hiperagregabilidade plaquetária, decorrente do aumento de
• Dieta – maior quantidade de alimentos não cetogênicos: serotonina, diminuição da atividade da MonoAminoOxidase
frutas, vegetais, pequenas porções de pão e outros amidos; (MAO) e sensibilidade a PGI2.
• Não se limita os líquidos
OBS: A duração é limitada, pode ser descontinuada após 2 a Objetivos da Terapia Nutricional: diminuir a agregação
3 anos. plaquetária e inibir neurotransmissores inflamatórios.

5. SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB)  Formas de enxaqueca: sem aura (cefaléia unilateral, latejo,
Polineuropatia inflamatória, desmielinizante, de início súbito, fotofobia, náuseas e vômitos) e com aura (adicionam-se
agudo com predileção pelos nervos motores, alterações visuais como o escotoma (ponto cego).
incluindo os cranianos e diafragma.
Diagnóstico:
Achados clínicos e tratamento: 1.Sem aura: > 5 episódios de cefaléia de 4-72h de duração,
• Sintomas: arreflexia, fraqueza dos membros proximais, unilateral, latejante, de intensidade moderada a grave,
fraqueza dos nervos cranianos e insuficiência respiratória. associada a náuseas e vômitos ou foto/fonofobia;
• Diagnóstico é clínico;
• A capacidade vital e a deglutição podem deteriorar-se 2.Com aura: > 2 ataques de 4-72h de duração, pontos cegos
rapidamente – cuidado intensivo; e não atribuível a outras patologias.
• Tratamento: plasmaferese, imunoglobulina venosa,
esteróides. Fatores desencadeantes:
- não alimentares
Tratamento nutricional:
A SGB tem uma evolução rápida e durante a fase aguda
é semelhante ao neurotrauma.
Tabela 5: Fatores não alimentares desencadeadores de enxaqueca – CHEMIN & MURA.
Categorias Desencadeantes Exemplos
Sono Alterações no padrão de sono Sono em excesso, sono insuficiente, cochilos
Hormônios Alterações e flutuações no níveis de Ciclo menstrual, uso de anticoncepcionais, terapia de reposição
estrógeno hormonal, perimenopausa, menopausa, ovulação
Ambiente Clima Alterações na temperatura, frio ou calor extremos, umidade,
alterações na pressão barométrica
Luzes Luzes brilhanetes, ofuscantes, fluorescentes, piscantes ou telas
Sons Sons altos
Odores Perfumes, odores químicos
Poluentes Nuvem de poluição, fumaça
Alérgenos Alta atitude, viagem de avião
Outros
Estresse Períodos de muito estresse Ansiedade, preocupação, choque, depressão, excitação, fadiga
Estresse acumulado mental, perca e tristeza intensa. Tanto estresse positivo como
Emoções reprimidas negativo podem ser desencadeantes. A forma de reagir a situações
pode desencadear a enxaqueca.
Tarefas e situações estressantes
Droga Substâncias químicas, medicamentos Benzeno, inseticidas
Atenalol, cafeína (uso ou retirada), cimetidina, dianazol. Ciclofenaco,
bloqueadores de receptores de hidrogênio, hidralazina, indometacina,
nifedipina, nitrofurosamina, nitroglicerina, reserpina
Físico Exaustão Exercício em excesso, em calor intenso, exaustivo (por exemplo,
Visuais maratona)
Cansaço e fadiga Força a vista, tela de computador, luzes

6
- Alimentares: para ser desencadeado por alimento deve g)Presença de H. pylori.
ocorrer após 6h da ingestão alimentar, efeito reproduzível e h)Hipoglicemia.
a retirada do alimento leva à melhora da cefaléia. i)Sorvete (após 30 a 60s da ingestão do alimento).
Corresponde a 20% dos episódios de enxaqueca, mesmo
com a fração IgE reduzida. Alimentos mais TRATAMENTO
desencadeadores: chocolate, queijo e bebidas
alcoólicas. - uso de drogas: beta-bloqueadores, antidepressivos, ISRS,
AINEs etc.
PRINCIPAIS FATORES ALIMENTARES - estratégias nutricionais:
DESENCADEANTES dieta de exclusão;
evitar jejum/hipoglicemia;
a)Aminas (tiramina, feniletilamina, octamina, histidina e riboflavina 400mg (doses de 25mg por via oral);
triptaminase)  falsos neurtrasnmissores (anfetaminas). magnésio (em casos de deficiência);
Alimentos ricos em tiramina  queijos maturados, cerveja, triptofano 500mg de 6/6 horas;
casca de banana, embutidos, repolho fermentado, molho de isoflavonas 60mg/dia; e
soja, chocolate e alimentos armazenados em temperaturas W3 e W6-GLA.
inadequadas e por tempo prolongado. - uso de compostos de relevância nutricional/fitoterápico:
capsaicina e tanaceto.
Alimento rico em feniletilamina  chocolate.
Alimentos que provavelmente desencadeiam enxaquecas
b)Cafeína. subsequentes a hipoglicemia: Chocolate, queijo, frutas
c)Bebidas alcoólicas. cítricas, bananas, nozes, carnes curadas, produtos lácteos,
d)Nitratos e nitritos. cereais, feijões, cachorro-quente, pizza, aditivos alimentares,
e)Alto conteúdo de W6 e W9 / alto conteúdo de lipídeos da café, chá, bebidas a base de cola, bebidas alcoólicas (vinho,
dieta. cerveja e uísque).
f)Aspartame.

Tabela 6: Fatores alimentares desencadeadores de enxaqueca – CHEMIN & MURA.


Categorias Possíveis desencadeantes
Bebidas Chocolate e cacau, bebidas alcoòlicas (especialmente vinho tinto, cerveja e xerez), cafeína
Frutas Figos, uva-passa, papaia, abacate, (especialmente se muito maduro), ameixas vermelhas, bananas
maduras e frutas cítricas (especialmente a laranja)
Hortaliças Sauerkraut (repolho fermentado), vagem, cebola, alho, conservas (picles), cogumelos
Leguminosas Em geral, principalmente ervilha. Molho de soja.
Pâes e cereais Pão fermentado, doughnuts
Lácteos Leite e derivados fermentados (por exemplo, creme azedo), queijos amarelos e azuis (por exemplo,
gouda, gruyêre, parmesão, emental, roquefort, gorgonzola, brie, camembert)
Carnes Carnes curadas (por exemplo, presunto, salame), peixe salgado, peixe em conserva (por exemplo,
sardinha, anchovas), patês, caviar. Carnes cntendo nitritos e nitratos.
Sopas Sopas enlatadas, cubos de carne concentrados
Doces Chocolate
Outros Trigo e derivados, oleaginosas, glutamatomonossódico, amaciantes de carne, aspartame, levedura,
alimentos fermentados, marinados ou em conserva (picles), ovos
Jejum prolongado
Nutrientes Quantidades excessivas de niacina e vitamina A

7. MIASTENIA GRAVE (MG)  É uma doença auto imune tecido de cicatrização) em múltiplas áreas dos nervos
bem caracterizada, onde o sistema imunológico dá origem a ópticos, medula espinhal e cérebro.
uma resposta aos receptores de acetilcolina (AChR).
Fisiopatologia:
Achados clínicos e tratamento: • Causa é indeterminada e alguns fatores ambientais podem
• Reincidiva e remissão da fraqueza e fadiga variam de contribuir como a latitude e a dieta.
minutos a dias; •Vit D – Pode regular o sistema imune inibindo a doença
• Sintomas: diplopia, disartria, fraqueza muscular facial e auto-imune;
disfagia (desnutrição); • Estudos recentes: Ômega-3 não está relacionado ao risco
• 10% pacientes – Fraqueza diafragmática – dificuldades de EM – Porém, existe um risco menor de EM com ingestão
respiratórias. maior de ácido linolênico;
• Outros fatores de risco: idade, fumo e a disposição do
Tratamento Nutricional: nascimento (região geográfica).
• Apresentam comprometimento da mastigação e deglutição;
• Ingerir alimentos com alto teor nutricional no início das Efeitos colaterais do uso em curto prazo dos esteróides:
refeições; • Aumento do apetite, ganho de peso, retenção de líquidos,
• Preferir refeições pequenas e freqüentes; nervosismo, insônia, redução de B12 e folato
• A atividade física é limitada antes das refeições; (Suplementação pode ser necessária).
• Nas crises respiratórias – Suporte nutricional. Avaliar a
capacidade de deglutição desses pacientes Achados Clínicos e Tratamento:
• Não há tratamento comprovado para alterar a evolução da
8. ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM)  É caracterizada pela EM
destruição da bainha de mielina (formação de esclera ou • Terapia física e ocupacional;

7
• Medicamentos: esteróides,hormônio adrenocorticotrópico Em pacientes neurológicos agudos, tanto a dificuldade
(ACTH) e a prednisolona; de obter o alimento como a resposta endócrino-metabólica
• Uso de Metrotexato: Anorexia e vômitos. ao trauma contribui sobremaneira para a desnutrição.

Bexiga neurogênica: Reação metabólica ao jejum em pacientes normais e


• Distribuir líquidos uniformemente; em doentes neurológicos agudos
• Diminuir a freqüência da ITU- Estimular ingestão de suco PACIENTE DOENTE
de uva do monte. NORMAL NEUROLÓGICO
GEB ↓ Inicialmente ↓ /
Constipação intestinal ou Diarréia: posteriormente ↑
• Dieta com alto teor de fibras, ameixas adicionais e líquidos Uso de glicose limitado ↑
Uso de lipídeos ↑ ↑
Tratamento Nutricional: Uso de cetonas
• Dieta de baixo teor de gordura, sem glúten, com EPA e ↑ ↓
Gliconeogênese Inicialmente ↑ ↑
DHA – sem resultados conclusivos.
• Suplementação com ácido linolênico (óleo de açafrão e Catabolismo ↓ após 5 a 7 dias ↑
soja) pode ter algum efeito benéfico; muscular

Disfagia: A.TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)


• Alteração na consistência para itens macios ou líquidos
espessados; O GEB geralmente é bastante elevado e varia de 75 a 250%
do BEG (média 140%), dependendo:
Dificuldade de visão, disartria, ambulação precária: - gravidade do trauma;
• Usar alimentos prontos, pré-embalados, porções - lesões encefálicas secundárias (ex.: crise epiléptica);
individuais ou alimentos de conveniência. - morbidades associadas (ex.: desnutrição pré-existente); e
9. DOENÇA DE PARKINSON (DP)  É uma doença - uso de medicações.
progressiva e incapacitante devido a diminuição de
transmissão de dopamina Doentes que pontuam em escala de Glasgow (CGS) de
4 a 5 têm gasto energético em torno de 26% acima do
Fisiopatologia: Perda de neurônios dopaminérgicos na previsto. Entre 6 e 7 possuem necessidades intermediárias
substância negra assim como de tirosina hidroxilase, a e aqueles com CGS superior a sete apresentam
enzima de limitação da taxa da dopamina. São descritas 3 necessidades menores. Em caso de uso de barbitúricos
teoria para etiologia da DP: pode ocorrer redução em até 14% do GEB.
1- Alt. do metabolismo da dopamina decorrente de lesão
neural; Diretrizes para estimar o GET em pacientes com TCE:
2- Exposição a neurotoxinas ambientais;
3- Predisposição. CONDIÇÕES CONDUTAS
Sepse ↑ 7,2% calorias padrão para cada
Vários fatores ambientais têm sido implicados na etiologia: 1º.C > 37º.C
• Usuário de drogas endovenosas; Postura anormal / ↑ 20 – 30% do padrão (Max 3.500 a
• Lipídeos e antioxidantes; crises epilépticas 4.000kcal)
• Variação geográfica – Países industrializados e áreas Com não sedado 140% do GEB
agrárias com uso de toxinas e sobrecarga de ferro e Coma barbitúrico 100 – 120% do GEB
manganês TCE moderado 120 – 130% do GEB
TCE grave 140 – 200% do GEB
Achados Clínicos e Tratamento:
• Diagnóstico clínico – Tremor, rigidez e bradicinesia. TCE leve – CGS entre 13 – 15;
• Tratamento - L-dopa (precurssor da dopamina que é TCE moderado – CGS entre 9 – 12;
convertido em dopamina pela enzima dopa descarboxilase e TCE grave – CGS < 8.
atravessa a BHE).
TCE com hipermetabolismo muitas das vezes possuem
Tratamento Nutricional: necessidades protéicas situando entre 2 – 2,5g/kg/dia,
O tratamento é focado na interação droga –nutriente. entretanto, como não há evidências que suportem que o
aporte protéico intenso evite o BN negativo, recomenda-se:
1- Grandes AAs competem pelo mecanismo de transporte: - PTN = 1,5 – 2,0g/kg/dia;
• Eliminação ou diminuição (10g) de PTNs no desjejum e - Relação caloria não-protéica/g de N2 = 100:1.
almoço e adição na refeição da noite – Cuidado p/
deficiência em vitaminas do complexo B e cálcio; B.TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM)
• Estudo: Proporção de 5:1carboidrato/proteína – Aumento
nos Níveis L-dopa.
O cálculo das necessidades energéticas deve ser feito
2- Piridoxina e o aspartame por Harris-benedict e fator estresse. Recomenda-se relação
• A descarboxilase é dependente de piridoxina, quantidade caloria não-protéica/g de N2 < 150:1, QUANDO AS
FUNÇÕES HEPÁTICAS E RENAIS ESTIVEREM
excessiva desta vitamina pode levar a metabolização da L-
ADEQUADAS.
dopa na periferia e não no SNC;
• Fenilalanina compete com a L-dopa pela captação.
• Feijões de fava – ricos em L-dopa, pode ser utilizado Após a fase aguda, o cálculo das necessidades calóricas
pode ser realizado de acordo com as seguintes fórmulas:
substituindo outros alimentos protéicos;
- Paraplegia: 28kcal/kg (subtraindo 4,5kg do peso ideal
III. DOENÇAS NEUROLÓGICAS AGUDAS
calculado);

8
- Tetraplegia: 23kcal/kg (subtraindo 9,0kg do peso ideal EXERCÍCIOS DE DOENÇAS PULMONARES E
calculado). NEUROLÓGICAS

1) (NutMed) A fibrose cística é um distúrbio complexo que


requer grande atenção do nutricionista. Leia atentamente as
C.LESÕES CRANIANAS
afirmativas a seguir:
I - a terapia de reposição de enzimas pancreáticas é o
1.Avaliar a deglutição e presença de disfagia. primeiro passo para corrigir a má digestão e má absorção
2.Avaliação do estado nutricional que ocorrem nesses pacientes;
II – a quantidade de enzimas administradas depende do
a.Peso: O peso pode ser estimado com base na altura do grau de insuficiência pancreática, da quantidade e qualidade
indivíduo, onde: dos alimentos consumidos e do tipo de enzimas utilizadas;
III – as microesferas enzimáticas não devem ser misturadas
Peso desejável = [A (cm) – 100] – {[A (cm) – 150] / 5} ± 5 com alimentos que possuem pH acima de 6,0, como
produtos lácteos;
(+) 5kg para compleição física grande IV – mesmo com suplementação de enzimas pancreáticas
(-) 5kg para compleição física pequena as vitaminas lipossolúveis são geralmente absorvidas
inadequadamente.
A compleição física é dada pela determinação da medida do
perímetro do pulso (PP) e da estatura (E), onde: Assinale a alternativa correta:
(A) apenas a afirmativa I está correta;
Compleição física (CF) = E (cm) / PP (cm) (B) apenas a afirmativa II está correta;
(C) apenas as afirmativas I e II estão corretas;
Homens (D) apenas as afirmativas III e IV estão corretas;
< 9,6  CF grande (E) todas as alternativas estão corretas.
> 10,5  CF pequena

Mulheres 2) (NutMed ) Na atualidade, os estudos sobre modificações


< 10,1  CF grande metabólicas e ventilatórias para pacientes com insuficiência
> 11,0  CF pequena respiratória consideram que, para a obtenção de uma
diminuição de produção de CO2 em torno de 20%, a dieta
Em casos de IMC>27kg/m2, deve-se ajustá-lo, onde: deverá contemplar diminuição da proporção de:

Peso ajustado = (Peso atual – Peso desejável) x 0,25 + (A) glicose a favor de incremento de lipídios;
Peso desejável (B) lipídios a favor de incremento de glicose;
(C) proteínas a favor de incremento de glicose;
b.Altura: Pode ser estimada pela altura do joelho. (D) lipídios a favor de incremento de proteínas;
(E) glicose a favor de incremento de proteínas.
c.Avaliação bioquímica: proteínas plasmáticas (avaliar a
3) (NutMed) No paciente enfisematoso que apresenta
alteração decorrente da doença aguda) e o BN.
diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica severa,
o cuidado nutricional deverá:
3.Cálculo das necessidades energéticas: segundo Harris
Benedict ou utilizando fórmulas de bolso (25 a (A) o controle do quociente respiratório e a manutenção do
30kcal/kg) à beira do leito, facilitando a prática do estado nutricional adequado;
profissional. Lembrar que situações de maior estresse (B) a redução da produção de CO2 e o estímulo a perda
(politrauma) necessitam de mais de 30kcal/kg. ponderal;
(C) a redução da produção de CO2 e o aumento do
4.Cálculo das necessidades protéicas: em geral não consumo de carboidratos complexos;
(D) o controle do quociente respiratório e a restrição do
superam 1,5g/kg/dia.
consumo de lipídeos;
SUPORTE NUTRICIONAL NAS DOENÇAS 4) (Residência / HUPE-2003) São objetivos do apoio
NEUROLÓGICAS AGUDAS nutricional para pacientes com fibrose cística:
A via de acesso preferencial em doenças neurológicas (A) controlar a malabsorção e prevenir as deficiências
agudas é a via enteral, precoce, ou seja, 24 a 48h após nutricionais;
admissão na UTI. (B) manter o peso ideal e minimizar as interações droga-
nutriente;
Inicia-se com 500 – 800mL (500 a 800kcal) nas 24h em (C) melhorar a resistência às infecções e facilitar a liberação
sistema fechado e em sistema aberto preconiza-se 50 – de ventilação mecânica;
100mL de 3/3h. (D) fornecer as necessidades nutricionais básicas e
preservar a massa corpórea magra.
O objetivo calórico a ser atingido é de 70-80% nas
primeiras 48 – 72h. 5) (Residência / HUPE-2002) No tratamento dietético do
paciente desnutrido com DPOC, a oferta excessiva de
A evolução deve ser gradativa (10 a 20mL/h/dia no calorias sob a forma de glicídios leva a uma inadequada
sistema fechado ou 50mL/dose no sistema aberto). elevação da freqüência respiratória, conseqüente a maior
produção de CO2. Este quadro é resultante de um aumento
na:

9
(D) transmissível / hiperidratação e aumento
(A) lipólise;
(B) glicólise; 12) Na DPOC estável, a ingestão protéica deve ser de
(C) lipogênese; (FESP 2009) por kg de peso seco:
(D) glicogênese. (A)1,0 – 1,5
(B)1,0 – 2,0
6) (Residência / HUPE-2002) A desnutrição da DPOC é do (C)1,5 – 2,0
tipo marasmática e é caracterizada por: (D)2,0 – 2,5
(E)0,6 – 1,0
(A) elevação da resposta ventilatória;
(B) aumento da massa corpórea magra; 13)O cálculo de necessidades energéticas (Kcal/Kg
(C) diminuição da reserva gordurosa subcutânea; peso/dia), proposto por Deitel e cols para pacientes com
(D) redução da taxa sérica das proteínas viscerais. insuficiência respiratória na fase catabólica é de (EAOT
2002)
7) (NutMed ) As crianças prematuras são mais sujeitas à (A) 35 a 40.
displasia broncopulmonar, uma doença pulmonar crônica na (B) 20 a 25.
infância. Neste grupo de pacientes, o crescimento linear é (C) 25 a 35.
mais lento e as necessidades de energia em kcal/kg/dia, (D) 40 a 45.
está na faixa de:
14) Com relação ao QR, assinale a opção INCORRETA
(A) 50-85 (CSM 2004):
(B) 90-110 (A)Dietas ricas em CHO aumentam o QR.
(C) 120-130 (B)É a razão CO2 produzido por O2 consumido.
(D) 140-160 (C)QR = 1,0 reflete a oxidação de lipídeos.
(D)A produção de co2 é maior em hipercatabólicos que em
8) (Residência HUPE-2000) Pacientes com fibrose cística desnutridos.
necessitam de cuidados especiais na tentativa de redução
dos sintomas característicos da doença. Objetivando isso, 15)O QR acima de 1,0 durante a Terapia Nutricional refere-
utilizam-se no tratamento cápsulas contendo enzimas se a (CSM 2005):
pancreáticas. Nas crianças, estas são abertas e seu (A)Baixa oferta de glicose.
conteúdo misturado ao alimento. (B)Excessiva oferta de glicose.
(C)Maior consumo de o2 em relação ao co2 produzido.
A alternativa que indica um alimento próprio para esta (D)Excessiva oferta de lipídeos.
utilização e a respectiva razão é: (E)Excessiva oferta de proteínas.

(A) leite, devido ao seu odor; 16)A nutrição enteral está indicada em crianças com fibrose
(B) maçã, devido ao seu pH; cística quando (CSM 2006):
(C) pudim, devido a sua consistência; (A)Se encontra em risco de desequilíbrio energético.
(D) sorvete, devido a sua temperatura; (B)Estão em crescimento rápido.
(E) vitamina, devido a sua solubilidade. (C)Há diminuição na velocidade de ganho de peso.
(D)Relação P/A é de 85 – 90% do peso ideal.
9) (NutMed) A utilização de uma dieta com baixa (E)Relação P/A é menor que 75% do peso ideal.
concentração de hidrato de carbono, com intuito de reduzir a
produção de dióxido de carbono, deve ser instituída na 17)A Síndrome de Wernicke-Korsakoff é uma doença do
seguinte contexto clínico: cerebelo e tronco cerebral que ocorre mais
(A) Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; comumente em alcoólatras, sendo uma das mais
(B) Infecção pulmonar; graves conseqüências do alcoolismo. Tal patologia
(C) Edema pulmonar; resulta da deficiência da vitamina (EAOT 2009):
(D) Bronquite crônica;
(A) B12
10) (Residência HUPE-2006) Juliana, 22 anos, em (B) B6
acompanhamento nutricional a nível ambulatorial, possui (C) B1
disgnóstico de fibrose cística e faz uso regular de enzimas (D) B2
pancreáticas. Para esta paciente, uma das recomendações
nutricionais deverá ser: 18) A esclerose lateral amiotrófica ( ELA ) é uma patologia
que envolve a atrofia progressiva dos nervos motores e
(A) suplementar vitaminas hidrossolúveis fraqueza muscular em processo irreversível. O tratamento
(B) suplementar vitaminas lipossolúveis nutricional está relacionado principalmente à (EAOT 2003)
(C) restringir ingestão de lipídeos
(D) restringir ingestão de sódio (A) disfagia progressiva.
(B) alta demanda energética.
11) A Residente de Nutrição, da área de pneumologia, (C) perda acentuada de proteínas.
apresentará um caso clínico sobre mucoviscidose. Além da (D) alteração grave da absorção intestinal.
evolução clínica e dietoterápica de seu paciente ela deverá
apresentar a fisiopatologia da doença. Sua exposição 19) Na fase inicial da alimentação para pacientes com
iniciará esclarecendo que a causa da mucoviscidose e suas disfagia e alto risco de broncoaspiração, NÃO deve ser
implicações na viscosidade das secreções mucosas são, oferecido o seguinte alimento (CSM 2005)
respectivamente (Residência HUPE 2009):
(A) congênita /desidratação e redução (A) Flan
(B) idiopática / hiperidratação e redução (B) Sopa liquidificada espessada
(C) hereditária / desidratação e aumento (C) Vitamina de frutas grossa

10
1-E 2–A 3-A 4–A 5–B (C) Chá, café, frutas cítricas e nozes;
(D) Castanha, café, leite e carne de porco
6–C 7–A 8–B 9 -A 10 – B
11 – C 12 - A 13 – C 14 – C 15 – B
24) (Residência UFF – 2010) Nem todas as doenças
16 - E 17 – C 18 – A 19 – D 20 – D
neurológicas têm etiologia nutricional, entretanto, condutas
21 – B 22 – C 23 - C 24 – B 25 – A nutricionais são parte importante do tratamento. Marque a
(D) Gelatina alternativa que corresponde à enfermidade e terapia
(E) Purê de legumes nutricional adequada.
a) (A) Na adrenoleucodistrofia, devem ser evitados ácidos
20) A consistência de dieta mais adequada para um paciente graxos de cadeia curta, priorizando-se o uso de ácidos
com disfagia é (CSM 2006): graxos com cadeia de carbonos superior a vinte átomos.
a) (B) A encefalopatia de Wernicke é responsiva a tiamina,
(A) Líquida espessada ou pastosa lisa enquanto a psicose de Korsakoff não o é, sendo seus
(B) Branda ou normal abrandada desarranjos mentais irreversíveis.
(C) Líquida de prova ou líquida clara (C) Na Miastenia graves, não é recomendada a ingestão de
(D) Semilíquida ou pastosa alimentos nutricionalmente densos, pois esses dificultam a
(E) Semipastosa ou branda liquidificada mastigação e deglutição.
(D) Na enxaqueca crônica, o nutricionista deve estimular o
21) Em relação a disfagia, podemos afirmar que (NutMed): consumo de chá, pois essa bebida possui alto teor de
(A) Os líquidos de consistência fina como a água e refrescos flavonóides.
são melhor deglutidos do que os espessados;
(B) O leite é considerado um líquido extremamente nutritivo, 25) (FIOCRUZ 2010) Na doença pulmonar obstrutiva crônica
não devendo ser retirado da dieta de pacientes disfágicos; estável, para manutenção ou restauração dos pulmões e a
(C) A nutrição parenteral é sempre necessária nos primeiros força muscular pulmonar, é necessária uma ingestão de
7 dias de tratamento, evitando assim o declínio da saúde proteínas de:
nutricional; (A) 1,2 a 1,7 gramas/Kg do peso seco.
(D) O suporte nutricional em pacientes disfágicos ajuda a (B) 0,8 gramas/Kg do peso seco.
evitar complicações como broncoaspiração, pneumonia, (C) 0,7 a 0,9 gramas/Kg do peso seco.
flebite e sepse relacionadas às doenças neurológicas; (D) 0,5 a 0,7 gramas/Kg do peso seco.
(E) 2,0 a 2,5 gramas/Kg do peso seco.
22) Não é fator de risco de acidente vascular cerebral
(NutMed):
(A) Índice de massa corporal >27kg/m2 em mulheres;
(B) Ganho de peso > 11kg em mulheres acima de 16 anos;
(C) Proporção tórax-quadril >0,7 em homens;
(D) Diabetes mellitus;
(E) Hipertensão.

23) Dentre os alimentos abaixo quais contribuem para o


desenvolvimento da crise de enxaqueca (NutMed):
(A) frutas cítricas, biscoito, avelã e leite;
(B) Nozes, leite, refrigerante a base de cola e feijão;

11
I CONSENSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO DE DISFAGIA EM IDOSOS
HOSPITALIZADOS (2011)

TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL E DISFAGIA A triagem para avaliação de risco nutricional e de


disfagia visa a transpor e otimizar o modelo da avaliação
O idoso com risco nutricional e de disfagia configura o geriátrica ampla (AGA) na determinação desses riscos,
perfil tipicamente encontrado no ambiente hospitalar, em porque a AGA consiste em ampla avaliação que geralmente
instituições de longa permanência para idosos, ou nos casos é realizada pelo médico, sob enfoque interdisciplinar,
de idosos cronicamente enfermos em assistência compreendendo um processo diagnóstico multidimensional e
domiciliária. ramificando-se em domínios avaliados por meio de
protocolos específicos.
A desnutrição e a disfagia em idosos são frequente e
erroneamente ignoradas, sendo associadas ao processo da EQUIPE PARA TRIAGEM
senescência, postergando intervenções.
Considerando-se a assistência aos idosos com risco
Dessa forma, as avaliações nutricional e de disfagia são nutricional e de disfagia e partindo-se da premissa de que
fundamentais na avaliação geriátrica. muitos necessitarão de terapia nutricional enteral (TNE),
terapia nutricional parenteral (TNP/NPT – nutrition parenteral
A triagem, diferentemente da avaliação, é considerada therapy) ou terapia nutricional oral (TNO), considerou-se a
um processo de identificação das características associadas RDC n. 63, de 6 de julho de 2000 (Regulamento Técnico que
ao risco de desnutrição e disfagia, diferenciando indivíduos fixa os requisitos mínimos para TNE) como base para a
em risco daqueles com comprometimento estabelecido. determinação da equipe assistencial.

Assim, a triagem promove a determinação de prioridades A equipe profissional recomendável para aplicação da
de assistência. triagem deve ser composta por nutricionista, médico,
enfermeiro e fonoaudiólogo, como mostra o Quadro 1.

EQUIPE MÍNIMA A opção deve estar voltada para instrumentos validados,


de fácil aplicação, sensíveis e específicos para essa
Sugere-se que essa equipe seja representada por população.
enfermeiro e/ou médico na etapa de triagem de risco de
disfagia e desnutrição, principalmente por serem RISCO NUTRICIONAL
profissionais sempre integrantes das equipes de saúde e
que possuem, na maioria das vezes, uma rotina de maior A triagem nutricional realizada de forma precoce (em até
contato com o idoso, facilitando a aplicação dos 48 horas da admissão), com o objetivo de identificar o risco
instrumentos de triagem e a identificação de sinais de risco. nutricional, é o primeiro passo para a assistência nutricional
e para a prevenção de complicações relacionadas à
O enfermeiro e/ou o médico, como profissionais depleção das reservas corpóreas, baseada no sistema de
referenciais para triagem, atendem também a otimização de vigilância nutricional.
custos relacionados à equipe assistencial e à qualidade da
comunicação da equipe. Diversos fatores são considerados sinais de risco para
desnutrição, exigindo instrumentos com abordagem
INSTRUMENTOS PARA TRIAGEM multifatorial representados pela aplicação de vários
métodos, o que resulta em instrumentos pouco práticos e
A utilização de instrumentos ou questões relacionadas à viáveis.
avaliação de risco nutricional e de disfagia torna-se
necessária para a sistematização da avaliação de risco, uma Assim, para atender a necessidade da identificação de
vez que os idosos são assistidos por uma equipe multi e/ou risco nutricional em idosos e sua complexidade de forma
interdisciplinar, uniformizando os critérios. simples e aplicável, Guigoz et al. publicaram a Miniavaliação
Nutricional (MNA®).

12
A MNA® não exige uma equipe especializada para sua Para triagem de risco nutricional, o consenso recomenda
aplicação, podendo ser realizada por qualquer profissional a aplicação, pelo enfermeiro, da MNA® resumida, garantindo
treinado. É um teste simples e não invasivo, fácil de ser a identificação dos idosos em risco e a possibilidade de
aplicado (cerca de 10 a 15 min), não oneroso, altamente indicação quando o escore for menor ou igual a 12 para
específico (98%) e sensível (96%) e com boa avaliação específica com nutricionista.
reprodutibilidade.
RISCO DE DISFAGIA
Em comparação com outros instrumentos de triagem
nutricional, a MNA® mostra-se mais sensível para triagem A detecção do risco de disfagia é multiprofissional e pode ter
de idosos e é usada amplamente em todo o mundo. como pilar a identificação de alguns componentes, como:
A simplificação do processo de triagem de risco • doença de base, antecedentes e comorbidades;
nutricional pode acontecer por meio da aplicação da forma • sinais clínicos de aspiração;
resumida da MAN (MNA-SF® − short form). • complicações pulmonares;
• funcionalidade da alimentação.

A indicação da presença de risco de disfagia é consolidada por meio da identificação de um ou mais critérios maiores ou dois
critérios menores, como mostra o Quadro 3.

13
A identificação precoce do estado nutricional e a sanadas, prevenindo o aparecimento de outras alterações e
subsequente intervenção em idosos disfágicos podem garantindo um envelhecimento ativo.
amenizar os efeitos deletérios da desnutrição, necessitando
da atuação conjunta de médicos, nutricionistas e No Quadro 4, são destacadas as evidências da triagem
fonoaudiólogos, para que as dificuldades presentes sejam de risco nutricional e de disfagia recomendadas neste
consenso.

AVALIAÇÃO idosos, os quais apresentam diversas comorbidades que


impõem restrições alimentares, grande número de
A sistematização da assistência nutricional e medicações com efeitos colaterais que afetam a ingestão
fonoaudiológica a idosos hospitalizados, determinando alimentar, hábitos alimentares que, muitas vezes, não são
critérios e técnicas a serem utilizados, concretiza a respeitados pelo padrão de refeição hospitalar e mudanças
estruturação de protocolos de avaliação que objetivam no paladar e no olfato, na dentição, na salivação, na
padronizar e viabilizar o processo, visando a diagnosticar o motilidade intestinal, além de lentificação do esvaziamento
estado nutricional e a presença de disfagia. gástrico, que potencializam esse risco.

1. Avaliação fonoaudiológica MNA®

2. Avaliação nutricional A MNA® é indicada para avaliação do estado nutricional


na sua aplicação integral. Sua forma resumida está limitada
A avaliação antropométrica é o método mais utilizado ao processo de triagem, como mencionado anteriormente.
para a avaliação do estado nutricional e foi definida por
Jelliffe como “a medida das variações das dimensões físicas A triagem nutricional é considerada o processo de
e da composição total do corpo humano nas diferentes identificação das características associadas a problemas
idades e nos diferentes níveis de nutrição”. dietéticos ou nutricionais, diferenciando indivíduos em risco
daqueles com comprometimento nutricional estabelecido,
Apresenta como vantagens o baixo custo, a utilização de promovendo, portanto, a determinação de prioridades de
técnicas não invasivas e o fato de ser segura e possuir assistência.
equipamento portátil, o que facilita o trabalho à beira do leito.
Além disso, esse tipo de avaliação é precisa e tem boa Já a avaliação nutricional consiste na avaliação
exatidão, possibilitando identificar os agravos à saúde, como minuciosa, desencadeada pela triagem nutricional e
desnutrição e obesidade, e avaliar as mudanças do estado caracterizada pela medida dos indicadores relacionados à
nutricional. dieta ou à nutrição, identificando a presença, a origem e a
extensão do estado nutricional e direcionando a intervenção,
Algumas das medidas antropométricas recomendadas o planejamento e a melhoria do estado nutricional.
na avaliação nutricional do idoso são: peso, estatura,
circunferência do braço (CB), dobra cutânea do tríceps Apesar de a MNA® fazer detecção de risco nutricional,
(DCT), dobra cutânea subescapular (DCSE) e circunferência alguns autores a definem como capaz de avaliar o estado
da panturrilha (CP). Essas medidas permitem predizer, de nutricional de idosos, considerando os parâmetros
forma operacional, a quantidade de tecido adiposo e englobados no instrumento e os pilares para sua
muscular. Em geral, a literatura é concordante com a estruturação, baseados no conceito da AGA. Dessa forma, a
hipótese de que o estado nutricional é responsável pela MNA® pode ser utilizada no rastreio e/ou na avaliação do
perda de função do músculo esquelético e, por estado nutricional, podendo ser absorvida nos protocolos de
consequência, pela redução na força dos membros assistência nutricional a idosos, conforme as
superiores (braços e mãos), afetando diretamente a medida particularidades de cada instituição.
da força de preensão palmar. Desde 2000, a medida da
força de preensão palmar vem sendo discutida como Em unidades hospitalares de geriatria, ressalta-se a
instrumento adequado nas avaliações clínicas como preditor importância de a MNA® ter aplicação precoce (primeiras 48
de força total do corpo. horas) e ser utilizada como instrumento de avaliação do
estado nutricional ou de triagem, não isoladamente, mas
Avaliação nutricional na assistência hospitalar como parte de um protocolo de assistência nutricional
sistematizado e adaptado:
A hospitalização, por si só, deve ser considerada uma • ao perfil do público: caracterizado por idosos desnutridos,
situação de risco nutricional para qualquer faixa etária. com necessidade de rastreio, vigilância nutricional e
Contudo, deve-se dar atenção especial aos indivíduos intervenção precoce;

14
• à equipe: disponibilidade de equipe multidisciplinar atuando de avaliação, sendo importante detectar os pontos de
de forma interdisciplinar, com presença de nutricionista; dificuldade do instrumento e padronizar as alternativas de
• aos recursos disponíveis. coleta das informações e as medidas necessárias, na
tentativa de viabilizar a aplicação e garantir que o escore
A aplicação da MNA® encontra algumas dificuldades, obtido seja o mais fidedigno possível (Quadro 5).
uma vez que o público avaliado gera um panorama peculiar

15
Homem:
Avaliação antropométrica (0,98 × CP) + (1,16 × comprimento da perna) + (1,73 × CB)
+ (0,37 × DCSE) – 81,69
As medidas e os indicadores recomendados para a
avaliação do estado nutricional hospitalar são: peso, Estatura
estatura, DCT, DCSE, circunferência da panturrilha (CP),
força de preensão palmar, velocidade de perda de peso Para a estimativa da estatura, será necessária a medida
(VPP) e IMC. do comprimento da perna, que deve ser realizada na perna
esquerda formando um ângulo de 90º com o joelho. O
Peso instrumento utilizado para a realização dessa medida pode
ser o antropômetro infantil ou um broad-blade caliper,
Na impossibilidade da aplicação da técnica para coleta desenvolvido por Chumlea et al.
do peso real, estimativas podem ser realizadas por meio de
fórmulas de predição: A base da régua deve ser posicionada embaixo do
calcanhar do pé esquerdo, e a haste deve pressionar a
Mulher: cabeça da patela. A leitura deve ser feita quando a régua
(1,27 × CP) + (0,87 × comprimento da perna) + (0,98 × CB) estiver exatamente paralela à toda extensão do perônio
+ (0,4 × DCSE) – 62,35 (fíbula).

Velocidade de perda de peso (Quadro 6)


Ademais, há o fato de o peso ser uma medida envolvida
Mesmo considerando que a medida de peso isolado não no cálculo do IMC, que é uma forma muito difundida e
é um bom indicador do estado nutricional para a população simples da avaliação nutricional.
idosa, essa medida é útil por permitir verificar a velocidade
de perda de peso (VPP) no decorrer do tratamento.

IMC Deve-se considerar adequada a circunferência igual ou


IMC<22kg/m2 – desnutrição superior a 31 cm para homens e mulheres.
IMC entre 22 a 27 kg/m2 – eutrofia
IMC >27kg/m2 – obesidade Outras medidas em clínica:
Circunferência do braço (CB)
Circunferência da panturrilha (CP) Dobra cutânea do tríceps (DCT)
Dobra cutânea subescapular (DCSE)

16
17
18
Força de preensão palmar (FPP) – quadro 9 Figueiredo et al. sugere a utilização das seguintes equações
na predição de valores normais para a medida de FPP:
Os resultados de Força de preensão palmar (FPP)
indicaram que ocorre um decréscimo da força com a idade, Mão direita = (idade × 0,18) + (sexo × 16,90) + (IMC × 0,23)
mas que os homens são consistentemente mais fortes que + 31,33
as mulheres.
Mão esquerda = (idade × 0,16)+ (sexo × 16,68) + (IMC ×
0,29) + 26,60

Avaliação dietética relato retrospectivo da ingestão, que é afetado pela condição


cognitiva, mais especificamente pela memória. Os principais
A avaliação de consumo alimentar no idoso é uma itens a serem avaliados na dieta do idoso são descritos no
tarefa difícil, pois diversos instrumentos são baseados no Quadro 10.

Avaliação bioquímica Contudo, o envelhecimento, as doenças crônicas, o


estresse e as medicações podem comprometer a
Os principais marcadores bioquímicos do estado fidedignidade da avaliação.
nutricional seriam a pré-albumina, a albumina, a transferrina
e o colesterol total. Sugere-se considerar, na interpretação, as doenças de
base e os marcadores inflamatórios, como proteína C-reativa

19
e velocidade de hemossedimentação. No Quadro 11, citados.
encontram-se os valores de referência dos marcadores

No Quadro 12, são destacadas as evidências da avaliação do estado nutricional e da disfagia recomendadas nesse consenso.

20
TRATAMENTO de no mínimo 1 g de proteína/kg/dia e em torno de 32 a
38 de calorias/kg/dia para idosos desnutridos.
A abordagem da disfagia em idosos desnutridos deve
ser baseada na melhora do estado nutricional, na Vários fatores contribuem para o desequilíbrio
reabilitação fonoaudiológica, na condição bucal e na higiene energético, como o prejuízo na habilidade de controlar a
oral. ingestão calórica após períodos de excessos ou de falta de
nutrientes, a presença de doenças crônicas, a dificuldade de
1.Intervenção fonoaudiológica mastigação, o uso de polifarmácia e o fato de morar sozinho.

2.Intervenção nutricional Avaliação da porcentagem de aceitação alimentar e


balanço calórico
Hábito alimentar e estado nutricional da população
idosa O balanço calórico é definido como a diferença entre a
necessidade energética total e a quantidade de calorias
Várias alterações afetam o hábito alimentar do idoso de ingeridas durante um período de 24 horas.
maneira significativa. O declínio da ingestão alimentar
ocorre, em parte, pela perda da qualidade dos sentidos A avaliação do consumo alimentar é um dos aspectos
(olfato e paladar), da mastigação, da deglutição e por mais difíceis a serem considerados na avaliação nutricional,
comprometimento da função gastrointestinal. em razão da dificuldade em quantificar e detalhar os
alimentos consumidos. No caso do uso do método de
A mastigação, a deglutição, a digestão e a absorção inquérito do recordatório de 24 horas, devem-se considerar
podem estar prejudicadas por vários motivos, como saúde os possíveis déficits de memória que ocorrem para
bucal, ausência de dentes, próteses dentárias mal indivíduos idosos. A análise da aceitação alimentar auxilia
adaptadas e lesões na cavidade oral que interferem no na avaliação nutricional mediante registros diários
consumo de dietas balanceadas e na ingestão suficiente preenchidos por 3 a 7 dias pelos pacientes e/ou por seus
para atingir as necessidades nutricionais. A prevenção da cuidadores hospitalizados.
desnutrição pode ser realizada pela avaliação nutricional
periódica do apetite e da aceitação alimentar. Considera-se adequada a ingestão mínima diária de
75% das refeições oferecidas. Aqueles que não
Schuman relata que algumas modificações dietéticas na atingirem essa recomendação por 7 dias consecutivos
alimentação dos idosos podem ser necessárias em razão deverão ser avaliados quanto ao tipo de terapia
das mudanças fisiológicas que podem afetar a habilidade nutricional (TN) a ser indicada, seja oral, enteral ou
para digerir e absorver alimentos, os quais devem ser parenteral.
nutritivos e saborosos. Mudanças simples, como
planejamento de cardápios que contemplem as preferências Definição e indicação dos tipos de TN
alimentares dos idosos e atendam às suas necessidades
nutricionais, são fundamentais. A TN deve ser indicada em caso de desnutrição ou em
risco de desenvolvê-la, ingestão oral inferior a 75% da oferta
Os nutrientes não são adequadamente absorvidos e alimentar, disfagia, doenças catabólicas e/ou perda de peso
digeridos na presença de gastrite atrófica, decréscimo na involuntária superior a 5% em 3 meses ou maior que 10%
produção de hormônios e enzimas, mudanças nas células em 6 meses.
localizadas na superfície do intestino e interações entre
droga e nutrientes. Os objetivos da TN em geriatria são:
• oferecer energia, proteína e micronutrientes em
Dentre as alterações normais que ocorrem com a idade e quantidades suficientes;
interferem no estado nutricional, uma das mais significativas • manter ou melhorar o estado nutricional;
é a diminuição da taxa de metabolismo basal decorrente da • proporcionar condições para a melhor reabilitação;
diminuição da massa muscular e da atividade física e da • promover a qualidade de vida;
perda da mobilidade. • reduzir a morbidade e a mortalidade.

Recomendações nutricionais TERAPIA NUTRICIONAL ORAL

As DRI para proteína recomendam 0,8 g/kg/dia para Tem como finalidade complementar ou suplementar as
adultos e idosos, independentemente da idade. necessidades nutricionais e não deve ser utilizada como
substituta das refeições ou como única fonte alimentar. Pode
Evidências indicam que a ingestão de proteínas em valor ser caseira ou industrializada, sendo esta última classificada
superior às Recommended Dietary Allowance (RDA) pode em especializada ou padrão, sob a forma de pó ou líquido.
melhorar a massa muscular, a força e a funcionalidade, o
estado imunológico, a cicatrização, a pressão sanguínea e a Quando a TNO é bem indicada e utilizada, torna-se
saúde óssea. Os potenciais efeitos negativos do aumento da altamente especializada, contribuindo para o tratamento
ingestão proteica sobre a saúde óssea e as funções renal, clínico e a recuperação e/ou manutenção do estado
neurológica e cardiovascular não foram encontrados. nutricional do paciente.

Para idosos, Wolfe et al. recomendam o consumo de 1,5 g A definição sobre a quantidade, a qualidade, a
de proteínas/kg/dia ou em torno de 15 a 20% do valor composição e a consistência da TNO deve ser
calórico total (VCT) ingerido, a fim de melhorar a individualizada segundo a morbidade, o estado nutricional, a
funcionalidade. aceitação alimentar e o grau de disfagia de cada paciente.

Na presença de situações como úlcera por pressão, O guideline da ESPEN de 2004 sugere o fluxograma de
infecções, fraturas, imobilidade, doenças, desnutrição, avaliação de TN, dependendo do grau de disfagia,
fragilidade e estresse hospitalar, os idosos necessitam apresentado na Figura abaixo.

21
Na prescrição da dieta para o paciente disfágico, vários
fatores precisam ser considerados, como grau de disfagia, O uso de águas gaseificadas com sabor é outro
estado cognitivo, capacidade de incorporar manobras instrumento útil na hora de hidratar o paciente, mas
compensatórias, grau de independência alimentar, estado quantitativamente não supera os espessantes,
nutricional, aceitação e preferência alimentar, disponibilidade provavelmente porque estes permitem conseguir diferentes
de supervisão profissional e familiar e condições consistências, adequando-as segundo o paciente e o
socioeconômicas. momento da sua evolução, e podem ser aplicados em
diferentes líquidos (água ou suco).
Deve-se ter atenção, também, com os líquidos. Por
exigirem maior controle fisiológico do paciente, pode-se Com base nesses aspectos, na escala de severidade de
afirmar que sua consistência é a que oferece maior risco de disfagia e na de evolução do Functional Oral Intake Scale
aspiração e, por isso, muitas vezes é a primeira, ou até (Fois), encontram-se descritas, no Quadro 14, as dietas
única, a ser modificada. O recurso utilizado é o determinadas de acordo com as consistências.
espessamento do líquido, que pode ser realizado com
produtos industrializados ou adaptações naturais.

Para os líquidos, mantêm-se as consistências propostas pela National Dysphagia Diet: Standardization for Optimal Care, conforme
descrito no Quadro 15.

22
Algumas ressalvas devem ser feitas em relação ao Estudos confirmam que, se balanceada e bem
espessamento do líquido de acordo com o tipo de preparada, a dieta adaptada à disfagia pode substituir a
preparação: dieta usual sem impacto no estado nutricional,
• preparações lácteas: a temperatura influencia na diluição, proporcionando refeições seguras e prazerosas.
devendo-se liquidificar as resfriadas (10oC) para
homogeneização; Com o objetivo de facilitar a prescrição da dieta ao idoso
• sucos: ácidos dificilmente formam grumos, ao contrário disfágico, foi criado um roteiro com as possibilidades de
dos alcalinos, que, por vezes, precisam ser liquidificados. condutas.

23
TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL A terapia nutricional enteral (TNE) deve ser indicada
quando a ingestão alimentar não atingir as necessidades
Nutrição enteral precoce (NEP) pode ser denominada nutricionais e houver perda de peso e/ou presença de
quando seu início ocorre nas primeiras 48 a 72 horas da doenças/cirurgias que impossibilitem a alimentação via oral,
internação hospitalar. devendo estar o trato gastrointestinal íntegro ou
parcialmente funcionante.
É importante, ao optar por NEP, a garantia de que o trato
digestivo está com perfusão preservada e não desencadeará Ressalta-se que a TNE deve ser iniciada somente em
necrose intestinal avascular por desequilíbrio entre a pacientes hemodinamicamente estáveis e desde que seja
demanda e a oferta do oxigênio tecidual. utilizada por um período mínimo de 5 a 7 dias. Quando
houver uso de sonda nasoenteral por mais de 4
Os benefícios da NEP ao organismo e à evolução clínica semanas, há indicação de realização de gastrostomia
incluem melhora da imunidade intestinal, prevenção da endoscópica percutânea (GEP).
translocação bacteriana, melhora do balanço nitrogenado,
prevenção da atrofia do tecido intestinal e diminuição da Paillaud et al. sugerem que a realização da GEP seja
incidência de complicações infecciosas e da permanência feita antes da ocorrência de complicações graves, como
hospitalar, otimizando os custos. pneumonia, úlceras por pressão e infecções. As principais
recomendações de TNO e TNE para idosos, segundo a
ESPEN, estão no Quadro 16.

24
Critérios para reintrodução da alimentação via oral
Conforme a progressão da aceitação alimentar oral, ou
Na presença de deglutição efetiva e segura e quando o seja, mais que 75% das necessidades nutricionais, é preciso
paciente atingir ingestão alimentar de aproximadamente 50 a acompanhar por 3 dias consecutivos, suspender a TNE e
75% das necessidades nutricionais, pode-se iniciar o indicar a TNO.
desmame da TNE.

São necessários protocolos bem elaborados e Assim, no Quadro 17, destacam-se as evidências do
padronizados de avaliação clínica, avaliações instrumentais tratamento da desnutrição e disfagia recomendado nesse
e intervenção multidisciplinar de terapeutas e médicos para consenso.
que se possa discutir adequadamente as condutas para o
caso e as questões éticas envolvidas.

25
ORIENTAÇÕES DE ALTA HOSPITALAR deglutição eficiente, que mantenha e/ou melhore o estado
nutricional e a hidratação e diminua o risco de aspiração.
A orientação de alta hospitalar é um processo contínuo
realizado durante todo o período de internação. No momento É importante que a equipe oriente de forma clara e
da alta, o idoso e/ou seu cuidador deverão receber objetiva, no caso de alta hospitalar, os itens descritos a
informações práticas e formais, compatíveis com seu nível seguir.
socioeconômico, cultural, educacional e cognitivo.

Os profissionais devem estar seguros de que o idoso


e/ou seu cuidador estão aptos a realizar ou garantir a

26
27
ESTÁGIOS DA ÚLCERA DE PRESSÃO E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
KRAUSE (2013)

28
29

Você também pode gostar