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Economia Monetária

e Sistema Financeiro
Material Teórico
Introdução ao Estudo da Moeda

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Marcello de Souza Marin

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina F. Moreira
Introdução ao Estudo da Moeda

• Definição de Moeda;
• As Funções da Moeda e sua Importância.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Descrever, ainda que de forma introdutória, algumas ideias iniciais
sobre o tema tais como a origem, conceito e função da moeda dentro
das sociedades.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Introdução ao Estudo da Moeda

Introdução
É muito difícil hoje, imaginarmos uma sociedade sem o uso da moeda. A moeda
vem nos acompanhando desde o início dos tempos, claro que não da forma que
a conhecemos hoje (metal, papel, cartão e meios eletrônicos), mas o conceito de
moeda é muito antigo, como veremos a seguir.

Podemos definir a origem da moeda no escambo, que eram as trocas diretas


feitas por sociedades nômades no início dos tempos.

Algumas atividades em que essas sociedades utilizavam o escambo, como


destacou Lopes & Rossetti (1992):
As sociedades eram nômades e tinham necessidades manifestadas bem
básicas, tais como alimentação e proteção em relação ao meio ambiente.
Se não satisfizessem essas necessidades, o grupo poderia acabar, até por
isso eram nômades, pois se ficassem em um único lugar poderiam ter a
falta de alimentação e proteção;

Para alimentar-se, os grupos precisavam pescar, caçar e coletar itens da


natureza (frutos e outros). Quanto à proteção, podemos destacar a defesa
contra animais e contra as variações climáticas, mas tudo isso sendo feito
de forma precária;

Iniciou-se de forma primitiva a conservação de alimentos, onde os exce-


dentes eram estocados ou trocados com outras pessoas dentro dos grupos;

Começou então a troca entre indivíduos e grupos. Isso ainda não carac-
terizou a criação da moeda, pois não existia instrumentos monetários,
mas podemos ver que se desenvolveu uma típica operação de escambo.

Com a primeira revolução agrícola, esses grupos passaram a criar animais e


ter plantações, principalmente próximas a grandes rios e, com isso, a sociedade
passaria dos nômades para o sedentarismo, o que fez iniciar a especialização e
divisão social do trabalho, por exemplo, a criação de pessoas que se dedicavam
a uma atividade única em tempo integral como os soldados, guerreiros, pastores,
artesãos e sacerdotes.

Essas mudanças iniciaram o processo da criação da moeda. Podemos destacar


os seguintes pontos, conforme Lopes & Rossetti (1992):
• Atividade econômica mais complexa;
• A satisfação humana demandava mais bens e serviços;
• A troca torna-se fundamental entre os grupos.

Para a “criação” da moeda, as sociedades precisaram passar por um processo


de aceitação geral de determinados produtos para serem recebidos como
pagamento, esses receberam os nomes de intermediários de trocas, e com
o crescimento dessas trocas, utilizando esses intermediários, podemos definir a

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criação da moeda. É claro que a partir do momento em que esses produtos-padrão
que foram utilizados com intermediadores são definidos, tudo é “precificado”
com base neles.

Essa “precificação” pode ser considerada como uma das expressões monetárias
mais primitivas, sendo que a criação do ativo monetário só se deu porque toda a
sociedade aceitou esse novo formato dentro dela.

Podemos destacar que no início já tivemos como moeda, o sal, o arroz, o gado, e
assim por diante.

Definição de Moeda
Conforme Howels & Bain (2001, p. 63), “Uma das maneiras mais tradicionais
de definir moeda é observar o que ela faz, ou aquilo que queremos que faça, para
então ver o que utilizamos na prática para tal propósito.”

A moeda, entre outras coisas, serve para ser um balizador de medida. Assim,
podemos dizer que no ano de 2016 o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi de
10 (dez) trilhões (número fictício) e por termos um balizador de medida podemos
dizer que para o próximo ano ele terá um avanço de 20 (vinte) trilhões, com isso,
todos os que lerem já entenderão.

A moeda trouxe com ela outra importante ferramenta que foi o crédito, pois ela
trouxe a flexibilidade de não precisar se pagar as contas na hora, como exemplo,
podemos utilizar uma empresa que recebe todos os dias o leite e o pão para o café da
manhã de seus funcionários, com a criação do crédito, ela pode ter a opção de acu-
mular os valores a serem pagos e, assim, quita-los no final de uma semana ou mês.

Sempre que pensarmos em definição de moeda, devemos pensar em riqueza


(estoque de ativos, incluindo capital humano), capital, renda e poupança.

Riqueza: grande quantidade de dinheiro, posses, bens materiais, propriedades etc.; fortuna;
Explor

Renda: total das importâncias recebidas periodicamente, por pessoa física ou jurídica, como
remuneração de trabalho ou de prestação de serviços, de aluguel de imóveis, de aplicação
de capital etc.; rendimento;
Capital: em geral, o termo é usado para designar uma quantia de dinheiro que pode ser
emprestado ou investido;
Poupança : ou efeito de poupar; despesa moderada; economia.

Definiu Howels & Bain (2001, p. 64), “os principais atributos, que podem ser
um meio pelo qual a moeda pode apresentar algum efeito sobre o resto da econo-
mia e a respeito dos quais há certa controvérsia, são as funções do meio de troca
e do estoque de riqueza”.

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UNIDADE Introdução ao Estudo da Moeda

Outro ponto que devemos sempre levar em conta quando analisamos a moeda
quanto a sua capacidade de ser reserva de valor, além, é claro, da aceitabilidade, é a sua
estabilidade, pois uma moeda estável é muito mais interessante que uma moeda volátil.
Como exemplo, podemos pensar em reservas em dólar e reservas em real. As reservas
em dólar, por toda a estabilidade da economia americana, são muito mais interessantes
que as reservas em real da economia brasileira que é sempre tão movimentada.

As Funções da Moeda e sua Importância


Após um pouco da história e definição da moeda, seguiremos com as principais
funções da moeda, que podemos destacar como:
• A moeda como intermediária de trocas;

• A moeda como medida de valor;

• A moeda como reserva de valor;

• A moeda como poder liberatório;

• A moeda como padrão de pagamentos diferidos;

• A moeda como instrumento de poder.

Discorreremos, ao longo da unidade, sobre todas essas funções da moeda.


Tudo o que é usado como moeda, é considerado moeda? Vamos entender as
funções da moeda e responder a essa pergunta complexa.

Você Sabia? Importante!

1. A primeira cédula do mundo foi criada na China há cerca de 1,4 mil anos;
2. O primeiro cartão de crédito do mundo foi criado nos anos 20 devido ao constrangimento
de um homem que descobriu que havia esquecido a carteira em casa na hora de pagar por
seu jantar;
3. Mais de 60% de todos os dólares que existem se encontram em circulação no exterior, e
não nos EUA;
4. Todos os anos, são impressas mais cédulas para o jogo “Banco Imobiliário” do que di-
nheiro de verdade;
5. Estudos apontaram que o segredo para a felicidade está em gastar o seu dinheiro com
experiências — como viagens, por exemplo, e não com posses;
6. Dizem que as últimas palavras de Bob Marley foram “o dinheiro não pode comprar a vida”;
7. Conchinhas foram usadas como dinheiro em diversas partes do mundo durante a Antiguidade;
8. Apenas 8% de todo o dinheiro em circulação no mundo se encontra na forma física, ou seja,
no formato de cédulas e moedas. Todo o resto existe apenas nos computadores dos bancos;
9. No Canadá foi produzida uma moeda de ouro que pesa 100 quilos e vale um milhão de
dólares canadenses;
10. Na década 20, durante o período da hiperinflação na Alemanha, a moeda perdeu tanto de seu
valor que muitos cidadãos passaram a usá-las como papel de parede.

Fonte: https://goo.gl/GUkpY4

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A Moeda como Intermediária de Trocas
A principal característica da moeda é servir como intermediária de trocas. Vamos
pensar em uma sociedade em que não existisse a moeda, e se um fazendeiro
plantasse milho todos os dias, ele comeria milho. Mas, um dia, a filha desse
fazendeiro diz que está com vontade de comer frango, mas o fazendeiro não tem o
frango, então ele vai até o seu vizinho e oferece o seu milho em troca do frango que
seu vizinho tem. Como o vizinho estava com vontade de comer milho, ele aceita a
troca. Passam-se mais alguns dias, e a esposa do fazendeiro fica com vontade de
tomar leite, então, ele vai até o seu outro vizinho e oferece o milho em troca do
leite, mas o vizinho não aceita, pois não tem interesse no milho.

A coincidência de aceitação nas trocas chama-se dupla coincidência de


desejos, e como vimos, pode ou não acontecer.

O que podemos concluir com essa história é que quanto maior as suas
necessidades, mais difícil será viver de trocas, por isso, precisamos da moeda para
nos auxiliar no processo. Se a moeda já existisse na situação descrita, seria mais
fácil para esse fazendeiro fazer a troca, pois ele venderia seu milho, receberia as
moedas, e depois, trocaria as moedas por leite.

Abaixo discorreremos sobre alguns benefícios resultantes da função de interme-


diária de trocas da moeda:
• A moeda torna possível uma melhor divisão social do trabalho e especialização.
Com a moeda, a especialização é praticada em larga escala. Sem a moeda,
a divisão de trabalho, se existisse, seria muito primária e não atingiria o seu
objetivo. Os escritores clássicos, como Adam Smith, já tratavam dessa divisão
de trabalho, e como ela poderia ser influenciada por uma economia monetária;
• Com a moeda como intermediária de trocas, os produtores não perderiam
tempo buscando pessoas para que pudessem trocar a sua mercadoria. Dessa
forma, esse tempo que eles deixaram de gastar com essa função, seria
empregado no aumento da produção e, consequentemente, na obtenção de
mais riquezas;
• Após a criação da moeda como intermediário de trocas, a necessidade de dupla
coincidência de desejo, que é o princípio do escambo, acaba. Esse é um dos
maiores benefícios que a moeda trouxe, pois deu mais liberdade ao homem
consumidor. Agora o homem buscava o que lhe interessava e não mais somente o
que ele conseguia trocar, assim, ele tinha a opção de comprar o que lhe convinha.

A moeda trouxe para a sociedade uma nova realidade, na qual o homem tinha a
escolha: ele poderia escolher o que e quando queria comprar, e ele não necessitava
mais da dupla coincidência de desejo. Isso foi um avanço muito grande para a
sociedade e para a economia moderna.
Explor

Adam Smith A Riqueza das Nações: https://youtu.be/yHz58pCeg0w

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UNIDADE Introdução ao Estudo da Moeda

A Moeda como Medida de Valor


A utilização da moeda faz com que precisemos de uma unidade padrão de medida,
pois é por ela que valoramos os produtos e serviços. Esse padrão, denominado
comum de valor, é essencial para a economia, pois sem ele não conseguiríamos
saber o valor dos bens e serviços e, novamente, os valoraríamos com base em
outros bens e serviços, como no tempo do escambo e, por consequência, faria com
que o número de relações de trocas aumentasse exponencialmente, pois existiram
muitas opções de trocas.

O número de relações de trocas pode ser definido pela seguinte expressão:

n(n−1)
RT =
2
n = número de produtos no mercado

Abaixo, uma tabela que demonstra quantas trocas podem ocorrer por número
de produtos (n) dentro do mercado.

Tabela 1 – Número de relações de troca que precisa ser estabelecido,


dadas diferentes quantidades de produtos disponíveis
Produtos Disponíveis (n) Número de Relações de Trocas (RT)
20 190
50 1.225
100 4.950
200 19.900
500 124.750
1.000 499.500
Fonte: Economia Monetária LOPES & ROSSETTI, 1992

Segundo Lopes & Rossetti (1992), a adoção de unidade de uma medida de


valor traz algumas vantagens, dentre as quais podemos destacar como as seguintes:
Aumenta o número de informações econômicas, fazendo com que
produtores e consumidores possam explorar mais as margens de eficiência
operacional do sistema econômico;

Torna possível a contabilização da atividade econômica e a administração


racional das unidades de produção, trazendo desenvolvimento da
economia e ampliação do bem-estar;

Ajuda no planejamento e na administração da política pública, uma vez


que você tem maior controle e informações sobre a contabilidade social e
os agregados de produção.

O que garante o Lastro da moeda brasileira? O que garante o seu valor?

Para essa resposta, podemos utilizar a resposta do jornalista Paulo Silvestre do


jornal o Estado de SP, que publicou no blog Descomplicador.

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Explor
O valor da moeda espelha o poder de compra do consumidor brasileiro. Quem ganha, por
exemplo, R$ 2 mil, tem determinado poder de compra. Mas o que é o tal “poder de compra”?
É a cesta de bens e serviços que cada pessoa consegue adquirir com aquilo que ganha.
Sempre lembrando que inflação é algo muito pessoal, a minha cesta de bens e serviços é
diferente da sua, e por aí vai. Para alguns, a inflação não afeta tanto, para outros, afeta mais.
Mesmo num cenário de inflação baixa, uns perdem e outros ganham porque uma cesta de
bens é sempre muito ampla. Numa economia estável, do ponto de vista de preço, o poder
aquisitivo permanece inalterado dentro do território nacional. Por isso, é importante ter
controle da inflação. A política monetária deve manter a estabilidade da moeda nacional; o
Banco Central é o guardião.
Para ler o artigo na íntegra, acesse: goo.gl/R4aP1h

A Moeda como Reserva de Valor


A moeda como reserva de valor é um componente extremamente importante.
Essa função faz com que a pessoa deva administrar o seu uso da melhor forma
que lhe pareça.

Lembrando que se não tivéssemos a moeda, receberíamos em produto, ou


usaríamos tudo, ou trocaríamos por outro produto, e ainda correríamos o risco de
o produto estragar, caso fosse um produto perecível, por exemplo. Com a moeda,
isso é evitado, pois recebemos certa quantia de moeda e podemos usá-la como
queiramos e, claro, guardar o restante quase que com custo nulo. Isso dá à moeda
esse conceito de reserva de valor.

Não se esquecendo de que a função de “reserva” não é feita exclusivamente


pela moeda, pois podemos utilizar outros ativos para esse fim, tais como imóveis,
ações, entre outros.

Até 1936, essa função da moeda era simplesmente ignorada. Foi com a Teoria
Geral de Keynes que essa função teve seu crescimento e foi colocada em primeiro
plano dentro da economia monetária.

Segundo Lopes & Rossetti (1992, p. 21), “A proporção da moeda conservada


em relação aos outros ativos depende de uma série de fatores que interferem na
preferência do público”. Depois de Keynes, esses fatores passaram a ser analisados
de forma mais constante, e a liquidez da moeda ganhou muitos adeptos.

As duas principais razões são as abaixo:


1. A moeda pode, e é aceita, de forma geral e imediata para pagamento de
qualquer outro ativo e em grande território geográfico;
2. Não podemos prever os valores dos outros ativos, enquanto a moeda,
em si, tem uma garantia maior de seu valor no futuro, por isso as pessoas
preferem ter a moeda como bem monetário.

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UNIDADE Introdução ao Estudo da Moeda

Incluiria também nessas razões, a liquidez da moeda que pode ser usada de
forma mais fácil para pagamentos, sem ter que pensar, por exemplo, em vender
um terreno para pagar uma dívida.

Pode ocorrer de a moeda perder o seu valor. Isso se dá porque ela, principalmente,
deixa de exercer suas funções básicas. Consequentemente, faria com que as pessoas
não quisessem guardar esse bem, pois ninguém gostaria de perder dinheiro, assim,
geraria uma corrida para bens, ou por moedas mais fortes. Contudo, historicamente,
essa função é a última a ser perdida pela moeda, visto que todos os países tentam
se defender desse processo econômico desastroso para qualquer economia.

A Moeda como Poder Liberatório


O poder liberatório ou função liberatória da moeda se dá porque ela, mais do
que qualquer outro ativo, tem o poder de saldar dívidas, liquidar débitos e o poder
de livrar o seu detentor de uma situação passiva junto a uma empresa ou pessoa
física, detentora de crédito contra ela.

Tal poder é garantido por um Estado forte, mas somente essa imposição do
Estado não é suficiente para que todos realmente aceitem as moedas. Como falado
anteriormente, se a moeda não for forte, a própria sociedade pode optar por não
aceitar essa moeda, levando-a a uma decadência ainda maior.

Podemos tomar, como exemplo, a inflação na Revolução Francesa e as


hiperinflações da Alemanha durante as duas Grandes Guerras, que demonstram que,
apesar da vontade do Estado em garantir o poder da moeda, não o conseguiram,
pois se a coletividade deixar de confiar na moeda, não adianta a imposição; a
tendência é que se pare de utilizar tal moeda.

A função liberatória da moeda e o grau de sua aceitação na sociedade têm forte


ligação, e a aceitação generalizada é o que garante à moeda a sua importante função.

A Hiperinflação Alemã
Explor

É difícil imaginar o colapso social que inevitavelmente leva à hiperinflação. Somente


aqueles que viveram o drama podem nos dar uma ideia do que significa isso para uma nação
civilizada. Um exemplo clássico da hiperinflação é a Alemã de 1923, na era da República de
Weimar. Foi incrível mesmo para os próprios alemães que passaram por isso. Naquela época,
o governo socialista da Alemanha pensou que poderia ilimitadamente imprimir notas para
cobrir o déficit das indústrias nacionalizadas (ferrovias, telefones, etc.) e liquidar as dívidas.
O resultado foi a hiperinflação galopante de 1923 que causou o desemprego, saques, caos
social e todos os tipos de calamidades que finalmente levaram a um horror ainda pior.
Para ler o artigo na íntegra, acesse: https://goo.gl/qBfvXel

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A Moeda como Padrão de Pagamentos Diferidos
Como o Estado garante que a moeda tem o poder de saldar dívidas, como ela é
uma medida de valor, ela se torna automaticamente um padrão para pagamentos
diferidos. Essa é mais uma função da moeda que estudaremos.

Nas sociedades modernas, essa função é de suma importância, visa os fluxos de


produção e renda, que embora sejam simultâneos e únicos, acontecem em etapas,
e dentro dessas etapas existem pagamentos que precisam ser antecipados.

Um exemplo primário é o salário, pois o trabalhador recebe mensalmente, mas


não necessariamente a empresa recebeu o valor antes de pagar o funcionário, então
muitas vezes o que acontece é uma antecipação do valor para que o funcionário
possa fazer as suas compras e enquadrar-se dentro da sociedade.

Sem a moeda, seria impossível fazer esse processo de pagamentos diferidos. A


importância dessa função da moeda, segundo Lopes & Rossetti (1992, p. 23) se
dá principalmente pois:
“Facilita o crédito e a distribuição, no tempo, de diferenciadas
formas de adiantamento.

Viabiliza a forma como se realizam nas modernas economias os


processos de investimento, de produção e de consumo, interpondo
pagamentos diferidos ao longo das sucessivas etapas de geração dos
bens e serviços que se destinam à satisfação das necessidades humanas”.

A Moeda como Instrumento de Poder


Por fim, chegamos na última função da moeda: ela como instrumento de poder.
Poder esse que pode ser econômico, social e político. Essa é uma função muito
discutida eticamente, por isso não pode ser excluída da nossa leitura e aprendizado.

Keynes já levantou em sua obra Teoria Geral que isso poderia ser um problema
se utilizado por pessoas inescrupulosas e cruéis, mas também poderia ser algo
bom se a riqueza fosse utilizada de forma ética e coerente. Disse Keynes (1977, p.
342), “É preferível, que um homem tiranize o seu saldo bancário do que os seus
concidadãos, e embora a primeira tirania seja algumas vezes um meio de levar à
segunda, em certos casos é pelo menos uma alternativa”.

A posse da moeda pode ser tratada como um grande elemento de poder, e


os seus grandes detentores podem sim, dependendo de suas vontades, mudar os
rumos das sociedades em que eles estão inseridos, como falado anteriormente, isso
para o lado bom, ou para o lado ruim.

Nesta unidade vimos a definição de moeda, suas fases e suas funções. Essa parte
introdutória é extremamente importante para o resto de nosso curso.

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UNIDADE Introdução ao Estudo da Moeda

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda
John Maynard Keynes;
A Riqueza das Nações
Adam Smith.

 Leitura
Fundamentos de um sistema monetário
https://goo.gl/qNGuA9
A unidade salarial e o multiplicador na teoria geral de Keynes
https://goo.gl/7UP1ar

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Referências
HOWELLS, P. Economia Monetária: Moedas e Bancos. Rio de Janeiro: Ltc-
Livros Técnicos e Científicos, 2001.

LOPES, J. C.; ROSSETTI, J. Economia Monetária. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1992.

TEIXEIRA, E. Economia Monetária: A Macroeconomia no Contexto Monetário.


São Paulo: Saraiva, 2002.

Sites visitados
O que garante o valor da moeda no Brasil? Disponível em: <http://economia.
estadao.com.br/blogs/descomplicador/o-que-garante-o-valor-da-moeda-no-brasil/ >.
Acesso em 13/06/2017.

20 FATOS INTERESSANTES SOBRE DINHEIRO. Disponível em: <http://


www.megacurioso.com.br/economia/69514-20-fatos-interessantes-sobre-
dinheiro.htm>. Acesso em 12/06/2017.

A hiperinflação alemã de 1923. Disponível em: <http://numismaticadosul.


blogspot.com.br/2014/05/a-hiperinflacao-alema-de-1923-e-dificil.html>. Acesso
em 13/06/2017.

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